Apostila 17 Implementando Intervenções ABA de Modo Transdisciplinar

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Implementando Intervenções ABA de Modo Transdisciplinar 
Lucelmo Lacerda 
 
A intervenção com a melhor evidência para pessoas com Autismo é 
aquela baseada em Análise do Comportamento Aplicada – ABA, mas nem por 
isso ela deve ser planejada e executada por somente um profissional ou por 
profissionais de uma mesma área do conhecimento, como muitas vezes é feito 
no Brasil. Na verdade, é sempre o ideal que a pessoa com Autismo possa 
contar com uma equipe multiprofissional, cuja atuação tenha como fio condutor 
a leitura de mundo da Análise do Comportamento e as estratégias que 
decorrem desta leitura, entendendo a aprendizagem como estabelecimento de 
novos comportamentos, produzida por novas contingências. 
Este processo pode ser realizado por Fonoaudiólogas, Terapeutas 
Ocupacionais, Fisioterapeutas, Psicopedagogas, entre outros profissionais, 
sem deixarem de fazerem o que já fazem, mas implementando as mesmas 
estratégias que já realizam, mas as reinterpretando como estabelecimento de 
novas contingências sob as quais os comportamentos desejados são evocados 
e permite-se o reforçamento. 
Esta reinterpretação não é uma formalidade, mas uma possibilidade de 
diálogo verdadeiramente articulado entre os diversos sujeitos da equipe, a 
possibilidade de utilizar estratégias como as ajudas (PROMPT), o 
esvanecimento, os critérios de aprendizagem, a avaliação de preferências e de 
reforçadores, que são processos muito bem estudados pelos pesquisadores da 
Análise do Comportamento Aplicada, tornando ainda mais efetiva a prática de 
todos estes profissionais. 
Este processo pode ocorrer dentro de uma mesma clínica ou escola, com 
a atribuição de um Analista do Comportamento líder da equipe de um certo 
cliente/paciente/aluno ou por meio da integração não hierárquica de 
profissionais de diferentes instituições, clínicas ou escolas, para a coordenação 
do tratamento. 
 
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Esta integração transdisciplinar pode começar na própria avaliação em 
que um mesmo protocolo pode ser organizado de modo a ser compartilhado e 
utilizado por todos os profissionais. Como exemplo, vou colocar aqui uma 
imagem do VB-MAPP nível 1 e mostrar como mais de um profissional poderia 
participar de sua implementação. 
 
É possível, por exemplo, dentro de uma equipe coesa e que se 
fundamente na ciência ABA, que o primeiro domínio do desenvolvimento 
avaliado pelo protocolo, que é o Mando (isto é, neste nível mais básico, fazer 
pedidos) seja implementado por um profissional (assim como outros domínios 
do Comportamento Verbal), eventualmente uma Fonoaudióloga, por exemplo, 
enquanto os domínios do brincar sejam realizados por outro profissional, da 
Terapia Ocupacional, por exemplo, enquanto a imitação poderia ficar a cargo 
de uma Psicóloga. Ou seja, o que queremos argumentar aqui é a possibilidade 
de que a transdisciplinaridade da intervenção pode começar já no processo de 
avaliação do repertório do sujeito. 
Esta intervenção também pode ser implementada por um aplicador em 
ABA, também chamado de Acompanhante Terapêutico ou Assistente 
Terapêutico – AT, que aplica os programas fundamentais elaborados pelo 
Analista do Comportamento líder do caso, mas também pode se manter e 
normalmente este é o ideal, passando por outros profissionais como 
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Fonoaudiólogas, Terapeutas Ocupacionais, Fisioterapeutas, Profissionais de 
Educação Física, sempre a depender de suas demandas individuais, para a 
implementação de intervenções com maior tecnicalidade de implementação, 
como é o caso do tratamento PROMPT para apraxia da fala e implementado 
por Fonoaudiólogas, exercícios físicos importantes para o desenvolvimento da 
musculatura, por Fisioterapeutas, esportes ou musculação, por Profissionais de 
Educação Física ou o desenvolvimento de um certo movimento motor que seja 
base para uma atividade cotidiana de higiene, pela Terapeuta Ocupacional. 
Esses são alguns exemplos deste papel multiprofissional não somente na 
avaliação e planejamento da intervenção baseada em ABA, mas também no 
próprio processo de aplicação das intervenções, que podem e devem continuar 
sendo íntegras com a ciência da Análise do Comportamento.