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ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA (APS) SÃO PAULO 2022 ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA (APS) Lorena de Oliveira Serpa R.A: 3870423 Trabalho apresentado à Faculdades Metropolitanas Unidas para aquisição de média sob orientação do Professor Dr. Jose Marcelo Menezes Vigliar. SÃO PAULO 2022 ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA- EXECUÇÕES CÍVEIS Atividade 2 – AVALIAÇÃO JURÍDICA PROFISSIONAL Orientação: 1. O Aluno deverá inserir na plataforma o trabalho que consistirá na análise do julgado. Caso: Numa execução de título executivo extrajudicial, o juiz de direito da 2ª Vara Cível determinou a penhora de 30% dos vencimentos do executado, sob o argumento de que tal penhora preserva o suficiente para a manutenção do executado e da sua família. Considerando que o crédito não tem natureza alimentar e que a penhora não incidiu sobre o excedente a 50 salários-mínimos mensais, analise a decisão judicial à luz do art. 833 do CPC e da ponderação entre os interesses envolvidos, especialmente o direito do exequente à satisfação do crédito e a proteção da dignidade do executado e de sua família. Mediante o caso em tela, como fundamento o art. 833 do Código de Processo Civil, dispõe sobre a impenhorabilidade de determinados bens no processo de execução, melhor dizendo, não poderia haver a penhora dos vencimentos do devedor. “Art. 833 – São Impenhoráveis: IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade(...)” Outrossim, ressalva em seu parágrafo 2° do mesmo artigo e dispositivo legal, onde a impenhorabilidade era tido como absoluta, salvo se exceder o valor de 50 salários mínimos. § 2º O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8º, e no art. 529. Dessa maneira, no sentido da mitigação dessa proibição, a jurisprudência vem se legitimando, corroborando em relação a isso, pois, a constrição pode ser feita, uma vez que, esses créditos não são de natureza alimentar e seja preservado o suficiente para sua subsistência digna. Segue abaixo, as ementas como fundamentação, em relação a posição do STJ nesse sentido, que podem ser consideradas nas seguintes decisões: AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. AÇÃO DE DESPEJO COM COBRANÇA DE ALUGUÉIS RESIDENCIAIS. PENHORA SOBRE PERCENTUAL DA REMUNERAÇÃO DO DEVEDOR. POSSIBILIDADE ( CPC, ART. 833, § 2º). AGRAVO INTERNO PARCIALMENTE PROVIDO COM PARCIAL PROVIMENTO DO RECURSO ESPECIAL. 1. O Novo Código de Processo Civil, em seu art. 833, deu à matéria da impenhorabilidade tratamento um tanto diferente em relação ao Código anterior, no art. 649. O que antes era tido como "absolutamente impenhorável", no novo regramento passa a ser "impenhorável", permitindo, assim, essa nova disciplina, maior espaço para o aplicador da norma promover mitigações em relação aos casos que examina, respeitada sempre a essência da norma protetiva. Precedente: EREsp 1.582.475/MG, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, CORTE ESPECIAL, julgado em 03/10/2018, REPDJe 19/03/2019, DJe de 16/10/2018. 2. Descabe manter imune à penhora para satisfação de créditos provenientes de despesa de aluguel com moradia, sob o pálio da regra da impenhorabilidade da remuneração ( CPC, art. 833, IV, e § 2º), a pessoa física devedora que reside ou residiu em imóvel locado, pois a satisfação de créditos de tal natureza compõe o orçamento familiar normal de qualquer cidadão e não é justo sejam suportadas tais despesas pelo credor dos aluguéis. 3. Note-se que a preservação da impenhorabilidade na situação acima traria grave abalo para as relações sociais, quanto às locações residenciais, pois os locadores não mais dariam crédito aos comuns locatários, pessoas que vivem de seus sempre limitados salários. 4. Agravo interno parcialmente provido para modificar a decisão agravada e, em novo exame do recurso, conhecer do agravo e dar parcial provimento ao recurso especial. (STJ - AgInt no AREsp: 1336881 DF 2018/0190204-0, Relator: Ministro RAUL ARAÚJO, Data de Julgamento: 23/04/2019, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 27/05/2019) Equitativamente: PROCESSUAL CIVIL. CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PENHORA. POSSIBILIDADE. EXCEPCIONALIDADE DEMONSTRADA. REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS. INADMISSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 7/STJ. RECURSO NÃO PROVIDO. 1. "A regra geral da impenhorabilidade de salários, vencimentos, proventos etc. (art. 649, IV, do CPC/73; art. 833, IV, do CPC/2015), pode ser excepcionada quando for preservado percentual de tais verbas capaz de dar guarida à dignidade do devedor e de sua família". (EREsp 1582475/MG, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, CORTE ESPECIAL, julgado em 03/10/2018, DJe 16/10/2018). 2. Considerando o substrato fático descrito pelo eg. Tribunal a quo , que consignou expressamente que "há grande movimentação financeira na conta-corrente do agravante, de modo que o saldo existente no momento do bloqueio judicial é proveniente de inúmeros resgates de investimentos e depósitos bancários creditados em sua conta- corrente [...]", a constrição não comprometerá a sua subsistência digna do ora agravante, nem a de sua família. 3. Ademais,nota-se os argumentos utilizados para fundamentar a violação ao art. 833, IV, do CPC/2015 somente poderiam ter sua procedência verificada mediante reexame das circunstâncias fáticas e das provas carreadas aos autos. Não cabe a esta Corte, portanto, rediscutir se os valores depositados na conta-corrente n. 52.716-5 possuem natureza salarial, nem se os valores bloqueados na conta-corrente n. 7.522 seriam ao pagamento de funcionários da parte ora agravante, ante o óbice da Súmula 7/STJ. 4. Agravo interno a que se nega provimento. (STJ - AgInt no AREsp: 1389099 PR 2018/0285218-4, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento: 28/03/2019, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 08/04/2019) Por conseguinte, conforme já mencionado acima, a jurisprudência admite-se a excepcionalidade da penhora desses créditos, que não ultrapassam o valor estipulado no §2° do artigo 833, CPC, contanto que, determine uma fração que preserve a subsistência do devedor e a dignidade do mesmo e de sua família, ou seja, proteção razoável para o seu sustento digno em favor do indivíduo e seus dependentes. Do mesmo modo, não obstante a penhora, o executado ainda vai ter o mínimo para a sua subsistência, ou seja, a oportunidade a ele de ter uma vida digna, se estendendo aos seus dependentes. No que caso em tela, no que se refere os valores e princípios para garantir que o indivíduo viva de maneira digna na sociedade, bem como, garantia ao seu bem- estar e de todos que o dependam, tais preceitos estão diretamente ligados ao princípio da dignidade da pessoa humana, que é um direito fundamental, sendo previsto no artigo 1º, III da Constituição Federal, expressa no nosso ordenamento Jurídico. Destarte, mediante o caso exposto, é citado que o valor restante da penhora é suficiente para preservar o sustento e a manutenção de sua família, não havendo motivos claros e evidentes, que deixem de garantir a satisfação do crédito do exequente e também a sua dignidade humana e manutenção de sua família. Fica evidente, portanto, a possibilidade à relativização da impenhorabilidade,e coincidir a preservação da dignidade do devedor, relativamente ao analisar a possibilidade da mitigação em cada caso.
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