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Aps filosofia do direito- Lorena Serpa

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ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA (APS) 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA (APS) 
 
 
 
Lorena de Oliveira Serpa R.A: 3870423 
 Turma: 003103A02 
 
 
Trabalho apresentado à Faculdades 
Metropolitanas Unidas para aquisição de 
média sob orientação do professor Ricardo 
Cotrim Chaccur. 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2020 
 
ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA 
 
2- Leitura e interpretação de precedentes jurisprudenciais sobre a matéria dos 
Direitos Humanos, envolvendo uma grave violação de Direitos Humanos em 
face do Brasil, analisada pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos 
ou julgada pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, seguido da 
elaboração pelo aluno de texto descritivo que será postado no ambiente virtual 
(Blackboard), contendo as partes envolvidas, os direitos violados, os principais 
argumentos de ambas as partes e a solução dada ao caso concreto. 
 
Ao falarmos sobre precedentes jurisprudenciais sobre a matéria dos Direitos 
Humanos, no que tange uma grave violação desses direitos em face do Brasil, 
analisada e julgada pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, cito o 
caso Ximenes Lopes (vítima), sob número 149, tendo como peticionário da 
denúncia Irene Ximenes Lopes Miranda, irmã da vítima, pelos motivos da 
denúncia a exposição de Damião Ximenes Lopes, pessoa com deficiência 
mental, a condições desumanas e degradantes de internação em um centro de 
saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde resultando em sua morte. Além 
do mais, o paciente faleceu com sintomas de tortura e apesar dos sinais de 
maus-tratos no corpo da vítima, o exame cadavérico atestou que a causa da 
morte foi indeterminada. O caso permaneceu sem investigação e impune. 
 
Diante da situação a família de Ximenes Lopes, visando a composição de 
danos pelo tratamento cruel ao mesmo que resultou na sua morte, recorreu à 
jurisdição brasileira. Todavia, diante do descaso do Estado com os fatos, a irmã 
da vítima denunciou o caso à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, 
ressaltando a violação de vários direitos elencados, sendo eles: direito à vida, 
à integridade pessoal, garantias judiciais e proteção judicial, violações alegadas 
previstos nos Artigos 1.1, 4, 5, 8 e 25 da Convenção Americana de Direitos 
Humanos. 
 
O Estado brasileiro foi notificado para se manifestar sobre as acusações 
proferidas e não obteve resposta, seguindo a diante a Comissão se 
reconheceu competente para análise do caso. Posteriormente, a Comissão 
conclui pela violação a vários artigos da Convenção Interamericana de Direitos 
Humanos, enviando relatório com recomendações ao Estado brasileiro, para 
que investiguem o caso, além de indenizar a família da vítima, agindo para 
evitar situações semelhantes. 
 
Conquanto, passou-se um ano e não houve cumprimento do que foi 
recomendado, a Comissão submeteu o caso à Corte Interamericana de Direitos 
Humanos, requerendo que decidisse se o Brasil era responsável pela violação 
aos artigos 4, 5, 8 e 25, além do descumprimento da obrigação contida no 
artigo 1.1 (obrigação de respeitar os direitos) da Convenção. 
 
Outrossim, o Brasil reconheceu sua responsabilidade pelo desrespeito ao 
direito à vida e à integridade pessoal, ambos previstos nos arts. 4 e 5 da 
Convenção Americana sobre Direitos Humanos, a parte adversa mediante as 
alegações e produção de provas, os funcionários que trabalhavam onde 
Ximenes foi internado e ultimou em sua morte, alegaram que usaram da força 
física com o paciente apenas para evitar sua fuga. Ademais, vários médicos 
psiquiatras prestaram depoimento, afirmando que esse tipo de tratamento tinha 
melhorado consideravelmente. 
 
De forma benéfica à família de Damião Ximenes Lopes, foram apresentados 
diversos materiais probatórios, sendo eles: depoimento de Francisco das 
Chagas Melo, ex-paciente da Casa onde Damião Ximenes faleceu, onde 
relatou ter sido vítima de atos de violência por parte dos funcionários da clínica, 
não sendo o único, a receber esse tipo de tratamento, também foi apresentado 
o depoimento de Eric Rosenthal, especialista internacional em direitos 
humanos da pessoa portadora de deficiência, que alegou o despreparo e a 
inaptidão dos agentes no centro de saúde onde faleceu a vítima, visto que, a 
contenção física utilizaram de forma descomunal, provocando dor e sofrimento 
extremos resultando na morte da vítima; ademais foi apresentado o 
depoimento de Irene Ximenes Lopes, que narrou desde a internação até a 
morte do irmão, assim como o descaso sobre o fato denunciado; e por fim, 
declarações do presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da 
Assembleia Legislativa do Estado do Ceará à época dos fatos, ressaltando as 
péssimas condições em que se encontravam o centro de saúde e os pacientes 
ali internados. 
 
Com a sentença proferida a Corte reconheceu a responsabilidade do Estado 
brasileiro pela violação, em relação à vítima, aos artigos 1.1, 4.1, 5.1 e 5.2, e 
em relação a sua família, os artigos 8.1 e 25.1, do Pacto de São José da Costa 
Rica, condenando-o sob investigação e punição dos envolvidos no fato, à 
realização de programas de capacitação profissional para servidores da área, à 
publicação no Diário Oficial o teor da decisão da Corte e, por fim, à indenização 
aos membros da família de Damião Ximenes Lopes, além do pagamento de 
todas as despesas que os mesmos tenham realizado nos processos na Justiça 
Brasileira e no exterior, conforme relatado na sentença. 
 
Através do caso mencionado acima, nota-se o descaso em agir, aumentando a 
distância das garantias de direitos fundamentais no país. A morte de Damião 
Ximenes Lopes, da forma em que ocorreu, advindos de maus-tratos e tortura 
dentro de um centro de repouso vinculado ao sistema público de saúde, entra 
https://jus.com.br/tudo/violencia
https://jus.com.br/tudo/cidadania
em contradição com os fundamentos e todos os direitos assegurados em nossa 
Constituição Brasileira. 
 
Através de palavras de Humenhuk: 
 
“Vivemos em um Estado Social e Democrático de Direito, e o 
Estado tem a função de dar garantia e eficácia de alguns direitos 
aos cidadãos, diante disto, os direitos fundamentais, revelam-se, já 
no próprio sentido da palavra, como fundamental, ou seja, é 
pressuposto para a vida de qualquer ser humano, pois sem este, 
não há dignidade humana. Com isto, o direito à saúde se 
consubstancia em um direito público subjetivo, exigindo do Estado 
atuação positiva para sua eficácia e garantia”. 
 
Entramos novamente em contradição, principalmente com o caso mencionado 
de Ximenes Lopes, pois o desrespeito a vida é totalmente evidente, além de 
não garantir o direito básico à saúde e não garantir este direito a quem 
notoriamente mais necessitava devido à sua posição vulnerável na sociedade, 
pois a vítima era portadora de deficiência mental. 
 
Por fim, a saúde brasileira esta um caos, a denúncia relatada acima traz uma 
visibilidade de problemas enfrentados por grande parte da população nos dias 
de hoje, pois a falta de uma administração pública eficiente, assim como de um 
Legislativo e um Judiciário voltados à resolução da ineficácia do sistema 
público de saúde, estabelece que o direitos humanos, sejam diariamente 
desrespeitados, contrariando nossos princípios constitucionais. Após esse caso 
de Ximenes Lopes e outros em que o Estado brasileiro foi responsabilizado 
internacionalmente, não mudou consideravelmente, pois os direitos humanos 
continuam sendo denegados e a justiça tornando-se cada vez mais injusta.

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