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Centro de Inovação e Educação do Oswaldo Cruz foca no mercado de saúde digital

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Centro de Inovação e Educação do Oswaldo Cruz foca no
mercado de saúde digital
O Hospital Alemão Oswaldo Cruz entrou de vez no mercado de saúde digital ao inaugurar um Centro de
Inovação e Educação com foco no desenvolvimento de soluções tecnológicas e na capacitação de
profissionais. O objetivo final é tornar ainda mais eficientes os tratamentos e serviços oferecidos à
população.
Com investimento de R$10 milhões em infraestrutura, capacitação e contratação de pessoal, o centro
ocupa uma área de 800 m² na Avenida Paulista, em São Paulo. O local abriga uma incubadora e
aceleradora de startups, um laboratório de ciência de dados e uma ampla estrutura de treinamento com
recursos de última geração.
O superintendente de Inovação, Pesquisa e Educação do Oswaldo Cruz, Kenneth Almeida, contou para
o blog como surgiu esta iniciativa, quais ações já estão em andamento e os projetos que o Centro de
Inovação tem em vista para os próximos anos.
Por que o hospital decidiu investir em um centro de inovação? 
Kenneth Almeida: Fizemos uma revisão do nosso planejamento estratégico, que gerou uma série de
reflexões para o hospital. A tradição inovadora já faz parte dos nossos valores, como um dos
norteadores da nossa prática. Isso está indo muito bem, com inovações na área de farmácia, de saúde
integral. Mas sentimos a necessidade de avançar um pouco mais, com um espaço físico para a
confluência das ideias e inovações do hospital. Algo sistematizado. Lançamos então o Centro de
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Inovação Oswaldo Cruz na celebração dos 122 anos do hospital, em setembro, marcando uma mudança
de estratégia.
Quais startups já são parceiras do Centro de Inovação? 
Kenneth Almeida: Estamos trabalhando com uma startup que desenvolveu o robô Laura, que detecta
riscos de sepse a partir dos dados de um pronto-atendimento ou centro cirúrgico. O robô foi
desenvolvido por um profissional da área de TI de Curitiba que perdeu a filha por sepse. Do sofrimento
ele decidiu desenvolver uma solução para mais hospitais. Estamos entrando com eles em um projeto de
jornada do paciente na área de inteligência artificial, usando a experiência que eles já têm com o Laura.
Recentemente, também premiamos um projeto de blockchain (confiabilidade de dados) na área da
saúde, desenvolvido por estudantes de Tecnologia da Informação da FIAP.
O espaço de startups vai desde a incubação até a aceleração, como no caso do projeto com a equipe do
Laura, no qual vamos desenvolver um produto com a participação de ambos. A equipe do Laura terá
uma célula dentro do Centro de Inovação.
Há outras áreas que estão no foco de trabalho? 
Kenneth Almeida: No processo de planejamento do centro foram entrevistados médicos, engenheiros e
profissionais de enfermagem para saber as inovações que eles achavam que levariam valor para o
hospital. Primeiramente, foram apontados aspectos computacionais e de tecnologia da informação, que
é nosso foco direto agora. Também apontaram para biotecnologia e nanotecnologia, que vão nortear
nosso desafio do próximo ano.
Como é o trabalho na parte de treinamentos? 
Kenneth Almeida: O Centro de Inovação vai funcionar como um espaço de extensão da faculdade que
o Oswaldo Cruz já tem. Temos três impressoras 3D e uma ilha com treinamento de realidade virtual de
imersão em anatomia e fisiologia. A ideia é que professores estejam sempre frequentando o espaço,
dando aula e também promovendo mentoria para as startups.
Há ainda a área de educação conectada, com 20 pessoas do hospital no Centro de Inovação que
trabalham desenvolvendo projetos para o próprio mercado, startups e para o governo, via Proadi. Esse
grupo torna viva a convivência com as startups, que precisam ter esse contato.
Quem poderá fazer os cursos do Centro de Inovação? 
Kenneth Almeida: A faculdade do Oswaldo Cruz já recebe alunos de todos os hospitais da região e a
ideia é que ocorra o mesmo no Centro de Inovação. Ele tem conectado muitas empresas e
organizações, e há uma sinergia de conhecimento. O Centro de Inovação conecta as necessidades de
outros atores, não só do hospital. Nosso conceito-chave é parceria. 
O laboratório de ciência de dados funciona de que forma? 
Kenneth Almeida: Os cientistas de dados residentes no Centro de Inovação farão um trabalho focado
nas demandas das startups. A ideia é que seja como um delivery mesmo. Por exemplo, uma startup
trabalhando em um projeto de blockchain que precisa de uma pesquisa para saber toda a cadeia de um
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medicamento – como faço para rastrear e ter confiabilidade do envio. O setor de cientistas de dados,
com a base enorme que temos do hospital e de relacionamento com a indústria e os laboratórios, pode
entregar esse estudo. Eles poderão usar o volume de dados do hospital para realizar simulações, sem
individualizar nem identificar nenhum paciente.
Como o Oswaldo Cruz quer se posicionar no mercado digital de saúde a partir do Centro de
Inovação? 
Kenneth Almeida: Buscamos desenvolver conteúdo em saúde usando tecnologias digitais. Vou te dar
um exemplo prático: na área de educação conectada, a equipe estrutura cursos para a área digital. Já
estamos com três propostas para educação médica e saúde à distância. Fizemos uma prospecção ativa
com potenciais clientes e três deles nos retornaram. 
Outra questão-chave é trasladar o conhecimento em pesquisa para a prática. Atualmente, temos 35
pesquisas clínicas em andamento e seis estudos epidemiológicos em caráter global. Várias dessas
pesquisas morriam em si próprias e não geravam nenhum outro valor agregado. A ideia é que o centro
de inovação seja uma ponte de desenvolvimento de pesquisas em serviços e produtos, em atividades
práticas. Literalmente, usar o conteúdo de pesquisa e transformar em ações práticas para órgãos
públicos, por exemplo.
E quem são os principais clientes do centro? 
Kenneth Almeida: Outros hospitais, de São Paulo ou de fora. Faculdades, principalmente de educação
à distância – temos uma agenda bastante cheia nesse sentido. A própria indústria farmacêutica e de
equipamentos, que vamos atender com tecnologia educacional, projetos de formação de equipes
usando tecnologia digital e as administrações públicas.

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