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Diagnóstico em Psicopatologia

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E-BOOK EXCLUSIVO
SUMÁRIO
AULA 1:
Diagnósticos em Psicopatologia: 
PASSADO, PRESENTE E FUTURO
AULA 2:
Fundamentos da Psicopatologia:
DO BÁSICO AO AVANÇADO
AULA 3:
Introdução ao Manual Diagnóstico ATUAL
em Saúde Mental (DSM-5-TR)
AULA 4:
Entrevista Diagnóstica NA PRÁTICA!

AULA 5:
5 Passos para um DIAGNÓSTICO ASSERTIVO

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SEMANA DA PSICOPATOLOGIA 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
Diagnósticos
em Psicopatologia: 
PASSADO, PRESENTE 
E FUTURO
E S P E C I A L 5 A N O S
AULA 1
1
O que você vai
encontrar nessa aula:
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Por que diagnosticar? 
Diferenciando o normal do 
patológico
Overview do DSM (Manual 
Diagnóstico e Estatístico de 
Transtornos Mentais)  
Iniciativas em desenvolvimento - 
HiTOP (Hierarchical Taxonomy

of Psychopathology) e RDoC 
(Research Domain Criteria) 
Psicólogo pode dar diagnóstico?  
SEMANA DA PSICOPATOLOGIA 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
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Atualmente, a existência dos diagnósticos

em saúde mental é inquestionável. 

No entanto, algumas críticas ainda são 

feitas em relação ao diagnóstico, como:
 o diagnóstico é apenas a descrição de um sofrimento natural da 
existência humana. Ou seja, é uma forma de rotular o sofrimento.
 os transtornos mentais não têm marcadores biológicos e 
sintomas patognomônicos. 
Porém, o que sabemos hoje é que os diagnósticos não são formas 
de rotular o sofrimento humano, são ferramentas cruciais para 
compreensão e tratamento dos transtornos mentais. O objetivo 
de qualquer classificação, incluindo a dos transtornos mentais, é 
tornar algo compreensível e inteligível,  agrupando semelhanças e 
diferenças. 
Portanto, diante dos dados alarmantes, questionar a validade dos 
diagnósticos é simplista e desconsidera a urgência de 
tratamento para quem está sofrendo. 
O diagnóstico serve para adotar ações terapêuticas e 
medidas preventivas. Diagnóstico é ciência! 
O NIH (National Institutes of Health) 
divulgou um relatório informando que 
170 mil pessoas com diagnósticos de 
transtornos mentais estão na fila 

para serem atendidas.

https://www.theguardian.com/society/2024/apr/04 nhs-faces-avalanche-
of-demand-for-autism-and-adhd-services-thinktank-warns
 Por que diagnosticar? 1
3
https://www.theguardian.com/society/2024/apr/04/nhs-faces-avalanche-of-demand-for-autism-and-adhd-services-thinktank-warns
https://www.theguardian.com/society/2024/apr/04/nhs-faces-avalanche-of-demand-for-autism-and-adhd-services-thinktank-warns
Para além das críticas, precisamos entender quais os são os 
benefícios do diagnóstico
 validade do diagnóstic
 confiabilidade
 fatores de risc
 prognóstic
 desenvolvimento de tratamento
 comunicação entre profissionais
Além disso, quando falamos em diagnóstico, é fundamental para 
diagnosticar: saber diferenciar o normal do patológico.
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Discernir o normal do patológico é uma tarefa árdua e 
multifacetada. A fronteira entre essas duas condições é tênue, 
envolvendo debates que perpassam até mesmo esferas religiosas.


Nenhuma abordagem isolada é suficiente para traçar essa linha 
divisória com precisão. 
No entanto, temos algumas tentativas de delimitar o que é 
patológico, entre elas:
 estatístic
 sofrimento
 necessidade de tratamento 
Diferenciando o 
normal do patológico2
5
Entre os modelos, temos:
 Modelo da OMS (Organização Mundial de Saúde): a saúde 
como o complemento entre bem-estar físico, mental e social 
e, não somente, como ausência de doença.
 Normalidade baseada em aspectos funcionais: o fenômeno é 
considerado patológico quando produz sofrimento para o 
indivíduo ou para seu grupo social.
 Normalidade ideal: se estabelece uma norma ideal do que seria 
considerado um indivíduo sadio. 
Além disso, alguns modelos 
buscam definir o que seria 
“normalidade”, na tentativa 
de traçar uma linha entre o 
patológico e o normal.
6
Apesar de todos esses modelos, a questão 
central permanece: como definir o que é normal 
e o que é patológico? 
Nesse sentido, a psicopatologia também recorre aos 
“4 Ds” que auxiliam na compreensão dessa 
diferenciação:
 Deviance (Desvio
 Distress (Sofrimento
 Disfunction (Disfunção)
 Danger (Perigo)
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Mas, como o DSM-5-TR define 
aquilo que é um transtorno mental?
O DSM-5-TR define transtorno mental como um conjunto de 
sinais e sintomas caracterizado por perturbação clinicamente 
significativa na cognição, regulação emocional ou 
comportamento de um indivíduo que reflete uma disfunção nos 
processos psicológicos, biológicos ou de desenvolvimento 
subjacentes ao funcionamento mental.
Os transtornos mentais também são frequentemente associados 
a sofrimento ou incapacidade significativos que afetam 
atividades sociais, profissionais ou outras atividades 
importantes.
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De forma resumida, um transtorno mental precisa ter:
 frequênci
 intensidad
 sofrimento clinicamente significativo
Para Canguilhem (Autor do livro "O normal e o patológico"), os 
critérios para definir o que é normalidade dependem de opções 
filosóficas, ideológicas e pragmáticas.
As tentativas de classificação começaram há mais de 
2.000 anos e seguiram por toda a história:
 Aristóteles: o encéfalo era o palco de ideias e o coração a 
sede do comportamento.
 Hipócrates: desenvolve a teoria dos quatro temperamentos
 Joseph Gall: o tamanho do crânio predizia comportamentos 
e habilidades (frenologia)
 Philippe Pinel: pioneiro no tratamento de transtornos 
mentais.
 Wilhelm Wundt: criou o primeiro laboratório de psicologia
 Sigmund Freud: muda a história da psicoterapia
 Kraepelin: afirma que os transtornos mentais têm bases 
biológicas. É considerado o pai da psicopatologia ateórica. 
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Quais os limites da psicopatologia? 
Como Karl Jaspers observou, a psicopatologia, embora busque 
estudar o homem em sua totalidade, acaba sendo o estudo do 
homem em sua enfermidade. 
Devemos lembrar que cada indivíduo é único e complexo, e que há 
aspectos de sua experiência que podem escapar a compreensão 
psicopatológica tradicional: 
“[...] quanto mais reconhece e caracteriza o típico, o que se acha de 
acordo com os princípios, tanto mais reconhece que, em todo 
indivíduo, oculta algo que não pode conhecer.”

(JASPERS, 1979, p. 12).
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O que é o DSM?
Quem criou o DSM?
 
O DSM é um Manual Diagnóstico e Estatístico usado por psicólogos 
e psiquiatras do mundo todo para diagnosticar transtornos 
mentais e doenças psiquiátricas. Ele é formado por três 
componentes principais:
 Classificação diagnóstic
 Conjunto de critérios diagnósticos
 Texto descritivo
Criado em 1952 por uma força-tarefa da Associação Psiquiátrica 
Americana (APA), o DSM passou por várias revisões ao longo dos 
anos. 
A APA continua responsável pelas atualizações do manual, 
buscando incorporar novas descobertas de pesquisa e aprimorar a 
precisão diagnóstica. 
Essas revisões são propostas por especialistas no campo, revisadas 
pelos editores e pelo Comitê Diretivo do DSM.
Overview do DSM
3
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Por que o DSM foi criado? 
A necessidade de uma classificação dos transtornos 
mentais é clara ao longo da história. 
Porém, sempre houve pouco consenso sobre quais transtornos 
deveriam ser incluídos e como organizá-los. 
Com o DSM, a classificação tornou-se mais sistemática, 
facilitando o entendimento e a comunicação entre profissionais 
de saúde mental.  
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Histórico dos
DSM’s
DSM-I: publicado em 1952, continha 132 páginas e 106 
diagnósticos. Tinha como base a psicopatologia psicodinâmica 
e uma baixa confiabilidade. 
DSM-II: publicado em 1968, continha 134 páginas e 182 
diagnósticos. Semelhante ao DSM-I, tinha como base a 
psicopatologia psicodinâmica e uma baixa confiabilidade. 
DSM-III: publicado em 1980, continha 494 páginas e 265 
diagnósticos. Introduz critérios padronizados e uma 
abordagemdescritiva (ateórica), rompendo com a 
psicopatologia psicodinâmica. 
DSM-III-TR: publicado em 1987, continha 567 páginas e 292 
diagnósticos.
13
DSM-IV: publicado em 1994, continha 886 páginas e 297 
diagnósticos. Introduz o sistema multiaxial, com uma 
abordagem politética onde não precisava ter todos os sintomas 
para ter o diagnóstico. 
DSM-IV-TR: publicado em 2000, continha 943 páginas e 297 
diagnósticos.
DSM-5: publicado em 2013, continha 947 páginas e 370 
diagnósticos.  Abandona o sistema multiaxial, onde os 
transtornos eram divididos em eixos, e reorganizou os 
transtornos num novo sistema, onde os transtornos são 
divididos por similaridade e em fases da vida 
(neurodesenvolvimento até neurodegenerativos). Além 
disso, a partir do DSM-5 inicia-se a tentativa de inserir o Modelo 
Dimensional.
DSM-5-TR: publicado em 2022, contém 1142 páginas e trouxe 
um transtorno novo: Transtorno do Luto Prolongado.
Embora o DSM não seja perfeito, é o modelo de classificação 
mais utilizado atualmente e representa uma ferramenta valiosa 
para profissionais de saúde mental. Conhecer sua estrutura e 
sua evolução ao longo do tempo é fundamental para uma 
prática clínica informada e eficaz. 
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SEMANA DA PSICOPATOLOGIA 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
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Quando se trata de estudar e classificar

os transtornos mentais, algumas instituições

se destacam:
 American Psychiatric Association (APA): 
Manual Diagnóstico e Estatístico de 
Transtornos Mentais (DSM)
O DSM adota um modelo categórico, onde cada transtorno é definido 
por um conjunto específico de características. Neste sistema, as 
psicopatologias são consideradas entidades separadas e o 
diagnóstico é baseado na presença ou ausência de um número de 
sintomas-chave
 Organização Mundial da Saúde (OMS): 
Classificação Internacional de Doenças (CID)
A CID também utiliza um modelo categórico, descrevendo cada 
transtorno em termos de sintomas típicos. Assim como o DSM, a CID 
considera as psicopatologias como categorias independentes e o 
diagnóstico é feito através da correspondência dos sintomas do 
paciente com os perfis prototípicos descritos na classificação.   
Iniciativas em 
desenvolvimento
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 National Institute of Mental Health (NIMH): 
Research Domain Criteria (RDoC)
O RDoC adota um modelo alternativo, sendo uma agenda de 
pesquisa acerca dos transtornos mentais e não um sistema 
diagnóstico em si. 
Ele busca entender os transtornos mentais em termos dimensionais, 
explorando os papéis de sistemas biológicos, psicológicos e 
comportamentais nas diferentes psicopatologias.
 Hierarchical Taxonomy of Psychopathology 
(HiTOP) 
O HiTOP representa uma abordagem alternativa, abandonando a 
noção de categorias fixas em favor de uma perspetiva dimensional.
Neste modelo, os transtornos mentais são classificados em diferentes 
níveis de uma hierarquia complexa, com um fator geral no topo 
responsável por explicar uma variedade de sintomas 
psicopatológicos. 
O diagnóstico pelo modelo HiTOP visa descrever perfis de sintomas, 
adotando uma abordagem mais flexível e dimensional. Em vez de 
classificar os transtornos em categorias independentes (abordagem 
qualitativa) o HiTOP reconhece que as psicopatologias são extremos 
de experiências comportamentais, afetivas, cognitivas e físicas 
(abordagem quantitativa). 
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Representação hierárquica das relações 
entre as dimensões do modelo HiTOP:
Representação hierárquica das relações 
entre as dimensões do modelo HiTOP:
Nota: Os superespectros destacados em cinza são hipotéticos e demandam validação empírica. 
As variâncias do subfator mania são explicadas pelos espectros do transtorno do pensamento e 
internalizante, e isso está sendo mais bem analisado empiricamente (razão das setas estarem em 
cinza). Parte dos sintomas e traços delineados é apresentada na terceira coluna da tabela.
Fonte: Oliveira e Trentini (2023, p. 349)
SEMANA DA PSICOPATOLOGIA 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
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Então, podemos utilizar 
os novos modelos, 
RDoC e HiTOP, na 
prática clínica?
NÃO! O RDoC e o HiTOP têm surgido como modelos alternativos 
por entenderem a insuficiência e fragilidade do modelo 
categórico do DSM proposto pela APA

nas últimas décadas. 
No entanto, o modelo vigente de classificação permanece 
sendo o DSM-5-TR. 
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A dúvida quanto a se o psicólogo pode dar diagnóstico

ainda persiste entre alguns profissionais, muitas vezes atribuída 

à Lei nº 12.842/2013 (Ato Médico). 


No entanto, é importante destacar que o inciso do Art. 4º, 

que originalmente limitava o diagnóstico exclusivamente à 
Medicina, foi vetado.
Além disso, a Resolução CFP n.º 006/2019 enfatiza que é facultado ao 
psicólogo o uso de manuais de classificação, como a CID e o DSM. 
Isso significa que, legalmente, os psicólogos estão autorizados a 
realizar diagnósticos psicológicos.
Acesse a Lei clicando aqui
Acesse a Resolução clicando aqui
5 Iniciativas em 
desenvolvimento
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https://www.google.com/url?q=https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2019/09/Resolu%25C3%25A7%25C3%25A3o-CFP-n-06-2019-comentada.pdf&sa=D&source=docs&ust=1713826386010968&usg=AOvVaw2NICnZh2VQ-U7h2ynNCCra
https://www.google.com/url?q=https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2019/09/Resolu%25C3%25A7%25C3%25A3o-CFP-n-06-2019-comentada.pdf&sa=D&source=docs&ust=1713826386010968&usg=AOvVaw2NICnZh2VQ-U7h2ynNCCra
Entretanto, é crucial entender que dominar o diagnóstico não se 
resume a rotular todas as pessoas com transtornos. 
O papel do psicólogo vai além disso, envolvendo uma avaliação 
cuidadosa e contextualizada, que considera não apenas os sintomas 
apresentados, mas também o contexto social, cultural e individual do 
indivíduo.
Diagnosticar adequadamente requer habilidades técnicas e éticas, 
além de uma compreensão profunda da psicopatologia e dos 
instrumentos de avaliação disponíveis. 
É um processo delicado que exige sensibilidade e responsabilidade 
por parte do profissional.
Portanto, embora os psicólogos tenham o direito e a capacidade de 
realizar diagnósticos psicológicos, é essencial lembrar que isso deve 
ser feito com cuidado e respeito, visando sempre o bem-estar e a 
qualidade de vida dos clientes!
Psicólogo pode dar diagnóstico, 
desde que saiba!
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Fundamentos 
da Psicopatologia:
DO BÁSICO AO 
AVANÇADO
E S P E C I A L 5 A N O S
AULA 2
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O que você vai
encontrar nessa aula:
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Semiologia dos transtornos mentais
Avaliação das funções psíquicas
Função psíquica "juízo de realidade"
Função psíquica "pensamento"
3 eixos da psicopatologia
Definição de transtorno mental
Causa do transtorno mental
Cura do transtorno mental e 
prognóstico
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Semiologia dos 
transtornos mentais1
A semiologia é a ciência dos signos que não se restringe à 
psiquiatria ou à psicologia. É um campo de grande importância 
para o estudo da linguagem, da música, das artes em geral e de 
todos os campos de conhecimento e de atividades humanas que 
incluem a interação e a comunicação entre dois interlocutores por 
meio de sistemas de signos.
A semiologia visa o estudo dos signos, dos significados, e na 
psicopatologia ela está relacionada ao estudo dos sinais e 
sintomas dos transtornos mentais que são interpretados como 
um significado.
E qual a diferença entre sinais e sintomas?
Sinais são observáveis. Exemplo: cuidado	pessoal,	roupas, 
limpeza, comportamentos verbais e não verbais. 
Sintomas são subjetivos e dependem do relato do paciente. 
Exemplo: pensamentos, sentimentos, alucinações, delírios etc. 
23
Esse estudo dos sinais e sintomas é muito importante em 
psicopatologia pois não temos marcadores biológicos para 
transtornos mentais que direcionam o processo diagnóstico. É 
essasemiologia que complementa a entrevista diagnóstica em 
psicopatologia. 
Em resumo, a semiologia psicopatológica une sinais e sintomas 
dos transtornos mentais para chegar em um significado, um 
signo, que vai ser o nome que vai ser dado a determinado 
transtorno.
Porém, falar em psicopatologia é falar em uma "arte" não exata, pois 
da mesma forma que não existem marcadores biológicos para um 
determinado transtorno, também não existem sintomas 
patognomônicos. Ou seja, a presença de um sintoma x não significa 
a presença de um transtorno Y. 
Um mesmo sintoma pode estar 
presente em vários transtornos.
SEMANA DA PSICOPATOLOGIA 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
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SEMANA DA PSICOPATO 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
Se não dá pra diagnosticar um paciente seguindo apenas os seus 
sinais e sintomas, por que precisamos estudar sobre eles? Porque 
só é possível identificar e diferenciar aquilo que se conhece.
E o que precisa ser considerado na hora de 
avaliar um sintoma na psicopatologia?
 Patogênese: a forma dos sintomas. É a sua estrutura básica, 
semelhante nos diversos pacientes e nas diversas sociedades. 
Exemplo: alucinação, delírio, ideia obsessiva, fobia etc
 Patoplastia: o conteúdo dos sintomas que são oriundos da 
história do indivíduo e de sua subjetividade. Elementos que 
mudam a depender de aspectos culturais e da personalidade do 
próprio indivíduo. Ex: o conteúdo de culpa, religioso ou de 
perseguição de um delírio, de uma alucinação ou de uma ideia 
obsessiva.
Entender os sinais e sintomas é 
fundamental para entender e fazer bem o 
diagnóstico do seu paciente. 
25
Para os transtornos mentais, utilizamos a seguinte semiotécnica: 
entrevista direta com paciente e familiares e demais pessoas com 
quem o paciente convive.
E por que isso? É importante conversar com alguém que convive 
com o paciente porque muitos transtornos são egossintônicos.
 Egossintônico - sentido como parte de si mesmo, como o jeito de 
ser da pessoa. Ex: transtorno da personalidad
 Egodistônico - sentido como estranho. O indivíduo nota uma 
mudança em seu funcionamento. Ex: Depressão. 
Então, tem muitas coisas que precisamos saber e entender para além 
de conhecer todos os diagnósticos, dentro da psicopatologia 
descritiva. 
Além disso, desse processo de avaliação dos sinais e sintomas, 
também precisamos avaliar as funções psíquicas. 
Para chegar nesses sinais e sintomas, temos 
técnicas e procedimentos específicos de 
observação e coleta. 
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Avaliação das 
funções psíquicas2
As funções psíquicas estão relacionadas a nossa 
forma de captar a realidade e de sermos 
influenciados por ela. 
São as funções psíquicas que integram a vida mental. 

São construtos aproximativos da psicologia e da psicopatologia 

que permitem uma comunicação mais fácil e um melhor 
entendimento dos fatos. 
Além disso, principalmente por questões didáticas, as funções 
psíquicas são divididas em dois tipos
 Funções psíquicas elementares ou básicas: consciência, 
atenção, orientação, vivências do tempo e do espaço, 
sensopercepção, memória, afetividade, vontade, 
psicomotricidade e o agir, pensamento, juízo de realidade e 
linguagem;
 Funções psíquicas compostas ou complexas: o eu/self, 
personalidade, inteligência e cognição social. 
2 Avaliação das 
funções psíquicas
27
Didaticamente falando, fica mais fácil dividir dessa forma, mas é 
importante destacar que as funções psíquicas não são entidades 
separadas umas das outras, com vida própria. 
Elas são um todo integrado da vida mental, que funciona de 
forma integrada, inclusive.
Os transtornos mentais não se tratam 
apenas de agrupamentos de sintomas que 
coexistem. Esses sintomas possuem uma 
ligação estrutural entre si e as funções 
psíquicas fazem parte disso. 
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Da mesma forma que não existe um sintoma exclusivo para cada 
transtorno, também não há uma função psíquica exclusiva para 
cada disfunção. 


Porém, a depender do transtorno - ou do tipo de transtorno - 
temos uma ou outra, ou várias funções psíquicas que podem estar 
alteradas.
Funções mais afetadas nos 

transtornos psico-orgânico
 Nível de consciência, Atenção (também nos quadros afetivos, 
como na mania), Orientação, Memória, Inteligência, Linguagem 
(também nas psicoses)
Funções mais afetadas nos 

transtornos do humor e da personalidad
 Afetividade, Vontade, Psicomotricidade, Personalidade
Funções mais afetadas nos transtornos psicótico
 Sensopercepção, Pensamento, Juízo de realidade, Vivência do 
eu e alterações do Self
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E como se avalia essas funções psíquicas?

Existem alguns instrumentos que podem auxiliar, mas essa 
avaliação é feita quase que majoritariamente por entrevista clínica. 
Entre os testes e escalas estão:

Para avaliar 
 Bateria Psicológica para Avaliação da Atenção (BPA)
 Teste de Dígitos (Digit Span ou Extensão de dígitos) das 
baterias WISC-III e WAIS-II
 Teste Stroop - teste livre
 Teste de Bourdon
 Testes de desempenho contínuo – TDC
 CTT: Teste das Trilhas Colorida
 TMT: Teste de Trilhas A e 
 Teste de Cancelamento dos Sino
 Teste FDT (Teste dos Cinco Dígitos
 Teste Stroop (Stroop Test)
atenção
A atenção se refere ao conjunto de 
processos psicológicos que torna o ser 
humano capaz de selecionar, filtrar e 
organizar as informações em unidades 
controláveis e significativas.
30
 Para avaliar 
 Escala de depressão e Ansiedade de Hamilton (HAD
 Escala de Ansiedade de Beck
 Escala Breve de Avaliação Psiquiátrica
 Questionário de Sensações Corporai
 Escala de Medo da Avaliação Negativ
 Escala de avaliação de mania de Young, BDI – 
inventário de depressão de Beck 
afetividade
Para avaliar 
 Subtestes Dígitos e Vocabulário do WISC-IV e do WAIS-II
 Subteste de Memória Lógica da Wechsler Memory Scale 
(WMS) 
 Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey (RAVLT) 
 Subtestes de Memória das baterias CERAD e CAMCOG
 Teste de Retenção Visual de Bento
 Teste Comportamental de Memória de Rivermead
memória
As demais funções psíquicas não contam com tantos instrumentos 
disponíveis, por isso essas 3 foram trazidas a título de exemplo.
A “Afetividade” é um termo 
genérico, que compreende várias 
modalidades de vivências afetivas:

1. Humor ou estado de ânimo

2. Emoções

3. Sentimentos

4. Afetos

5. Paixões
A memória é a capacidade de 
codificar, armazenar e evocar as 
experiências, impressões e fatos 
que ocorrem em nossas vidas. 
Tudo o que a gente aprende na 
nossa existência depende 
intimamente da memória.
31
O que é?
Produzir juízos é uma atividade humana por excelência. Ajuizar quer 
dizer julgar. Todo juízo implica, certamente, um julgamento, que, 
por um lado, é subjetivo, individual e, por outro, social, produzido 
historicamente, em consonância com os determinantes socioculturais.
É por meio dos juízos que o ser humano afirma sua relação com o 
mundo, discerne a verdade do erro, assegura-se da existência ou não 
de um objeto perceptível (juízos de realidade ou de existência), assim 
como distingue uma qualidade de outra (juízos de valor). 
Juízos falsos podem ser produzidos

de inúmeras formas e podem ser ou

não patológicos.  
3Função psíquica 
"Juízo de realidade"
32
Erro simples x delírio
Em psicopatologia, a primeira distinção essencial a se fazer é entre 
o erro simples e as diversas formas de juízos falsos determinados 
por transtornos mentais, sendo a principal delas o delírio. 
O erro se origina da ignorância, do julgar apressado, do uso de 
premissas falsas ou da carência de lógica no pensamento.
Os erros simples são social ou psicologicamente compreensíveis, 
enquanto o delírio tem como característica principal serem 
incompreensíveis. 
Os erros são passíveis de correção pela experiência, pelas provas 
e pelos dados que a realidade oferece, por se aprender a pensar 
com lógica, diferente dos delírios.
33
1. Ideias prevalentesou 
sobrevaloradas
O que são?

As ideias prevalentes são ideias que, por conta da importância 
afetiva que têm para o indivíduo, acabam predominando sobre os 
demais pensamentos. É comum o paciente dizer: “Não consigo 
pensar em outra coisa”.
Alguns exemplos de ideias prevalentes 

ou sobrevaloradas em alguns transtornos

ou alterações patológicas
 Anorexia Nervosa (observa-se também na bulimia)
“Tenho certeza de que estou muito gorda”, 

“Minha barriga está enorme”
 Transtorno Dismórfico Corporal
“Meu nariz é disforme, enorme e muito feio”
 Ansiedade de Doença
: “Estou convencido de que tenho câncer de estômago”
 Ciúmes patológico não delirante
“Tenho certeza de que minha mulher está tendo um caso.”
34
Principais alterações psicopatológicas 
do juízo de realidade
2. O Delírio
O que é?

É a principal alteração do juízo de realidade. Equivale a um 

erro do ajuizar que tem origem no adoecimento mental. 

Ideias delirantes típicas, observadas na prática clínica. 


Por exemplo: 
“Tenho certeza de que meus pais (ou os vizinhos) querem me 
envenenar”, 


“Eu sou a nova divindade que tem poderes para acabar com o 
sofrimento no mundo a hora que quiser”, 


”Implantaram um chip em meu cérebro que comanda meus 
pensamentos”.
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Karl Jaspers descreveu três características ou 
indícios externos que, do ponto de vista prático, são 
muito importantes para a identificação clínica do 
delírio:
1. O indivíduo que apresenta o delírio tem convicção 
extraordinária, uma certeza subjetiva praticamente absoluta. 
Sua crença é total; a seu ver, não se pode colocar em dúvida a 
veracidade de seu juízo delirante.
2. É impossível a modificação do delírio pela experiência 
objetiva, por provas explícitas da realidade, por argumentos 
lógicos, plausíveis e aparentemente convincentes. 
3. O delírio é, quase sempre, um juízo falso; seu conteúdo é 
impossível. 


De maneira geral, os delírios podem ser divididos 
em delírio primário e secundário.
Delírio primário ou ideias delirantes verdadeiras

- O delírio primário é psicologicamente incompreensível, não 
tem raízes na experiência psíquica do ser humano sadio; por 
isso, é impenetrável.
O verdadeiro delírio expressa uma quebra 
radical na biografia do sujeito.
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As chamadas intuições ou ideias delirantes são as ideias que 
surgem como que a partir do nada, sem nenhuma relação com as 
informações perceptuais. 


Podemos ter, como exemplo, as seguintes afirmações: “o diabo vai 
me pegar”, “o senhor diz que é meu médico e que quer me ajudar, 
mas eu sei que também está com eles”, “tenho certeza de que os 
marcianos pretendem acabar comigo” ou “sei que o mundo está 
para se findar”. 
Delírio secundário, ou ideias deliroides, 

e os delírios compartilhados


- Delírio secundário ou ideias deliroides são aqueles que, apesar de 
absurdos, surgem em decorrência de situações desencadeadoras 
compreensíveis, explicáveis e relacionadas com os fatores que as 
causaram (eventos traumáticos, depressão, mania etc.). Por 
exemplo: ideias de grandeza em pacientes maníacos; ideias de 
culpa, ruína ou perseguição em pacientes deprimidos; ideias 
persecutórias em prisioneiros, refugiados, vítimas de violência etc
Os delírios podem ocorrer eventualmente em mais de uma pessoa. 
São os chamados delírios compartilhados da loucura a dois (folie à 
deux). Nesses casos, em geral há um sujeito realmente psicótico, 
com esquizofrenia ou transtorno delirante, por exemplo, que 
apresenta delírio primário e, ao interagir intimamente com outra 
pessoa influenciável (ou com mais pessoas; folie à trois, à quatre 
etc.), acaba por gerar o delírio em tal pessoa.
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37
Surgimento e evolução do delírio: 

estados pré-delirantes


Em geral, os delírios surgem após um período pré-delirante, 
denominado humor delirante. 
Nesse período, o paciente experimenta aflição e ansiedade intensas, 
sente como se algo terrível estivesse por acontecer, mas não sabe 
exatamente o quê.
Curiosamente, após a revelação do delírio, o indivíduo muitas vezes 
se acalma, como se tivesse encontrado explicação plausível para a 
perplexidade anteriormente inexplicável.
38
a)	Delírios de perseguição

O indivíduo acredita com toda a convicção que é vítima de

um complô e está sendo perseguido, que querem envenená-lo, 

prendê-lo, torturá-lo, matá-lo, prejudicá-lo no trabalho ou na escola, 
desmoralizá-lo, expô-lo ao ridículo ou mesmo enlouquecê-lo.
Exemplo:

“Sei que todas as câmeras da rua e os celulares das

pessoas ficam registrando onde estou. Isso é coisa dos

comunistas que querem me matar!”.
b)	Delírio de referência 

(de alusão ou autorreferência)

O paciente acredita ser o centro das atenções, más intenções e 
conspirações, e de que as pessoas estão sempre voltadas para ele, 
observando-o, fiscalizando-o, falando mal dele, olhando para ele etc. 
Exemplo:

"Eles estão falando de mim."
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Principais tipos de delírio:
39
c)	Delírio de influência ou controle 
(também denominado vivência de 
influência)


O paciente acha que sua mente é manipulada ou influenciada por 
pessoas ou entidades sobrenaturais, frente às quais não pode resistir.

Exemplo: 

Paciente acredita que há uma antena que envia raios que controlam 
seus pensamentos e seus sentimentos. 
d) Delírio de grandeza ou missão 

(ou de enormidade)


O paciente possui convicção delirante de ser superior às 
demais pessoas. Tal superioridade pode ser no âmbito da 
inteligência, beleza, poder, riqueza, talento, linhagem familiar, 
características sobrenaturais e religiosas.
Exemplo:
“Eu inventei o micro-ondas, o telefone celular e a internet. Abdiquei 
do reconhecimento e do dinheiro porque os homens fracos 
precisam mais disso que eu.”
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40
e) 	Delírio religioso ou místico


O paciente acha que foi escolhido por Deus para salvar o mundo 
e proclama que recebe mensagens espirituais das divindades, 
que é o portador da Verdade Revelada por Deus, que é onisciente, 
que pode operar milagres, que está em luta contra o demônio etc.
Exemplo:

"Eu sou o mensageiro do Senhor."
f)	Delírio de ciúmes e de infidelidade


O paciente está absolutamente convencido de que o parceiro 
está tendo ou terá um relacionamento sexual com outra pessoa, 
mesmo sem nenhuma evidência, de tal forma que esta convicção 
se torna elemento essencial na sua vida psíquica. 
Exemplo:

“Eu vejo como ela dá bom dia para o porteiro! Ele até abriu a porta 
para ela! Eu sei que estão me traindo!”
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41
g)	Delírio erótico (erotomania, síndrome 
ou delírio de Clerambault)



Aqui, o indivíduo afirma que uma pessoa, geralmente de destaque 
social ou de grande importância para o paciente, está totalmente 
apaixonada por ele e irá abandonar tudo para que possam

ficar juntos, se casar.
h) 	Delírios de falsa identificação
É quando o paciente acredita que as pessoas com as quais ele 
interagia foram substituídas por duplas ou sósias. Tais sósias o 
estariam enganando e, de modo geral, agindo ou tencionando agir 
contra ele.
Também pode acontecer quando o paciente crê que diferentes 
pessoas de seu ambiente são, de fato, uma só pessoa que muda de 
aparência rapidamente; em geral para lhe causar algum mal.
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i) Delírio de ruína (ou niilista)
Há uma convicção delirante de não ter recursos suficientes para 
sobreviver. O paciente, mesmo dispondo de dinheiro ou bens, acha-
se irremediavelmente arruinado, falido, desgraçado, à beira da 
miséria. Cada perda financeira é vivida como a perda de uma 
parte de si mesmo.
Exemplo:
“Vou perder tudo, não vou ter dinheiro para mais nada. Preciso parar 
o tratamento e sair de casa. Vou morar na rua e virar mendigo.”
j) Delíriode culpa e de autoacusação
Envolve uma convicção delirante de ter feito alguma coisa errada 
e sentir-se culpado por isso.
Exemplo:
“Eu roubei uma caneta no hotel há 20 anos. Tem um mandamento 
na bíblia que proíbe isso! Eu sei que vou para o inferno.”
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43
k) Delírio hipocondríaco
É uma convicção delirante de estar gravemente doente.
Mesmo com exames provando sua saúde, o paciente se apega à 
certeza da doença, às vezes utilizando probabilidades marginais e 
exceções raríssimas para corroborar sua crença.
Exemplo:

“Não adianta me mostrar os exames de novo! O vírus está aqui, eu 
sei! Esses exames só têm 99% de sensibilidade e especificidade. O 
vírus pode ter mutado ou estar escondido em um linfonodo!”
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44
Como avaliar o delírio e as 
demais alterações do juízo 
de realidade?
Existem perguntas que podem ser feitas numa 
entrevista diagnóstica a fim de investigar e avaliar 
essas alterações.
É importante começar a entrevista com perguntas neutras (idade, 
estado civil, onde mora etc.). Depois de estabelecer esse contato, 
vamos com cuidado “chegando perto” dos delírios. Sempre que o 
paciente relatar o delírio ou algo dele, podemos perguntar “como é 
que você sabe disso?”, “como chegou a essas conclusões?”.
45
Delírios de perseguição: 
Você tem motivos para desconfiar de alguém? Alguém tentou 
prejudicá-lo? Recebeu ameaças? Foi roubado ou enganado? 
Alguém o persegue? Tem inimigos? Insultam-o? Por que motivos? 
Trata-se de um complô, de uma “armação”, de uma máfia? 
Como se comporta sua família em relação a você? Também querem 
prejudicá-lo? E seu cônjuge, confia nele? Também quer prejudicá-lo? 
Quando começou a perseguição e por que motivo? Você está certo 
do que me disse ou acha que podem ser “coisas de sua 
imaginação”? Você não está enganado? Como pensa defender-se 
desses perigos?
Delírios de referência:
Observou se as pessoas falam de você quando conversam? Tem 
notado se, na rua ou em outro lugar, alguém o segue ou espia? 
Alguém faz gestos ou sinais quando você passa? Viu nos jornais ou 
na televisão alguma coisa a seu respeito? Conhece as pessoas que 
fazem essas coisas? Que intenção elas têm?
Entre as perguntas que podem 
ser feitas nesse processo de 
avaliação estão:
46
Delírios de influência:
Já sentiu algo externo influenciando seu corpo? Já recebeu algum 
tipo de mensagem? Alguma força externa influencia ou controla 
seus pensamentos? Já teve a sensação de que alguém ou algo 
pode ler sua mente? Já sentiu que seus pensamentos podem ser 
percebidos ou ouvidos pelos outros? Tem a sensação de que 
controlam seus sentimentos, seu corpo ou suas vontades?
Ideias/delírios de ciúmes:
Você confia no seu cônjuge? Tem motivos para suspeitar de sua 
fidelidade? Tem provas de que o enganou ou o traiu? Como foi que 
começou? Como tem certeza de que o traiu?
Delírios de grandeza:
Sente-se especialmente forte ou capaz? Tem algum talento ou 
alguma habilidade especial? Tem projetos, realizações especiais 
para o futuro? Aumentou ultimamente sua capacidade para o 
trabalho? Observou se uma pessoa importante se interessa por 
você? Você é uma pessoa rica?
Delírios religiosos:
Você é uma pessoa religiosa? Já teve contato ou recebeu 
influências de espíritos ou forças sobrenaturais? Você sente que tem 
uma relação especial com Deus? Teve contato com forças 
sobrenaturais, como espíritos, anjos ou demônios? Já conversou 
com Deus? Já conversou com espíritos?
47
Função psíquica 
"Pensamento"4
O que é?
Pensamento é a interpretação que se faz das situações do 
mundo. Sua constituição é resultado da agregação de:


• conceitos (essência das coisas): elemento estrutural básico do 
pensamento que se forma a partir das percepções e representações. 

O conceito é algo puramente cognitivo, intelectivo, não devendo 
ter qualquer resquício sensorial. Não é possível visualizá-lo, ouvi-lo 
ou senti-lo. Ex: conceito de cadeira, conceito de utilidade.

• juízo (relação entre os conceitos): juízos são afirmações ou negações 
de relações entre conceitos e é através deles que a gente 
determina o que é verdadeiro e o que é falso. Ex: a cadeira é útil.

• raciocínio (relação dos juízos): relaciona conceitos e juízos 
formando uma narrativa ou argumentação.
48
O pensamento está fortemente ligado ao juízo de 
realidade, pois se o juízo de realidade for falho, a 
forma de pensar também estará alterada. 
É importante destacar que:
Erros de pensamento podem acontecer na população sem 
transtornos mentais, como é o caso dos erros e vieses, que são 
comuns e sistemáticos.
O viés de confirmação consiste em uma tendência relativamente 
comum de muitas pessoas em distorcer, de modo inconsciente, os 
dados e as percepções da realidade para confirmar hipóteses 
previamente formuladas no início de um raciocínio.
O viés de salto para as conclusões se verifica quando conclusões 
apressadas, sem base nas evidências factuais, são formuladas com 
grau de certeza incompatível com tais evidências
49
O processo do pensar e 
suas alterações
Uma forma de analisar o pensamento é distinguindo os seguintes 
aspectos do processo de pensar: o curso, a forma (ou estrutura) e o 
conteúdo (ou temática) do pensamento.
O curso do pensamento é o modo como o pensamento flui, sua 
velocidade e seu ritmo ao longo do tempo. 
Já a forma do pensamento é sua estrutura básica, sua arquitetura, 
preenchida pelos mais diversos conteúdos e interesses do 
indivíduo. 
Por sua vez, o conteúdo do pensamento pode ser definido como 
aquilo que lhe dá substância, seus temas predominantes, o 
assunto em si. 
A forma e o curso do pensamento estão diretamente relacionados 
pois muitas vezes a alteração de curso acaba alterando a forma e 
vice-versa.
50
As principais alterações do curso do pensamento são a aceleração, 
a lentificação, o bloqueio e o roubo do pensamento.
Também conhecido como taquipsiquismo, refere-se à aceleração 
do pensamento, com uma ideia se sucedendo à outra 
rapidamente, podendo até ser difícil acompanhar o ritmo do 
indivíduo. 
Também conhecido como bradipsiquismo, corresponde a 
lentificação do pensamento. O discurso pode se tornar tão lento 
que chega a parecer sem sentido, confundindo a avaliação. Há 
certa latência entre as perguntas formuladas e as respostas. 
Há uma interrupção abrupta no fluxo do pensamento ou da fala, 
sem motivo aparente. O paciente relata “eu não consigo pensar por 
que a minha mente para de repente”.
· Aceleração do pensamento
· 	Lentificação do pensamento
· Bloqueio ou interceptação do pensamento
Vale lembrar que situações ansiogênicas e de fadiga podem 
ocasionar bloqueios episódicos, como os famosos “brancos” que 
ocorrem com estudantes em provas ou apresentações, o que não 
representa necessariamente um evento patológico.
Alterações do curso do 
pensamento
51
 Roubo do pensamento
 Alterações da forma do pensamento.
· Afrouxamento das associações
É uma vivência, frequentemente associada ao bloqueio do pensamento, 

onde o indivíduo tem a nítida sensação de que seu pensamento

foi roubado de sua mente, por uma força ou ente estranho, 

por uma máquina, uma antena etc.
As alterações formais incluem: afrouxamento das associações, 
descarrilhamento, dissociação e incoerência do pensamento e 
desagregação do pensamento.
Nesse caso, embora ainda haja lógica entre as ideias, é possível observar o 
afrouxamento dos enlaces associativos. As associações parecem mais 
livres, não tão bem articuladas. 
· Descarrilhamento do pensamento
· Dissociação e incoerência do pensamento
· 	Desagregação do pensamento
Aqui o pensamento passa a se extraviar de seu curso normal, toma 
atalhos, desvios, pensamentos supérfluos, retornando aqui e acolá ao seu 
curso original.
Com o agravamento do processo patológico, o pensamento pode tornar-
se totalmente incoerente e incompreensível. Exemplo: “Ontemà tarde eu 
vim à clínica porque estamos em ano de eleições e o padeiro abre somente 
às oito horas.” 

Nesse caso, há uma profunda e radical perda dos enlaces associativos, total 
perda da coerência do pensamento. Sobram apenas “pedaços” de 
pensamentos, conceitos e ideias fragmentados, muitas vezes 
irreconhecíveis, sem qualquer articulação racional.
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Alterações do conteúdo do 
pensamento
O conteúdo do pensamento é aquilo que preenche a estrutura do 
processo de pensar. A principal alteração do conteúdo do 
pensamento é o delírio. 


A observação clínica indica que os principais conteúdos que 
preenchem os sintomas psicopatológicos são:
1. Persecutórios
2. Depreciativos, de ataque à autoestima
3. De poder, riqueza, grandeza ou missão
4. Religiosos, místicos, mágicos
5. Eróticos, sexuais, de ciúmes
6. De culpa
7. Conteúdos hipocondríacos
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Outras alterações do pensamento 
(incluindo juízo e raciocínio)
 Pensamento mágico
 Pensamento inibido
 Pensamento prolixo
 Pensamento obsessivo
O pensamento mágico (PM) pressupõe que uma relação puramente 
subjetiva de ideias corresponde a uma associação objetiva de fatos. 
Por exemplo: "porque vi um carro batido hoje cedo, concluo que meu 
pai irá morrer atropelado nos próximos dias.
Aqui, ocorre a inibição do raciocínio, com diminuição da velocidade 
e do número de conceitos, juízos e representações utilizados no 
processo de pensar; o pensamento torna-se lento, difícil, rarefeito, 
pouco produtivo à medida que o tempo flui.
Aqui, o indivíduo não consegue chegar a qualquer conclusão sobre o 
tema de que está tratando, a não ser após muito tempo e esforço. O 
paciente dá longas voltas ao redor do tema e mescla, de forma 
imprecisa, o essencial com o supérfluo.
Aqui predominam ideias ou representações que, apesar de terem 
conteúdo absurdo ou repulsivo para o indivíduo, se impõem à 
consciência dele de modo persistente e incontrolável.
54
 Ruminações ou pensamento ruminativo perseverativo
As ruminações são formas de pensamento repetitivo que implicam 
preocupações e pensamentos negativos recorrentes, vivenciados 
de forma passiva. O paciente se fixa em palavras ou informações 
usadas anteriormente que, no contexto atual da conversa, não fazem 
mais sentido.
 Como avaliar o pensamento?
Existem algumas formas de avaliar o pensamento e uma delas é 
conduzindo a entrevista com perguntas específicas.
Perguntas para verificar o desenvolvimento e a estrutura global do 
pensamento:
· 	Que diferença há entre a mão e o pé? Entre o boi e o cavalo? Entre a 
água e o gelo? E entre o cristal e a madeira?
· 	Entre 1 kg de chumbo e 1 kg de palha, o que pesa mais? Que diferença 
há entre falar uma coisa errada e dizer uma mentira? E entre a 
admiração e a inveja? E entre ser uma pessoa econômica e ser uma 
pessoa mesquinha, um “pão-duro”?
· 	Que semelhanças há entre o carro, o trem e o avião?
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55
Ao longo da entrevista, verificar o curso do 
pensamento:
Como flui o pensamento do paciente, seu curso (velocidade, ritmo), 
forma e conteúdos? O pensamento é lento e difícil ou rápido e fácil? 
O raciocínio alcança seu objetivo, chega a um ponto final, ou fica 
“orbitando” em temas secundários?
Verificar as formas e os tipos de pensamentos:
O pensamento é coerente e bem compreensível? Ou é vago, com 
trechos incompreensíveis? O pensamento é predominantemente 
incompreensível, muito incoerente? Há associações por 
assonância? Há fuga de ideias? 
É concreto ou revela capacidade de abstração e uso de símbolos e 
categorias de generalização? O pensamento respeita a realidade ou 
segue os desígnios dos desejos e temores do paciente?
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56
Os 3 eixos da 
psicopatologia5
A psicopatologia tem eixos e, com isso, diferentes formas 
de ver os transtornos mentais. São 3 os eixos principais
Não trabalha com a ideia de diagnóstico, estuda o “fenômeno”. 

Seu principal divulgador e estudioso foi Karl Jaspers que seguia o 
método fenomenológico de investigação e descrição dos fenômenos 
tal como a consciência os percebe, excluindo toda teorização sobre 
sua causa. A psicopatologia fenomenológica seria uma vertente 
sem classificações.
 Psicopatologia Fenomenológica
57
 Psicopatologia Psicodinâmica
A Psicodinâmica é uma abordagem da psicologia que está 
diretamente ligada às teorias trabalhadas pela Teoria Psicanalítica. 
Essa abordagem trabalha os conflitos que estão no nosso 
inconsciente. 
Freud foi seu criador e principal divulgador. Atualmente a psicanálise 
não é considerada ciência e a psicopatologia psicodinâmica tem sido 
cada vez mais abandonada.
Para a psicopatologia psicodinâmica interessa o conteúdo das 
vivências, os movimentos internos de afetos, desejos e temores do 
indivíduo, sua experiência particular, pessoal, singular, não 
necessariamente classificável em sintomas previamente descritos.
As causas para os transtornos mentais estariam no passado do 
indivíduo, na sua história de vida, nos seus vínculos 

parentais e traumas.
SEMANA DA PSICOPATOLOGIA 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
58
Modelo atual, aceito desde 1980 com a chegada do DSM 3, e tem 
como precursor Kraepelin que se opunha às ideias de Freud. 
Para a psicopatologia descritiva, interessa fundamentalmente a 
descrição das formas de alterações psíquicas, as estruturas dos 
sintomas, aquilo que caracteriza e descreve a vivência patológica 
como sintoma mais ou menos típico.
Essa psicopatologia se baseia em um método de classificação 
pautado na nosologia e entende que a causa de todos os 
transtornos mentais é de origem multifatorial, possuindo 

influência genética, biológica, ambiental, familiar e personalidade. 
 Psicopatologia Descritiva

ou Ateórica
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59
O que é um 
transtorno mental?6
Atualmente, o DSM-5-TR define transtorno mental como um 
conjunto de sinais e sintomas caracterizado por perturbação 
clinicamente significativa na cognição, regulação emocional ou 
comportamento de um indivíduo que reflete uma disfunção nos 
processos psicológicos, biológicos ou de desenvolvimento 
subjacentes ao funcionamento mental.
Os transtornos mentais também são frequentemente associados a 
sofrimento ou incapacidade significativos que afetam atividades 
sociais, profissionais ou outras atividades importantes. 
60
Qual a causa do 
transtorno mental?7
Encontrar a causa para um transtorno mental parece ser a busca 
daqueles que recebem o diagnóstico de um. Será que foi o trauma 
que passou na infância? Ou aquela experiência constrangedora na 
adolescência? 
Hoje já é muito definido na literatura que a causa de todo transtorno 
mental é multifatorial. Ou seja, é uma somatória de fatores que 
contribuem para que o transtorno se manifeste na vida do indivíduo. 
Não falamos em relação de causa e efeito quando se trata de 
transtorno mental pois o processo não é tão simples assim. 
Fica mais fácil entender a causa multifatorial de um transtorno mental 
quando entendemos a diferença entre correlação e causalidade. A 
correlação é um dado estatístico e não é um dado suficiente para 
estabelecer causalidade. Correlação é o que o senso comum chama 
de coincidência. Podemos dizer que ser assaltado tem correlação 
com o diagnóstico de TEPT, mas não podemos dizer que é a causa 
dele, pois se assim o fosse, todas as pessoas que fossem assaltadas 
teriam o diagnóstico de TEPT e não é o que acontece, correto?
Estamos sempre em busca de uma resposta 
quantitativa para um problema que é qualitativo. 
61
Para provar a causalidade a gente precisa de muitos estudos 
científicos, especialmente ensaios clínicos randomizados. Apenas	
métodos	científicos mais	rigorosos	podem	atribuir	causalidade. 
O problema é que as relações causais unilaterais e unifatoriais são 
raras na psiquiatria, por issoa multifatorialidade é a teoria mais aceita 
dentro da Psicopatologia. 
O que significa essa multifatorialidade 

do transtorno mental?
Significa que muitos aspectos estão por trás da manifestação de 
um transtorno mental. E um deles são os aspectos biológicos e 
genéticos. Evidências crescentes mostram que nós herdamos uma 
tendência a sermos tensos, irritados e ansiosos. Contudo, uma 
vulnerabilidade genética não “causa” ansiedade ou pânico 
diretamente. Ou seja, acontecimentos estressantes e outros fatores 
no ambiente podem “ativar” esses genes e desencadear 
vulnerabilidades psicológicas e biológicas para a ansiedade. 
Para a psicopatologia ateórica a união de inúmeros fatores junto a 
um ambiente desfavorável pode desencadear um transtorno 
mental. Que é o que chamamos de causa multifatorial. 
Lembre-se: “achados extraordinários 
requerem feitos extraordinários”. 
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62
Modelo da tripla 
vulnerabilidade 8
O modelo da tripla vulnerabilidade é a 

teoria do desenvolvimento dos transtornos mentais

mais aceita e envolve
 Genétic
 Vulnerabilidade psicológica - aspectos da personalidad
 Componente psicológico específico - trauma, abandono, abuso
De acordo com a teoria criada por David H. Barlow, certas 
predisposições podem influenciar na vulnerabilidade de uma 
pessoa ao medo, por exemplo. Ainda segundo essa linha de 
pensamento, a soma desses tipos de vulnerabilidade é um fator que 
ajudaria a contribuir para o desenvolvimento do transtorno de pânico, 
por exemplo. O modelo da tripla vulnerabilidade do pânico ficaria assim:
 Vulnerabilidade biológica: quando a ansiedade e o afeto negativo 
são herdados como características genéticas - pai ou mãe com 
essas características.
 Vulnerabilidade psicológica: quando alguma experiência 
vivenciada durante o desenvolvimento da pessoa leva a sensações 
que fogem ao seu controle, associado a fatores de personalidade
 Vulnerabilidade ambiental: quando a pessoa possui sensações 
derivadas de uma impressão constante de ameaça e perigo.
psicólogo americano 
e professor na 
Universidade de 
Boston
63
Sendo assim, se uma pessoa está sob grande pressão, 
particularmente de estressores interpessoais, determinado estressor 
pode ativar suas tendências biológicas de ser ansioso e suas 
tendências psicológicas de sentir que não é capaz de administrar a 
situação e de controlar o estresse.
Então, sabemos que a causa dos transtornos mentais é uma causa de 
múltiplos fatores - multifatorial. Mas em todos os transtornos todos os 
fatores têm o mesmo peso? Genética, ambiente, história de vida e 
personalidade determinam cada transtorno da mesma forma? Hoje 
sabemos que não. Fatores diferentes têm pesos diferentes para 
cada transtorno. 

Por exemplo:
Nos transtornos alimentares temos uma influência genética, mas as 
pressões do ambiente parecem ser bastante determinantes. 
No transtorno de personalidade antissocial entende-se que os 
fatores genéticos podem apresentar vulnerabilidade, porém, o 
desenvolvimento da criminalidade pode requerer fatores ambientais, 
como falta de contato de boa qualidade na infância com pais 
biológicos ou substitutos - ou ambientes invalidantes como 
chamamos hoje na psicologia. 
Outro exemplo dos diferentes pesos da genética e ambiente é na 
esquizofrenia. A esquizofrenia é um dos transtornos mais biológicos 
que existem. Como sabemos disso? Com estudo de gêmeos 
idênticos. Se o ambiente fosse exclusivamente responsável pela 
esquizofrenia, esperaríamos pouca diferença entre gêmeos idênticos 
e fraternos com relação a esse transtorno.
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Caso apenas os fatores genéticos fossem relevantes, ambos os 
gêmeos idênticos sempre teriam esquizofrenia (seriam concordantes) 
e os gêmeos fraternos apresentariam o transtorno 50% do tempo. 
A pesquisa dos estudos sobre gêmeos indica que a verdade está em 
algum lugar entre essas duas possibilidades.
Então, podemos seguramente fazer uma 
generalização: os genes são responsáveis por 
tornar alguns indivíduos vulneráveis à 
esquizofrenia. 
O TDAH é considerado altamente influenciado pela genética. 
Influências ambientais desempenham um papel relativamente 
pequeno no transtorno, quando comparadas a muitos outros - 
como depressão e ansiedade que tem influência mais forte do 
ambiente e de fatores psicológicos. 
Na depressão, por exemplo, as melhores estimativas das 
contribuições genéticas para a depressão alcançam 
aproximadamente 40% para mulheres, mas parecem ser 
significativamente menores para os homens (por volta de 20%). 
Isso significa que 60% a 80% das causas de depressão podem 
ser atribuídas a fatores ambientais.
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Existe cura para o 
transtorno mental?
9
Não falamos em cura de transtorno mental, pois não podemos 
garantir que os sintomas não reaparecerão. Em saúde mental falamos 
em remissão de sintomas e isso não significa que o transtorno sumiu, 
significa que houve um retorno à funcionalidade. 
Quando falamos em remissão total, estamos falando em torno de 70% 
de melhora. Quando falamos em remissão parcial, em torno de 50%. 
Quanto de remissão podemos esperar

nos principais transtornos?
Isso vai depender do tipo de transtorno, pois dependendo da sua 
categoria o prognóstico é melhor ou pior.
 Transtornos Episódicos, como transtornos depressivos e 
transtornos de ansiedade, possuem o ambiente como o fator 
desencadeante principal. Nos transtornos episódicos é mais fácil 
falar em remissão total
 Transtornos Crônicos, como a esquizofrenia e o transtorno 
bipolar, possuem uma base genética significativa e nenhum 
tratamento inibe essa questão genética e biológica. Podemos falar 
em remissão desses transtornos, mas o tratamento 
medicamentoso não será interrompido. Mesmo que a remissão 
não seja total podemos falar em retorno a funcionalidade.
Remissão significa retorno à funcionalidade. 
66
Transtornos do Neurodesenvolvimento, como o TDAH e o TEA, 
são os transtornos com os quais já se nasce com. A genética é 
preponderante e o ambiente pode contribuir para uma 
expressão fenotípica mais grave ou menos grave. A remissão 
total é mais difícil nesses casos.
Transtornos Degenerativos, como o Alzheimer, uma vez 
iniciado o processo degenerativo não regride.
Entender todos os aspectos apresentados nesta aula é fundamental 
para que você seja capaz de avaliar o seu paciente corretamente e 
oferecer a ele a melhor intervenção disponível para a sua demanda. 
Psicopatologia não se resume a conjunto de sinais e sintomas, 
como ficou claro. Por isso precisamos estudar e nos aprofundar nesta 
área do conhecimento a fim de não reproduzirmos erros antigos ou 
nos mantermos apegados a modelos obsoletos. 
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67
Introdução ao 
em Saúde Mental 
(DSM-5-TR)
Manual 
Diagnóstico ATUAL
E S P E C I A L 5 A N O S
AULA 3
68
O que você vai
encontrar nessa aula:
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Qual a implicação do DSM-5-TR

na sua prática clínica? 
Definição de transtorno mental 
Divisão do DSM-5-TR
Categorias diagnósticas do DSM-5-TR
Estrutura de apresentação dos transtornos
Outras seções importantes do DSM
Diferença entre traço e transtorno
Principais mudanças trazidas pelo DSM-5-TR
Instrumentos de avaliação
1
2
3
4
5
6
7
8
9
69
No contexto da prática clínica em saúde mental, o Manual 
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) 
desempenha um papel crucial. A versão mais recente, o DSM-5-TR, 
tornou-se o padrão de referência a partir de janeiro de 2023, 
substituindo as versões anteriores. Para os profissionais que 
desejam manter-se atualizados, é essencial dominar as mudanças e 
atualizações dessa nova edição.
Lembre-se…

Após o lançamento do DSM-5-TR, as edições anteriores 
tornaram-se obsoletas.  
Qual a implicação do 
DSM-5-TR na sua 
prática clínica?
1
70Definição de 
transtorno mental2
Retomando a definição de transtorno mental trazida pelo DSM:
Um transtorno mental é uma síndrome caracterizada por uma 
perturbação clinicamente significativa na cognição, regulação 
emocional ou comportamento de um indivíduo, refletindo uma 
disfunção nos processos psicológicos, biológicos ou de 
desenvolvimento subjacentes ao funcionamento mental. 
Geralmente, esses transtornos estão associados a um sofrimento 
significativo ou incapacidade em atividades sociais, 
ocupacionais ou outras atividades importantes. No entanto, uma 
resposta previsível ou culturalmente aprovada a um estressor 
comum ou perda não é considerada um transtorno mental.
É fundamental destacar que comportamentos socialmente 
desviantes ou conflitos entre o indivíduo e a sociedade não são 
classificados como transtornos mentais, a menos que resultem de 
uma disfunção no indivíduo, conforme descrito acima.
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SEMANA DA PSICOPATOLOGIA 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
Cada transtorno identificado no Manual deve atender a essa definição. 
Embora nenhuma definição seja capaz de abranger todos os aspectos dos 
transtornos contidos no DSM, alguns elementos são essenciais
 a definição caracteriza um transtorno mental como causador de um 
distúrbio clinicamente significativo em vários domínios, resultando em 
sofrimento ou prejuízo. Por vezes, o prejuízo pode ser evidente, 
mesmo que o sofrimento não seja percebido pelo indivíduo 
afetado
 a disfunção identificada é atribuída aos distúrbios subjacentes nos 
processos psicológicos, biológicos ou do desenvolvimento 
subjacentes ao funcionamento mental, requerendo uma avaliação 
abrangente desses processos
 a definição exclui disfunções esperadas ou culturalmente 
aceitáveis, como tristeza temporária após a perda de um ente querido
 a disfunção não é considerada um transtorno mental se decorrer 
de um desentendimento entre o indivíduo e sua cultura mais 
ampla.
Lembre-se: o diagnóstico não se resume apenas aos critérios do DSM.
72
Divisão do

DSM-5-TR 3
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5-
TR) é organizado em três seções principais:
Seção I: essa parte fornece informações introdutórias sobre o 
DSM-5-TR, incluindo instruções sobre o uso do manual e 
considerações importantes. Aqui, são apresentadas orientações 
gerais, juntamente com advertências sobre o uso responsável do 
DSM. Além disso, são fornecidos alertas específicos para questões 
forenses, destacando que as informações diagnósticas do DSM 
devem ser utilizadas com cautela nesses contextos, devido ao risco 
de interpretações inadequadas.
Seção II: essa seção é dedicada à apresentação dos transtornos 
mentais, organizados em grupos e capítulos com base em 
semelhanças e estágios do ciclo de vida, começando na infância 
com os transtornos do neurodesenvolvimento e terminando na 
velhice com os transtornos neurodegenerativos. O DSM-5-TR inclui 
mais de 300 diagnósticos distribuídos em 19 categorias 
diagnósticas nessa seção.
Seção III: aqui são apresentados instrumentos de avaliação e 
modelos emergentes, como o modelo alternativo para os 
Transtornos de Personalidade, que é totalmente dimensional.
73
Categoria 1:
Transtornos do 
Neurodesenvolvimento
Os Transtornos do Neurodesenvolvimento são condições 
com início no período do desenvolvimento e podem afetar o 
funcionamento pessoal, acadêmico ou profissional. Eles se 
manifestam precocemente, em geral antes de a criança 
ingressar na escola. 

Esses transtornos podem variar desde dificuldades específicas 
de aprendizado até déficits mais amplos em habilidades sociais e 
intelectuais. 
Nessa categoria, estão incluídos:
 Transtorno do Desenvolvimento Intelectua
 Transtornos da Comunicação
 Transtorno do Espectro Autista (TEA
 Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH
 Transtorno Específico da Aprendizage
 Transtornos Motores
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Categoria 2:

Espectro da Esquizofrenia

e Outros Transtornos Psicóticos
Essa categoria engloba transtornos caracterizados por 
anormalidades em um ou mais dos cinco domínios: (1) delírios, (2) 
alucinações, (3) pensamento (discurso) desorganizado, (4) 
comportamento motor grosseiramente desorganizado ou 
anormal (incluindo catatonia) e (5) sintomas negativos. 
Nessa categoria, estão incluídos:
 Transtorno Delirant
 Transtorno Psicótico Brev
 Transtorno Esquizofreniform
 Esquizofrenia
 Transtorno Esquizoafetivo
Observação: é importante mencionar que o Espectro da 
Esquizofrenia e Outros Transtornos Psicóticos inclui o Transtorno 
da Personalidade Esquizotípica. Esse transtorno é incluído neste 
capítulo do DSM porque é considerado parte do Espectro da 
Esquizofrenia, mas sua descrição completa está no capítulo 
"Transtornos da Personalidade”. 
75
Categoria 3: Transtorno Bipolar e 
Transtornos Relacionados
A posição dos transtornos dessa categoria representa uma ponte 
(em termos de sintomatologia, história familiar e genética) entre o 
Espectro da Esquizofrenia e Outros Transtornos Psicóticos e os 
Transtornos Depressivos. 
Nessa categoria, estão incluídos:
 Transtorno Bipolar Tipo 
 Transtorno Bipolar Tipo 
 Transtorno Ciclotímic
 Transtorno Bipolar Induzido por Substâncias
Categoria 4: Transtornos 
Depressivos
A caraterística comum desses transtornos é a presença de

vazio, humor triste ou irritável, acompanhado de alterações 
somáticas e cognitivas que afetam significativamente a 
capacidade de funcionamento do indivíduo. O que difere entre 
eles são os aspectos de duração, principalmente.

Nessa categoria, estão incluídos:
 Transtorno Disruptivo da Desregulação do Humo
 Transtorno Depressivo Maior
 Transtorno Depressivo Persistent
 Transtorno Disfórico Pré-menstrua
 Transtorno Depressivo Induzido por Substância/Medicamento
76
Categoria 5:
Transtornos de Ansiedade
 
Os Transtornos de Ansiedade são marcados pela presença de 
ansiedade excessiva ou persistente, afetando várias áreas da 
vida do indivíduo. Além disso, estão associados a prejuízos sociais, 
ocupacionais ou em outras áreas do funcionamento.
 Nessa categoria, estão incluídos:
 Transtorno de Ansiedade de Separaçã
 Mutismo Seletiv
 Fobia Específic
 Transtorno de Ansiedade Social
 Transtorno do Pânic
 Agorafobi
 Transtorno de Ansiedade Generalizada
 Transtorno de Ansiedade Induzido por Substância ou 
Medicamento
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Categoria 6:

Transtorno Obsessivo-
Compulsivo e Relacionados
O Transtorno Obsessivo-Compulsivo e Transtornos Relacionados 
compartilham comportamentos repetitivos e compulsivos e, 
por isso, foram agrupados na mesma categoria. Eles estão 
localizados logo após os Transtornos de Ansiedade devido ao 
componente de ansiedade presente nos transtornos

dessa categoria. 
Nessa categoria, estão incluídos:
 Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC
 Transtorno Dismórfico Corpora
 Transtorno de Acumulaçã
 Tricotilomania
 Transtorno de Escoriação (skin-picking
 Outro Transtorno Obsessivo-Compulsivo e Transtorno 
Relacionado Especificado
 Transtorno Obsessivo-Compulsivo e Transtorno Relacionado 
Não Especificado
78
Categoria 7:

Transtornos Relacionados

a Trauma e a Estressores
Os Transtornos Relacionados a Trauma e a Estressores compartilham 
uma característica: apresentam um evento estressante 
desencadeante seguido por respostas emocionais intensas.
Nessa categoria, estão incluídos:
 Transtorno de Apego Reativ
 Transtorno da Interação Social Desinibid
 Transtorno do Estresse Pós-traumátic
 Transtorno de Estresse Agud
 Transtornos de Adaptação
 Transtorno do Luto Prolongado
Categoria 8:
Transtornos Dissociativos
Os Transtornos Dissociativos são caracterizados por 
perturbação e/ou descontinuidade da integração normal 
de consciência, memória, identidade, emoção, percepção, 
representação corporal, controle motor e comportamento. 
Nessa categoria, estão incluídos:
 Transtorno Dissociativo de Identidad
 Amnésia Dissociativ
 Transtorno deDespersonalização/Desrealização
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Categoria 9: Transtorno de 
Sintomas Somáticos e Relacionados
Os transtornos dessa categoria compartilham um aspecto em

comum: a proeminência de sintomas somáticos associados a 
sofrimento e prejuízo significativos. 

Nessa categoria, estão incluídos:  
 Transtorno de Sintomas Somáticos
 Transtorno de Ansiedade de Doença
 Fatores Psicológicos que Afetam outras Condições Médicas
 Transtorno de Sintomas Neurológicos Funcionais
 Transtorno Factício 
Categoria 10: Transtornos 
Alimentares
Os Transtornos Alimentares são caracterizados por uma 
perturbação persistente na alimentação ou no comportamento 
alimentar, resultando em consumo ou absorção alterada de 
alimentos, comprometendo significativamente a saúde física

ou o funcionamento psicossocial do indivíduo. 

Nessa categoria, estão incluídos: 
 Pic
 Transtorno de Ruminaçã
 Transtorno Alimentar Restritivo/Evitativ
 Anorexia Nervos
 Bulimia Nervos
 Transtorno de Compulsão Alimentar
80
Nessa categoria, estão incluídos:
 Transtorno de Insôni
 Transtorno de Hipersonolênci
 Narcolepsi
 Transtornos do Sono Relacionados à Respiraçã
 Transtorno do Sono-Vigília do Ritmo Circadian
 Transtornos de Despertar do Sono Não REM (NREM
 Transtorno do Pesadel
 Transtorno Comportamental do Sono RE
 Síndrome das Pernas Inquieta
 Transtorno do Sono Induzido por Substância/Medicamento 
Categoria 11:

Transtornos da Eliminação
Categoria 12: 

Transtornos do Sono-Vigília
Os Transtornos da Eliminação envolvem a eliminação inapropriada

de urina ou fezes e geralmente são diagnosticados pela primeira

vez na infância ou na adolescência. 

Nessa categoria, estão incluídos:
 Enures
 Encoprese 

Os Transtornos do Sono-Vigília abrangem uma variedade de condições que 
afetam o sono e a vigília. Geralmente, os indivíduos com esses tipos de 
transtorno apresentam queixas de insatisfação envolvendo a qualidade, o 
tempo e a quantidade de sono. O sofrimento e o prejuízo resultantes durante o 
dia são características centrais compartilhadas por todos esses transtornos.
81
Categoria 13: Disfunções Sexuais 
As Disfunções Sexuais abrangem uma variedade de transtornos 
nos quais os indivíduos enfrentam dificuldades em alcançar um 
desempenho sexual. 

Nessa categoria, estão incluídos:
 Ejaculação Retardad
 Transtorno Eréti
 Transtorno do Orgasmo Feminin
 Transtorno do Interesse/Excitação Sexual Feminin
 Transtorno da Dor Gênito-Pélvica/Penetraçã
 Transtorno do Desejo Sexual Masculino Hipoativ
 Ejaculação Prematura
 Disfunção Sexual Induzida por Substância/Medicament
 Outra Disfunção Sexual Especificada e Não Especificada

Categoria 14: Disforia de Gênero 
O termo Disforia de Gênero foi incluído no DSM-5 de 2013, 
substituindo o termo “transtorno de identidade de gênero", usado 
anteriormente no DSM-IV. A mudança da terminologia reflete um 
foco na disforia como um problema clínico, em oposição a 
identidade de gênero em si. 

Nessa categoria, está incluída
 Disforia de Gênero (em crianças e adolescentes e adultos)
82
Categoria 15: Transtornos 
Disruptivos do Controle de 
Impulsos e da Conduta 
Os transtornos dessa categoria são caracterizados pela

falha repetida em resistir, pelo menos em curto prazo, a um 
impulso, necessidade ou desejo de realizar um ato que seja 
recompensador, apesar das consequências, que geralmente 
causam sofrimento e prejuízos significativos no funcionamento. 

Nessa categoria, estão incluídos:
 Transtorno da Oposição Desafiant
 Transtorno Explosivo Intermitent
 Piromani
 Cleptomania
83
Categoria 16: Transtornos 
Relacionados a Substâncias e 
Transtornos Aditivos


Os Transtornos Relacionados a Substâncias e Transtornos Aditivos 
abrangem uma ampla variedade de condições associadas ao 
abuso de drogas e outras substâncias, utilizadas pelas pessoas 
para alterar seu modo de pensar, sentir e se comportar. 
Além dos transtornos relacionados a substâncias, este capítulo 
também inclui o Transtorno do Jogo, pois os comportamentos de 
jogo ativam sistemas de recompensa semelhantes aos ativados por 
drogas de abuso e produzem alguns sintomas comportamentais 
que podem ser comparados aos produzidos pelos Transtornos por 
Uso de Substância. 

Nessa categoria, estão incluídos:
 Álcoo
 Cafeín
 Cannabi
 Alucinógeno
 Inalante
 Opioide
 Ansiolítico
 Estimulantes (anfetamina, cocaína
 Tabaco e outras substâncias
84
Categoria 17: Transtornos 
Neurocognitivos
Os Transtornos Neurocognitivos (TNCs) englobam uma variedade de 
condições em que o déficit clínico primário está na função cognitiva, 
sendo transtornos adquiridos em vez de transtornos do desenvolvimento. 
Nessa categoria, estão incluídas duas classes de Transtornos Cognitivos:
 Delirium: uma condição frequentemente temporária na qual se apresentam 
a confusão e a desorientação;
 Transtorno Neurocognitivo Maior ou Leve: uma condição progressiva 
marcada pela deterioração gradual de uma série de capacidades 
cognitivas. 
Dentro da classe de Transtornos Neurocognitivos Maiores ou Leves, temos 
os seguintes subtipos:
 Transtorno Neurocognitivo Maiores ou Leve
 Transtorno Neurocognitivo Maior ou Leve Devido a Doença de Alzheime
 Transtorno  Neurocognitivo Vascular Maior ou Lev
 Transtorno Neurocognitivo Maior ou Leve Devido a Doença de Parkinson
 Transtorno Neurocognitivo Maior ou Leve Devido a Doença de Huntingto
 Transtorno Neurocognitivo Maior ou Leve Devido a Doença Corpos de Lev
 Transtorno Neurocognitivo Maior ou Leve Devido a Doença Devido a 
Infecção por HI
 Transtorno Neurocognitivo Maior ou Leve Devido a Lesão Cerebral 
Traumátic
 Transtorno Neurocognitivo Maior ou Leve Devido a Doença de Príon. 
85
A partir daqui o DSM sai da ordem do curso de ciclo 
vital, pois não se tem um consenso exato de que fase da 
vida esses transtornos podem aparecer (adolescência 
ou vida adulta). Assim, o DSM deixa Transtornos da 
Personalidade e Parafílicos para o final
Categoria 18:
Transtornos da Personalidade
Um Transtorno da Personalidade é um padrão persistente

de emoções, cognições e comportamentos, difuso e inflexível, 
resultando em um sofrimento emocional duradouro

para a pessoa afetada e/ou para outros

e pode causar dificuldades no trabalho 

e nos relacionamentos. 

Nessa categoria, estão incluídos: 
O grupo A, conhecido como o grupo dos esquisitos ou excêntricos, que inclui
 Transtornos da Personalidade Paranoid
 Transtornos da Personalidade Esquizoid
 Transtornos da Personalidade Esquizotípica
O grupo B, conhecido como o grupo das pessoas que se mostram dramáticas, 
emotivas ou imprevisíveis, que inclui
 Transtornos da Personalidade Antissocia
 Transtornos da Personalidade Borderlin
 Transtornos da Personalidade Histriônic
 Transtornos da Personalidade Narcisista
O grupo C, conhecido como o grupo dos ansiosos ou medrosos, que inclui
 Transtornos da Personalidade Evitativ
 Transtornos da Personalidade Dependent
 Transtornos da Personalidade Obsessivo-Compulsiva
Observação: na Seção III do DSM, quase no final do manual, você vai encontrar o modelo 
alternativo para os Transtornos de Personalidade. É um modelo de personalidade 
totalmente dimensional baseado nos fatores de personalidade ou Big Five, 

como costuma ser mais conhecido.
86
Categoria 19:
Transtornos Parafílicos 
Os Transtornos Parafílicos estão associados a comportamentos 
sexuais atípicos que podem ser prejudiciais para o indivíduo ou 
para os outros. 
Nessa categoria, estão incluídos:
 Voyeurism
 Exibicionism
 Frotteurism
 Masoquismo Sexua
 Sadismo Sexua
 Pedofili
 Fetichism
 Transtorno Transvéstico
87
Estrutura de 
apresentação dos 
transtornos6
A seção II do DSM é a mais longa pois é nela 
que todos os transtornos mentais, de todas as 
categorias diagnósticas, são apresentados. 
Em termos de estrutura para apresentação dos transtornos da 
seção II, o DSM se divide em três componentes principais: a 
classificação diagnóstica, os conjuntos de critérios diagnósticos 
e o texto descritivo.88
Cada diagnóstico do DSM possui um código de diagnóstico 
derivado do sistema de codificação usado por todos os 
profissionais de saúde, conhecido como Classificação 
Internacional de Doenças (CID).
1. Classificação 
diagnóstica
SEMANA DA PSICOPATOLOGIA 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
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Para cada transtorno incluído no DSM, um conjunto de critérios 
diagnósticos indica os sintomas que devem estar presentes (e por 
quanto tempo). 
Embora esses critérios ajudem a aumentar a confiabilidade 
diagnóstica (ou seja, a probabilidade de dois profissionais 
chegarem ao mesmo diagnóstico ao avaliar um paciente), é 
importante lembrar que esses critérios devem ser usados ​​por 
profissionais treinados usando julgamento clínico; eles não devem 
ser usados ​​pelo público em geral.
Após a avaliação dos critérios diagnósticos, os clínicos devem 
considerar a aplicação de subtipos de transtornos e/ou 
especificadores, conforme apropriado.
Quando aplicáveis, critérios específicos para definir a gravidade do 
transtorno (p. ex., leve, moderada, grave, extrema), características 
descritivas (p. ex., com insight bom ou razoável; em ambiente 
protegido) e curso (p. ex., em remissão parcial, em remissão 
completa, recorrente) são fornecidos com cada diagnóstico.
2. Conjuntos

de critérios diagnósticos
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O texto descritivo fornece informações contextuais para auxiliar 
na tomada de decisão diagnóstica e aparece imediatamente 
após os critérios diagnósticos de cada transtorno, descrevendo o 
transtorno sistematicamente. 
Faz parte do texto descritivo: as características diagnósticas, a 
prevalência, desenvolvimento e curso, comorbidades etc. 
3. Texto descritivo
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Outras seções 
importantes do DSM
7
Uma seção importante que o DSM traz para a maioria dos transtornos 
é a seção de subtipos e especificadores, que servem para 
aumentar a especificidade do diagnóstico. 
Os subtipos são indicados pela instrução "Determinar" no conjunto de 
critérios (p. ex., em anorexia nervosa, determinar se tipo restritivo ou 
tipo com compulsão alimentar purgativa). 
Em contrapartida, especificadores não têm o propósito de ser 
mutuamente excludentes ou coletivamente exaustivos, por isso mais de 
um especificador pode ser aplicado a um determinado diagnóstico.
Os especificadores (diferentemente dos subtipos) são indicados pela 
instrução "Especificar se"  (p. ex., no transtorno de ansiedade social, 
"Especificar se: somente desempenho") e também servem para indicar 
gravidade. 
Em resumo: podemos ter especificadores e subtipos tanto para 
acrescentar alguma característica para aquele transtorno (exemplo: 
com sintomas ansiosos - o que diminui um pouco as comorbidades) 
como também para especificar a gravidade dos transtornos.
92
Outra seção é a de Transtornos Mentais 
Especificados e Não Especificados, que costuma 
levantar muita dúvida. 
Essa seção serve para apresentações que não se encaixam 
exatamente nos limites diagnósticos dos transtornos em cada 
capítulo. 
Utilizamos "Transtorno Mental Especificado" quando o clínico sabe 
especificar o motivo pelo qual os critérios para tal transtorno não 
foram satisfeitos e "Transtorno Mental Não Especificado" quando o 
clínico não sabe especificar ou optou por não especificar o motivo 
pelo qual os critérios para tal transtorno não foram satisfeitos.
93
Diferença entre 
traço e transtorno
8
Fechar critérios para um transtorno mental não é simples, por 
isso não é a maioria das pessoas que possui um transtorno. Contudo, 
em contrapartida, um número maior de pessoas possui traços de 
alguns transtornos que, mesmo não sendo suficientes para um 
diagnóstico, costumam ser suficientes para causar sofrimento e 
prejuízos, pois a lógica do transtorno se aplica ao traço.
Um exemplo são os traços de personalidade que são padrões 
persistentes de percepção, de relacionamento e de pensamento 
sobre o ambiente e si mesmo que são exibidos em uma ampla 
variedade de contextos sociais e pessoais. 
Os traços de personalidade constituem transtornos da 
personalidade somente quando são inflexíveis e mal-adaptativos, 
causando prejuízo funcional ou sofrimento subjetivo 
significativos. Percebe a diferença entre traço e transtorno? 
Você pode possuir traço da personalidade dependente e não ter 
todos os critérios suficientes para um Transtorno da Personalidade 
Dependente. 
94
Essa ideia de traço vem do modelo dimensional que tem sido 
estudado há muito tempo - desde 1999 -  e se baseia na ideia de 
que podemos descrever o ser humano a partir de um número 
de dimensões nas quais as pessoas se distribuem numa curva 
normal (em forma de sino). 
Traços ou dimensões são encontrados em variados graus entre 
as pessoas e descrevem a frequência de comportamentos que 
expressam tais disposições ao longo do tempo na vida do 
indivíduo, ou seja, operam em bases probabilísticas: as pessoas 
variam de estatura baixa a alta, por exemplo, com a maior parte 
situada no meio da curva. 
95
Principais 
mudanças trazidas 
pelo DSM-5-TR
9
O DSM-5-TR é a primeira revisão publicada do DSM-5. Esse manual 
revisado integra os critérios diagnósticos originalmente publicados do 
DSM-5, com pequenas modificações para mais de 70 transtornos, 
com atualização no texto descritivo que acompanha cada transtorno, 
bem como com a inclusão de um novo diagnóstico, transtorno do luto 
prolongado, e dos códigos dos sintomas para informe de 
comportamento suicida e de autolesão não suicida.
Além disso, o DSM-5-TR inclui uma revisão abrangente do impacto do 
racismo e da discriminação no diagnóstico e nas manifestações dos 
transtornos mentais.
A maioria das alterações foram relativamente pequenas e servem 
para corrigir erros, esclarecer ambiguidades ou resolver 
inconsistências entre os critérios diagnósticos e o texto. 
Vejamos cada uma delas na página seguinte:
96
Diagnósticos e códigos de 
sintomas adicionados
O DSM-5 já havia incluído uma categoria de Transtorno de Luto 
Complexo Persistente como uma “condição para um estudo mais 
aprofundado” na seção 3 do manual. 
No DSM-5-TR, esse transtorno foi adicionado à seção 2, no capítulo de 
Transtornos Relacionados a Traumas e Estressores, pois estima-se 
que após a perda não violenta de um ente querido, 1 em cada 10 
adultos enlutados apresenta o risco de desenvolver Transtorno do 
Luto Prolongado.
Esse transtorno representa uma reação prolongada e mal-adaptativa 
que só pode ser diagnosticada depois que tiverem passado pelo 
menos 12 meses e no caso de crianças, pelo menos seis meses, 
desde a morte de alguém com quem o enlutado tinha um 
relacionamento próximo.
 Transtorno do Luto Prolongado
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 Transtorno de Humor Não Especificado 
O transtorno de humor não especificado é uma categoria recém-
adicionada. Aplica-se a apresentações nas quais predominam 
sintomas característicos de um transtorno do humor que causam 
sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento 
social, ocupacional ou em outras áreas importantes do 
funcionamento. 
No entanto, no momento da avaliação, eles não preenchem todos os 
critérios para nenhum dos transtornos nas classes diagnósticas 
de transtorno bipolar ou depressivo e é difícil escolher entre 
transtorno bipolar não especificado e transtorno relacionado e 
transtorno depressivo não especificado.
 Transtorno Neurocognitivo Leve

Induzido por Estimulante 
Esse transtorno foi adicionado aos tipos existentes de transtornos 
neurocognitivos leves induzidos por substâncias (álcool, inalantes e 
sedativos, hipnóticos ou substâncias ansiolíticas), em reconhecimento 
ao fato de que sintomas neurocognitivos, como dificuldades de 
aprendizado e memória e função executiva, podem estar associados ao 
uso de estimulantes.
98
Códigos de sintomas 
adicionados:
Os códigos da CID-10-CM para comportamento

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