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eBook Completo - Projeto de Arquitetura e Urbanismo VI

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Projeto de Arquitetura e Urbanism
o VI
GRUPO SER EDUCACIONAL
gente criando o futuro
A presente disciplina trata do planejamento de composições arquitetônicas de gran-
de complexidade e com programas de uso coletivo. Dessa forma, aborda os aspectos 
estéticos, formais e técnicos de projeto, desde a análise das condicionantes diversas 
que envolvem uma área de intervenção até o anteprojeto.
Nesta disciplina são apresentadas algumas ferramentas de análise de áreas de in-
tervenção de projeto, buscando re� etir sobre como a articulação entre edifício, rua 
e entorno construído relaciona-se a aspectos históricos e de planejamento urbano. 
Por meio de algumas investigações, análise e síntese de espaços, e estruturas arqui-
tetônicas, além de suas relações com o espaço urbano, serão tratadas brevemente as 
inferências da morfologia, da tipologia e dos usos na qualidade do ambiente urbano.
Serão abordadas a elaboração do programa arquitetônico em relação com o partido, 
bem como estudos preliminares, tais como organograma, � uxograma, índices urba-
nísticos e pré-dimensionamento. A partir das leituras do contexto de intervenção e 
dos estudos preliminares para projeto, o aluno será incentivado ao exercício proje-
tual, buscando a conformação do anteprojeto, trabalhando questões relativas à vo-
lumetria vinculada às questões do terreno e entorno, como orientação, topogra� a, 
insolação e ventilação, bem como de normas técnicas e legislações urbanísticas.
PROJETO DE ARQUITETURA 
E URBANISMO VI
Jéssica Seabra
Laísa Aiala Lima Tibúrcio
Jéssica Seabra
Laísa Aiala Lima Tibúrcio
PROJETO DE ARQUITETURA 
E URBANISMO VI
SER_ARQURB_PAUVI_CAPA.indd 1,3 15/06/2021 11:46:57
© Ser Educacional 2021
Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro 
Recife-PE – CEP 50100-160
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência.
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. 
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio 
ou forma sem autorização. 
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo 
artigo 184 do Código Penal.
Imagens de ícones/capa: © Shutterstock
Presidente do Conselho de Administração 
Diretor-presidente
Diretoria Executiva de Ensino
Diretoria Executiva de Serviços Corporativos
Diretoria de Ensino a Distância
Autoria
Projeto Gráfico e Capa
Janguiê Diniz
Jânyo Diniz 
Adriano Azevedo
Joaldo Diniz
Enzo Moreira
Jessica Seabra 
Laísa Aiala Lima Tibúrcio
DP Content
DADOS DO FORNECEDOR
Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, 
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão.
SER_ARQURB_PAUVI_UNID1.indd 2 15/06/2021 10:32:37
Boxes
ASSISTA
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações complementares 
ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado.
CITANDO
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante 
para o estudo do conteúdo abordado.
CONTEXTUALIZANDO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato;
demonstra-se a situação histórica do assunto.
CURIOSIDADE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado.
DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informa-
ção privilegiada sobre o conteúdo trabalhado.
EXEMPLIFICANDO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.
EXPLICANDO
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de 
conhecimento trabalhada.
SER_ARQURB_PAUVI_UNID1.indd 3 15/06/2021 10:32:37
Unidade 1 - A dimensão urbana da arquitetura: interfaces entre morfologia e tipologia
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 14
Paisagem cultural: aspectos morfológicos e culturais na elaboração de um anteprojeto 
arquitetônico ..............................................................................................................................................15
Patrimônio cultural e natural .............................................................................................. 15
Relações entre planejamento e desenho urbano ............................................................... 17
Morfologia urbana e o estudo de uma área da cidade (quadra e entorno) ............................18
Estudo de caso: uma quadra em Boa Viagem, no Recife ................................................... 21
Mapas de levantamento do entorno urbano ...................................................................... 22
Tipologias e a análise de soluções projetuais ................................................................................28
Edifícios e a integração com o entorno: exemplos ............................................................ 31
Sintetizando ........................................................................................................................... 34
Referências bibliográficas ................................................................................................. 35
Sumário
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Sumário
Unidade 2 - A forma na arquitetura
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 39
A plasticidade do partido arquitetônico .......................................................................... 40
Funcionalidade e forma .................................................................................................. 51
O aspecto material da arquitetura ................................................................................ 57
Estudo de caso: o Museu Cais do Sertão ......................................................................... 62
Sintetizando ........................................................................................................................... 70
Referências bibliográficas ................................................................................................. 71
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Sumário
Unidade 3 - Contexto urbano e o programa arquitetônico
Objetivos da unidade ...................................................................................................... 73
Contexto urbano: a cidade do Recife ............................................................................... 74
A malha urbana: as vias, as quadras e os lotes ......................................................... 78
Os edifícios de uso coletivo e a cidade ....................................................................... 89
As etapas pré-projetuais..................................................................................................... 96
Sintetizando ......................................................................................................................... 104
Referências bibliográficas ............................................................................................... 106
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Sumário
Unidade 4 - Condicionantes de projeto, legislação e normas vigentes
Objetivos da unidade ......................................................................................................... 109
O programa arquitetônico: restaurante .......................................................................... 110
As condicionantes naturais e implicações do entorno .................................................... 116
Legislação ........................................................................................................................... 124
LPUOS e o plano diretor: Recife ....................................................................................... 125
Legislação sanitária .......................................................................................................... 134Normas técnicas brasileiras ............................................................................................. 136
Sintetizando ......................................................................................................................... 140
Referências bibliográficas ............................................................................................... 141
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A presente disciplina trata do planejamento de composições arquitetônicas 
de grande complexidade e com programas de uso coletivo. Dessa forma, aborda 
os aspectos estéticos, formais e técnicos de projeto, desde a análise das condi-
cionantes diversas que envolvem uma área de intervenção até o anteprojeto.
Nesta disciplina são apresentadas algumas ferramentas de análise de áreas 
de intervenção de projeto, buscando refl etir sobre como a articulação entre edi-
fício, rua e entorno construído relaciona-se a aspectos históricos e de planeja-
mento urbano. Por meio de algumas investigações, análise e síntese de espaços, 
e estruturas arquitetônicas, além de suas relações com o espaço urbano, serão 
tratadas brevemente as inferências da morfologia, da tipologia e dos usos na 
qualidade do ambiente urbano.
Serão abordadas a elaboração do programa arquitetônico em relação com o 
partido, bem como estudos preliminares, tais como organograma, fl uxograma, 
índices urbanísticos e pré-dimensionamento. A partir das leituras do contexto de 
intervenção e dos estudos preliminares para projeto, o aluno será incentivado ao 
exercício projetual, buscando a conformação do anteprojeto, trabalhando ques-
tões relativas à volumetria vinculada às questões do terreno e entorno, como 
orientação, topografi a, insolação e ventilação, bem como de normas técnicas e 
legislações urbanísticas.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO VI 9
Apresentação
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Ao Sérgio Lisa, companheiro de refl exões sobre as cidades, o planejamento 
urbano, os domínios da técnica e da política e a paixão de servir ao público.
A professora Jessica Seabra é mes-
tra e graduada em Arquitetura e Ur-
banismo, ambos pela Universidae 
de São Paulo (IAU-USP, 2018 e 2014, 
respectivamente). Também atuou na 
administração pública com gestão de 
projetos de arquitetura e engenharia, 
e na instrução de licitações públicas 
de projetos e obras. 
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1485109054536917
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO VI 10
A autora
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Espero que este conteúdo, feito com muita dedicação e carinho, instigue sua 
capacidade de descoberta neste imenso território do conhecimento e o(a) 
infl uencie a sempre oferecer o melhor dos presentes que nós, arquitetos e 
arquitetas, podemos deixar para a humanidade: uma boa arquitetura.
A professora Laísa Aiala Lima Tibúrcio 
é graduada em Arquitetura e Urbanis-
mo (2018) pela Universidade Federal da 
Bahia (UFBA) e técnica em Edifi cações 
(2011) pelo Serviço Nacional de Apren-
dizagem Industrial da Bahia (SENAI/DR-
-BA). Foi pesquisadora e bolsista PIBIC 
na pesquisa intitulada Inventário do pa-
trimônio arquitetônico da UFBA.
Currículo Lattes:
lattes.cnpq.br/4723336998322315
A autora
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO VI 11
SER_ARQURB_PAUVI_UNID1.indd 11 15/06/2021 10:32:39
A DIMENSÃO URBANA 
DA ARQUITETURA: 
INTERFACES ENTRE 
MORFOLOGIA E 
TIPOLOGIA
1
UNIDADE
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Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Abordar questões relativas às etapas iniciais de projetos de arquitetura de 
edificações de uso coletivo;
 Apresentar algumas ferramentas e metodologias de análise do espaço 
urbano, e suas condicionantes, com o intuito de instrumentalizar os estudos 
preliminares de projeto de arquitetura;
 Fomentar o desenvolvimento de habilidades relativas à integração do projeto 
ao entorno urbano; 
 Compreender os impactos da edificação em suas relações espaciais a partir 
das questões construtivas, urbanas e ambientais.
 Paisagem cultural: aspectos 
morfológicos e culturais na 
elaboração de um anteprojeto 
arquitetônico
 Patrimônio cultural e natural
 Relações entre planejamento e 
desenho urbano
 Morfologia urbana e o estudo 
de uma área da cidade (quadra e 
entorno)
 Estudo de caso: uma quadra 
em Boa Viagem, no Recife
 Mapas de levantamento do 
entorno urbano
 Tipologias e a análise de 
soluções projetuais
 Edifícios e a integração com o 
entorno: exemplos
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO VI 13
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 Paisagem cultural: aspectos morfológicos e culturais 
na elaboração de um anteprojeto arquitetônico
A palavra “morfologia” tem sua origem no grego, composta de morphe, que 
signifi ca forma, e logía, que signifi ca estudo. Aplicada aos estudos urbanos, a 
morfologia trata do estudo das estruturas e formas urbanas, e dos processos 
responsáveis pelas transformações das cidades.
Nesse sentido, o estudo da morfologia urbana é um dispositivo de análise 
do contexto urbano, a qual é uma etapa importante e preliminar ao projeto de 
arquitetura e urbanismo. A análise do contexto urbano permite compreender 
os aspectos do planejamento e desenho urbanos, e da cultura que conforma-
ram determinada região de uma cidade.
Juntos, o traçado urbano, os edifícios e o tecido urbano conformam a pai-
sagem cultural de um lugar. Cada um desses três elementos estão em relação 
e compõem a forma urbana com seu conteúdo inerente estético, histórico e 
social. Esta divisão tripartida da paisagem urbana foi proposta pelo geógrafo 
inglês Michael Robert Günter Conzen.
Foi Conzen quem reconheceu a divisão tripartida da paisagem 
urbana em: i) plano da cidade (compreendendo ruas, parcelas e 
planos de implantação dos edifícios), ii) tecido edifi cado, e iii) usos 
do solo e do edifi cado. Porém, foram os conceitos que ele desen-
volveu sobre o ‘processo’ de desenvolvimento urbano que mais 
estimularam a escola de pensamento construída a partir do seu 
trabalho (WHITEHAND; OLIVEIRA, 2013).
Esmiuçando os três elementos que conformam a paisagem urbana, pode-
-se dizer que o traçado urbano é a conformação da cidade por meio de seu sis-
tema viário e os espaços delimitados pelas vias, como áreas livres 
públicas e os lotes. Ou seja, cada projeto de parcelamento repre-
senta, em uma escala menor, um pedaço do traçado 
urbano da cidade.
Os edifícios representam as massas edifi -
cadas da cidade e podem ser categorizados em 
tipologias arquitetônicas, por meio da aproxima-
ção entre composições volumétricas, urbanísticas 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO VI 14
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e linguagens arquitetônicas. Ao analisar o contexto urbano, são possíveis 
aproximações entre os períodos de constituição de um traçado urbano e os 
processos tipológicos, caracterizando períodos morfológicos e demonstran-
do como os tipos arquitetônicos se transformam nos diferentes períodos evo-
lutivos da cidade.
O tecido urbano, por sua vez, é formado por um conjunto de camadas que, 
combinadas, confi guram o desenho da cidade. Sua composição se dá por meio 
de elementos como: traçado viário, malha de quadras, parcelamento, tipos de 
ocupação, gabarito e uso do solo.
O conceito de paisagem cultural entende, portanto, o espaço urbano como 
um sistema físico de espaços abertos, que é indissociável das permanências 
edifi cadas que lhe são estruturantes, e dos usos e ocupações do solo e signifi -
cados estético-históricos que lhe conferem identidade (BARELLA, 2010).
Dessa forma, a ideia de paisagem urbana contempla “processos de trans-
formação do território, a geografi a, a morfologia urbana e a percepção ambien-
tal” (BARELLA, 2010) de uma comunidade que ali habita, “além daqueles que 
tratam da estéticae do valor histórico dos edifícios” (BARELLA, 2010).
Além da dimensão espacial propriamente dita, os lugares, trechos de cida-
de, apresentam uma dimensão que é temporal e histórica. “Um mesmo espaço 
físico pode, ao longo do tempo, ser lugar de diferentes histórias humanas e di-
ferentes culturas. Pode, portanto, apresentar diferentes paisagens” (RIBEIRO; 
POZENATO, 2004). A paisagem, portanto, por ser marcada pela história e pela 
cultura de um povo, se altera no tempo, não é fi xa, mas dinâmica.
Com isso, a análise do contexto e da paisagem urbana aplicada aos estudos 
preliminares para desenvolvimento de projeto arquitetônico que esta unidade 
pretende fomentar, trata-se de um instantâneo, como uma fotografi a, que con-
forma questões espaciais e culturais do momento em que a análise foi realizada.
Patrimônio cultural e natural
Como visto, a paisagem cultural é entendida como um conjunto espacial 
composto de elementos materiais existentes, naturais e construídos pela ação 
humana, associados a determinadas morfologias e dinâmicas sociais e cultu-
rais. Há, então, fatores materiais e imateriais que conformam as paisagens e o 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO VI 15
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patrimônio das cidades. De acordo com a arquiteta e urbanista Flávia Nasci-
mento e a geógrafa Simone Scifoni, a paisagem cultural
traz a marca das diferentes temporalidades da relação dos gru-
pos sociais com a natureza, aparecendo, assim, como produto de 
uma construção que é social e histórica e que se dá a partir de um 
suporte material, a natureza. A natureza é matéria-prima a par-
tir da qual as sociedades produzem a sua realidade imediata, 
através de acréscimos e transformações a essa base material 
(NASCIMENTO; SCIFONI, 2010) (grifo do autor).
A perspectiva que a paisagem cultural traz é a de superação de um estu-
do e tratamento compartimentado entre o patrimônio natural e cultural, mas 
também entre o material e imaterial, entendendo-os como um conjunto único 
e dinâmicos, em permanente transformação. As dinâmicas da natureza e das 
práticas culturais – inclusive os saberes relacionados às técnicas e estéticas das 
tipologias edilícias de cada época – estão em estreita interdependência com as 
materialidades produzidas, com a forma da cidade.
Esta visão abrangente do que seja patrimônio estava presente já na Cons-
tituição da República Federativa do Brasil de 1988, que aponta como cultural o 
patrimônio formado por “bens de natureza material e imaterial, tomados indi-
vidualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à 
memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira” (BRASIL, 
1988). Essa formulação de patrimônio abarca em si as formas de expressão, 
criação e viver que são associadas ao universo simbólico dos lugares e das 
pessoas que neles habitam.
Conforme exposto na Carta de Bagé ou Carta da Paisagem Cultural, de 17 de 
agosto de 2007, as paisagens culturais são definidas como os mais representativos 
modelos de integração e articulação entre todos os diferentes bens 
que constituem o Patrimônio Cultural brasileiro (SCIFONI, 2010).
Por consequência, uma região morfológica é 
uma área que tem uma unidade em relação à for-
ma que a distingue das áreas circunvizinhas, 
no que tange às questões da forma urbana, 
do traçado urbano, do tecido urbano, dos tipos 
edificados e da cultura de uma comunidade.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO VI 16
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Relações entre planejamento e desenho urbano
Desde a modernidade, as ideias que fundamentam o controle e o desenho 
da forma urbana estão contidas em legislações específi cas, as Leis de Uso e 
Ocupação do Solo, que tratam da relação entre espaços construídos e não 
construídos e, deste modo, das dimensões pública e privada da cidade. 
Usualmente, as leis urbanísticas dividem a cidade por meio de zoneamen-
tos. Em cada parcela do zoneamento são indicados parâmetros urbanísticos 
de construção que devem ser seguidos. Os parâmetros tratam-se de segmen-
tações funcionalistas, hierarquização e estruturação do sistema viário e parâ-
metros de uso e ocupação do solo por meio de índices urbanísticos, tais como 
taxas de ocupação e afastamentos (recuos) dos limites do lote.
Dessa forma, as leis urbanísticas têm papel preponderante no planejamen-
to urbano, podendo controlar o crescimento das cidades, privilegiando a ex-
pansão da área urbana em determinadas regiões, evitando, por exemplo, o 
crescimento em direção a locais com fragilidades ambientais.
A análise do contexto urbano pode revelar em que medida as leis urbanís-
ticas vêm sendo aplicadas, e qual o desenho urbano que tais leis geraram. As 
informações levantadas em um estudo sobre o contexto urbano podem identi-
fi car diversas informações valiosas ao processo de projeto, pois o pensamento 
sobre a morfologia urbana é também geográfi co e trata da forma como partes 
das superfícies de terras das zonas urbanas têm sido confi guradas e reconfi gu-
radas pela ação humana.
Ao estudar o traçado urbano, por exemplo, pode-se verifi car, a partir da 
criação de faixas marginais e do sistema viário, diferentes processos de toma-
das de decisão do poder público e suas implicações históricas e ambientais, 
posto que o sistema viário e a infraestrutura urbana com ele instalada se re-
laciona diretamente com o relevo, defi ne fronteiras com elementos naturais 
como rios e áreas de preservação ambientais e áreas passíveis de serem edifi -
cadas. Estas análises são essenciais para a compreensão integrada de planeja-
mento urbano e projeto.
Em conformação com a malha urbana, a maneira como um loteamento é 
desenhado e a maneira como os índices urbanísticos para aquele local são em-
pregados defi nem padrões de urbanização. A análise da legislação urbanística 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO VI 17
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em conjunto com a observação dos limites e dimensões dos lotes permitem 
inferir padrões volumétricos das edifi cações e padrões sociais que ocuparão 
aquele espaço.
A verifi cação das áreas destinadas a áreas institucionais e áreas livres que 
serão qualifi cadas como praças e o dimensionamento e desenho das vias per-
mitem discutir as relações espaciais pretendidas entre espaços livres e edifi ca-
dos, entre os espaços públicos e privados.
E as relações entre os períodos morfológicos e os processos tipológicos ar-
quitetônicos podem revelar as transformações morfológicas e os tipos arquite-
tônicos nos diferentes períodos evolutivos e estão intrinsecamente associados 
à cultura arquitetônica e urbanística de uma época.
CONTEXTUALIZANDO
A Carta de Bagé ou Carta da Paisagem Cultural foi um documento produzido durante 
o Seminário Semana do Patrimônio – Cultura e Memória na Fronteira, realizado no 
município de Bagé/RS, em agosto de 2007. Este evento abordou de forma pioneira 
no Brasil o tema da Paisagem Cultural. A Carta de Bagé tem por objetivo a defesa 
das paisagens culturais em geral e, em especial, do território dos Pampas e das 
paisagens culturais de fronteira. 
Morfologia urbana e o estudo de uma área da cidade 
(quadra e entorno)
Em sintonia com o conceito de paisagem cultural, o geógrafo Milton Santos ar-
gumenta que a paisagem é a materialização de um instante da sociedade. Para ele, 
a paisagem é, “numa comparação ousada, a realidade dos homens fi xos, parados 
como numa fotografi a. O espaço resulta do casamento da sociedade com a paisa-
gem. O espaço contém o movimento” (SANTOS, 1988). Essa citação denota uma 
temporalidade dinâmica da paisagem, que se altera no tempo e com a ação huma-
na, pautada por uma cultura e constituindo uma história do lugar. 
A defi nição de Santos aponta, ainda, para o fato de que a visão do que seja a pai-
sagem é única para cada observador, podendo se ampliar ou deformar de acordo 
com olugar em que se encontra esse observador. Este lugar pode ser físico – uma 
posição a partir do chão ou do alto de um edifício -; pode ter características tem-
porais – a análise de um morador do lugar e de um visitante irão diferir nas sensa-
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO VI 18
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ções, na riqueza de detalhes e nos pontos destacados; e mesmo sociais – o poder 
aquisitivo interfere diretamente em como uma pessoa mora e vive a cidade. Dessa 
forma, um único fato poderá ser visto de várias maneiras por diferentes atores. “A 
percepção é sempre um processo seletivo de apreensão. Se a realidade é apenas 
uma, cada pessoa a vê de forma diferenciada; dessa forma, a visão pelo homem das 
coisas materiais é sempre deformada” (SANTOS, 1988).
A fi m de estimular estas percepções e de abordar maneiras de analisar um 
contexto urbano, e os processos seletivos de apreensão e de organização dessas 
informações, será abordado a seguir um estudo de caso, a conformação urbana 
de uma quadra e seu entorno, no bairro de Boa Viagem, na cidade de Recife, em 
Pernambuco.
Estudo de caso: uma quadra em Boa Viagem, no Recife
Ao compararmos a morfologia do centro histórico da cidade de Recife, co-
nhecido como “Recife antigo” à de regiões como a de Boa Viagem, na zona sul de 
Recife, percebemos como a conformação espacial é diferente em uma e outra.
No centro histórico, o espaço público da rua é o referencial para as edifi ca-
ções, que são elementos compositivos da tridimensionalidade da rua, gerando 
uma contiguidade das fachadas no passeio público. E as parcelas do solo - acen-
tuadamente alongadas e estreitas -, permitiram uma maior densidade nessas 
áreas centrais (MEDINA, 2018).
Figura 1. Centro de Recife, Rua Nova, 1950. Fonte: ALVES, 2015.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO VI 19
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A conformação espacial em Boa Viagem, por sua vez, opera por meio da 
desvinculação das edificações em relação ao espaço da rua. Isto ocorre porque 
o bairro de Boa Viagem passou por enormes transformações desde sua cria-
ção, as quais foram possibilitadas por alterações nas leis urbanísticas. O bairro, 
classificado como área rural na legislação de 1936 (Decreto Municipal nº 374), 
foi incluído no plano de melhoramentos do engenheiro Francisco Saturnino de 
Brito, de 1917, e, em meados da década de 1920, foi aberta a avenida que mar-
geia a orla da praia.
Entretanto, o grande marco temporal que muda a paisagem urbana de Boa 
Viagem é a Lei nº 2.590, de 1953, a qual permitiu que o edifício vertical se des-
vinculasse de sua relação com a rua. Este foi um momento em que o edifício 
alto – a Torre – deixou o Centro Principal do Recife e deslocou-se para o Bairro 
de Boa Viagem. Essa lei viabilizou a construção do Edifício Califórnia, de autoria 
do arquiteto Acácio Borsoi, um empreendimento de uso misto composto de 15 
pavimentos, no 1º Jardim de Boa Viagem. O Decreto nº 2.590/1953 seria com-
pletamente incorporado às próximas Leis de Uso e Ocupação do Solo de Recife.
Figura 2. Edifício Califórnia, em 2018. Fonte: CAMPÊLO, 2018. 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO VI 20
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Na Figura 3, pode-se ver em planta baixa a conformação da quadra na qual 
está inserido o Edifício Califórnia, no bairro de Boa Viagem. Na quadra, um po-
lígono irregular conformado pelas Avenidas Conselheiro Aguiar e Boa Viagem, 
além das ruas Artur Muniz, Raul Azedo e Phaelante da Câmara, foram destaca-
dos, com linhas azuis, os limites dos lotes.
Figura 3. Quadra em Boa Viagem, Recife. Fonte: Prefeitura da cidade de Recife. Acesso em: 01/03/2021.
Para o estudo de uma área da cidade, como uma quadra e seu entorno, 
pode-se recorrer a algumas estratégias como mapas de cheios e vazios, mapa 
de gabaritos (número de pavimentos dos solos, podendo inferir a altura das 
edificações), mapa de uso do solo e análise do sistema viário local. Cada uma 
dessas análises são ferramentas que revelam camadas de planejamento da 
cidade. A seguir, comentaremos o que são e qual o potencial de análise de cada 
uma dessas ferramentas, aplicando-as à análise da quadra mencionada acima 
e de seu entorno urbano imediato.
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O projeto de urbanismo e a legislação urbanística podem con-
tribuir com o desenvolvimento sustentável quando propõem 
índices urbanísticos adequados, e espacializam sistemas e 
elementos urbanos que colaborem com a preservação am-
biental e a qualidade de vida.
Mapas de levantamento do entorno urbano
Os mapas de levantamento do entorno urbano de um terreno ou de uma 
quadra são ferramentas gráfi cas de análise, que coadunam uma série de infor-
mações relevantes para a tomada de decisão no processo de projeto.
Estes mapas registram aspectos quantitativos e de organização formal e 
funcional de uma área da cidade. Os aspectos quantitativos correspondem a 
aspectos da realidade urbana que são quantifi cáveis, tais como densidade, su-
perfície, fl uxos, coefi cientes, dimensões e perfi s. Já os aspectos de organização 
funcional correspondem às atividades humanas – habitar, trabalhar, estudar, 
lazer, de comércio, de circulação – e com o uso de um espaço ou edifício – resi-
dencial, comercial, escolar ou industrial.
Por meio da produção e análise de mapas de levantamento urbano podem 
ser identifi cados os tipos de ocupação, a disponibilidade de área livre, as relações 
entre público e privado, a morfologia urbana, a tipologia do sistema viário etc.
A seguir, serão abordados quatro tipos de mapas de levantamentos, com 
exemplos gráfi cos de mapas de análise de um trecho do bairro de Boa Viagem, 
no município de Recife, no estado de Pernambuco.
Mapa do sistema viário
Um mapa do sistema viário deve indicar a estrutura viária, o traçado urba-
no, evidenciando as vias principais, explicitando condicionantes de acessos e 
até mesmo mencionando possibilidades de alteração. Indica também áreas de 
pedestres, em especial o passeio público, e de veículos, as vias e estacionamen-
tos. Pode tratar mais amplamente das questões de mobilidade e acessibilida-
de, demonstrando locais de implantação de ciclofaixas e ciclovias. É um mapa 
que se relaciona diretamente com o planejamento da cidade como um todo, ao 
tratar implicitamente dos fl uxos e acessos à área de análise e integração com 
outras partes da cidade.
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No mapa ilustrado na Figura 4 está destacada a hierarquização das vias 
urbanas, explicitando aquelas que são consideradas como vias arteriais, cole-
toras e locais. As vias arteriais são aquelas que possibilitam o trânsito direto 
às outras regiões da cidade. São caracterizadas por interseções em nível, ge-
ralmente controladas por semáforo, com acessibilidade aos lotes lindeiros e às 
vias secundárias e locais. As vias coletoras são destinadas a coletar e distribuir 
o trânsito que tenha necessidade de entrar ou sair das vias arteriais. E as vias 
locais são desenhadas para acesso local. Cada uma das vias tem um tipo de 
desenho e dimensão adequados ao fluxo de veículos, bem como a velocidade 
máxima permitida – em geral, nas vias arteriais de 60 km/h; nas vias coletoras 
de 40 km/h; e nas vias locais de 30 km/h.
Vias arteriais
Vias coletoras
Vias locais
Figura 4. Mapa de hierarquia do sistema viário do entorno do Edifício Califórnia em Boa Viagem, Recife. 
No bairro de Boa Viagem escontram-se as avenidas arteriais, a Avenida Boa 
Viagem, que margeia a orla, e Avenida Engenheiro Domingos Ferreira. Ambas 
conectam-se a outras partes da cidade.
As avenidas Conselheiro Aguilar e Via Mangue atravessam os bairros de Boa 
Viagem e Pina e são consideradas vias coletoras. A Via Mangue pode ainda ser 
considerada como umavia de trânsito rápido, posto que ela não conta com 
semáforos ou cruzamentos de tráfego, e foi projetada como alternativa para 
desafogar o trânsito na Zona Sul e solucionar os congestionamentos nas aveni-
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das Domingos Ferreira e Conselheiro Aguiar, outra via coletora. A Via Mangue 
também permitiu a criação de um corredor exclusivo para o tráfego de ônibus, 
garantindo um aumento significativo na velocidade média dos coletivos. Os ga-
nhos proporcionaram aos usuários um melhor aproveitamento do tempo eco-
nomizado durante os deslocamentos. Uma ciclovia e uma calçada com o trajeto 
iluminado também fizeram parte do que fora implantado.
Mapa de cheios e vazios
Os mapas de cheios e vazios demarcam áreas construídas (cheias) e não 
construídas (vazias) de uma área em relação aos lotes e às vias. Podem também 
ser denominados como mapa de figura e fundo. Este tipo de mapa permite iden-
tificar padrões construtivos, se as massas construídas estão mais ou menos pró-
ximos aos limites do lote, com ou sem recuos, bem como, juntamente ao mapa 
de gabaritos, avaliar o adensamento dos lotes, da quadra e do entorno.
Quando o mapa de cheios e vazios abrange uma porção da cidade, como 
um bairro, podemos ainda compreender os padrões de espaços livres públicos 
em relação às áreas privadas.
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R. Solidonio Leite
Figura 5. Mapa de cheios e vazios do entorno do Edifício Califórnia, em Boa Viagem, Recife. 
O mapa de cheios e vazios desse trecho de Boa Viagem revela um bairro 
consolidado e bastante adensado, no qual predominam recuos frontais, con-
sequência da legislação urbanística prevista para o local. Há, ainda, as áreas 
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R. Raul Azedo
1 a 2 pavimentos
3 a 4 pavimentos
5 a 10 pavimentos
11 a 15 pavimentos
16 a 30 pavimentos
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R. Phaelante da Câm
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Figura 6. Mapa de gabaritos do entorno do Edifício Califórnia, em Boa Viagem, Recife. 
vazias indicadas em verde, que supõem uma caracterização vegetativa na pai-
sagem e marcam a presença de áreas livres e abertas, permeáveis ao olho hu-
mano, isto é, indicam a existência de vazios que “preenchem” o espaço com 
alguma função e qualificação, como espaço livre público.
Mapa de gabaritos
O mapa de gabaritos registra a altura das massas edificadas, de forma que 
fala essencialmente sobre adensamento. Por meio da leitura do mapa de ga-
baritos pode-se inferir no observador como se comportar diante de um maior 
ou menor aprisionamento, de uma rua mais estreita ou mais larga em relação 
de proporção com edificações mais ou menos altas. Este tipo de leitura pode 
ser complementada com croquis de cortes que demonstrem as relações espa-
ciais e as dimensões do viário, dos locais destinados aos pedestres e dos locais 
edificados.
No tecido urbano de Boa Viagem percebe-se a predominância de edifica-
ções com maior número de pavimentos na orla da praia, o que revela uma total 
sujeição do urbanismo à rentabilidade do solo e à especulação fundiária.
O adensamento verificado no mapa se deve ao processo de ocupação e 
verticalização de Boa Viagem durante os anos de 1980 e 1990. A dinâmica 
de crescimento urbano no bairro se acentuou nesse período, o que pode ser 
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verificado no Gráfico 1. A especulação imobiliária e a implantação de um centro 
comercial no bairro fizeram aumentar a procura por imóveis, seja para fins de 
moradia ou para investimentos comerciais.
ASSISTA
Corroborando as informações demonstradas na Figura 6, assista 
ao vídeo Passeio aéreo na praia de Boa Viagem | Recife PE | Dro-
ne Vídeo 4k, no qual fica evidenciada a verticalização da região.
Mapa de usos
O uso do solo revela o caráter da região, sua vocação efetiva na paisagem, 
bem como a oferta de equipamentos públicos.
GRÁFICO 1. VERTICALIZAÇÃO NO BAIRRO BOA VIAGEM
Fonte: SILVEIRA JÚNIOR, 2016. (Adaptado).
40
35
5 a 9 pavimentos
10 a 14 pavimentos
15 a 19 pavimentos
20 a 24 pavimentos
25 a 29 pavimentos
> 30 pavimentos
30
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20
15
10
1980 a 1990 1991 a 1995
2
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1996 a 2000 2001 a 2008
5
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Residencial
Comercial
Serviços
Institucional
Misto 1 (res. + serv.)
Misto 2 (ser. + com.)
Áreas verdes
R. Julio Pires
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R. Raul Azedo
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R. Solidonio Leite
Figura 7. Mapa de usos do entorno do Edifício Califórnia, em Boa Viagem, Recife. 
No trecho de Boa Viagem analisado na Figura 7, predominam atividades 
comerciais e de serviços nas fachadas voltadas para a via arterial Avenida Eng. 
Domingues Ferreira e na via coletora Avenida Conselheiro Aguiar. Nas fachadas 
voltadas à praia predominam usos residenciais. 
Existem ainda outros mapas possíveis de leitura de um contexto urbano.
O mapa de visadas, por exemplo, pode sugerir pontos visuais relevantes. 
Deve ser empregado para destacar as visuais a serem preservadas, as visuais 
menos interessantes, os pontos de vista que poderão ser criados, reforçados, 
alterados etc.
O mapa de vegetação pode ser utilizado para indicar as áreas de concen-
tração de vegetação, espécimes vegetais existentes, áreas de plantio, porte da 
vegetação, áreas de vegetação rarefeita etc.
O mapa topográfico deve apresentar o levantamento planialtimétrico da 
área e evidenciar as características físicas do terreno, tal como inclinação, cur-
vas de nível e seu desenho. Devem ser conjugados os desenhos de planta e 
corte, podendo, ainda, ser combinados com maquetes físicas e/ou digitais, de 
forma a evidenciar as possibilidades e dificuldades de ocupação, bem como a 
necessidade de movimentação de terra de acordo com a implantação preten-
dida em projeto.
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DICA
Para desenvolver a habilidade de realizar mapas de leitura do 
local e outros diagramas de arquitetura com qualidade gráfi ca, 
refl etir sobre as variáveis visuais e o design gráfi co de suas 
apresentações, você pode recorrer a materiais e conteúdo 
virtuais. Indicamos uma visita ao canal Diagramarch, que 
disponibiliza diversos vídeos apresentando diagramas e repre-
sentações arquitetônicas utilizadas em projetos. 
Tipologias e a análise de soluções projetuais
Relações entre os tipos e a conformação do tecido urbano
Neste tópico, interessa-nos compreender as relações entre a morfologia 
urbana e as tipologias arquitetônicas em suas implicações para a análise da 
estrutura das cidades e, consequentemente, como metodologia para projeto. 
Veremos como períodos morfológicos e os processos tipológicos marcam de-
terminados períodos no desenvolvimento das cidades e registram épocas do 
planejamento urbano.
Pode-se dizer que hoje o tipo é um instrumento de investigação, um méto-
do de categorização dos estudos sistemáticos. Aplicado à arquitetura, ele trata 
de signos que constituem uma linguagem arquitetônica.
A criação de um “tipo” depende da existência de uma série de 
construções que tenham entre si uma evidente analogia formale 
funcional. Em outras palavras, quando um “tipo” é defi nido pela 
prática ou pela teoria da arquitetura, ele já existia na realidade 
como resposta a um complexo de demandas ideológicas, religio-
sas ou práticas ligadas a uma determinada situação histórica em 
qualquer cultura (ARGAN, 2006).
Isto é, o “tipo” é defi nido a partir de uma dedução de uma série de vários 
objetos arquitetônicos casos similares em um momento histórico ou em uma 
cultura. Ao justapor e comparar formas inicialmente individuais, eliminam-se 
as características particulares em detrimento daquilo que é comum.
O conceito de tipo relacionado à arquitetura surge inicialmente entre os 
enciclopedistas franceses a partir do século XIX. Foi Quatremère de Quincy 
(1755 – 1849) quem defi niu o conceito que seria largamente utilizado por 
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teóricos e críticos de arquitetura do século XX, tais como Giulio Carlo Argan 
e Aldo Rossi.
Entretanto, a ideia de tipos não como algo implícito, “mas explicita-
mente propostos como ferramentas de produção do espaço construído” 
(PANERAI, 2006) foi consistentemente formulada apenas após a Segunda 
Guerra Mundial.
Na década de 1960, o conceito de tipo foi reavivado por críticos ao Movi-
mento Moderno, especialmente na Itália. Estava em questão um empobreci-
mento do ambiente urbano gerado por práticas modernistas, tal como a perda 
da identidade cultural a partir da replicação de soluções modernas indiscri-
minadamente. Neste contexto, metodologias de estudo da cidade que busca-
vam superar a divisão disciplinar entre Arquitetura e Urbanismo adquiriram 
expressão, e iniciou-se a elaboração de novas abordagens para a Arquitetura 
em conexão com a análise das estruturas urbanas, entendidas como relações 
mutáveis, mas que se perpetuam no tempo (AYMONINO, 1984).
Tal abordagem iniciou-se com Saverio Muratori, que utilizou o conceito de 
tipologia arquitetônica com o objetivo de estudar o tecido urbano das cidades 
italianas, relacionando-o, diferentemente do período moderno, com a dimen-
são histórica e com os instrumentos de projeto. Em seu livro Studi per una ope-
rante Storia Urbana di Venezia, de 1960, Muratori examinou o tecido urbano de 
Veneza e tratou o tipo como estrutura formal para narrar e explicar o desenvol-
vimento histórico da cidade. Para o autor, o tipo é a chave para compreender 
a conexão entre os elementos individuais e as formas urbanas. Ao demonstrar 
a relação dos elementos entre si, Muratori propôs um método de análise que 
pode ser chamado de estudo morfológico.
O método proposto por ele foi denominado “tipologia edilizia”, e era emi-
nentemente descritivo e historiográfico. O método procurava con-
templar “não só os edifícios, mas os muros, as ruas, os jardins, a 
massa edificada da cidade, a fim de classificá-los em 
relação à forma urbana de um dado período históri-
co” (PANERAI, 2006, p. 123). Assim, a classificação 
não era puramente abstrata e estética, mas bus-
cava uma compreensão histórica e a análise do 
tecido urbano como um conjunto.
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Os outros expoentes italianos contemporâneos de Muratori e que propuseram 
uma análise da cidade a partir da relação entre tipologia arquitetônica e morfologia 
urbana foram Giulio Carlo Argan, Aldo Rossi, Carlo Aymonino e Ludovico Quaroni.
Juntos e em conjunto com outros expoentes, esses pensadores formaram 
um movimento que ficou conhecido como Tendenza. Este grupo defendia a in-
submissão da ciência urbana e sua transformação, na medida em que a cidade 
deveria ser estudada a partir de seus dados formais e reais, como uma arquite-
tura, uma construção ao longo do tempo, ligada à cultura da sociedade. Estas 
ideias opunham-se ao planejamento urbano da época, o qual apoiava-se sobre-
tudo em bases quantitativas e era dominado por disciplinas variadas e isoladas, 
tais como a sociologia, a geografia, a economia e a engenharia de tráfego.
Ao reconhecer a forma urbana como ponto de partida da análise, a Tendenza 
considerava que a forma era também resultado de teorias, posições estéticas 
e culturais de arquitetos e urbanistas, e não somente resultado de decisões de 
campos disciplinares alheios à arquitetura e ao urbanismo, ou de produto de 
um contexto político e econômico. Dá-se luz ao fato de que a produção dos es-
paços urbanos se realiza também no conflito e debate de diversas abordagens 
de profissionais: arquitetos, urbanistas, engenheiros, biólogos, ecólogos etc.
Os estudos de morfologia urbana romperam com os métodos do modernis-
mo, especialmente do funcionalismo, os quais reduziam o projeto e a análise 
urbana a sistemas de circulação e zoneamento. Em oposição às análises quan-
titativas, a metodologia da morfologia urbana propõe o estudo formal e de da-
dos qualitativos como o parcelamento do solo e a identificação de constantes 
tipológicas na configuração dos tecidos urbanos (PEREIRA, 2012).
Dado que “segundo esta abordagem, a qualidade arquitetônica da cidade 
não se restringe à realização de obras isoladas, mas também à capacidade 
das novas arquiteturas relacionarem-se a fatos urbanos anteriores” (PEREIRA, 
2012), tais como outras arquiteturas, a própria paisagem, o lugar e os sistemas 
de infraestrutura, o projeto de arquitetura passa a relacionar-se diretamente 
com o desenho urbano, em consonância também com os parâmetros que re-
gulam a arquitetura dos edifícios, como leis e índices urbanísticos promovidos 
por elas. A abordagem valoriza, portanto, o fragmento da cidade, em oposição 
à abordagem Modernista de macroplanos e que valorizava as estruturas fun-
cionalistas, como as grandes vias de circulação.
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Edifícios e a integração com o entorno: exemplos
A implantação do edifício no lote 
ou quadra, a integração com o entorno 
existente, bem como a articulação en-
tre programa de uso e acesso e circu-
lação são aspectos da arquitetura dos 
edifícios que promovem, em conjunto, 
diferentes estratégias espaciais. Essas 
estratégias contribuem para que as 
edifi cações sejam mais ou menos per-
meáveis, mais abertas ou mais restriti-
vas à participação de públicos distintos, mais propícias a usos coletivos e mais 
ou menos integrados ao ambiente e à vida urbana.
Ainda, são estas estratégias utilizadas em conjunto em diversas edifi cações 
que podem ser defi nidas como tipologias de arquitetura. Antes de projetar um 
edifício é importante analisarmos o local onde ele está inserido, quais as tipolo-
gias existentes no entorno, quais os acessos possíveis, quais os usos existentes 
nos pavimentos térreos vizinhos. Essas análises poderão contribuir para uma 
solução mais adequada quanto à integração e urbanidade desejada.
A seguir, relataremos uma análise sobre três tipologias arquitetônicas pre-
dominantes no contexto das cidades brasileiras. Partiremos do estudo do ar-
quiteto Vinícius de Moraes Netto (2006), professor da Universidade Federal 
Fluminense, que trabalha com pesquisa urbana e os impactos da urbanização 
contemporânea no Brasil. Netto, sugere três tipologias como dominantes no 
espaço urbano brasileiro: a tipologia compacta, tipologias rarefeiras tipo-torre 
e tipologias semicompactas tipo base-torre. Guardadas variantes culturais ou 
de análise, essas três modalidades foram agrupadas de acordo com a forma 
externa, seu grau de alinhamento com a testada do lote e continuidade de suas 
fachadas.
Vejamos sobre os impactos que essas três tipologias em seus respectivos 
contextos urbanos. Estas considerações foram agrupadas e relacionadas à 
implantação do edifício, diversidade de usos nos pavimentos e acessos e 
circulação.
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As tipologias compactas são caracterizadas por uma maior continuidade da 
forma construída, de forma que as fachadas não possuem recuos laterais e frontais. 
Há mais aberturas de portas e janelas voltadas para a rua, o que gera acessos 
mais diretos entre o passeio público e a edificação, estimulando o caminhar a pé e 
possibilitando uma maior vitalidade do entorno (ROSETTI, 2012, p. 59).
As tipologias torre, por sua vez, são caracterizadas pela verticalização e 
existência de recuos laterais e frontal, fragmentando, portanto, a volumetria 
do quarteirão, uma vez que não promove a continuidade de volumes na facha-
da. Com isso, os quarteirões são menos adensados, promovendo mais vazios 
do que cheios na análise da forma urbana, se comparado à tipologia anterior, 
Edifício tipo “COMPACTO” Edifícios tipo “TORRE” Edifícios tipo “BASE-TORRE” 
Características:
• Ausência de recuos.
• Portas e janelas abrindo 
diretamente para o exterior.
• Alturas que não costumam 
ultrapassar 6 pavimentos.
• Em alguns locais, incluem 
marquises sobre calçada a fim 
de proteger e abrigar o fluxo 
de pedestres. 
Características: 
• Amplos recuos, tanto frontal 
quanto lateral, que isolam a 
torre do lote e a afastam da 
rua.
• Em alguns casos, por 
exemplo, pequenos 
condomínios, abrem-se 
apenas para o espaço interno, 
virando-se de costas ou de 
lago para a rua, com fachadas 
cegas. 
• É comum garagens 
localizadas no térreo, sob 
pilotis. 
• Redução de distâncias 
internas a percorrer/Menor 
necessidade de veículos/Maior 
possibilidade de sociabilidade 
nos espaços urbanos.
Características:
• Edifício com volume duplo: 
base horizontalizada, colada 
nas divisas, e volume superior 
verticalizado, isento de 
contato com volumes laterais. 
Incentivo à construção de 
garagens e/ou comércio 
e serviços nos primeiros 
pavimentos. 
• O embasamento, quando 
utilizado por garagens, é 
normalmente “cego” ou pode 
apresentar permeabilidades 
quando ocupado por 
comércio e serviços.
Fonte: ROSETTI, 2012, p. 58 apud NETTO, 2006. (Adaptado).
QUADRO 1. TIPOLOGIAS QUE PODEM SER OBSERVADAS COM CERTA 
PREDOMINÂNCIA NAS CIDADES BRASILEIRAS
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO VI 32
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compacta. Os amplos recuos isolam a torre no lote, afastando-o da rua e di-
minuindo a relação entre fachada e rua. É interessante pontuar que os vazios 
gerados por essa forma usualmente não são espaços públicos, gerando pouca 
atividade entre as torres, aumentando as distâncias a serem percorridas entre 
espaços animados, desencorajando a circulação de pedestres, e até estimulan-
do o uso de veículos para circulação.
As tipologias base-torre, por sua vez, são formadas por uma base hori-
zontalizada colada nas divisas, e volume superior verticalizado sem contato 
com as laterais do lote. A base passa a definir a relação do edifício com a rua. A 
base do objeto arquitetônico, que se relaciona com a rua, pode ter diferentes 
configurações. Conforme relata Tamara Rosetti (2012):
Quando constituído por garagens, normalmente configurado por 
paredes “cegas”, percebe-se uma menor interação com o entorno, 
desestímulo a possíveis relações sociais e de encontro e contribui-
ção com sensação de insegurança no local onde estão inseridos. 
Quando constituído por comércio e serviços, os impactos negativos 
são amenizados ao produzir uma diversidade de atividades positi-
vas, estimulando o encontro e a vitalidade própria das cidades com 
trocas sociais, econômicas e políticas (ROSETTI, 2012).
Essa observação de Tamara Rosetti sobre os usos e as características de acesso 
e circulação das tipologias tipo base-torre toca em aspectos importantes da pro-
dução das cidades contemporâneas, a desejável diversidade de usos nos térreos e 
de permeabilidade do espaço urbano de modo a evitar segregações socioespaciais.
Percebe-se hoje que áreas em que predominam uma única tipologia, com 
térreos privados, afastamentos laterais e tratamentos de acessos e circulação 
que geram barreiras como muros e gradeados, tais como a tipolo-
gia base-torre e os condomínios fechados, promovem a intensi-
ficação da segregação socioespacial. O rompimento 
quase total com o passeio público produz efeitos 
negativos sobre as ruas em sua volta, a exemplo 
dos muros cegos, com longas distâncias sem 
comércios e serviços, e que geram, portanto, 
uma sensação de insegurança e inibem a circu-
lação de pedestres.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO VI 33
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Sintetizando
Nesta unidade, nos aproximamos de conceitos essenciais para o estudo e 
compreensão da forma urbana e suas condicionantes, de maneira a embasar 
o projeto de arquitetura. Vimos que a morfologia urbana é um dispositivo de 
análise do contexto urbano. Por meio dela podemos compreender os aspec-
tos do planejamento urbano, do desenho urbano e da cultura que conforma-
ram determinada região de uma cidade.
E a paisagem urbana, por sua vez, pode ser entendida como o conjunto de 
aspectos morfológicos e culturais: o traçado urbano, os edifícios e o tecido 
urbano, bem como seus aspectos inerentes estéticos, históricos e sociais.
O estudo da morfologia urbana foi aplicado a uma quadra na cidade de 
Recife e seu entorno imediato, de modo a discorrer brevemente sobre os pro-
cessos seletivos de apreensão e de organização das informações que podem 
ser tratadas em uma análise urbana. Foram mostradas algumas estratégias 
de mapas morfológicos: de cheios e vazios, de gabaritos, de usos do solo e de 
análise do sistema viário.
Por fim, deparamo-nos com o conceito de tipologia arquitetônica como 
um instrumento de investigação, um método de categorização que trata de 
signos que constituem uma linguagem arquitetônica. E aprendemos sobre as 
tipologias predominantes nas cidades contemporâneas brasileiras: a tipolo-
gia compacta, o tipo torre e o tipo base-torre.
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SER_ARQURB_PAUVI_UNID1.indd 34 15/06/2021 10:33:02
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A FORMA NA 
ARQUITETURA
2
UNIDADE
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Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Compreender a relação entre a plasticidade e funcionalidade dos espaços 
com o programa arquitetônico e a concepção a partir de exemplos práticos;
 Ampliar o repertório arquitetônico para auxiliar no desenvolvimento de 
projetos; 
 Entender a importância da especificação de materiais e as suas implicações 
na leitura plástica e no contexto de inserção do projeto.
 A plasticidade do partido 
arquitetônico
 Funcionalidade e forma
 O aspecto material da 
arquitetura
 Estudo de caso: o Museu Cais 
do Sertão
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A plasticidade do partido arquitetônico
Podemos defi nir a arquitetura como uma síntese entre os aspectos artís-
ticos e técnicos, que envolvem a concepção e construção de um espaço. Essa 
defi nição representa a maneira como nós, seres humanos, nos relacionamos 
com o espaço em que habitamos. Seja no âmbito da cidade ou em um espaço 
reduzido como um dos cômodos de uma casa, a relação humana com o am-
biente construído se resume a buscar por soluções e intervenções convenien-
tes que, de certa maneira, atendam às suas necessidades básicas. Podemos 
entender essas necessidades básicas como elementos que, de alguma forma, 
devem contribuir para a nossa saúde física e mental, garantindo o bem-estar 
de quem ali habita, desfruta, produz ou transita. Todo espaço antrópico busca 
atender fatores que são adequados aos ocupantes – talvez nem sempre da 
melhor maneira –, pois se trata exatamente do objetivo principal de uma inter-
venção urbana ou arquitetônica.
Quando falamos sobre construções de uma perspectiva técnica, fi cam evi-
dentes os mecanismos que atendem às necessidades básicas de um ambiente 
construído: salubridade, ergonomia, conforto ambiental, atendimento às soli-
citações do programa, dentre outros fatores considerados mais “técnicos”. To-
das essas necessidades devem ser atendidas pelo projeto arquitetônico e são 
condicionantes para a elaboração do seu partido, tendo em vista as questões 
de implantação, contextualização e legislação local. 
Os conhecimentos técnicos do profi ssional devem abarcar todos esses 
componentes que integram a qualidade arquitetônica do ambiente construído. 
A possibilidade de reverter uma ideia em um objeto factível está justamente no 
domínio das tecnologias que permitirão a construção de tais anseios arquite-
tônicos. Podemos estabelecer que o conhecimento técnico do arquiteto é um 
dos pilares que sustentam a profi ssão, pois não se deve propor ideias 
projetuais que o profi ssional não saiba como executá-las na prática. 
É claro que existem experimentações de novas soluções 
construtivas, porém, estas devem vir acompanhadas 
de certa experiência profi ssional de, pelo menos, um 
membro da equipe, para que se busque a viabilidade 
técnica e econômica de tal experimento.
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Outro pilar importante e subjetivo que está atrelado ao exercício projetual é 
a concepção da forma arquitetônica, ou seja, a plasticidade propriamente dita. 
Esse aspecto artístico, que, de forma alguma, deve ser encarado de forma antagô-
nica frente aos aspectos técnicos construtivos, que também se configuram como 
parte importante e que deve atribuir um significado arquitetônico como sendo a 
expressão contemporânea do seu lugar e da cultura dos seus habitantes. 
A característica plástica relativa à forma também deve ser encarada como 
uma necessidade humana básica, já 
que estímulos externos afetam nossa 
percepção do mundo e estimulam nos-
so comportamento de diversas manei-
ras. A necessidade humana de perten-
cimento e a sua reflexão existencial se 
conjeturam nas mais diversas formas 
de arte: na pintura, na escultura, na 
música, no cinema, no teatro, e, é claro, 
na arquitetura. 
A tentativa de desarraigar a característica artística da arquitetura caiu por 
terra já no período modernista, quando o estilo internacional teve a tentativa de 
tornar a arquitetura um elemento genérico e puramente funcionalista, mostrou 
que a carência da identidade traz bastante austeridade ao ambiente construído, 
afetando o modo de vida das pessoas. Podemos notar que, após o relevante 
processo de desconexão com a arquitetura moderna proporcionada pelo pós-
-modernismo, a discussão acerca da arte e da espetacularização da arquitetura 
trouxe significativas mudanças no processo de concepção na arquitetura con-
temporâneae fomentou importantes debates acerca da psicologia ambiental.
EXPLICANDO
A psicologia ambiental é uma das áreas da psicologia que estuda a rela-
ção do ser humano com o ambiente em que vive, seja esse antrópico ou 
natural. Basicamente, se trata de entender como a configuração espacial 
influencia diretamente nas capacidades cognitivas do ser humano e no 
desenvolvimento da sua saúde mental. Em arquitetura, podemos entender 
mais profundamente como tudo o que compõe o espaço pode contribuir 
ou prejudicar no desenvolvimento de certas emoções e sensações huma-
nas dentro do espaço construído.
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Diferentemente da técnica atrelada aos processos de execução construtiva 
do objeto arquitetônico, a forma sempre será um elemento subjetivo que pro-
vém da ideia do arquiteto, que busca despertar sensações nos usuários, bem 
como a sua funcionalidade. As emoções vivenciadas no ambiente e almejadas 
pelo projetista devem servir ao propósito existencial do lugar, pois essa caracte-
rística faz parte da inteireza do partido arquitetônico, que deve ser coeso e car-
regado de significado. Usemos como exemplo uma escola: enquanto programa 
educacional, deve proporcionar as relações humanas de aprendizado e estímulo 
da criatividade dos seus estudantes, além de conforto e bem-estar também dos 
seus funcionários. Talvez seja esse um espaço onde o projetista possa explorar 
um caráter lúdico na plástica, buscando, ainda, certa ordem que remete a esse 
ambiente de aprendizagem, onde as cores podem ser exploradas, e a integração 
de espaços possa ser interessante em alguns setores. Perceba como acontece 
a construção de um partido arquitetônico por meio da percepção do próprio 
programa e da característica dos seus usuários, atrelado ao seu sítio contextual. 
Dessa ideia previamente estabelecida, e após os processos pré-projetuais rela-
cionados ao dimensionamento do programa, pode-se elaborar estudos volumé-
tricos e esquemáticos de concepção da forma.
A definição da forma arquitetônica, como dito anteriormente, deve ser 
constituída de significado e estar relacionada a todas as condicionantes físicas 
e legais inerentes ao local de inserção da arquitetura. Basicamente, a forma 
adotada pelo projetista para os elementos arquitetônicos deverá sintetizar as 
soluções frente a essas condicionantes, configurando-a em uma resposta ma-
terial aos elementos que a circundam e o seu sentido de existência. Segundo 
Ching (2005, p. 34):
Forma é um termo abrangente que tem vários significados. Pode-se 
referir a uma aparência externa passível de ser reconhecida, como 
a de uma cadeira ou de um corpo humano que se senta nela. Pode 
também aludir a uma condição particular na qual algo atua ou se 
manifesta, como quando falamos de água na forma de gelo ou vapor. 
Em arte e projeto, frequentemente utilizamos o termo para denotar 
a estrutura formal de um trabalho – a maneira de dispor e coordenar 
os elementos e partes de uma composição de forma a produzir uma 
imagem coerente.
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Durante o processo de definição do partido arquitetônico, é importante esta-
belecer relações entre os elementos que compõem a proposta espacial, formal e 
técnica com o contexto (Diagrama 1). A plástica deve estar alinhada com a função 
dos espaços e a sua técnica construtiva deverá ser definida previamente. É im-
portante que nenhum desses elementos sejam propostos de forma gratuita ou 
por mero capricho projetual, nem para suprir deficiências de projeto identifica-
das posteriormente, pois é importante destacar que a otimização dos recursos 
também é um elemento que faz parte do projeto arquitetônico.
DIAGRAMA 1. RELAÇÕES ENTRE OS ELEMENTOS E SISTEMAS DE UM EDIFÍCIO
Contexto
Espaço
Técnica
Função Forma
Fonte: CHING, 2005, 34. (Adaptado).
Quando falamos sobre a forma arquitetônica, precisamos atentar para o seu 
aspecto externo e interno em um edifício. Por escolha projetual do arquiteto, 
nem sempre o que pode ser visualizado em seu exterior reflete-se no interior, 
justamente pela opção do projetista de criar essa dualidade entre essas duas 
nuances da forma arquitetônica. Porém, também é comum vermos formas que 
expressam uma ideia consolidada e que exprimem esse mesmo contexto em 
seu interior, criando um partido homogêneo que trabalha as diferentes escalas, 
desde a urbana até a individual. Todas essas escolhas se tratam de caminhos 
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que o projetista percorre para gerar as expectativas desejadas nos usuários de 
acordo com o programa. O contexto deve ser uma condicionante que interfere 
diretamente na plástica arquitetônica, uma vez que o impacto da arquitetura na 
escala urbana é tão importante quanto o atendimento ao programa solicitado. 
Um objeto inserido em contextos diferentes, como em uma malha urbana con-
temporânea ou em um sítio considerado patrimônio histórico de uma cidade, 
deve ser trabalhado de maneiras diferentes, como veremos mais adiante.
O trabalho que o arquiteto desenvolve plasticamente referente a uma pro-
posta arquitetônica é similar ao processo de um artista e sua escultura, com a 
diferença de que, na maioria das vezes, o objeto será um ambiente habitável 
e que deve atender às necessidades básicas humanas. Contudo, a trabalha-
bilidade plástica da arquitetura geralmente parte de formas geométricas bá-
sicas simples de fácil compreensão aos olhos humanos, para, então, tornar-se 
formas mais complexas e interessantes. Cubos, retângulos, círculos, losangos, 
triângulos, pirâmides, cones, dentre diversas outras figuras geométricas primá-
rias ou sólidos tridimensionais possíveis são a base para estudos plásticos em 
arquitetura, usualmente feitos com maquetes físicas ou digitais, já baseadas e 
pré-dimensionadas a partir do programa arquitetônico solicitado. Essas formas 
geométricas podem ser identificadas na volumetria e na organização espacial da 
arquitetura. As formas geométricas podem ser caracterizadas como regulares 
ou irregulares. Segundo Ching (2005, p. 46): 
As formas regulares referem-se àquelas cujas partes estão relacio-
nadas umas às outras de uma forma consistente e organizada. São 
geralmente de natureza estável e simétricas em torno de um ou 
mais eixos. A esfera, o cilindro, o cone, o cubo e a pirâmide consti-
tuem os exemplos principais de formas regulares. [...]
Formas irregulares são aquelas cujas partes são de natureza desse-
melhante e se relacionam entre si de uma forma incoe-
rente. São geralmente assimétricas e mais dinâmicas 
que as formas regulares. Podem constituir 
formas regulares das quais elementos 
irregulares foram subtraídos ou resul-
tarem de uma composição irregular de 
formas regulares.
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De acordo com os estudos demonstrados em seu livro Arquitetura: forma, es-
paço e ordem (2005), Ching ainda define a trabalhabilidade plástica, ou seja, a 
transformação da forma de três maneiras básicas (Figura 1), a partir da manipu-
lação das formas geométricas primárias, aplicadas à arquitetura:
• Transformação tridimensional: alteração da forma primária onde ainda 
se conserva a sua identidade, modificando altura, largura ou comprimento;
• Transformação subtrativa: remoção de uma porção do volume da forma, 
mantendo ou não a sua característica inicial;
• Transformação aditiva: adição de elementos volumétricos às formas pre-
viamente existentes.
Transformação tridimensional
Transformação subtrativa
Transformação aditiva
Figura 1. Modelos tridimensionais de transformação da forma. Fonte: CHING, 2005, p. 48. (Adaptado).
Basicamente, a transformação tridimensional da forma propõe certa altera-
ção volumétrica ouespacial, sem se distanciar da sua configuração inicial, alon-
gando, encurtando e até reposicionando alguns pontos ou planos estratégicos 
da forma na busca por um volume interessante e que atenda a necessidade es-
pacial do programa arquitetônico. 
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Na transformação subtrativa, podemos verificar a supressão de uma parte 
da forma com o intuito de criar ou subtrair espaços, podendo ou não manter 
a forma sólida primária previamente estabelecida. Na transformação aditiva, 
novas formas são justapostas ao volume previamente definido, possibilitando 
novas áreas e uma nova configuração geral a forma básica. 
Um exemplo de arquitetura que possui uma forma simples e bem definida, 
porém que trabalha com esses exemplos citados de transformação de sólidos 
primários é o Centro de Inovação UC – Anacleto Angelini (Figura 2), do arquiteto 
Alejandro Aravena, localizado em Santiago, no Chile. Nesse exemplo, temos uma 
forma monolítica trabalhada em concreto aparente e podemos identificar as três 
transformações dos sólidos primários descritas por Ching: a tridimensional, com 
a forma cúbica alongada, pois a adaptação do programa ao terreno levou à ver-
ticalização do projeto; a subtrativa, em que as porções retangulares suprimidas 
da fachada se transformam em varandas para os ambientes internos, que se 
configuram em praças verticais, proporcionando o encontro entre os usuários; e 
a aditiva, com alguns volumes que se agregam à forma principal em balanço. 
Figura 2. Vista do Centro de Inovação UC – Anacleto Angelini, em Santiago, no Chile. Fonte: Shutterstock. Acesso 
em: 01/05/2021.
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Ainda dentro do estudo de Francis Ching, podemos definir algumas maneiras 
de agrupar as formas geométricas primárias com base na transformação adi-
tiva (Figura 3), em que o projetista pode escolher qual o melhor aspecto que 
irá compor a espacialidade e a plástica dessa arquitetura, a partir da adição de 
elementos volumétricos. O agrupamento dessas formas pode ocorrer das se-
guintes maneiras:
• Tensionamento espacial: consiste na aproximação de volumes por meio 
de semelhantes cores ou formas;
• Contato aresta com aresta: uma ou mais arestas das formas são compar-
tilhadas entre si;
• Contato face a face: uma ou mais faces das formas são compartilhadas 
entre si;
• Volumes interseccionais: as formas se interseccionam entre si, se contra-
pondo umas às outras.
Tensionamento espacial
Contato aresta com aresta 
Contato face a face
Volumes interseccionais
Vista superior
Vista superior
Vista superior
Vista superior
Perspectiva
Perspectiva
Perspectiva
Perspectiva
Figura 3. Tipos de agrupamento de formas na transformação aditiva. Fonte: CHING, 2005 p. 56. (Adaptado).
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A composição desenvolvida por agrupamentos desses volumes forma ainda 
alguns diagramas de fácil identificação visual que nos remetem a certos padrões 
organizacionais. As diversas possibilidades de disposições espaciais e volumétricas 
entre os sólidos primários ou transformados vistos anteriormente determinam a 
ideia central de distribuição dos ambientes e fluxos de acordo com a característica 
plástica desenvolvida, o padrão volumétrico ou a planta baixa. Os diagramas organi-
zacionais (Figura 4) descritos por Ching podem se dividir em:
• Forma centralizada: identificada a partir de um core central, onde os demais 
volumes ou espaços se distribuem e convergem em torno de um centro de interesse;
• Forma linear: distribuição espacial enfileirada de modo sequencial e retilíneo;
• Forma radial: também compõe espaços a partir de um core central, porém 
diverge para locais de interesses opostos ao centro;
• Forma aglomerada: agrupamento caótico de formas, sem nenhum padrão 
previamente estabelecido e que mantém características em comum;
• Forma em malha: organização padronizada da forma a manter uma lógica 
alinhada de grelha.
Forma centralizada Forma aglomerada
Forma linear
Forma radial Forma em malha
Figura 4. Diagrama de organização da forma. Fonte: CHING, 2005, p. 57. (Adaptado).
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O estudo de como se comportam as diferentes utilizações e transformações dos 
sólidos primários do estudo plástico da arquitetura proposto por Ching nos permite 
analisar desde obras mais simples e intuitivas até formas mais complexas e orgâni-
cas. Na arquitetura contemporânea e a partir do pós-modernismo, vemos os arquite-
tos explorarem cada vez mais formas não convencionais e que se distanciam dos sóli-
dos primários mais conhecidos. Apesar dessa distância das formas geométricas mais 
básicas, é possível analisarmos formas mais complexas a partir da simplificação para 
elementos mais conhecidos e identificáveis por nós. É assim que se desenvolve o 
processo criativo na arquitetura: pode partir de uma ideia formal simples e mantê-la, 
ou pode arriscar formas mais trabalhadas e que parecem “desafiar as leis da física”. 
Não há maneira certa de se fazer essa escolha, trata-se apenas de um dos inúmeros 
caminhos que podem ser tomados pelo projetista para a resolução do programa.
Como exemplo de uma produção arquitetônica formalmente complexa, pode-
mos exemplificar o acervo do arquiteto canadense Frank Gehry (1929), famoso por 
projetar edifícios que compõem volumes orgânicos, distorcidos e de característica 
desconstrutivista, além de utilizar-se de materiais e softwares de alta tecnologia. 
Sua obra, localizada em Los Angeles, o Walt Disney Concert Hall (Figura 5) é um gran-
de exemplo dessa complexidade formal explorada na arquitetura. Em uma tentativa 
de simplificar a obra para análise, podemos identificar uma série de volumes que se 
assemelham a cubos, distorcidos em suas faces, arestas e dimensões, interseccio-
nados entre si e que estão organizados de maneira aglomerada.
A espacialidade deve ser explorada assim como a plástica, pois a expressão for-
mal do edifício pode – ou não – refletir o seu interior. Dessa forma, podemos en-
tender a coesão existente no partido arquitetônico e caracterizar as intenções do 
projetista ao explorar certas nuances formais, provocando emoções específicas nos 
usuários. É possível trabalhar a forma geral externa e a mesma se refletir no interior 
do edifício – e se trata de uma escolha projetual mais fidedigna a um único conceito 
formal – assim como é possível fazer o oposto disso, seguindo uma linha desconexa 
entre as formas externa e interna. Ambas são escolhas que cabem ao projetista, de 
acordo com o seu conceito para determinado projeto. Volume e espaço, contudo, 
devem ser um todo coeso na plástica arquitetônica. Segundo Ching (2005, p. 33), 
“a forma arquitetônica ocorre na junção entre massa e espaço”. Ao executar e ler 
os desenhos de um projeto, devemos nos voltar tanto para a forma da massa, que 
contém um volume de espaço, quanto para a forma do volume espacial em si.
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É sempre bom lembrarmos que, no processo de projeto em arquitetura, 
antes de se trabalhar a forma, o programa deve ser bem detalhado e dimensio-
nado, e as condicionantes, previamente estabelecidas. Quando trabalhamos 
com os volumes que foram discutidos anteriormente, os mesmos devem repre-
sentar as áreas reais para a acomodação do programa e as suas áreas de cir-
culação. A integração entre as infinitas formas que podem ser desenvolvidas e 
trabalhadas não necessariamente vai se espelhar em seu interior, mas devem 
indicar como a interação entre os ambientes vai ser disposta na materialização 
da arquitetura.
DICA
Ao trabalhar os elementos formais em um projeto arquitetônico,

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