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conformação mecanica e soldagem 2

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CONFORMAÇÃO 
MECÂNICA E 
SOLDAGEM
André Shataloff
 
Conformação mecânica: 
processo de forjamento a 
quente, a morno e a frio
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste capítulo, você deverá apresentar os seguintes aprendizados:
  Descrever sobre os efeitos da temperatura nos diferentes processos 
de forjamento a quente, a morno e a frio. 
  Expressar a utilização das ferramentas e maquinários usados no pro-
cesso de forjamento. 
  Identi� car a qualidade e aplicação dos produtos forjados.
Introdução
Os metais são produzidos e disponibilizados pela indústria metalúrgica 
em diversos formatos, tais como: blocos, tarugos, vigas, chapas, placas 
(grossas, médias e finas), lingotes etc. Na conformação mecânica, os 
produtos primários podem ser conformados em vários processos, dentre 
eles o processo de forjamento por impacto, que utiliza força de choque, 
ou forjamento em prensa, que aplica força progressiva de compressão. 
Neste texto, você irá estudar os conceitos gerais do processo de 
forjamento a quente, a morno e a frio, a utilização das ferramentas e 
maquinários de forjamento, bem como a qualidade e aplicação dos 
produtos forjados. 
Forjamento 
Segundo Smith e Hashemi (2012) e Moro e Auras (2006), o processo de 
forjamento é um dos métodos de conformação mecânica no qual o metal é 
martelado ou prensado na forma desejada. O material é na maioria dos casos 
forjado a quente, mas também é trabalhado a morno e a frio. 
No forjamento, são usados, principalmente, os seguintes métodos: a) golpes 
rápidos e repetidos com um martelo, aplicando força de choque sobre o metal; 
b) prensas, submetendo o material-base à compressão progressiva.
De acordo com Moro e Auras (2006), a matriz de forjamento pode moldar 
vários produtos, tais como moedas, pregos, parafusos, âncoras, peças de cone-
xão hidráulicas, virabrequins, entre outros. Altan, Oh e Gegel (2012) reforçam 
que, devido a características mecânicas, os produtos forjados são usados em 
automóveis, caminhões, tratores, equipamentos ferroviários, aeronáuticos etc.
Categorias de forjamento
Segundo Bresciani e Silva (2011), o forjamento se divide em duas categorias: 
forjamento livre, denominado matriz aberta (Figura 1a); e forjamento em 
matriz fechada (Figura 1b1), que pode ser trabalhado com produção de rebarba 
ou forjamento sem rebarba (Figura 1b2).
No forjamento livre, a deformação ocorre entre ferramentas planas ou de 
geometrias simples, como mostra a Figura 2, e o material escoa mais livre e 
com menor atrito, permitindo produzir peças maiores. O processo pode ser 
fase anterior do forjamento em matriz fechada para que a peça atinja sua 
forma final, mais cheia de detalhes. Outra aplicação é quando a quantidade de 
peças não justifica a construção de matrizes e opta-se pela redução de custos.
O forjamento em matriz fechada permite o trabalho de peças com menores 
tolerâncias dimensionais e grande volume produtivo, pois as ferramentas têm 
custo elevado. De acordo com Bresciani e Silva (2011), o grande problema da 
matriz fechada é determinar com precisão o volume de material a ser posto 
na matriz, e para trabalhar esse problema, a solução é preencher a cavidade 
para que o excesso vá para a bacia da calha da rebarba. A rebarba pode ser 
eliminada manualmente, após a utilização da matriz fechada, ou via dispo-
sitivo feito para rebarbagem em matriz aberta, que muitas vezes aproveita o 
material ainda quente. 
Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio2
Em geral, a deformação do material na conformação mecânica de forjamento 
confere a melhoria das propriedades mecânicas do metal, alterando as formas 
dos grãos do produto. Por essa razão, é relevante identificar qual temperatura 
de trabalho atende melhor as especificações e aumenta a produtividade.
Figura 1. Operações de forjamento: (a) Forjamento em matriz aberta. 
(b1) Forjamento em matriz fechada. (b2) Forjamento em matriz fechada 
sem rebarba.
Fonte: Adaptada de Groover (2014).
3Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio
Figura 2. Formas básicas de forjamento em matriz aberta.
Fonte: Smith e Hashemi (2012, p. 155). 
Efeitos da temperatura nos diferentes 
processos de forjamento
De acordo com Moro e Auras (2006), a classifi cação quanto à temperatura de 
trabalho na conformação mecânica é defi nida em três tipos:
1. trabalho a quente (TQ), que permite trabalhar a temperaturas que se 
adequem ao tipo de material usado e, assim, recristalizar os grãos – 
estruturas cristalinas deformadas em conformações –, formando novos 
grãos e reduzindo as tensões internas; 
2. trabalho a frio (TF), que não permite a recristalização – processo que 
dá forma a novos grãos – e não reduz tensões internas, que podem ser 
tratadas após o forjamento, se necessário; 
3. trabalho a morno (TM), que também não recristaliza o material, mas 
permite o ajuste dos defeitos das estruturas cristalinas, melhorando a 
ductilidade do material e gerando um efeito chamado de recuperação.
Processos de forjamento a quente
Segundo Altan, Oh e Gegel (2012), a temperatura do material em processo é 
maior em relação à matriz, ao contrário do fl uxo do material na cavidade, que 
é determinado pelos seguintes fatores: a) fl uidez do material em função da 
resistência ao escoamento plástico; b) atrito e perda de calor material/matriz; 
c) geometria da peça. 
Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio4
Ao observar a forjabilidade na maioria dos metais, notou-se que esta au-
menta em função da temperatura, porém isso implica no aumento do tamanho 
do grão, e em determinadas ligas esse maior tamanho diminui a forjabilidade.
Segundo Moro e Auras (2006), o trabalho a quente não só necessita de 
menor energia mecânica de conformação como também alivia as heteroge-
neidades da estrutura dos lingotes fundidos. Uma vez ocorrendo variações 
de temperatura devido à deformação do produto na cavidade, as diversas 
velocidades de resfriamento em regiões mais espessas e mais finas torna 
irregular a estrutura do metal. As velocidades diferenciadas de resfriamento 
resultam na diferenciação dos tamanhos dos grãos, permitindo, no núcleo 
da peça, grãos maiores. Observe na Tabela 1 as vantagens e desvantagens 
comparadas ao processo de forjamento a quente quando comparado com a 
conformação a frio e a morno.
 Fonte: Moro e Auras (2006). 
TQ TF TM
Força e energia < > ~
Elimina defeitos 
da fundição
> < ~
Recristalização sim não não
Recuperação não não sim
Surgimento de 
discordâncias
< > ~
Tolerância e 
acabamento
< > ~
Uniformidade da 
microestrutura
< > ~
Legenda: < maior ; < menor; ~ intermediário
 Tabela 1. Comparação de fatores. 
5Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio
De acordo com Bresciani e Silva (2011), a perda de temperatura ocorre 
em virtude da transmissão de calor à ferramenta, sendo mais significativa a 
perda por radiação. Essa diferença de temperaturas afetará a velocidade de 
resfriamento. O ideal seria, na condição dos aços, aquecer as ferramentas 
previamente perto de 300º C. No caso dos não ferrosos, o correto seria nivelar 
as temperaturas de forjamento e ferramenta.
Para se ter uma boa qualidade, cada aço precisa ter uma temperatura 
de processo. Quando está entre 700 e 900º C, corre-se o risco de encrua-
mento e aparecimento de fissuras que não poderão ser eliminadas através 
do recozimento. 
De acordo com Ferreira (2010), a variação de temperaturas na peça pode 
levar à contração de um segmento ao esfriamento rápido e ser, ao mesmo 
tempo, freada em outra área ainda quente. A variação dessas tensões na 
solidificação acaba induzindo fortes tensões nas partes finas do produto, 
promovendo trincas nessas áreas.
Outra vantagem de se trabalhar a quente é a possibilidade de evitar trincas 
circunsferenciais, ou seja, a tendência ao abarrilamento, quando o material 
fica fino nas pontas e rechonchudo no meio. Essa condição provoca tensões 
que podemser aliviadas através da recristalização. Essas tensões se tornam 
um problema quando trabalhadas abaixo da temperatura de recristalização, 
seja a morno ou a frio.
Processos de forjamento a frio
Segundo Altan, Oh e Gegel (2012), no processo de forjamento a frio o material 
é forçado a fl uir plasticamente através de forças compressivas, assumindo uma 
nova geometria conforme o projeto. O trabalho a frio é vantajoso em pelo 
menos cinco aspectos: a) alta produtividade; b) excelente controle dimensional 
do produto acabado devido ao fato de ter maior controle dimensional, uma vez 
que não sofre bruscas dilatações térmicas no processo; c) alto detalhamento e 
efi ciência quando comparados aos processos de usinagem; d) alta resistência 
ao escoamento e à tração, fruto do encruamento dos grãos; e) resistência 
mecânica elevada devido à não alteração de fl uxo de grãos pela variação de 
velocidade de resfriamento da peça.
Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio6
O volume produzido deve ser alto, pois o investimento nas matrizes de 
forjamento a frio é alto. Quanto menor é a peça, menor seu valor comercial, 
assim, peças com menos de 20 gramas ficam restritas ao lote econômico de 
10.000 peças, em condições padrão e para situações especiais; peças complexas 
podem chegar a 500.000 unidades, segundo Altan, Oh e Gegel (2012).
Os melhores materiais para o forjamento a frio são aqueles cuja boa ductili-
dade se mantém à temperatura ambiente, como é o caso das ligas de alumínio, 
ligas de cobre, estanho, aço entre outros.
Processos de forjamento a morno
Segundo Altan, Oh e Gegel (2012), o processo de forjamento a morno é traba-
lhado abaixo da temperatura de recristalização, entre 700 e 800º C, ganhando 
fl uidez ao diminuir a tensão de escoamento se comparado ao processo a frio. 
Moro e Auras (2006) afirmam que existem informações controversas 
quanto ao consenso da faixa de trabalho na conformação a morno dos aços 
e chamam a atenção para o limite mínimo de 500º C, que evita a fragilidade 
ao trabalhar em baixas temperaturas. Entre 200 e 400º C, átomos intersticiais 
difundem-se, dando ao metal um aspeto azulado, fruto da formação de óxidos, 
o que serve como sinal de alerta aos serviços nessas temperaturas. 
Maquinários e ferramentas aplicados 
no forjamento
Segundo Bresciani e Silva (2011), através da conformação mecânica processos 
de forjamento é possível trabalhar dois efeitos no produto fi nal: a) atribuir 
geometria e dimensional desejado; b) melhorar propriedades mecânicas ao 
mexer na estrutura cristalina, modifi cando e refi nando os grãos.
O material-base que alimenta o forjamento é de blank fundido, que possui 
menor homogeneidade na estrutura do metal, e o material laminado, que é 
mais indicado graças ao seu melhor acabamento e estrutura homogênea.
De acordo com Groover (2014), os equipamentos aplicados no forjamento 
são: máquinas de forjamento, ferramentas a exemplo das matrizes, aquece-
dores de peças, dispositivos de alimentação e descarga e, quando necessário, 
estações de retirada das rebarbas.
7Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio
Mecanismos de forjamento
De acordo com Altan, Oh e Gegel (2012), as pressões de forjamento dependem 
da geometria da peça, do produto e do material utilizado, e na prática variam 
entre 30 e 110 kgf/mm2.
Na Figura 3a, temos um esquema de matriz fechada que nos permite 
observar os detalhes da peça e as rebarbas formadas. Isso ajuda a analisar a 
Figura 3b e a verificar a variação da curva de tensão durante a conformação 
de forjamento. Percebemos que o maior pico de tensão na cavidade (σc) é 
localizado ao centro, no local de maior reação à força da matriz ao fluxo de 
metal, segue em direção à calha e diminui mais rapidamente a tensão na faixa 
do estrangulamento de fluxo (σe) para formar a rebarba, na faixa da tensão 
final (σf), resultando na perda de carga e esfriamento do metal.
Na Figura 4 há o esquema do movimento de fechamento e formação da 
curva (Figura 4d). Vamos estudar o passo a passo: 
  1º) para entender o processo, deve-se admitir o blank suficiente de metal 
para preencher a cavidade e também a condição de estrangulamento 
e perda de carga do material ao passar no canal e na calha da rebarba; 
  2º) as cargas são mais baixas até o material atingir o canal da rebarba, 
isto é, o ponto P1, que é o ponto de recalque devido à restrição ao fluxo; 
  3º) a carga aumenta a taxa elevada até o enchimento da peça, atingindo 
o ponto P2; 
  4º) a carga final assegura a finalização da peça, atingido o ponto P3. 
Podemos observar que os pontos P1, P2 e P3 são três estágios distintos 
de deslocamento da matriz superior ou punção. A formação da rebarba está 
diretamente relacionada à quantidade de material extra da peça. 
Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio8
Figura 3. Esquema de um estampo fechado simples: (a) Detalhamento. (b) Distribuição 
de pressões de forjamento. 
9Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio
Figura 4. Fluxo de metal e curva deslocamento-carga.
Máquinas de forjamento
Segundo Bresciani e Silva (2011), os equipamentos de forjamento conforme 
o princípio de trabalho podem ser divididos em dois grupos: a) martelos de 
forjamento; b) prensas de forjamento. 
Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio10
Na Figura 5, temos um ferreiro trabalhando em sua prensa, moldando o aço 
incandescente. Na Figura 6a, é apresentado o martelo de forjar, que funciona 
por intermédio do princípio da deformação resultante da energia cinética do 
martelo, liberada através da repetição de pancadas. São divididos em três tipos: 
a) martelo de queda livre, limitado em função da altura e peso do martelo; b) 
martelo de dupla-ação, no qual existe a associação a equipamento hidráulico 
ou pneumático, tornando a força até 20 vezes o peso do martelo (Figura 6c); c) 
martelo de contragolpe, que utiliza duas massas que se chocam, proporcionando 
menos vibração à peça e ao solo.
A prensa de forjar (Figura 6b) é destinada ao forjamento e se divide em três 
tipos: a) prensa hidráulica, à qual se aplica velocidades e pressões uniformes; 
b) prensa mecânica excêntrica, que possui baixo custo de operação e está 
limitada a peças médias e pequenas; c) prensa de fricção, que possui uma 
rosca sem fim por intermédio da qual a descida da massa giratória produz 
energia cinética, pressionando um prato ao outro, sendo, por isso, indicada 
para cunhar medalhas, moedas etc.
Figura 5. Trabalho em martelo de forja.
Fonte: Studio 72/Shutterstock.com.
11Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio
Figura 6. Principais equipamentos de forjamento: (a) Prensa mecâ-
nica ou martelo de forjar. (b) Prensa hidráulica. (c) Martelo de forjar.
Fonte: Ferreira (2010, p. 132) e Prabhjit S. Kalsi/Shutterstock.com.
É preciso utilizar lubrificação no forjamento?
Segundo Altan, Oh e Gegel (2012), para realizar a lubrificação no forjamento são 
necessárias algumas características e o desempenho de algumas funções, tais como: 
  reduzir atrito do material na cavidade, reduzindo a pressão requerida ao enchimento;
  inibir a soldagem do material à matriz, evitando danos;
  minimizar a perda de calor no contato do blank com a superfície da matriz;
  recobrir toda a matriz como um filme;
  não ser abrasivo, prevenindo a erosão da matriz;
  não gerar resíduos que possam acumular em cantos da ferramenta;
  desenvolver uma característica de fácil desmoldagem do produto;
  não haver produtos tóxicos produtores de fumaça durante aplicação.
Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio12
Ferramentas de forjamento
De acordo com Groover (2014), a boa execução do forjamento depende de 
um bom projeto da ferramenta e da matriz. Na Figura 1 foi demonstrada a 
diferenciação das matrizes abertas, fechadas e fechadas sem rebarba. 
O projeto de ferramentasabertas é mais simples (como mostrado na Figura 2) 
devido à forma simples, ao contrário das ferramentas e das matrizes fechadas.
Segundo Bresciani e Silva (2011), os principais materiais utilizados na 
confecção das ferramentas são os aços-ligas. Na conformação do aço, utiliza-se 
aços enriquecidos com tungstênio para melhorar a performance a altas tempe-
raturas. Em materiais não ferrosos, costuma-se aplicar, devido à tenacidade, 
os aços cromo-níquel e cromo-molibinênio.
Forjamento em matriz aberta
Na Figura 7, observamos as principais operações em forjamento livre, segundo 
Bresciani e Silva (2011), dentre as quais podemos citar: deformação simples 
(Figura 7a); recalque, estiramento, alargamento (Figura 7b); rebaixamento, 
dobramento, fendilhamento (Figura 7c); expansão (Figura 7d); e corte rebar-
bação etc. (Figura 7e).
De acordo com Ferreira (2010), o forjamento livre ou forjamento em matriz 
aberta não significa a construção da ferramenta plana, e sim a liberdade do 
escoamento e a ausência de restrição lateral. O objetivo é a redução gradativa 
da secção da peça, podendo essa etapa ser inicial para depois seguir em matriz 
fechada ou mesmo etapas de usinagens.
A característica simplificada é a redução da altura e um abarrilamento, 
isto é, uma deformação à semelhança de um barril, quando o material fica 
fino nas pontas e rechonchudo no meio, como mostra a Figura 7a.
A Figura 8 mostra a operação de recalque, utilizada para confecção de 
pregos e parafusos de diversos tipos. Geralmente classificada em operação 
de matriz aberta, pode assumir configurações fechadas, a exemplo do caso 
apresentado nas imagens, cujo material não tem saída livre da matriz, sendo 
uma exceção. O sistema de funcionamento consiste em mordentes (Figura 8a) 
que seguram o batente – material a ser conformado –; depois, a peça é cortada 
e se inicia o recalque (Figura 8b). Por último, é feita a conformação completa 
da cabeça de acordo com a geometria da ferramenta (Figuras 8c, 8d e 8e).
13Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio
De acordo com Machado (2008), pode-se sintetizar o forjamento livre das 
seguintes maneiras: a) formas mais simples e regulares; b) peças de peque-
nas a grandes dimensões; c) baixa produtividade; d) utilizando o martelo de 
forjamento. 
Figura 7. Esquema de matrizes abertas simples. (a) Deformação em matriz 
aberta. (b) Recalque, estiramento e alargamento. (c) Fendilhamento. (d) 
Expansão. (e) Corte.
Fonte: Adaptada de Bresciani e Silva (2011, p. 134).
Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio14
Figura 8. Operações de forjamento por recalque. (a) Mordentes apertam o batente e o 
excesso é cortado. (b) O punção inicia o recalque; (c) Conformação alternativa de cabeça 
sextavada. (d) Finaliza-se o recalque conformando a cabeça. (e) Conformação alternativa 
de cabeça de parafuso com fenda. 
Fonte: Adaptada de Groover (2014). 
Forjamento em matriz fechada
Bresciani e Silva (2011) observam que no forjamento em matriz fechada o 
material sofre conformação por compressão e é pressionado em direções 
conforme a ferramenta.
De acordo com Ferreira (2010), a dificuldade de escoamento no forjamento 
em matriz fechada inviabiliza a conformação numa única vez, devendo ser 
dividida em etapas, iniciando, inclusive, na matriz aberta.
A dificuldade em fluir o material na cavidade leva à necessidade de forçar 
o material a passar através de canais de escape e formar rebarba, evitando 
quebras da ferramenta.
Quando há necessidade de acabamento (por exemplo, a usinagem), deve-se 
observar a formação de sobremetal, prevendo essas operações. Na Figura 9 
observamos o exemplo de matriz fechada para produção de bielas. Analise que 
na própria ferramenta foram confeccionadas cavidades formando o produto 
em quatro etapas.
Na Figura 10 temos em a e b dois produtos diferentes, sendo necessário 
nas fases iniciais a utilização do forjamento em matriz aberta. 
15Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio
Figura 9. Conjunto de matrizes para forjamento em matriz fechada para produção de bielas.
3°
4°
1°
2°
Figura 10. Sequência de forjamento. (a) Na fase I temos o blank; na II, o entalhamento, feito 
em matriz aberta; na III, a moldagem em matriz aberta; na IV, a ocorrência de uma ou mais 
etapas em matriz fechada até formal final. (b) Etapas do forjamento de uma virabrequim.
Fonte: Ferreira (2010, p. 65) e Machado (2008, p. 50).
(I) (I)
(II) (II)
(III)
(III)
(IV)
(IV)
(a) (b)
Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio16
Acesse o material no link a seguir e aprofunde seus conhecimentos em forjamento. 
https://goo.gl/4DZ7ev
Veja no link a seguir, um vídeo de como são fabricados parafusos e porcas. 
https://goo.gl/GUJDSp
Veja também a produção de mola e forjamento a frio. Observe o comportamento 
do material durante a execução dos trabalhos. 
https://goo.gl/BsFgqR
Qualidade e aplicação em forjamento 
Propriedade dos forjados
Segundo Bresciani e Silva (2011), há uma diferença signifi cativa nas caracte-
rísticas de resistência à tração e a ductilidade entre peças feitas a frio, a morno 
e a quente. As propriedades dos forjados a frio são de elevada resistência 
mecânica devido ao encruamento ocasionado no trabalho. 
Às vezes, trabalhando em processos de forjamento a quente, a substituição 
planejada de materiais com composições químicas melhores, a exemplo do 
aço-liga, podem ser substituídos em composições simples de menor custo e for-
jamento a frio que, devido às propriedades mecânicas, acabam se equiparando.
A diferenciação entre forjados a frio e a quente aumenta conforme se 
trabalha com peças maiores, devido à variação da estrutura dos materiais 
próximos à superfície e aqueles próximos ao núcleo da peça. Outro ponto 
diferencial é a rugosidade superficial ser melhor nos forjados a frio. 
Na Figura 11, é possível observar o detalhamento do efeito do uso do 
martelo, no efeito do impacto da deformação, e a homogeneização da estrutura 
do material somatório da tensão gerada e da transformação termodinâmica 
ocorrida no material fruto do recalque, transformando grãos grosseiros, efeito 
do chamado refino termodinâmico, em grãos equiaxiais.
17Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio
https://goo.gl/4DZ7ev
https://goo.gl/GUJDSp
https://goo.gl/BsFgqR
Figura 11. Demonstração esquemática da modificação microestrutural de-
corrente do forjamento, do impscto σ + transformação termodinâmica (TT).
Qualidade dos forjados
Segundo Altan, Oh e Gegel (2012), os produtos forjados oferecem alta resis-
tência mecânica, ductilidade e resistência ao impacto capazes de conformar 
componente de alta qualidade a custos competitivos. Segundo Moro e Auras 
(2006), forjados podem apresentar os seguintes defeitos: 
  trincas superficiais, devido ao excesso de trabalho na superfície sem 
temperatura adequada;
  trincas nas rebarbas, podendo se propagar na peça, devido à impurezas;
  trincas internas, fruto de grandes deformações; 
  gotas frias, oriundas de fluxos anormais na cavidade; 
  incrustações de óxidos, formadas durante aquecimento;
  descarbonetação, perda de carbono na superfície devido aquecimento 
excessivo.
Veja o vídeo disponível no link a seguir para aprofundar seus conhecimentos na linha 
de conformação mostrando o forjamento de roda de aço.
https://goo.gl/K2VfDx
Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio18
https://goo.gl/K2VfDx
ALTAN, T.; OH, S.; GEGEL, H. Processos de conformação dos materiais: introdução aos 
processos de conformação: parte II. São Carlos: Escola de Engenharia de São Carlos, 
USP, 2012.
BRESCIANI, F. E.; SILVA, I. B. Conformação plástica dos metais. 2. ed. São Paulo: EPUSP, 2011.
FERREIRA, R. A. S. Conformação plástica: fundamentos metalúrgicos e mecânicos. 2. ed. 
Recife: UFPE, 2010.
GROOVER, M. P. Introdução aos processos de fabricação. Rio de Janeiro: LTD,2014.
MACHADO, L. P. M. Conformação dos metais: fundamentos e aplicação. Vitoria: IFES, 2008.
MORO, N.; AURAS, A. P. Processos de fabricação: conformação mecânica II: extrusão, 
trefilação e conformação de chapas. Florianópolis: CEFET-SC, 2006. Curso Técnico 
de Mecânica Industrial.
SMITH, W. F.; HASHEMI, J. Fundamentos de engenharia e ciência dos materiais. 5. ed. 
Porto Alegre: AMGH, 2012. 
Leituras recomendadas
ASKELAND, D. R.; WRIGHT, W. J. Ciência e engenharia dos materiais. São Paulo: Cengage 
Learning, 2014. 
CALLISTER, W. D.; RETHWISCH, D. G. Fundamentos da ciência e engenharia dos materiais: 
uma abordagem integrada. Rio de Janeiro: LTC, 2014. 
CHIAVERINI, V. Tecnologia mecânica. 2. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1986.
OLÍVIO, N. Introdução à engenharia de fabricação mecânica. 2. ed. São Paulo: Edgard 
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ROCHA, O. F. L. Conformação mecânica. Belém: IFPA, 2012.
VLACK, V.; HALL, L. Princípios de ciência e tecnologia dos materiais. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 1984. 
19Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.

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