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ACIONAMENTO DE DISPOSITIVOS ATUADORES série AUTOMAÇÃO iNDUsTriAL Volume 1 série AUTOMAÇÃO iNDUsTriAL ACIONAMENTO DE DISPOSITIVOS ATUADORES Volume 1 CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI Robson Braga de Andrade Presidente DIRETORIA DE EDuCAÇÃO E TECNOLOgIA Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor de Educação e Tecnologia SENAI-DN – SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAgEM INDuSTRIAL Conselho Nacional Robson Braga de Andrade Presidente SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor-Geral Gustavo Leal Sales Filho Diretor de Operações Série AUTOMAÇÃO iNDUSTriAL ACIONAMENTO DE DISPOSITIVOS ATUADORES VOLUME 1 SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional Sede Setor Bancário Norte . Quadra 1 . Bloco C . Edifício Roberto Simonsen . 70040-903 . Brasília – DF . Tel.: (0xx61)3317-9190 http://www.senai.br © 2012. SENAI – Departamento Nacional © 2012. SENAI – Departamento Regional do Rio Grande do Sul A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, mecânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização, por escrito, do SENAI – Departamento Regional do Rio Grande do Sul. Esta publicação foi elaborada pela equipe da Unidade Estratégica de Desenvolvimento Educacional – UEDE/Núcleo de Educação a Distância – NEAD, do SENAI do Rio Grande do Sul, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância. SENAI Departamento Nacional Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP SENAI Departamento Regional do Rio Grande do Sul Unidade Estratégica de Desenvolvimento Educacional – UEDE/Núcleo de Educação a Distância – NEAD FICHA CATALOGRÁFICA S491a Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional Acionamento de dispositivos atuadores: volume 1/ Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional do Rio Grande do Sul. Brasília : SENAI/DN, 2012. 156 p. : il. (Série Automação Industrial) ISBN 978-85-7519-522-2 1. Geração. 2. Abastecimento. 3. Controle da eletricidade. I. Servico Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional do Rio Grande do Sul. II. Titulo. III. Série. CDU 621.31 Bibliotecário Responsável: Enilda Hack- CRB 599/10 Lista de ilustrações Figura 1 - Comparação das diferentes fontes de energia elétrica no Brasil ...............................................19 Figura 2 - Estrutura de um sistema elétrico ............................................................................................................19 Figura 3 - Usina hidrelétrica .........................................................................................................................................21 Figura 4 - Princípio de funcionamento de um gerador elementar ................................................................22 Figura 5 - Distribuição da indução magnética sob um polo ............................................................................22 Figura 6 - Sistema trifásico ............................................................................................................................................23 Figura 7 - Gerador para carga puramente resistiva .............................................................................................24 Figura 8 - Gerador com uma carga puramente indutiva ...................................................................................24 Figura 9 - Carga puramente capacitiva ....................................................................................................................25 Figura 10 - Comparação das correntes de excitação ..........................................................................................25 Figura 11 - Evolução do motor elétrico ....................................................................................................................30 Figura 12 - Partes de um motor elétrico de indução trifásico ..........................................................................34 Figura 13 - Vista explodida de um motor de indução trifásico ........................................................................35 Figura 14 - Enrolamento de motores. a) Monofásico. b) Trifásico...................................................................36 Figura 15 - Motor assíncrono com rotor tipo gaiola ............................................................................................37 Figura 16 - Motor Dahlander........................................................................................................................................38 Figura 17 - Motor elétrico trifásico com freio .........................................................................................................40 Figura 18 - Divisão dos motores de acordo com a sua característica de funcionamento .....................42 Figura 19 - Placa com as especificações de um motor .......................................................................................43 Figura 20 - Conjugado de um motor elétrico X % de rotação .........................................................................45 Figura 21 - Representação de perdas de um motor elétrico assíncrono .....................................................52 Figura 22 - Rendimento ................................................................................................................................................54 Figura 23 - Triângulo das potências ..........................................................................................................................55 Figura 24 - Banco de capacitores ligado em triângulo .....................................................................................56 Figura 25 - Correção do fator de potência por meio do banco de capacitores na baixa tensão ........58 Figura 26 - Conjugado de um motor trifásico .......................................................................................................62 Figura 27 - Motor de alto rendimento ......................................................................................................................63 Figura 28 - Composição de um fusível ....................................................................................................................68 Figura 29 - Simbologia do fusível ..............................................................................................................................69 Figura 30 - Fusível tipo D ...............................................................................................................................................70 Figura 31 - Punho saca-fusível .....................................................................................................................................71 Figura 32 - Fusível do tipo NH .....................................................................................................................................71 Figura 33 - Contador .......................................................................................................................................................72 Figura 34 - Contatos auxiliares e principais de um contator ............................................................................73 Figura 35 - Simbologia do contator (bobina), os contatos principais e os contatos auxiliares ...........73 Figura 36 - Representação dos contatos auxiliares ..............................................................................................74 Figura 37 - Sequência de contatos ............................................................................................................................74Figura 38 - Comportamento de cargas resistivas, indutivas e capacitivas na hora da partida. ...........75 Figura 39 - Nomenclatura de um relé de sobrecarga com a sua simbologia ............................................77 Figura 40 - Nomenclatura dos contatos auxiliares de um relé de sobrecarga coma sua simbologia ......77 Figura 41 - Relé de falta de fase ..................................................................................................................................78 Figura 42 - Ligação de um PTC em um motor elétrico .......................................................................................79 Figura 43 - Disjuntor trifásico .......................................................................................................................................79 Figura 44 - Etapas de funcionamento de um disjuntor. a) Disjuntor ligado - disparadores no repou- so; b) Disjuntor desligado; c) Disjuntor desarmado - atuação dos disparadores .......................................80 Figura 45 - Disjuntor .......................................................................................................................................................81 Figura 46 - Djuntor morot e sua simbologia ..........................................................................................................83 Figura 47 - Utilização de transformador em uma rede trifásica, a) sem neutro, b) com neutro e c) Simbologia do transformador ......................................................................................................................................84 Figura 48 - Autotransformador de partida trifásico .............................................................................................85 Figura 49 - Temporizador .............................................................................................................................................85 Figura 50 - Diagrama de funcionamento de um ON DELAY .............................................................................86 Figura 51 - Simbologia a) de um temporizador ON DELAY e b) do contato ...............................................86 Figura 52 - Diagrama de funcionamento de um OFF DELAY ...........................................................................87 Figura 53 - Simbologia: a) de um temporizador OFF DELAY; b) dos contatos ...........................................87 Figura 54 - Simbologia de um contador de impulsos elétricos.......................................................................88 Figura 55 - Funcionamento de um contador .........................................................................................................88 Figura 56 - Chave de impulso ......................................................................................................................................91 Figura 57 - Chave com retenção .................................................................................................................................92 Figura 58 - Chave impulso (2NA + 2NF) e chave trava (2NA + 1 NF) .............................................................92 Figura 59 - Chave impulso (três posições) e chave trava (duas posições) ...................................................92 Figura 60 - Chaves manuais ..........................................................................................................................................93 Figura 61 - Tomadas e plugues industriais ..............................................................................................................93 Figura 62 - Tipos de botoeiras .....................................................................................................................................94 Figura 63 - Alguns tipos de sinaleiros .......................................................................................................................95 Figura 64 - Sistema gerador com três bobinas ................................................................................................... 101 Figura 65 - Sistema gerador ligado em triângulo .............................................................................................. 103 Figura 66 - Correntes e tensões do esquema em triângulo ........................................................................... 104 Figura 67 - Sistema gerador ligado em estrela .................................................................................................. 104 Figura 68 - Correntes e tensões do esquema em estrela ............................................................................... 105 Figura 69 - Tensão nominal múltipla a 9 fios ...................................................................................................... 106 Figura 70 - Ligação estrela-triângulo ..................................................................................................................... 106 Figura 71 - Esquemas de ligação de um motor com tripla tensão (estrela em paralelo, triângulo em paralelo e estrela em série) ........................................................................................................................................ 107 Figura 72 - Ligação de um motor com tripla velocidade (motor com três ligações em estrela, com enrolamento Dahlander e ligação em estrela) .................................................................................................... 107 Figura 73 - Representação gráfica UNIFILAR de um circuito principal ..................................................... 108 Figura 74 - Representação gráfica TRIFILAR ........................................................................................................ 109 Figura 75 - Representação gráfica de um circuito de comando .................................................................. 109 Figura 76 - Funções de partidas de motores elétricos ..................................................................................... 111 Figura 77 - Circuito de potência de uma partida direta: a) coordenada por fusíveis; b) coordenada por disjuntores ................................................................................................................................................................ 112 Figura 78 - Circuito de comando de uma partida direta ................................................................................ 113 Figura 79 - Circuito de potência de uma partida direta com reversão: a) coordenada por fusíveis; b) coordenada por disjuntores .................................................................................................................................. 114 Figura 80 - Circuito de comando de uma partida direta com reversão .................................................... 114 Figura 81 - Circuito de potência de uma partida estrela-triângulo: a) Coordenada por fusíveis; b) Coordenada por disjuntores ................................................................................................................................ 116 Figura 82 - Circuito de comando de uma partida estrela-triângulo .......................................................... 116 Figura 83 - Comportamento do conjugado e da corrente com a ligação Y- ∆, em função da velocidade... 117 Figura 84 - Circuito de potência de uma partida com chave compensadora com autotransforma- dor: a) coordenada por fusíveis; b) coordenada por disjuntores .................................................................. 119 Figura 85 - Circuito de comando de uma partida com chave compensadora com autotransformador .. 119 Figura 86 - Comportamento do conjugado e da corrente com a ligação com chave compensadora em função da velocidade ............................................................................................................................................ 119 Figura 87 - Fatores de redução K1 e K2 em função das relações de tensão do motor e da rede ..... 120 Figura88 - Exemplo das características de desempenho de um motor quando parte com 85% da tensão .......................................................................................................................................................................... 120 Figura 89 - Diagrama elétrico da chave em série-paralelo ............................................................................ 122 Figura 90 - Circuito de comando da chave série-paralelo .............................................................................. 122 Figura 91 - Controle de fases de um motor trifásico utilizando um soft-starter .................................... 126 Figura 92 - Diagrama em blocos de um soft-starter ........................................................................................ 126 Figura 93 - Comparativo da corrente entre partidas direta, estrela-triângulo e soft-starter ............. 127 Figura 94 - Ligação direta com o soft-starter ...................................................................................................... 128 Figura 95 - Ligação com contator by-pass ........................................................................................................... 128 Figura 96 - Diagrama de comando do soft-starter ........................................................................................... 129 Figura 97 - Inversor de frequência .......................................................................................................................... 129 Figura 98 - Componentes de um inversor ........................................................................................................... 130 Figura 99 - Circuito inversor ...................................................................................................................................... 131 Figura 100 - Modulação por PWM .......................................................................................................................... 132 Figura 101 - Gráfico escalar ....................................................................................................................................... 132 Figura 102 - Inversor de frequência trifásico ....................................................................................................... 133 Figura 103 - Inversor de frequência monofásico ............................................................................................... 133 Figura 104 - Gráfico do parâmetro 5 do inversor – tempo de partida ....................................................... 137 Figura 105 - Gráfico do parâmetro 5 do inversor – tempo de parada ....................................................... 137 Figura 106 - Função pulso de partida .................................................................................................................... 138 Figura 107 - Sobrecorrente imediata na saída .................................................................................................... 139 Figura 108 - Subcorrente imediata ......................................................................................................................... 139 Quadro 1 - Principais causas e consequências de um baixo fator de potência ..........................................56 Quadro 2 - Tipos de disparos dos disjuntores .........................................................................................................82 Quadro 3 - Identificação das cores dos botões ......................................................................................................94 Quadro 4 - Identificação de sinaleiros conforme a sua cor ................................................................................95 Quadro 5 - Simbologias utilizadas em eletricidade industrial ..........................................................................96 Quadro 6 - Sistema Internacional de Unidades ......................................................................................................97 Quadro 7 - Conversão de unidades em medidas...................................................................................................98 Quadro 8 - Esquemas de ligação dos motores elétricos .................................................................................. 108 Quadro 9 - Quadro comparativo entre estrela-triângulo e compensadora .............................................. 121 Quadro 10 - Métodos de partidas x motores ....................................................................................................... 126 Quadro 11 - Comparativo entre alguns métodos de partida e suas vantagens ...................................... 135 Quadro 12 - Comparativo entre alguns métodos de partida e suas desvantagens ............................... 136 Tabela 1: Técnico em Automação Industrial ............................................................................................................14 Tabela 2: Comparação das diferentes fontes de energia elétrica no mundo ..............................................18 Tabela 3: Velocidade do motor em rpm de acordo com o número de polos e frequência de funcion- amento ..................................................................................................................................................................................33 Tabela 4: Velocidade do motor em rpm de acordo com o número de polos e a frequência de fun- cionamento .........................................................................................................................................................................34 Tabela 5: Principais problemas e suas causas de um motor assíncrono .......................................................41 Tabela 6: Tipo de carga x fator de potência .............................................................................................................55 Tabela 7: Código de cores dos fusíveis tipo D .........................................................................................................70 Tabela 8: Capacidade de interrupção de corrente em relação aos códigos dos fusíveis NH .................71 Tabela 9: Faixa de corrente de regime: valores básicos .......................................................................................82 Tabela 10: Tabela de fios com a corrente máxima suportada série métrica e AWG ............................... 102 Tabela 11: Relação entre tensões (linha/fase) e correntes (linha/fase) e potência em um sistema trifásico .. 105 1 Introdução ......................................................................................................................................................................13 2 Geração de energia elétrica ......................................................................................................................................17 2.1 Sistemas elétricos .......................................................................................................................................17 2.1.1 Conceito de energia .................................................................................................................17 2.1.2 Sistema elétrico trifásico ........................................................................................................17 2.1.3 Geração de energia elétrica ..................................................................................................18 2.1.4 Comparação das diferentes fontes de energia elétrica no mundo .........................18 2.1.5 O caminho da energia elétrica .............................................................................................20 2.1.6 Máquinas primárias ..................................................................................................................20 2.1.7 Princípio de funcionamento de um gerador ..................................................................21 2.1.8 Atuação do gerador .................................................................................................................232.2 Cogeração de energia elétrica ...............................................................................................................26 3 Motores elétricos ..........................................................................................................................................................29 3.1 Histórico sobre motores elétricos ........................................................................................................29 3.2 Evolução do motor elétrico .....................................................................................................................30 3.3 Motores de corrente alternada monofásicos ....................................................................................31 3.4 Motores de corrente alternada trifásicos ..........................................................................................32 3.4.1 Motores síncronos ....................................................................................................................32 3.4.2 Motores assíncronos ................................................................................................................33 3.4.3 Partes de um motor de indução trifásico .........................................................................34 3.4.4 Princípio de funcionamento de um motor de indução trifásico .............................36 3.4.5 Tipos de motores de indução trifásicos ............................................................................36 3.4.6 Principais problemas que ocorrem em um motor assíncrono .................................41 3.5 Características dos motores ....................................................................................................................41 3.5.1 Especificações de um motor elétrico .................................................................................42 3.5.2 Conservação de energia .........................................................................................................62 3.5.3 Controle de demanda .............................................................................................................64 4 Dispositivos de proteção emanobra de motores .............................................................................................67 4.1 Dispositivos de proteção ..........................................................................................................................67 4.2 Características dos dispositivos de proteção e manobra de motores .....................................68 4.2.1 Fusíveis ..........................................................................................................................................68 4.2.2 Contator .......................................................................................................................................72 4.2.3 Relés de sobrecarga .................................................................................................................76 4.2.4 Disjuntor .......................................................................................................................................79 4.2.5 Transformador de comando .................................................................................................83 4.2.6 Relés temporizadores ..............................................................................................................85 4.2.7 Contador de impulsos elétricos ...........................................................................................88 Sumário 5 Dispositivos de comando e sinalização ................................................................................................................91 5.1 Dispositivos de comando e sinalização ..............................................................................................91 5.1.1 Chaves ...........................................................................................................................................91 5.1.2 Botoeira ou botão liga e desliga e fim de curso .............................................................93 5.1.3 Sinaleiros ......................................................................................................................................95 5.2 Simbologias, unidades e tabela de conversão ................................................................................95 6 Esquemas de ligação de motores e partidas de motores elétricos trifásicos ...................................... 101 6.1 Identificação das bobinas de um motor de indução trifásico ................................................. 101 6.1.1 Esquemas de ligações ......................................................................................................... 102 6.1.2 Ligações utilizadas nos motores....................................................................................... 107 6.2 Representação gráfica de um circuito .............................................................................................. 108 6.3 Partidas de motores ............................................................................................................................... 110 6.3.1 Partida direta ........................................................................................................................... 111 6.3.2 Inversão do sentido de rotação de motores trifásicos ............................................. 113 6.3.3 Chave estrela-triângulo ....................................................................................................... 115 6.3.4 Chave compensadora........................................................................................................... 118 6.3.5 Chave em série-paralelo ...................................................................................................... 121 7 Soft-starters e inversores ........................................................................................................................................ 125 7.1 Chave eletrônica (soft-starter) ............................................................................................................. 125 7.1.1 Formas de ligação do soft-starter .................................................................................... 127 7.2 Inversor de frequência ........................................................................................................................... 129 7.2.2 Instalações do inversor ........................................................................................................ 134 7.3 Comparação entre alguns métodos de partida ............................................................................ 135 7.4 Soft-starter x inversor de frequência ................................................................................................ 136 7.5 Parametrização de drivers .................................................................................................................... 136 8 Normas técnicas aplicadas à instalação de circuitos elétricos .................................................................. 143 Referências ........................................................................................................................................................................ 147 Minicurrículo do Autor ................................................................................................................................................. 151 Índice .................................................................................................................................................................................. 152 Esta unidade curricular “Acionamento de Dispositivos Atuadores” tem o objetivo de familiarizar o aluno com as características e o funcionamento de dispositivos atuadores em sistemas de controle e automação. Considera conhecimentos relativos à EletricidadeIndustrial, Pneumática, Hidráulica e Controladores Lógicos Programáveis – CLPs (DCN-DN). O capítulo 2 apresentará a eletricidade industrial, relacionando-a com fundamentos de Física e a transformação de energia. Definiremos a aplicabilidade dos fundamentos de Eletricidade relativos aos sistemas de controle e automação. No capítulo 3 estudaremos os motores elétricos, suas características específicas, seu funcionamento e construção e suas divisões. O capítulo 4 apresentará os principais dispositivos de proteção e de manobra para a ligação segura de um motor elétrico, mostrando seu comportamento em um circuito elétrico. No capítulo 5 conheceremos os principais dispositivos de comando e sinalização para a ligação de motores elétricos, verificando o princípio de funcionamento e a aplicação em circuitos elétricos. No capítulo 6 estudaremos os esquemas de ligação de motores e as principais partidas de motores elétricos trifásicos. O capítulo 7 apresentará as características e o funcionamento do soft-starter e do inversor, identificando suas rotinas de parametrização. O capítulo 8 apresentará as principais normas técnicas aplicáveis à segurança de instalação de circuitos elétricos. A seguir, são descritos na matriz curricular os módulos e as unidades curriculares previstos e a respectiva carga horária.(Tabela 1). Introdução 1 AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL14 Tabela 1: Técnico em Automação Industrial Módulos denoMInAção unIdAdes CurrICulAres CArgA HorárIA CArgA HorárIA Módulo Módulo Básico Fundamentos técnicos e científicos • Fundamentos da Comunicação • Fundamentos da Eletrotécnica • Fundamentos da Mecânica 100h 140h 100h 340h Módulo Introdutório Fundamentos técnicos e científicos • Acionamento de Dispositivos Atuadores 160 h 180 h 340h • Processamento de Sinais Específico I Manutenção e Implemen- tação de equipamentos e dispositivos • Gestão da Manutenção • Implementação de Equipamentos Dispositivos • Instrumentação e Controle • Manutenção de Equipamentos e Dispositivos 34h 136h 102h 68h 340 h Específico II Desenvolvimento de sistemas de controle e Automação • Desenvolvimento de Sistemas de Controle • Sistemas Lógicos Programáveis • Técnicas de Controle 100h 160h 80h 340h Fonte: SENAI 2 Geração de energia elétrica De onde vem a energia elétrica? Como é gerada? Como surge o sistema trifásico? A tensão já é “criada” com 110V/220V? Muitas vezes fazemos essas perguntas e não conseguimos respostas coerentes. Neste capítulo, vamos responder a alguns desses questionamentos. Veremos alguns aspectos importantes relacionados ao conceito de energia, apresentando seu sistema de geração, transmissão e distribuição. Além disso, analisaremos o sistema elétrico trifásico, que é responsável por boa parte do fornecimento de energia industrial principalmente. 2.1 SIStemaS eLétrIcoS Vamos iniciar com a apresentação de conceitos relativos a sistemas elétricos, abrangendo a geração, as características e as etapas para a geração de energia elétrica. 2.1.1 ConCeito de energia Segundo Capelli (2010), energia é a quantidade de trabalho que um sistema é capaz de fornecer. Ela não pode ser destruída ou criada, somente transformada. Por exemplo, quando abastecemos o carro com combustível, a energia química gerada pela queima do combustível transforma-se em movimento (energia cinética), em calor (energia térmica) e em barulho (energia sonora). Quando uma energia é convertida, somente uma parte é transformada em outro tipo de energia. 2.1.2 SiStema elétriCo trifáSiCo Como foi visto no Módulo Básico, em Fundamentos de Eletrotécnica, a tensão elétrica nada mais é do que a diferença de potencial entre dois pontos, e a corrente alternada é aquela que varia com o tempo. Para iniciar o estudo, devemos ver alguns aspectos sobre geração do sistema de energia. AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL18 A frequência de 60Hz significa que o fluxo magnético através da armadura se alterna entre os valores positivos e negativos 120 vezes por segundo e consequentemente, o mesmo ocorre com a corrente e a tensão? VOCÊ SABIA? 2.1.3 geração de energia elétriCa A geração de energia elétrica ocorre pela transformação de qualquer tipo de energia em energia elétrica. Em relação à distribuição elétrica no mundo, Capelli (2010) diz que ela não é homogênea, já que um terço de toda a população não tem acesso a ela. Isso significa que praticamente 3 bilhões de pessoas vivem, literalmente, no escuro, e metade dessa população está no Continente Africano. Por outro lado, segundo Capelli (2010), os Estados Unidos consomem um quarto de toda a energia elétrica produzida no mundo, o que os torna o segundo consumidor per capita de energia elétrica, perdendo apenas para o Canadá. Dependendo das condições geográficas de cada país, as fontes de energia elétrica são variadas. A Tabela 2 mostra a média mundial das fontes de energia elétrica, enquanto a Figura 1 apresenta o cenário de energia elétrica no Brasil e sua distribuição. 2.1.4 Comparação daS diferenteS fonteS de energia elétriCa no mundo A Tabela 2 e a Figura 1 mostram que o Brasil consome cerca de 73% de energia elétrica hídrica. Assim, o sistema de produção e transmissão de energia elétrica do Brasil pode ser classificado como hidrotérmico de grande porte, com forte predominância de usinas hidrelétricas e com múltiplos proprietários. Tabela 2: Comparação das diferentes fontes de energia elétrica no mundo FonTes de energIA PorCenTAgeM Carvão 40% Hídrica 18% Nuclear 17% Gás 14% Óleo 11% FONTE: CAPELLI, 2010 2 Geração de enerGia elétrica 19 Fontes de Energia Mundial Biomassa 4,8% Energia Eólica Energia de importação 8,6% Derivados do petróleo 3,0% Carvão e Derivados 1,6%Gás natural 6,0% Energia Nuclear 2,8% Figura 1 - Comparação das diferentes fontes de energia elétrica no Brasil (*) Inclui lenha, bagaço de cana, lixívia e outras recuperações. FONTE: LEãO, 2009 A oferta da energia elétrica aos usuários é realizada por meio da prestação de serviço público concedido pelo Governo Federal, para que seja explorado por entidade privada ou governamental. As empresas que prestam serviço público de energia elétrica o fazem por meio de concessão ou permissão estabelecida pelo Poder Público. A Figura 2 mostra uma estrutura básica de transmissão de energia elétrica, desde sua produção até seu consumo. Azul: Vermelho: Preto: Transmissão Distribuição Geração Linha de Transmissão 500, 345, 230, e 138 kV Subestação Transformador Rebaixador Cliente de Subtransmissão de Energia 26kV e 69kV Consumidor Primário 13kV e 4 kV Consumidor Secundário 120V e 240V Empresas de Transmissão de Energia 138kV ou 230kV Transformador ElevadorUsina de Geração de Energia Figura 2 - Estrutura de um sistema elétrico FONTE: LEãO, 2009 Os sistemas elétricos são tipicamente divididos nos seguintes segmentos: geração, transmissão, distribuição, utilização e comercialização. Segundo a ANEEL (Agencia Nacional de Energia Elétrica), as tensões trifásicas mais utilizadas nas redes industriais são: • baixa tensão (BT): tensão igual ou inferior a 1.000V (1kV); • média tensão (MT): tensão superior a 1kV e inferior a 69kV; • alta tensão (AT): tensão igual ou superior a 69kV e igual ou inferior a 138kV; • demais instalações de distribuição: tensão igual ou superior a 230kV. AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL20 2.1.5 o Caminho da energia elétriCa Para que a energia elétrica chegue até sua casa, ela precisa passar pelas seguintes etapas: • Máquina primária – transforma qualquer energia em energia cinética de rotação para ser aproveitada pelo gerador. • Geradores – transformam a energia cinética de rotação das máquinas primárias em energia elétrica. • Transformador – compatibiliza o nível da tensão da saída com a tensão do sistema ao qual o gerador será ligado, podendo elevar ou rebaixar a tensão. • Comando, controle e proteção – controla a interligação de um grupo de geradores, compatibilizando as tensões eo sincronismo da rede antes de comandar o fechamento da linha. Veremos agora alguns aspectos dessas etapas. 2.1.6 máquinaS primáriaS O processo de transformar qualquer tipo de energia em energia cinética de rotação para que possa ser aproveitada pelo gerador ocorre em duas etapas: • na primeira etapa, uma máquina primária transforma qualquer tipo de energia em energia cinética de rotação; • na segunda etapa, um gerador elétrico acoplado à máquina primária transforma a energia cinética de rotação em energia elétrica, através de um gerador. As máquinas primárias são muito utilizadas. As mais conhecidas são: • Turbinas - transforma energia mecânica em eletricidade. • Hidrelétrica – transforma a energia potencial acumulada de alguns milhões de litros de água em energia cinética. • Diesel – transforma a energia térmica do diesel em rotação para o gerador. Essa máquina primária é movida com motor a diesel. • Termelétrica – transforma a água em vapor, que gera uma pressão necessária para movimentar a turbina. Nesse caso, a máquina primária é uma turbina de vapor de água que opera em conjunto com uma caldeira, que transforma a água em vapor. A turbina é alimentada por combustível, que pode ser de vários tipos: sólido de origem mineral (turfa, carvão); sólido de origem vegetal (lenha, serragem, bagaço de cana, pinho, entre outros); líquidos minerais (refinação do petróleo e destilação do xisto betuminoso); líquido vegetal (biodiesel); gasoso de origem mineral (gases de petróleo, gasogênio); e gasoso de origem orgânica (metano). 2 Geração de enerGia elétrica 21 • Termonucleares – funciona de forma idêntica à termelétrica, mas em vez de o combustível ser uma reação química de combustão, tem uma reação nuclear que gera o calor necessário para aquecer a água. • Turbina eólica – transforma a energia contida nos ventos em rotação mecânica de um gerador. Geralmente, o gerador chama-se aerogerador. Pesquise sobre as máquinas termelétricas, termonucleares, a diesel e eólica. SAIBA MAIS Podemos ver um exemplo de utilização de uma máquina primária na usina hidrelétrica. Em uma usina desse tipo, a turbina hídrica transforma a energia potencial da água em desnível em energia cinética de rotação, que é transferida a um eixo acoplado a um gerador, como mostra a Figura 3. Reservatório Barragem Gerador Transformador Casa das Máquinas Linhas de Transmissão Entrada d’água Eclusa Tubulação Turbina Saída d’água Figura 3 - Usina hidrelétrica Fonte: WEG, 2005c 2.1.7 prinCípio de funCionamento de um gerador Segundo o catálogo industrial da empresa WEG, o princípio do funcionamento de um gerador elétrico está baseado no movimento relativo entre uma espira e um campo magnético. Os terminais da espira são conectados a dois anéis, que são ligados a um circuito externo por meio de escovas. Esse tipo de gerador é chamado de armadura giratória, como mostra a Figura 4. AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL22 S N S N S N S N GERADOR DE CORRENTE ALTERNADACampo magnético Campo indutor Anéis coletores Escovas Armadura 1 2 3 4 Figura 4 - Princípio de funcionamento de um gerador elementar Fonte: WEG, 2005c Nesse caso, admitimos que a bobina gira com uma velocidade uniforme no sentido da flecha dentro do campo magnético, também uniforme. A variação da f. e. m.1 (força eletromagnética ou força eletromotriz) no condutor, em função do tempo, é determinada pela lei da indução magnética sobre um polo, como já foi visto na Unidade Curricular Fundamentos de Eletrotécnica. A Figura 5 mostra o corte lateral de uma bobina no campo magnético em doze posições diferentes, separadas em 30º. Podemos perceber que o condutor varia sob um tempo de lei senoidal, gerando, consequentemente, uma onda senoidal. -1 -1 -5 -5 0 0 60 120 130 240 300 360 (b) N S Relação (a) 1 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 o o o o o o o Figura 5 - Distribuição da indução magnética sob um polo Fonte: WEG, 2005c A cada giro completo das espiras teremos um ciclo completo de tensão gerada para uma máquina de um par de polos. Os enrolamentos podem ser constituídos com um número maior de polos, que se distribuem alternadamente (um norte (N) e um sul (S)). 1 f. e. m. A força eletromagnética é também conhecida por força de Laplace. Quando um condutor elétrico percorrido por corrente é atravessado por um campo magnético, surge uma força que atua sobre o condutor. 2 Geração de enerGia elétrica 23 No Brasil, a frequência da rede elétrica é de 60Hz, enquanto no Paraguai e na Inglaterra é de 50Hz. A utilização de baixa frequência facilita a construção de motores de baixa rotação. VOCÊ SABIA? O sistema elétrico trifásico é formado pela associação de três sistemas monofásicos de tensões, de tal forma que a defasagem entre eles seja de 120º. O enrolamento desse tipo de gerador também é constituído por três conjuntos de bobinas dispostas simetricamente no espaço, defasadas, também, em 120º. Para que tenhamos V1=V2=V3, as três bobinas devem ter o mesmo número de enrolamentos e a mesma espessura de fio. A Figura 6 mostra esse tipo de geração. V1 V1 V2 V2 V3 V3 11 12 13 360º 1 Ciclo 120º 120º 120º 120º 1 2 3 4 5 6 Tempo Figura 6 - Sistema trifásico Fonte: WEG, 2005c Esse sistema tem maior eficiência para utilização na indústria simplesmente por ter as três fases defasadas, aumentando, consequentemente, a tensão de trabalho (220V, 380V, 440V e 760V), dependendo do tipo de ligação que façamos. Outro motivo de eficiência decorre do fato de o sistema ser equilibrado, isto é, as tensões em cada fase são iguais entre si. Os motores trifásicos têm o mesmo tamanho de um monofásico, mas possuem uma potência maior e constante, obtendo, assim, uma economia de energia, enquanto o motor monofásico possui uma potência pulsante, não estabilizada. A corrente alternada (CA) foi adotada para transmissão de energia elétrica a longas distâncias devido à facilidade relativa para ter o valor de sua tensão alterada por intermédio de transformadores. Além disso, as perdas em CA são bem menores do que em corrente contínua (CC). VOCÊ SABIA? 2.1.8 atuação do gerador Para o caso de o gerador atuar a vazio (rotação constante), a tensão de armadura dependerá do fluxo magnético gerado pelos polos de excitação, ou , ainda, da corrente que circula pelo enrolamento de campo. AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL24 Uma carga resistiva, quando tem uma carrente de carga, gera uma campo magnético. O gerador quando alimenta uma carga puramente resistiva2, gera um campo magnético polos defasados 90º em atraso em relação aos polos principais, como mostra a Figura 7. Esses polos exercem sobre os polos induzidos uma força contrária ao movimento, gastando potência mecânica para que o rotor possa girar. N N S S Polo Norte Polo Sul Figura 7 - Gerador para carga puramente resistiva Fonte: WEG, 2005c Já com a carga puramente indutiva3, a corrente de carga está atrasada em 90º com relação à tensão, e o campo da armadura estará, consequentemente, na mesma direção do campo principal, mas com polaridade oposta, como mostra a Figura 8. N N S S Figura 8 - Gerador com uma carga puramente indutiva Fonte: WEG, 2005c Este tipo de máquina gera um efeito desmagnetizante. As cargas indutivas armazenam energia em seu campo indutor e a devolvem totalmente ao gerador, sem exercer nenhum conjugado frenante sobre o induzido. Neste caso, só é necessária energia mecânica para compensar as perdas. O que aumenta consideravelmente é a corrente de excitação4 necessária para manter a tensão nominal. No gerador com uma carga puramente capacitiva5, a corrente de armadura para uma carga capacitiva está adiantada em 90º com relação à tensão. Consequentemente, o campo de reação da armadura estará na mesma direção do campo principal e com a mesma polaridade, como mostra a Figura 9. Este tipo de máquina gera um efeito magnetizante. As cargas capacitivas armazenam energia em seu campo elétrico e a devolvem totalmente ao gerador, semexercer também nenhum conjugado (torque) de frenagem sobre o campo induzido. Devido ao efeito magnetizante, será necessário reduzir a corrente de excitação para manter a tensão nominal. 2 CARGA PURAMENTE RESISTIVA É a resistência de uma carga que varia de acordo com tensão x corrente de forma linear. 3 CARGA PURAMENTE INDUTIVA É a resistência de uma carga que varia de acordo com tensão x corrente de forma não linear. Por exemplo, motores e transformadores que produzem potência reativa com corrente atrasada em relação à tensão. 4 CORRENTE DE EXCITAÇãO É a corrente que passa no ramo magnetizante (bobinas). 5 CARGA PURAMENTE CAPACITIVA É a resistência de uma carga que varia de acordo com tensão x corrente de forma não linear. 2 Geração de enerGia elétrica 25 N N S S Figura 9 - Carga puramente capacitiva Fonte: WEG, 2005c A Figura 10 mostra a variação de corrente de excitação para manter a tensão de armadura constante. Carg a in dut iva Carg o res istiva Carga Capacitiva I exc. Uf Figura 10 - Comparação das correntes de excitação Fonte: WEG, 2005c Na prática, encontramos as cargas com defasagem intermediária entre totalmente resistiva, indutiva ou capacitiva. Neste caso, o campo induzido pode ser decomposto em dois campos: um transversal e outro magnetizante ou desmagnetizante. Somente o campo transversal tem um efeito frenante, consumindo, dessa forma, a potência mecânica da máquina acionante. A partir da geração, a energia elétrica é enviada para residências e indústrias onde, dependendo da tensão que sai do gerador, é rebaixada pelos transformadores até chegar a uma tensão de trabalho apropriada. A partir daí, uma aplicação da tensão na indústria é a energização de máquinas e motores elétricos. Veja uma simulação de funcionamento do campo girante no site http://www.walter-fendt.de/ph14e/accircuit.htm. VOCÊ SABIA? AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL26 2.2 coGeração de enerGIa eLétrIca De acordo com a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), a cogeração é um processo de produção combinada de calor e energia elétrica a partir de um mesmo combustível, capaz de produzir benefícios sociais, econômicos e ambientais. A atividade de cogeração contribui efetivamente para a racionalização energética, uma vez que possibilita maior produção de energia elétrica e térmica a partir da mesma quantidade de combustível. VOCÊ SABIA? A cogeração, tanto na geração da energia térmica como em outro tipo de energia, é utilizada diretamente em processos de manufatura, a exemplo de fornos, caldeiras e outros. A cogeração é o reaproveitamento dos resíduos da energia dessas fontes para a geração de energia elétrica, diminuindo, como consequência, as perdas e aumentando o rendimento e o aproveitamento das fontes de energia. Desse modo, a cogeração é a forma mais eficiente de gerar calor e energia elétrica a partir de uma mesma fonte de energia. caSoS e reLatoS “Fazendas de vento” Aproveitar a força dos ventos para a geração de energia elétrica apresenta- se, cada vez mais, como forma de diversificar a matriz energética mundial frente aos impactos ambientais decorrentes do uso de combustíveis fósseis, hidrelétricas, termelétricas e usinas nucleares. Seguindo essa tendência mundial, foi construído e já está em operação, desde 2006, o Complexo Eólico de Osório, no Estado do Rio Grande do Sul, que atualmente é a maior usina eólica da América Latina. A geração de energia produzida pela “fazenda de vento” de Osório complementa o Sistema Integrado Nacional e poderá atender o consumo residencial de cerca de 650 mil pessoas quando estiver em pleno funcionamento. O Parque de Osório possui 75 aerogeradores gigantes, instalados em torres de concreto com 810t, alcançando 135m de altura na ponta da hélice (corresponde a um prédio de 45 andares). Cada aerogerador tem 71m de diâmetro de rotor e varre uma área de 3.959m2 com suas três pás, produzindo 2MW de potência. A cada 100MW médios gerados por parques eólicos são economizados 40m3/s de água na cascata do Rio São Francisco, segundo o Ministério de Minas e Energia. Um ano de geração de energia do Parque Eólico de Osório equivale à redução de emissão de 148.324 toneladas métricas de dióxido de carbono. Lembrando que 1 tonelada métrica é igual a 103 Kg. 2 Geração de enerGia elétrica 27 recapItuLando Neste capítulo estudamos os conceitos atribuídos aos sistemas elétricos, importantes para o entendimento da produção, transformação e transporte da energia elétrica para o sistema industrial ou residencial. Vimos como é o funcionamento de um sistema trifásico, mostrando as etapas de funcionamento para gerar a energia. Vimos que os diferentes tipos de geradores existentes que podem apresentar carga indutiva, resistiva, capacitiva ou intermediária, e observamos algumas características das fontes geradoras de energia elétrica. Estudamos o conceito e o funcionamento da coogeração de energia, mostrando os benefícios que são possíveis com a consequência da geração da energia primária. 3 motores elétricos Um motor elétrico é capaz de transformar a energia elétrica em energia mecânica, utilizando normalmente o princípio do campo magnético. Conforme as características funcionais e de construção, os motores podem ser classificados genericamente como: (a) de corrente contínua, (b) alternados de indução ou assíncronos e (c) alternados síncronos. Este texto apresentará em detalhes apenas os motores de indução trifásicos, mas muitas perguntas existem: Como é o funcionamento básico de um motor elétrico? Como se origina o movimento deste motor? O que é rendimento de um motor? O que é torque? A seguir, apresentamos um breve histórico. 3.1 HIStórIco Sobre motoreS eLétrIcoS A história do motor elétrico tem início em 1600, quando o cientista inglês William Gilbert publicou, em Londres, a obra intitulada De Magnete, descrevendo a força de atração magnética. Porém, o fenômeno da eletricidade estática já havia sido observado pelo filósofo grego Tales de Mileto, em 641 a.C., quando atritou uma peça de âmbar com um pedaço de pano. Ele verificou que a peça de âmbar tinha adquirido a propriedade de atrair corpos leves como pelos, penas, cinzas etc. Séculos se passaram, e em 1820 o físico dinamarquês Hans Christian Oersted, ao fazer experiências com correntes elétricas, verificou que a agulha magnética de uma bússola era desviada de sua posição norte-sul quando passava perto de um condutor no qual circulava corrente elétrica. Essa observação permitiu a Oersted reconhecer a íntima relação entre o magnetismo e a eletricidade, dando, assim, o primeiro passo em direção ao desenvolvimento do motor elétrico. Baseado nessa importante descoberta do físico dinamarquês, o sapateiro inglês William Sturgeon que, paralelamente a sua profissão, estudava eletricidade nas horas de folga, constatou, em 1825, que um núcleo de ferro envolto por um fio condutor elétrico transformava- se em ímã quando se aplicava uma corrente elétrica. Sturgeon observou também que a força do ímã cessava tão logo a corrente fosse interrompida. Assim, surgia o eletroímã, que seria de fundamental importância na construção de máquinas elétricas girantes. AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL30 Já no ano de 1833, o inglês W. Ritchie inventou o comutador, construindo um pequeno motor elétrico no qual um núcleo de ferro enrolado girava em torno de um ímã permanente. Desde 1833, um dos problemas dos motores era o rendimento da transformação da energia elétrica em mecânica, e, portanto, grandes esforços foram feitos para alcançar o objetivo de uma máquina que fizesse essa transformação com o menor desperdício de energia possível. Desse modo, chegou-se ao motor elétrico de indução de gaiola. No entanto, a busca pela melhoria do rendimento continua. Atualmente, os pesquisadores investigam uma antiga ideia, que é a utilização de ímãs permanentes, agora com preços mais acessíveis, e imãs mais potentes. A utilização de ímãs dentrodo rotor reduz a indução de corrente e, como consequência, o fluxo eletromagnético no rotor, resultando em menor aquecimento do motor. Com essa configuração, é possível obter um rendimento do motor entre 95% e 97%, de acordo com a carcaça. Isso indica que as perdas nesse tipo de motor não ultrapassam 5% do total de energia absorvida da rede, economizando, assim, energia. Além da redução de aquecimento gerado, o pacote de chapas com menores densidades de fluxo pode fornecer a mesma potência mecânica, utilizando menos material ativo e reduzindo o tamanho da carcaça do motor. Assim, esse tipo de motor contribui com a eficiência energética não apenas para o usuário, mas também para toda a cadeia de produção, pois é necessária uma quantidade menor de chapas de aço e ferro fundido. A redução do material de produção do motor representa uma grande redução do impacto energético do motor em operação. 3.2 evoLução do motor eLétrIco O desenvolvimento de condutores esmaltados, papéis ou filmes isolantes sintéticos, chapas magnéticas, ligas de alumínio e materiais plásticos contribuiu notoriamente para a redução da relação peso x potência dos motores elétricos, como mostra a Figura 11. 18 91 18 96 18 99 19 01 19 24 19 26 19 30 19 41 19 54 19 64 19 84 88 kg/kW 67 kg/kW 42 kg/kW 29 kg/kW 21 kg/kW 19kg/kW 12 kg/kW 12 kg/kW 11 kg/kW 7,5 kg/kW 6,8 kg/kW Evolução do motor trifásico AEG (relação peso/potência) Figura 11 - Evolução do motor elétrico Fonte: WEG, 2005e 3 Motores elétricos 31 Observe a variação do peso de um motor de mesma potência no decorrer do tempo. Verificamos que o motor atual tem apenas 8% do peso de seu antecessor, fabricado em 1891, de acordo com a Figura 11. Além disso, confrontando os dados de catálogos de diferentes fabricantes em diferentes épocas, constatamos que houve uma redução de peso e, consequentemente, uma redução do tamanho construtivo do motor (para uma mesma potência) de, aproximadamente, 20% a cada década. A exceção ocorre nas duas últimas, pois a redução foi menos acentuada. Isso mostra a necessidade de revisão periódica das normas, para que possamos adaptar a relação entre potências e carcaças aos tamanhos alcançados por meio do desenvolvimento tecnológico. A evolução tecnológica é caracterizada, principalmente, pelo desenvolvimento de novos materiais isolantes que suportam temperaturas mais elevadas. Atualmente, os motores elétricos estão presentes em praticamente todas as instalações industriais, comerciais e residenciais, desde os minúsculos motores que acionam os discos rígidos dos computadores até uma infinidade de motores que acionam nossos eletrodomésticos, chegando até aos enormes motores que movimentam bombas, compressores, ventiladores, moinhos, extrusoras e outras tantas aplicações. Entretanto, independentemente do tamanho e de sua aplicação, todos têm algo em comum: precisam de energia elétrica para produzir trabalho. Se, por um lado, é inevitável o consumo de energia elétrica para a utilização dos motores, por outro a escolha adequada e alguns cuidados especiais no seu uso podem economizar muita energia. Como a indústria necessita de motores para o acionamento das mais variadas cargas, os fabricantes produzem uma grande quantidade de equipamentos com essas características. Podemos constatar essa realidade no campo de acionamentos industriais. Estima-se que entre 70 a 80% da energia elétrica consumida pelo conjunto de todas as indústrias seja transformada em energia mecânica, por meio dos motores elétricos. Isso significa que, admitindo-se um rendimento médio da ordem de 80% do universo de motores em aplicações industriais, 15% da energia elétrica industrial transforma-se em perdas nos motores. VOCÊ SABIA? 3.3 motoreS de corrente aLternada monofáSIcoS Os motores monofásicos são assim chamados porque seus enrolamentos de campo são ligados diretamente a uma fonte monofásica. Os motores de indução monofásicos são a alternativa natural aos motores de indução trifásicos em locais onde não dispomos de alimentação trifásica, tais como residências, escritórios, oficinas e zonas rurais. Apenas se justifica sua utilização para baixas potências (1 a 2kW). AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL32 Entre os vários tipos de motores elétricos monofásicos, destacamos os motores com rotor tipo gaiola, devido à simplicidade de fabricação e, principalmente, por sua robustez, facilidade e manutenção reduzida. Por terem somente uma fase de alimentação, esses motores não possuem um campo girante como os motores trifásicos, mas um campo magnético pulsante. Isso impede que tenham um bom torque, considerando que no rotor se induzem campos magnéticos alinhados com o campo do estator. Para solucionar o problema de arranque em motores monofásicos, devemos utilizar enrolamentos auxiliares, que são dimensionados e posicionados de forma a criar uma segunda fase fictícia, permitindo a formação do campo girante necessário para o arranque. VOCÊ SABIA? 3.4 motoreS de corrente aLternada trIfáSIcoS O motor de indução trifásico é o tipo mais usado tanto na indústria quanto no ambiente doméstico, porque a maioria dos sistemas atuais de distribuição de energia elétrica são trifásicos de corrente alternada. A utilização de motores de indução trifásicos é aconselhável a partir dos 2kW. Para potências inferiores, justifica-se o monofásico. O motor de indução trifásico apresenta vantagens em relação ao monofásico, como arranque mais fácil, menor ruído e custo mais baixo para potências superiores a 2kW. Nos sistemas trifásicos, as tensões padronizadas no Brasil são: 220, 380, 440, 660 e 760V. Os motores trifásicos são ligados às três fases, com ou sem neutro. 3.4.1 motoreS SínCronoS Os motores síncronos são motores de velocidade constante e proporcional com a frequência de rede. Os polos do rotor seguem o campo girante imposto ao estator pela rede de alimentação trifásica. Assim, a velocidade do motor é a mesma do campo girante. Basicamente, o motor síncrono é composto de um campo girante e de um rotor bobinado que é excitado por uma tensão CC. Essa tensão de excitação gera um campo estacionário no rotor que, interagindo com o campo girante, produz um conjugado (torque) no eixo do motor com uma rotação igual ao próprio girante. O maior conjugado que um motor pode fornecer está limitado pela máxima potência que pode ser cedida antes da perda de sincronismo, isto é, quando a velocidade do rotor se torna diferente da velocidade do campo girante, ocasionando a parada do motor (tombamento). A excitação determina também as porcentagens de potência ativa e reativa que o motor retira da rede para cada potência mecânica solicitada pela carga. Este motor é utilizado somente para grandes potências (devido ao seu alto custo em tamanhos menores) ou quando necessitamos de velocidade invariável. 3 Motores elétricos 33 Os motores síncronos têm sua aplicação restrita a acionamentos especiais, que requerem velocidades invariáveis em função da carga. Sua utilização com conversores de frequência pode ser recomendada quando necessitamos de uma variação de velocidade aliada a uma precisão de velocidade mais apurada. Para determinar a rotação do motor síncrono, podemos utilizar a seguinte fórmula: Ns = 120.f2P = 60.f p Em que: Ns = Rotação síncrona (rpm) f = frequência (Hz) 2P = número de polos do motor p = número de pares de polos do motor. A partir dessa fórmula, a Tabela 3 mostra algumas rotações estabelecidas, de acordo com a frequência e o número de polos do motor. Tabela 3: Velocidade do motor em rpm de acordo com o número de polos e frequência de funcionamento nº de Polos 60Hz 50Hz 2 3.600 3.000 4 1.800 1.500 6 1.200 1.000 8 900 750 10 720 600 Fonte: Autor 3.4.2 motoreS aSSínCronoS Os motores assíncronos também são conhecidos como motores de indução. Por serem robustos e mais baratos, são os mais empregados na indústria. Nesses motores, o campo girante tem a velocidade síncrona comose fosse um motor síncrono. Teoricamente, para o motor girando a vazio e sem perdas o rotor teria a velocidade síncrona. Entretanto, ao ser aplicado o conjugado ao motor, seu rotor diminuirá a velocidade na justa proporção necessária para que a corrente induzida pela diferença de rotação entre o campo girante e o rotor passe a produzir um conjugado eletromagnético, igual e oposto ao conjugado externamente aplicado. A rotação do eixo do rotor é expressa por: n= 120 f 2P . (1 - s ) = 60f p . (1 - s ) Em que: n = Rotação assíncrona (rpm) f = frequência (Hz) AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL34 2P = número de polos do motor p = número de pares de polos do motor. s = escorregamento. Os motores assíncronos subdividem-se basicamente em rotor tipo gaiola e rotor rebobinado (anéis). A partir dessa fórmula, a Tabela 4 mostra algumas rotações estabelecidas. Nesse exemplo, o motor tem um escorregamento de 3%, de acordo com a frequência e o número de polos do motor. Tabela 4: Velocidade do motor em rpm de acordo com o número de polos e a frequência de funcionamento MoTor AssínCrono dIFerençA de VeloCIdAde CoM o MoTor sínCrono nº de Polos 50Hz 60Hz 50Hz 60Hz 2 2.910 3.492 90 108 4 1.455 1.746 45 54 6 970 1.164 30 36 8 727,5 873 22,5 27 10 582 698,4 18 21,6 Fonte: Autor Notamos que, na comparação entre um motor síncrono e um assíncrono, com o escorregamento de 3%, quanto maior o número de polos, menor será a diferença do número de rotações entre um motor síncrono e um assíncrono. Isso mostra que, quanto maior for o número de polos, maior a força do motor. Inversamente, quanto maior for o número de polos, menor será o número de rotações por minuto (velocidade) de qualquer um dos motores (síncrono ou assíncrono). 3.4.3 parteS de um motor de indução trifáSiCo O motor de indução trifásico, como mostra a Figura 12, é composto fundamentalmente de duas partes: estator e rotor. 3 2 8 5 12 6 9 101 4 7 11 Figura 12 - Partes de um motor elétrico de indução trifásico Fonte: WEG, 2005f 3 Motores elétricos 35 O estator é composto de: • (1) Carcaça: é a estrutura suporte do conjunto. Tem constituição robusta em ferro fundido ou aço soldado, resistente à corrosão, nesse caso com aletas. • (2) Núcleo de chapas: as chapas são de aço magnético, geralmente em aço- silício, tratadas termicamente e/ou com a superfície isolada para reduzir ao mínimo as perdas no ferro. • (8) Enrolamento trifásico: três conjuntos iguais de bobinas, uma para cada fase, formando um sistema trifásico ligado à rede trifásica de alimentação. O rotor é composto de: • (7) Eixo: em aço, transmite a potência mecânica desenvolvida pelo motor. É tratado termicamente para evitar problemas, como empenamento e fadiga. • (3) Núcleo de chapas: as chapas possuem as mesmas características das chapas do estator. • (12) Gaiola ou enrolamento do rotor: é composta de barras e anéis de curto- circuito no motor tipo gaiola e de bobinas em motor tipo anéis. Pode ser de cobre eletrolítico, latão ou de alumínio injetado. Ainda há outras partes no motor de indução trifásico: • (4) tampas do mancal; • (5) ventilador interno e externo; • (6) tampa defletora ou proteção do ventilador; • (9) caixa de ligação elétrica; • (10) terminais com isolador e pino de ligação; • (11) rolamento; • material isolante. A Figura 13 mostra o motor em vista explodida. Figura 13 - Vista explodida de um motor de indução trifásico Fonte: WEG, 2005f AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL36 3.4.4 prinCípio de funCionamento de um motor de indução trifáSiCo Quando uma bobina é percorrida por uma corrente elétrica após dirigido é criado um campo magnético dirigido conforme o eixo da bobina e de valor proporcional à corrente. O enrolamento é constituído de dois polos, um “norte” e um “sul”, cujos efeitos se somam para estabelecer o campo magnético H. O fluxo magnético atravessa o rotor entre os dois polos e se fecha através do núcleo do estator, como mostra a Figura 14. U1 1 120º 120º 120º b)a) Figura 14 - Enrolamento de motores. a) Monofásico. b) Trifásico Fonte: FRANCHI, 2008 Se a corrente “I” for alternada, o campo H também será, inclusive invertendo o sentido em cada meio ciclo. O campo H é pulsante, pois sua intensidade varia proporcionalmente à corrente, sempre na mesma direção norte-sul. O enrolamento trifásico é formado por três monofásicos espaçados entre si em 120º, como mostra a Figura 14b. Se esse enrolamento for alimentado por um sistema trifásico, as correntes I1, I2 e I3 criarão, do mesmo modo, seus próprios campos magnéticos H1, H2 e H3. Além disso, como são proporcionais às respectivas correntes, os campos são defasados também de 120º entre si. O campo total H resultante, a cada instante, será igual à soma gráfica dos três campos H1, H2 e H3 naquele instante. 3.4.5 tipoS de motoreS de indução trifáSiCoS motor com rotor tipo gaiola Os motores com rotor tipo gaiola também são chamados de gaiola de esquilo. Seu rotor tem a característica de ser curto-circuitado, assemelhando- se à Figura 15. 3 Motores elétricos 37 Figura 15 - Motor assíncrono com rotor tipo gaiola Fonte: FRANCHI, 2008 De acordo com Franchi (2008), o rotor tipo gaiola é o mais robusto de todos. Não exige o uso de escovas e nem comutadores, o que evita muitos problemas relacionados ao desgaste e à manutenção. A forma mais simples desse motor apresenta um conjugado de partida fraco, e o pico de corrente na partida alcança até 10 vezes o valor da corrente nominal do motor. Esses aspectos podem ser melhorados parcialmente pela construção do próprio rotor. motor com rotor de anéis Possui as mesmas características de um motor de indução com relação ao estator, mas seu rotor é bobinado com um enrolamento trifásico, acessível através de três anéis com escovas coletoras no eixo. Graças às características do ajuste da curva de conjugado x rotação, em função do aumento da resistência rotórica pela inclusão de resistores externos, esses motores são largamente utilizados no acionamento de sistemas de elevada inércia e nos casos em que o torque resistente em baixas rotações seja alto, comparando-se ao torque nominal. Por outro lado, para acionamentos com baixa inércia, esses motores podem apresentar correntes de aceleração reduzidas. motor de múltiplas velocidades É o motor de múltiplas velocidades diferentes em um mesmo eixo. A grande maioria desses motores são utilizados apenas para um valor de tensão, pois as religações disponíveis em geral permitem somente a troca das velocidades. A potência e a corrente para cada rotação são diferentes. Existem basicamente dois tipos: motor de enrolamentos separados e motor tipo Dahlander. Vejamos as características de cada um. AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL38 a) Motor de enrolamentos separados Devido ao fato de a rotação de um motor elétrico (rotor gaiola) depender do número de polos magnéticos formados internamente em seu estator, este tipo de motor possui, na mesma carcaça, dois enrolamentos independentes e bobinados com números de polos diferentes. Ao alimentar um ou outro haverá duas rotações, uma chamada baixa, e outra, alta. As rotações dependerão dos dados construtivos do motor, e há necessariamente relação entre baixa e alta velocidade. Exemplos: 6/4 polos (1.200 /1.800rpm); 12/4 polos (600/1.800rpm) etc. Os motores de enrolamentos separados ainda apresentam as seguintes características: • Não há possibilidade de o motor girar em duas rotações simultaneamente • Nos terminais não conectados à rede haverá tensão induzida gerada pela bobina que está conectada • Caso circule corrente no enrolamento que não está sendo alimentado, surgirá um campo magnético que interferirá com o campo do enrolamento alimentado • Não pode circular corrente no bobinado que não está sendo utilizado. FIQUE ALERTA Ao alimentar uma das rotações, devemos ter cuidado para que a outra esteja completamente desligada, isolada e com o circuito aberto. b) Motor dahlander O motor Dahlander é um motor com enrolamentoespecial que pode receber dois fechamentos diferentes, de forma a alterar a quantidade de polos, proporcionando, assim, duas velocidades distintas, mas sempre com relação 1:2. Exemplos: 4/2 polos (1.800/3.600rpm); 8/4 (900/1.800rpm). A Figura 16 mostra esse tipo de motor, que pode ser aplicado em talhas, elevadores, correias transportadoras, máquinas e equipamentos em geral ou outras aplicações que requeiram motores assíncronos de indução trifásicos com duas velocidades. Figura 16 - Motor Dahlander Fonte: WEG, 2005d 3 Motores elétricos 39 motor de tripla velocidade Um motor de três velocidades pode ser construído basicamente de duas formas: três enrolamentos separados ou um enrolamento comum com um Dahlander. É de extrema importância que o enrolamento Dahlander possa ser aberto no segundo caso, pois, do contrário, surgirão correntes induzidas quando for alimentado o enrolamento comum que influenciarão no funcionamento do motor; portanto, essas correntes induzidas não podem existir. A razão para serem evitadas é que, nesses motores, temos exatamente o sistema de um transformador trifásico. Os motores com três enrolamentos preferencialmente são fechados em estrela para evitar os mesmos problemas. Caso necessitem da ligação triângulo, é imprescindível que haja a possibilidade de interrompê-la quando não estiver sendo alimentada. motor com freio (motofreio trifásico) O motor com freio é formado por um motor trifásico de indução com um freio a disco. O motor é fechado, com ventilação externa, e o freio é constituído de duas pastilhas e com o mínimo de partes móveis, provendo pouco aquecimento por atrito. O sistema de ventilação é responsável pelo resfriamento do motor. Assim, o conjunto do motor com o freio forma uma unidade bastante compacta. O freio é ativado por um eletroímã cuja bobina opera normalmente dentro de uma faixa de tensão de alimentação do freio, conforme características técnicas dadas pelo fabricante. Sua alimentação é fornecida por uma fonte de corrente contínua constituída por uma ponte retificadora alimentada diretamente pela rede elétrica local. O circuito de alimentação do eletroímã é acionado pelo mesmo circuito de comando do motor. Assim, quando o circuito de comando do motor é desligado, a fonte de alimentação do eletroímã é interrompida, liberando as molas de pressão que pressionam as pastilhas de metal do disco de frenagem rigidamente presas ao eixo do motor. As pastilhas são comprimidas pelas duas superfícies de atrito, sendo uma formada pela tampa e a outra, pela própria armadura do eletroímã. Para que ocorra o deslocamento da armadura do eletroímã é necessário que a f. e. m. (força eletromotriz) seja inferior à força exercida pela mola, que ocorre quando o motor é acionado. O eletroímã é energizado, atraindo sua armadura na direção oposta à força da mola e permitindo que o disco de frenagem gire livre de atrito. Este motor é utilizado principalmente na indústria. AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL40 A Figura 17 mostra o motor com freio. Figura 17 - Motor elétrico trifásico com freio Fonte: WEG, 2005d Ligação de motores em frequências diferentes Para fazer a ligação de motores em frequências diferentes, você deve ter os seguintes cuidados: a) ligar um motor de 50Hz com a mesma tensão para uma frequência de 60Hz: • a potência do motor é a mesma; • a corrente nominal é a mesma; • a corrente de partida diminui 17%; • o conjugado de partida diminui 17%; • o conjugado máximo diminui 17%; • a velocidade nominal aumenta 20%. Você deve observar os valores de potência requeridos para motores que acionam equipamentos que possuem conjugados variáveis com a rotação. b) Alterar a tensão proporcional à frequência: • aumenta a potência do motor em 20% (nem sempre ocorre esse aumento); • a corrente nominal é a mesma; • a corrente de partida será aproximadamente a mesma; • o conjugado de partida será aproximadamente o mesmo; • a rotação nominal aumenta 20%. Quando o motor for ligado em 60Hz com bobinagem de 50Hz, podemos aumentar a potência em 15% para 2 polos e 20% para 4, 6 ou 8 polos. Pesquise mais detalhes sobre o funcionamento de um motor trifásico tipo gaiola no Youtube: http://www.youtube.com/ watch?v=_ZkwMLVPIro&feature=player_embedded# e http:// www.youtube.com/watch?v=Lv9_04UlV4s&feature=related. SAIBA MAIS 3 Motores elétricos 41 3.4.6 prinCipaiS problemaS que oCorrem em um motor aSSínCrono Os motores assíncronos possuem alguns problemas que devem ser detectados para evitar perdas com outros componentes. Os principais problemas estão descritos na Tabela 5. Tabela 5: Principais problemas e suas causas de um motor assíncrono ProbleMAs CAusAs ProVáVeIs Marcha trepidante - acoplamento mal equilibrado; - condutor de alimentação interrompido; - corpo estranho no entreferro. O motor não gira (inter- rupção da alimentação) - carcaça mal fixada; - as escovas não assentam sobre os anéis; - tensão excessivamente baixa; - interrupção no arrancador. Arranque brusco - resistência demasiado baixa no arranque (rotor bobinado); - arrancador parcialmente interrompido ou com contatos queimados; - arrancador mal ligado; - curto-circuito entre espiras do enrolamento do rotor. O motor arranca com dificuldade - tensão na rede muito baixa; - queda de tensão excessiva nos condutores de alimentação; - carga excessiva; - um terminal do motor trifásico está ligado por erro ao neutro. O motor produz um zum- bido no arranque - resistências diferentes no reostato de arranque; - curto-circuito entre espiras do rotor; - interrupção num enrolamento do rotor. Aquecimento excessivo do motor em funcionamento - carga excessiva; - tensão demasiado elevada (perdas elevadas no ferro); - tensão demasiado baixa (consumo excessivo de corrente); - condutor de fase partido (consumo excessivo de corrente); - interrupção em um dos enrolamentos do estator; (consumo excessivo de corrente). Fonte: MATIAS, 2002 3.5 caracteríStIcaS doS motoreS Como um motor elétrico consegue gerar movimento? Que tipo de motor devemos utilizar para um trabalho específico? Como conseguimos determinar a tensão e o torque que serão utilizados em determinado motor, de acordo sua atividade? Essas são perguntas importantes que serão explicadas a seguir, mostrando as principais características elétricas e construtivas dos motores, aspectos importantes para a escolha correta do motor. AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL42 3.5.1 eSpeCifiCaçõeS de um motor elétriCo O processo de especificação de um motor elétrico corresponde à escolha de um motor industrialmente disponível que possa atender, pelo menos, a três requisitos do consumidor: • características da rede de alimentação – tipo, tensão, frequência etc.; • características do ambiente – altitude, temperatura, agressividade etc.; • características da carga acionada – potência, rotação, esforços mecânicos, torques requeridos etc. Esse processo, além de não envolver a coleta de informações para a definição das características construtivas e de desempenho do motor, também visa otimizar a escolha sob a ótica da economia e da confiabilidade. A Figura 18 apresenta a divisão dos motores de acordo com cada tipo. Split - Phase Capacitor de Partida Capacitor Permanente Pólos Sombreados Repulsão Relutância Histerese de Gaiola de Anéis Imã Permanente Pólos Salientes Pólos Lisos Gaiola de Esquilo Rotor Bobinado Assíncrono Síncrono Monofasico Trifasico Excitação Série Excitação Independente Excitação Compound Imã Permanente Motor CC Motor CA Capacitor de dois Valores Assíncrono Síncrono Figura 18 - Divisão dos motores de acordo com a sua característica de funcionamento Fonte: WEG, 2005e A partir dessa estrutura, teremos a seguinte divisão: • Motores de corrente contínua – São motores de custo mais elevado, que necessitam de uma fonte de corrente contínua ou de um dispositivo que converta a corrente alternada comum em contínua. Podem funcionar com velocidade ajustável
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