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ARTIGO ARBITRAGEM

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SEMINÁRIO DE ARBITRAGEM: Árbitros e 
princípios norteadores. 
 
Simone Helen Drumond Ischkanian 
 
Ana Luzia Amaro 
Ana Paula Mesquita 
Dilani Mc Comb 
Erick Miranda Mesquita 
Gabriel de Carvalho 
Márcia Amanda da Silva Pereira 
Marlon Seabra 
 
INTRODUÇÃO 
 
A arbitragem é um método alternativo de resolução de conflitos que vem 
ganhando espaço e reconhecimento no cenário jurídico e empresarial. Este método 
proporciona uma forma mais ágil, flexível e especializada para solucionar disputas, sem 
a necessidade de recorrer ao Poder Judiciário. 
Ao optar pela arbitragem, as partes envolvidas têm a oportunidade de escolher 
árbitros especializados no tema da controvérsia, o que muitas vezes resulta em decisões 
mais técnicas e assertivas. Além disso, a arbitragem oferece maior confidencialidade, 
pois as discussões e decisões são realizadas em um ambiente mais reservado. 
A própria lei Arbitral (Lei nº 9.307/96) é fundamentada nos seguintes 
princípios: contraditório; igualdade das partes; da imparcialidade do árbitro e de seu 
livre convencimento Não podemos deixar de citar outros dois princípios fundamentais 
no instituto arbitral, a garantia processual e autonomia da vontade. Dentre as diversas 
formas de resolução de conflitos encontramos a arbitragem. Se para alguns pode parecer 
um instituto jurídico recente na realidade encontramos a sua origem no inicio da historia 
do próprio direito. 
Percebemos que no transcorrer da historia da humanidade o choque de forcas 
contrarias sempre fez parte de nossa sociedade, sendo considerada por Luiz Antonio 
Scavone Junior como uma das características mais importantes da sociedade, já que 
quando ha o equilíbrio entre esses choques de forca, então teremos um equilíbrio, 
permitindo assim que a sociedade, ou grupo social, progrida ou se mantenha estável, 
sendo que quando essas forcas não estiverem em equilíbrio o grupo social tende a entrar 
em crise ou a se estancar. Sempre existindo o conflito sempre se fez necessário buscar a 
sua solução. 
Essa forma de solução de conflito mostrava-se instável e na medida em que a 
humanidade estava evoluindo, começa-se a se perceber que poderiam resolver os 
conflitos através do bom senso e da razão, substituindo assim a forca bruta. A 
humanidade evoluiu assim para uma nova forma de resolução de conflitos denominada 
de autocomposição. 
A expressão autocomposicão e atribuída a Carnelutti, em sua obra Sistema de 
Direito Processual Civil, verbis: 
 “(...) Na realidade, posto que unicamente por meio da vida em sociedade os 
homens podem satisfazer grande parte das suas necessidades, e posto que a guerra 
entre eles desagrega a sociedade, a composição (solução pacífica) dos conflitos se 
converte em interesse coletivo (público), ao qual poderíamos dar, para distingui-lo dos 
interesses em conflito (internos), o nome de interesse externo.” 
Num primeiro momento a forma de solucionar os conflitos era através da 
resolução pela forca, ou seja aquele que detinha a maior forca física “tinha o direito”, 
nesse período, denominado de autodefesa ou autotutela podemos localizar não só 
através dos documentos herdados do direito romano, bem como diversas outras 
civilizações utilizavam essa forma para solucionar os conflitos existentes. 
A arbitragem estava prevista no Código Civil de 1916 entre os meios indiretos 
de pagamento, sob o título de “compromisso” (arts. 1.037 a 1.048), mas não encontrou 
larga utilização como meio de solução de conflitos, tendo em vista que, nos arts. 1.085 a 
1.102, o Código de Processo Civil de 1973 exigia a homologação do então denominado 
“laudo arbitral” (hoje equivalente à sentença arbitral), por sentença judicial com todos 
os recursos inerentes). 
Conforme Cretella Junior, “no início, os primitivos romanos, como inúmeros 
outros povos, fazem justiça com as próprias mãos, defendendo o direito pela força.” 
Então temos que nesse período aquele que tivesse interesse sobre determinado bem da 
vida e diante de qualquer obstáculo para buscar o que queria iria retirar esses obstáculos 
utilizando os seus próprios meios, dessa forma, afastava todos os outros que também 
quisessem buscar aquele bem da vida. Nessa etapa o que prevalecia era a lei do mais 
forte, sendo o conflito resolvido pelos próprios indivíduos envolvidos com a questão, o 
que poderia vir a ocorrer de forma isolada ou através de grupos. 
Com o advento da autocomposicão, as soluções buscavam ser baseadas na 
razão e no bom senso, mas mesmo assim, elas eram instáveis, pois dependiam que esse 
bom senso e essa razão permanecessem-se. 
Na autocomposicão verificamos três formas diferenciadas de solucionar o 
conflito existente. Poderia assim ocorrer a desistência, onde se perde o interesse que se 
tinha por aquele bem, renunciando assim, a pretensão. 
Podemos nos depara com a situação da submissão, nessa hipótese o interessado 
continua querendo aquele bem, porem prefere ceder ao outro por algum motivo, 
estamos assim diante da renuncia a resistência oferecida a pretensão. 
E por fim, podemos encontrar a transação, onde os dois interessados irão ceder 
um pouco de tal sorte que eles irão chegar a uma espécie de meio termo. 
 
1. ÁRBITROS E PRINCÍPIOS NORTEADORES 
Os árbitros desempenham um papel fundamental em processos de resolução de 
disputas por meio da arbitragem. Eles são responsáveis por tomar decisões imparciais e 
justas, baseadas em provas e argumentos apresentados pelas partes envolvidas. 
Para garantir a integridade e eficácia do processo arbitral, existem diversos 
princípios norteadores que devem ser observados: 
1.1 Imparcialidade e independência: O árbitro deve ser imparcial e 
independente, não favorecendo nenhuma das partes envolvidas. Isso assegura que as 
decisões tomadas sejam justas e equilibradas. 
1.2 Competência-competência: Este princípio estabelece que o árbitro tem o 
poder de decidir sobre sua própria competência, incluindo questões relativas à 
existência, validade e eficácia do contrato de arbitragem. 
1.3 Igualdade das partes: As partes devem ser tratadas com igualdade 
durante o processo arbitral, garantindo que ambas tenham a oportunidade de apresentar 
seus argumentos e provas. 
1.4 Contraditório e ampla defesa: As partes devem ser informadas e ter a 
oportunidade de se manifestar sobre todas as questões relevantes no processo, 
assegurando o direito ao contraditório e à ampla defesa. 
1.5 Confidencialidade: A arbitragem é geralmente um processo 
confidencial, o que significa que as informações e documentos relacionados ao caso não 
devem ser divulgados a terceiros sem o consentimento das partes. 
1.6 Decisão fundamentada: O árbitro deve fundamentar sua decisão, 
explicando as razões que a levaram a tomar determinado posicionamento, o que permite 
às partes entenderem os motivos da decisão. 
1.7 Finalidade e execução das decisões: As decisões arbitrais são finais e 
vinculativas para as partes envolvidas, e devem ser executadas pelas partes conforme 
estabelecido na lei aplicável ou no contrato. 
1.8 Respeito aos princípios do direito: As decisões dos árbitros devem ser 
baseadas nos princípios do direito aplicável ao caso, respeitando as normas legais, 
contratuais e os usos e costumes do comércio internacional, quando aplicável. 
É importante que os árbitros, as partes e os advogados envolvidos no processo 
estejam cientes e respeitem esses princípios para garantir a eficácia e integridade da 
arbitragem como meio de resolução de disputas. 
 
2. QUEM PODE SER ÁRBITRO. 
Um profissional com capacidade plena e que goze de credibilidade pode ser 
indicada para atuar como árbitro em um processo de arbitragem. Posta assim a questão, 
tratando-se de pessoa natural, o árbitro deve ser absolutamente capaz, ou seja, deve ter 
capacidade de exercício pessoal dos direitos, o que significa dizer que não pode estar 
incluído em nenhuma das causas de incapacidade relativaou absoluta, determinadas, 
respectivamente, nos arts. 3º e 4º do CC, sendo que a cessação das incapacidades se dá 
pela cessação das causas que a determinam e, para os menores, está disciplinada pelo 
art. 5º do CC 
No entanto, existem certos requisitos e características desejáveis que são 
frequentemente considerados ao escolher um árbitro: 
2.1 Capacidade plena: O árbitro deve ter capacidade legal para exercer os 
direitos e deveres decorrentes da função, o que significa que não pode ser incapaz ou 
impedido por lei de exercer atividades jurídicas. 
2.2 Imparcialidade e independência: É fundamental que o árbitro seja 
imparcial e independente em relação às partes e ao objeto da arbitragem. Ele não deve 
ter interesses pessoais ou profissionais que possam comprometer sua imparcialidade. 
2.3 Conhecimento técnico: O árbitro deve ter conhecimento técnico ou 
experiência na área específica do litígio. Em casos comerciais, por exemplo, pode ser 
desejável que o árbitro tenha experiência em direito comercial, contratos ou na indústria 
em questão. 
2.4 Credibilidade e integridade: A reputação do árbitro é crucial para a 
aceitação das partes e para a validade da decisão arbitral. Ele deve ser reconhecido pela 
sua integridade, ética profissional e competência técnica. 
2.5 Habilidade de comunicação: Um bom árbitro deve ter habilidades de 
comunicação eficazes para conduzir o processo de forma clara, justa e eficiente, 
garantindo que as partes compreendam o procedimento e possam apresentar seus 
argumentos adequadamente. 
2.6 Disponibilidade: O árbitro deve estar disponível para dedicar o tempo 
necessário ao processo arbitral, garantindo que o procedimento ocorra de forma ágil e 
sem atrasos desnecessários. 
2.7 Formação jurídica: Embora não seja obrigatório que o árbitro tenha 
formação jurídica, é comum que seja advogado, juiz, professor de direito ou profissional 
com formação jurídica, especialmente em arbitragens que envolvam questões 
complexas de direito. 
2.8 Formação específica em arbitragem: A formação ou especialização em 
arbitragem pode ser um diferencial, pois demonstra familiaridade com as regras, 
procedimentos e princípios que regem a arbitragem. 
É importante destacar que, em algumas jurisdições ou sob as regras de certas 
instituições arbitrais, podem existir requisitos específicos para a qualificação dos 
árbitros. Além disso, as partes envolvidas no processo de arbitragem geralmente têm o 
direito de escolher ou aprovar os árbitros, o que pode influenciar na seleção do perfil 
desejado. 
Os árbitros deverão ser pessoas capazes e que gozem da confiança das partes 
(art. 13, caput, da Lei 9.307/1996): “Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha 
a confiança das partes”. 
Não podemos esquecer que, nos termos do art. 18 da Lei de Arbitragem, o 
árbitro é juiz de fato e de direito, prolata sentença que não está sujeita a recurso ou a 
homologação pelo Poder Judiciário, constituindo título executivo judicial. 
A capacidade é instituto de direito civil, de tal sorte que nele vamos buscar 
subsídios para identificar quem pode ser árbitro. Com efeito, a capacidade é termo 
genérico. De fato, toda pessoa é dotada de personalidade jurídica, ou seja, de capacidade 
de ser titular de direitos e obrigações (capacidade de direito ou capacidade de gozo dos 
direitos). 
Este é o mandamento insculpido no art. 1º do CC: “Toda pessoa é capaz de 
direitos e deveres na ordem civil”. Todavia, não é da capacidade de gozo dos direitos 
(ou capacidade de direito) que o art. 13 da Lei de Arbitragem trata, mas, de outro lado, 
da capacidade de exercício pessoal dos direitos (ou capacidade de fato), que já contém a 
capacidade de gozo dos direitos. 
O art. 13 da Lei de Arbitragem, ao tratar do árbitro, apenas e tão somente exige 
que seja “pessoa capaz e que tenha a confiança das partes”. Ora, é cediço que as pessoas 
podem ser naturais ou jurídicas. 
É evidente que pessoa jurídica também é pessoa, dotada, igualmente, de 
personalidade jurídica que, aliás, é distinta daquela atribuída aos seus membros. 
Nos termos do art. 45, caput, do CC, começa a existência legal das pessoas 
jurídicas de direito privado com o registro dos seus atos constitutivos (estatutos ou 
contratos sociais) no registro que lhes é peculiar. A partir de então, passam a ter 
personalidade jurídica e, portanto, a capacidade de serem titulares de direitos e 
obrigações. a pessoa jurídica produzirá a sentença arbitral devidamente representada, 
posto que “obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites 
de seus poderes definidos no ato constitutivo” (art. 47 do CC). 
O árbitro ideal é alguém que combine conhecimento técnico, imparcialidade, 
integridade, habilidades de comunicação e disponibilidade, garantindo um processo 
justo, eficiente e confiável para as partes envolvidas. 
Não se pode olvidar que a qualidade de personalíssima da atividade arbitral, 
como se costuma sustentar para impedir o desempenho da função por pessoa jurídica, 
decorre do superlativo de “pessoal”, que encontra sua origem no latim personale, ou 
seja, relativo ou pertencente à pessoa ou relativo a uma só pessoa e, até, o significado de 
individual ou particular, que são características que não se divorciam da existência ou 
da personalidade jurídica da pessoa jurídica. 
Direitos da personalidade (art. 52 do CC), inalienáveis, imprescritíveis e 
irrenunciáveis, pode, evidentemente, desempenhar atividades reputadas como 
personalíssimas. 
 
3. PODERES, DEVERES DOS ÁRBITROS E EQUIPARAÇÃO AOS 
FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS NO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO 
 
Os árbitros têm poderes e deveres específicos que são essenciais para o 
desempenho de suas funções de forma eficaz e imparcial. De acordo com o art. 18 da 
Lei 9.307/1996, “o árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica 
sujeita a recurso ou a homologação pelo Poder Judiciário”. 
Em muitas jurisdições, os árbitros são equiparados a funcionários públicos no 
exercício de suas funções, o que implica em certas responsabilidades adicionais. Vamos 
explorar os poderes, deveres dos árbitros e essa equiparação: 
3.1 Poderes dos Árbitros: 
3.1.1 Poder de decidir: Os árbitros têm o poder de proferir decisões finais e 
vinculativas sobre as questões submetidas à arbitragem, conforme estabelecido pelas 
partes ou pela legislação aplicável. 
3.1.2 Poder de ordem: Eles podem estabelecer regras e procedimentos para a 
condução do processo arbitral, garantindo um andamento justo e eficiente. 
3.1.3 Poder de determinar provas: Os árbitros podem determinar a produção 
de provas, solicitar documentos, ouvir testemunhas e especialistas, e decidir sobre a 
admissibilidade e relevância das provas apresentadas. 
3.1.4 Poder de ordenar medidas cautelares: Em certos casos, os árbitros 
podem ordenar medidas cautelares ou provisórias para proteger os direitos das partes 
durante o curso da arbitragem. 
3.2 Deveres dos Árbitros: 
3.2.1 Imparcialidade e independência: O árbitro deve ser imparcial e 
independente, evitando qualquer situação que possa comprometer sua imparcialidade ou 
criar um conflito de interesses. Nos termos do art. 13, § 6º, da Lei 9.307/1996, são 
deveres dos árbitros no desempenho de suas funções: 
3.2.2 Dever de confidencialidade: Os árbitros têm o dever de manter a 
confidencialidade das informações e documentos relacionados ao processo arbitral, 
salvo autorização das partes ou quando exigido por lei. 
3.2.3 Dever de diligência: O árbitro deve conduzir o processo de forma 
diligente, garantindo que as partes sejam tratadas com igualdade e que o procedimento 
seja concluído de maneira oportuna. 
3.2.4 Dever de fundamentação: As decisões e os procedimentos adotados 
pelo árbitro devem ser devidamente fundamentados, permitindo que as partes 
compreendam as razões por trás das decisões tomadas. 
3.2.5 Dever de comunicação: Oárbitro deve manter as partes informadas 
sobre o andamento do processo, garantindo que sejam ouvidas e tenham a oportunidade 
de apresentar seus argumentos e provas. 
3.2.6 Discrição: Tendo em vista este dever, imposto por lei, o árbitro deve 
manter sigilo daquilo que tem conhecimento em razão da arbitragem, de tal sorte que as 
partes podem incluir na cláusula ou no compromisso arbitral – sem descartar as regras 
da entidade especializada – a obrigação de não fazer, ou seja, de não divulgar aquilo que 
o árbitro tem conhecimento em razão do seu mister. Descumprida a obrigação, 
responderá por perdas e danos (arts. 189 e 389 do CC). Tal assertiva empresta 
supedâneo, inclusive, ao sigilo que envolve a arbitragem, apontado, normalmente, como 
uma de suas vantagens em relação à solução judicial. 
3.3 Equiparação aos funcionários públicos: 
Em muitas jurisdições, os árbitros são equiparados a funcionários públicos no 
exercício de suas funções, especialmente no que se refere à responsabilidade civil e 
criminal. Em consonância com o acatado, nos termos do art. 17 da Lei de Arbitragem, 
“os árbitros, quando no exercício de suas funções ou em razão delas, equiparados aos 
funcionários públicos, para os efeitos da legislação penal”, ou seja, pelas infrações 
penais que praticar e em relação às infrações penais que contra ele forem praticadas. 
Isso significa que: 
3.3.1 Responsabilidade civil: Os árbitros podem ser responsabilizados 
civilmente por danos causados às partes devido a negligência, imprudência ou má 
conduta no exercício de suas funções. 
3.3.2 Responsabilidade criminal: Em casos de má conduta grave, como 
corrupção, fraude ou violação grave dos deveres éticos e legais, os árbitros podem 
responder criminalmente pelas suas ações ou omissões. 
3.3.3 Imunidade Parcial: No entanto, os árbitros geralmente gozam de certa 
imunidade em relação a processos judiciais relacionados às decisões proferidas durante 
o processo arbitral, desde que essas decisões tenham sido tomadas de boa-fé e dentro 
dos limites de sua competência. 
Em apanhado, os árbitros têm poderes para conduzir o processo de arbitragem, 
tomar decisões e determinar provas, enquanto têm o dever de atuar com imparcialidade, 
diligência, confidencialidade e transparência. Além disso, a equiparação aos 
funcionários públicos implica em responsabilidades adicionais e em certa imunidade em 
relação às decisões tomadas no exercício de suas funções. Ao compreender que o árbitro 
é juiz de fato e de direito, significa apenas que o árbitro, no desempenho de sua função 
– e apenas enquanto está desempenhando a função de árbitro –, é equiparado ao 
magistrado e pode decidir de forma impositiva o caso que se lhe é submetido nos termos 
dos arts. 18 e 31 da Lei de Arbitragem. Não significa, como é óbvio, que o árbitro tenha 
as mesmas prerrogativas funcionais de um magistrado. 
Posta desta maneira a questão, possível concluir que a lei quis imputar ao 
árbitro a mesma responsabilidade do juiz togado no desempenho da função, mormente 
porque o equiparou, no art. 18 da Lei de Arbitragem, ao juiz togado no desempenho de 
suas funções. 
Atribui-se ao procedimento mais garantias, evitando desvios do árbitro, 
notadamente a concussão, a corrupção e a prevaricação. Como o art. 17 equiparou o 
árbitro aos funcionários públicos “para os efeitos da legislação penal”, não se descarta, 
inclusive, que no desempenho da função, além de praticar crimes contra a 
administração, seja sujeito de crimes em face de funcionários públicos, como a 
corrupção ativa, tráfico de influência, desacato e desobediência (arts. 330 a 333 do CP). 
 
4. O SIGNIFICADO DA EXPRESSÃO “TRIBUNAL ARBITRAL”. 
A expressão "tribunal arbitral" refere-se ao órgão colegiado ou individual 
composto por árbitros responsáveis por julgar e decidir uma disputa submetida à 
arbitragem. 
O tribunal arbitral é o equivalente ao "juiz" ou "corte" em processos judiciais 
tradicionais, porém, no contexto da arbitragem. A par da celeuma acerca do termo 
“tribunal arbitral” utilizado pela Lei 9.307/1996, percebe-se claramente que se quis 
empregá-lo para significar o colegiado de árbitros na arbitragem desenvolvida por mais 
de um árbitro, diferenciando a arbitragem colegiada, formada pelo “tribunal arbitral”, da 
arbitragem desenvolvida com árbitro único. não são exclusivas do Poder Judiciário; a 
própria Constituição Federal (arts. 71 e 75) assim se refere a órgão que não integra o 
Poder Judiciário. Do mesmo modo, a lei ordinária preconiza a existência de diversos 
órgãos não judiciais, com igual terminologia. 
A Lei 9.307, de 23 de setembro de 1996, admite a arbitragem para dirimir 
litígios de direitos patrimoniais disponíveis e faculta às partes escolherem livremente as 
regras de direito aplicáveis, desde que não violem os bons costumes e a ordem pública. 
De certo modo é uma forma alternativa de composição entre as partes, por meio da 
intervenção de terceiro indicado por elas e gozando da absoluta confiança de ambas. Tal 
lei se aplica somente aos chamados direitos patrimoniais disponíveis, isto é, às questões 
que se refiram a bens de valor econômico e monetário quantificados, e que possam ser 
comercializados livremente. Aqui estão alguns aspectos importantes relacionados ao 
significado e características do "tribunal arbitral": 
4.1 Composição: 
O tribunal arbitral pode ser composto por um árbitro único ou por um painel 
de três árbitros. A escolha depende das partes e pode ser determinada pelo contrato de 
arbitragem ou pelas regras da instituição arbitral aplicável. 
4.2 Funções e poderes: 
O tribunal arbitral é responsável por proferir decisões sobre as questões 
submetidas à sua apreciação. Essas decisões são finais e vinculativas para as partes, 
similar às sentenças judiciais. O tribunal arbitral gerencia o processo arbitral, definindo 
prazos, conduzindo audiências, admitindo provas e garantindo que o procedimento seja 
conduzido de acordo com as regras aplicáveis e princípios da arbitragem. 
4.3 Características: 
 Assim como os árbitros individuais, o tribunal arbitral deve ser imparcial e 
independente, garantindo que todas as partes sejam tratadas com igualdade e justiça. O 
tribunal arbitral deve manter a confidencialidade das informações e documentos 
relacionados ao processo, salvo autorização das partes ou quando exigido por lei. 
4.4 Equiparação ao poder judiciário: 
O tribunal arbitral exerce uma função jurisdicional, resolvendo conflitos de 
interesse das partes de forma definitiva e vinculativa, com base no direito aplicável e 
nos princípios da arbitragem. A decisão proferida pelo tribunal arbitral é formalizada na 
"sentença arbitral", que tem o mesmo efeito de uma sentença judicial, sendo 
reconhecida e executada pelos tribunais judiciais conforme a legislação arbitral 
aplicável. 
4.5 Substituição do poder judiciário: 
Uma das vantagens da arbitragem é a possibilidade de as partes escolherem 
os árbitros e, consequentemente, o tribunal arbitral, permitindo maior flexibilidade, 
especialização e rapidez na resolução de disputas. 
O "tribunal arbitral" é o órgão responsável por administrar e julgar uma disputa 
submetida à arbitragem, exercendo uma função jurisdicional de forma imparcial e 
independente. Suas decisões são formalizadas na sentença arbitral, que tem força 
vinculativa e pode ser reconhecida e executada pelo Poder Judiciário. 
A instalação de uma Câmara de Arbitragem nas dependências de escritório de 
advocacia caminha no sentido oposto ao que dispõe a Lei 9.307/1996, pois possibilita a 
captação de clientela e concorrência desleal, não legalizando o ato pretendido. 
Agindo na forma da lei e dentro de seus limites, fica vedada a expressão 
„Tribunal Arbitral‟, evitando confusão com o Poder Judiciário e, em qualquer situação, 
vedado o exercício da advocacia conjuntamente com outra atividade, isso não significa 
que o advogado nãopossa ser árbitro. 
 
5. CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DOS ÁRBITROS E DO PRESIDENTE DO 
TRIBUNAL ARBITRAL 
A escolha dos árbitros e do presidente do tribunal arbitral é uma etapa crucial 
no processo de arbitragem, pois pode influenciar significativamente o resultado e a 
eficácia da resolução da disputa. 
O que a decisão menciona é que não é possível que a arbitragem seja 
desenvolvida no mesmo local onde funcione um escritório de advocacia por representar 
captação ilegal de clientela, vedada pelo art. 34, IV, da Lei 8.906/1994, segundo o qual 
“constitui infração disciplinar (...) angariar ou captar causas, com ou sem a intervenção 
de terceiros”. 
A seguir, apresento alguns critérios importantes que as partes podem 
considerar ao escolher os árbitros e o presidente do tribunal arbitral: 
5.1 Critérios para escolha dos árbitros: 
5.1.1 Especialização técnica: Os árbitros devem ter conhecimento e 
experiência na área específica do litígio, seja ela comercial, civil, construção, entre 
outras, para garantir uma decisão bem fundamentada e tecnicamente sólida. 
5.1.2 Reputação e Credibilidade: É importante verificar a reputação e a 
credibilidade do árbitro no mercado, sua integridade, ética profissional e histórico de 
decisões imparciais e equilibradas. 
5.1.3 Imparcialidade e independência: Os árbitros devem ser imparciais 
e independentes, sem conflitos de interesse que possam comprometer sua 
imparcialidade ou criar uma percepção de parcialidade. 
5.1.4 Disponibilidade: Os árbitros devem estar disponíveis para dedicar o 
tempo necessário ao processo arbitral, garantindo que o procedimento ocorra de forma 
ágil e eficiente. 
5.1.5 Idioma e Cultura: Em casos internacionais, pode ser útil escolher 
árbitros que falem o idioma das partes ou tenham familiaridade com a cultura e práticas 
comerciais dos países envolvidos. 
5.2 Critérios para escolha do presidente do Tribunal Arbitral: 
5.2.1 Experiência como Árbitro: O presidente do tribunal arbitral deve ter 
experiência prévia como árbitro, conhecendo bem os procedimentos arbitrais e os 
desafios envolvidos na condução de uma arbitragem. 
5.2.2 Habilidade de gestão: O presidente deve ter habilidades de gestão para 
coordenar o trabalho dos árbitros, definir prazos, conduzir audiências e garantir que o 
procedimento seja conduzido de forma organizada e eficiente. 
5.2.3 Imparcialidade e equilíbrio: Assim como os outros árbitros, o 
presidente deve ser imparcial e equilibrado, garantindo que todas as partes sejam 
tratadas com igualdade e justiça. 
5.2.4 Comunicação e mediação: O presidente do tribunal arbitral deve ter 
habilidades de comunicação eficazes e, em alguns casos, experiência em mediação ou 
resolução de conflitos, para facilitar a comunicação entre as partes e buscar soluções 
consensuais, quando possível. 
5.2.5 Reconhecimento e respeito: É desejável que o presidente do tribunal 
arbitral seja reconhecido e respeitado no meio jurídico e empresarial, o que pode 
contribuir para a aceitação e validade das decisões arbitrais. 
5.3 Procedimento de escolha: 
5.3.1 Acordo das partes: As partes geralmente têm o direito de escolher ou 
aprovar os árbitros e o presidente do tribunal arbitral. O método de seleção pode ser 
estabelecido no contrato de arbitragem ou acordado posteriormente entre as partes. 
5.3.2 Instituição arbitral: Em arbitragens administradas por instituições 
arbitrais, como a Câmara de Comércio Internacional (CCI) ou a Câmara de Mediação e 
Arbitragem da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP/FIESP), as 
instituições podem auxiliar na seleção dos árbitros com base em listas de árbitros 
qualificados. 
Ao escolher os árbitros e o presidente do tribunal arbitral, as partes devem 
considerar a especialização técnica, reputação, imparcialidade, disponibilidade, 
habilidades de gestão e comunicação, bem como o procedimento de seleção acordado 
entre as partes ou estabelecido pelas regras da instituição arbitral aplicável. A seleção 
cuidadosa desses profissionais é essencial para garantir um processo arbitral justo, 
eficiente e eficaz. 
 
6. IMPEDIMENTO DO ÁRBITRO E O DEVER DE REVELAÇÃO. 
O impedimento do árbitro e o dever de revelação são aspectos fundamentais 
para assegurar a imparcialidade, independência e integridade do processo arbitral. 
Tendo em vista que a intenção da lei foi a de equiparar o árbitro ao juiz togado 
(arts. 18 e 31 da Lei de Arbitragem), bem como impor-lhe os mesmos deveres e 
responsabilidades (arts. 13, § 6º e 17 da Lei de Arbitragem), especialmente exigindo 
dele a imparcialidade (art. 13, § 6º da Lei de Arbitragem) erigida, inclusive, a princípio 
impositivo do procedimento (Lei de Arbitragem, art. 21, § 2º), naturalmente equipara o 
árbitro ao juiz togado em relação às hipóteses de impedimento e suspeição impostas aos 
magistrados (art. 14 da Lei de Arbitragem). no momento da instauração da arbitragem e 
como requisito desta instauração (nos termos do art. 19 da Lei 9.307/1996), o árbitro 
deve aceitar a nomeação e, a partir da sua aceitação, considera-se instituída a 
arbitragem. 
Esses conceitos garantem que os árbitros atuem de forma transparente e evitem 
situações que possam comprometer sua imparcialidade ou criar conflitos de interesse. 
E essas circunstâncias, como dito, são as mesmas que impedem o juiz de atuar 
no processo em razão do que dispõe o art. 14 da Lei de Arbitragem: “Estão impedidos 
de funcionar como árbitros as pessoas que tenham, com as partes ou com o litígio que 
lhes for submetido, algumas das relações que caracterizam os casos de impedimento ou 
suspeição de juízes, aplicando-se-lhes, no que couber, os mesmos deveres e 
responsabilidades, conforme previsto no Código de Processo Civil. § 1º As pessoas 
indicadas para funcionar como árbitro têm o dever de revelar, antes da aceitação da 
função, qualquer fato que denote dúvida justificada quanto à sua imparcialidade e 
independência”. a circunstância estiver clara no contrato e a outra parte aceitar, não há 
óbice para o desempenho da função pela pessoa escolhida, posto não tratar-se de juiz 
natural, prevalecendo a confiança no árbitro insculpida no art. 13, caput, da Lei 
9.307/1996. Vamos entender melhor cada um desses conceitos: 
6.1 Impedimento do árbitro: 
O impedimento do árbitro refere-se à situação em que o árbitro não pode atuar 
no processo arbitral devido a circunstâncias que comprometem sua imparcialidade ou 
independência. A legislação e as regras de arbitragem geralmente estabelecem critérios 
específicos que podem levar ao impedimento do árbitro, como: 
6.1.1 Relação pessoal ou profissional: O árbitro tem uma relação pessoal ou 
profissional com uma das partes, advogados, testemunhas ou outros envolvidos no 
processo que possa influenciar sua imparcialidade. 
6.1.2 Interesse direto ou indireto na causa: O árbitro tem interesse direto ou 
indireto no resultado da causa que possa afetar sua imparcialidade, como participação 
em empresas ou propriedade de bens relacionados ao litígio. 
6.1.3 Preconceito ou parcialidade: O árbitro demonstra preconceito, 
parcialidade ou tendência favorável a uma das partes, prejudicando a igualdade no 
tratamento das partes. 
6.2 Dever de revelação: 
O dever de revelação implica que o árbitro deve informar prontamente as 
partes sobre qualquer fato ou circunstância que possa levar ao seu impedimento ou 
questionamento de sua imparcialidade. Este dever de revelação é contínuo e persiste 
durante todo o processo arbitral. 
6.2.1 Informação relevante: O árbitro deve revelar informações relevantes 
sobre sua relação pessoal, profissional, financeira ou qualquer outro fator que possa ser 
percebido como um impedimento ou conflito de interesse. 
6.2.2 Oportunidade de decisão: Ao revelar informações, o árbitro permite 
que as partes avaliem a situação e decidam sobre a continuação de sua atuação no 
processo ou a necessidade de substituiçãodo árbitro. 
6.2.3 Transparência e confiança: O dever de revelação contribui para a 
transparência, integridade e confiança no processo arbitral, assegurando que as partes 
estejam cientes de qualquer fator que possa afetar a imparcialidade e independência do 
árbitro. 
6.3 Consequências: 
6.3.1 Substituição do árbitro: Se as partes considerarem que há um 
impedimento ou conflito de interesse que comprometa a imparcialidade do árbitro, elas 
podem solicitar sua substituição com base nas regras de arbitragem aplicáveis ou na 
legislação pertinente. 
6.3.2 Anulação da decisão arbitral: A falta de revelação ou atuação de um 
árbitro impedido pode levar à anulação da sentença arbitral, caso as partes não tenham 
sido adequadamente informadas e não tenham tido a oportunidade de avaliar e decidir 
sobre a continuação do processo com o árbitro em questão. 
O impedimento do árbitro e o dever de revelação são mecanismos essenciais 
para garantir a imparcialidade, independência e integridade do processo arbitral. 
Os árbitros devem estar atentos a qualquer situação que possa levantar dúvidas 
sobre sua imparcialidade e cumprir seu dever de revelação de forma transparente e 
contínua, permitindo que as partes avaliem e tomem as decisões adequadas para garantir 
a lisura do processo arbitral. 
 
7. IMPOSSIBILIDADE DE ATUAÇÃO DO ÁRBITRO E SUA SUBSTITUIÇÃO 
A impossibilidade de atuação do árbitro refere-se a situações em que o árbitro 
não pode continuar atuando no processo arbitral por motivos diversos, como 
impedimento, renúncia, incapacidade ou falecimento. Nestes casos, é fundamental que 
as partes e o próprio árbitro ajam de forma adequada para garantir a continuidade e a 
integridade do processo arbitral. Vamos abordar os procedimentos e considerações 
relacionadas à substituição do árbitro: 
7.1 Situações de impossibilidade de atuação do árbitro: 
7.1.1 Impedimento: Como discutido anteriormente, o impedimento ocorre 
quando há circunstâncias que comprometem a imparcialidade ou independência do 
árbitro. 
7.1.2 Renúncia: O árbitro pode renunciar ao seu cargo por razões pessoais, 
profissionais ou outros motivos que o impossibilitem de continuar atuando no processo 
arbitral. 
7.1.3 Incapacidade: Situações de doença, incapacidade física ou mental que 
impossibilitem o árbitro de desempenhar suas funções. 
7.1.4 Falecimento: Em caso de falecimento do árbitro, obviamente, ele não 
poderá continuar no processo arbitral. 
7.2 Procedimentos para substituição do árbitro: 
7.2.1 Acordo entre as partes: Em primeiro lugar, as partes devem tentar 
chegar a um acordo sobre a substituição do árbitro. Elas podem decidir conjuntamente 
sobre um novo árbitro ou adotar um procedimento para a escolha de um substituto. 
7.2.2 Regras de arbitragem ou legislação aplicável: Se as partes não 
conseguirem chegar a um acordo, as regras de arbitragem aplicáveis ou a legislação 
pertinente geralmente estabelecem procedimentos para a substituição do árbitro. 
7.2.3 Instituição arbitral: Em arbitragens administradas por instituições 
arbitrais, como a Câmara de Comércio Internacional (CCI) ou a Câmara de Mediação e 
Arbitragem da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP/FIESP), as 
instituições podem auxiliar na substituição do árbitro de acordo com suas regras e 
procedimentos. 
7.2.4 Dever de revelação e impedimento: O novo árbitro deve cumprir o 
dever de revelação e verificar se há algum impedimento que possa comprometer sua 
imparcialidade ou independência. 
7.2.5 Continuidade do processo: A substituição do árbitro não deve 
prejudicar a continuidade do processo arbitral. O novo árbitro deve se familiarizar 
rapidamente com o caso e, se necessário, o processo pode ser retomado a partir do ponto 
em que foi interrompido. 
7.3 Consequências da substituição (recusa) do árbitro: 
O árbitro deve revelar o motivo de sua recusa quando for instado a aceitar a 
nomeação. É o denominado “dever de revelação” em razão da imparcialidade que a 
atividade jurisdicional privada lhe impõe, a teor dos arts. 13, § 6º e 21, § 2º, da Lei de 
Arbitragem. 
O mandamento insculpido no § 2º do art. 14 da Lei 9.307/1996: “O árbitro 
somente poderá ser recusado por motivo ocorrido após sua nomeação. Poderá, 
entretanto, ser recusado por motivo anterior à sua nomeação, quando: a) não for 
nomeado, diretamente, pela parte; ou b) o motivo para a recusa do árbitro for conhecido 
posteriormente à sua nomeação”. 
A recusa seguirá o procedimento do art. 20 da Lei de Arbitragem e, ainda que 
não seja acolhida pelo árbitro, a quem compete analisar a questão, poderá ser submetida 
ao Poder Judiciário que, se for o caso, decretará a nulidade da sentença arbitral (arts. 15, 
20, 32, II e 33, § 2º da Lei de Arbitragem). 
7.3.1 Custos e prazos: A substituição do árbitro pode resultar em custos 
adicionais e atrasos no processo arbitral, especialmente se o novo árbitro precisar de 
tempo para se familiarizar com o caso. 
7.3.2 Anulação da decisão: Como mencionado anteriormente, a falta de 
substituição de um árbitro impedido ou a atuação de um árbitro que deveria ter sido 
substituído pode levar à anulação da sentença arbitral. 
A impossibilidade de atuação do árbitro é uma situação que requer ação rápida 
e adequada para garantir a continuidade e a integridade do processo arbitral. As partes e 
o árbitro devem agir de forma colaborativa e em conformidade com as regras de 
arbitragem aplicáveis ou a legislação pertinente para garantir uma substituição adequada 
e eficiente, minimizando os impactos no processo arbitral. 
O parágrafo único do art. 15 da Lei de Arbitragem determina que, “acolhida a 
exceção, será afastado o árbitro suspeito ou impedido, que será substituído, na forma do 
art. 16 desta Lei”. 
Portanto, diversas são as causas que podem indicar a substituição do árbitro: 
a) Recusa pelo próprio árbitro; 
b) Impedimento ou suspeição; 
c) Falecimento; e 
d) Impossibilidade para o exercício da função, como, por exemplo, ser 
interditado por incapacidade absoluta ou relativa (arts. 3º e 4º do CC). 
Se isto ocorrer, haverá a substituição do árbitro, se as partes não 
convencionarem de forma diversa. lei permite que se estipule a forma de sua 
substituição ou que, de outro lado, as partes declarem na convenção que não aceitam 
substituto e, se assim acordaram, extingue-se o compromisso arbitral nos termos do art. 
12 da Lei de Arbitragem: “Extingue-se o compromisso arbitral: I – escusando-se 
qualquer dos árbitros, antes de aceitar a nomeação, desde que as partes tenham 
declarado, expressamente, não aceitar substituto; II – falecendo ou ficando 
impossibilitado de dar seu voto algum dos árbitros, desde que as partes declarem, 
expressamente, não aceitar substituto”. 
A substituição do árbitro, nos termos do art. 16 da Lei de Arbitragem, 
seguindo: b.1) a vontade das partes e a forma pactuada na convenção de arbitragem; 
b.2) acordo entre as partes; b.3) inexistindo forma de substituição dos árbitros ou acordo 
e não havendo expressa disposição das partes quanto à impossibilidade de substituição 
do árbitro, seguir-se-á o procedimento judicial do art. 7º da Lei de Arbitragem para que 
o juiz escolha o novo árbitro. 
Eis o artigo da Lei 9.307/1996 que empresta supedâneo à nossa afirmação: 
“Art. 16. Se o árbitro escusar-se antes da aceitação da nomeação, ou, após a aceitação, 
vier a falecer, tornar-se impossibilitado para o exercício da função, ou for recusado, 
assumirá seu lugar o substituto indicado no compromisso, se houver. § 1º Não havendo 
substituto indicado para o árbitro, aplicar-se-ão as regras do órgão arbitral institucional 
ou entidade especializada, se as partes as tiverem invocado na convenção de arbitragem. 
§ 2º Nada dispondo a convenção de arbitragem e não chegando as partes a um acordo 
sobre a nomeação do árbitro a ser substituído, procederá a parte interessada da forma 
prevista noart. 7º desta Lei, a menos que as partes tenham declarado, expressamente, na 
convenção de arbitragem, não aceitar substituto”. 
 
8. NÚMERO DE ÁRBITROS E SUPLENTES 
A Lei de Arbitragem: “Art. 13 (...) § 1º As partes nomearão um ou mais 
árbitros, sempre em número ímpar, podendo nomear, também, os respectivos 
suplentes”. O número de árbitros e a possibilidade de designar árbitros suplentes são 
aspectos regulamentados pela legislação de arbitragem e pelas regras de arbitragem de 
instituições arbitrais. Vou fundamentar esses conceitos com base na Lei de Arbitragem 
brasileira (Lei nº 9.307/1996) e nas regras da Câmara de Arbitragem do Brasil 
(CAMARB) como exemplo de instituição arbitral. 
8.1 Número de árbitros: 
De acordo com a Lei de Arbitragem brasileira (Lei nº 9.307/1996), o número 
de árbitros é determinado pelo acordo das partes. 
O artigo 13 da referida lei estabelece que: Art. 13: "O árbitro é juiz de fato e de 
direito, e a sentença que proferir não fica sujeita a recurso ou a homologação pelo Poder 
Judiciário." 
Este artigo confirma a autonomia das partes para determinar o número de 
árbitros. Geralmente, as partes podem optar por um árbitro único ou por um tribunal 
arbitral composto por três árbitros. a teor do art. 13, § 2º, da Lei 9.307/1996, se as partes 
nomearem árbitros em número par, os árbitros nomeados escolherão mais um. Presume 
a lei que a escolha em número par autoriza que os árbitros nomeiem outro, à sua 
escolha. 
8.2 Árbitros suplentes: 
A designação de árbitros suplentes não é prevista de forma específica na Lei de 
Arbitragem brasileira. No entanto, as partes podem incluir cláusulas no contrato de 
arbitragem ou no compromisso arbitral para prever a substituição de árbitros em casos 
de impedimento, renúncia ou outras situações que impeçam a atuação do árbitro 
originalmente designado. 
8.3 Regras da CAMARB: 
As regras da Câmara de Arbitragem do Brasil (CAMARB) são um exemplo de 
regras de arbitragem que preveem a designação de árbitros suplentes. De acordo com o 
Regulamento de Arbitragem da CAMARB: 
Artigo 10, § 2º: "Se qualquer árbitro nomeado não puder, ou não quiser, aceitar 
o encargo ou, ainda, em caso de impedimento, a CAMARB poderá indicar outro árbitro, 
observando-se os critérios constantes neste Regulamento e as disposições legais 
aplicáveis." 
Este artigo estabelece que, em caso de impedimento ou recusa de um árbitro 
nomeado, a CAMARB pode indicar outro árbitro para substituí-lo, respeitando os 
critérios e procedimentos estabelecidos no regulamento e na legislação aplicável. 
8.4 Remate: 
8.4.1 Número de árbitros: Determinado pelo acordo das partes, podendo ser 
um árbitro único ou um tribunal arbitral composto por três árbitros, conforme 
autonomia conferida pelo artigo 13 da Lei de Arbitragem (Lei nº 9.307/1996). 
8.4.2 Árbitros suplentes: A designação de árbitros suplentes não é prevista 
de forma específica na lei, mas pode ser incluída pelas partes no contrato de arbitragem 
ou compromisso arbitral, ou ainda, conforme regulamentos de instituições arbitrais 
como a CAMARB, que preveem a substituição de árbitros em casos de impedimento ou 
recusa. 
As partes têm autonomia para determinar o número de árbitros e podem prever 
a designação de árbitros suplentes para garantir a continuidade e a integridade do 
processo arbitral, respeitando as disposições legais e regulamentares aplicáveis. 
 
9. ESTUDOS DE CASO 
Os estudos de caso são uma excelente forma de entender a aplicação prática 
dos princípios e normas relacionados ao tribunal de arbitragem. Abaixo, apresento dois 
estudos de caso hipotéticos que envolvem questões comuns em arbitragens, 
demonstrando como os tribunais arbitrais poderiam lidar com essas situações: 
9.1 Estudo de caso 1: Impedimento do árbitro 
9.1.1 Contexto: Em uma arbitragem envolvendo uma disputa comercial, um 
dos árbitros indicados por uma das partes é sócio de uma empresa que possui relações 
comerciais significativas com a outra parte no processo. 
9.1.2 Questão: Há impedimento do árbitro devido ao seu relacionamento 
comercial com uma das partes? 
9.1.3 Decisão do Tribunal Arbitral: O tribunal arbitral deve avaliar se o 
relacionamento comercial entre o árbitro e uma das partes é suficientemente 
significativo para gerar dúvidas sobre sua imparcialidade e independência. De acordo 
com o Art. 14 da Lei nº 9.307/1996, pode ser arguida a suspeição ou o impedimento do 
árbitro. Se o tribunal concluir que há risco de parcialidade ou conflito de interesses, o 
árbitro deve ser substituído. 
9.2 Estudo de caso 2: Competência-competência 
9.2.1 Contexto: Em uma arbitragem relacionada a um contrato de 
construção, uma das partes alega que a convenção de arbitragem é inválida, pois o 
contrato foi assinado por um representante sem poderes suficientes para vincular a 
empresa. 
9.2.2 Questão: O tribunal arbitral tem competência para decidir sobre a 
validade da convenção de arbitragem? 
9.2.3 Decisão do Tribunal Arbitral: Conforme o Art. 8º da Lei nº 
9.307/1996, cabe ao árbitro decidir de ofício, ou por provocação das partes, as questões 
acerca da existência, validade e eficácia da convenção de arbitragem e do contrato que 
contenha a cláusula compromissória. O tribunal arbitral deve, portanto, analisar a 
validade da convenção de arbitragem e decidir se possui competência para julgar o 
mérito da disputa. 
 
Em ambos os casos, os tribunais arbitrais devem agir com imparcialidade, 
independência e de acordo com os princípios norteadores da arbitragem, como 
estabelecido na Lei nº 9.307/1996. A capacidade de o tribunal arbitral gerir e solucionar 
questões complexas, respeitando os direitos das partes e as normas aplicáveis, 
demonstra a eficácia e a flexibilidade da arbitragem como meio alternativo de resolução 
de disputas. Esses estudos de caso ilustram situações práticas que podem surgir em 
arbitragens e mostram como os tribunais arbitrais podem abordar e resolver essas 
questões, contribuindo para o entendimento e a aplicação dos princípios e normas 
relacionados ao tribunal de arbitragem. 
 
10. EXEMPLOS PRÁTICOS 
exemplos práticos que ilustram situações reais envolvendo tribunais de 
arbitragem. Esses exemplos ajudarão a entender como a arbitragem é aplicada na prática 
e como os tribunais arbitrais atuam em diferentes tipos de disputas. 
10. 1 Exemplo 1: Disputa Societária 
10.1.1 Contexto: Uma empresa, ABC Ltda., enfrenta uma disputa societária 
entre sócios devido a desentendimentos na gestão e distribuição de lucros. 
10.1.2 Arbitragem: As partes decidem resolver a disputa por meio de 
arbitragem, conforme previsto no contrato social da empresa, que possui uma cláusula 
compromissória. 
10.1.3 Atuação do tribunal arbitral: O tribunal arbitral é constituído por três 
árbitros especializados em direito societário. Eles analisam os documentos da empresa, 
os contratos e ouvem testemunhas e peritos contábeis para decidir sobre os direitos e 
obrigações dos sócios. A sentença arbitral é proferida, resolvendo a disputa e definindo 
os termos para a gestão futura da empresa. 
10.2 Exemplo 2: Disputa Contratual Internacional 
10.2.1 Contexto: Uma empresa brasileira, XYZ S.A., celebra um contrato 
de fornecimento de equipamentos com uma empresa francesa, EU Ltd., que não cumpre 
suas obrigações contratuais. 
10.2.2 Arbitragem: O contrato entre as partes contém uma cláusula 
compromissória prevendo a arbitragem internacional. 
10.2.3 Atuação do tribunal arbitral: O tribunal arbitral é composto por 
árbitros com experiência em direito internacional e arbitragens comerciais 
internacionais. Eles aplicam o direito aplicável ao contrato e as regras de arbitragem 
internacional para resolver a disputa. Após a apresentação de provas, argumentos e 
audiências, o tribunal emite uma sentença arbitral determinando que a empresa francesa 
deve indenizar a XYZ S.A. pelos prejuízos causados pelo descumprimentocontratual. 
10.3 Exemplo 3: Disputa em contratos de construção civil 
10.3.1 Contexto: Um contrato de construção civil entre uma construtora e 
um cliente apresenta problemas relacionados à qualidade da obra e ao cumprimento dos 
prazos. 
10.3.2 Arbitragem: O contrato contém uma cláusula compromissória 
prevendo a arbitragem para a resolução de disputas. 
10.3.3 Atuação do tribunal arbitral: O tribunal arbitral é formado por 
árbitros com expertise em direito da construção civil. Eles visitam o local da obra, 
analisam os contratos, laudos técnicos e ouvem testemunhas, engenheiros e peritos para 
avaliar a qualidade da obra e os atrasos. O tribunal emite uma sentença arbitral 
determinando ajustes na obra e indenizações para o cliente devido aos problemas 
identificados. 
 
Esses exemplos práticos mostram a versatilidade e eficácia da arbitragem na 
resolução de diferentes tipos de disputas, seja no âmbito societário, contratual ou 
internacional. 
Os tribunais arbitrais atuam de forma especializada, aplicando o direito 
pertinente e as regras de arbitragem, e oferecem uma solução rápida, flexível e eficiente 
para as partes envolvidas. 
 
11 DADOS DA IMPORTÂNCIA DOS TRIBUNAIS DE ARBITRAGEM 
A importância e relevância dos tribunais de arbitragem têm crescido 
significativamente ao longo dos anos, tanto no Brasil quanto internacionalmente. A 
arbitragem é reconhecida por oferecer uma forma eficiente, flexível e especializada de 
resolver disputas comerciais, contribuindo para a celeridade e a eficácia na solução de 
conflitos. Vou apresentar alguns dados estatísticos e informações que destacam a 
importância e a atuação dos tribunais de arbitragem: 
11.1 Brasil 
O crescimento da arbitragem: Segundo o Centro de Arbitragem e Mediação 
da Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CAM-CCBC), o número de casos de 
arbitragem tem crescido anualmente no Brasil. Em 2020, o CAM-CCBC registrou um 
aumento de 15% no número de novos casos em comparação com o ano anterior. 
As principais áreas de disputas submetidas à arbitragem no Brasil incluem 
contratos comerciais, construção civil, energia e infraestrutura. 
O Brasil é reconhecido internacionalmente como um importante centro de 
arbitragem na América Latina, com instituições como o CAM-CCBC e a Câmara de 
Arbitragem do Mercado (CAM-BM&FBOVESPA) desempenhando papéis 
significativos na promoção e administração de arbitragens. 
11.2 Internacional 
ICC - Corte Internacional de Arbitragem: A Corte Internacional de Arbitragem 
da Câmara de Comércio Internacional (ICC) é uma das instituições de arbitragem mais 
prestigiadas e atuantes globalmente. Em 2020, a ICC relatou um aumento no número de 
novos casos, mesmo durante a pandemia de COVID-19, demonstrando a resiliência e 
adaptabilidade da arbitragem internacional. 
O investimento estrangeiro direto (IED), a segurança jurídica proporcionada 
pela arbitragem é um fator atrativo para investimentos estrangeiros, contribuindo para o 
crescimento econômico e o desenvolvimento sustentável dos países. 
A legislação e acordos internacionais, evidencia que muitos países têm adotado 
legislações modernas de arbitragem e ratificado convenções internacionais, como a 
Convenção de Nova Iorque de 1958 sobre o Reconhecimento e Execução de Sentenças 
Arbitrais Estrangeiras, fortalecendo o regime jurídico da arbitragem internacional. 
Os dados estatísticos e as informações apresentadas evidenciam a importância 
e a relevância dos tribunais de arbitragem no cenário nacional e internacional. A 
crescente aceitação e utilização da arbitragem como meio alternativo de resolução de 
disputas refletem a confiança das partes na eficácia, imparcialidade e especialização dos 
tribunais arbitrais. Além disso, a arbitragem contribui para a promoção do comércio 
internacional, o atrativo de investimentos e o fortalecimento do Estado de Direito, 
consolidando sua posição como um instrumento essencial para a promoção da justiça e 
da segurança jurídica. 
 
CONCLUSÃO 
 
Os árbitros e os princípios norteadores da arbitragem estão estabelecidos na Lei 
de Arbitragem brasileira (Lei nº 9.307/1996), em diversos artigos, e também são 
refletidos em decisões judiciais e súmulas que consolidam entendimentos sobre a 
matéria. Abaixo, apresento informações relevantes sobre árbitros e princípios 
norteadores, incluindo referências a leis, artigos e súmulas pertinentes: 
Autonomia das partes: Lei nº 9.307/1996, Art. 13: "O árbitro é juiz de fato e de 
direito, e a sentença que proferir não fica sujeita a recurso ou a homologação pelo Poder 
Judiciário.". Esse artigo reforça a autonomia das partes para escolher os árbitros e 
determinar o procedimento arbitral. 
Impedimento e suspeição: Lei nº 9.307/1996, Art. 14: "Pode ser arguida a 
suspeição ou o impedimento do árbitro, conforme as normas desta Lei." Este artigo 
estabelece os fundamentos para o impedimento e a suspeição do árbitro, garantindo a 
imparcialidade e a independência do processo arbitral. 
Imparcialidade e independência: Lei nº 9.307/1996, Art. 13: "O árbitro é juiz 
de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica sujeita a recurso ou a 
homologação pelo Poder Judiciário." 
Súmula 9 do STJ: "É nula a cláusula compromissória que atribui a árbitro a 
escolha de instituição para administrar a arbitragem." 
Ambos destacam a necessidade de imparcialidade e independência dos árbitros. 
Competência-competência: Lei nº 9.307/1996, Art. 8º: "Cabe ao árbitro decidir de 
ofício, ou por provocação das partes, as questões acerca da existência, validade e 
eficácia da convenção de arbitragem e do contrato que contenha a cláusula 
compromissória." Este princípio permite que o árbitro decida sobre sua própria 
competência, incluindo questões relacionadas à validade da cláusula compromissória e 
do contrato. 
Confidencialidade: Lei nº 9.307/1996, Art. 33: "Os árbitros, as partes, seus 
advogados, as testemunhas e os peritos são obrigados a manter, em segredo, todas as 
informações a que tiverem acesso durante a arbitragem." 
Esse artigo destaca a importância da confidencialidade no processo arbitral, 
protegendo as informações e documentos relacionados ao caso. Finalidade e 
efetividade: Lei nº 9.307/1996, Art. 31: "A sentença arbitral produz entre as partes e 
seus sucessores e, quanto ao árbitro, entre este e as partes, os mesmos efeitos da 
sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui 
título executivo." Este artigo assegura a finalidade e a efetividade da sentença arbitral, 
conferindo-lhe a mesma eficácia que uma decisão judicial. 
Os árbitros e os princípios norteadores da arbitragem estão fundamentados na 
Lei nº 9.307/1996, que estabelece as bases para a arbitragem no Brasil. Além disso, as 
decisões judiciais e súmulas também contribuem para consolidar entendimentos sobre a 
matéria, garantindo a imparcialidade, a autonomia das partes e a efetividade do processo 
arbitral. É fundamental conhecer e respeitar esses princípios e normas para garantir um 
processo arbitral justo, eficiente e eficaz. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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LARA, Cipriano Gomez. Teoria General del Processo. México: Textos Universitários, 
1976. 
 
MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Elementos de direito administrativo. São Paulo: 
Editora Revista dos Tribunais, 1991. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CÓDIGO CIVIL E A ARBITRAGEM 
O Código Civil e a arbitragem são dois temas distintos, mas que se relacionam 
em alguns aspectos. Vou explicar um pouco sobre cada um: 
CÓDIGO CIVIL - é um conjunto de normas que regulam as relações civis 
entre pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas. Ele aborda diversos temas, como: 
 Direito das obrigações 
 Direito das coisas (propriedade, posse, direitos reais) 
 Direito de família 
 Direito das sucessões 
 Direito das empresas e sociedades 
O Código Civil brasileiro (Lei nº 10.406/2002) é a principal fonte do direito 
civil no país e serve como base para diversas outras áreas do direito. 
ARBITRAGEM - é um método alternativo de resolução de conflitos em que 
as partes envolvidas escolhem um terceiro imparcial, o árbitro, para decidir a disputa. 
Esse método é regulado pela Lei nº 9.307/1996 (Lei de Arbitragem). 
As partes podem optar pela arbitragem para resolver conflitos de diversas 
naturezas, como: 
 Questões contratuais 
 Disputas societárias 
 Conflitos envolvendo propriedade intelectual 
 Litígios familiares, desde que sejam de direitos patrimoniais disponíveis 
RELAÇÃO ENTRE CÓDIGO CIVIL E ARBITRAGEM - O Código Civil 
não proíbe o uso da arbitragem para resolver conflitos que estejam sob sua égide. Pelo 
contrário, a arbitragem é reconhecida como meio válido e eficaz para a solução de 
disputas civis, comerciais e empresariais. 
Algumas questões que podem ser resolvidas por meio da arbitragem envolvem 
direitos patrimoniais disponíveis, ou seja, direitos que podem ser objeto de transação 
pelas partes, conforme previsto no Código Civil. 
O Código Civil e a arbitragem são duas áreas do direito que, apesar de 
distintas, podem se inter-relacionar em diversos aspectos. Enquanto o Código Civil 
estabelece as regras e princípios gerais do direito civil, a arbitragem oferece um meio 
alternativo e voluntário de resolução de conflitos que pode ser utilizado para questões 
civis, comerciais e empresariais. 
 
 
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL (CPC) E A ARBITRAGEM 
O Código de Processo Civil (CPC) e a arbitragem são duas áreas do direito que 
tratam da resolução de conflitos, mas de formas diferentes. Vamos entender como eles 
se relacionam: 
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL (CPC) 
O Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015) é o conjunto de normas que 
regulamenta o processo judicial civil no Brasil. Ele estabelece as regras e procedimentos 
que devem ser seguidos para a resolução de conflitos por meio do Poder Judiciário. O 
CPC aborda temas como: 
 Jurisdição e competência 
 Partes e procuradores 
 Atos processuais 
 Procedimentos ordinário, sumário e especial 
 Recursos 
 Execução de sentença, entre outros 
RELAÇÃO ENTRE CPC E ARBITRAGEM 
1. Autonomia da vontade: Tanto o CPC quanto a Lei de Arbitragem 
reconhecem o princípio da autonomia da vontade das partes. Isso significa que as partes 
têm liberdade para escolher o meio de resolução de conflitos que considerem mais 
adequado: judicial ou arbitral. 
2. Tutela judicial: O CPC estabelece que certas matérias não podem ser 
objeto de arbitragem, como aquelas que envolvem direitos indisponíveis. Assim, 
questões relacionadas a direitos de personalidade, família e trabalhistas, por exemplo, 
não podem ser submetidas à arbitragem. 
3. Homologação de sentença arbitral: O CPC também trata da homologação 
de sentenças arbitrais estrangeiras e nacionais. Uma vez proferida a sentença arbitral, 
ela pode ser homologada pelo Judiciário para que tenha eficácia de título executivo 
judicial. 
4. Medidas cautelares: O CPC prevê a possibilidade de as partes requererem 
medidas cautelares antes ou durante o processo judicial. Na arbitragem, também é 
possível a concessão de medidas cautelares pelo árbitro ou pelo tribunal arbitral. 
O Código de Processo Civil e a arbitragem são instrumentos complementares 
na resolução de conflitos. Enquanto o CPC estabelece as regras e procedimentos para o 
processo judicial, a arbitragem oferece uma alternativa mais rápida, flexível e 
especializada para a resolução de controvérsias. A escolha entre um método e outro 
dependerá das circunstâncias do caso e da vontade das partes envolvidas. 
CÓDIGO PENAL E A ARBITRAGEM 
O Código Penal e a arbitragem são áreas distintas do direito que tratam de 
temas diferentes, mas, em certos contextos, podem se relacionar indiretamente. Vamos 
entender como esses dois campos se interligam: 
CÓDIGO PENAL - O Código Penal brasileiro, estabelecido pelo Decreto-Lei 
nº 2.848/1940, é o conjunto de normas que define os crimes e suas respectivas penas no 
ordenamento jurídico brasileiro. Ele aborda temas como: 
 Crimes contra a pessoa (homicídio, lesão corporal, etc.) 
 Crimes contra o patrimônio (roubo, furto, extorsão, etc.) 
 Crimes contra a administração pública 
 Crimes contra a dignidade sexual 
 Crimes ambientais, entre outros 
RELAÇÃO ENTRE CÓDIGO PENAL E ARBITRAGEM 
1. Natureza disponível dos direitos: A arbitragem é geralmente utilizada para 
resolver disputas relacionadas a direitos patrimoniais disponíveis. Isso significa que 
questões relacionadas a crimes, que são de natureza pública e envolvem direitos 
indisponíveis, não podem ser submetidas à arbitragem. Portanto, crimes como 
homicídio, lesão corporal, furto, entre outros, são excluídos do âmbito da arbitragem. 
2. Conflitos de natureza civil: Em situações em que um mesmo fato pode 
gerar tanto responsabilidade penal quanto civil (por exemplo, um acidente de trânsito 
que resulta em danos materiais), as partes podem optar por resolver a parte civil do 
conflito por meio de arbitragem, enquanto a responsabilidade penal permanece sob a 
jurisdição do Estado. 
3. Homologação de sentença arbitral: O Código de Processo Penal (CPP) 
prevê a possibilidade de homologação de sentença estrangeira que reconheça a 
existência de uma condenação criminal. No entanto, sentenças arbitrais não são objeto 
de homologação no âmbito penal, pois a arbitragem não é um meio adequado para 
julgar crimes. 
O Código Penal e a arbitragem, em geral, operam em esferas diferentes do 
direito. Enquanto o Código Penal trata da definição e punição de crimes, a arbitragem é 
voltada para a resolução de conflitos de natureza civil, especialmente aqueles 
relacionados a direitos patrimoniais disponíveis. 
A arbitragem e o Código Penal não se sobrepõem diretamente, mas é 
importante entender as limitações de cada um e saber quando é apropriado recorrer a um 
ou outro, dependendo da natureza da controvérsia. 
 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL (CPP) E A ARBITRAGEM 
A arbitragem e o Código de Processo Penal (CPP) são áreas do direito que, em 
princípio, operam em esferas distintas. Enquanto a arbitragem é um método alternativo 
de resolução de conflitos de natureza civil, o CPP regula o processo penal, ou seja, os 
procedimentos adotados para a investigação e julgamento dos crimes. Vamos explorar 
como esses dois campos se relacionam: 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL (CPP) 
O Código de ProcessoPenal brasileiro (Decreto-Lei nº 3.689/1941) é o 
conjunto de normas que estabelece os procedimentos a serem seguidos no âmbito do 
processo penal. Ele aborda temas como: 
 Inquérito policial 
 Ação penal 
 Prisão e medidas cautelares 
 Procedimentos do júri 
 Recursos no processo penal 
 Execução penal, entre outros 
ARBITRAGEM E CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
1. Natureza incompatível: A arbitragem é geralmente utilizada para resolver 
disputas de natureza civil, especialmente aquelas relacionadas a direitos patrimoniais 
disponíveis. Por outro lado, o processo penal trata de crimes, que são questões de 
natureza pública e envolvem direitos indisponíveis. Portanto, crimes não podem ser 
objeto de arbitragem. 
2. Crimes de menor potencial ofensivo: No Brasil, os crimes de menor 
potencial ofensivo são aqueles com pena máxima de até 2 anos. Para esses casos, existe 
a possibilidade de transação penal ou composição civil dos danos, previstas na Lei nº 
9.099/1995 (Lei dos Juizados Especiais Criminais). Embora não seja arbitragem, essa 
forma de resolução de conflitos possui características semelhantes, pois envolve um 
acordo entre as partes para evitar o processo judicial. 
3. Medidas cautelares: O CPP prevê a possibilidade de adoção de medidas 
cautelares, como a prisão preventiva, para garantir a ordem pública, a instrução criminal 
ou a aplicação da lei penal. Na arbitragem, também é possível a concessão de medidas 
cautelares pelo árbitro ou pelo tribunal arbitral, mas com finalidades e procedimentos 
diferentes dos adotados no processo penal. 
4. Homologação de sentenças: O CPP prevê a homologação de sentenças 
estrangeiras que reconheçam a existência de uma condenação criminal. No entanto, 
sentenças arbitrais não são objeto de homologação no âmbito penal, pois a arbitragem 
não é um meio adequado para julgar crimes. 
A arbitragem e o Código de Processo Penal operam em esferas distintas do 
direito. Enquanto a arbitragem é um mecanismo alternativo para resolver disputas civis, 
o CPP regula o processo penal, que envolve a investigação e punição de crimes. 
Portanto, é importante distinguir entre esses dois campos e saber quando é apropriado 
recorrer a um ou outro, conforme a natureza da controvérsia. 
 
A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E A ARBITRAGEM 
A Constituição Federal de 1988 é a lei fundamental do Brasil, estabelecendo os 
princípios e normas que organizam o Estado e garantem os direitos fundamentais dos 
cidadãos. Ela é a base do ordenamento jurídico brasileiro e possui um papel central na 
regulação de diversas áreas do direito, incluindo a arbitragem. Vamos explorar como a 
Constituição Federal se relaciona com a arbitragem: 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E ARBITRAGEM 
1. Princípios fundamentais: A Constituição Federal consagra princípios 
como a dignidade da pessoa humana, a cidadania, os valores sociais do trabalho, a livre 
iniciativa e o pluralismo político. Esses princípios podem influenciar indiretamente a 
forma como a arbitragem é praticada no Brasil, valorizando a autonomia da vontade das 
partes e a liberdade contratual. 
2. Direitos e garantias fundamentais: A Constituição assegura direitos 
fundamentais como o direito à vida, à liberdade, à igualdade, à propriedade e à ampla 
defesa. Embora a arbitragem seja um mecanismo voluntário, é importante que os 
direitos das partes sejam respeitados e garantidos durante o procedimento arbitral. 
3. Competência para legislar sobre arbitragem: A Constituição estabelece 
a competência legislativa para tratar de direito civil, incluindo a arbitragem. Com base 
nisso, foi promulgada a Lei nº 9.307/1996, conhecida como Lei de Arbitragem, que 
regulamenta a prática da arbitragem no Brasil. 
4. Homologação de sentenças arbitrais estrangeiras: A Constituição prevê 
a homologação de sentenças estrangeiras pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Isso 
inclui a homologação de sentenças arbitrais estrangeiras que reconheçam direitos ou 
obrigações decorrentes de relações jurídicas privadas. 
5. Princípio da inafastabilidade do poder judiciário: Embora a 
Constituição Federal assegure o acesso à justiça e o direito de ação, ela não impede que 
as partes optem pela arbitragem como meio de resolução de conflitos. O princípio da 
inafastabilidade do Poder Judiciário não é interpretado como uma obrigação de recorrer 
ao Judiciário, mas como uma garantia de que o direito de ação não será indevidamente 
obstaculizado. 
A Constituição Federal de 1988 estabelece os princípios e fundamentos que 
orientam a prática da arbitragem no Brasil. Ela assegura a autonomia da vontade das 
partes, respeita os direitos fundamentais dos cidadãos e define a competência para 
legislar sobre direito civil, incluindo a arbitragem. 
Assim, a relação entre a Constituição Federal e a arbitragem é de 
compatibilidade e complementaridade. A Constituição cria um ambiente favorável para 
o desenvolvimento da arbitragem como um meio eficaz, rápido e especializado de 
resolução de disputas, desde que respeitados os princípios e garantias fundamentais 
previstos na Carta Magna. 
 
 
O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (CDC), 
E A ARBITRAGEM 
O Código de Defesa do Consumidor (CDC), instituído pela Lei nº 8.078/1990, 
é uma legislação brasileira que estabelece as normas de proteção e defesa dos direitos 
dos consumidores. Ele regula as relações de consumo em geral, estabelecendo direitos e 
deveres para consumidores e fornecedores. No contexto da arbitragem, o CDC e a Lei 
de Arbitragem (Lei nº 9.307/1996) têm interfaces importantes. Vamos explorar essa 
relação: 
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (CDC) E ARBITRAGEM 
1. Autonomia da vontade: O CDC reconhece a autonomia da vontade das 
partes, permitindo que elas estabeleçam livremente os termos de um contrato. Isso 
inclui a possibilidade de inserir cláusulas compromissórias de arbitragem nos contratos 
de consumo. No entanto, é importante que essa cláusula seja clara, ostensiva e que o 
consumidor tenha pleno conhecimento de sua existência e consequências. 
2. Direitos básicos do consumidor: O CDC estabelece os direitos básicos do 
consumidor, como o direito à informação adequada e clara sobre os produtos e serviços, 
o direito à proteção contra práticas abusivas e o direito à reparação de danos. Esses 
direitos são fundamentais e devem ser respeitados no contexto da arbitragem, 
garantindo que o consumidor não seja prejudicado ou lesado em seus direitos. 
3. Acesso à justiça: O CDC assegura o acesso do consumidor ao Poder 
Judiciário para a defesa de seus direitos. Contudo, a legislação também reconhece 
outros meios de resolução de conflitos, como a mediação e a arbitragem, desde que 
sejam voluntários, eficazes e que o consumidor não seja obrigado a utilizá-los. 
4. Cláusulas abusivas: O CDC proíbe cláusulas contratuais que sejam 
consideradas abusivas ou que coloquem o consumidor em desvantagem excessiva. Se 
uma cláusula compromissória de arbitragem for considerada abusiva ou contrária aos 
princípios do CDC, ela poderá ser declarada nula pelo Judiciário. 
5. Transparência e informação: O CDC estabelece a obrigatoriedade de que 
as informações sobre produtos e serviços sejam claras, precisas e ostensivas. Isso 
também se aplica à cláusula compromissória de arbitragem, que deve ser apresentada de 
forma transparente ao consumidor, sem qualquer tipo de obscuridade ou engano. 
O Código de Defesa do Consumidor e a arbitragem podem coexistir e ser 
complementares, desde que respeitados os direitos e princípios estabelecidos pelo CDC. 
A inclusão de cláusulas compromissórias de arbitragem em contratos de consumo deve 
ser feita de forma transparente e voluntária, garantindo que o consumidor tenha pleno 
conhecimento de seus direitos e das consequências dessa escolha. 
É importante que as empresas e fornecedores estejam atentos às normas do 
CDC e às diretrizes para a utilização da arbitragem no contexto consumerista,promovendo uma relação de consumo equilibrada e respeitosa. 
 
A ARBITRAGEM E MÉTODOS ALTERNATIVOS DE 
RESOLUÇÃO DE CONFLITOS 
A arbitragem é apenas um dos diversos Métodos Alternativos de Resolução de 
Conflitos (MARC) disponíveis para as partes resolverem disputas fora do sistema 
judicial tradicional. Além da arbitragem, existem outros métodos que podem ser 
utilizados, como a mediação, conciliação, negociação e os chamados "dispute boards". 
Vamos entender como a arbitragem se relaciona com esses outros métodos: 
ARBITRAGEM E MÉTODOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE 
CONFLITOS 
1. ARBITRAGEM: 
o Características: A arbitragem é um método em que as partes envolvidas 
escolhem um terceiro imparcial (o árbitro ou tribunal arbitral) para decidir a 
controvérsia. A decisão do árbitro tem caráter vinculante e pode ser executada 
judicialmente. 
o Aplicabilidade: É mais adequada para disputas complexas, técnicas ou que 
envolvam direitos patrimoniais disponíveis. É comumente utilizada em contratos 
comerciais, contratos internacionais e em áreas específicas do direito. 
2. MEDIAÇÃO: 
o Características: A mediação é um método em que um terceiro neutro (o 
mediador) auxilia as partes a chegarem a um acordo mutuamente aceitável. O mediador 
não decide a disputa, mas facilita a comunicação e a negociação entre as partes. 
o Aplicabilidade: É útil para conflitos que envolvam relações continuadas, 
como relações familiares, contratos de trabalho ou disputas comunitárias. Também pode 
ser utilizada em conjunto com a arbitragem, como forma de tentar resolver o conflito 
antes de iniciar o procedimento arbitral. 
3. CONCILIAÇÃO: 
o Características: A conciliação é semelhante à mediação, mas o conciliador 
pode sugerir soluções para o conflito. No entanto, as partes têm a liberdade de aceitar ou 
rejeitar essas sugestões. 
o Aplicabilidade: É indicada para disputas que podem ser resolvidas com a 
ajuda de um terceiro neutro, mas que necessitam de uma intervenção mais direta na 
busca de soluções. 
4. NEGOCIAÇÃO: 
o Características: A negociação é o método mais simples de resolução de 
conflitos, em que as partes buscam um acordo diretamente, sem a intervenção de 
terceiros. 
o Aplicabilidade: É aplicável em qualquer tipo de conflito, desde que as partes 
estejam dispostas a negociar e chegar a um acordo. 
5. DISPUTE BOARDS: 
o Características: Os dispute boards são comitês formados por especialistas 
técnicos que acompanham a execução de contratos de grande porte e complexidade. 
Eles podem atuar de forma preventiva, emitindo recomendações para evitar ou resolver 
disputas durante a execução do contrato. 
o Aplicabilidade: São utilizados principalmente em contratos de construção, 
infraestrutura e projetos de grande envergadura. 
 
A arbitragem é apenas uma das opções disponíveis no universo dos Métodos 
Alternativos de Resolução de Conflitos (MARC). A escolha do método mais adequado 
dependerá das características do conflito, das necessidades das partes e das 
circunstâncias específicas de cada situação. Em muitos casos, a combinação de 
diferentes métodos, como a mediação e a arbitragem, pode ser uma estratégia eficaz 
para resolver disputas de forma mais rápida, econômica e satisfatória para as partes 
envolvidas. O importante é que as partes tenham consciência das suas opções e 
busquem o método que melhor atenda aos seus interesses e necessidades. 
Publicado: ISCHKANIAN, Simone Helen Drumond (2024)

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