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Proteínas São macromoléculas, que podem ser formadas por uma cadeia polipeptídica ou mais. O peso molecular da água é 18, uma das maiores proteínas que existe, a IgM (imunoglobulina do tipo M) tem peso molecular de 1 milhão de unidades. Teoricamente, até 99 resíduos de AA tem-se um peptídeo. Acima de 100 AA, chama-se proteína. Calcula-se que o organismo tenha uma produção de cerca de 25000 proteínas diferentes. Funções das proteínas • Estrutural; ◦ Colágeno; ◦ Queratina. • Transporte; ◦ Hemoglobina; ◦ Albumina; ◦ Transferrina; ◦ Ceruloplasmina. • Defesa; ◦ Imunoglobulinas; • Sinalização; ◦ Receptores de hormônios. ◦ Bombas de sódio e potássio; ◦ Receptores de neurotransmissores; ◦ As proteínas G (responsáveis pelo processo de transdução de sinal). • Catálise enzimática; ◦ Enzimas hepáticas. • Movimento; ◦ Contração muscular. • Combustíveis. ◦ Gliconeogênese. Síntese A grande maioria é sintetizada pelo fígado. Há exceções, como as imunoglobulinas, que são produzidas por linfócitos. O organismo produz cerca de 25 g de proteínas por dia. Albumina e mioglobina só possuem uma cadeia polipeptídica, enquanto a hemoglobina tem 4 cadeias, duas α e duas β. Proteína Peso (unidades) Número de AA Mioglobina 17000 153 Hemoglobina 65000 574 Glutamina 620000 5628 Estruturas proteicas Quatro tipos: • Primária: é uma sequência de AA unidos por ligações peptídicas, que podem ter pontes S – S (pontes dissulfeto). Nelas não existe um arranjo que se repita. • Secundária: além de ter ligações peptídicas e pontes S – S, há pontes de H. Há arranjos regulares que se repetem. • Terciária: estrutura tridimensional que possui todas as ligações químicas que se possa imaginar: ◦ Ligação peptídica; ◦ Ponte S – S; ◦ Pontes de H; ◦ Forças de Van der Waals; ◦ Ligação iônica; • Quaternária: associação de várias estruturas terciárias. As proteínas secundárias podem ter dois arranjos diferentes: • α -hélice O mais comum; Possível pelas ligações peptídicas e pontes de H. • β -pregueado Cadeia polipeptídica em que duas cadeias se encaixam. Caderno de Bioquímica I – Ana Pich Quando os grupamentos terminais forem semelhantes, temos uma estrutura β-pregueada paralela. Caso contrário (grupamento carboxila e amino em lados contrários) a estrutura é antiparalela. A representação da paralela é com dois vetores paralelos em mesma direção, e da antiparalela vetores em direções opostas. Exemplo: Lisozima • 40% α-hélice; • 12% β-pregueada; O que falta para 100% é a estrutura primária unindo as cadeias alfa e beta. A transição entre cadeias alfa e beta com estrutura primária geralmente é prolina. Insulina Possui estrutura primária, secundária e terciária, apesar de ser uma molécula classificada como peptídeo. Desnaturação proteica • Calor; • pH (altera o estado iônico das cadeias laterais dos aminoácidos); • Adição de sal. Quanto mais crespo o cabelo, mais pontes S – S há nele. No alisamento capilar, um redutor rompe as pontes S – S e o formol forma novas. Classificação Composição: • Simples; • Conjugada. Caderno de Bioquímica I – Ana Pich As proteínas simples são chamadas de homoproteínas. Por hidrólise só liberam aminoácidos. O exemplo típico é a albumina. As proteínas conjugadas ou heteroproteínas, quando sofrem hidrólise, liberam aminoácidos e uma estrutura que não é aminoácido, chamado de grupamento prostético. As imunoglobulinas são o exemplo típico, são glicoproteínas, seu grupamento prostético é um glicídio. A LDL é uma lipoproteína, seus grupamentos prostéticos são: • Colesterol; • TGA; • Fosfolipídeos. Os grupamentos prostéticos, no caso do LDL, são mais abundantes que os AA. Conformação: • Globulares; • Fibrosas. Proteínas globulares são solúveis em água. São exemplos as enzimas, a albumina e as imunoglobulinas. As proteínas fibrosas são insolúveis em água. São exemplos a queratina e o colágeno. Proteínas fibrosas São proteínas com uma das dimensões dez vezes maior que a outra. Bastante flexíveis. Insolúveis em água. A mais importante delas é o colágeno. Colágeno É a proteína mais abundante do organismo, está presente no tecido conjuntivo. Um terço do colágeno é glicina, há também prolina e hidroxiprolina. Hidroxiprolina e hidroxilisina + glicina (1/3) A vitamina C é necessária para converter prolina em hidroxiprolina e lisina em hidroxilisina para formação de colágeno. Possui três cadeias em α-hélice entrelaçadas, isso confere grande resistência a essa proteína. Se não fosse essa conformação, não haveria tamanha resistência óssea. Rugas são formadas devido ao colágeno quebradiço. Se conhecem 21 tipos de colágeno diferentes. A sequência glicina + 2 AA se repete cerca de 1000 vezes na estrutura do colágeno. Colágeno do tipo I Pele, ossos e tendões. Colágeno tipo II Discos intervertebrais e cartilagens. Colágeno tipo III Vasos sanguíneos. Síndrome de Ehlers-Danlos A pele parece solta. É um distúrbio hereditário do colágeno caracterizado por hipermobilidade articular, hiperelasticidade dermal e fragilidade tecidual generalizada. Osteogenesis imperfecta (ossos de cristal) Há grande chance de fraturas por deficiência de colágeno. No Brasil há cerca de 12 mil pessoas com essa patologia. Queratina É a principal proteína de cabelos e unhas. Apenas duas cadeias em α-hélice. Quem predomina é a alanina; há também valina e leucina (AA ramificados). É possível tornar a queratina mais resistente (mais rígida) com formol, o qual é extremamente tóxico. Existem cerca de 30 variantes de queratina. Elastina Proteína extremadamente elástica, presente nos alvéolos. A elastina é alterada em processos inflamatórios, (degrada pela elastase). A substância que evita o colabamento das membranas alveolares é o fator surfactante, o qual possui fosfolipídeos em sua composição. Quando existe uma gravidez de risco, o que determina a realização ou não do parto é a composição do fator surfactante do líquido amniótico. É um caso em que se administra Caderno de Bioquímica I – Ana Pich corticoides em grávidas, pois eles inibem a degradação de fosfolipídeos. Proteínas globulares Solúveis em água. Imunoglobulinas São glicoproteínas. Chamadas genericamente de anticorpos. Obs.: anticorpos não destroem o antígeno, apenas reconhecem o corpo estranho. IgG É o anticorpo de resposta secundária, ou seja, de fase crônica. Tem peso molecular entre 170 mil e 220 mil unidades. IgG é a única imunoglobulina que passa pela barreira placentária. IgM Peso molecular de 1 milhão de unidades (nunca passará pela barreira placentária). É a primeira imunoglobulina que se forma quando entramos em contato com o antígeno, ou seja, é fase aguda. Um dos exames mais comuns na gravidez é o da toxoplasmose. A toxoplasmose é uma doença avaliada no pré-natal e no oftalmologista. É causa de cegueira oftálmica, retardo mental e aborto. O parasita é o toxoplasma Gondii e os vetores são os felinos. A presença de IgG para toxoplasmose na mãe é sinal de que ela já teve contato com o toxoplasma Gondii. Na mãe, IgM para toxoplasmose indica fase aguda, ou seja, está tendo contato com o parasita. Por meio do líquido amniótico, pesquisa-se a presença de anticorpos fetais. Se a pesquisa indicar que há IgG no feto, existe a possibilidade de que essa proteína passou pela barreira placentária. Caso haja IgM no líquido amniótico, o feto está contaminado por toxoplasma. IgA A mais importante IgA é a secretora (IgAs), presente no leite materno, lágrimas e suor. As proteínas são degradas na digestão. Contudo, além de evitar a contaminação na mamadeira, o aleitamento materno é vantajoso pois a IgAs tem um componente secretor que não sofre degradação na digestão. IgE Imunoglobulina das alergias e parasitoses. Não sóalergias, parasitas também provocam aumento de IgE. Mioglobina Possui um grupamento heme. Tem uma única cadeia polipeptídica. Marcador de infarto importante. Hemoglobina Tem duas cadeias alfa e duas beta. É muito difícil ligar o primeiro oxigênio à hemoglobina. Existe sob duas formas: • Tensa = sem oxigênio (desoxihemoglobina); • Forma relaxada = com oxigênio; (oxihemoglobina). É o terceiro sistema tampão do organismo. O primeiro é o bicarbonato (reserva alcalina). O segundo é monohidrogenofosfato e dihidrogeno fosfato (H2PO4-/ HPO4-2). A hemoglobina pode sofrer glicação (HbA1C é parâmetro de diabetes). Efeito Bohr A afinidade da hemoglobina com O2 depende do pH. Quanto maior a concentração de ácido lático no sangue, pior o prognostico (parâmetro muito usado na UTI). Existem gases extremadamente tóxicos que se ligam na hemoglobina. • CO: inodor e incolor; se forma nas combustões incompletas. • HCN. Além do CO e CN- se ligarem a hemoglobina, há outro efeito tóxico, eles agem sobre a cadeia respiratória bloqueando seu funcionamento em nível de citocromo oxidase (AA3). Hemoglobinopatias: possivelmente terão solução genética no futuro. Talassemia ou anemia do mediterrâneo Causa um problema quantitativo, havendo menor formação da cadeia alfa ou menor formação da cadeia beta. É autossômica recessiva e, muitas vezes, descoberta durante a gravidez, pois a hemoglobina alterada não torna a oxigenação insuficiente. Anemia falciforme Caderno de Bioquímica I – Ana Pich Há hemácias em formato de foice. O normal é que o sexto AA da cadeia polipeptídica seja glutamato, o qual possui carga negativa. Um dos tipos de anemia falciforme mais comum tem a presença de hemoglobina S, nela o glutamato é substituído por valina, que não tem carga elétrica, é neutra. A mudança de glutamato para valina altera a hemoglobina e faz com que as hemácias passem a ter um formato de foice, sendo chamadas de drepanócitos. Ao ter o formato alterado, elas formam trombo, reduzindo a expectativa de vida. A hemoglobina C possui, no lugar do glutamato, a lisina, a qual tem carga elétrica positiva. O método mais comum e mais barato para separar proteínas é a eletroforese, ou seja, a separação de partículas por carga elétrica. O pH precisa ser pré-determinado e é preciso usar corrente contínua. Se a hemoglobina for normal (hemoglobina A) ela migra para o ânodo (polo positivo). A hemoglobina S (com valina) tem migração intermediária. A hemoglobina C (com lisina, a qual é positiva) fica junto ao cátodo (polo negativo). Hoje utiliza-se HPLC (cromatografia líquida de alta eficiência), atual método mais eficiente na separação de proteínas. Enzimas São catalisadores biológicos com estrutura proteica (proteínas globulares). Obs.: a nível mitocondrial há um catalisador que não é proteico. Catalisadores são moléculas que aumentam a velocidade de reação diminuindo a energia de ativação sem alterar a entalpia dos reagentes ou dos produtos (ΔH constante e sem deslocamento do equilíbrio químico). Não haveria mundo biológico sem enzimas, seriam necessárias temperaturas muito altas. Somos seres homeotérmicos, ou seja, sofremos poucas variações de temperatura. O músculo em repouso gasta 10-6 mol ATP/g/min. Quando ativado, um tecido gasta, 10-3 mol de ATP/g/min. A regulação de quem gasta mais e quem gasta menos é feita pelas enzimas – regulação do metabolismo. Exemplo: decomposição da água oxigenada. Sem catalisador 1 Platina 10 4 Catalase 10 8 As enzimas são muito mais eficientes que os catalisadores inorgânicos. Enzimas participam da reação, mas não são gastas nelas. É degradada pelo sistema lisossomal. Nomenclatura Como muitas reações enzimáticas são reversíveis, dependendo do lado que a reação é vista, há maior ou menor grau de dificuldade para perceber o nome da enzima atuante. Existe uma popular e clínica, que possui terminação ASE: Enzima Substrato Amilase Amido Hexoquinase Glicose Lipase Lipídios Urease Ureia Classificação das enzimas Enzimas oxidoredutases Catalisam reações de oxirredução (efetuam transferências de elétrons (oxirredução). Exemplo: Desidrogenases. Etanol + NAD+ → acetaldeído + NADH + H+ O substrato é o etanol e a coenzima é o NAD+ (quem carrega os hidrogênios). O produto é um aldeído acético. A enzima é a álcool desidrogenase (ADH). Caderno de Bioquímica I – Ana Pich A enzima álcool desidrogenase (ADH), possui a mesma sigla do hormônio antidiurético. Geralmente as enzimas de oxirredução são acompanhadas pela palavra desidrogenase. Enzimas transferases Realizam translocação de grupos funcionais como grupamento amina (TGO e TGP), fosfato, carbonila e carboxila, de uma molécula para outra. Glicose + ATP → glicose 6-fosfato + ADP + H+ A enzima é a hexoquinase ou glicoquinase. Enzimas hidrolases São enzimas que associadas a moléculas de água, promovem a cisão (quebra) de ligações covalentes. Hidrolisam a ligação peptídica, participa da maior parte das reações da digestão. São exemplos as peptidases: • Pepsina no estômago; • Tripsina no intestino; • Quimiotripsina no intestino. Proteína + H2O → polipeptídeo encurtado + resíduo C-terminal. A enzima é a carboxipeptidase A. Enzimas liases Quebram a ligação covalente com a retirada de água, CO2 (descarboxilases) ou amônia. • Histidina → histamina; • Glutamato → GABA; • Dopa → dopamina. Fumarato + H2O → malato A enzima é a fumarase. Enzimas isomerases Mediam a conversão de substâncias isoméricas, sejam isômeros geométricos ou ópticos. Diidroxiacetona fosfato → D-gliceraldeído 3-fosfato A enzima é a triose fosfato isomerase. Enzimas ligases Formam novas moléculas unindo duas preexistentes. Tem como características: • Gastam ATP para a reação ocorrer; • Junta duas moléculas e forma uma terceira. Piruvato + CO2 → oxalacetato A enzima é a piruvato carboxilase. Reações enzimáticas Todas tem um sítio ativo/sítio catalítico, onde se liga o substrato. Algumas enzimas possuem sítio alostérico. Nele não se liga o substrato, mas uma substância que regula a atividade da enzima. O conceito chave fechadura não atende a realidade. Apesar das enzimas serem específicas, uma mesma enzima pode aceitar dois substratos diferentes, os quais obviamente necessitam de uma semelhança química. Ex.: a hexoquinase aceita dois substratos diferentes: glicose e frutose. O modelo mais atual é o do encaixe induzido ou ajuste induzido (modelo mão – luva). A estrutura da enzima se modifica para se acoplar ao substrato. É importante saber se o isômero é D ou L. Cofatores e coenzimas* Cofatores são íons inorgânicos. Um exemplo é o zinco (cofator da anidrase carbônica), outro é magnésio, cofator das enzimas glicolíticas. A hemácia continua gastando glicose após a coleta do sangue. A amostra ideal para realizar glicemia é usando um íon que sequestra o magnésio, o F-, o qual leva a inibição das enzimas glicolíticas, inclusive a hexoquinase. Por isso, a amostra ideal para fazer uma glicemia é o plasma fluoretado. Caderno de Bioquímica I – Ana Pich A xantina oxidase depende de molibdênio, ela participa da formação do ácido úrico. Coenzimas* São moléculas orgânicas derivadas de vitaminas. Derivam da vitamina B3: • NAD+ • NADP+ Depende da vitamina B2 (flavina): • FAD* A função dessas coenzimas é transportar elétrons (hidrogênios). Formas reduzidas: • NADH H+ • NADPH H+ • FAD H2 Esquema da foto Coenzima A Representa-se pela sigla CoASH e tem como função o transporte de dois radicais: • Acetila (tem dois carbonos); • Acila. Formando respectivamente: • Acetil-CoA; • Acil-CoA. A coenzima A deriva de uma vitamina do complexo B chamada ácido pantotênico. Há muitas pesquisas em nível cerebral acerca desse ácido. Acetil-CoAparticipa do ciclo de Krebs. Biotina Também deriva do complexo B. Participa de reações de carboxilação (adicionar CO2). NAD (nicotinamida adenina dinucleotídeo) Base nitrogenada + pentose + fosfato = nucleotídeo. Deriva da vitamina B3. O NAD participa de muitas reações. Por exemplo, quando há formação de ácido lático, esse lactato precisa ser transformado em piruvato. Para que isso ocorra, alguém deve transportar os hidrogênios, assim o NAD oxidado se transforma em reduzido. Essa reação é reversível com a enzima desidrogenase lática. Quando um paciente tem deficiência de vitamina B3, possui menor produção de energia no organismo, provocando um quadro chamado pelagra, doença dos três D’s (diarreia, dermatite e demência), nela o órgão afetado é o cérebro, maior consumidor de energia do organismo. A diferença entre NAD e NADP é que processos específicos utilizam NADP, por exemplo o citocromo p450. Outro processo dependente de NADP é a síntese do colesterol. FAD (flavina adenina dinucleotídeo) Proveniente da B2 (flavina ou riboflavina). Obs.: FAD não tem carga elétrica, NAD e NADP tem. No ciclo de Krebs há transformação de succinato em fumarato (desidrogenase), quem carrega esses hidrogênios é o FAD e a enzima dessa reação é a succinato desidrogenase. Assim, a falta de vitaminas acarreta uma série de problemas. Um paciente alcoólatra tem deficiência crônica de vitaminas, sendo necessário, como primeira medida, administrar um complexo multivitamínico. Fatores que influenciam na atividade enzimática: • pH • Temperatura • Tempo • Concentração de substrato (+ importante) • Concentração da enzima • Concentração de coenzimas pH Cada enzima atua em um pH ótimo. Há enzimas que possuem o nome dizendo o pH no qual a enzima atua, por exemplo, a fosfatase alcalina e a fosfatase ácida (era usada antigamente para avaliar próstata). A amilase salivar quando chega ao estômago perde sua atividade. Alterar o pH é igual a alterar a carga elétrica da enzima. Caderno de Bioquímica I – Ana Pich Temperatura Enzimas são proteínas. Menor temperatura = menor atividade enzimática. Contudo, temperaturas altas demais (cerca de 70o) desnaturam as enzimas. Concentração da enzima Quanto maior a concentração da enzima, maior a velocidade. Concentração de substrato* Boa parte das enzimas formam uma hipérbole quando comparados concentração de substrato e velocidade de reação. A ocupação de todos os centros ativos é uma barreira para o aumento da velocidade. • Cinética de primeira ordem: maior concentração de substrato = maior velocidade. • Quando chega a um platô = cinética de ordem zero. Km (constante de Michaelis) É a concentração de substrato necessária para atingir a metade da velocidade máxima. Essa constante mede afinidade da enzima com o substrato. *Quanto menor for Km, maior a afinidade da enzima com o substrato. Km e afinidade são inversamente proporcionais. Exemplos: • Enzima hexoquinase Km da glicose: 0,1 Km da frutose: 1,5 Logo, a glicose tem maior afinidade, pois possui menor Km. Obs.: Km varia com a temperatura e com o pH. Curva de enzima alostérica em relação a concentração de substrato O gráfico em hipérbole acompanha a cinética de Michaelis. Enzimas com dois sítios ativos, possuem uma curva sigmoide, não depende apenas da concentração de substrato. Inibição reversível Competitiva Na inibição reversível competitiva a estrutura do inibidor tem estrutura química semelhante ao substrato. Um inibidor competitivo “compete” com um substrato pela ligação no sítio de reconhecimento do substrato na enzima e, portanto, em geral é um análogo estrutural do substrato. O caso mais típico é a intoxicação por metanol, um solvente muito usado, principalmente em restauros. O metanol pode provocar cegueira e quando a intoxicação é muito intensa pode levar a morte. Bebidas alcoólicas falsificadas podem ter metanol, tornando-se mortais, a pior delas é vodka, que é, além disso, a mais fácil de falsificar. O metanol é metabolizado pela mesma enzima que o etanol. Essa enzima é a álcool desidrogenase (ADH – mesma sigla de hormônio antidiurético). O tratamento é administrar etanol, que age por inibição competitiva com o metanol. Caderno de Bioquímica I – Ana Pich Características da inibição reversível competitiva: • Semelhança estrutural; • A Vmáxima é constante; • Km se altera. Ácido úrico Quando degradamos proteínas formando aminoácidos, esses aminoácidos podem ser degradados formando amônia, que pode ser transformada em glutamina nos neurônios e em ureia no fígado. O ácido úrico se forma a partir da degradação das purinas, como a guanosina, formando hipoxantina, xantina e ácido úrico. Essas purinas estão presentes nos nucleotídeos, nos ácidos nucleicos. É o grande responsável pelas dores articulares, possuindo maior incidência no sexo masculino. O excesso leva a formação de tofos de ácido úrico, cristais pontiagudos que se formam nas articulações. Gota Essa patologia se caracteriza pelo aumento de ácido úrico (hiperuricemia). Não confundir com hiperuricemia com hiperuremia. Normal de ácido úrico: 5,5 – 6 mg/dL. O ácido úrico tende a se concentrar nas cartilagens e quando não tratado há destruição da articulação, provocando artrite gotosa. Quadro inflamatório. Dor monoarticular em 85% dos casos (dói uma única articulação) – sempre pesquisar ácido úrico nesses casos. Ocorre em crise aguda com início abrupto, geralmente durante a noite. Sinais inflamatórios na articulação: • Dor; • Calor; • Rubor; • Edema. Caderno de Bioquímica I – Ana Pich A gota tem causa genética e é agravada por dois fatores: alcoolismo e alguns alimentos. Existem alimentos que favorecem a formação de ácido úrico, dentre eles está o consumo de carnes. Quando metabolizamos o álcool, formamos aldeído acético e ácido acético (acetato). Esse processo gasta muito NAD oxidado, fazendo com que o organismo tenha dificuldade em transformar ácido lático em glicose (gliconeogênese). O paciente alcoólatra sofre de acidose lática. Quado passa a ter excesso de ácido lático na corrente circulatória o organismo passa a eliminá-lo na urina, ou seja, joga fora uma molécula importante e retém ácido úrico. A reação do corpo ao pH caindo é eliminar ácido lático e CO2 por meio da respiração de Kussmaul para manter equilibrar. Em pH celular o ácido lático fica na forma de lactato e o ácido úrico na forma de urato. O urato é muito mais solúvel que a forma ácido úrico (8x). O organismo tenta manter o equilíbrio elétrico. Se o pH da urina torna-se muito ácido começa a predominar ácido úrico. O pH normal da urina é 6, quando o cai pra 4 começa se formam cristais a nível renal. Isso é uma das causas de cristais a nível renal. Existem outros tipos de cristais que podem se formar. Locais mais comuns das crises de gota A última enzima que participa da formação do ácido úrico é a xantina oxidase. Essa enzima gera radicais livres. O medicamento normalmente usado para inibir a formação de ácido úrico é o alopurinol. Existe enorme semelhança entre alopurinol e o subtrato normal da reação que é a hipoxantina. A administração do alopurinol deve ocorrer antes do surgimento da crise de gota. No momento da crise é preciso usar anti-inflamatório e corticoides. Não competitiva Não há semelhança entre o inibidor e o substrato. Não relaciona-se ao centro enzimático, geralmente age em nível de centro alostérico. • Vmáxima diminui; • Km não se altera. Inibidores irreversíveis Podem tornar uma substância muito tóxica. A aspirina (ácido acetilsalicílico) age inibindo de forma irreversível a enzima ciclo-oxigenase (abreviatura COX)*. O radical acetila se liga no centro da enzimaCOX de forma irreversível inibindo-a. A COX leva a formação de prostaglandinas (PG)* e tromboxanos, os quais são produzidos pelas plaquetas e participam do processo de coagulação. Além disso, prostaglandinas participam diretamente dos processos inflamatórios. A aspirina é um anti-inflamatório, o mais barato que existe. A enzima inibida terá que ser formada novamente. Como plaquetas não possuem núcleo, se a enzima é inibida, essa plaqueta fica perdida. Outro exemplo é a ação de gases tóxicos sobre a acetilcolinesterase (AChE), enzima que exerce papel importante na transmissão de impulsos nervosos. A AChE é inibida irreversivelmente por agrotóxico, principalmente do tipo organofosforado. Caderno de Bioquímica I – Ana Pich Regulação enzimática São quatro formas de regulação: • Interações alostéricas; • Modificação covalente reversível; ◦ A mais comum de todas é a fosforilação (adicionar fosfato), o grupamento que mais comumente sofre essa fosforilação é o OH. • Estímulo e inibição por proteínas controladoras – proteínas G (mensageiros intracelulares). • Ativação proteolítica. Interações alostéricas As enzimas alostéricas têm grande importância metabólica. Muitas enzimas são inibidas quando um produto formado pela própria enzima, ou pelo processo metabólico/ rota metabólica, começa a sobrar. Por exemplo, a aspartato transcarbamilase junta dois aspartatos formando como produto final a citidina trifosfato (CTP). Unindo aspartato e carbono fosfato, forma-se uma molécula carbamoil aspartato. Ocorrem, a partir dessas moléculas, várias reações até chegar ao produto final, o nucleotídeo CTP. Quando há um aumento da concentração de CTP na célula, ela acaba por inibir a enzima aspartato transcarbamilase. Essa inibição ocorre por meio da ligação ao centro alostérico. Assim, como o CTP se transforma em inibidor, o ATP é o ativador alostérico. Em resumo, excesso de CTP inibe a enzima que a originou. Ativação proteolítica É através desse mecanismo que zimogênios são ativados. No momento que removemos uma parte da cadeia a enzima ativa-se: Crivação proteolítica: mecanismo dos zimogênios, que são enzimas formadas em sua forma inativa que perdem um pedaço da cadeia (clivagem proteolítica) formando a enzima ativa. Enzima inativa Enzima ativa Causa da ativação Pepsinogênio Pepsina Suco gástrico (meio ácido) Tripsinogênio Tripsina Enzima enteroquinase Tripsinogênio é produzido pelo pâncreas e deve se tornar ativo no intestino; a transformação é feita pela enzima enteroquinase, que fica na borda em escova da célula intestinal. Autocatálise: a enteroquinase inicia o processo e as moléculas de tripsina que se formam se tornam autocatalisadoras, transformando novas moléculas de tripsinogênio em tripsina. A tripsina age então ativando as demais enzimas. Pancreatite necrótica: a ativação ocorre no pâncreas e as enzimas glicolíticas começam a destruir os ácinos pancreáticos. Pode levar a morte em cerca de 72 horas. Há dois aminoácidos, a tirosina e a treonina (além da serina), que são importantes por possuírem hidroxila. Seu grupamento alcoólico é fosforilado por um fosfato proveniente do ATP. Isso modifica a atividade da enzima. O glicogênio é degradado → glicose 1-fosfato → glicose 6-fosfato. Glicose 6-fosfato, no fígado, é transformada em glicose pela enzima glicose 6-fosfatase. O glicogênio do fígado é fonte de glicose para todo o organismo. Caderno de Bioquímica I – Ana Pich Essa enzima – glicose 6-fosfatase – não está presente no músculo, no qual a glicose 6-fosfato passa por glicólise para produzir ATP, a fim de realizar contração muscular. Na glicólise anaeróbica os produtos são ácido lático e duas moléculas de ATP. Na aeróbica, são CO2 + H2O e 36/38 ATP’s. A reserva de glicogênio é limitada, quanto mais horas em jejum, mais ativamos a glicogenólise (degradação do glicogênio). Enquanto a glicogenólise hepática produz glicose para todo o organismo, a muscular produz ATP para contração muscular. Quando mais horas em jejum, a reserva de glicogênio vai diminuindo. A medida que ela diminui, ativamos a gliconeogênese de aminoácidos e a produção de corpos cetônicos. A enzima que forma glicogênio é a glicogênio sintase*. Outra enzima que participa desse processo é a enzima ramificadora. A glicogênio sintase existe sob duas formas, se tiver o grupamento oxidrila livre, está na forma ativa. Quando não tem a oxidrila, mas tem fosfato, ela fica na forma menos ativa, ou seja, sua atividade diminui quando é fosforilada. A glicogênio fosforilase degrada glicogênio. Quando essa enzima tem fosfato fica na forma ativa. Mas, quando ela não está fosforilada, fica na forma menos ativa. Adrenalina e glucagon ativam a glicogenólise. Isso se dá através de AMPc e proteína G. A cafeína, que é uma metilxantina, potencializa esse efeito. Ela está presente no chá-preto, café, guaraná, refrigerantes cola e antigripais. A glicogênio fosforilase é inibida pela insulina (contra a degradação). Ao mesmo tempo, esse hormônio ativa a glicogênio sintase. Diabetes e Alzheimer: há grande correlação entre diabetes e Alzheimer, antes da formação da placa β-amiloide há fosforilação de peptídeos a nível neurológico. Isoenzimas Estruturas diferentes com propriedades físico- químicas diferentes, com Km diferentes que se localizam em tecidos diferentes e catalisam a mesma reação química. É possível identificar uma patologia pela isoenzima que está alterada. • Km diferentes; • Localizações diferentes; • Propriedades físico-químicas diferentes; • Mesma reação. A lactato desidrogenase (DHL) catalisa a conversão reversível de lactato em ácido pirúvico. Exemplo de enzima oxidorredutase. Não confundir DHL ou DL (desidrogenase lática) com HDL (lipoproteína). Alcoólatras não conseguem transformar ácido lático em ácido pirúvico no fígado, eles o excretam na urina. Caderno de Bioquímica I – Ana Pich O esquema acima deixa a impressão de que a glicose é reciclada, não sendo necessário ingeri-la. Contudo, o maior consumidor de glicose do organismo não é a hemácia e sim o cérebro, sendo necessário ingerir glicose. O cérebro gasta 125 g de glicose por dia, transformando-a em CO2 + H2O e ATP. A DHL tem cinco isoenzimas: • DHL1: formada por 4 unidades H (O H vem de heart); predomina no músculo cardíaco; • DHL2: 3 unidades H e uma unidade M; predomina nas hemácias; • DHL3: duas unidades H e duas unidades M: predomina a nível pulmonar; • DHL4: uma unidade H e três unidades; predomina no fígado; • DHL5 quatro unidades M; predomina nos músculos. Todas catalisam a mesma reação, a reação piruvato lactado. As hemácias são degradas 1% por dia, o normal é ter DHL2 aumentado no sangue. Normal: DHL2>DHL1>DHL3> DHL4> DHL5 **os dois últimos podem inverter-se. Inversão do índice de DHL: no infarto agudo do miocárdio (de 12 a 24 h depois), a DHL1 torna-se maior que DHL2. Se ocorrer hemólise na hora da coleta, há alteração na inversão do Índice de DHL. A hemólise aumenta a concentração de DHL2, encobrindo o aumento de DHL1, ou seja, a amostra hemolisada não funciona. As células cancerígenas fazem intensa glicólise anaeróbica. DHL é um marcador cancerígeno. Marcadores tumorais: Há inúmeros, mas o preço é uma barreira. Também indicam o grau de crescimento tumoral. • DHL; • Alfa-fetoproteína; Proteína produzida no período embrionário, que após o nascimento tem produção praticamente nula. Células neoplásicas produzem essa substância. O aumento em um adulto é indicativo de câncer. Obs.: grávidas tem aumento de alfa- fetoproteína. Alguns canceres produzem muito, como o câncer hepático. • CEA; Marcador de câncer intestinal. • CA-125; Marcador de câncer de mama.• PSA. Marcador de câncer de próstata. Caderno de Bioquímica I – Ana Pich
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