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SISTEMA DIGESTÓRIO

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Leonardo de Oliveira - ATM 272 
SISTEMA DIGESTÓRIO 
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INTRODUÇÃO AO TGI 
 
DIGESTÃO: Transformação de macromoléculas 
(polímeros) em micromoléculas (monômeros) pela 
hidrólise. 
É dividida em duas: 
- Química: Com ação enzimática 
- Física: Sem ação enzimática. 
 
Materiais não digeríveis cruzam as duas extremidades 
sem serem absorvidos. 
 
ABSORÇÃO: Transporte dos monômeros pela parede 
do intestino delgado para a corrente sanguínea e linfa. 
 
O transporte das moléculas é unidirecional e é 
assegurado pelas contrações musculares onduliformes 
e pelos esfíncteres. 
 
Funções do sistema digestório: 
Motilidade: Ela se refere ao movimento do alimento 
pelo sistema digestório por meio de processos de: 
a) Ingestão: Ato de colocar o alimento na boca. 
b) Mastigação: Ato de triturar o alimento e 
misturá-lo com a saliva. 
c) Deglutição: Ato de engolir o alimento. 
d) Peristaltismo: Contrações rítmicas 
onduliformes que movem o alimento através 
do trato gastrintestinal. 
 
Secreção: Ela inclui tanto secreções exócrinas como 
endócrinas. 
a) Secreções exócrinas: A água, o ácido 
clorídrico, o bicarbonato e muitas enzimas 
digestivas são secretados para o interior do 
colo do lúmen do trato gastrointestinal. Por 
exemplo, o estômago sozinho secreta 2 a 3 
litros de suco gástrico por dia. 
 
b) Secreções endócrinas: O estômago e o 
intestino delgado secretam alguns 
hormônios que ajudam na regulação do 
sistema digestório. 
 
 
Digestão: Refere-se à decomposição de moléculas 
alimentares em suas subunidades menores, que 
podem ser absorvidas. 
Absorção: Refere-se à passagem dos produtos finais 
digeridos para a corrente sanguínea e para a linfa. 
 
Armazenamento e eliminação: Referem-se ao 
armazenamento temporário e à eliminação 
subsequente de moléculas alimentares não digeríveis. 
 
Divisão anatómica: 
Trato gastrointestinal tubular: cavidade oral, a 
faringe, o esôfago, o estômago, o intestino delgado e o 
intestino grosso 
Órgãos digestivos acessórios: dentes, língua, 
glândulas salivares, fígado, vesícula biliar e o pâncreas 
 
 
CAMADAS: 
Mucosa: Mais interna; principal camada secretora e 
de absorção; internamente tem lâmina própria que 
possui linfonodos e externamente uma camada de 
músculo liso chamada de muscular da mucosa. 
 
Submucosa: Camada de tecido conjuntivo 
vascularizado; As moléculas absorvidas entram nos 
vasos por ela; Contém glândulas e plexos 
- Plexo submucoso: inerva a camada muscular 
da mucosa. 
 
Muscular: Responsável pelas contrações e movimento 
peristáltico; tem duas camadas (circular interna e 
longitudinal externa de músculo liso); 
- Plexo mioentérico: Principal suprimento 
nervoso; Fica entre as duas camadas; 
simpático e parassimpático do SNA. 
 
Serosa: Mais externa; faz a união e proteção. 
 
Alguns locais também tem a camada Adventícia (mais 
externa que substitui a serosa). 
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REGULAÇÃO DO TGI 
Nervos parassimpáticos: Estimula a motilidade 
e secreções feitas pelo: 
- Nervo vago: Esôfago, estômago, 
pâncreas, vesícula biliar, intestino 
delgado e porção superior do intestino 
grosso. 
- Nervos espinais da região sacral: 
porção inferior do intestino grosso. 
 
 Neurotransmissor: acetilcolina 
 
Os plexos submucoso e mioentérico são os 
locais onde fibras parassimpáticas pré-
ganglionares formam sinapses com neurônios 
pós-ganglionares que inervam o músculo liso do 
TGI. 
 
Nervos simpáticos: Reduzem o peristaltismo e a 
secreção e estimulam a contração dos músculos 
dos esfíncteres. 
 
 Neurotransmissor: norepinefrina 
 
Fibras simpáticas pós-ganglionares passam 
pelos plexos submucoso e mioentérico; 
 
 
O TGI contém neurônios sensitivos intrínsecos que 
possuem seus próprios corpos celulares no interior da 
parede intestinal e não fazem parte do sistema 
autônomo. Auxiliam na regulação local do trato 
digestório através de uma rede neural complexa 
localizada na parede intestinal denominada sistema 
nervoso entérico e ela complementa a regulação 
paracrina, assim como a regulação hormonal por 
hormônios secretados pela mucosa. 
 
REGULAÇÃO DIRETA: Sistema nervoso entérico 
REGULAÇÃO INDIRETA: Sistema nervoso autônomo 
 
DENTES 
O Esmalte e a dentina são desprovidos de inervação, já 
a Camada pulpar é inervada. 
 
Às vezes o problema é na dentina (microtúbulos) mas 
reflete dor na camada pulpar. 
 
O dente é inervado por porções das divisões maxilar e 
mandibular do trigêmeo (a porção mandibular é a 
principal envolvida na mastigação). 
 
Dentes podem aguentar grandes pressões 
Molares: Mastigação 
Incisivos e Caninos: Corte do alimento 
 
Tratamento de Canal: quando uma cárie chega até a 
dentina, o dente morre. Fazem a abertura do esmalte 
(chega até a dentina e a pulpa) e preenchem o dente 
com material necessário (nunca mais o dente irá doer, 
pois ele “está morto”). 
 
NÚCLEOS DO TRIGÊMEO 
Principal: mecanorreceptores da face e da cavidade 
oral (tato e pressão). 
Espinhal: sensibilidade térmica e dolorosa (ipsilateral 
ao estímulo) 
Mesencefálico: propriocepção 🡪 reflexos da 
mastigação 
Motor: reflexos da mastigação 
 
 
 
 
 
A
N
TA
G
Ô
N
IC
O
S 
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SALIVA 
A mastigação do alimento o mistura com a saliva que 
é secretada pelas glândulas salivares. 
 
Além do muco e de vários agentes antimicrobianos, a 
saliva contém a ptialina, uma enzima que pode 
catalisar a digestão parcial do amido. 
 
A saliva possui ação involuntária e é controlada pelo 
Sistema Nervoso Autônomo, tanto o simpático quanto 
o parassimpático. 
- O Simpático é por menos tempo, atinge o topo 
e desce, o estímulo tem uma ação transitória 
na secreção salivar 🡪 contração das células 
mioepiteliais e vasoconstrição – SALIVA 
ESPESSA. 
 
- O Parassimpático atinge o topo e se mantém 
constante (é o que mais estimula) – SALIVA 
AQUOSA. 
 
Sialorréia: condição que gera salivação excessiva. 
Xerostomia: ausência/escassez de salivação. 
 
Glândulas salivares: São glândulas túbulo-acinosa; 
- Região dos Ácinos: secreção primária da 
saliva, produção da amilase salivar, soluções 
isotônicas (contém sódio, cloreto, 
bicarbonato). 
 
- Região dos Ductos: secreção salivar 
secundária; ocorre uma modificação da saliva 
(absorção de certos íons). A saliva fica 
hipotônica em relação ao plasma. 
 
Tipos de glândulas: 
- Parótida: Saliva aquosa rica em enzimas. 
- Sublingual: Saliva rica em muco; serve para 
lubrificação, mastigação e fala. 
- Submandibular: Saliva rica em muco e 
enzimas. 
 
DEGLUTIÇÃO 
A deglutição começa como uma atividade voluntária 
em que a laringe é elevada, de modo que a epiglote 
cobre a entrada do sistema respiratório, impedindo a 
entrada do material ingerido. A seguir, ocorrem 
contrações e relaxamentos musculares involuntários 
no esôfago à medida que o alimento passa do esôfago 
para o estômago. Uma vez no estômago, o material 
ingerido é agitado e misturado com ácido clorídrico e a 
pepsina, uma enzima digestiva de proteínas. Através 
de contrações musculares, a mistura produzida é 
empurrada do estômago passando pelo esfíncter 
pilórico, que guarnece a junção do estômago e 
duodeno do intestino delgado. 
 
ESÔFAGO 
Conecta a faringe e o estômago passando através do 
diafragma no hiato esofágico. 
 
O alimento deglutido é empurrado por uma contração 
muscular onduliforme denominada peristaltismo. Ele 
é produzido pela distensão das paredes do sistema 
digestório provocada por um bolo de alimento. O 
movimento do bolo ocorre porque o músculo liso 
circular contrai-se atrás, e relaxa na frente. 
 
O lúmen da porção terminal do esôfago é estreitado 
por causa de um espessamento das fibras musculares 
circularesem sua parede. Essa porção é denominada 
esfíncter esofágico (gastroesofágico) inferior. Após o 
alimento passar para o estômago, a constrição das 
fibras musculares dessa região ajuda a impedir que o 
conteúdo gástrico regurgite para o esôfago. 
 
A regurgitação ocorreria porque a pressão na cavidade 
abdominal é maior que a pressão na cavidade torácica. 
Por essa razão, o esfíncter esofágico inferior deve 
permanecer fechado até que o alimento seja 
empurrado 
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ESTÔMAGO 
É a parte mais distensível do TGI. Ele esvazia no 
duodeno do intestino delgado. 
 
Funções: Armazenar alimento, iniciar a digestão de 
proteínas, matar bactérias com a forte acidez do suco 
gástrico e mover o alimento, sob a forma de um 
material pastoso denominado quimo, para o intestino 
delgado. 
 
 
 
O alimento deglutido é liberado do esôfago para o 
cárdia do estômago. Uma linha imaginária horizontal 
traçada através da região do cárdia divide o estômago 
num fundo superior e num corpo inferior, que, juntos, 
compõem dois terços do estômago. 
 
A porção distal do estômago é denominada região 
pilórica. Essa região pilórica começa numa área um 
pouco alargada, o antro, e termina no esfíncter 
pilórico. 
 
As contrações gástricas agitam o quimo, misturando 
com as secreções gástricas. Essas contrações também 
empurram o alimento parcialmente digerido do antro 
para a primeira porção do intestino delgado. 
 
A superfície interna do estômago possui longas dobras 
denominadas pregas. As aberturas dessas pregas para 
o lúmen gástrico são denominadas fossetas gástricas. 
 
As células que revestem as pregas mais profundas das 
da mucosa secretam vários produtos para o interior do 
estômago. Essas células formam as glândulas gástricas 
exócrinas 
As glândulas gástricas contêm vários tipos de células 
que secretam diferentes produtos: 
- Células caliciformes: Secretam muco. 
- Células parietais: Secretam ácido clorídrico. 
- Células principais (ou zimogênicas): Secretam 
pepsinogênio, uma forma inativa da enzima 
digestiva de proteínas pepsina. 
- Células similares às enterocromafins: 
Encontradas no estômago e no intestino, que 
secretam histamina e serotonina como 
reguladores parácrinos do TGI. 
- Células G: Secretam o hormônio gastrina para 
a corrente sanguínea. 
- Células D: Secretam o hormônio 
somatostatina. 
 
Além disso, a mucosa gástrica (provavelmente as 
células parietais) secreta um polipeptídio necessário 
para a absorção intestinal de vitamina B12 
denominado fator intrínseco. 
 
As secreções exócrinas das células gástricas, 
juntamente com uma grande quantidade de água (2 a 
4 L/dia), formam uma solução altamente ácida 
conhecida como suco gástrico. 
 
 
 
OBSERVAÇÃO: A única função do estômago que 
parece ser essencial para a vida é a secreção de fator 
intrínseco. Esse polipeptídio é necessário para a 
absorção da vitamina B12. A vitamina B12 é 
necessária para a maturação dos eritrócitos na medula 
óssea. Após a remoção cirúrgica do estômago 
(gastrectomia), o paciente deverá receber injeções de 
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vitamina B12, juntamente com fator intrínseco. Sem 
vitamina B12, ele irá apresentar anemia perniciosa. 
 
SECREÇÃO DE PEPSINA E DE ÁCIDO CLORÍDRICO 
As células parietais secretam H+, num pH baixo (de até 
0,8), para o interior do lúmen gástrico. 
 
Bomba ATPase de H+/K+: H+ para fora da célula 
(contra um gradiente de concentração de um milhão) 
e o K+ para dentro. 
 
OBSERVAÇÃO: O omeprazol (usado em refluxo) age 
inibindo essa bomba, reduzindo a liberação de ácido 
pelas células parietais. 
 
A membrana basolateral da célula parietal leva o Cl– 
para dentro do lúmen, acoplando o seu transporte ao 
movimento descendente do bicarbonato (HCO3–). 
 
Bicarbonato: Produzido na célula parietal pela 
dissociação do ácido carbônico pela enzima anidrase 
carbônica. 
 
RESUMO: Cl– assim como H+ para o interior do suco 
gástrico enquanto secreta bicarbonato para a corrente 
sanguínea. 
 
A secreção de HCl é estimulada pelo hormônio 
gastrina e a acetilcolina (ACh), liberada pelos axônios 
do nervo vago. 
 
A gastrina e a ACh estimulam a liberação de histamina 
das células semelhantes às enterocromafins da 
mucosa gástrica. Por sua vez, a histamina atua como 
um regulador parácrino estimulando as células 
parietais a secretar HCl. 
 
 
 
 
 
 
 
 
OBSERVAÇÃO: úlceras pépticas podem ser tratadas 
com drogas que bloqueiam a ação da histamina. 
Drogas dessa categoria bloqueiam especificamente os 
receptores H2 da histamina da mucosa gástrica. 
 
A alta concentração de HCl das células parietais torna 
o suco gástrico muito ácido, com um pH inferior a 2. 
Essa forte acidez serve a três funções: 
 
1. As proteínas ingeridas são desnaturadas num 
pH baixo, isto é, a sua estrutura terciária é 
alterada de modo que elas se tornam mais 
digeríveis. 
 
2. Sob condições ácidas, enzimas pepsinógenas 
fracas digerem parcialmente umas às outras. 
Isso libera a enzima pepsina totalmente ativa à 
medida que pequenos fragmentos inibidores 
são removidos. 
 
3. A pepsina é mais ativa em condições ácidas. O 
seu pH ideal é de aproximadamente 2,0. 
 
Como consequência da ativação da pepsina sob 
condições ácidas, a pepsina totalmente ativa é capaz 
de catalisar a hidrólise de ligações peptídicas das 
proteínas ingeridas. Portanto, as atividades 
cooperativas da pepsina e do HCl permitem a digestão 
parcial das proteínas alimentares no estômago. 
 
 
 
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A mucosa gástrica secreta a enzima pepsinogênio 
inativa e ácido clorídrico (HCl). Na presença do HCl, a 
enzima pepsina ativa é produzida. A pepsina digere 
proteínas em polipeptídios menores. 
 
DIGESTÃO E ABSORÇÃO NO ESTÔMAGO 
Pepsina: digere parcialmente as proteínas no 
estômago e não digere carboidratos e gorduras. 
 
OBSERVAÇÃO: A digestão do amido começa na boca 
com a ação da amilase salivar e continua por um 
tempo quando o alimento entra no estômago, mas a 
amilase é logo desativada pela forte acidez do suco 
gástrico. 
 
 A digestão completa das moléculas alimentares 
ocorre quando o quimo entra no intestino delgado. 
Por essa razão, as pessoas que são submetidas a uma 
gastrectomia total ou parcial ainda conseguem digerir 
e absorver adequadamente o seu alimento. 
 
OBSERVAÇÃO: Quase todos os produtos da digestão 
são absorvidos através da parede do intestino 
delgado. As únicas substâncias comumente ingeridas 
que podem ser absorvidas através da parede gástrica 
são o álcool e a aspirina [aspirina gera sangramento] 
devido a lipossolubilidade. 
 
 
GASTRITE E ÚLCERAS PÉPTICAS 
Úceras pépticas: erosões das membranas mucosas do 
estômago ou do duodeno produzidas pela ação do 
HCl. 
 
Na síndrome de Zollinger-Ellison, úlceras duodenais 
são produzidas pelo excesso de secreção de ácido 
gástrico em resposta a concentrações muito elevadas 
do hormônio gastrina. A gastrina é normalmente 
produzida pelo estômago mas, neste caso, ela pode 
ser secretada por um tumor pancreático. 
 
Não se acredita que as úlceras gástricas sejam devidas 
ao excesso de secreção ácida, mas aos mecanismos 
que reduzem as barreiras da mucosa gástrica contra a 
auto digestão. 
Mecanismos de proteção da barreira mucosa: 
- Camada de muco alcalino: Contém 
bicarbonato, recobrindo a mucosa gástrica; 
- Junções estreitas entre células epiteliais 
adjacentes: Impedindo o escape de ácido para 
o interior da submucosa; 
- Velocidade rápida da divisão celular: 
Permitindo a substituição das células lesadas(todo o epitélio é substituído a cada três dias); 
- Efeitos protetores providos pelas 
prostaglandinas. 
 
Antiinflamatórios não-esteróides (AINEs): Causa 
comum de úlceras gástricas pois atua inibindo a 
produção de prostaglandinas. 
- Ex: Ibuprofeno e aspirina. 
 
A histamina liberada dos mastócitos durante a 
inflamação pode estimular uma secreção ácida maior 
e acarretar lesões mucosas adicionais. A inflamação é 
a gastrite aguda. 
 
O duodeno é protegido contra o ácido gástrico pela 
ação de tamponamento do bicarbonato do suco 
pancreático alcalino, assim como pela secreção de 
bicarbonato pelas glândulas de Brunner da submucosa 
duodenal. Contudo, as pessoas que apresentam 
úlceras duodenais produzem quantidades excessivas 
de ácido gástrico que não são neutralizadas pelo 
bicarbonato. 
 
As pessoas com gastrite e úlceras pépticas devem 
evitar substâncias que estimulam a secreção ácida, 
incluindo café e vinho, e, comumente, devem utilizar 
antiácidos. 
 
bactéria Helicobacter pylori: Causa provável de ́ulcera 
péptica.

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