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Sistema Digestório

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XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Secção transversal de 
vilosidades intestinais 
(reforçado em vermelho).
Dê-me uma boa digestão, 
Senhor, e também algo 
para digerir.
Anônimo, A graça do peregrino.
TÓPICOS ABORDADOS E OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Anatomia do sistema digestório 655
21.1 Traçar o caminho de um pedaço de 
alimento não digerido da boca ao ânus. 
21.2 Descrever as quatro camadas da 
parede do trato GI.
Funções e processos 
digestórios 659
21.3 Descrever a função primária do 
sistema digestório.
21.4 Explicar os desafios da autodigestão, 
do balanço de massas e da defesa.
21.5 Descrever e comparar secreção, 
digestão, absorção e motilidade.
21.6 Descrever músculo liso unitário, 
potenciais de ondas lentas e contrações 
fásicas e tônicas.
21.7 Descrever e comparar peristaltismo, 
segmentação e complexo motor migratório.
Regulação da função 
gastrintestinal 664
21.8 Comparar o sistema nervoso entérico 
com o sistema nervoso central. 
21.9 Diferenciar reflexos longos, reflexos 
curtos e controle GI envolvendo peptídeos.
21.10 Citar as três famílias de hormônios 
GI e dar exemplos de cada uma. 
Função integrada: a fase 
cefálica 667
21.11 Explicar o controle por antecipação 
na digestão.
21.12 Mapear os processos e as vias de 
controle da fase cefálica. 
21.13 Explicar as funções da saliva e o 
processo pelo qual ela é secretada. 
21.14 Listar os passos do reflexo da 
deglutição (engolimento).
Função integrada: a fase 
gástrica 669
21.15 Explicar as três funções do estômago.
21.16 Mapear os processos e as vias de 
controle da fase gástrica.
21.17 Descrever as secreções gástricas e 
as suas principais ações.
Função integrada: a fase 
intestinal 672
21.18 Comparar e diferenciar digestão e 
motilidade nos intestinos grosso e delgado.
21.19 Descrever a anatomia e a função do 
sistema porta-hepático.
21.20 Descrever as principais secreções 
do pâncreas e do fígado.
21.21 Esquematizar os mecanismos 
celulares para secreção e para absorção de 
água e de íons.
21.22 Esquematizar a digestão e a absorção 
de carboidratos, de proteínas e de lipídeos.
21.23 Explicar o controle neural e 
hormonal da fase intestinal da digestão.
21.24 Explicar o papel das bactérias no 
intestino.
Funções imunes do trato 
gastrintestinal 687
21.25 Descrever o GALT.
21.26 Diferenciar os reflexos protetores do 
vômito e da diarreia.
CONHECIMENTOS BÁSICOS
 16 Retroalimentação positiva e 
controle por antecipação
 29 Biomoléculas
 62 Micelas
 68 Microvilosidades
 72 Junções celulares
 150 Epitélio de transporte
 79 Membranas apicais e 
basolaterais
 79 Glândulas endócrinas e 
exócrinas
 99 Enzimas
 113 Síntese e armazenamento de 
proteínas
 143 Transporte ativo secundário
 148 Exocitose e transcitose
 403 Músculo liso
 439 Sistemas portais
 499 Linfáticos
 604 Transporte renal
 645 Acidificação da urina
Sistema Digestório21
Fisiologia humana: uma abordagem integrada 655
U
m ferimento no estômago, provocado por um tiro de es-
pingarda, parece ser um início improvável para o estudo 
científico dos processos digestórios. Todavia, em 1822, no 
forte Mackinac, um jovem caçador canadense, chamado Alexis 
St. Martin, escapou por um triz da morte quando uma arma dis-
parou a um metro dele, rasgando seu tórax e abdome e deixando 
um buraco na parede do seu estômago. O cirurgião do Exército 
dos Estados Unidos, William Beaumont, atendeu-o e cuidou 
dele durante dois anos até a sua recuperação.
A ferida aberta no estômago não foi adequadamente 
curada, deixando uma f istula, ou abertura, para o lúmen. Como 
St. Martin era carente e incapaz de cuidar de si mesmo, Beau-
mont “manteve-o com sua família para o propósito especial de 
realizar experimentos fisiológicos”. Em um documento legal, 
St. Martin até concordou em “obedecer, sofrer e cumprir com 
todas as experiências razoáveis e adequadas do referido William 
(Beaumont) em relação à... exposição... de seu estômago e a força 
e propriedades... e estados de seu conteúdo.”
As observações de Beaumont sobre a digestão e sobre 
o estado do estômago de St. Martin sob várias condições fo-
ram uma sensação. Em 1832, logo antes de as observações de 
Beaumont serem publicadas, a natureza do suco gástrico e da 
digestão no estômago foram objetos de muito debate. As obser-
vações cuidadosas de Beaumont avançaram muito na resolução 
desse mistério. Assim como os médicos antigos provavam a uri-
na quando faziam um diagnóstico, Beaumont provou o sabor do 
revestimento mucoso do estômago e o suco gástrico. Ele descre-
veu que ambos eram “salgados”, mas o muco não era nada ácido, 
e o líquido gástrico era muito ácido. Beaumont coletou grande 
quantidade do líquido gástrico por meio da fístula, e, em experi-
mentos controlados, ele confirmou que o líquido gástrico digeria 
carne, utilizando-se uma combinação de ácido clorídrico e outro 
fator ativo, que hoje se sabe que é a enzima pepsina.
Essas observações e outras sobre motilidade e digestão no 
estômago se tornaram a base do que conhecemos sobre a fisio-
logia digestória. Embora as pesquisas hoje sejam realizadas mais 
em nível celular e molecular, os pesquisadores ainda criam fístu-
las cirúrgicas em animais experimentais para observar e coletar 
amostras do conteúdo do trato digestório.
Por que o sistema digestório – também referido como sis-
tema gastrintestinal – é de tanto interesse? A razão é que, atual-
mente, as doenças gastrintestinais correspondem a cerca de 10% 
do dinheiro gasto em cuidados de saúde. Muitas destas condições, 
como azia, indigestão, gases e constipação, são problemas que cau-
sam mais desconforto do que riscos à saúde, mas o seu significa-
do não deve ser subestimado. Se você for a qualquer farmácia e 
observar o número de medicamentos relacionados a distúrbios di-
gestórios, pode estimar o impacto que essas doenças têm em nossa 
sociedade. Neste capítulo, examinaremos o sistema gastrintestinal 
e o modo extraordinário pelo qual ele transforma a comida que 
ingerimos em nutrientes que são utilizados pelo corpo.
ANATOMIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO
O sistema digestório inicia com a cavidade oral (boca e faringe), 
que servem de receptáculo para a comida (FIG. 21.1a). O alimento 
ingerido entra no trato gastrintestinal (trato GI), que consiste em 
esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso.
A porção do trato GI que vai do estômago até o ânus tam-
bém é chamada de intestino.
A digestão, a quebra química e mecânica do alimento, 
ocorre principalmente no lúmen do intestino. Ao longo do cami-
nho, secreções são adicionadas ao alimento por células secretoras 
epiteliais e por órgãos glandulares acessórios, que incluem as glân-
dulas salivares, o fígado, a vesícula biliar e o pâncreas. A mistura 
pastosa de alimento e secreções é conhecida como quimo.
O trato GI é um longo tubo com paredes musculares 
alinhadas por um epitélio secretor e transportador (p. 150). 
Em intervalos ao longo do trato, anéis musculares funcionam 
como esf incteres para separar o tubo em segmentos com funções 
distintas. O alimento move-se pelo trato, sendo propelido por 
ondas de contrações musculares.
Os produtos da digestão são absorvidos através do epitélio 
intestinal e passam para o líquido intersticial. De lá eles vão para 
o sangue ou para a linfa e são distribuídos para todo o corpo. 
Qualquer resíduo remanescente no lúmen ao final do trato GI 
deixa o corpo através de uma abertura, chamada de ânus.
Uma vez que o sistema digestório se abre para o exterior, o 
lúmen do trato e seus conteúdos são, na verdade, parte do ambiente 
externo. (Pense em um orifício que atravessa o centro de uma péro-
la) (Fig. 1.2, p. 4). Isso permite que uma incrível variedade de bac-
térias vivam no lúmen, particularmente no intestino grosso. Este 
arranjo é comumente descrito como uma relação comensalismo, em 
que as bactérias se beneficiam de ter o fornecimento de uma casa 
e comida, ao passo que o corpo humano não é afetado. Entretan-
to, estamos descobrindo meiospelos quais o corpo se beneficia de 
suas companheiras bactérias. A relação entre seres humanos e seus 
microbiomas bacterianos é um tema importante na fisiologia hoje, e 
você aprenderá mais sobre isso ao final deste capítulo. 
O sistema digestório é um tubo
Na cavidade oral, os primeiros estágios da digestão iniciam com 
a mastigação e a secreção da saliva por três pares de glândulas 
salivares: glândulas sublinguais abaixo da língua, glândulas sub-
mandibulares abaixo da mandíbula (osso maxilar) e glândulas paró-
tidas encontradas perto da articulação da mandíbula (Fig. 21.1b). 
SOLUCIONANDO O PROBLEMA Cólera no Haiti
Brooke estava procurando o que fazer nas suas férias de 
inverno de 2013, então ela se ofereceu para participar 
de uma equipe de socorro no Haiti. Após a sua chegada ao 
país devastado pelo terremoto, Brooke estava consternada 
com as condições de vida. Muitas pessoas ainda estavam 
vivendo em tendas com pouca ou nenhuma água corrente 
e saneamento. Para piorar a situação, em outubro de 2010, 
a Organização Mundial da Saúde (OMS) tinha emitido um 
alerta de epidemia global de cólera. O Vibrio cholerae, a 
bactéria da cólera, causa vômitos e volumes massivos de 
diarreia aquosa em pessoas que consumiram alimentos ou 
água contaminados. Não havia cólera no Haiti há cerca de 
cem anos, mas nos anos desde o terremoto, foram reporta-
dos cerca de 700 mil casos e 8 mil mortes.
672659655 675 682 688
FIGURA 21.1 RESUMO ANATÔMICO
Sistema digestório
Cavidade
oral
Glândulas
salivares
Esôfago
Pâncreas
Estômago
Intestino
delgado
Reto
Intestino
grosso
Prega circular
Mesentério
Vilosidades
Glândulas
submucosas
Serosa
Submucosa
Mucosa
Vesícula
biliar Fígado
Esôfago
Sublingual
Submandibular
Parótida
Antro
Piloro
Dobras: a superfície
dobrada
aumenta a área 
Fundo
Diafragma
Corpo
Músculo circular
Músculo longitudinal
(c) Estômago
(d) Estrutura do intestino delgado
(a) Visão geral do sistema digestório 
(b) Glândulas salivares 
Cite as glândulas acessórias e os
órgãos do sistema digestório. 
QUESTÃO DA FIGURAQ
(e) Vista seccionada do estômago
(f) Vista seccionada do intestino delgado 
No estômago, a área de superfície é
aumentada por invaginações, chamadas
de glândulas gástricas.
A área da superfície intestinal é aumentada
por vilosidades semelhantes a dedos e
por invaginações, chamadas
de criptas.
Epitélio
Vaso linfático
Plexo mioentérico
Mucosa
Muscular da mucosa
Submucosa
Músculo circular
Músculo longitudinal
Serosa
Cripta
Placa de Peyer
Vaso linfático
Plexo mioentérico
Artéria e veia
submucosas
Artéria e veia
Plexo submucoso
Lâmina própria
Muscular da mucosa
Mucosa
Submucosa
Músculo circular
Músculo longitudinal
Serosa
Abertura da
glândula gástrica
Camada oblíqua
Vilosidades
Muscular
externa
Muscular
externa
658 Dee Unglaub Silverthorn
O alimento deglutido passa pelo esôfago, um tubo estreito que 
atravessa o tórax até o abdome (Fig. 21.1a). As paredes do esôfago 
são constituídas de músculo esquelético no terço superior, mas so-
frem transição para músculo liso nos dois terços inferiores. Logo 
abaixo do diafragma, o esôfago termina no estômago, um órgão 
em forma de saco que pode conter até dois litros de alimento e 
líquidos quando totalmente (embora desconfortavelmente) ex-
pandido.
O estômago tem três seções: o fundo superior, o corpo 
central e o antro inferior (Fig. 21.1c). O estômago continua a 
digestão que iniciou na boca, misturando o alimento com ácido 
e enzimas para criar o quimo. A abertura entre o estômago e o 
intestino delgado, ou piloro (porteiro), é protegida pela válvula 
pilórica. Esta faixa espessa de músculo liso relaxa para permitir 
que apenas pequenas quantidades de quimo entrem no intestino 
delgado simultaneamente.
O estômago atua como um intermediário entre o ato com-
portamental de comer e os eventos fisiológicos da digestão e da 
absorção no intestino. Sinais integrados e alças de retroalimenta-
ção entre o intestino e o estômago regulam a velocidade na qual 
o quimo entra no duodeno. Isso garante que o intestino não seja 
sobrecarregado com mais do que ele pode digerir e absorver.
A maior parte da digestão ocorre no intestino delgado, 
que possui três seções: o duodeno (os primeiros 25 cm), o je-
juno e o íleo (os últimos dois, juntos, têm cerca de 260 cm de 
comprimento*). A digestão é realizada por enzimas intestinais, 
auxiliadas por secreções exócrinas de dois órgãos glandulares 
acessórios: o pâncreas e o fígado (Fig. 21.1a). As secreções desses 
dois órgãos entram na porção inicial do duodeno por ductos. Um 
esfincter tonicamente contraído (o esfincter hepatopancreático, 
ou esf incter de Oddi) impede que o líquido pancreático e a bile 
entrem no intestino delgado, exceto durante uma refeição.
A digestão termina no intestino delgado, e quase todos 
os nutrientes digeridos e os fluidos secretados são absrovidos lá, 
deixando cerca de 1,5 litro de quimo por dia passar para o intes-
tino grosso (Fig. 21.1a). No colo – a secção proximal do intesti-
no grosso – o quimo aquoso transforma-se em fezes semissólidas 
à medida que a água e os eletrólitos são absorvidos do quimo 
para o líquido extracelular (LEC).
Quando as fezes são propelildas para a seção terminal do 
intestino grosso, conhecida como reto, a distenção da parede re-
tal desencadeia o reflexo de defecação. As fezes deixam o trato GI 
pelo ânus, sendo que o esfincter anal externo, constituído de 
músculo esquelético, está sob controle voluntário.
Em uma pessoa viva, o sistema digestório da boca até o 
ânus tem cerca de 450 cm de comprimento. Deste comprimento, 
395 cm consistem nos intestinos grosso e delgado. Tente imagi-
nar 3,95 metros de corda, com 2,5 a 7,5 centímetros de diâmetro, 
toda enrolada dentro do seu abdome, do umbigo para baixo. 
O arranjo apertado dos órgãos abdominais ajuda a explicar por 
que você sente necessidade de soltar o seu cinto após ingerir uma 
grande quantidade de comida.
As medidas do comprimento intestinal feitas durante au-
tópsias são aproximadamente o dobro daquelas dadas aqui, uma 
vez que, após a morte, os músculos longitudinais do trato intesti-
*N. de R.T. Referência do comprimento do intestino delgado de um in-
divíduo vivo.
nal relaxam. Esse relaxamento é responsável pela ampla variação 
na extensão do intestino descrita em diferentes referências.
A parede do trato gastrintestinal possui 
quatro camadas
A estrutura básica da parede gastrintestinal é similar no estôma-
go e nos intestinos, embora existam variações de uma seção do 
trato GI para outra (Fig. 21.1e, f ). A parede intestinal é enrugada 
em dobras para aumentar a sua área de superfície. Essas dobras 
são chamadas de pregas no estômago e de dobras no intestino 
delgado. A mucosa intestinal também se projeta para o lúmen 
em pequenas extensões similares a dedos, denominadas vilosi-
dades (Fig. 21.1f ). Mais área de superfície é adicionada por in-
vaginações tubulares da superfície, que se estendem para dentro 
do tecido conectivo de sustentação. Essas invaginações são deno-
minadas glândulas gástricas no estômago e criptas no intestino. 
Algumas das invaginações mais profundas formam glândulas 
submucosas secretoras que se abrem para o lúmen através de 
ductos.
A parede intestinal consiste em quatro camadas: (1) uma 
mucosa interna virada para o lúmen, (2) uma camada conhecida 
como submucosa, (3) camadas de músculo liso, conhecidas cole-
tivamente como muscular externa, e (4) uma cobertura de tecido 
conectivo, denominada serosa.
Mucosa A mucosa, o revestimento interno do trato gastrintes-
tinal, tem três camadas: uma única camada de epitélio mucoso vi-
rado para o lúmen; a lâmina própria, tecido conectivo subepitelial 
que segura o epitélio no lugar; e a muscular da mucosa, uma fina 
camada de músculo liso. Várias modificações estruturais aumen-
tam a área da superfície da mucosa, a fim de aumentar a absorção.
 1. O epitélio mucoso possui a mais variável característica do 
trato GI,mudando de seção para seção. As células da mu-
cosa incluem células epiteliais transportadoras (chamadas 
de enterócitos no intestino delgado), células secretoras en-
dócrinas e exócrinas e células-tronco. Na superfície mu-
cosa do epitélio (apical) (p. 79), as células secretam íons, 
enzimas, muco e moléculas parácrinas para o lúmen. 
Na superfície serosa do epitélio (basolateral), as substâncias 
absorvidas do lúmen e as moléculas secretadas por células 
epiteliais entram no LEC.
As junções célula a célula que unem as células epite-
liais do trato GI variam (p. 72). No estômago e no colo, as 
junções formam uma barreira impermeável, de modo que 
pouco pode passar entre as células. No intestino delgado, 
as junções não são tão apertadas. Este epitélio intestinal é 
considerado “permeável”, uma vez que parte da água e dos 
solutos pode ser absorvida entre as células (via paracelular), 
em vez de através delas. Agora, sabemos que as junções 
possuem plasticidade e que a sua permeabilidade e seleti-
vidade podem ser reguladas em algum grau.
As células-tronco GI são células indiferenciadas que 
se dividem rapidamente e produzem de forma contínua um 
novo epitélio nas criptas e nas glândulas gástricas. À me-
dida que as células-tronco se dividem, as células recém-
-formadas são empurradas em direção à superfície luminal 
do epitélio. A duração média de uma célula epitelial GI é 
Fisiologia humana: uma abordagem integrada 659
de apenas poucos dias, um bom indicador da vida dura que 
essas células têm. Como ocorre em outros tipos de epitélio, 
a rápida renovação e a taxa de divisão celular no trato GI 
torna esses órgãos suscetíveis ao desenvolvimento de cân-
cer. Em 2013, os cânceres de colo e de reto (câncer colorre-
tal) foram a terceira causa de morte por câncer nos Estados 
Unidos. Entretanto, a taxa de mortalidade tem caído, devi-
do a mais exames de rastreio e melhores tratamentos.
 2. A lâmina própria é o tecido conectivo subepitelial que con-
tém fibras nervosas e pequenos vasos sanguíneos e linfáti-
cos. Os nutrientes absorvidos passam para o sangue e para 
a linfa aqui (Fig. 21.1e). Esta camada também contém cé-
lulas imunes patrulhadoras, como macrófagos e linfócitos, 
que patrulham invasores que tenham entrado através de 
rupturas do epitélio.
No intestino, coleções de tecido linfoide adjacente 
ao epitélio formam pequenos nódulos e grandes placas de 
Peyer, que criam inchaços visíveis na mucosa (Fig. 21.1f ). 
Estes agregados linfáticos constituem a maior parte do te-
cido linfático associado ao intestino (GALT).
 3. A muscular da mucosa, uma fina camada de músculo liso, 
separa a lâmina própria da submucosa. A contração dos 
músculos dessa camada altera a área de superfície efetiva 
para absorção por mover as vilosidades em vai e vem, como 
a ondulação dos tentáculos de uma anêmona-do-mar.
Submucosa A submucosa é a camada média da parede 
do intestino. Ela é composta de tecido conectivo com grandes 
vasos sanguíneos e linfáticos passando por ela (Fig. 21.1e, f ). 
A submucosa também contém o plexo submucoso, uma das duas 
principais redes nervosas do sistema nervoso entérico (p. 229). 
O plexo submucoso (também chamado de plexo de Meissner) 
inerva as células na camada epitelial, bem como o músculo liso 
da muscular da mucosa.
Muscular externa A parede externa do trato gastrintestinal, 
a muscular externa, consiste primariamente de duas camadas de 
músculo liso: uma camada interna circular e uma camada externa 
longitudinal (Fig. 21.1d, f ). A contração da camada circular di-
minui o diâmetro do lúmen. A contração da camada longitudinal 
encurta o tubo. O estômago possui uma terceira camada incom-
pleta de músculo oblíquo entre a camada muscular circular e a 
submucosa (Fig. 21.1e).
A segunda rede nervosa do sistema nervoso entérico, o 
plexo mioentéricoo, situa-se entre as camadas musculares lon-
gitudinal e circular. O plexo mioentérico (também chamado de 
plexo de Auerbach) controla e coordena a atividade motora da ca-
mada muscular externa.
Serosa O revestimento exterior de todo o trato digestório, a 
serosa, é uma membrana de tecido conectivo que é uma continu-
ação da membrana peritoneal (peritônio) que reveste a cavidade 
abdominal (p. 59). O peritônio também forma o mesentério, que 
mantém o intestino no lugar para que ele não fique enroscado 
quando se move.
A próxima seção é uma breve visão sobre os quatro pro-
cessos de secreção, digestão, absorção e motilidade. A fisiologia 
gastrintestinal é um campo em rápida expansão, e este livro não 
tenta incluir tudo. Em vez disso, ele concentra-se em aspectos 
gerais selecionados da fisiologia digestória.
REVISANDO
CONCEITOS
 1. O lúmen do trato digestório está no lado 
apical ou basolateral do epitélio intestinal? 
Na superfície serosa ou mucosa?
 2. Cite as quatro camadas da parede do trato GI, 
iniciando pelo lúmen e seguindo para fora.
 3. Cite as estruturas pelas quais uma porção de 
alimento passa à medida que vai da boca ao 
ânus.
FUNÇÕES E PROCESSOS DIGESTÓRIOS
A função primária do sistema digestório é levar os nutrientes, 
a água e os eletrólitos do ambiente externo para o ambiente 
interno corporal. Para alcançar esse objetivo, o sistema usa qua-
tro processos básicos: digestão, absorção, secreção e motilida-
de (FIG. 21.2). A digestão é a quebra, ou degradação, química 
e mecânica dos alimentos em unidades menores que podem 
ser levadas através do epitélio intestinal para dentro do corpo. 
A absorção é o movimento de substâncias do lúmen do trato 
GI para o líquido extracelular. A secreção no trato GI possui 
dois significados. Ela pode significar o movimento de água e 
íons do LEC para o lúmen do trato digestório (o oposto da 
absorção), mas pode também significar a liberação de substân-
cias sintetizadas pelas células epiteliais do GI tanto no lúmen 
quanto no LEC. A motilidade é o movimento de material no 
trato GI como resultado da contração muscular.
Embora possa parecer simples digerir e absorver alimen-
tos, o sistema digestório enfrenta três desafios significativos:
 1. Evitar a autodigestão. O alimento que comemos está princi-
palmente sob a forma de macromoléculas, como proteínas 
e carboidratos complexos, de modo que o nosso sistema 
SOLUCIONANDO O PROBLEMA
Enfrentando uma epidemia de cólera no país, os mem-
bros da equipe de socorro estavam apreensivos. Um tra-
balhador do Centers for Disease Control and Prevention 
(CDC) dos Estados Unidos falou para o grupo sobre as 
precauções adequadas. Ele avisou-os para terem cuida-
do com o que eles comiam e bebiam e para lavarem suas 
mãos frequentemente. Em seguida, em cerca de cinco 
dias de viagem, Brooke teve um surto de diarreia abun-
dante e aquosa, que ela inicialmente atribuiu ao estresse 
emocional do trabalho de assistência. Contudo, quando 
teve tonturas e taquicardia, ela foi para a tenda médica. 
Lá, ela foi diagnosticada com desidratação causada pela 
diarreia induzida pela cólera.
P1: Dada a diarreia aquosa de Brooke, como você esperaria 
que estivesse o volume de LEC dela?
P2: Por que Brooke teve taquicardia?
672659655 675 682 688
660 Dee Unglaub Silverthorn
digestório precisa secretar enzimas potentes para digerir os 
alimentos em moléculas que sejam pequenas o suficiente 
para serem absorvidas pelo corpo. Ao mesmo tempo, en-
tretanto, essas enzimas não devem digerir o próprio trato 
GI (autodigestão). Se os mecanismos protetores contra a 
autodigestão falharem, escoriações, conhecidas como úlce-
ras pépticas, desenvolvem-se nas paredes do trato GI.
 2. Balanço de massa. Outro desafio que o sistema digestório 
enfenta diariamente é a manutenção do balanço de massa 
por meio da combinação da entrada e saída de líquidos 
(FIG. 21.3). As pessoas ingerem cerca de 2 litros de líqui-
do por dia. Além disso, as glândulas e as células exócri-
nas secretam aproximadamente 7 litros de enzimas, muco, 
eletrólitos e água no lúmen do trato GI. Estevolume 
de líquido secretado é o equivalente a um sexto da água 
corporal total (42 litros), ou mais de duas vezes o volume 
plasmático de 3 litros. Se o líquido secretado não puder ser 
absorvido, o corpo desidratará rapidamente.
 3. Normalmente, a absorção é muito eficiente, e apenas cer-
ca de 100 mL de líquido é perdido nas fezes. Entretanto, 
vômito e diarreia (fezes excessivamente aquosas) podem 
se tornar uma emergência quando as secreções GI são 
perdidas para o ambiente, em vez de serem reabsorvidas. 
Em casos graves, esse líquido perdido pode diminuir o vo-
lume do líquido extracelular a ponto de o sistema circula-
tório ser incapaz de manter a pressão sanguínea adequada.
 4. Defesa. O desafio final que o sistema digestório enfrenta 
é proteger o corpo de invasores estranhos. Ao contrário 
do que se imagina, a maior área de contato entre o meio 
interno e o mundo exterior está no lúmen do sistema di-
gestório. Como consequência, o trato GI, com sua área de 
superfície total do tamanho aproximado de uma quadra 
de tênis, enfrenta diariamente o conflito entre a neces-
sidade de absorver água e nutrientes e a necessidade de 
evitar que bactérias, vírus e outros patógenos entrem no 
corpo. Para isso, o epitélio transportador do trato GI é 
auxiliado por um conjunto de mecanismos fisiológicos 
de defesa, incluindo muco, enzimas digestórias, ácido e a 
maior coleção de tecido linfático do corpo, o tecido linfá-
tico associado ao intestino (GALT). Estima-se que 80% de 
todos os linfócitos (p. 514) do corpo são encontrados no 
intestino delgado.
O corpo humano enfrenta esses desafios fisiológicos por 
vezes conflitantes por meio da coordenação entre motilidade e 
secreção para maximizar a digestão e a absorção.
SECREÇÃO
DIGESTÃO
ABSORÇÃO
MOTILIDADE
Lúmen do trato digestório Parede Líquido
intersticial
Sangue
Bolo
alimentar
Digestão
Absorção
Motilidade
Secreção
Quebra química e mecânica
do alimento em unidades
para absorção 
Movimento de material do
lúmen GI para o LEC
Movimento do material
através do trato GI como
resultado da contração
muscular 
Movimento de material
das células para o lúmen
ou para o LEC
FIGURA 21.2 Os quatro processos do sistema digestório.
7,5 L do intestino
 delgado
1,4 L do intestino
 grosso
0,1 L nas fezes
9,0 L removidos
 do lúmen
2 L de alimento
 e bebida
1,5 L de saliva
 (glândulas
 salivares)
0,5 L de
 bile (fígado)
2 L de
 secreções
 gástricas
1,5 L de
 secreções
 pancreáticas
1,5 L de
 secreções 
 intestinais
9 L entrada
 total no lúmen
Absorção
Excreção
Entrada de líquido 
no sistema 
digestório
Líquido removido
do sistema
digestório
Ingestão
Secreção
FIGURA 21.3 Balanço de massa no sistema digestório. 
Para manter a homeostasia, o volume de líquido que entra no 
trato GI por ingestão ou secreção deverá ser igual ao volume que 
deixa o lúmen.
Fisiologia humana: uma abordagem integrada 661
Nós secretamos mais líquidos do que 
ingerimos
Em um dia normal, 9 litros de líquido passam através do lúmen 
do trato gastrintestinal de um adulto – equivalente ao conteúdo 
de três garrafas de refrigerante de 3 litros. Apenas cerca de 
2 litros desse volume entram no sistema GI pela boca. Os 7 litros 
restantes de líquido vem da água corporal secretada juntamente 
com íons, enzimas e muco (ver Fig. 21.3). Os íons são transpor-
tados do LEC para o lúmen. A água, então, segue o gradiente 
osmótico criado por esta transferência de solutos de uma lado 
do epitélio para o outro. A água move-se pelas células epiteliais 
através de canais ou por junções comunicantes entre as células 
(a via paracelular).
As células epiteliais gastrintestinais, como aquelas dos 
rins, são polarizadas (p. 150), com membranas apicais e basolate-
rais diferentes. Cada superfície celular contém proteínas para o 
movimento de solutos e de água, muitas delas similares àquelas 
do túbulo renal. O arranjo das proteínas de transporte nas mem-
branas apicais e basolaterais determina a direção do movimento 
de solutos e de água através do epitélio.
Enzimas digestórias As enzimas digestórias são secre-
tadas tanto por glândulas exócrinas (glândulas salivares e o 
pâncreas) quanto por células epiteliais no estômago e no in-
testino delgado. As enzimas são proteínas, as quais são sinteti-
zadas pelo retículo endoplasmático rugoso, empacotadas pelo 
aparelho de Golgi em vesículas secretoras e, então, estocadas 
na células até serem necessárias. Conforme a necessidade, elas 
são liberadas por exocitose (p. 148). Muitas enzimas intestinais 
permanecem ligadas às membranas apicais das células intesti-
nais, ancoradas por proteínas transmembranas “hastes” ou ân-
coras lipídicas (p. 64).
Algumas enzimas digestórias são secretadas na forma 
de proenzimas inativas, conhecidas como zimogênios (p. 100). 
Os zimogênios devem ser ativados no lúmen GI antes que eles 
possam realizar a digestão. Sintetizar as enzimas em uma forma 
não functional permite que elas sejam estocadas nas células que 
as produzem sem causar dano às mesmas. A nomenclatura dos 
zimogênios frequentemente tem o sufixo –ogênio adicionado ao 
nome da enzima, como pepsinogênio.
Muco O muco é uma secreção viscosa composta primaria-
mente de glicoproteínas, chamadas de mucinas. As principais 
funções do muco são formar uma cobertura protetora sobre a 
mucosa GI e lubrificar o conteúdo do intestino. O muco é feito 
em células exócrinas especializadas, chamadas de células mucosas, 
no estômago e nas glândulas salivares, e células caliciformes no in-
testino (Fig. 3.10, p. 78). As células caliciformes constituem entre 
10 e 24% da população celular intestinal.
Os sinais para a liberação de muco incluem inervação 
parassimpática, vários neuropeptídeos encontrados no siste-
ma nervoso entérico e citocinas provenientes dos imunócitos. 
As infecções parasitárias e os processos inflamatórios no trato 
GI também causam aumento substancial na produção de muco, 
à medida que o corpo tenta fortalecer suas barreiras protetoras.
REVISANDO
CONCEITOS
 4. Defina digestão. Qual é a diferença entre 
digestão e metabolismo (p. 102)?
 5. Por que o sistema digestório está associado à 
maior coleção de tecido linfático do corpo?
 6. Desenhe uma célula mostrando 
(1) uma enzima em uma vesícula secretora 
citoplasmática, (2) a exocitose da vesícula 
e (3) a enzima permanecendo ligada à 
superfície da membrana da célula, em vez de 
indo para longe.
A digestão e a absorção tornam o alimento 
utilizável 
A maioria das secreções GI facilitam a digestão. O sistema GI di-
gere macromoléculas em unidades absorvíveis usando uma com-
binação de degradação mecânica e enzimática. A mastigação e a 
agitação gástrica produzem pedaços menores de alimento com mais 
área de superfície exposta às enzimas digestórias. O pH no qual as 
diferentes enzimas digestórias funcionam melhor (p. 100) reflete 
a localização onde elas são mais ativas. Por exemplo, enzimas que 
agem no estômago funcionam bem em pH ácido, e aquelas que são 
secretadas no intestino delgado funcionam melhor em pH alcalino. 
A maior parte da absorção ocorre no intestino delgado, 
com absorção adicional de água e de íons no intestino grosso. 
A absorção, assim como a secreção, utiliza muitas das mesmas 
proteínas de transporte do túbulo renal. Uma vez absorvidos, os 
nutrientes entram no sangue ou na circulação linfática. 
Motilidade: o músculo liso gastrintestinal 
contrai espontaneamente
A motilidade no trato gastrintestinal tem dois propósitos: trans-
portar o alimento da boca até o ânus e misturá-lo mecanicamen-
te para quebrá-lo uniformemente em partículas pequenas. Essa 
mistura maximiza a exposição das partículas às enzimas digestó-
rias, uma vez que aumenta a sua área de superfície. A motilida-
de gastrintestinal é determinada pelas propriedades do músculo 
liso GI e é modificada por informações químicas dos nervos, doshormônios e dos sinais parácrinos. 
A maior parte do trato GI é composta por músculo liso 
unitário, com grupos de células eletricamente conectadas por 
junções comunicantes (p. 405) para criam segmentos contráteis. 
Regiões diferentes apresentam diferentes tipos de contração. 
As contrações tônicas são mantidas por minutos ou horas. Elas 
ocorrem em alguns esfincteres de músculo liso e na porção apical 
do estômago. As contrações fásicas, com ciclos de contração-
-relaxamento que duram apenas alguns segundos, ocorrem na 
região distal do estômago e no intestino delgado.
Os ciclos de contração e relaxamento do músculo liso são 
associados a ciclos de despolarização e repolarização, denomi-
nados potenciais de ondas lentas, ou simplesmente ondas lentas 
(FIG. 21.4a). Pesquisas atuais indicam que as ondas lentas são 
originadas em uma rede de células, chamadas de células inters-
ticiais de Cajal (denominadas pelo neuroanatomista espanhol 
FIGURA 21.4 CONTEÚDO ESSENCIAL
QUESTÃO DA FIGURAQ
Motilidade gastrintestinal 
Potencial de
membrana
(mV)
Os potenciais de ação
são disparados quando
os potenciais das ondas
lentas atingem o limiar.
A força e a duração da
contração muscular são
diretamente relacionadas
à amplitude e à frequência
dos potenciais de ação.
Limiar
Potencial
de ação
Onda
lenta
Força da
contração
muscular
Tempo
(b) O complexo motor migratório (MMC) é uma série de contrações
que iniciam no estômago vazio e terminam no intestino grosso. 
(a) As ondas lentas são despolarizações espontâneas no
músculo liso GI.
Direção do movimento
O segmento que recebe relaxaContração
Bolo alimentar
O bolo move-se
para a frente
(c) As contrações peristálticas são responsáveis pelo
movimento para a frente. 
Os segmentos alternados contraem e há pouco
ou nenhum movimento para a frente. 
(d) As contrações segmentares são responsáveis pela mistura. 
Por que os picos das ondas de
contração ocorrem depois dos picos
dos potenciais de ação? 
Segundos depois
Fisiologia humana: uma abordagem integrada 663
Santiago Ramón y Cajal), ou ICCs. Essas células musculares 
lisas modificadas estão localizadas entre as camadas de músculo 
liso e os plexos nervosos intrínsecos, podendo atuar como inter-
mediárias entre os neurônios e o músculo liso.
Parece que as ICCs funcionam como marca-passos para a 
atividade de ondas lentas em diferentes regiões do trato GI, bem 
como as células do sistema de condução cardíaca agem como mar-
ca-passos para o coração (p. 455). Os potenciais de ondas lentas 
diferem dos potenciais de marca-passo miocárdicos, pois as ondas 
GI ocorrem a uma frequência muito mais baixa (3-12 ondas/min 
no TGI versus 60-90 ondas/min no miocárdio). A frequência das 
ondas lentas varia em cada região do trato GI, variando de 3 on-
das/min no estômago a 12 ondas/min no duodeno.
As ondas lentas, que iniciam espontaneamente nas células 
intersticiais de Cajal, espalham-se para as camadas musculares 
lisas adjacentes através de junções comunicantes. Assim como 
no sistema de condução cardíaco, o marca-passo mais rápido em 
um grupo de células intersticiais determina o ritmo (“marca o 
passo”) de todo o grupo (p. 456). A observação de que as células 
intersticiais parecem coordenar a motilidade GI tem levado os 
pesquisadores a trabalharem para estabelecer uma associação en-
tre as células intersticiais e os distúrbios funcionais do intestino, 
como a síndrome do colo irritável e a constipação crônica.
Outra diferença entre as ondas lentas e os potenciais de 
marca-passo cardíaco é que as ondas lentas não alcançam o li-
miar em cada ciclo e, uma onda lenta que não alcança o limiar 
não causará contração muscular. Quando um potencial de onda 
lenta alcança o limiar, canais de Ca
2�
 dependentes de voltagem 
na fibra muscular abrem-se, o Ca
2�
 entra, e a célula dispara um 
ou mais potenciais de ação. A fase de despolarização do potencial 
de onda lenta, como nas células miocárdicas autorrítmicas, é o 
resultado da entrada de Ca
2�
 na célula. Além disso, a entrada de 
Ca
2�
 inicia a contração muscular (p. 407).
A contração do músculo liso, como a do músculo cardíaco, 
é graduada de acordo com a quantidade de Ca
2�
 que entra na 
fibra. Quanto maior a duração das ondas lentas, mais potenciais 
de ação são disparados, e maior é a força da contração muscu-
lar. A probabilidade de uma onda lenta disparar um potencial de 
ação depende principalmente das informações provenientes do 
sistema nervoso entérico.
O músculo liso gastrintestinal apresenta 
diferentes padrões de contração
As contrações musculares no trato gastrintestinal ocorrem em 
três padrões que levam a diferentes tipos de movimentos no tra-
to. Entre as refeições, quando o trato está em grande parte vazio, 
ocorre uma série de contrações que começam no estômago e pas-
sam lentamente de segmento em segmento, levando aproxima-
damente 90 minutos para alcançarem o intestino grosso. Este 
padrão, denominado complexo motor migratório, é uma função 
de “limpeza da casa” que varre as sobras do bolo alimentar e bac-
térias do trato GI superior para o intestino grosso (Fig. 21.4b).
As contrações musculares durante e após uma refeição se-
guem um dos dois outros padrões. (Fig. 21.4) O peristaltismo 
são ondas progressivas de contração que se movem de uma seção 
do trato GI para a próxima, assim como as “ondas” humanas que 
ondulam em torno de um estádio de futebol ou de uma arena de 
basquete. No peristaltismo, os músculos circulares contraem o 
segmento apical a uma massa, ou bolo, de alimento (Fig. 21.4c). 
Essa contração empurra o bolo para a frente até um segmento 
receptor, onde os músculos circulares estão relaxados. O segmento 
receptor, então, contrai, continuando o movimento para a frente.
As contrações peristálticas empurram um bolo para a frente 
a uma velocidade entre 2 e 25 cm/s. O peristaltismo no esôfago 
propele o material da faringe para o estômago. A peristalse contri-
bui para a mistura do bolo no estômago, porém, na digestão normal, 
as ondas peristálticas intestinais são limitadas a curtas distâncias.
Nas contrações segmentares, segmentos curtos (1-5 cm) 
de intestino contraem e relaxam alternadamente (Fig. 21.4d). 
Nos segmentos contraídos, o músculo circular contrai, ao pas-
so que o músculo longitudinal relaxa. Essas contrações podem 
ocorrer aleatoriamente ao longo do intestino ou a intervalos re-
gulares. As contrações segmentares alternadas agitam o conteúdo 
intestinal, misturando-o e mantendo-o em contato com o epité-
lio absortivo. Quando os segmentos contraem sequencialmente, 
em uma direção oral-aboral, os conteúdos intestinais são prope-
lidos por curtas distâncias.
Os distúrbios de motilidade estão entre os problemas gas-
trintestinais mais comuns. Eles variam de espasmos esofágicos e 
retardo do esvaziamento gástrico (estômago) a constipação e diar-
reia. A síndrome do colo irritável é um distúrbio funcional crônico 
caracterizado por alteração dos hábitos intestinais e dor abdominal.
REVISANDO
CONCEITOS
 7. Qual é a diferença entre absorção e 
secreção?
 8. Como as gorduras absorvidas pelo sistema 
linfático alcançam a circulação geral para a 
distribuição às células? (Dica: p. 499)
 9. Por que alguns esfincteres do sistema 
digestório são tonicamente contraídos?
FOCO CLÍNICO 
Diabetes: esvaziamento gástrico lento
O diabetes melito atinge quase todos os sistemas de ór-
gãos. O trato digestório não é exceção. Um problema que 
assola mais de um terço de todas as pessoas com diabe-
tes é a gastroparesia, também chamada de esvaziamento 
gástrico lento. Nestes pacientes, o complexo motor migra-
tório está ausente entre as refeições e o esvaziamento do 
estômago é lento. Muitos pacientes, como consequência, 
sofrem de náuseas e vômitos. A causa da gastroparesia 
diabética não está esclarecida, porém estudos recen-
tes com modelos animais e pacientes mostram perda ou 
disfunção das células intersticiais de Cajal. Essas células 
funcionam como marca-passos e como ligação entreas 
células musculares lisas GI e os sistemas nervosos autôno-
mo e entérico. Considerando o modelo cardíaco do marca-
-passo externo, os pesquisadores estão testando um mar-
ca-passo gástrico implantável para promover a motilidade 
gástrica em pacientes diabéticos com gastroparesia grave.
664 Dee Unglaub Silverthorn
REGULAÇÃO DA FUNÇÃO 
GASTRINTESTINAL
Dos quatro processos GI, a motilidade e a secreção são as prin-
cipais funções reguladas. Se o alimento se move através do sis-
tema muito rapidamente, não haverá tempo suficiente para que 
tudo no lúmen seja digerido e absorvido. A secreção é regulada 
para que as enzimas digestórias apropriadas possam quebrar o 
alimento em formas que possam ser absorvidas. A digestão, por 
sua vez, depende da motilidade e da secreção.
Os cientistas acreditavam que a absorção dos nutrientes 
não é regulada, e que “você absorve o que você come”. Agora, en-
tretanto, evidências indicam que a absorção de alguns nutrientes 
pode ser alterada em resposta a mudanças ambientais de longo 
prazo. 
O sistema nervoso entérico pode atuar de 
modo independente
O sistema nervoso entérico (SNE) foi inicialmente reconhe-
cido há mais de um século, quando os cientistas notaram que 
seções isoladas do intestino removidas do corpo criavam uma 
onda reflexa de contrações peristálticas quando a pressão do lú-
men aumentava. O que eles observaram foi a habilidade do SNE 
de realizar um reflexo independentemente do controle exercido 
pelo sistema nervoso central (SNC).
A este respeito, o SNE é muito similar às redes nervosas 
de águas-vivas e de anêmonas-do-mar (filo Cnidaria) (p. 275). 
Você pode ter visto anêmonas-do-mar sendo alimentadas em um 
aquário. Quando um pedaço de camarão ou de peixe flutua perto 
dos seus tentáculos, elas começam a ondular, captando “odores 
químicos” através da água. Uma vez que o alimento toca o tentá-
culo, ele é levado à boca, passando de um tentáculo para o outro 
até desaparecer dentro da cavidade digestória.
Este reflexo é realizado sem um encéfalo, olhos ou um 
nariz. O sistema nervoso da anêmona consiste em uma rede 
nervosa com neurônios sensoriais, interneurônios e neurônios 
eferentes que controlam os músculos e as células secretoras do 
seu corpo. Os neurônios da rede são ligados de modo que possam 
integrar a informação e agir sobre ela. Da mesma forma que uma 
anêmona captura seu alimento, o SNE recebe estímulos e atua 
sobre eles. O sistema nervoso entérico controla a motilidade, a 
secreção e o crescimento do trato digestório.
Anatômica e funcionalmente, o SNE compartilha muitas 
características com o SNC:
 1. Neurônios intrínsecos. Os neurônios intrínsecos dos 
dois plexos nervosos do trato digestório são aqueles que 
se situam completamente dentro da parede do trato GI, 
exatamente como os interneurônios estão contidos intei-
ramente no SNC. Os neurônios autonômicos que levam 
sinais do SNC para o sistema digestório são denominados 
neurônios extrínsecos.
 2. Neurotransmissores e neuromoduladores. Os neurônios do 
SNE liberam mais de 30 neurotransmissores e neuromo-
duladores, a maioria dos quais são idênticos a moléculas 
encontradas no encéfalo. Esses neurotransmissores são 
algumas vezes chamados de não adrenérgicos, não colinér-
gicos para os distinguir dos neurotransmissores autonô-
micos tradicionais, noradrenalina e acetilcolina. Entre os 
neurotransmissores e neuromoduladores mais conheci-
dos estão a serotonina, o peptídeo intestinal vasoativo e o 
óxido nítrico.
 3. Células gliais de sustentação. As células gliais de susten-
tação dos neurônios dentro do SNE são mais similares à 
astroglia do encéfalo do que às células de Schwann do sis-
tema nervoso periférico.
 4. Barreira de difusão. Os capilares que circundam os gân-
glios no SNE não são muito permeáveis e criam uma bar-
reira de difusão que é similar à barreira hematencefálica 
dos vasos sanguíneos encefálicos.
 5. Centros integradores. Como observado anteriormente, re-
flexos que se originam no trato GI podem ser integrados 
e atuar sem que os sinais neurais deixem o SNE. Assim, a 
rede de neurônios do SNE é o seu próprio centro integra-
dor, assim como o encéfalo e a medula espinal.
Acreditava-se que se pudéssemos explicar como o SNE 
integra comportamentos simples, poderíamos usar tal sistema 
como modelo para o funcionamento do SNC. Todavia, estudar 
o funcionamento do SNE é difícil, pois os reflexos entéricos não 
possuem um centro de comando distinto. Em vez disso, em uma 
tendência interessante, os fisiologistas GI estão aplicando infor-
mações obtidas de estudos do encéfalo e da medula espinal para 
investigar o funcionamento do SNE. As complexas interações 
entre o SNE, o SNC, o sistema endócrino e o sistema imune 
prometem abastecer os cientistas com questões para serem inves-
tigadas durante muitos anos.
Reflexos curtos integrados no sistema nervoso enté-
rico Os plexos nervosos entéricos na parede intestinal agem 
como um “pequeno cérebro”, permitindo que reflexos locais se-
jam iniciados, integrados e finalizados completamente no trato 
GI. (FIG. 21.5, setas vermelhas). Os reflexos que se originam 
dentro do sistema nervoso entérico (SNE) e são integrados 
por ele sem sinais externos são denominados reflexos curtos. 
O plexo submucoso contém neurônios sensoriais que recebem 
sinais do lúmen do trato GI. A rede do SNE integra esta infor-
mação sensorial e, então, inicia a resposta. O plexo submucoso 
controla a secreção pelas células epiteliais GI. Os neurônios do 
plexo mioentérico na camada muscular externa influenciam a 
motilidade.
Reflexos longos são integrados no SNC Embora o SNE 
possa funcionar isoladamente, ele também envia informações 
sensoriais para o SNC e recebe aferências dele através dos neurô-
nios autonômicos. Um reflexo neural clássico inicia com um estí-
mulo transmitido por um neurônio sensorial para o SNC, onde o 
estímulo é integrado e atua. No sistema digestório, alguns refle-
xos clássicos são originados nos receptores sensoriais no trato GI, 
mas outros são originados fora do sistema digestório (Fig. 21.5, 
setas cinza). Não importa onde eles se originam, os reflexos di-
gestórios integrados no SNC são chamados de reflexos longos.
Os reflexos longos que se originam completamente fora 
do sistema digestório incluem reflexos antecipatórios (p. 17) e 
reflexos emocionais. Esses reflexos são chamados de reflexos ce-
fálicos, uma vez que eles se originam no encéfalo. Os reflexos 
Fisiologia humana: uma abordagem integrada 665
antecipatórios iniciam com estímulos – como visão, cheiro, som 
ou pensamento no alimento – que preparam o sistema digestório 
para a refeição que o encéfalo está antecipando. Por exemplo, se 
você está com fome e sente o cheiro do jantar sendo preparado, 
você fica com água na boca e seu estômago ronca.
Os reflexos emocionais e a sua influência no trato GI 
ilustram outra ligação entre o cérebro e o sistema digestório. 
As respostas GI às emoções variam da constipação do viajante a 
“borboletas no estômago” para vômitos e diarreia induzidos psi-
cologicamente.
Nos reflexos longos, o músculo liso e as glândulas do trato 
GI estão sob controle autonômico. Em geraI, fala-se que a divi-
são parassimpática é excitatória e realça as funções GI, levando 
ao seu apelido de “descansar e digerir”. A maioria dos neurônios 
parassimpáticos para o trato GI são encontrados no nervo vago. 
Os neurônios simpáticos normalmente inibem as funções GI.
REVISANDO
CONCEITOS
 10. A excitação da função GI pela divisão 
parassimpatica e a inibição pela divisão 
simpatica é um exemplo de que tipo de 
controle?
Os peptídeos gastrintestinais incluem 
hormônios, neuropeptídeos e citocinas
Os peptídeos secretados pelas células do trato GI podem atuar 
como hormônios ou como sinais parácrinos. Alguns desses peptí-
deos GI foram primeiro descritos e nomeados em outros sistemas 
corporais. Como seus nomes nada têm a ver com as suas funções 
no sistemaGI, aprender a sua terminologia pode ser um desafio.
No sistema digestório, os peptídeos GI excitam ou inibem 
a motilidade e a secreção. Alguns peptídeos parácrinos são secre-
tados para o lúmen, onde eles se ligam a receptores na membrana 
apical para desencadear uma resposta. Outros são secretados no 
líquido extracelular, onde eles difundem curtas distâncias para 
agir em células vizinhas. 
Os peptídeos GI também atuam fora do trato GI, e al-
gumas de suas mais importantes ações envolvem o cérebro. Por 
exemplo, em estudos experimentais, o hormônio GI colecisto-
cinina (CCK) melhora a saciedade, dando a sensação de que a 
fome foi saciada. No entanto, a CCK também é produzida por 
neurônios e funciona como um neurotransmissor no cérebro, 
assim é difícil determinar quanto da resposta normal de sacie-
dade é devida à CCK proveniente do intestino. Outro peptídeo 
Receptores
sensoriais
e
neurônios
Estímulo local:
Neurônios
entéricos
Músculos lisos,
células exócrinas
Inter-
neurônios
Neurônios
 simpáticos e
 parassimpáticos
Sistema nervoso entérico
“O pequeno cérebro”
• Mudanças na motilidade GI 
• Liberação da bile e secreções
pancreáticas
• Síntese/liberação de enzimas,
de ácido e de bicarbonato
Encéfalo
Fome/saciedade
Insulina
Glucagon
Células
secretoras do
estômago e do
intestino
delgado
Fase cefálica
da digestão
(antecipação)
(visão, cheiro,
etc.)
Receptores
sensoriais
Estímulo
Centro
integrador
Sensor
Sinal eferente
Alvo
Resposta tecidual
Pâncreas
endócrino
Peptídeos GI Encéfalo
Os reflexos longos são integrados 
no SNC. Alguns reflexos longos se 
originam fora do trato GI, mas 
outros se originam no SNE.
Os reflexos curtos são 
originados no SNE e são 
executados por neurônios 
localizados inteiramente na 
parede do trato GI.
1. Quais efetores e respostas são controlados
pelo plexo mioentérico, e quais são controlados
pelo plexo submucoso?
2. Que tipo de receptor sensorial responde ao estiramento?
E à osmolaridade? E aos produtos da digestão?
LEGENDA
QUESTÕES DA FIGURAQ
Distensão
Presença de alimento
Osmolaridade
Acidez
FIGURA 21.5 Integração dos reflexos digestórios.
666 Dee Unglaub Silverthorn
GI, a grelina, é secretado pelo estômago e age no cérebro para 
aumentar a ingestão alimentar. 
Os pesquisadores têm agora sequenciados mais de 30 peptí-
deos provenientes da mucosa GI, porém somente alguns deles são 
amplamente aceitos como hormônios. Alguns peptídeos têm efei-
tos parácrinos bem definidos, mas a maioria entra em uma longa 
lista de candidatos a hormônios. Além disso, conhecemos molécu-
las reguladoras não peptídicas, como a histamina, que funcionam 
como sinais parácrinos. Devido à incerteza associada ao campo, res-
tringimos o foco neste capítulo às principais moléculas reguladoras. 
Hormônios GI Os hormônios GI, como todos os hormônios, 
são secretados no sangue e transportados através do corpo. Eles 
atuam sobre o trato GI, em órgãos acessórios, como o pâncreas, e 
em alvos mais distantes, como o encéfalo.
Os hormônios do trato GI ocupam um lugar interessante 
na história da endocrinologia. Em 1902, dois fisiologistas cana-
denses, W. M. Bayliss e E. H. Starling, descobriram que o quimo 
ácido que entrava no intestino delgado vindo do estômago causava 
a liberação de suco pancreático, mesmo quando todos os nervos 
que se dirigem para o pâncreas eram cortados. Uma vez que a úni-
ca comunicação restante entre o intestino e o pâncreas era a cir-
culação de sangue entre eles, Bayliss e Starling postularam a exis-
tência de algum fator circulante (humoral) liberado pelo intestino.
Quando extratos duodenais aplicados diretamente no 
pâncreas estimularam a secreção pancreática, eles souberam que 
estavam lidando com uma substância química produzida pelo 
duodeno. Eles nomearam a substância de secretina. Posterior-
mente, Starling propôs que o nome geral hormônio, da palavra 
grega que significa “eu excito”, fosse dado a todo agente humoral 
que atua em um local distante da sua liberação.
Em 1905, J. S. Edkins postulou a existência de um hor-
mônio gástrico que estimula a secreção gástrica ácida. Foram 
necessários mais de 30 anos para os pesquisadores isolarem um 
extrato relativamente puro do hormônio gástrico, e foi em 1964 
que o hormônio denominado gastrina foi finalmente purificado.
Por que a pesquisa sobre os hormônios digestórios de-
morou tanto para ser desenvolvida? A principal razão é que os 
hormônios GI são secretados por células endócrinas isoladas, 
espalhadas entre outras células da mucosa epitelial. A única 
maneira de se obter esses hormônios era fazer um extrato 
bruto de todo o epitélio, um procedimento que também li-
berava enzimas digestórias e moléculas parácrinas produzidas 
em células vizinhas. Por essa razão, era muito difícil dizer se o 
efeito fisiológico induzido pelo extrato provinha de um único 
hormônio, de mais de um hormônio ou de um sinal parácrino, 
como a histamina.
Famílias de hormônios GI Os hormônios gastrintestinais 
são geralmente divididos em três famílias. Todos os membros de 
uma família têm sequências de aminoácidos semelhantes e, em 
alguns casos, há sobreposição nas suas habilidades para se liga-
rem aos receptores. As fontes, os alvos e os efeitos dos principais 
hormônios GI são resumidos na TABELA 21.1.
TABELA 21.1 Os hormônios GI
Estímulo para 
liberação Alvo(s) primário(s) Efeito(s) primário(s) Outras informações
Estômago
Gastrina 
(células G)
Peptídeos e 
aminoácidos; reflexos 
neurais
Células 
enterocromafins (ECL) 
e células parietais
Estimula a secreção de ácido 
gástrico e o crescimento da mucosa
A somatostatina inibe a 
sua liberação
Intestino
Colecistocinina 
(CCK)
Ácidos graxos e 
alguns aminoácidos
Vesícula biliar, 
pâncreas, estômago
 � Estimula a contração da vesícula 
biliar e a secreção de enzimas 
pancreáticas
 � Inibe o esvaziamento gástrico e a 
secreção ácida
 � Promove saciedade
 � Alguns efeitos podem 
ser devidos à ação 
da CCK como um 
neurotransmissor
Secretina Ácido no intestino 
delgado
Pâncreas, estômago � Estimula a secreção de HCO3
� 
 � Inibe o esvaziamento gástrico e a 
secreção ácida
Motilina Jejum: liberação 
periódica a cada 1,5 a 
2 horas
Músculos lisos gástrico 
e intestinal
Estimula o complexo motor 
migratório
Inibida pela ingestão de 
uma refeição
Peptideo 
inibidor 
gástrico (GIP)
Glicose, ácidos graxos 
e aminoácidos no 
intestino delgado
Células beta do 
pâncreas
 � Estimula a liberação de insulina 
(mecanismo antecipatório)
 � Inibe o esvaziamento gástrico e a 
secreção ácida
Peptídeo 
semelhante 
ao glucagon 
(GLP-1)
Refeição mista que 
inclui carboidratos ou 
gorduras no lúmen
Pâncreas endócrino � Estimula a liberação de insulina
 � Inibe a liberação de glucagon e a 
função gástrica
Promove saciedade
Fisiologia humana: uma abordagem integrada 667
A família da gastrina inclui os hormônios gastrina e cole-
cistocinina (CCK) mais diversas variantes de cada. A sua similari-
dade estrutural implica que a gastrina e a CCK podem se ligar e 
ativar o mesmo receptor CCKB.
A família da secretina inclui a secretina; o peptídeo in-
testinal vasoativo (VIP), um neurotransmissor não adrenérgico, 
não colinérgico; e GIP, um hormônio conhecido originalmente 
como peptídeo inibidor gástrico, uma vez que ele inibiu a secreção 
ácida gástrica em experimentos iniciais. Alguns estudos subse-
quentes, contudo, indicaram que o GIP administrado em doses 
fisiológicas mais baixas não bloqueia a secreção ácida. Assim, os 
pesquisadores sugeriram um novo nome com as mesmas iniciais 
– peptídeo insulinotrópico dependente de glicose – que mais 
precisamente descreve a ação desse hormônio: ele estimula a li-
beração da insulina em resposta à glicose no lúmen do intestino. 
No entanto, para a maioria das pessoas, o nome preferido perma-
nece sendo peptídeo inibidor gástrico.
Outro membro da família da secretina é o hormônio 
peptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1). O GIP eo GLP-1 
agem juntos como sinais antecipatórios para a liberação de insu-
lina, como você aprenderá quando estudar o pâncreas endócrino 
(Capítulo 22).
A terceira família de peptídeos contém aqueles que não 
se encaixam nas outras duas famílias. O membro principal desse 
grupo é o hormônio motilina. Aumentos na secreção de motili-
na são associados ao complexo motor migratório.
No restante deste capítulo, integraremos motilidade, 
secreção, digestão e absorção conforme seguirmos o alimen-
to passando através do trato GI. A FIGURA 21.6 é um resumo 
dos principais eventos que ocorrem em cada seção do trato GI. 
O processamento do alimento é tradicionalmente dividido em 
três fases: cefálica, gástrica e intestinal.
FUNÇÃO INTEGRADA: A FASE CEFÁLICA
Os processos digestórios no corpo iniciam antes que a comida 
entre na boca. Simplesmente cheirar, ver, ou até mesmo pen-
sar sobre o alimento pode fazer a nossa boca salivar ou nosso 
estômago roncar. Estes reflexos longos que iniciam no cérebro 
criam uma resposta antecipatória, conhecida como fase cefálica 
da digestão. 
O estímulo antecipatório e o estímulo do alimento na 
cavidade oral ativam neurônios no bulbo. O bulbo, por sua vez, 
Fígado
Vesícula biliar
Piloro
Pâncreas
Papila ileal
Reto
Esfincteres anais
Glândula salivar
Esôfago
Esfincter esofágico
superior
Esfincter esofágico
inferior
Motilidade Mastigação. Deglutição.
Secreção Saliva (glândulas salivares).
Digestão Carboidratos.
Absorção Nenhuma.
Cavidade oral e esôfago
Mistura peristáltica e propulsão. 
Proteínas. Gorduras (mínima).
Substâncias lipossolúveis, como álcool e ácido acetilsalicílico. 
Mistura e propulsão principalmente por segmentação.
Alguma peristalse. 
Intestino delgado
Motilidade
Secreção
Digestão
Absorção
Estômago
Polipeptídeos. Carboidratos. Gorduras. Ácidos nucleicos.
Motilidade
Secreção
Digestão
Absorção Aminoácidos e pequenos peptídeos. Monossacarídeos. 
Ácidos graxos, monoacilgliceróis, colesterol. Bases 
nitrogenadas. Água. Íons, minerais, vitaminas.
Enzimas (enterócitos). Muco (células caliciformes). 
Hormônios: CCK, secretina, GIP e outros (células 
endócrinas). Enzimas e bicarbonato (pâncreas 
exócrino). Bile (fígado, estocada na vesícula biliar).
Mistura segmental. Movimento de massa para propulsão.
Intestino grosso
Nenhuma (exceto por bactérias).
Motilidade
Secreção
Digestão
Absorção Íons, minerais, vitaminas. Água. Pequenas moléculas 
orgânicas produzidas pelas bactérias intestinais. 
Muco (células caliciformes).
HCl (células parietais). Pepsinogênio e lipase gástrica 
(células principais). Muco e bicarbonato (células mucosas 
superficiais). Gastrina (células G). Histamina (células ECL).
FIGURA 21.6 Visão geral da função digestória.
668 Dee Unglaub Silverthorn
manda sinais eferentes através de neurônios autonômicos para as 
glândulas salivares, e atráves do nervo vago para o sistema nervo-
so entérico. Em resposta a esses sinais, o estômago, o intestino e 
os órgãos glandulares acessórios iniciam a secreção e aumentam 
a motilidade em antecipação ao alimento que virá.
A digestão mecânica e química inicia na 
boca
Quando o alimento inicialmente entra na boca, ele é inundado 
por uma secreção, a qual chamamos de saliva. A saliva tem qua-
tro funções importantes:
 1. Amolecer e lubrif icar o alimento. A água e o muco na saliva 
amolecem e lubrificam o alimento para torná-lo mais fácil 
de deglutir. Você pode avaliar essa função se alguma vez já 
tentou engolir uma bolacha seca sem mastigá-la comple-
tamente.
 2. Digestão do amido. A digestão química inicia com a secreção 
da amilase salivar. A amilase quebra o amido em maltose 
depois que a enzima é ativada por Cl
�
 na saliva. Se você 
mastigar uma bolacha sem sal por algum tempo, perceberá 
a conversão do amido em maltose, a qual é mais doce.
 3. Gustação. A saliva dissolve o alimento para que possamos 
sentir seu gosto (p. 325).
 4. Defesa. A função final da saliva é a defesa. A lisozima é 
uma enzima salivar antibacteriana, e imunoglobulinas sa-
livares incapacitam bactérias e vírus. Além disso, a saliva 
ajuda a limpar os dentes e manter a língua livre de partícu-
las alimentares.
A digestão mecânica dos alimentos inicia na cavidade oral 
com a mastigação. Os lábios, a língua e os dentes contribuem 
para a mastigação do alimento, criando uma massa amolecida e 
umedecida (bolo) que pode ser facilmente engolida. 
A saliva é uma secreção exócrina
A saliva é um complexo fluido hiposmótico que contém água, 
íons, muco e proteínas, como enzimas e imunoglobulinas. Três 
pares de glândulas salivares produzem tanto quanto 1,5 litro de 
saliva por dia. As glândulas salivares são glândulas exócrinas, com 
o epitélio secretor disposto em agrupamentos de células como 
cachos de uvas, chamados de ácinos. Cada ácino circunda um 
ducto, e os ductos individuais juntam-se para formar ductos cada 
vez mais largos (como os caules em um cacho de uvas). O princi-
pal ducto secretor de cada glândula esvazia na boca. 
As secreções dos três pares de glândulas salivares variam 
em composição. As glândulas parótidas produzem uma solução 
aquosa de enzimas, ao passo que as glândulas sublinguais produ-
zem uma saliva rica em muco. As secreções das glânulas subman-
dibulares são mistas, com ambos, muco e enzimas.
A produção de saliva é um processo de dois passos. O flui-
do inicial secretado pelas células acinares se assemelha ao líquido 
extracelular em sua composição iônica: uma solução isotônica de 
NaCl. Conforme este fluido passa através do ducto no seu cami-
nho para a cavidade oral, as células epiteliais ao longo do ducto 
reabsorvem NaCl e secretam K
�
 e íon bicarbonato até que a ra-
zão entre os íons no fluido do ducto seja mais parecida com a do 
líquido entracelular (alta em K
�
 e baixa em Na
�
). As membranas 
apicais das células do ducto têm pouca permeabilidade à água, e 
a remoção efetiva de soluto do fluido secretado resulta em saliva 
hiposmótica em relação ao plasma.
A salivação está sob controle autonômico e pode ser desen-
cadeada por múltiplos estímulos, incluindo visão, cheiro, contato e 
até mesmo o pensamento no alimento. A inervação parassimpática 
é o estímulo primário para a secreção da saliva, mas também há al-
guma inervação simpática nas glândulas. Na China antiga, algumas 
vezes era dado a uma pessoa sob suspeita de crime um punhado de 
arroz seco para mastigar durante o interrogatório. Se ela pudesse 
produzir saliva o suficiente para umedecer o arroz e o engolir, era li-
bertada. No entanto, se seu nervosismo secasse a sua secreção salivar 
reflexa, ela seria declarada culpada. Pesquisas recentes têm confir-
mado que o estresse, como o associado à mentira ou à ansiedade ao 
ser questionado, diminui o volume de secreção salivar.
REVISANDO
CONCEITOS
 11. Como a mucina, a amilase e as 
imunoglobulinas movem-se das células 
epiteliais das glândulas salivares para o 
lúmen da glândula? (Dica: elas são todas 
proteínas.)
A deglutição leva o bolo alimentar da boca 
para o estômago
O ato de engolir, ou deglutição, é uma ação reflexa que empur-
ra o bolo de alimento ou de líquido para o esôfago (FIG. 21.7). 
O estímulo para a deglutição é a pressão criada quando a língua 
empurra o bolo contra o palato mole e a parte posterior da boca. 
A pressão do bolo ativa neurônios sensoriais que levam informa-
ções pelo nervo glossofaríngeo (nervo craniano IX) para o centro 
da deglutição no bulbo.
As eferências do centro da deglutição consistem em neurô-
nios motores somáticos que controlam os múculos esqueléticos da 
faringe e do esôfago superior, bem como neurônios autonômicos 
que agem nas porções inferiores do esôfago. Quando o reflexo de 
deglutição inicia, o palato mole eleva-se para fechar a nasofaringe. 
A contração muscular move a laringe para cima e para a frente, o 
que ajuda a fechar a traqueia e abrir o esfincter esofágico superior.
Enquanto o bolo se move para baixo no esôfago, a epi-
glotedobra-se para baixo, completando o fechamento das vias 
aéreas superiores e prevenindo que alimentos ou líquidos en-
trem nas vias aéreas. Ao mesmo tempo, a respiração é breve-
mente inibida. Quando o bolo se aproxima do esôfago, o esfinc-
ter esofágico superior relaxa. Ondas de contrações peristálticas, 
então, empurram o bolo em direção ao estômago, auxiliadas 
pela gravidade. Entretanto, a gravidade não é indispensável, 
como você deve saber se já participou da brincadeira de engolir 
de cabeça para baixo.
A extremidade inferior do esôfago situa-se logo abaixo 
do diafragma e é separada do estômago pelo esfincter esofágico 
inferior. Esta área não é um esfincter verdadeiro, mas uma re-
gião de tensão muscular relativamente alta que atua como uma 
barreira entre o esôfago e o estômago. Quando os alimentos são 
deglutidos, a tensão relaxa, permitindo a passagem do bolo ali-
mentar para o estômago.
Fisiologia humana: uma abordagem integrada 669
Se o esfincter esofágico inferior não permanecer contraído, 
o ácido gástrico e a pepsina podem irritar a parede do esôfago, 
levando à dor e à irritação do refluxo gastresofágico, mais conheci-
do como azia. Durante a fase da inspiração da respiração, quando 
a pressão intrapleural cai, as paredes do esôfago expandem-se 
(p. 549). A expansão cria uma pressão subatmosférica no lúmen 
esofágico, que pode sugar o conteúdo ácido do estômago se o 
esfincter estiver relaxado. A agitação do estômago, quando este 
está cheio, pode também esguichar ácido de volta para o esôfago 
se o esfincter não estiver completamente contraído. A doença do 
refluxo gastresofágico ou DRGE, é um dos mais comuns proble-
mas digestórios na sociedade norte-americana.
FUNÇÃO INTEGRADA: A FASE GÁSTRICA
Aproximadamente 3,5 litros de comida, bebida e saliva entram 
no fundo do estômago a cada dia. O estômago possui três fun-
ções gerais:
 1. Armazenamento. O estômago armazena alimento e regu-
la a sua passagem para o intestino delgado, onde ocorre a 
maior parte da digestão e da absorção.
 2. Digestão. O estômago digere a comida, química e me-
canicamente, formando a mistura “cremosa” de partículas 
uniformemente pequenas, chamada de quimo.
 3. Defesa. O estômago protege o corpo por destruir muitas 
das bactérias e outros patógenos que são deglutidos jun-
tamente com a comida ou aprisionados no muco das vias 
respiratórias. Ao mesmo tempo, o estômago precisa prote-
ger a si mesmo de ser agredido por suas próprias secreções.
Antes da chegada do alimento, a atividade digestória no 
estômago inicia com um reflexo vagal longo da fase cefálica 
(FIG. 21.8). Depois, quando o bolo entra no estômago, estímulos 
no lúmen gástrico iniciam uma série de reflexos curtos, que cons-
tituem a fase gástrica da digestão.
Nos reflexos da fase gástrica, a distensão do estômago e a 
presença de peptídeos ou de aminoácidos no lúmen ativam cé-
lulas endócrinas e neurônios entéricos. Hormônios, neurotrans-
missores e moléculas parácrinas, então, influenciam a motilidade 
e a secreção.
O estômago armazena o bolo alimentar
Quando o alimento chega do esôfago, o estômago relaxa e ex-
pande para acomodar o volume aumentado. Este reflexo media-
do neuralmente é chamado de relaxamento receptivo. A metade 
superior do estômago permanece relativamente em repouso, re-
tendo o bolo alimentar até que ele esteja pronto para ser digerido. 
A função de armazenamento do estômago é talvez o aspecto me-
1 A língua empurra o bolo contra o palato mole e a parte
posterior da cavidade oral, disparando o reflexo da deglutição.
Palato duro
Língua
Bolo alimentar
Epiglote
Esfincter esofágico superior
tonicamente contraído
A laringe move-se para
cima e para a frente.
O palato mole eleva-se,
fechando a nasofaringe. 
Glote
2 A respiração é inibida à medida que o bolo passa pela via
aérea fechada. 
A epiglote dobra-se para baixo
para ajudar a manter o material
engolido fora das vias aéreas. 
O esfincter esofágico superior relaxa. 
3 O alimento move-se para baixo no interior do esôfago,
propelido por ondas peristálticas e auxiliado pela gravidade.
FIGURA 21.7 Deglutição: o reflexo de deglutição. A deglu-
tição é integrada no bulbo. Aferentes sensoriais no nervo crania-
no IX e neurônios motores somáticos e autonômicos medeiam 
o reflexo.
670 Dee Unglaub Silverthorn
nos óbvio da digestão. Todavia, quando ingerimos mais do que 
necessitamos do ponto de vista nutricional, o estômago precisa 
regular a velocidade na qual o quimo entra no intestino delgado.
Sem essa regulação, o intestino delgado não seria capaz 
de digerir e absorver a carga de quimo que chega, e quantidades 
significativas de quimo não absorvido passariam para o intesti-
no grosso. O epitélio do intestino grosso não é projetado para 
absorção de nutrientes em larga escala, então a maioria do quimo 
se tornará fezes, resultando em diarreia. Este “distúrbio do esva-
ziamento” (“síndrome de dumping”) é um dos efeitos colaterais 
mais desagradáveis da cirurgia que remove porções do estômago 
ou do intestino delgado.
Enquanto a parte superior do estômago está retendo o 
bolo alimentar, a parte inferior do estômago está ocupada com 
a digestão. Na metade distal do estômago, uma série de ondas 
peristálticas empurra o bolo alimentar para baixo, em direção 
ao piloro, misturando-o com o ácido e as enzimas digestórias. 
Quando as partículas grandes são digeridas e a textura do qui-
mo fica mais uniforme, cada onda contrátil ejeta uma pequena 
quantidade de quimo no duodeno através do piloro. O aumento 
da motilidade gástrica durante a refeição está principalmente sob 
controle neural e é estimulada pela distensão do estômago.
Secreções gástricas protegem e digerem
O lúmen do estômago é alinhado com o epitélio produtor de 
muco, pontuado por aberturas de fovéolas (fossas) gástricas. 
As fossas levam a glândulas gástricas profundas dentro da ca-
mada mucosa (ver Fig. 21.1e). Múltiplos tipos celulares dentro 
das glândulas produzem ácido gástrico (HCl), enzimas, hormô-
nios e moléculas parácrinas. As várias secreções das células da 
mucosa gástrica, seus estímulos para liberação e suas funções são 
resumidos na FIGURA 21.9 e descritos a seguir.
Secreção de gastrina As células G, encontradas profunda-
mente nas glândulas gástricas, secretam o hormônio gastrina no 
sangue. Em reflexos curtos, a liberação de gastrina é estimulada 
pela presença de aminoácidos e de peptídeos no estômago e por 
distensão do estômago. O café (mesmo o descafeinado) também 
estimula a liberação de gastrina – uma razão para que pessoas 
com síndromes de secreção ácida excessiva evitem a ingestão de 
café.
A liberação de gastrina é também desencadeada por refle-
xos neurais. Os reflexos curtos são mediados por um neurotrans-
missor do SNE, chamado de peptídeo liberador de gastrina 
(GRP). Nos reflexos cefálicos, os neurônios parassimpáticos do 
nervo vago estimulam as células G para que elas liberem gastrina 
no sangue.
A principal ação da gastrina é promover a liberação de 
ácido. Ela faz isso diretamente por agir nas células parietais e 
indiretamente por estimular a liberação de histamina. 
Secreção Ácida As células parietais profundas nas glân-
dulas gástricas secretam o ácido gástrico (HCl) no lúmen do 
estômago. A secreção ácida no estômago é, em média, de 1 a 
3 litros por dia e pode criar um pH luminal tão baixo quanto 1. 
O pH citoplasmático das células parietais é de cerca de 7,2, ou 
seja, as células bombeiam H
�
 contra um gradiente que pode ser 
1,5 milhão de vezes mais concentrado no lúmen.
O ácido gástrico tem múltiplas funções:
 � O ácido no lúmen do estômago causa a liberação e a ativa-
ção da pepsina, uma enzima que digere proteínas.
 � O ácido desencadeia a liberação de somatostatina pelas 
células D. A somatostatina é discutida posteriormente na 
seção de sinais parácrinos.
 � O HCl desnatura proteínas por quebrar as ligações dissul-
feto e de hidrogênio que mantêm a estrutura terciária da 
proteína (p. 32). Cadeiasproteicas desenoveladas podem 
deixar as ligações peptídicas entre os aminoácidos mais 
acessíveis à digestão pela pepsina. 
 � O ácido gástrico ajuda a destruir bactérias e outros micror-
ganismos ingeridos.
 � O ácido inativa a amilase salivar, cessando a digestão de 
carboidratos que iniciou na boca.
A via das células parietais para a secreção ácida é descrita 
na Figura 21.9c. O processo inicia quando o H
�
 do citosol da 
Entrada
sensorial
Neurônios
parassimpáticos
pré-ganglionares
no nervo vago
Neurônios
parassimpáticos
pós-ganglionares e
neurônios entéricos
intrínsecos
Secreção e
motilidade
Reflexos curtos
iniciados pela
distensão ou por
peptídeos e
aminoácidos. 
Bulbo
Estômago
Nervo vago
Lúmen do
estômago
REFLEXO
CURTO
Mucosa
gástrica
Plexo
entérico
Bolo alimentar
REFLEXO
LONGO
VAGAL 
Comida!
Células-alvo
FIGURA 21.8 Reflexos das fases cefálica e gástrica. A vi-
são, o cheiro e o gosto do alimento iniciam um reflexo longo que 
prepara o estômago para a chegada do alimento.
célula parietal é bombeado para o lúmen do estômago em troca 
por K
�
, que entra na célula, por uma H
�
-K
�
-ATPase. O Cl
�
, 
então, segue o gradiente elétrico criado por H
�
, movendo-se 
através de canais de cloreto abertos. O resultado líquido é a se-
creção de HCl pela célula.
Ao aprender o mecanismo celular de secreção ácida na 
célula parietal, os cientistas foram capazes de desenvolver uma 
nova classe de fármacos para tratar a hipersecreção de ácido gás-
trico. Estes fármacos, conhecidos como inibidores da bomba de 
prótons (PPIs), bloqueiam a atividade da H
�
-K
�
-ATPase. Ver-
sões genéricas de alguns PPIs (p. ex., omeprazol) estão disponí-
veis para venda nos Estados Unidos.
Enquanto o ácido está sendo secretado no lúmen, o 
bicarbonato produzido a partir de CO2 e OH
�
 da água é 
absorvido para o sangue. A ação tamponante do HCO3
�
 torna 
o sangue menos ácido ao deixar o estômago, criando uma maré 
alcalina que pode ser medida enquanto uma refeição está sendo 
digerida.
FIGURA 21.9 CONTEÚDO ESSENCIAL
Mucosa gástrica
Abertura da
glândula
gástrica
Tipos celulares
Substância
secretada
Estímulo para
liberaçãoFunção da secreção
Célula mucosa
do colo 
Célula mucosa
superficial 
Muco
Bicarbonato
Secreção tônica;
irritação da mucosa 
Secretado com
o muco
Barreira física entre o
lúmen e o epitélio
Tamponar o ácido
gástrico para evitar dano
ao epitélio
Células
parietais
Ácido gástrico (HCl)
Fator intrínseco
Acetilcolina, gastrina,
histamina
Ativar a pepsina;
matar bactérias
Combinar-se com a vitamina
B
12
 para permitir sua absorção
Células semelhantes
às enterocromafins
Histamina
Acetilcolina,
gastrina 
Estimular a secreção de
ácido gástrico
Células
principais
Pepsina(ogênio)
Lipase gástrica
Acetilcolina, secreção
do ácido 
Digerir proteínas
Digerir gorduras
Células D Somatostatina Ácido no estômagoInibir a secreção do
ácido gástrico
Células G Gastrina
Acetilcolina,
peptídeos e
aminoácidos 
Estimular a secreção
de ácido gástrico
Capilar
Lúmen do
estômago
Célula
mucosa
gástrica
Suco gástrico pH ~ 2 
Camada
de muco
Gotículas
de muco
pH ~ 7 na superfície celular
HCO3
– HCO3
–
A camada de muco é uma barreira física
O bicarbonato é uma barreira
química que neutraliza ácido.
(b) Barreira muco-bicarbonato (c) Secreção ácida no estômago 
(a) Células secretoras da mucosa gástrica
Líquido
intersticial
Lúmen do
estômago
C
a
p
ila
r
K+ 
H+ 
CO2 
H2O
AC
ATP
Célula parietal
Cl– Cl– Cl– 
 HCO3
– HCO3
– 
H+ + OH–
K+ 
Cl– 
Secreçõs gástricas 
672 Dee Unglaub Silverthorn
Secreção enzimática O estômago produz duas enzimas: 
pepsina e uma lipase gástrica. A pepsina realiza a digestão inicial 
de proteínas. Ela é particularmente efetiva no colágeno e, assim, 
tem um importante papel na digestão de carne.
A pepsina é secretada na forma inativa pepsinogênio pelas 
células principais das glândulas gástricas. O ácido estimula a li-
beração de pepsinogênio por meio de um reflexo curto mediado 
no SNE (FIG. 21.10). Uma vez no lúmen do estômago, o pepsi-
nogênio é clivado à pepsina ativa pela ação do H
�
, e a digestão 
proteica inicia.
A lipase gástrica é cossecretada com a pepsina. As lipases 
são enzimas que quebram triacilgliceróis. No entanto, menos de 
um terço da digestão de gordura ocorre no estômago.
Secreções parácrinas As secreções parácrinas da muco-
sa gástrica incluem histamina, somatostatina e fator intrínseco. 
A histamina é um sinal parácrino secretado pelas células seme-
lhantes às enterocromafins (células ECL) em resposta à esti-
mulação por gastrina ou por acetilcolina. A histamina difunde-
-se para o seu alvo, as células parietais, estimulando a secreção 
ácida por se ligar a receptores H2 nas células parietais (Fig. 21.10). 
Os antagonistas de receptores H2 (p. ex., cimetidina e ranitidina) 
que bloqueiam a ação da histamina são a segunda classe de fár-
macos usados para tratar a hipersecreção ácida. 
O fator intrínseco é uma proteína secretada pelas células 
parietais, mesmas células gástricas que secretam ácido. No lú-
men do estômago e do intestino delgado, o fator intrínseco se 
complexa com a vitamina B12, um passo que é necessário para a 
absorção da vitamina no intestino. 
A somatostatina (SS), também conhecida como hormô-
nio inibidor do hormônio do crescimento, é secretada por célu-
las D no estômago. A somatostatina é o sinal de retroalimenta-
ção negativa primário da secreção na fase gástrica. Ela reduz a 
secreção ácida direta e indiretamente por diminuir a secreção de 
gastrina e histamina. A somatostatina também inibe a secreção 
de pepsinogênio (Fig. 21.10).
O estômago equilibra digestão e defesa
Sob condições normais, a mucosa gástrica protege a si mesma 
da autodigestão por ácido e enzimas com uma barreira muco-
-bicarbonato. As células mucosas na superfície luminal e no colo 
das glândulas gástricas secretam ambas as substâncias. O muco 
forma uma barreira física, e o bicarbonato cria uma barreira tam-
ponante química subjacente ao muco (Fig. 21.9b).
Os pesquisadores mostraram, utilizando microeletrodos, 
que a camada de bicarbonato logo acima das células da superfície 
do estômago possui um pH próximo a 7, mesmo quando o pH 
no lúmen é bastante ácido – próximo a 2. A secreção de muco 
aumenta quando o estômago é irritado, como pela ingestão de 
ácido acetilsalicílico ou de álcool.
Mesmo a barreira muco-bicarbonato pode falhar algumas 
vezes. Na síndrome de Zollinger-Ellison, os pacientes secretam 
níveis excessivos de gastrina, geralmente de tumores secretores 
de gastrina no pâncreas. Como resultado, a hiperacidez no estô-
mago supera os mecanismos protetores normais e causa úlcera 
péptica. Na úlcera péptica, o ácido e a pepsina destroem a muco-
sa, criando orifícios que se estendem para dentro da submucosa 
e muscular do estômago e do duodeno. O refluxo ácido para o 
esôfago pode corroer a camada mucosa. 
O excesso de secreção ácida é uma causa incomum de 
úlcera péptica. As causas mais comuns são os fármacos anti-
-inflamatórios não esteroides (AINEs), como o ácido acetilsali-
cílico, e a inflamação da mucosa gástrica promovida pela bactéria 
Helicobacter pylori. 
Por muitos anos, a principal terapia para o excesso de se-
creção ácida, ou dispepsia, foi a ingestão de antiácidos, agentes 
que neutralizam o ácido no lúmen gástrico. Contudo, à medida 
que os biólogos moleculares exploraram o mecanismo da secre-
ção ácida pelas células parietais, o potencial para novos trata-
mentos tornou-se evidente. Atualmente, existem duas classes de 
fármacos para combater a hiperacidez: os antagonistas de recep-
tores H2 e os inibidores da bomba de prótons que bloqueiam a 
H
�
-K
�
-ATPase.
FUNÇÃO INTEGRADA: A FASE 
INTESTINAL
Uma vez que o quimo passa ao intestino delgado, a fase intesti-
nal da digestão inicia. O quimo que entra no intestino delgado 
sofreu relativamente pouca digestão química, então sua entrada 
no

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