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Secretaria da Educação do Estado de São Paulo SEE-SP Professor de Ensino Fundamental e Médio CONHECIMENTOS GERAIS NV-006MA-23-SEE-SP-PROFESSOR-FUND-MED Cód.: 7908428805227 PIRATARIA É CRIME! Todos os direitos autorais deste material são reservados e protegidos pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total, por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito da Nova Concursos. Pirataria é crime e está previsto no art. 184 do Código Penal, com pena de até quatro anos de prisão, além do pagamento de multa. Já para aquele que compra o produto pirateado sabendo desta qualidade, pratica o delito de receptação, punido com pena de até um ano de prisão, além de multa (art. 180 do CP). Não seja prejudicado com essa prática. Denuncie aqui: sac@novaconcursos.com.br Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total, por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito da editora Nova Concursos. Esta obra é vendida sem a garantia de atualização futura. No caso de atualizações voluntárias e erratas, serão disponibilizadas no site www.novaconcursos.com.br. Para acessar, clique em “Erratas e Retificações”, no rodapé da página, e siga as orientações. Dúvidas www.novaconcursos.com.br/contato sac@novaconcursos.com.br Obra SEE-SP – Secretaria da Educação do Estado de São Paulo Professor de Ensino Fundamental e Médio CONHECIMENTOS GERAIS Autores BIBLIOGRAFIA - LIVROS E ARTIGOS • Jessica Pereira PUBLICAÇÕES INSTITUICIONAIS • Jessica Pereira LEGISLAÇÃO • Adenilton Almeida, Kamilla Karines, Marcio Ferreira Neves, Renato Philippini e Samantha Rodrigues Edição: Maio/2023 ISBN: 978-65-5451-133-9 APRESENTAÇÃO Um bom planejamento é determinante para a sua preparação de sucesso na busca pela tão almejada aprovação. Por isso, pen- sando no máximo aproveitamento de seus estudos, este livro foi organizado de acordo com o Edital nº 01/2023, para o cargo de Professor de Ensino Fundamental e Médio Conhecimentos Gerais da Secretaria de Estado de Educação de São Paulo – SEE-SP. O conteúdo programático foi sistematizado em um sumário, facilitando a busca pelos temas do edital, no entanto, nem sem- pre a banca organizadora do concurso dispõe os assuntos em uma sequência lógica. Por isso, elaboramos este livro abor- dando os principais itens do edital e reorganizando-os quando necessário, de uma maneira didática para que você realmente consiga aprender e otimizar os seus estudos. O material organizado pela editora tem o intuito de oferecer uma base sólida para que o aluno possa conhecer as indicações do edital de maneira introdutória. Sendo assim, é de extrema importância que o estudante busque se aprofundar em todas as bibliografias indicadas. Ao longo da teoria, você encontrará boxes – Importante e Dica – com orientações, macetes e conceitos fundamentais cobrados nas provas, e seção Hora de Praticar, trazendo exercícios gaba- ritados da banca Instituto VUNESP, organizadora responsável pelo certame certame, e também exercícios autorais elaborados no estilo da banca organizadora.. A obra que você tem em suas mãos é resultado da competência de nosso time editorial e da vasta experiência de nossos profes- sores e autores parceiros – muitos também responsáveis pelas aulas que você encontra em nossos Cursos Online – o que será um diferencial na sua preparação. Nosso time faz tudo pensan- do no seu sonho de ser aprovado em um concurso público. Intensifique ainda mais a sua preparação acessando os con- teúdos complementares disponíveis on-line para este livro em nossa plataforma: Conteúdo Complementar de Documentos e Publicações Oficiais disponíveis em PDF para downloads. Para acessar, basta seguir as orientações na próxima página. Agora é com você! CONTEÚDO ON-LINE Para intensificar a sua preparação para concursos, oferecemos em nossa plataforma on- line materiais especiais e exclusivos, selecionados e planejados de acordo com a proposta deste livro. São conteúdos que tornam a sua preparação muito mais eficiente. CONTEÚDO COMPLEMENTAR: • Documentos e publicações oficiais – disponíveis em PDF para download COMO ACESSAR O CONTEÚDO ON-LINE Se você comprou este livro em nosso site, o conteúdo complementar já está liberado na sua área do cliente. Basta fazer login com seus dados e aproveitar. Mas, caso você não tenha comprado no nosso site, siga os passos abaixo para ter acesso ao conteúdo on-line. Acesse o endereço novaconcursos.com.br/bônus Digite o código que se encontra atrás da apostila (conforme foto ao lado) Siga os passos para realizar um breve cadastro e acessar seu conteúdo on-line sac@novaconcursos.com.br VERSO DA APOSTILA NV-003MR-20 Código Bônus DÚVIDAS E SUGESTÕES NV-003MR-20 9 088121 44215 3 Código Bônus SUMÁRIO BIBLIOGRAFIA - LIVROS E ARTIGOS ............................................................................7 INTEGRAÇÃO CURRÍCULO E TECNOLOGIAS E A PRODUÇÃO DE NARRATIVAS DIGITAIS .......... 7 RACISMO ESTRUTURAL ...................................................................................................................... 9 PROJETOS DE VIDA: FUNDAMENTOS PSICOLÓGICOS, ÉTICOS E PRÁTICAS EDUCACIONAIS ............................................................................................................... 11 ENSINO HÍBRIDO: PERSONALIZAÇÃO E TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO ...................................... 13 DIREITOS HUMANOS, EDUCAÇÃO E INTERCULTURALIDADE: AS TENSÕES ENTRE IGUALDADE E DIFERENÇA................................................................................................................. 15 SISTEMAS NACIONAIS DE AVALIAÇÃO E DE INFORMAÇÕES EDUCACIONAIS ......................... 17 TORNAR-SE SELVAGEM .................................................................................................................... 19 AULA NOTA 10 - 63 TÉCNICAS PARA MELHORAR A GESTÃO DA SALA DE AULA ..................... 22 METODOLOGIAS ATIVAS DE APRENDIZAGEM: ELABORAÇÃO DE ROTEIROS DE ESTUDOS EM “SALAS SEM PAREDES” ............................................................................................ 32 OBSERVAÇÃO DE AULA E AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DOCENTE ......................................... 33 PEDAGOGIA DOS MULTILETRAMENTOS ........................................................................................ 35 EDUCAÇÃO QUILOMBOLA: TERRITORIALIDADES, SABERES E AS LUTAS POR DIREITOS ........ 36 SABERES DOCENTES E FORMAÇÃO PROFISSIONAL ................................................................... 37 MÉTODOS PARA ENSINAR COMPETÊNCIAS.................................................................................. 38 PUBLICAÇÕES INSTITUICIONAIS ..............................................................................47 INDICADORES DA QUALIDADE NA EDUCAÇÃO .............................................................................. 47 CONSELHOS ESCOLARES: DEMOCRATIZAÇÃO DA ESCOLA E CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA ................................................................................................................................... 48 BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): INTRODUÇÃO ................................................. 50 MATRIZES DE REFERÊNCIA PARA AVALIAÇÃO: DOCUMENTO BÁSICO - SARESP .................... 60 DIRETRIZ CURRICULAR DE TECNOLOGIA E INOVAÇÃO ................................................................ 62 DIRETRIZES DO PROGRAMA ENSINO INTEGRAL .......................................................................... 67 CURRÍCULO PAULISTA ...................................................................................................................... 71 CURRÍCULO PAULISTA - ENSINO MÉDIO ......................................................................................... 78 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO ............................................... 91 REFLEXÕES PEDAGÓGICASSOBRE O ENSINO E APRENDIZAGEM DE PESSOAS JOVENS E ADULTAS ............................................................................................................................................. 98 LEGISLAÇÃO .....................................................................................................................109 LEI Nº 7.398, DE 4 DE NOVEMBRO DE 1985 ..................................................................................109 LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990 .........................................................................................109 LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996 .................................................................................112 RESOLUÇÃO Nº 1, DE 30 DE MAIO DE 2012 ..................................................................................130 RESOLUÇÃO Nº 1, DE 27 DE OUTUBRO DE 2020 .........................................................................132 LEI N° 15.667, DE 12 DE JANEIRO DE 2015 ..................................................................................134 LEI COMPLEMENTAR Nº 444, DE 27 DE DEZEMBRO DE 1985 ....................................................136 LEI COMPLEMENTAR Nº 1.374, DE 30 DE MARÇO DE 2022 .......................................................143 LEI Nº 16.279, DE 08 DE JULHO DE 2016 ......................................................................................148 DECRETO Nº 55.588, DE 17 DE MARÇO DE 2010 ..........................................................................163 DECRETO Nº 57.571, DE 2 DE DEZEMBRO DE 2011 E DECRETO Nº 59.354, DE 15 DE JULHO DE 2013 .....................................................................................................................163 B IB LI O G R A FI A - LI V R O S E A RT IG O S 7 BIBLIOGRAFIA - LIVROS E ARTIGOS INTEGRAÇÃO CURRÍCULO E TECNOLOGIAS E A PRODUÇÃO DE NARRATIVAS DIGITAIS1 INTRODUÇÃO O artigo “A integração currículo e tecnologias e a pro- dução de narrativas digitais” aborda o impacto das tec- nologias digitais de informação e comunicação (TDIC) na educação, propondo que a produção de narrativas digi- tais seja abordada como uma forma de explorar o poten- cial desenvolvimento de atividades curriculares. O artigo destaca que a integração da produção de narrativas digitais com o currículo pode potencializar a construção de novos conhecimentos pelos alunos. No entanto, é importante que se dê ênfase ao processo de produção do conhecimento e à elaboração das diferentes versões da narrativa, a fim de que o aluno possa realizar a espiral da aprendizagem e construir um novo patamar de compreensão do conhecimento científico. CURRÍCULO E NARRATIVAS Na seção “Currículo e narrativas”, discute-se sobre a integração das tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) no currículo escolar, que ocorre por meio do conceito de web currículo. O web currícu- lo é definido pelos autores como um processo no qual as TDIC são incorporadas no desenvolvimento do cur- rículo em atividades pedagógicas. O currículo, por sua vez, é entendido por eles como uma construção cultural que engloba conteú- dos, métodos, procedimentos, instrumentos culturais, experiências prévias e atividades. Desta maneira, a integração das TDIC no currículo escolar pode ocorrer por meio de diferentes abordagens educativas. O artigo ainda destaca que, nos anos 80, uso de tecnologias digitais móveis, isto é, aqueles que per- mitem a conexão sem fio à internet, ficaram tranca- fiados nos laboratórios de informática, não chegando a alterar o funcionamento da escola, mas após o iní- cio dos anos 2000, essas tecnologias perpassaram os limites do laboratório de informática, evidenciando o potencial de uso intenso e ubíquo dessas tecnologias. As características essenciais das TDIC, como o regis- tro de processos e produções, a facilidade de acesso aos registros digitais, sua presença onipresente e a interação multidirecional, desempenham um papel fundamental no estímulo ao trabalho colaborativo, na geração de conhecimento, na negociação de significa- dos e na promoção da autoria (ALMEIDA; VALENTE, 2012, p. 60). 1 ALMEIDA, M. E. B.; VALENTE, J. A. Integração currículo e tecnologias e a produção de narrativas digitais. Currículo Sem Fronteiras, s. l., v. 12, n. 3, p. 57-82, set./dez. 2012. Importante! Com o objetivo de oferecer a melhor prepara- ção para seu concurso, apresentamos, no tópi- co a seguir, trechos da obra especificada pelo certame. NARRATIVAS DIGITAIS E SUAS APLICAÇÕES Nessa seção, discute-se a importância da apren- dizagem situada em contexto para a construção do conhecimento, especialmente com o uso das tecnolo- gias móveis e sem fio. Diante das mudanças constantes da realidade, o cur- rículo narrativo e de aprendizagem narrativa tornam-se cada vez mais importantes, currículos esses, em que os processos de aprendizagem se desenvolvem por meio de narrativas elaboradas com o uso das TDIC. As narrativas oportunizam a tomada de consciência sobre a própria aprendizagem e transformação, segundo a natureza das experiências. Os autores destacam a importância das narrativas como forma de dar sentido à própria vida e à experiência do tempo vivido, e sobre compreender como a realidade é construída. O próprio ato de narrar, para Bruner (1990), tem valor educacional intrínseco, uma vez que organi- zar a experiência, em forma de narrativa, serve para interpretar melhor o que se passou, ajudando a pro- mover a ressignificação. As narrativas são construídas a partir de um conjunto de pontos de vista pessoais e, portanto, podem existir diversas versões da mesma história ou da experiência. Qualquer que seja o meio de expressão do pensamen- to, o discurso narrativo é crítico e possui uma estrutura que caracteriza uma trama, devendo conter um início para captar a atenção do outro; e o desenvolvimento dos personagens (pessoa, fato, fenômeno, comunidade etc.), com uma sequência de transformações, que mantenham entre si algum significado e integrem o conflito, o per- sonagem, a consciência, podendo ficar aberta para ser abordada mediante outras perspectivas. A narrativa assim produzida não é uma constru- ção livre. Trata-se da interação entre o conhecimen- to adquirido, a formação da identidade individual e o uso da razão, que influenciam a maneira como as pessoas constroem sua compreensão do mundo, per- cebem a si mesmas e se comunicam com os outros. Neste sentido, as narrativas, produzidas na forma oral, escrita ou hipermidiática, têm grande potencial educacional, como afirma Galvão (2005). No contexto da investigação, as narrativas podem ser usadas para análise de biografias, autobiografias, histórias de vida, narrativas pessoais, entrevistas nar- rativas, etnobiografias, etnografias e memórias popu- lares, até acontecimentos singulares, integrados em um determinado contexto (GALVÃO, 2005). O artigo ainda argumenta que, como propõem diversos autores, a produção de narrativas tem sido utilizada como uma importante metodologia de inves- tigação na educação, bem como tem sido empregada no desenvolvimento profissional de educadores. A tarefa de analisar e dissecar a narrativa tem também o potencial de reflexão e formação, como proposto por Galvão (2005). 8 O artigo segue para expor diversos exemplos de como essas narrativas digitais podem ser utilizadas em atividades educativas. Através delas, os alunos são direcionados para o uso da imaginação e para a cons- trução de laços fortes entre a compreensão de concei- tos e as experiências proporcionadas. Os autores propõem que o conceito de prática de narrativas, em que os aprendizes em sala de aula podem construir narrativas sobre suas vidas, como parte da experiência cotidiana, não é apenas um método pedagógico, mas uma maneira de viver, tanto dentro quanto fora da escola. NARRATIVAS DIGITAIS E OS LETRAMENTOS O uso de narrativas digitais na educação não é uma questãopuramente tecnológica, e sim pedagógica. É necessário que as atividades e projetos desenvolvidos pelos alunos estejam em consonância com a sua reali- dade e que o professor entenda as especificidades dos recursos tecnológicos para utilizá-los como recursos pedagógicos. As tecnologias digitais exigem novas com- petências, como o letramento digital, imagético e sonoro. Aqui, entende-se que o letramento é a apropriação da leitura e escrita para exercer a cidadania e a capa- cidade de utilizar estes conhecimentos em práticas sociais. A produção de narrativas digitais consistentes requer a articulação entre o conteúdo narrativo e as diversas possibilidades oferecidas pelos recursos digi- tais disponíveis. Também é necessário o desenvolvi- mento de distintos letramentos para atender as várias possibilidades de linguagens multimidiáticas, lingua- gens essas que permitem a existência de novas formas de representação do pensamento. USOS DE NARRATIVAS DIGITAIS NA EDUCAÇÃO As narrativas digitais, especificamente o storytel- ling digital, têm sido amplamente utilizadas na educa- ção para formação de professores e desenvolvimento de conteúdos curriculares. O foco dos artigos sobre este tópico é geralmente o uso de TDIC em narrativas, a capacidade dos alunos de usar TDIC, o aumento da motivação do aluno, a autoria dos alunos e das suas ideias e a demonstração de que o tema narrativo é versátil e pode ser explorado em diferentes áreas do conhecimento e em diferentes níveis de ensino. Na formação de Professores, as narrativas digitais têm sido usadas para melhorar as habilidades de alfa- betização visual e preparar os professores para criar e usar imagens digitais no currículo. Estudos realizados em português mostram que o uso de narrativas digi- tais é positivo para o desenvolvimento profissional dos Professores e para a integração da tecnologia no currículo. Atenção! Com o objetivo de oferecer a melhor preparação para seu concurso, apresentamos a seguir trechos da obra especificada pelo certame. Os autores ainda apresentam como o uso das nar- rativas digitais possibilita o melhor ensino-apren- dizado de línguas estrangeiras. Na pesquisa citada, utilizam-se quatro categorias de aprendizagem em língua estrangeira: produção escrita, compreensão de enunciados, produção oral e estratégias de comu- nicação, e concluiu-se que a produção de narrativas digitais teve um impacto positivo no desenvolvimento dessas habilidades. A produção escrita foi a competência mais impac- tada, seguida pela compreensão de enunciados. Os recursos semióticos, como imagens, música e sons, foram percebidos como facilitadores na constru- ção de mensagens, mas houve dúvidas em relação à interpretação de textos multimodais. Os pesquisado- res relataram uma percepção positiva em relação à melhoria geral e em relação ao desenvolvimento de estratégias de comunicação em língua estrangeira. A PRODUÇÃO DE NARRATIVAS DIGITAIS EM UMA DISCIPLINA DE CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO O artigo cita uma experiencia realizada com alu- nos de pós-graduação em educação, que consistia na produção de narrativas digitais sobre o processo de aprendizagem em relação às TDIC no currículo. A disciplina foi desenvolvida com base em refle- xão, construção do conhecimento e práxis, isto é, a articulação entre a teoria e a prática, e foi utilizado o Moodle como plataforma virtual. Os alunos usaram diversas ferramentas e interfaces para produzir as narrativas, que registraram seu processo de aprendi- zagem e informações relevantes encontradas sobre o tema. O estudo analisa as narrativas digitais de dois alu- nos e busca identificar o processo de produção, enten- der o pensamento dos alunos, levantar novos temas de investigação e oferecer referências teóricas e práti- cas para a utilização de narrativas digitais em outros contextos pedagógicos. Importante! Com o objetivo de oferecer a melhor prepara- ção para seu concurso, o tópico apresentado a seguir possui trechos da obra especificada pelo certame. CONCLUSÕES O artigo “Integração currículo e tecnologias e a produção de narrativas digitais”, de Almeida, M. E. B. e Valente, J. A., reflete sobre as contribuições das TDIC integradas ao currículo por meio da produção de nar- rativas digitais. O artigo foca nos processos de constru- ção do conhecimento e no uso de múltiplos recursos tecnológicos, além de como estudos e pesquisas têm explorado a produção de narrativas digitais na moti- vação dos alunos, no desenvolvimento da expressão de ideias próprias e na memorização de histórias. A análise do processo de produção de narrativas reve- lou a importância das TDIC na depuração de conceitos, compreensão do universo de conhecimento dos alunos, expressão de experiências pessoais e desenvolvimento de produções hipermídia. O estudo também mostra a importância fundamental de fornecer condições para que os alunos desenvolvam habilidades e competências em diferentes letramentos digitais. A criação de narrativas digitais possibilitou uma nova perspectiva de currículo, permitindo aos alunos moldarem suas trajetórias de aprendizagem e refor- mularem continuamente seus caminhos. Embora ainda estejamos nos estágios iniciais, a produção de narrativas digitais pode contribuir para a construção de um futuro promissor na sociedade. B IB LI O G R A FI A - LI V R O S E A RT IG O S 9 REFERÊNCIAS BRUNER, J. Actos de significado: para uma psico- logia cultural. Lisboa: Edições 70, 1990. GALVÃO, C. Narrativas em Educação. Ciência & Educação, Bauru, v. 11, n. 2, p. 327-345, ago. 2005. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1516- 73132005000200013. Acesso em: 16 mai. 2023. RACISMO ESTRUTURAL2 O livro Racismo estrutural, de Silvio Almeida, traz diversas reflexões que abarcam as discussões sobre a construção das noções de raça e racismo. A indagação central da obra, “O que é racismo estrutural?”, necessita de uma resposta complexa e que envolve diversos aspectos, como os históricos, políticos, sociais, jurídicos e institucionais. Atente-se: com o objetivo de oferecer a melhor pre- paração para seu concurso, apresentamos a seguir tre- chos da obra especificada pelo certame. Ressaltamos que os destaques em negrito não fazem parte da obra ori- ginal. Eles foram feitos pensando em lhe auxiliar nos estudos e em dar ênfases nas ideias centrais. Na obra, Almeida faz dois alertas para os leitores e leitoras do livro: o primeiro é que não se trata de um livro especificamente sobre raça ou racismo. Trata-se, sobretudo, de um livro de teoria social. Neste sentido, há duas teses a destacar: z a sociedade contemporânea não pode ser com- preendida sem os conceitos de raça e de racismo; z significado de raça e de racismo exige dos pesqui- sadores e pesquisadoras um sólido conhecimento de teoria social. O segundo alerta refere-se ao fato de que não se pre- tende, aqui, apresentar um tipo específico de racismo, no caso, o estrutural. A tese central é a de que o racismo é sempre estrutural, ou seja, de que ele é um elemento que integra a organização econômica e política da socie- dade. Em suma, o que queremos explicitar é que o racis- mo é a manifestação normal de uma sociedade, e não um fenômeno patológico ou que expressa algum tipo de anormalidade. O racismo fornece o sentido, a lógica e a tecnologia para a reprodução das formas de desigual- dade e violência que moldam a vida social contemporâ- nea. De tal sorte, todas as outras classificações são apenas modos parciais — e, portanto, incompletos — de conceber o racismo. Em suma, procuramos demonstrar neste livro que as expressões do racismo no cotidiano, seja nas rela- ções interpessoais, seja na dinâmica das instituições, são manifestações de algo mais profundo, que se desenvol- ve nas entranhas políticas e econômicas da sociedade. Importante! Com o objetivo de oferecer a melhor preparação para seu concurso, apresentamos, nos tópicos “Racismo Científico do Século XIX”, “Racismo e Política”e “Representatividade Importa?”, tre- chos da obra especificada pelo certame. 2 ALMEIDA, S. Racismo estrutural. São Paulo: Pólen, 2017. RACISMO CIENTÍFICO DO SÉCULO XIX No século XIX, entendia-se que pele não branca e o clima tropical favoreciam o surgimento de compor- tamentos imorais, lascivos e violentos, além de indi- carem pouca inteligência. Por essa razão, Arthur de Gobineau recomendou evitar a “mistura de raças”, pois o mestiço tendia a ser o mais “degenerado”. Esse tipo de pensamento, identificado como racismo cien- tífico, obteve enorme repercussão e prestígio nos meios acadêmicos e políticos do século XIX, como demonstram, além das de Arthur de Gobineau, as obras de Cesare Lombroso, Enrico Ferri e, no Brasil, Silvio Romero e Raimundo Nina Rodrigues. Importante: racismo científico é uma pseudociên- cia, isto é, uma ciência falaciosa, criada para dizer que há evidências científicas que justificam o racismo e a supremacia de raças. Apesar de ser falaciosa, o racis- mo científico foi adotado como verdade por diversas pessoas e, no Brasil, era utilizado para tentar justificar as políticas de embranquecimento da população. Preconceito, Racismo e Discriminação O racismo de outras categorias que também apa- recem associadas à ideia de raça: preconceito e discri- minação. Podemos dizer que o racismo é uma forma sistemática de discriminação que tem a raça como fundamento e que se manifesta por meio de práti- cas conscientes ou inconscientes que culminam em desvantagens ou privilégios para indivíduos, a depender do grupo racial ao qual pertençam. Embora haja relação entre os conceitos, o racismo difere do preconceito racial e da discriminação racial. O preconceito racial é o juízo baseado em este- reótipos acerca de indivíduos que pertençam a um determinado grupo racializado, e que pode ou não resultar em práticas discriminatórias. Considerar negros violentos e inconfiáveis, judeus avarentos ou orientais “naturalmente” preparados para as ciências exatas são exemplos de preconceitos. A discriminação racial, por sua vez, é a atribui- ção de tratamento diferenciado a membros de gru- pos racialmente identificados. Ainda sobre a discriminação, é importante dizer que é possível falar também em discriminação posi- tiva, definida como a possibilidade de atribuição de tratamento diferenciado a grupos historicamente dis- criminados com o objetivo de corrigir desvantagens causadas pela discriminação negativa — a que causa prejuízos e desvantagens. Há três concepções de racismo: individualista, ins- titucional e estrutural: z Individualista O racismo, segundo esta concepção, é concebi- do como uma espécie de “patologia” ou apenas por anormalidade. Seria um fenômeno ético ou psico- lógico de caráter individual ou coletivo, atribuído a grupos isolados; ou, ainda, seria o racismo uma “irra- cionalidade” a ser combatida no campo jurídico por meio da aplicação de sanções civis — indenizações, por exemplo — ou penais. Por isso, a concepção indi- vidualista pode não admitir a existência de “racismo”, mas somente de “preconceito”, a fim de ressaltar a natureza psicológica do fenômeno em detrimento de sua natureza política. 10 z Institucional A desigualdade racial é uma característica da socie- dade não apenas por causa da ação isolada de gru- pos ou de indivíduos racistas, mas fundamentalmente porque as instituições são hegemonizadas por utilizam mecanismos institucionais para impor seus interesses políticos e econômicos. As instituições atuam na for- mulação de regras e imposição de padrões sociais que atribuem privilégios a um determinado grupo racial, no caso, os brancos. Exemplo: vaga de emprego. z Estrutural As instituições são racistas porque a sociedade é racista. Em uma sociedade em que o racismo está presente na vida cotidiana, as instituições que não tratarem de maneira ativa como um problema desi- gualdade racial irão facilmente reproduzir as práticas racistas já tidas como “normais” em toda a sociedade. O racismo é uma decorrência da própria estru- tura social, ou seja, do modo “normal” com que se constituem as relações políticas, econômicas, jurídi- cas e até familiares, não sendo uma patologia social nem um desarranjo institucional. Comportamentos individuais e processos institu- cionais são derivados de uma sociedade cujo racis- mo é regra e não exceção. O racismo é parte de um processo social que ocorre “pelas costas dos indiví- duos e lhes parece legado pela tradição”. Nesse caso, além de medidas que coíbam o racismo individual e institucionalmente, torna-se imperativo refletir sobre mudanças profundas nas relações sociais, políticas e econômicas. O racismo, como processo histórico e político, cria as condições sociais para que, direta ou indiretamen- te, grupos racialmente identificados sejam discrimi- nados de forma sistemática. Ainda que os indivíduos que cometam atos racistas sejam responsabilizados, o olhar estrutural sobre as relações raciais nos leva a concluir que a responsabilização jurídica não é suficiente para que a sociedade deixe de ser uma máquina produtora de desigualdade racial. Diante do que foi visto até o momento, pode-se inferir que o racismo, sob a perspectiva estrutural, pode ser desdobrado em processo político e processo histórico. Político porque, como processo sistêmico de dis- criminação que influencia a organização da socieda- de, depende de poder político; caso contrário seria inviável a discriminação sistemática de grupos sociais inteiros. Por ser processo estrutural, o racismo é também processo histórico. Desse modo, não se pode com- preender o racismo apenas como derivação automá- tica dos sistemas econômico e político. RACISMO E POLÍTICA A política, devido a características específicas da sociedade contemporânea, passa pelo Estado, ainda que não se restrinja a ele. Uma vez que o Estado é a forma política do mundo contemporâneo, o racismo não poderia se reproduzir se, ao mesmo tempo, não alimentasse e fosse tam- bém alimentado pelas estruturas estatais. É por meio do Estado que a classificação de pessoas e a divi- são dos indivíduos em classes e grupos é realizada. Estado e Racismo nas Teorias Liberais Nas teorias liberais sobre o Estado há pouco, senão nenhum, espaço para o tratamento da questão racial. O racismo é visto como uma irracionalidade em con- traposição à racionalidade do Estado, manifestada na impessoalidade do poder e na técnica jurídica. Nesse sentido, raça e racismo se diluem no exercício da razão pública, na qual deve imperar a igualdade de todos perante a lei. Tal visão sobre o Estado se compa- tibiliza com a concepção individualista do racismo, em que a ética e, em último caso, o direito, devem ser o antídoto contra atos racistas. REPRESENTATIVIDADE IMPORTA? O que chamamos de representatividade refere-se à participação de minorias em espaços de poder e prestígio social, inclusive no interior dos centros de difusão ideológica como os meios de comunicação e a academia. Nesse sentido, a representatividade pode ter dois efeitos importantes no combate à discriminação: 1. propiciar a abertura de um espaço político para que as reivindicações das minorias possam ser reper- cutidas, especialmente quando a liderança conquista- da for resultado de um projeto político coletivo; 2. desmantelar as narrativas discriminatórias que sempre colocam minorias em locais de subalternida- de. Isso pode servir para que, por exemplo, mulheres negras questionem o lugar social que o imaginário racista lhes reserva. Da Biopolítica à Necropolítica A saúde pública, o saneamento básico, as redes de transporte e abastecimento, a segurança pública, são exemplos do exercício do poder estatal sobre a manutenção da vida, sendo que sua ausência seria o deixar morrer. O biopoder, como Foucault denomina este modo de exercício do poder sobre a vida, é cada vez mais “disciplinar e regulamentar”. Mas fica a questão: se o poder do Estado se manifesta comotecnologia de sus- tentação e prolongamento da vida, o que tornaria pos- sível o assassínio, a determinação da morte? “Como exercer o poder da morte, como exercer a função da morte, num sistema político centrado no biopo- der?”, pergunta Foucault. O racismo tem, portanto, duas funções ligadas ao poder do Estado: a primeira é a de fragmentação, de divisão no contínuo biológico da espécie humana, introduzindo hierarquias, distinções, classificações de raças. O racismo estabelecerá a linha divisória entre superiores e inferiores, entre bons e maus, entre os grupos que merecem viver e os que merecem morrer, entre os que terão a vida prolongada e os que serão deixados para a morte, entre os que devem perma- necer vivos e os que serão mortos. E que se entenda que a morte aqui não é apenas a retirada da vida, mas também é entendida como a exposição ao risco da morte, a morte política, a expulsão e a rejeição. A outra função do racismo é permitir que se esta- beleça uma relação positiva com a morte do outro. Trata-se, para Foucault, de uma relação inteiramente nova, compatível com o exercício do biopoder, em que será estabelecida uma relação de tipo biológi- co, em que a morte do outro — visto não como meu adversário, mas como um degenerado, um anormal, B IB LI O G R A FI A - LI V R O S E A RT IG O S 11 pertencente a uma “raça ruim” — não é apenas uma garantia de segurança do indivíduo ou das pessoas próximas a ele, mas do livre, sadio, vigoroso e desim- pedido desenvolvimento da espécie, do fortalecimen- to do grupo ao qual se pertence. Desse modo, a raça e o racismo são: a condição de aceitabilidade de tirar a vida numa sociedade de normalização. A função assassina do Estado só pode ser assegurada, desde que o Estado funcione no modo do biopoder, pelo racismo. O racismo é a tecnologia de poder que torna possível o exercício da soberania. Por isso, para Foucault, a justaposição, ou melhor, o funcionamen- to, através do biopoder, do velho poder soberano do direito de morte implica o funcionamento, a introdu- ção e a ativação do racismo. RACISMO E O DIREITO Os jusnaturalistas creem na existência de um direi- to natural, de regras preexistentes à imposição de nor- mas pelo Estado. Neste sentido, a validade das normas jurídicas estaria condicionada à compatibilidade com o direito natural. Os jusnaturalista, em nome da natu- reza, de Deus ou da razão concebiam a escravidão como uma ordem natural e como a superioridade de um povo. Luiz Gama, como opositor do direito jusna- turalista, enxergava a escravidão como degradação moral em todos os aspectos, naturais e religiosos. Atualmente, boa parte dos autores, até mesmo por imposição das circunstâncias sociais e econômicas do capitalismo, se considera juspositivista, isto é, enten- de o direito como um conjunto de normas que são impostas pelo Estado. Direito como Norma O direito é, ainda que no plano científico, definido como o conjunto das normas jurídicas, ou seja, com as regras obrigatórias que são impostas e garantidas pelo Estado. Essa concepção do direito como norma se denomina de juspositivismo e os seus críticos afirmam que essa visão impossibilita uma real compreensão do direito, uma vez que é um fenômeno complexo, que envolve aspectos éticos, políticos e econômicos que nem sempre estão contemplados nas normas jurídicas. Direito como Poder Na concepção de direito como poder, entende-se que o poder não é algo externo ao direito, mas o elemento dominante, que concede realidade ao direito. Contempo- raneamente, a chegada ao poder de grupos de extrema direita em alguns países da Europa e nos Estados Uni- dos tem demonstrado como a legalidade coloca-se como extensão do poder, inclusive do poder racista, na forma de leis anti-imigração direcionadas a pessoas oriundas de países de maioria não branca ou da imposição de severas restrições econômicas às minorias. A conclusão é que o racismo é uma relação estruturada pela legalidade. O Direito como Relação Social As relações que se formam a partir da estrutura social e econômica das sociedades contemporâneas é que determinam a formação das normas jurídicas. O 3 ARAÚJO, U. F.; ARANTES, V.; PINHEIRO, V. Projetos de vida: fundamentos psicológicos, éticos e práticas educacionais. São Paulo: Summus, 2020. direito, segundo essa concepção, não é compreendido como o conjunto de normas, mas, sim, como a relação entre sujeitos de direito. É por meio dessas relações sociais que se compreenderá o racismo como algo estrutural e indissociável do direito, uma vez que, ao mesmo tempo que as discriminações raciais são consideradas ilegais, a lei criminaliza os corpos pretos e pobres, marcando-os como suspeitos. RACISMO E ECONOMIA Quando abordamos raça e economia, devemos pen- sar em desigualdade. É notório que algumas pessoas, com formação igual, recebem salários diferentes em funções iguais. Qual a explicação para isso? Atualmente, muitas pessoas pensam que a remuneração é proporcio- nal ao mérito do trabalhador ou trabalhadora. O proble- ma é quando a produtividade e a eficiência não podem ser citadas como fatores explicativos das diferenças sala- riais. Desta maneira, ficam as questões: E quando as estatísticas mostram que, independen- temente da produtividade, pessoas de um deter- minado grupo social, como negros e mulheres, ganham salários menores? Como explicar o fato de que pessoas negras e mulheres encontram-se majoritariamente alocados nos postos de trabalho de baixa remuneração e considerados precários? Como explicar as maiores taxas de desemprego entre pessoas negras? (ALMEIDA, 2017, n.p.) PROJETOS DE VIDA: FUNDAMENTOS PSICOLÓGICOS, ÉTICOS E PRÁTICAS EDUCACIONAIS3 Importante! Com o objetivo de oferecer a melhor preparação para seu concurso, apresentamos a seguir tre- chos da obra especificada pelo certame. A busca de sentido e de propósito para a vida é uma preocupação presente na história da humanidade há muitos séculos. Sempre foi objeto de inúmeras reflexões na filosofia, na ciência e na religião, que construíram inúmeras teorias sobre o sentido da existência humana. Cada um de nós, em algum momento da vida, se defron- ta com essas questões e também busca respostas e ações que deem sentido ao nosso viver. Moran (apud MALIN, 2018) utiliza as embarcações como metáfora para exemplificar o conceito de projeto de vida. Segundo a autora, o sujeito seria a luz que guia o barco em seu percurso em águas abertas. Condições externas, como o vento, a chuva, as ondas e as marés, podem tirar o barco de seu curso ou forjar um novo percurso, mas uma luz forte projeta seu caminho para a frente. Assim, uma pessoa com projeto de vida tem uma força que lhe dá impulso e direção, mas sua traje- tória existencial não é linear. Ao olhar para a trajetória de uma vida com projeto, o caminho é curvo e sinuoso, mostrando mudanças e reorientações de rota, mas há um claro e coerente desenho de percurso. 12 Machado (2004, p. 16-17) também traz uma discus- são interessante a esse respeito quando diz que: [...] mesmo se tratando de projetos de vida, carac- terísticos do modo de ser do ser humano, não nas- cemos determinados para percorrer uma única trajetória de projetos, ou vocacionados para um único tipo de atividade. Movemos permanentemen- te em um terreno pleno de potencialidades, pleno de apelos que vêm de fora e que devem ser articulados com chamamentos internos, do fundo do nosso ser. As alternativas, em cada bifurcação da vida, não são aleatórias nem determinadas: escolhemos tão livremente quanto nossa circunstância nos permite e quanto a vocação ditada pelo “fundo insuborná- vel” da pessoa única que somos [...]. E construímos uma trajetória de projetos absolutamente original, que nos identifica como pessoas. Lendo os parágrafos anteriores, adotamos também outra metáfora, a de que os projetos de vida são como uma bússola que orienta os indivíduos durante seu desenvolvimento integral na buscade um sentido de vida. Como pedagogos e psicólogos que atuam há déca- das na educação, tanto no desenvolvimento profissio- nal de docentes e gestores quanto nos processos de construção de valores de ética e cidadania das novas gerações, nós, autores deste livro, vislumbramos ser este o momento para trazer aos educadores os concei- tos que sustentam esse construto chamado atual- mente de projeto de vida. Em 2008, dois dos autores deste livro (Ulisses e Valéria) viajaram para a Califórnia (Estados Unidos) com apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Esta- do de São Paulo (Fapesp) e passaram seis meses como professores visitantes na Universidade de Stanford. Lá, desenvolveram pesquisas no Stanford Center on Adolescence com os professores William Damon e Anne Colby sobre o que se denomina em inglês pur- pose. Desde então, desenvolvendo várias pesquisas em todo o Brasil sobre os projetos de vida dos jovens brasileiros, com financiamento de agências de fomen- to como a Fapesp e o Conselho Nacional de Desenvol- vimento Científico e Tecnológico (CNPq), orientaram mais de uma dezena de teses de doutorado e disserta- ções de mestrado na Universidade de São Paulo sobre essa temática. Em 2016, retornaram a Stanford por mais seis meses para aprofundar os estudos sobre os projetos de vida dos jovens com o professor Damon, considera- do hoje o autor mais relevante no mundo sobre essa temática. É dessas experiências marcantes, acompa- nhadas de perto pela professora Viviane Pinheiro, da Universidade de São Paulo. Uma consequência inicial desses estudos foi a tra- dução do termo “purpose” para “projetos de vida”, o que foi devidamente justificado por Ulisses Araújo no prefácio do livro de William Damon publicado no Brasil em 2009. Nessa obra, intitulada O que o jovem quer da vida? Como pais e professores podem orientar e motivar os adolescentes (Summus, 2009)4, Damon descreve os resultados de suas pesquisas nos Estados Unidos e propõe a formulação de políticas públicas e trabalho social com os próprios jovens, seus pais e os professo- res para enfrentar essa problemática contemporânea. 4 DAMON, W. O que o jovem quer da vida? Como pais e professores podem orientar e motivar os adolescentes. São Paulo: Summus, 2009. Ao longo do livro, ele apresenta quatro categorias de jovens encontradas em suas pesquisas: desengajados ou sem projetos vitais, sonhadores, superficiais e com projetos vitais nobres ou antissociais. Além disso, discute o papel que a família, a escola, os men- tores e outros membros de instituições sociais podem ter na construção e no apoio aos projetos vitais nobres dos jovens. A discussão feita por Damon ajuda a compreender os valores da juventude contemporânea na perspec- tiva do que vem sendo chamado de psicologia posi- tiva, que estuda as fortalezas e virtudes humanas e não apenas as debilidades e patologias. Ou seja, o foco estava na compreensão propositiva de como se pode promover a construção de projetos de vida éticos por parte dos jovens, ajudando-os a desen- volver um sentido de bem-estar duradouro por toda a vida, articulado com o encorajamento para que realizem suas mais altas aspirações pessoais e profissionais. Mas qual é o significado de projeto de vida? Araújo explica que “purpose” pode ser traduzido para o por- tuguês como “Propósito: a) desígnio, intento, intenção. b) sentido, objetivo, finalidade” (MICHAELIS, 2009, p. 229). Dessa tradução, a definição mais próxima do que se pode entender em português para o trabalho edu- cativo com base na psicologia é “sentido, objetivo, finalidade”. Por isso, Araújo entende que o significado mais próximo do que foi descrito por Damon e outros auto- res para propósito seja “projeto”. Para tanto, apoia-se na discussão feita por Nilson Machado (2006), basea- do nos ensaios do autor espanhol Ortega y Gasset (1983), para quem [...] nossa vida é algo que é lançado no âmbito da existência, é um projétil, só que este projétil é que tem, por sua vez, que escolher o alvo [...]; o fator mais importante da condição humana é o projeto de vida que inspira e dirige todos os nossos atos. Machado (ibid., p. 61) assume que [...] a ideia de projeto parece caracterizar a vida humana, uma vez que a consciência pressupõe uma ação projetada, que estar vivo é pretender algo, é estar-se permanentemente lançando em busca de alguma meta prefigurada em uma configuração moral. Independentemente das variações linguísticas e culturais, assume-se que o significado de propósito adotado por Damon e o de projeto se aproximam, constituindo uma das condições para se dar um senti- do ético à vida das pessoas e à sociedade. Projetos, objetivos, finalidades organizam pensa- mentos e ações e estão relacionados com os sistemas de valores dos indivíduos. Se, de forma intencional e dialética, os projetos e finalidades de vida das pessoas atenderem a um duplo objetivo — buscar simultanea- mente a felicidade individual e coletiva —, pode-se dizer que se baseiam em princípios de ética. Isso nos conduz a uma segunda aproximação ao conceito de projeto de vida. Não se trata de algo simples e comum, como o de divertir-se por uma noite, passar numa prova ou comprar um par de sapatos. O projeto B IB LI O G R A FI A - LI V R O S E A RT IG O S 13 vital pressupõe um desejo de fazer diferença no mun- do, de realizar algo de sua autoria que possa contri- buir com os outros, com a sociedade. Assim, é a razão por trás das metas e dos motivos imediatos que comanda a maior parte do comportamento diário. Se tal projeto tiver características de alcance social, que beneficiem o próprio sujeito e aqueles à sua volta, pode ser consi- derado nobre. Ao contrário, se for estabelecido visando a metas destrutivas, contra o interesse de alguns ou da sociedade, pode ser considerado antissocial. Essa é a ponte para amarrarmos os projetos de vida à visão atual de cidadania. Trabalhar na formação do cida- dão e da cidadã contemporâneos pressupõe considerar intencionalmente — e atuar em — diferentes dimensões constituintes do ser humano, visando construir valores, habilidades, atitudes e conhecimentos de forma articu- lada. Todo esse processo formativo precisa culminar em um modelo educativo que apoia crianças e jovens na construção de projetos de vida éticos, que visem transformar o mundo, e de habilidades necessárias para a vida no século XXI. Com base nessa possibili- dade de construção, podemos afirmar que o projeto de vida não depende de nenhuma disposição de caráter preexistente. Ou seja, as pequenas conquistas presentes na rotina podem se transformar em motivo de orgulho e satisfação, ao mesmo tempo que as obrigações ganham significados mais profundos e até mesmo valiosos se estiverem relacionadas com os meios de transformação daquilo que, no mundo, traz incômodo aos sujeitos. Entendemos que construir um projeto de vida requer que os jovens estudantes conheçam a si mesmos e ao universo que os rodeia para que consigam identificar as necessidades, os problemas e os conflitos presentes em seu contexto (DAMON, 2009). Ao mesmo tempo, quando esses jovens analisam as possibilidades de atuação na realida- de, ganham condições de formular metas de longo prazo que possam fazer diferença. Assim, acreditamos que, para construir um projeto de vida, é preciso entender como capacidades, crenças, valores e aspirações pessoais podem servir de base para gerar uma contribuição para a sociedade e para o mundo. O projeto de vida apre- senta-se, dessa maneira, como um pano de fundo, guian- do objetivos e metas para um futuro mais imediato, o que justifica as ações, preocupações e escolhas do indivíduo (DAMON, 2009). O par intenção-ação passa a ser constitu- tivo da ideia de projeto de vida e o engajamento em deter- minada área ou campo de atuação é fundamental para traduzir suas intenções e valores em ações. É nessa perspectiva, também, que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2018, p. 480)assume que: [...] a construção de projetos de vida envolve refle- xões/definições não só em termos de vida afetiva, família, estudo e trabalho, mas também de saúde, bem-estar, relação com o meio ambiente, espaços e tempos para lazer, práticas corporais, práticas culturais, experiências estéticas, participação social, atuação em âmbito local e global etc. Con- siderar esse amplo conjunto de aspectos possibili- ta fomentar nos estudantes escolhas de estilos de vida saudáveis e sustentáveis, que contemplem um engajamento consciente, crítico e ético em relação às questões coletivas, além de abertura para expe- riências estéticas significativas. Ou seja, temos na própria política pública de for- mação dos jovens no Brasil essa visão complexa sobre a importância dos projetos de vida. 5 BACICH, L.; TANZI NETO, A.; TREVISANI, F. M. (Org.). Ensino híbrido: personalização e tecnologia na educação. Porto Alegre: Penso, 2015. ENSINO HÍBRIDO: PERSONALIZAÇÃO E TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO5 A obra organizada por Bacich, Tanzi Neto e Tre- visani denominada “Ensino híbrido: personalização e tecnologia na educação” é constituída por 10 capítulos e escrita por 13 autores que discutem o uso das tec- nologias na educação com base nas pesquisas desen- volvidas pelo Instituto Península e Fundação Lemann através do Grupo de Experimentações em Ensino Híbrido. Os autores utilizaram o relato de experiên- cias de um grupo de professores para refletir sobre a prática de utilizar tecnologias digitais em sala de aula. A obra analisa, inicialmente, a educação híbrida e como esse tema tem sido discutido em todo o mundo e, logo em seguida, discorre sobre a prática da edu- cação híbrida, falando sobre as experiências vividas pelo Grupo de Experimentações em Ensino Híbrido. PREFÁCIO No prefácio do livro, o autor José Armando Valen- te inicia a discussão do tema discorrendo sobre como a integração das tecnologias digitais com ações efi- cientes para a personalização do processo de ensino- -aprendizagem é de grande importância para auxiliar no processo de tornar o aluno protagonista de seu processo de construção de conhecimento, desenvol- vendo autonomia, disciplina e responsabilidade. EDUCAÇÃO HÍBRIDA: UM CONCEITO CHAVE PARA A EDUCAÇÃO, HOJE No primeiro capítulo do livro, escrito por José Moran, denominado “Educação híbrida: um conceito chave para a educação, hoje”, o autor discorre sobre o conceito de ensino híbrido, isto é, uma educação que tem a capaci- dade de combinar espaços, tempos e metodologias. Há ainda a discussão sobre como o ensino híbrido sempre esteve presente na educação, uma vez que, segundo Moran, vivemos em uma sociedade híbrida, ou seja, uma sociedade que nos permite ensinar e aprender diariamente de diversas maneiras. Moran aborda tam- bém o fato de que há diversas metodologias que podem e devem ser utilizadas no ensino híbrido, contanto que sejam desafiadoras para os alunos a fim de estimular o desenvolvimento deles e o interesse. O autor deste primeiro capítulo destaca que o pro- cesso de ensino-aprendizagem deve ser coordenado pelos professores, acompanhando todo o processo de evolução dos alunos, permitindo que o professor analise quais os aspectos em que o aluno possui mais dificuldades e quais são suas maiores potencialidades. Moran enfatiza que até mesmo as instituições de ensino sem acesso a tecnologias avançadas possuem a possibilidade de buscar integrar os espaços físicos com os virtuais. Ele acredita que a adoção da educa- ção híbrida possibilitará a incorporação do mundo inteiro em tempo real, incluindo suas diversas ideias, pessoas e eventos, resultando em uma troca intensa, rica e contínua. De acordo com o autor, as tecnologias auxiliam na ampliação de oportunidades de realiza- ção de pesquisa online e no acesso a materiais impor- tantes e atualizados, expandindo assim o alcance da educação para além dos limites das escolas. 14 ENSINO HÍBRIDO: PERSONALIZAÇÃO E TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO No capítulo dois do livro, os autores Lilian Baci- ch, Adolfo Tanzi Neto e Fernando de Mello Trevisani destacam que os professores ainda não possuem o conhecimento necessário para utilizar adequadamen- te as ferramentas e tecnologias contemporâneas em sua prática educativa, contudo, as tecnologias assu- mem um papel de suma importância no que tange à educação. É fundamental adotar os recursos tecnológicos de maneira criativa e dinâmica na educação, a fim de ofe- recer aos alunos uma formação mais abrangente. Evi- dencia-se, assim, que essas tecnologias já estão sendo integradas no contexto escolar, e os professores estão utilizando tais ferramentas para tornar suas aulas mais dinâmicas e menos centradas na transmissão oral de informações. Como resultado dessa mudança, há um aumento significativo na participação e inte- ração dos alunos nas aulas, uma vez que o ambiente virtual proporciona maior eficiência e promove uma relação mais próxima entre o indivíduo e as mídias digitais. OTIMIZAÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR POR MEIO DO MODELO DE ENSINO HÍBRIDO No terceiro capítulo do livro, a autora Fernanda Schneider destaca a importância de discutir o ensino no Brasil, especialmente no que tange à elaboração do currículo educacional. Segundo a autora, é um desa- fio determinar uma direção para a educação no país, devido às várias mudanças e obstáculos que precisam ser enfrentados. Embora o avanço do mundo digital tenha trazido muitas possibilidades, a aplicação da tecnologia em sala de aula ainda é lenta em muitas instituições. Nes- se sentido, é crucial que as novas tecnologias sejam utilizadas para promover a aprendizagem dos alunos, indo além da mera transmissão de informações. Antes de introduzir as tecnologias, é necessário considerar seus objetivos e benefícios, o que requer pesquisa, planejamento e o desenvolvimento de projetos que aproveitem essas novas tecnologias, a fim de aprimo- rar o processo de ensino-aprendizagem dos alunos. O PROFESSOR NO ENSINO HÍBRIDO No quarto capítulo do livro, escrito por Leandro Holanda Fernandes de Lima e Flavia Ribeiro de Mou- ra, os autores abordam a importância da formação de qualidade dos professores, em especial em relação ao ensino híbrido, e como isso pode influenciar suas prá- ticas pedagógicas. Os autores destacam que a necessá- ria transformação educacional requer a integração de tecnologias digitais ao currículo, especialmente consi- derando que estamos em uma era em que dispositivos e softwares são amplamente utilizados. Desta maneira, o papel do professor é orientado para a tutoria do aprendizado, permitindo a identificação de problemas e a adoção de abordagens focadas na perso- nalização do ensino. Pensando nisso, os professores que optam pelo ensino híbrido têm a vantagem de facilitar a transmissão de conhecimentos, pois essa abordagem não exige que o aluno esteja fisicamente presente no mesmo local que o professor para aprender. ESPAÇOS DE APRENDIZAGEM O capítulo escrito por Glauco de Souza Santos aborda a questão do ambiente escolar, iniciando a discussão fazen- do um destaque sobre como tradicionalmente o ambien- te escolar tem sido concebido apenas para a modalidade de ensino presencial, no qual os alunos se sentam em carteiras individuais e o foco está na totalmente naquilo que o professor está apresentando aos alunos. Esse méto- do tradicional promove a obediência, a concentração e a repetição do que é ensinado pelo educador. O autor argumenta que é necessário promover mudanças na organização desse espaço escolar, come- çando pela compreensão de que o modelo atual da sala de aula não estimula a colaboração entre os estudantes. O teórico afirma que é necessário reavaliar os espa- ços da escola de modo a aproximar o professor de seus alunos. Nessa nova abordagem, o professor planeja atividades de forma que a aprendizagem seja perso- nalizada, permitindo que cada aluno progrida em seu próprio ritmo e na maneira que melhor lhe convier. O autor destaca que a salade aula, assim como outros espaços escolares, deve ser concebida pelo professor de modo a se integrar com as atividades que os alunos irão realizar. O estudante desempenha um papel fun- damental nesse contexto, especialmente em relação à sua sociabilidade; os grupos de estudantes, organiza- dos de maneira diferente, passam a ter protagonismo em suas ações e se ajudam mutuamente. Transforma-se, assim, a sala de aula em um ambiente de ensino híbrido, no qual dispositivos tec- nológicos, como celulares, não são proibidos, mas sim bem-vindos, e os alunos não passam horas sentados ouvindo os professores, mas sim se movimentam pela sala de forma dinâmica e colaborativa. A AVALIAÇÃO E A TECNOLOGIA: A QUESTÃO DA VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM NO MODELO DE ENSINO HÍBRIDO No sexto capítulo, o autor Eric Freitas Rodri- gues aborda a importância da rotina como parte do ambiente escolar do aluno, especialmente com a inte- gração das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) na educação, quando exploradas de maneira adequada e eficiente. O autor destaca que a avaliação deve verificar o processo de aprendizagem do aluno e, como esse é o seu foco, deve fornecer feedback aos estudantes com base nos resultados obtidos. O autor ainda reflete sobre como o modelo de ensino híbrido demonstra que os métodos de avaliação das esco- las tradicionais não acompanham os alunos que estão conectados ao novo modelo de busca por informações. Pensando nisso, há a discussão sobre como a verificação da aprendizagem deve ser personalizada de acordo com o foco do aluno, utilizando meios que facilitem o desen- volvimento e tragam resultados mais significativos, já que essa é a finalidade do uso das tecnologias. No que diz respeito ao método de avaliação, o pro- fessor precisa encontrar a melhor maneira de incor- porar a tecnologia sem comprometer a compreensão abrangente de cada assunto a ser avaliado pelos alu- nos, preservando a essência desse processo. AS TECNOLOGIAS DIGITAIS NO ENSINO HÍBRIDO No sétimo capítulo, os autores Alexsandro Sunaga e Camila Sanches de Carvalho abordam sobre como há resistência por parte de alguns professores no quesito de adotar o uso de ferramentas tecnológicas em suas aulas, B IB LI O G R A FI A - LI V R O S E A RT IG O S 15 optando pelo uso exclusivo de lousa e do giz, o que resul- ta em alunos copiando anotações desordenadas nos seus cadernos. Essa resistência por parte dos professores em migrar para métodos de ensino com o uso de tecnologias é apontada como um dos motivos para a falta de utili- zação de recursos básicos e essenciais, como projetores multimídia ou televisores digitais. Uma forma de reverter essa situação seria conscien- tizar as instituições de ensino de que o uso da tecnologia melhora o desempenho, aproxima professores, alunos e gestores, e otimiza o tempo, levando a melhores estraté- gias de aprendizagem por parte dos educadores. Com o crescimento da educação híbrida, o uso de interfaces de ensino tem se expandido significativamen- te. Isso motivou o surgimento de várias plataformas que visam auxiliar no desenvolvimento e estímulo do ensi- no. Por fim, compreende-se que é necessário capacitar os professores para que possam utilizar plenamente todos os recursos tecnológicos e administrá-los de maneira efi- caz no desempenho de suas funções educacionais. QUANDO A INOVAÇÃO NA SALA DE AULA PASSA A SER UM PROJETO DE VIDA No oitavo capítulo, a autora Verônica Cannatá abor- da a implantação do ensino híbrido em uma instituição educacional. Segundo a autora, a gestão escolar deve identificar quais aspectos do Projeto Político-Pedagógico (PPP) precisam ser modificados ou mantidos, e organi- zar equipes para estruturar as ações necessárias para as transformações no ambiente educacional. A integração das equipes é considerada o fator mais importante na implementação do ensino híbrido na instituição. A autora enfatiza que as estratégias no ambiente esco- lar devem ser bem planejadas, e é responsabilidade da gestão escolher as equipes de trabalho e atribuir a elas as funções adequadas. Em relação aos recursos tecnológicos, a instituição deve considerar investir em uma boa conexão à internet e na aquisição de dispositivos digitais. Mesmo que o investimento seja limitado e a aquisição de equipa- mentos seja limitada, se forem bem aplicados, poderão tra- zer benefícios significativos ao ambiente educacional. A autora, por fim, destaca a importância de uma boa conexão à internet para garantir o acesso adequado aos recursos online e enfatiza que os dispositivos digitais são essenciais para a participação dos alunos no ensino híbrido. Essas medidas, mesmo que adotadas de forma limitada, podem ter um impacto positivo se forem imple- mentadas de maneira eficaz e bem planejada. A CULTURA ESCOLAR NA ERA DIGITAL: O IMPACTO DA ACELERAÇÃO TECNOLÓGICA NA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO, NO CURRÍCULO E NA ORGANIZAÇÃO ESCOLAR No nono capítulo, os autores Rodrigo Abrantes da Silva e Ailton Luiz Camargo destacam a complexidade de inserir novas tecnologias nas escolas, ressaltando a necessidade de reconfigurar toda a estrutura escolar, incluindo espaços, tempo, gestão pedagógica e currí- culo, entre outros aspectos. Os autores defendem que a atividade educativa é, antes de tudo, uma manifestação cultural, que sofre trans- formações ao longo do tempo devido a mudanças sociais, políticas e econômicas. Eles destacam a importância das relações entre a cultura escolar e a sociedade, consideran- do tradições, valores, ideias e costumes de um determina- do povo em um determinado período histórico. 6 CANDAU, V. M. Direitos humanos, educação e interculturalidade: as tensões entre igualdade e diferença. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 13, n. 37, p. 45-56, jan./abr. 2008. É evidente que as escolas que ainda seguem mode- los do passado estão sendo pressionadas por diversos setores da sociedade a mudar. No entanto, os autores afirmam que a simples introdução de tecnologia não resultará em grandes transformações. É necessário criar um ambiente que seja capaz de incorporar ini- ciativas provenientes de diferentes esferas. Silva e Camargo concluem enfatizando a ideia de que os modelos híbridos utilizam a tecnologia para estabelecer novas configurações de formas de apren- dizagem, encorajando mudanças sem medo de errar. Eles apontam que as escolas muitas vezes têm receio de cometer erros e perder alunos, o que as leva a per- manecerem em sua zona de conforto. PLANEJANDO A MUDANÇA No décimo capítulo, os autores Lilian Bacich, Adol- fo Tanzi Neto e Fernando de Mello Trevisani mostram etapas de planos de estudo do aluno a ser cumprido nas aulas. Orientam que, com as diferentes formas de ensino, busca-se oportunizar o desenvolvimento de diferentes habilidades, além daquelas que devem ser construídas em relação ao conteúdo do currículo. Os autores recordam-nos de como o processo ava- liativo é importante para que o professor observe se os alunos estão se engajando nos grupos durante todas as rotações (modelo baseado na criação de dife- rentes espaços de aprendizagem dentro e fora da sala de aula para que o estudante reveze entre diversas atividades de acordo com a orientação do professor), observando o envolvimento geral e individual de cada um, sem receio de se lançarem a novas experiências. É relevante afirmar que, de acordo com a abor- dagem dos autores, o ensino híbrido não inviabiliza a prática de aulas expositivas. A ideia é ressignificar esses momentos e mesclá-los com atividades de outros tipos, utilizando recursos tecnológicos. A obra “Ensino híbrido: personalização e tecno- logia da educação” é, portanto, absolutamente rele- vante para todos os atores envolvidos no contexto educacional. Gestores, professores, estudantes e qual- quer cidadão que vê, na educação, caminho inegável de transformação social devem ter acesso a tão impor- tante abordagem. O ensino híbrido é, assim, um cami-nho de diversidade capaz de estabelecer uma nova identidade na educação brasileira. REFERÊNCIAS ALMEIDA JÚNIOR, J. G. Ensino híbrido: personali- zação e tecnologia na educação. Revista Thema, v. 14, n. 2, p. 336–340, 2017. Disponível em: https:// periodicos.ifsul.edu.br/index.php/thema/article/ view/429. Acesso em: 17 mai. 2023. DIREITOS HUMANOS, EDUCAÇÃO E INTERCULTURALIDADE: AS TENSÕES ENTRE IGUALDADE E DIFERENÇA6 INTRODUÇÃO A introdução do artigo “Direitos humanos, educa- ção e interculturalidade: as tensões entre igualdade e diferença” (2008), de Vera Maria Candau, apresenta 16 uma visão geral sobre o tema abordado, destacando a importância da reflexão sobre os direitos huma- nos, a educação e a interculturalidade em um con- texto de mudanças profundas e aceleradas. Candau inicia a introdução destacando a impor- tância dos direitos humanos como um marco funda- mental para a garantia da dignidade e da igualdade de todos os seres humanos. Ela ressalta que a edu- cação desempenha um papel central na promoção e na defesa dos direitos humanos, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. A autora enfoca a interculturalidade como um aspecto crucial nesse contexto, considerando a diver- sidade cultural presente em sociedades contempo- râneas. Ela aponta que as tensões entre igualdade e diferença surgem a partir do desafio de conciliar a busca pela igualdade de direitos com o respeito e o reconhecimento das diferenças culturais. Candau ainda destaca a necessidade de se repen- sar o conceito de igualdade não apenas como uma uniformidade, mas, também, como a valorização da diversidade e da pluralidade cultural. Ela ressalta que a igualdade não pode ser alcançada ignorando as diferenças existentes, mas, sim, promovendo a inclu- são e a participação de todos, respeitando suas parti- cularidades culturais. DIREITOS HUMANOS HOJE: UM DISCURSO RELEVANTE? Nesta seção do texto, a autora apresenta uma reflexão sobre a dualidade em relação à afirmação e à negação dos direitos humanos. Ela destaca que, embora exista um discurso reiterativo que afirma a importância dos direitos humanos tanto no pla- no internacional quanto no plano nacional, as viola- ções desses direitos ainda são frequentes. A autora também menciona um retrocesso em relação a direi- tos que pareciam profundamente assimilados pela humanidade, como o combate à tortura em qualquer circunstância. Candau cita o sociólogo Boaventura de Sousa San- tos (2006)7, dizendo que: [...] para que os direitos humanos possam verdadei- ramente ser ressignificados hoje, numa perspectiva que não nega as suas raízes, não nega a sua histó- ria, mas quer trazê-los para a problemática de hoje, eles terão que passar por um processo de recon- ceitualização. Essa passagem supõe algumas pre- missas que ele enumera da seguinte maneira: 1. A superação do debate entre o universalismo e o relativismo cultural. O que se quer dizer com isso? Afirmar que todas as culturas ou grupos cul- turais têm valores e idéias, elementos fundamentais que aspiram a comunicar a outros e universalizar, mas o universalismo é incorreto, enquanto uma única cultura predomine e queira se impor a todos. No outro pólo está o relativismo cultural, que afir- ma que todas as culturas são relativas, nenhuma é absoluta, nenhuma é completa, mas é necessário propor diálogos interculturais sobre preocupa- ções convergentes, ainda que expressas a partir de diversos universos culturais. Somente assim sere- mos capazes de construir algo juntos, um projeto comum. É necessário negar tanto o universalismo quanto o relativismo absolutos. 7 SANTOS, B. S. A gramática do tempo: para uma nova cultura política. São Paulo: Cortez, 2006. 2. Todas as culturas possuem concepções da dignidade humana. Nem todos os grupos cultu- rais conhecem ou usam a expressão direitos huma- nos, mas isso não quer dizer que não tenham uma idéia de dignidade humana, de vida digna, de que- rer uma vida melhor para os seus habitantes ou para seus integrantes. Temos de ter sensibilidade para descobrir em cada universo sociocultural essa idéia de dignidade humana que traduzimos como direitos humanos. 3. Todas as culturas são incompletas e pro- blemáticas nas suas concepções de dignidade humana. Afirmar que nenhuma cultura é com- pleta, que nenhuma dá conta de toda a riqueza do humano, leva-nos a, muito mais do que trabalhar com a idéia de uma cultura verdadeira e única, que tem de ser universalizada, desenvolver a sensibili- dade para com a idéia da incompletude de todas as culturas e, portanto, da necessidade da interação entre elas. Nenhuma cultura dá conta do humano. “Aumentar a consciência de incompletude cultural é uma das tarefas prévias à construção de uma con- cepção emancipadora e multicultural dos direitos humanos” (Santos, 2006, p. 446). 4. Nenhuma cultura é monolítica. Todas as cul- turas comportam versões diferentes da dignidade humana, algumas mais amplas do que outras, algu- mas mais abertas a outras culturas do que outras. Os grupos culturais não são homogêneos e padro- nizados. Algumas versões dessa cultura podem ser rígidas, estreitas e fechadas. É necessário identifi- car e potencializar aquelas versões mais abertas, amplas e que apresentam um círculo de recipro- cidade mais amplo, que favoreçam o diálogo com outras culturas. 5. Todas as culturas tendem a distribuir as pessoas e os grupos sociais entre dois princí- pios competitivos de pertença hierárquica: princípio da igualdade e princípio da diferen- ça. Esta última premissa situa-nos no âmago da questão da ressignificação dos direitos humanos hoje. (CANDAU, 2008, p. 48-49) AS DIFERENTES ABORDAGENS DO MULTICULTURALISMO Neste momento, a autora discute as diferentes abordagens do multiculturalismo. Ela apresenta duas concepções: a assimilacionista e a diferencialista. A primeira enfatiza a assimilação das diferenças culturais em uma cultura dominante, enquanto a segunda propõe o reconhecimento da diferença e a garantia da expressão das diferentes identidades culturais presentes em uma determinada socieda- de. A autora destaca que a abordagem diferencialista é mais adequada para promover uma sociedade mais justa e igualitária, pois valoriza as diferenças cultu- rais e reconhece sua importância na construção de uma sociedade plural. A PERSPECTIVA INTERCULTURAL Candau define a perspectiva intercultural como uma abordagem que promove a inter-relação entre diferentes grupos culturais presentes em uma determi- nada sociedade. Ela destaca que essa posição se opõe às visões diferencialistas que favorecem processos radicais de afirmação de identidades culturais espe- cíficas, assim como às perspectivas assimilacionistas B IB LI O G R A FI A - LI V R O S E A RT IG O S 17 que não valorizam a explicitação da riqueza das dife- renças culturais. Candau também menciona que a perspectiva intercultural é fundamental para o desen- volvimento de relações mais justas e igualitárias em uma sociedade multicultural. INTERCULTURALIDADE E EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS: PRINCIPAIS DESAFIOS A autora diz que há diversos desafios que devem ser enfrentados para promover uma educação inter- cultural em perspectiva crítica e emancipatória, que respeite e promova os direitos humanos e articule questões relativas à igualdade e à diferença. Ela des- taca que esses desafios foram agrupados em torno de determinados núcleos fundamentais, identificados em diferentes trabalhos e pesquisas realizados nos últimos anos. Sobre o primeiro núcleo, Candau diz: O primeiro está relacionado à necessidade de des- construção. Para a promoção de uma educação intercultural é necessário penetrar no universo de preconceitos e discriminações que impregna – mui- tas vezes com caráter difuso, fluido e sutil – todas as relações sociais que configuram os contextos em que vivemos. [...] Promover processos de desnatu- ralização e explicitação da rede de estereótipos e préconceitosque povoam nossos imaginários indi- viduais e sociais em relação aos diferentes grupos socioculturais é um elemento fundamental sem o qual é impossível caminhar. Outro aspecto impres- cindível é questionar o caráter monocultural e o etnocentrismo que, explícita ou implicitamente, estão presentes na escola e nas políticas educativas e impregnam os currículos escolares. (Ibid., p. 53) Sobre o segundo núcleo, a autora explica: Um segundo núcleo de preocupações relaciona-se à articulação entre igualdade e diferença no nível das políticas educativas, assim como das práticas peda- gógicas. Essa preocupação supõe o reconhecimento e a valorização das diferenças culturais, dos diver- sos saberes e práticas e a afirmação de sua relação com o direito à educação de todos/as. (Ibid.) Quanto ao terceiro núcleo, a autora destaca que: “[...] ele vincula-se ao resgate dos processos de constru- ção das identidades culturais, tanto no nível pessoal como coletivo.” (Ibid.) Por fim, Candau explica sobre o quarto e último núcleo: [...] tem como eixo fundamental promover expe- riências de interação sistemática com os “outros”: para sermos capazes de relativizar nossa própria maneira de situar-nos diante do mundo e atribuir- -lhe sentido, é necessário que experimentemos uma intensa interação com diferentes modos de viver e expressar-se. (Ibid.) A autora finaliza o artigo mencionando que esses desafios são exploratórios e buscam situar-se em diálogo com a proposta do Professor Boaventura de Sousa Santos: 8 CASTRO, M. H. G. Sistemas nacionais de avaliação e de informações educacionais. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 14, n. 1, p. 121-128, abr. 2000. Este projeto pode parecer bastante utópico. É, cer- tamente, tão utópico quanto o respeito universal pela dignidade humana. E nem por isso este último deixa de ser uma exigência ética séria. Como disse Sartre, antes de concretizar, uma idéia apresenta uma estranha semelhança com a utopia. Nos tem- pos que correm, o importante é não reduzir a rea- lidade apenas ao que existe. (SANTOS, 2006, p. 470 apud CANDAU, 2008, p. 55) SISTEMAS NACIONAIS DE AVALIAÇÃO E DE INFORMAÇÕES EDUCACIONAIS8 Em “Sistemas nacionais de avaliação e de infor- mações educacionais” (2000), a autora, Maria Helena Guimarães Castro, inicia discutindo a relevância da avaliação educacional como uma ferramenta funda- mental para o aprimoramento da qualidade da edu- cação. Ela argumenta que a avaliação não deve ser apenas um mecanismo de controle ou classificação, mas, sim, um instrumento de diagnóstico e de apoio às políticas públicas educacionais. Castro destaca que, historicamente, o Brasil care- cia de sistemas de avaliação e de informações edu- cacionais eficazes, o que dificultava a formulação de políticas educacionais consistentes e a tomada de decisões informadas. No entanto, ela ressalta que, na década de 1990, houve avanços significativos neste sentido, com a implementação de sistemas nacionais de avaliação, como o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE) e o Sistema Nacional de Ava- liação da Educação Básica (SAEB). SISTEMA DE INFORMAÇÕES EDUCACIONAIS Castro aborda a importância de fornecer dados e informações relevantes sobre a educação como um todo, ressaltando que os sistemas de informações edu- cacionais desempenham um papel fundamental na tomada de decisões informadas e no desenvolvimen- to de políticas educacionais eficazes. Eles fornecem dados sobre diferentes aspectos do sistema educa- cional, como infraestrutura escolar, qualificação dos Professores, desempenho dos alunos e gestão escolar. Falando sobre os censos escolares, Castro diz que eles são realizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e pos- suem algumas modalidades. Veja sobre elas a seguir: Censo Escolar A autora discorre sobre o censo escolar, dizendo que ele faz o levantamento das informações relativas a todas as etapas da educação básica por meio de um questionário padronizado que fornecerá informações de suma impor- tância para o desenvolvimento de políticas educacionais. Como exemplo, as características dos alunos e funcioná- rios de cada unidade escolar, as condições das instalações escolares, os equipamentos presentes na escola etc. Censo do Ensino Superior Tal como o censo escolar, o censo do ensino supe- rior levanta dados sobre a unidade educacional, só que, neste caso, referentes a unidades educacionais de ensino superior. 18 Censos Especiais Os censos especiais possuem o intuito de coletar dados sobre as diferentes modalidades de ensino. Neles, há também o censo do Professor, realizado em 1997, pelo INEP, com os objetivos de coletar dados sobre as remunerações dos Professores e de entender como o tempo de exercício da profissão e o nível de escolarização podem influenciar no salário. Levantamentos sobre Financiamento e Gasto da Educação Em relação aos levantamentos sobre financiamen- to e gasto da educação, Castro diz: O levantamento de dados relativos aos recursos disponíveis e aplicados na educação abrange as três esferas de governo e envolve o exame e o acom- panhamento dos orçamentos federal, estaduais e municipais, além dos repasses intergovernamen- tais e dos gastos efetivamente realizados. Trata-se de uma importante tarefa, que envolve, no entanto, grandes dificuldades operacionais. (CASTRO, 2000, p. 124) AVALIAÇÕES INSTITUCIONAIS No âmbito das avaliações institucionais, podemos dar destaque para três projetos: Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), Exame Nacional de Cursos (ENC) e Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Veja sobre cada uma destas avaliações: Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) O Saeb foi pensado para coletar informações sobre o desempenho nacional da educação básica. Seus principais objetivos são: - monitorar a qualidade, a eqüidade e a efetividade do sistema de educação básica; - oferecer às administrações públicas de educação informações técnicas e gerenciais que lhes permi- tam formular e avaliar programas de melhoria da qualidade de ensino; - proporcionar aos agentes educacionais e à socie- dade uma visão clara e concreta dos resultados dos processos de ensino e das condições em que são desenvolvidos e obtidos. (Ibid., p. 126) O Saeb ocorre a cada dois anos e, para além de afe- rir os conhecimentos dos alunos da educação básica, coleta dados referentes às situações socioeconômicas desses alunos, que podem ter alguma influência no processo de ensino-aprendizagem. A participação no Saeb não é obrigatória, então cabe aos gestores com- preenderem a importância dessa avaliação e volunta- riarem a escola. Sobre o sistema de aferição do desenvolvimento, Castro diz: O desempenho dos alunos, em cada uma das dis- ciplinas avaliadas, é apresentado em uma escala de proficiência, que pode variar de 0 a 500 pontos. Cada disciplina tem uma escala específica, não sen- do comparáveis as escalas de diferentes disciplinas. A média de proficiência obtida pelos alunos de cada uma das três séries avaliadas indica, portanto, o lugar que ocupam na escala de cada disciplina. A descrição dos níveis de proficiência nas escalas demonstra o que os alunos efetivamente sabem e foram capazes de fazer, isto é, o conhecimento, o nível de desenvolvimento cognitivo e as habilidades instrumentais adquiridas, na sua passagem pela escola. As escalas de proficiência mostram, por- tanto, uma síntese do desempenho dos alunos e, ao serem apresentadas em uma escala única, torna-se possível comparar o desempenho dos alunos, tan- to entre os diversos anos de levantamento quanto entre as séries avaliadas. Nesse sentido, pode-se comparar o que os parâme- tros e os currículos oficiais propõem e aquilo que está sendo efetivamente desenvolvido em sala de aula. Ou seja, o Saeb releva a distância entre o cur- rículo proposto e o currículo ensinado. (Ibid.) Por fim, tratando dos resultados do Saeb, eles são base
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