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1 DIREITO DO TRABALHO Trabalho Esportivo 2 RETA FINAL - AFT DIREITO DO TRABALHO 3 SUMÁRIO DIREITO DO TRABALHO .......................................................................................................................... 5 1. TRABALHO ESPORTIVO ...................................................................................................................... 5 QUESTÕES PROPOSTAS ......................................................................................................................... 11 RETA FINAL - AFT DIREITO DO TRABALHO 4 RETA FINAL - AFT DIREITO DO TRABALHO 5 DIREITO DO TRABALHO TEMA DO DIA Trabalho Esportivo. 1. TRABALHO ESPORTIVO Segundo Barata1, o ordenamento jurídico brasileiro dispôs, de forma bastante tardia, sobre o trabalho desportivo. Para ser mais preciso, apenas com a “Sentença Bosman”, no ano de 1976, se desencadeou – ainda que de forma embrionária – o surgimento da primeira norma sobre o tema: a Lei do Passe (n. 6354/76). Hodiernamente, temos a Lei n. 9.615/98, mais conhecida como a Lei Pelé, como o núcleo jurídico que versa sobre as relações laborais no âmbito desportivo. Classificação do desporto: De acordo com o art. 3º da Lei 9.615/1998, o desporto pode se manifestar das seguintes formas: I - desporto educacional, praticado nos sistemas de ensino e em formas assistemáticas de educação, evitando-se a seletividade, a hipercompetitividade de seus praticantes, com a finalidade de alcançar o desenvolvimento integral do indivíduo e a sua formação para o exercício da cidadania e a prática do lazer; II - desporto de participação, de modo voluntário, compreendendo as modalidades desportivas praticadas com a finalidade de contribuir para a integração dos praticantes na plenitude da vida social, na promoção da saúde e educação e na preservação do meio ambiente; III - desporto de rendimento, praticado segundo normas gerais desta Lei e regras de prática desportiva, nacionais e internacionais, com a finalidade de obter resultados e integrar pessoas e comunidades do País e estas com as de outras nações. IV - desporto de formação, caracterizado pelo fomento e aquisição inicial dos conhecimentos desportivos que garantam competência técnica na intervenção desportiva, com o objetivo de promover o aperfeiçoamento qualitativo e quantitativo da prática desportiva em termos recreativos, competitivos ou de alta competição. Desporto de rendimento: pode ser realizado de modo profissional e não-profissional: 1 BARATA, Diogo. As relações de trabalho do atleta profissional de futebol no direito brasileiro. Revista Âmbito Jurídico. Edição n. 99. Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-99/as-relacoes-de-trabalho-do-atleta- profissional-de-futebol-no-direito-brasileiro/ RETA FINAL - AFT DIREITO DO TRABALHO 6 a) Desporto de rendimento de modo profissional: é caracterizado pela remuneração pactuada em contrato formal de trabalho entre o atleta a entidade de prática desportiva. É o objeto de análise de nossa rodada diante da formação da relação de emprego especial; B) Desporto de rendimento de modo não-profissional: identificado pela liberdade de prática e pela inexistência de contrato de trabalho, sendo permitido o recebimento de incentivos materiais e de patrocínio. Contrato de trabalho (art. 28 da Lei nº 9.615/1998): A atividade do atleta profissional é caracterizada por remuneração pactuada em contrato especial de trabalho desportivo, firmado com entidade de prática desportiva. Cláusula penal no contrato. De acordo com o Maurício Godinho Delgado (2016, p. 765), a antiga redação do art. 28, “caput”, da Lei Pelé determinava a aplicação de cláusula penal nos contratos do atleta profissional para a hipótese de descumprimento contratual. Contudo, o autor sustenta que, com a promulgação da Lei nº 12.395/2011, a multa punitiva foi removida do ordenamento jurídico brasileiro, pois a nova redação do art. 28 da Lei Pelé não mais se referiu à cláusula penal decorrente de simples descumprimento do contrato. Cláusula compensatória desportiva (Art. 28, II, da Lei 9615/1998): é valor pago pela entidade de prática desportiva ao atleta nas hipóteses de: a) Rescisão decorrente do inadimplemento salarial, de responsabilidade da entidade de prática desportiva empregadora; b) Rescisão indireta, nas demais hipóteses previstas na legislação trabalhista; c) Dispensa imotivada do atleta. Valor da cláusula compensatória (art. 28, § 3º, da Lei 9615/1998): O valor da cláusula compensatória desportiva será livremente pactuado entre as partes e formalizado no contrato especial de trabalho desportivo, observando-se, como limite máximo, 400 vezes o valor do salário mensal no momento da rescisão e, como limite mínimo, o valor total de salários mensais a que teria direito o atleta até o término do referido contrato. Direitos do atleta profissional: são aplicados os direitos previstos na legislação trabalhista e de Seguridade Social, ressalvadas as particularidades contidas na Lei 9615/1998: RETA FINAL - AFT DIREITO DO TRABALHO 7 a) Concentração do atleta profissional: não pode ser superior a 3 dias consecutivos por semana, desde que esteja programada qualquer partida, prova ou equivalente, amistosa ou oficial, devendo o atleta ficar à disposição do empregador por ocasião da realização de competição fora da localidade onde tenha sua sede; b) Ampliação do prazo de concentração: o prazo de concentração poderá ser ampliado, independentemente de qualquer pagamento adicional, quando o atleta estiver à disposição da entidade de administração do desporto; c) Parcelas remuneratórias diferenciadas: os atletas têm direito a acréscimos remuneratórios em razão de períodos de concentração, viagens, pré-temporada e participação do atleta em partida, prova ou equivalente, conforme previsão contratual; d) Repouso semanal remunerado: 24 horas ininterruptas, preferentemente em dia subsequente à participação do atleta na partida, prova ou equivalente, quando realizada no final de semana; e) Férias: férias anuais remuneradas de 30 (trinta) dias, acrescidas do abono de férias, coincidentes com o recesso das atividades desportivas; f) Jornada de trabalho desportiva normal: tem duração de 44 horas semanais. Suspensão do contrato de trabalho desportivo: é permitido que a entidade de prática desportiva suspensa o contrato, ficando dispensada do pagamento da remuneração do período, quando o atleta for impedido de atuar, por prazo ininterrupto superior a 90 dias, em decorrência de ato ou evento de sua exclusiva responsabilidade, desvinculado da atividade profissional. Transferência ou cessão do atleta profissional ou não-profissional: depende de sua formal e expressa anuência (art. 38 da Lei 9.615/1998) Contrato por prazo inferior a 12 meses: o atleta profissional tem direito, no término do contrato por culpa da entidade de prática desportiva, a tantos doze avos da remuneração mensal quantos forem os meses da vigência do contrato, referentes a férias, abono de férias e 13º salário. Inaplicabilidade das indenizações da CLT pelo término antecipado do contrato de trabalho: as indenizações previstas nos art. 479 e 480 da CLT não são aplicadas ao contrato de trabalho do atleta profissional. RETA FINAL - AFT DIREITO DO TRABALHO 8 Duração do contrato de trabalho do atleta profissional: terá prazo determinado, com vigência nunca inferior a 3 meses nem superior a 5 anos. Não se aplicam ao contrato do atleta profissional as regras sobre prorrogação do contrato por prazo determinado previstas na CLT que ocasionam a alteração para contrato por prazoindeterminado. Contratação durante a pandemia (art. 30-A da Lei 9615/1998 – incluído pela Lei 14.117/2021): durante a pandemia, foi possível a celebração de contrato do atleta pelo prazo de, no mínimo, 30 dias. Art. 30-A. As entidades desportivas profissionais poderão celebrar contratos de trabalho com atleta profissional por prazo determinado de, no mínimo, 30 (trinta) dias, durante o ano de 2020 ou enquanto perdurar calamidade pública nacional reconhecida pelo Congresso Nacional e decorrente de pandemia de saúde pública de importância internacional. Término do contrato de trabalho do atleta profissional: O vínculo desportivo do atleta com a entidade desportiva contratante tem natureza acessória ao respectivo vínculo trabalhista, dissolvendo-se, para todos os efeitos legais: 1) com o término da vigência do contrato de trabalho desportivo; 2) com o pagamento da cláusula indenizatória desportiva ou da cláusula compensatória desportiva; 3) com a rescisão decorrente do inadimplemento salarial, de responsabilidade da entidade desportiva empregadora prevista nesta Lei. 4) com a rescisão indireta, nas demais hipóteses previstas na legislação trabalhista; 5) com a dispensa imotivada do atleta. Recusa de participação: É lícito ao atleta profissional recusar competir por entidade de prática desportiva quando seus salários, no todo ou em parte, estiverem atrasados em dois ou mais meses. Atraso no pagamento de salário ou de contrato de direito de imagem do atleta profissional (Art. 31 da Lei Pelé): se o atraso for superior a 3 meses, o contrato será rescindido, ficando o atleta livre para se transferir para qualquer outra entidade e exigir cláusula compensatória e os haveres devidos. Direito de imagem: previsto no art. 87-A da Lei Pelé, em regra, o pagamento efetuado pela agremiação desportiva a título de cessão do direito imaterial do atleta profissional da efetiva exploração de sua imagem pessoal. Quando houver, por parte do atleta, a cessão de direitos ao uso de sua imagem para a entidade de RETA FINAL - AFT DIREITO DO TRABALHO 9 prática desportiva detentora do contrato especial de trabalho desportivo, o valor correspondente ao uso da imagem não poderá ultrapassar 40% (quarenta por cento) da remuneração total paga ao atleta, composta pela soma do salário e dos valores pagos pelo direito ao uso da imagem. O direito de imagem ostenta natureza indenizatória, salvo haja desvirtuamento desse instituto, o que atrair-se-ia a natureza remuneratória, com espeque no art. 9º da CLT. Vejamos a jurisprudência do TST nesse sentido: ATLETA PROFISSIONAL. DIREITO DE IMAGEM. ARTIGO 87-A DA LEI N.º 9.615/1998. NATUREZA JURÍDICA. 1. Prevalece, nesta Corte superior, entendimento segundo o qual, por força do que dispõe a norma do artigo 87-A da Lei n.º 9.615/1998, em princípio , não ostentam natureza jurídica salarial os valores auferidos pelo atleta profissional a título de cessão do direito de imagem. Têm-se ressalvado , contudo, da aplicação do artigo 87-A da Lei n.º 9.615/1998 as hipóteses em que efetivamente demonstrado, nas instâncias ordinárias, o desvirtuamento do contrato de natureza civil entabulado originalmente entre o atleta e a agremiação desportiva , a atrair a aplicação do artigo 9º da CLT. Em tais casos, segundo a jurisprudência iterativa e notória desta Corte superior, uma vez comprovada fraude à legislação trabalhista, os valores auferidos pelo atleta profissional a esse título integram a remuneração para todos os efeitos legais . Precedentes da SBDI-1 e de Turmas do TST. (TST. E-ED-RR-1442-94.2014.5.09.0014, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Lelio Bentes Correa, DEJT 25/03/2022). O que compreende o salário para fins do cálculo de atraso? abono de férias, 13º salário, gratificações, prêmios e demais verbas inclusas no contrato de trabalho. Também ocorrerá a mora pelo não recolhimento do FGTS e das contribuições previdenciárias. Recusa a competir: no caso de atraso nos salários em dois ou mais meses, o atleta profissional pode se recursar a competir pela entidade de prática desportiva. Direito de arena (art. 42 da Lei 9615/1998): Pertence às entidades de prática desportiva o direito de arena, consistente na prerrogativa exclusiva de negociar, autorizar ou proibir a captação, a fixação, a emissão, a transmissão, a retransmissão ou a reprodução de imagens, por qualquer meio ou processo, de espetáculo desportivo de que participem. RETA FINAL - AFT DIREITO DO TRABALHO 10 ATENÇÃO! Direito de imagem e direito de arena não se confundem! No que diz respeito à natureza jurídica, no direito de arena, em que pese o seu pagamento tenha caráter de natureza civil (vide art. 42-A, §3º), ele decorre diretamente da relação trabalhista (pois advém da reprodução de imagens do espetáculo desportivo), enquanto no direito de imagem (art. 87-A), a correlação direta é civil (pois advém da exploração da imagem pessoal do atleta em si). Repasse aos sindicatos e aos atletas profissionais das verbas oriundas da exploração de direitos desportivos audiovisuais: Salvo convenção coletiva de trabalho em contrário, 5% da receita proveniente da exploração de direitos desportivos audiovisuais serão repassados aos sindicatos de atletas profissionais, e estes distribuirão, em partes iguais, aos atletas profissionais participantes do espetáculo, como parcela de natureza civil. Importante mencionar que, para fins de pagamento do direito de arena, consideram-se todos aqueles jogadores escalados para a partida, sejam titulares ou reservas. Entidade de prática desportiva formadora do atleta (art. 29 da Lei 9615/1998): A entidade nacional de administração do desporto certificará como entidade de prática desportiva formadora aquela que comprovadamente preencha os requisitos estabelecidos nesta Lei. Contrato de formação desportiva: Essas entidades podem firmar com o atleta em formação, a partir dos 16 anos, o primeiro contrato especial de trabalho desportivo, cujo prazo não pode ser superior a 5 anos. Bolsa de aprendizagem: o atleta não profissional em formação, maior de quatorze e menor de vinte anos de idade, poderá receber auxílio financeiro da entidade de prática desportiva formadora, sob a forma de bolsa de aprendizagem livremente pactuada mediante contrato formal, sem que seja gerado vínculo empregatício entre as partes. Requisitos obrigatórios do contrato de formação desportiva: a) Identificação das partes e seus representantes legais; b) Duração do contrato; c) Direitos e deveres das partes contratantes, inclusive garantia de seguro de vida e de acidentes pessoais para cobrir as atividades do atleta contratado; e d) Especificação dos itens de gasto para fins de cálculo da indenização com a formação desportiva. RETA FINAL - AFT DIREITO DO TRABALHO 11 Direito de preferência: A entidade de prática desportiva formadora e detentora do primeiro contrato especial de trabalho desportivo com o atleta por ela profissionalizado terá o direito de preferência para a primeira renovação deste contrato, cujo prazo não poderá ser superior a 3 (três) anos, salvo se para equiparação de proposta de terceiro. Atleta profissional autônomo (Art. 28-A da Lei nº 9.615/1998): é o atleta maior de 16 anos que não mantém relação empregatícia com entidade de prática desportiva, auferindo rendimentos por conta própria e por meio de contrato de natureza civil. O vínculo desportivo do atleta autônomo com a entidade de prática desportiva resulta de inscrição para participar de competição e não implica reconhecimento de relação empregatícia. Na mesma linha, a filiação ou a vinculação de atleta autônomo a entidade de administração ou a sua integração a delegações brasileiras partícipes de competições internacionais não caracteriza vínculo empregatício.Ausência de vínculo de emprego pela inscrição para participar de competência: o vínculo do atleta com a entidade de prática desportiva para participar de competição não implica reconhecimento de relação de emprego. Além disso, a filiação ou a vinculação de atleta autônomo a entidade de administração ou a sua integração a delegações brasileiras em competições internacionais não caracteriza vínculo de emprego. Inadmissão de atleta autônomo em modalidades coletivas: não se admite a aplicação do dispositivo nas modalidades desportivas coletivas. QUESTÕES PROPOSTAS 01 – EXCLUSIVA @ESCOLATRABALHISTA Assinale CERTO ou ERRADO em relação às assertivas a seguir: 1. ( ) O desporto educacional é praticado de modo voluntário, compreendendo as modalidades desportivas praticadas com a finalidade de contribuir para a integração dos praticantes na plenitude da vida social. 2. ( ) O desporto de rendimento é praticado segundo normas gerais desta Lei e regras de prática desportiva, nacionais e internacionais, com a finalidade de obter resultados e integrar pessoas e comunidades do País e estas com as de outras nações. RETA FINAL - AFT DIREITO DO TRABALHO 12 3. ( ) A Dispensa imotivada do atleta é umas das hipóteses de incidência de cláusula compensatória desportiva. 4. ( ) A concentração do atleta profissional não pode ser superior a 2 dias consecutivos e ocorre nos casos de realização de competição fora da localidade onde o empregador tenha sua sede. 5. ( ) O atleta profissional tem jornada de 44 horas semanais. 6. ( ) O atleta profissional tem férias anuais remuneradas de 30 (trinta) dias, acrescidas do abono de férias, coincidentes ou não com o recesso das atividades desportivas. 7. ( ) O direito de imagem tem, em regra, natureza remuneratória. 8. ( ) O direito de imagem não poderá ultrapassar 40% (quarenta por cento) da remuneração total paga ao atleta, composta pela soma do salário e dos valores pagos pelo direito ao uso da imagem. 9. ( ) Para pagamento do direito de arena, consideram-se todos aqueles jogadores escalados para a partida, sejam titulares ou reservas, sendo que convenção coletiva de trabalho poderá alterar o percentual de 5% da receita proveniente da exploração de direitos desportivos audiovisuais. 10. ( ) A entidade formadora do atleta tem o direito de preferência na primeira renovação deste contrato, cujo prazo, em nenhuma hipótese, poderá ser superior a 3 (três) anos. COMENTÁRIOS 1) ERRADA. O conceito é de desporto de participação. 2) CERTA. 3) CERTA. 4) ERRADA. O limite é de até 3 dias concentrados. 5) CERTA. 6) ERRADA. As férias coincidem com o recesso das atividades esportivas. 7) ERRADA. A natureza é indenizatória. 8) CERTA. 9) CERTA. 10) ERRADA. Salvo se para equiparação de proposta de terceiro.
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