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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PROFESSOR POLYDORO ERNANI DE SÃO THIAGO SERVIÇO DE TERAPIA INTENSIVA PROTOCOLO CLÍNICO – PROFILAXIA DE ÚLCERA DE ESTRESSE JULHO / 2016 Realizado por: Elizabeth Buss Lunardelli – CRM-SC 15.797 METODOLOGIA DE BUSCA DE LITERATURA: Realizada busca na base de dados Pubmed utilizando os termos “stress ulcer prophylaxis” (profilaxia de úlceras por estresse). Restringiu- se a pesquisa a estudos realizados com adultos humanos nos últimos seis anos. A seleção dos artigos foi realizada pela autora desta revisão. Também foram consultadas outras referências consideradas relevantes de acordo com as associações médicas da especialidade. INTRODUÇÃO A lesão aguda de mucosa gástrica, responsável por causar úlceras de estresse nos pacientes críticos, é decorrente, principalmente, de alterações hemodinâmicas (instabilidade macro- hemodinâmica, ventilação com pressão positiva) que levam a redução da perfusão da mucosa e dos fatores protetores, como redução do bicarbonato, de prostaglandinas e óxido nítrico e aumento de endotelina. EPIDEMIOLOGIA Estima-se que lesões endoscópicas sejam visualizadas em 75 a 100% dos pacientes críticos, sem repercussão clínica. Entre 5 e 25% dos pacientes apresentam sangramento oculto de pequena monta e apenas cerca de 1,5% dos paciente internados em UTI teriam sangramento clinicamente relevante. Embora o sangramento proveniente de úlcera de estresse tenha sido correlacionado com maior mortalidade e maior permanência em UTI, uma meta-análise recente não mostrou diferença estatística entre o emprego de profilaxia para úlcera de estresse, o uso de placebo e a não- prescrição de profilaxia para úlcera de estresse. PROFILAXIA DE ÚLCERA DE ESTRESSE (UE) Embora não haja estudos controlados, sabe-se que o início da administração de dieta enteral já é capaz de reduzir o risco de desenvolvimento de úlcera de estresse. Apenas para pacientes que apresentam fatores de risco para sangramento, está indicado o uso de profilaxia medicamentosa, dando-se preferência aos inibidores de bomba de prótons (por exemplo, omeprazol). São considerados fatores de risco: uso de ventilação mecânica, coagulopatia, internação em UTI de paciente com três ou mais comorbidades, doença hepática, necessidade de terapia de substituição renal, uma ou mais falências orgânicas. Não há evidência robusta para o uso de profilaxia de UE, embora seu uso possa ser considerado, em pacientes com traumatismo raquimedular, traumatismo crânio-encefálico (GCS < 10), sepse, hepatectomia parcial, transplantes renal e hepático, politraumatizados, colonização por Helicobacter pylorii, etilismo, internação em UTI maior que uma semana, uso de dose alta de corticóides e sangramento digestivo por úlcera péptica há menos de seis meses. Não está recomendado o uso rotineiro de profilaxia medicamentosa para UE. INIBIDORES DA BOMBA DE PRÓTONS (IBP) x ANTAGONISTAS DE RECEPTORES DE HISTAMINA-2 (H2RA) Embora com grau de evidência fraco (2C), os Guidelines recomendam preferir IBP aos H2RA (fisiopatologia e custo-efetividade), desde que corretamente indicada a profilaxia. Exceção é feita aos pacientes em uso de anti-agregação plaquetária com clopidogrel, cujo efeito pode ser reduzido, já que há uma inibição da enzima CYP2C19 (necessária para conversão da pró-droga) pelos IBP. Nestes casos, deve-se realizar a profilaxia com H2RA. EFEITOS COLATERAIS DA PROFILAXIA FARMACOLÓGICA DE UE Alguns estudos têm demonstrado que as alterações no pH gástrico podem levar a um aumento na incidência de colite pseudomembranosa e colonização por Clostridium difficile, bem como um aumento da incidência de pneumonia em pacientes recebendo a profilaxia. Como já previamente exposto, a associação entre IBP e clopidogrel pode levar a eventos cardiovasculares devido a interação medicamentosa. NA UTI DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO A profilaxia farmacológica de úlcera de estresse deve ser feita com omeprazol 40mg endovenoso administrado uma vez ao dia ou omeprazol 20mg via oral uma vez ao dia respeitando-se as indicações de acordo com a presença de fatores de risco para sangramento (tabela abaixo). Para pacientes coronariopatas com indicação para profilaxia farmacológica e em uso de dupla anti-agregação plaquetária (clopidogrel + AAS), deve-se prescrever ranitidina 50mg endovenoso a cada 8 horas ou ranitidina 150mg via oral a cada 12 horas. Uso de ventilação mecânica 3 ou + comorbidades Necessidade de terapia dialítica Coagulopatia Doença hepática > 1 falência orgânica REFERÊNCIAS 1. BARLETTA, Jeffrey F. et al. Stress Ulcer Prophylaxis. Critical Care Medicine, [s.l.], v. 44, n. 7, p.1395-1405, jul. 2016. Ovid Technologies (Wolters Kluwer Health). http://dx.doi.org/10.1097/ccm.0000000000001872. 2. KRAG, Mette; PERNER, Anders; MØLLER, Morten H.. Stress ulcer prophylaxis in the intensive care unit. Current Opinion In Critical Care, [s.l.], p.186-190, fev. 2016. Ovid Technologies (Wolters Kluwer Health). http://dx.doi.org/10.1097/mcc.0000000000000290. 3. BUENDGENS, Lukas. 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