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Política Nacional de Consumo

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Política Nacional das relações de consumo e Direitos básicos do consumidor
RELAÇÕES DE CONSUMO
PROFESSORA IVY LYRA
1. Política Nacional de Relações de consumo (art. 4° CDC)
consiste no estabelecimento de alguns parâmetros previstos pela lei, a serem observados pela sociedade, que servem de diretrizes para todo e qualquer ato de governo, seja no âmbito do legislativo, executivo ou judiciário, quanto ao tratamento das relações de consumo.
Esta política visa à harmonia das relações de consumo
 preocupa-se com o atendimento das necessidades básicas dos consumidores – dignidade, saúde, segurança e aos seus interesses econômicos
 visa também proteger as boas relações comerciais, a proteção da livre concorrência, do livre mercado, da tutela das marcas e patentes, programas de qualidade e produtividade, etc
e) Objetivos da Política Nacional 
 e.1) atender necessidades de consumidores
 e.2) respeito à dignidade, saúde e segurança
 e.3) proteção dos interesses econômicos
 e.4) melhoria da qualidade de vida
 e.5) transparência e harmonia nas relações de consumo 
f) Os objetivos a serem alcançados na regulamentação das relações jurídicas de consumo têm como enfoque principal a tutela da parte mais fraca dessa relação, conferindo direitos a esta e impondo deveres ao fornecedor 
1.1) Atendimento ao consumidor
a) visa garantir ao consumidor acesso a todas informações necessárias à defesa dos seus direitos ou para solução de dúvidas em relação à matéria, por intermédio dos órgãos especializados, a exemplo dos Procon’s.
1.2) Proteção à vida, saúde e segurança; melhoria da sua qualidade de vida
Respeito à dignidade, saúde e segurança: consiste em proibição para os fornecedores de colocarem no mercado de consumo qualquer produto ou serviço que atente contra a dignidade, saúde ou vida do consumidor
b) Qualidade de vida: visa preservar a paz social e a tranquilidade do consumidor, no sentido de que o mercado de consumo, por meio dos fornecedores, não disponibilizará produtos ou serviços impróprios, ou seja, causadores de aborrecimentos ou preocupações, ao invés de fonte de necessidades ou desejos.
1.3) Proteção e necessidade
A justificativa para a existência da lei é a necessidade de proteção do consumidor em relação à aquisição de certos produtos e serviços
1.4) Transparência 
a) consiste no objetivo final de toda política consumeirista, no sentido de que, cada vez menos, seja preciso recorrer às leis para que o mercado siga seu curso natural, de forma clara, respeitosa e harmoniosa, não gerando lesão para qualquer das partes. 
b) Se traduz na obrigação do fornecedor de dar ao consumidor a oportunidade de conhecer os produtos e serviços que são oferecidos 
c) também, gerará no contrato a obrigação de propiciar ao consumidor o conhecimento prévio de seu conteúdo
1.5) Harmonia
Nasce dos princípios constitucionais da isonomia, da solidariedade e dos princípios gerais da atividade econômica
 em que pese o consumidor ser a parte vulnerável da relação, não se pode praticar exageros a ponto de obstar o progresso tecnológico e econômico
Artigo (art. 4° CDC) e seus Incisos
I) Vulnerabilidade (art. 4°, I CDC)
O consumidor é a parte fraca da relação jurídica de consumo
 a vulnerabilidade do consumidor, pessoa natural, constitui presunção absoluta, não necessitando de qualquer comprovação para demonstrar o desequilíbrio existente entre as partes
 no caso de consumidor pessoa jurídica ou profissional, a comprovação da vulnerabilidade é pressuposto, sem o qual não será possível a utilização das regras do CDC
 vulnerabilidade não se confunde com hipossuficiência
 d.1) a vulnerabilidade é fenômeno de direito material, com presunção absoluta
 d.2) a hipossuficiência é fenômeno de direito processual, com presunção relativa 
 d.3) no plano do direito material todos os consumidores pessoa natural são vulneráveis, mas na via processual nem todos são hipossuficientes, devendo a fragilidade ser demonstrada no caso concreto, como é o caso da inversão do ônus da prova 
 d.4) hipossuficiência é um agravamento da situação de vulnerabilidade, uma vulnerabilidade qualificada
 d.5) além de vulnerável, o consumidor vê-se agravado nessa situação por sua individual condição de carência cultural, material ou ambos 
e) A vulnerabilidade do consumidor poderá ser identificada nas seguintes espécies
 e.1.) ordem técnica – o conhecimento dos meios de produção é de monopólio do fornecedor. É ele quem decide o que produzir, como produzir, quanto produzir e para quem produzir
 e.2) ordem econômica (vulnerabilidade fática): o fornecedor, via de regra, tem maior capacidade econômica que o consumidor
 e.3) ordem jurídica ou científica: é a falta de conhecimentos jurídico, contábil ou econômico específicos
 e.4) ordem informacional: o consumidor é frágil em relação às informações veiculadas dos produtos e serviços 
f) A jurisprudência vem reconhecendo a figura do hipervulnerável conferindo maior proteção a todos aqueles que se enquadram neste conceito, em razão da relevante situação de fragilidade em que se encontram 
 f.1) a gestante e os portadores de necessidades especiais
 f.2) a criança
 f.3) o idoso
 f.4) os doentes
II) Princípio do Dever Governamental (art. 4°, II c/c art. 5° CDC)
a) o princípio da intervenção do Estado resulta do reconhecimento da necessidade da atuação do Estado na defesa do Consumidor
b) O Estado pode intervir diretamente para proteger efetivamente o consumidor
c) A efetividade desta proteção será alcançada pelo Estado da seguinte forma:
 c.1) por iniciativa direta;
 c.2) por meio de incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
 c.3) pela sua presença no mercado de consumo;
 c.4) pela garantia de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho dos produtos e serviços;
 c.5) pelo estudo constante das modificações do mercado de consumo.
d) Intervenção do Estado por iniciativa direta – art. 4º, II, a e por meio de incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas – art. 4º, II, b
 d.1) o Estado também deve instituir órgãos públicos de defesa do consumidor e incentivar a criação de associações civis que tenham por objeto referida defesa
 d.2) órgãos de defesa do consumidor: Procons; Juizados Especiais; Varas Especializadas; Delegacias de Defesa do Consumidor; Promotoria de Defesa do Consumidor e associações de defesa do consumidor
 d.1) Promotoria de Defesa do Consumidor: órgãos do Ministério Público que se ocupam da solução de algumas questões consumeiristas, como por exemplo, defesa de interesses difusos e coletivos.
 
 d.2) Delegacias e Varas Especializadas: órgãos que cuidam exclusivamente de matéria consumeirista.
 
 d.3) Juízados: órgãos do Poder Judiciário que resolvem apenas questões que envolvam relações de consumo até 40 salários mínimos.
 d.4) Associações de defesa do Consumidor: são instituições que defendem os consumidores dos abusos dos fornecedores. Ex.: IDEC
 
 d.5) Procon: órgão administrativo que tem por finalidade esclarecer dúvidas dos consumidores, ou mesmo tentar com o fornecedor do produto ou serviço esclarecimentos para o consumidor, ou mesmo a devolução do produto ou serviço.
e) Pela sua presença no mercado de consumo – art. 4º, II, c
 e.1) essa presença, nas relações de consumo, se faz mediante a regulação, disciplina e fiscalização, sobretudo no que tange aos chamados serviços públicos concedidos ou permitido. Papel das agências reguladoras
f) pela garantia de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho dos produtos e serviços – art. 4º, II, d
 f.1) visa assegurar ao consumidor acesso aos produtos e serviços essenciais, bem como para garantir a qualidade e adequação dos produtos e serviços - segurança, durabilidade e desempenho
g) pelo estudo constante das modificações do mercado de consumo –art. 4º, VIII
 g.1) do Estado ficar atento às alterações ocorridas no mercado, bem como emitir a resposta respectiva e imediata a tais modificações com o intuito de preservar a marca tutelar das políticas de defesa do consumidor. Ex.: regulação das compras pela Internet 
III. Harmonização das Relações de Consumo (art. 4°,III CDC)
O consumidor é a parte vulnerável da relação, entretanto não se pode admitir exageros nesta proteção de modo a obstar-se o progresso tecnológico e econômico
b) O princípio da harmonia/harmonização apresenta dois objetivos a serem alcançados:
 b.1) compatibilização dos interesses dos participantes das relações de consumo;
 b.2) compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade
de desenvolvimento econômico e tecnológico.
c) a harmonização tem como caminho 3 instrumentos
 c.1) o marketing de defesa do consumidor – consubstancia-se pelos departamentos de atendimento ao consumidor criados pelas próprias empresas e diversificadas formas de abordagem, como a possibilidade de contato telefônico e postal
 c.2) a “convenção coletiva de consumo”- são os pactos firmados entre as entidades civis de consumidores e as associações de fornecedores ou sindicatos de categorias econômicas de molde a regularem relações de consumo que tenham por objeto estabelecer condições relativas a preço, quantidade, qualidade, garantia e características de produtos e serviços. Ex.: fornecimento de peças de reposição de equipamentos
 c.3) práticas efetivas de recall – convocação dos consumidores para o reparo de algum vício ou defeito
d) todo o esforço do Estado ao regular os contratos de consumo tem que ter por base o princípio da boa-fé
e) a boa-fé pode ser entendida como o princípio máximo orientador do CDC, devendo se destacar também o princípio da transparência
III.1) Boa fé
A lei consumeirista incorpora a boa-fé objetiva
 a.1) A boa-fé subjetiva tem seus holofotes voltados para questões internas, psicológicas dos sujeitos de direito.
 a.2) a boa-fé objetiva, o enfoque a ser analisado não se preocupa com questões de ordem subjetiva, mas sim com regras de conduta, ou seja, analisa-se a relação no plano dos fatos, de forma objetiva, para então concluir se os sujeitos da relação atuaram ou não com boa-fé
b) a boa-fé objetiva pode ser definida como o dever das partes de agir conforme certos parâmetros de honestidade e lealdade, a fim de se estabelecer o equilíbrio nas relações de consumo
c) a boa fé objetiva funciona como um modelo que não depende de forma alguma da verificação da ma-fé subjetiva do fornecedor ou mesmo do consumidor
d) ao se falar em boa-fé objetiva pensa-se em comportamento fiel, leal, na atuação de cada uma das partes contratantes a fim de garantir respeito à outra
e) a boa fé dos consumidores deveria despontar na forma de honestidade e fidelidade para com o seu fornecedor
f) para o fornecedor, deveria resumir-se a duas palavras - respeito e qualidade (qualidade real, sem ciladas)
g) funções da boa-fé objetiva:
 g.1) função integrativa - em toda e qualquer relação jurídica obrigacional de consumo o dever de informar, de cuidado, de cooperação, de lealdade estarão presentes
 g.2) função interpretativa - o juiz parte do princípio de que em todas as relações de consumo as partes devem pautar-se por um padrão ético de confiança e lealdade
 g.3) função de controle - boa-fé representa, pois, o padrão ético de confiança e lealdade, indispensável para a convivência social; um limite a ser respeitado no exercício de todo e qualquer direito subjetivo
IV – Educação e Informação (art. 4°, IV CDC)
a) O fornecedor está obrigado a prestar todas as informações acerca do produto e do serviço, suas características, qualidades, riscos, preços, etc, de maneira clara e precisa, não se admitindo falhas ou omissões
b) grande é a responsabilidade dos fornecedores no sentido de:
 b.1) bem informar os seus consumidores sobre os riscos que apresentem seus produtos ou serviços, além de suas características
 b.2) retirar do mercado os produtos que apresentem riscos constatados após seu lançamento, assim como comunicar às autoridades competentes tais circunstâncias
 b.3) preventivamente, estabelecer canais de comunicação com o público consumidor, quer para informações, quer para ouvir sugestões, quer para reparar danos já causados, e para que outros não ocorram, mediante mecanismos de solução conciliatória
c) este dever é exigido até mesmo antes do início de qualquer relação
d) o consumidor tem direito a uma informação completa e exata sobre os produtos e serviços que deseja adquirir, 
e) Não é qualquer modalidade informativa que se presta para atender aos ditames do CDC, 
f) A informação deve ser correta (verdadeira), 
g) clara (de fácil entendimento), 
h) precisa (sem prolixidade), 
i) ostensiva (de fácil percepção), 
j) em língua portuguesa.
V – Controle de qualidade e mecanismos de atendimento pelas próprias empresas (art. 4°, V CDC)
Qualidade não pode mais ser entendida apenas como adequação às normas que regem a fabricação de determinado produto ou a prestação de um determinado serviço
 qualidade hoje deve ser entendida como satisfação de seus consumidores, cabendo às empresas este tipo de zelo
c) o princípio da qualidade e segurança está cercado dos seguintes preceitos:
 c.1) dever de bem informar sobre a qualidade e segurança
 c.2) informação ostensiva e adequada sobre a nocividade e periculosidade
 c.3) vedado o alto grau de nocividade e periculosidade
 c.4) dever de comunicar da periculosidade por anúncios publicitários
d) Exemplos: as empresas estimulam a denúncia contra comerciantes que desligam aparelhos de refrigeração durante a noite; estimula-se o consumidor a reclamar nos SACs
e) o SACs são criados com o objetivo de recolher informações sobre determinados produtos ou serviços, bem como captar sugestões dos consumidores
VI - Proibição e repressão de abusos no mercado (art. 4°, VI CDC)
funda-se na coibição e repressão eficiente de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais, das marcas e nomes comerciais e signos distintivos que possam causar prejuízos aos consumidores
 o CDC alia-se às normas do código de propriedade industrial, bem como às leis de defesa econômica (CADE)
 pretende-se conferir maior agilidade ao combate aos trustes e cartéis e ao abuso do poder econômico – qualquer forma de manobra, ação, acerto de vontades, que vise à eliminação da concorrência, à dominação de mercados e ao aumento arbitrário de lucros
em uma economia de mercado é fundamental a existência da livre concorrência, a fim de que se obtenha a melhoria da qualidade de produtos e serviços, o desenvolvimento tecnológico na fabricação e melhores opções ao consumidor ou usuário final
VII – Racionalização e melhoria dos serviços públicos (art. 4°, VII CDC)
não basta haver adequação, nem estar à disposição das pessoas. O serviço tem de ser realmente eficiente;
 tem de cumprir sua finalidade na realidade concreta. O significado
de eficiência remete ao resultado: é eficiente aquilo que funciona. 
c) A eficiência é um plus necessário da adequação
VIII – Estudo das Modificações do Mercado (art. 4°, VIII CDC)
a) Os fornecedores devem estar atentos às novas exigências do mercado e às suas necessidades
2. Dos Direitos básicos do consumidor (art. 6° CDC)
Refletem claramente os princípios estampados no art. 4° CDC
 b) podem ser definidos como “aqueles interesses mínimos, materiais ou instrumentais, relacionados a direitos fundamentais universalmente consagrados que, diante de sua relevância social e econômica, pretendeu o legislador ver expressamente tutelados”
c) a concessão de direitos básicos ao consumidor é pressuposto sem o qual não haveria uma relação jurídica de consumo com harmonia, com equilíbrio.
2.1) Proteçãoda vida, saúde e segurança (art. 6°, I CDC)
Têm os consumidores e terceiros não envolvidos em dada relação de consumo, incontestável direito de não serem expostos à perigos que atinjam sua incolumidade física
 o fornecedor, no mercado de consumo, a lei impõe um dever de qualidade dos produtos e serviços que presta
c) descumprido este dever surgirão efeitos:
 c.1) contratuais - inadimplemento contratual ou ônus de suportar os efeitos da garantia por vício 
 c.2) extracontratuais - obrigação de substituir o bem viciado, mesmo que não haja vínculo contratual, de reparar os danos causados pelo produto ou serviço defeituoso
d) A teoria da qualidade se bifurca na exigência de:
 d.1) qualidade-adequação – neste sentido haveria vícios de qualidade (art. 18 e ss CDC)
 d.2) qualidade-segurança – o CDC faz menção ao fato do produto ou do serviço e a noção de defeito (art. 12 a 17 CDC)
e) o CDC elenca normas que exigem a devida informação sobre os riscos que produtos e serviços podem apresentar, de maneira clara e evidente, ou simplesmente não colocá-lo no mercado
f) o fornecedor também tem o dever de retirar do mercado produtos e serviços que venham a apresentar riscos ao consumidor ou a terceiros, devendo comunicar às autoridades competentes a respeito desses riscos
2.2) Direito à liberdade de escolha e igualdade nas contratações (art. 6°, II CDC)
a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços assegurarão a liberdade mínima de escolha ao consumidor e, consequentemente, estará concretizada a igualdade nas contratações realizadas no mercado de consumo.
b) conferida a oportunidade de educação e informação, bem como a manifestação de vontade formal e materialmente livre, caracterizada estará a igualdade material na relação de consumo
c) Aumentados os níveis de conhecimento e de informação do consumidor, também se aumenta o seu poder de reflexão e de formulação de um juízo crítico sobre a oportunidade e a conveniência da contratação
2.3) Informação sobre produtos e serviços (art. 6°, III CDC)
a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem.
b) se por um lado é dever do fornecedor informar, por outro é direito básico do consumidor ser informado, mesmo porque este é sujeito vulnerável da relação jurídica de consumo
c) importantes características das informações:
 c.1) Adequação 
 c.2) clareza 
d) O comando do art. 6º, III, do CDC, somente estará sendo efetivamente cumprido quando a informação for prestada ao consumidor de forma adequada, 
 d.1) assim entendida como aquela que se apresenta simultaneamente
	completa, gratuita e útil, vedada, neste último caso, a diluição da comunicação efetivamente relevante pelo uso de informações soltas, redundantes ou destituídas de qualquer serventia para o consumidor
e) apesar de a informação estar prevista como um direito básico no art. 6º do CDC, cumpre ressaltar a sua propagação em diversas passagens específicas
 e.1) informações sobre a nocividade e periculosidade – art. 8º a 10
 e.2) defeitos na informação – arts. 12 e 14
 e.3) vícios na informação – arts. 18 e 19
 e.4) informação na oferta – art. 30 e 35
 e.5) informação na publicidade – art. 36 e 37
 e.6) informação e transparência contratual – art. 46
 e.7) informação e cláusulas abusivas – art. 51
f) O dever de informar é de duas ordens em relação aos seus destinatários:
 f.1) dever de informar nas relações individualizadas; e
 f.2) dever de informar nas relações com pessoas indeterminadas.
g) O princípio da transparência rege o momento pré-contratual e rege eventual conclusão do contrato
h) este princípio afeta a essência do negócio jurídico, pois a informação repassada ou requerida integra o conteúdo do contrato (arts. 30, 33, 35, 46 e 54 CDC) ou se falha representa a problema de qualidade (arts. 18, 20 e 35) 
i) a obrigação de bem explicar o plano, o contrato, o preço, os extratos ou o uso do objeto é do fornecedor
j) trata-se do dever de informar bem o público consumidor sobre todas as características importantes de produtos e serviços, sabendo exatamente o que poderá esperar deles
2.4) Direito à proteção contra as práticas comerciais e contratuais
Abusivas (art. 6°, IV CDC)
 
Considera-se abusivo tudo o que afronte a principiologia e a finalidade do sistema protetivo do consumidor, bem assim se relacione à noção de abuso do direito (art. 187 CC) 
 b) o inciso IV do art. 6º do CDC proíbe o abuso de direito e impõe transparência e boa-fé nos métodos comerciais, na publicidade e nos contratos.
c) qualquer que seja o momento da prática de uma conduta abusiva — pré-contratual, contratual ou pós-contratual — sua configuração está relacionada à posição de domínio do fornecedor na relação jurídica de consumo
d) o princípio da livre concorrência não se caracteriza como um salvo-conduto para a prática de qualquer conduta, abusiva ou não, no mercado consumidor
e) o legislador constituinte, teve por objetivo deixar bem clara a ideia de que a concorrência é livre, desde que realizada de maneira salutar, sem a investida em práticas abusivas como forma de bem atender ao cumprimento da defesa do vulnerável.
f) os objetivos do Direito Básico da proteção contra práticas comerciais e contratuais abusivas são de restabelecer o equilíbrio na relação entre consumidores e fornecedores 
g) a proibição das práticas abusivas é absoluta, e o CDC apresenta rol exemplificativo delas nos arts. 39, 40, 41, 42, entre outros
h) todas as clausula contratuais tidas como abusivas são nulas (arts. 51 a 53 CDC)
2.5 – Direito à modificação e revisão como formas de preservação (implícita) do contrato de consumo (art. 6°, V CDC)
a) o CDC traz dois direitos ao consumidor que, implicitamente, visam
garantir a preservação do contrato de consumo:
 a.1) modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais;
 a.2) revisão das cláusulas em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas. 
b) no CDC o mero fato da desproporção original das prestações permite modificação, com vista ao equilíbrio do contrato
c) no CDC a demonstração da necessidade ou não de se modificar um contrato desproporcional dar-se-á pelo enfoque exclusivamente objetivo do negócio
 c.1) deparando-se o consumidor com uma cláusula desproporcional, o contrato poderá ser modificado independentemente de se analisarem aspectos internos dos sujeitos de direito, como ocorre na lesão, estado de perigo, dolo ou erro
d) no CDC, a modificação de cláusula contratual não se trata da cláusula rebus sic stantibus, mas, sim, de revisão pura, decorrente de fatos posteriores ao pacto, independentemente de ter havido ou não previsão ou possibilidade de previsão dos acontecimentos
 d.1) A teoria da imprevisão exige a imprevisibilidade do fato superveniente como requisito para dar causa à revisão do contrato (rebus sic stantibus). Art. 317 e 478 do CC
 d.2) em nenhum momento o CDC exigiu o requisito da imprevisibilidade. Desta forma, basta a ocorrência do fato superveniente para legitimar a revisão do contrato caso este venha a se tornar excessivamente oneroso ao consumidor
 d.3) no CDC, ocorrido o fato superveniente e gerada a onerosidade excessiva, necessária a revisão contratual
e) Segundo a doutrina majoritária, o CDC adotou a teoria da base objetiva do negócio jurídico
 e.1) a base objetiva do negócio seria composta de circunstâncias cuja existência e sua permanência são objetivamente necessárias para que o contrato, tal qual concebido por ambos os contratantes, permaneça válido e útil, como algo dotado de sentido
2.6) Prevenção e reparação de danos materiais e morais (art. 6°, VI CDC)
 a) a efetiva prevenção e a efetiva reparação abrange:a.1) danos patrimoniais;
 a.2) danos morais;
 a.3) danos individuais (incluídos os individuais homogêneos);
 a.4) danos coletivos;
b) O dever de prevenir danos recai sobre o fornecedor e também sobre o Estado
 b.1) a prevenção a danos consiste nas atitudes que as próprias 	empresas fornecedoras de produtos e serviços devem ter para que 	não venham a ocorrer danos aos consumidores ou a terceiros. 
 b.2) Ao Poder Público, na condição de responsável pela defesa do vulnerável da relação jurídica de consumo, caberá implementar por meio de seus órgãos competentes a efetiva fiscalização pelo seu poder de polícia daquilo que for fornecido ao consumidor
c) não se obtendo êxito no intento de prevenção de danos no mercado de consumo, imprescindível reparação efetiva dos prejuízos sofridos pelos consumidores.
 c.1) efetiva reparação significa reparação integral, não se admitindo qualquer tipo de tarifação de indenização
 c.2) Cláusulas de não indenizar ou limitadoras de responsabilidade são ineficazes – As normas do CDC são de ordem pública, logo indisponíveis. (art. 25 CDC)
2.7) Acesso à justiça (art. 6°, VII CDC)
a) A proteção de acesso aos órgãos administrativos e judicias para prevenção e garantia de seus direitos enquanto consumidores é ampla, o que implica abono e isenção de taxas e custas
2.8) Inversão do ônus da prova (art. 6°, VIII CDC)
a) a facilitação da defesa do consumidor em juízo tem como principal manifestação de ordem processual a inversão do ônus probante.
b) Pode o juiz proceder à inversão do ônus da prova quando verossímel a alegação do consumidor ou em face da sua hipossuficiência
 b.1) por verossimilhança compreende-se a plausibilidade de verdade, ou seja, a probabilidade de serem verdadeiros os fatos narrados na inicial pelo consumidor.
 b.2) a hipossuficiência é fenômeno de direito processual e consiste no fato de o consumidor não ter condições econômicas, fáticas, técnicas ou de informação para comprovar o seu direito
c) É uma medida a ser adotada em sede judicial
d) A inversão do ônus da prova pode se dar
 d.1) ope legis – é aquela já expressamente prevista no texto do CDC e independe, para sua aplicação, de qualquer avaliação subjetiva por parte do juiz. 
 d.1.1) A lei é categórica e incisiva a esse respeito, determinando claramente a inversão nos casos por ela enumerados
 d.1.2) exemplo – art. 38 CDC: “o ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem a patrocina”; art. 36 p. único
 d.1.3) não é ao consumidor que cabe provar que o produto ou serviço por ele consumido não apresenta as características e qualidades apregoadas pelo fornecedor
 d.1.4) cabe ao próprio fornecedor o ônus de provar que seu produto ou serviço realmente possui todos os atributos por ele enunciados
 d.1.5) da análise do art. 12§3º e art. 14§3º depreende-se que estes estabelecem que o consumidor não precisa provar o defeito do produto ou serviço, cabendo ao fornecedor o ônus de demonstrar que esses defeitos inexistem, e que o produto ou serviço estava em perfeitas condições de ser consumido
 d.2) ope judicis – se opera por determinação do julgador, podendo se dizer que esta é residual, incidindo sobre os casos que não guarda relação com os arts. 12§3º; art. 14§3º e art. 38 CDC
 d.2.1) mesmo com a previsão ope judicis o consumidor não fica totalmente desonerado de produzir qualquer prova, isto porque nas ações de responsabilidade civil, permanece com o consumidor o ônus de demonstrar a efetiva ocorrência do dano, bem como o nexo de causalidade
 d.2.2) a aferição da verossimilhança e da hipossuficiência do consumidor estaria atrelada a uma certa subjetividade do órgão judicial, que teria liberdade para avaliar a situação, a seu critério, segundo as regras ordinárias da experiência
 d.2.3) não há, portanto, obrigatoriedade de o juiz inverter o ônus da prova (inversão ope judice) em toda e qualquer ação judicial que envolva relação de consumo, pois se trata de regra de julgamento
 d.2.4) a subjetividade na aferição dos pressupostos da verossimilhança e hipossuficiência não isentam o juiz de motivar a decisão que inverte o ônus da prova (art. 93, IX CF)
 d.2.5) não basta que o órgão judicial afirme que está invertendo o ônus da prova, é necessário que o juiz indique expressamente as razões que o levaram a essa conclusão, de forma pontual e objetiva
 d.2.6) em algumas situações a inversão ope judicis não seria admitida, mesmo presente os seus pressupostos. Seriam os casos em que, se deferida tal medida em desfavor do fornecedor, este teria que produzir prova negativa. Ex.: provar que o consumidor não celebrou um contrato
3 – Fontes dos direitos do consumidor – art. 7° CDC
O CDC é um microsistema jurídico, na medida em que não apenas convive com outros institutos já preexistentes, 
como também cria enfoque próprio e aperfeiçoa outros institutos jurídicos como no caso dos vícios redibitórios, responsabilidade civil, teoria geral dos contratos e tutela coletiva dos consumidores
O mandamento constitucional de proteção do consumidor deve ser cumprido por todo o sistema, em diálogo de fontes
 assim, sempre que uma outra lei assegure algum direito para o consumidor, esta lei pode se somar ao CDC, ser incorporada na tutela especial, ser recebida pelo microssistema do CDC e ter a mesma preferência no trato das relações de consumo que o CDC
 o CDC é um sistema permeável, não exaustivo, devendo se utilizar a norma mais favorável ao consumidor, encontre-se ela no CDC ou em outra lei geral, lei especial ou tratado internacional
4 - Responsabilidade solidária – art. 7°, p. único CDC
A norma estipulou expressamente a responsabilidade solidária, deixando firmada a obrigação de todos os partícipes pelos danos causados
Como a responsabilidade é objetiva, decorrendo da simples colocação no mercado de determinado produto ou serviço, é que o consumidor pode escolher a quem acionar: um ou todos os que estiverem na cadeia de responsabilidade, respondendo todos solidariamente pelos danos causados
 a regra da solidariedade também aparece nos arts. 18; art. 19; art. 25 § 1° e 2°; art. 28 § 3° e no art. 34 CDC
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