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ED PRÉ - prescrição intercorrente

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR RELATOR DA 1ª TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA SEGUNDA REGIÃO - SP
Processo nº 1001006-59.2021.5.02.0082
HOSPITAL E PRONTO SOCORRO PORTINARI LTDA, já devidamente qualificada nos autos do processo movido por CICERA ALVES DA SILVA, em curso perante esse D. Turma, vem, mui respeitosamente à elevada presença de Vossa Excelência, nos termos do artigo 897-A do texto consolidado, com o fito de PREQUESTIONAMENTO, opor os presentes EMBARGOS DE DECLARAÇÃO aos termos do v. acórdão proferido, proferido por esta r. Turma deste Egrégio Tribunal, conforme passa a expor:
I. DA NECESSIDADE DE PREQUESTIONAMENTO
Esclarece a Embargante que não pretende a reforma por via imprópria, especificando-se que a não apresentação dos presentes embargos geraria a preclusão de direito, especialmente em razão do disposto na Súmula 297 do C. TST.
SÚMULA Nº 297 - PREQUESTIONAMENTO. OPORTUNIDADE. CONFIGURAÇÃO.
(...)
II - Incumbe à parte interessada, desde que a matéria haja sido invocada no recurso principal, opor embargos declaratórios objetivando o pronunciamento sobre o tema, sob pena de preclusão.
III - Considera-se prequestionada a questão jurídica invocada no recurso principal sobre a qual se omite o Tribunal de pronunciar tese, não obstante opostos embargos de declaração.
Desta forma, não obstante a disposição do art. 371 do CPC, mesmo sabendo que ao juiz não se faz imperativa a análise de todos os argumentos lançados pelas partes, duas ressalvas se fazem necessárias.
A primeira é quanto aos argumentos compostos, independentes e excludentes, onde o acolhimento de um deles é suficiente para razão ao postulado pela parte.
A segunda é quanto à necessidade de prequestionamento, na medida em que o efeito devolutivo do recurso de revista é limitado em sua extensão e também em sua profundidade, onde a não apreciação de determinada matéria pelo regional importaria em supressão de instância e não conhecimento de seu futuro apelo especial.
Feitas estas considerações porque indispensáveis, passa a Embargante a apresentar suas razões pelas quais opõe esta medida recursal.
II. DA CONTRADIÇÃO AO ARTIGO 11-A DA CLT – PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE – PRAZO DE DOIS ANOS A COMEÇAR DA DECISÃO JUDICIAL.
Ocorre que o v. acórdão (Id 5626091) foi contraditório e obscuro quando asseverou o seguinte entendimento:
Da prescrição intercorrente
Postula a exequente o afastamento da prescrição intercorrente reconhecida na Origem. Com razão. De início, impende constar que a determinação descumprida e a r. decisão recorrida foram proferidas sob a égide da Lei nº 13.467/2017, sendo aplicável ao presente caso o quanto disposto no artigo 11-A, da CLT, segundo o qual "Ocorre a prescrição intercorrente no processo do trabalho no prazo de dois anos".
 Ressalte-se, por oportuno, que o prazo prescricional em questão apenas começa a fluir da data da vigência da Lei 13.467/17, ou seja, a partir de 11/11/2017, sob pena de violação ao princípio da segurança jurídica.
 Nesse sentido, os termos do artigo 2º, da Instrução Normativa nº 41/2018 (Resolução nº 221), do C. TST, in verbis: "Art. 2º O fluxo da prescrição intercorrente conta-se a partir do descumprimento da determinação judicial a que alude o § 1º do art. 11-A da CLT, desde que feita após 11 de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017)" (g.n.) Ocorre que, no caso dos autos, nada obstante o r. despacho que determinou que a reclamante informasse sobre a persistência do plano recuperacional da reclamada, com expressa menção às cominações do art. 11-A, tenha sido proferido aos 09/06/2021, (ID. 602fcb9), após, portanto, a entrada em vigor da lei em comento, e permanecido inerte a agravante, consoante destacado pela Origem na r. decisão de ID. 4a2ac27, vindo somente a se manifestar com o presente recurso, em 02 /10/2023 (ID. ea5acef), não há que se falar em prescrição intercorrente, por inobservância do interstício legal. Isso porque não se pode olvidar que o mesmo despacho primeiramente sobrestou os autos por 180 dias, determinando que, somente após decorrido o prazo acima, iniciar-se-ia o prazo para manifestação da parte autora, o qual restou postergado para dezembro de 2021, não havendo dúvidas portanto, de que não transcorrera o interregno de 02 anos.
 No entanto, ainda que houvesse transcorrido, diante do disposto pelo inciso I do artigo 6º da Lei 11.101/2005, in verbis, e da homologação do plano de recuperação judicial da executada (v. ID. 31666d1), em 27/08/2020, por certo, houve a suspensão o curso do prazo prescricional: "Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial implica: (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência). I - suspensão do curso da prescrição das obrigações do devedor sujeitas ao regime desta Lei; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)", g.n.
 Logo, dou provimento ao agravo de petição para, afastando a prescrição intercorrente reconhecida, determinar o retorno dos autos ao juízo a quo, para regular processamento do feito.	
A decisão quanto ao presente assunto não merece prosperar, visto que o Acórdão não refletiu a realidade presente nos autos.
Ocorre que interpreta de maneira equivoca o art. 2º da Resolução nº 41 do TST. “O fluxo da prescrição intercorrente conta-se a partir do descumprimento da determinação judicial a que alude o § 1º do art. 11-A da CLT, desde que feita após 11 de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017)". (grifo nosso).
Para tanto, contudo, antes de reconhecê-la e decretá-la, o Juizo deve ouvir a parte exequente, que poderá indicar os meios necessários para o prosseguimento da execução, iniciando-se, a partir daí, em caso de persistência da inércia, a contagem do prazo prescricional do art. 11-A da CLT, sob pena de afronta aos princípios do contraditório e da ampla defesa.
O prazo prescricional inicia-se do fim do prazo judicial para a manifestação de impulso da execução, e não após a decisão da suspensão por 180 dias da recuperação judicial, anteriormente declarada.
No caso, pelo despacho datado de 04/06/2021, a exequente foi intimada da determinação ao prosseguimento a execução. Cabe salientar que a Embargada se manteve inerte a execução desde 04/06/2021, o que por si só caracteriza a desídia da exequente.
Diante disso, considerando que estes argumentos, requer a Embargante o pronunciamento fundamentado acerca dos motivos, causas e circunstâncias que levaram este Ilmo .Desembargador Relator a superá-los, nos termos do artigo 93, IX da CF/88, uma vez que não há, data vênia, de forma clara e coesa a razão a análise quanto a informação que o prazo de suspensão declarado na recuperação judicial se deu posterior a determinação do juízo primevo.
Nesta senda, o Aresto, data vênia, viola o direito da segurança jurídica, pois não aplica corretamente o entendimento do artigo 11-A da CLT.
Requer o saneamento do vício apontado nos aclaratórios e a declaração da matéria prequestionada.
CONCLUSÃO
EX POSITIS, servem os presentes embargos de declaração para requerer que Vossa Excelência se digne a:
· Conhecê-los, vez que preenchidos os requisitos legais;
· Ao final sejam ACOLHIDOS INTEGRALMENTE os presentes embargos, para sanar os vícios apontados e prequestionar a matéria alegada supra.
Termos em que, pede deferimento.
São Paulo, 24 de abril de 2024.
PAULO ROBERTO VIGNA
OAB/SP 173.477 
 
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