Buscar

ACORDAO 1000022-96 2021 5 02 0463

Prévia do material em texto

Fls.: 1 
 
Poder Judiciário 
Justiça do Trabalho 
Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região
 
Recurso Ordinário Trabalhista 
1000022-96.2021.5.02.0463
 
Relator: MARTA NATALINA FEDEL
 
Processo Judicial Eletrônico
 
Data da Autuação: 17/01/2023 
Valor da causa: R$ 70.659,08 
 
Partes:
RECORRENTE: MARIA MARLEIDA CARLOS DE OLIVEIRA 
ADVOGADO: FERNANDO ANDRADE VIEIRA 
RECORRENTE: SEGURPRO VIGILANCIA PATRIMONIAL S.A.
 
ADVOGADO: PAULO ROBERTO VIGNA 
RECORRIDO: MARIA MARLEIDA CARLOS DE OLIVEIRA 
ADVOGADO: FERNANDO ANDRADE VIEIRA 
RECORRIDO: SEGURPRO VIGILANCIA PATRIMONIAL S.A.
 
ADVOGADO: PAULO ROBERTO VIGNA PAGINA_CAPA_PROCESSO_PJE
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO
15ª Turma
PROCESSO Nº 1000022-96.2021.5.02.0463
RECURSO ORDINÁRIO e ADESIVO - RITO ORDINÁRIO
ORIGEM: 3ª. VARA DO TRABALHO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO
 
RECORRENTES: SEGURPRO VIGILÂNCIA PATRIMONIAL S.A
                              MARIA MARLEIDA CARLOS DE OLIVEIRA
 
RECORRIDOS:     OS MESMOS
 
DESEMBARGADORA RELATORA: MARTA NATALINA FEDÉL
15ª. TURMA - CADEIRA 3
 
RELATÓRIO
Adoto o relatório da sentença (fls. 552/574) que julgou parcialmente
 os pedidos da inicial.procedentes
Recurso ordinário da reclamada, insurgindo-se em relação às horas extras
e intervalo intrajornada (fls. 579/592).
Recurso adesivo da reclamante, alegando, preliminarmente, deserção do
recurso interposto pela ré. No mérito, pretende a reforma da r. sentença nos seguintes tópicos:
indenização por danos morais; vale transporte e vale refeição nos dias de folga trabalhada; integração dos
valores pagos extrarrecibo; multa convencional e multa do art. 467 da CLT (fls. 618/629).
Apólice seguro garantia - fls. 593/596 e 603/604. Custas - fls. 597/598.
Contrarrazões apresentadas pela reclamante - fls. 609/617 e pela
reclamada - fls. 633/638.
Desnecessária a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho nos
termos do art. 85, § 1º, do Regimento Interno deste Regional.
É o relatório.
Número do processo: 1000022-96.2021.5.02.0463
Número do documento: 23062817093341900000198085052
https://pje.trt2.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=23062817093341900000198085052
Assinado eletronicamente por: MARTA NATALINA FEDEL - 20/07/2023 16:40:51 - d92a6e1
ID. d92a6e1 - Pág. 1
Fls.: 2
FUNDAMENTAÇÃO
V O T O
PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE
Conheço dos recursos interpostos, porque atendidos os pressupostos de
admissibilidade.
 
PRELIMINARMENTE
DESERÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO - contrarrazões da
reclamante
Insubsistentes as alegações da autora quanto à deserção do recurso
interposto ré, em relação à apólice anexada (fls. 593/596 e 603/604), visto que observados os critérios e
cumpridos os requisitos estipulados no Ato Conjunto TST/CSJT e CGJT nº 01 de 16/10/2019, inclusive
aquele referente à renovação automática (cláusula 5).
Rejeito.
 
MÉRITO
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA
INTERVALO INTRAJORNADA - HORAS EXTRAS
Insurge-se a reclamada quanto ao deferimento do pleito de intervalo
intrajornada e horas extras.
Quanto ao intervalo, sustenta, em síntese, que restou evidente que a autora
sempre gozou do intervalo intrajornada e que a cláusula normativa autoriza o pagamento da supressão do
intervalo.
Número do processo: 1000022-96.2021.5.02.0463
Número do documento: 23062817093341900000198085052
https://pje.trt2.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=23062817093341900000198085052
Assinado eletronicamente por: MARTA NATALINA FEDEL - 20/07/2023 16:40:51 - d92a6e1
ID. d92a6e1 - Pág. 2
Fls.: 3
No que diz respeito às horas extras, em razões genéricas, insiste na
validade dos controles de ponto juntados aos autos e na compensação de jornada, a qual, conforme
sustenta, foi devidamente pactuada entre as partes, não havendo prova de vício.
Pois bem.
A autora laborou para a reclamada no período de 10 de outubro de 2018 a
17 de novembro de 2020, como vigilante patrimonial.
Na inicial, narra que laborava das 06h30 às 17h30, com prorrogação de
jornada até às 18h00, em média, 3 a 4 vezes na semana, em jornada 5x2. Aduz que usufruía intervalo de
10 a 15 minutos. Alega que eram necessários 30 minutos anteriores à jornada e 30 minutos após a
jornada, por determinação da ré, para colocação de uniformes e outras atividades pertinentes ao labor,
como conferência do local e verificação de instalação e equipamentos. Quanto aos domingos, feriados e
folgas, alega ter laborado, em média de 2 a 4 vezes ao mês, recebendo a paga de forma clandestina.
Em defesa, a reclamada afirmou que a jornada da autora era das 07h00 às
17h00 sempre com 1 hora e 12 minutos de intervalo, na jornada 5x2, não havendo que se falar em labor
antecipado, prorrogado, tampouco em valores pagos "por fora".
A reclamada trouxe aos autos controles de ponto, porém não foram
localizados aqueles referentes ao ano de 2019. Incompletos, portanto. Ainda, há várias anotações de
jornada "britânica", como por exemplo, quanto aos controles de ponto juntados às fls. 243, 246 e 259,
dentre outros.
Quanto à prova oral produzida, temos que a testemunha ouvida a rogo da
reclamante confirmou que trabalharam juntos quando a reclamante se ativava em FT (folgas trabalhadas),
tendo confirmado o horário descrito pela autora. Informou que a troca do uniforme era realizada no
vestiário da tomadora e " ",se trocava antes de registrar o ponto; que o mesmo ocorria com a reclamante
sendo que os todos os vestiários da Mercedes Benz são distantes das portarias.
A troca na empresa, antes de anotar a entrada, por , tambémsmartphone
foi confirmada pela testemunha trazida a Juízo pela empresa.
Anoto, por oportuno, que no próprio contrato de trabalho da autora,
juntado pela ré, está estabelecida na cláusula 7 que os uniformes e equipamentos de trabalho,
imprescindíveis para o exercício da função do emprego, somente poderão ser usados em serviço (fl. 219).
Número do processo: 1000022-96.2021.5.02.0463
Número do documento: 23062817093341900000198085052
https://pje.trt2.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=23062817093341900000198085052
Assinado eletronicamente por: MARTA NATALINA FEDEL - 20/07/2023 16:40:51 - d92a6e1
ID. d92a6e1 - Pág. 3
Fls.: 4
Em vista do exposto, irretocável a r. sentença que, visto que comprovados
os procedimentos preparatórios e a troca de uniforme, enquadrou a hipótese no art. 4º, da CLT, bem
assim, diante da demonstração de trabalho em folgas trabalhadas, reputou como inválidos os controles de
ponto juntados e fixou a jornada em horário médio das 06h30 às 17h25, escala 5x2 e trabalho em 03
folgas por mês e deferiu o pleito de horas extras e reflexos legais.
Desse modo, insubsistentes os argumentos referentes à validade do acordo
de compensação.
No que tange ao intervalo intrajornada, melhor sorte não lhe assiste.
Os controles de ponto foram considerados inidôneos como meio de prova.
Outrossim, a testemunha ouvida a rogo da reclamante informou que
possuíam 15 a 20 minutos de intervalo, na "salinha", porque " " e aapesar de ter refeitório, este era longe
testemunha trazida a Juízo pela ré não obstante ter afirmado que a reclamante almoçava no refeitório,
apenas almoçou, efetivamente, uma vez com autora, naquele local.
Destarte, reputo como escorreita a r. sentença originária ao deferir 30
minutos de intervalo, nos termos das declarações feitas pela autora, em depoimento pessoal, a serem
pagos a título indenizatório.
Quanto à insistência da ré, no tocante ao pagamento, inclusive autorizado
por norma coletiva, temos que, as fichas financeiras juntadas (fls. 267/273) não demonstram o pagamento
do intervalo intrajornada mas, apenas pagamento, em algumas delas, de "V251 - HORA EXTRA 60% -
QTD" e V51 - HORA EXTRA 60%, sem qualquer outra discriminação. Ademais, na maior parte dos
meses, as rubricas mencionadas apontampagamento "0,00".
Assim considerando, improcede a insurgência recursal também nesse
sentido.
Mantenho.
 
RECURSO ADESIVO DA RECLAMANTE
DANOS MORAIS
Número do processo: 1000022-96.2021.5.02.0463
Número do documento: 23062817093341900000198085052
https://pje.trt2.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=23062817093341900000198085052
Assinado eletronicamente por: MARTA NATALINA FEDEL - 20/07/2023 16:40:51 - d92a6e1
ID. d92a6e1 - Pág. 4
Fls.: 5
Insiste a autora no pedido de indenização por danos morais. Afirma que a
reclamada deixou de cumprir diversas obrigações, como narrado na inicial.
Primeiramente, cumpre observar que as razões recursais apresentadas pela
parte autora são vagas e pouco específicas.
Ainda, na inicial, a autora pretende o título vindicado, pelos seguinte
motivos:
- obrigatoriedade de exercer, por diversas vezes, as funções de porteiro e
controle de acesso;
- ausência de depósitos de FGTS dos valores recebidos "por fora";
- condições degradantes do refeitório;
- intervalo para refeição não usufruído em sua totalidade;
- descaso para com os funcionários, considerando que muitas vezes a
"comida vinha de maneira fria";
- atraso de salários;
- proibição de marcação correta dos controles de ponto;
- descumprimento das normas da NR 24, quanto aos vestiários, banheiros,
refeitório e cozinha e
- rigor excessivo por parte da supervisão e submissão a situações
constrangedoras.
Pois bem.
Considerando-se os elementos constantes do presente feito, não há se falar
em ato cometido pela reclamada passível de indenização.
O dano moral decorre de fato que atinge o íntimo da pessoa,
constrangendo-a psicologicamente, podendo ou não afetar sua imagem.
Número do processo: 1000022-96.2021.5.02.0463
Número do documento: 23062817093341900000198085052
https://pje.trt2.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=23062817093341900000198085052
Assinado eletronicamente por: MARTA NATALINA FEDEL - 20/07/2023 16:40:51 - d92a6e1
ID. d92a6e1 - Pág. 5
Fls.: 6
Não provou a autora que tenha sofrido qualquer ato constrangedor dessa
ordem. Acrescente-se que a própria lei dispõe sanções decorrentes do descumprimento ou inobservância
de um direito, não ensejando, no presente caso, qualquer reparação através de indenização.
Nada a reparar.
 
INTEGRAÇÃO VALORES PAGOS POR FORA
A sentença originária reconheceu "que houve, em média, labor em 03
, ." (fl. 559).folgas do mês trabalhadas e pagas no valor de R$ 80,00 "por fora" cada uma
Assim considerando, conclui-se devida a integração pretendida de
referidos valores e os consequentes reflexos em DSRs, férias com adicional de 1/3, 13º salário e FGTS
com multa de 40%.
Reformo.
 
VALE-TRANSPORTE E AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO - FOLGAS
TRABALHADAS
Ainda, com o reconhecimento, em Juízo, das folgas trabalhadas e o
pagamento do valor extrarrecibo, consequentemente não há como ser comprovado o pagamento do vale-
transporte e vale-refeição nesses dias.
Logo, e diante da ausência de impugnação específica, no que se refere às
, acolho o pedido de pagamento de 02 conduções diárias no valor de03 (três) folgas do mês trabalhadas
R$ 6,80 (seis reais e oitenta centavos), e também o pleito referente aono que tange ao vale-transporte
pagamento de R$ 22,00 (vinte e dois reais), , por dia de folgano que se refere ao auxílio-alimentação
trabalhado, nos termos da inicial.
Dou provimento.
 
MULTA CONVENCIONAL
A reclamante reitera o pleito de multa convencional.
Número do processo: 1000022-96.2021.5.02.0463
Número do documento: 23062817093341900000198085052
https://pje.trt2.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=23062817093341900000198085052
Assinado eletronicamente por: MARTA NATALINA FEDEL - 20/07/2023 16:40:51 - d92a6e1
ID. d92a6e1 - Pág. 6
Fls.: 7
O inconformismo não prospera.
De todas as infrações descritas, na petição inicial, fl. 20, pelo
descumprimento das obrigações convencionais, como ali indicado, mantenho apenas aquela deferida na r.
sentença, no tocante ao descumprimento das cláusulas de horas extras: 12ª. e 48ª. da CCT e nos moldes
como consignado na decisão revisanda.
Permanece o indeferimento quanto às demais, posto que, de fato,(i)
ausente, na petição inicial, a indicação das cláusulas descumpridas; (ii) não demonstrada incorreção
quanto ao PLR; (iii) não apontados, efetivamente, os descontos indevidos e (iv) inexistente a
inobservância das demais cláusulas.
Nada a reparar.
 
MULTA DO ART. 467 DA CLT
Pretende a autora a reforma da r. sentença, para condenação da reclamada
ao pagamento da multa em tela.
A reclamante alegava dispensa sem justo motivo e a reclamada afirmou
que a autora abandonara o emprego, após usufruir férias. Em vista da ausência de credibilidade nos
documentos juntados pela ré e de procedimentos não justificados, a instância originária deu crédito às
alegações autorais e reputou que houve dispensa imotivada da autora, por parte da reclamada.
Nesse trilhar, por não haver verba rescisória incontroversa, restou
rejeitado o pedido de pagamento da multa prevista no art. 467 da CLT.
Comungo do entendimento esposado.
A jurisprudência colacionada, além de não vincular esta Relatoria, refere-
se a situações distintas, quais sejam, revelia e rescisão indireta do contrato de trabalho.
Desprovejo.
Número do processo: 1000022-96.2021.5.02.0463
Número do documento: 23062817093341900000198085052
https://pje.trt2.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=23062817093341900000198085052
Assinado eletronicamente por: MARTA NATALINA FEDEL - 20/07/2023 16:40:51 - d92a6e1
ID. d92a6e1 - Pág. 7
Fls.: 8
Acórdão
Presidiu regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora
MARIA INÊS RÉ SORIANO.
Tomaram parte no julgamento os Exmos. Srs. Magistrados MARTA
NATALINA FEDEL (Relatora), MARINA JUNQUEIRA NETTO DE AZEVEDO BARROS (Revisora),
EDILSON SOARES DE LIMA.
Presente o(a) I. Representante do Ministério Público do Trabalho.
Do exposto, os Magistrados da 15ª Turma do TribunalACORDAM
Regional do Trabalho da Segunda Região em: por unanimidade de votos, dos recursosCONHECER
interpostos, a preliminar de deserção arguida pela reclamante e, no mérito,REJEITAR
NEGAR PROVIMENTO   eao recurso ordinário da reclamada
DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso adesivo da reclamante para
 a integração dos valores pagos "por fora", referente ao labor em 03 folgas poracrescer à condenação: (i)
mês trabalhadas e pagas no valor de R$ 80,00 cada uma e os consequentes reflexos em DSRs, férias com
adicional de 1/3, 13º salário e FGTS com multa de 40%; pagamento de vale-transporte, nos dias de(ii)
folga trabalhada (três por mês), referente a 02 conduções diárias no valor de R$ 6,80 (seis reais e oitenta
centavos) e pagamento de auxílio-alimentação, no valor de R$ 22,00 (vinte e dois reais), por dia de(iii)
folga trabalhado (três por mês), tudo nos termos da fundamentação.
Rearbitra-se o valor da condenação em R$ 45.000,00 e as custas em R$
900,00, a cargo da reclamada.
por unanimidade de votos,
MARTA NATALINA FEDÉL
Desembargadora Relatora
msa
Número do processo: 1000022-96.2021.5.02.0463
Número do documento: 23062817093341900000198085052
https://pje.trt2.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=23062817093341900000198085052
Assinado eletronicamente por: MARTA NATALINA FEDEL - 20/07/2023 16:40:51 - d92a6e1
ID. d92a6e1 - Pág. 8
Fls.: 9
VOTOS
Número do processo: 1000022-96.2021.5.02.0463
Número do documento: 23062817093341900000198085052
https://pje.trt2.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=23062817093341900000198085052
Assinado eletronicamente por: MARTA NATALINA FEDEL - 20/07/2023 16:40:51 - d92a6e1
ID. d92a6e1 - Pág. 9
Fls.: 10
	17/01/2023 - Capa
	1. 20/07/2023 - Acórdão - d92a6e1

Continue navegando