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H ep at ite s e tu m or es h ep át ic os Prezado aluno, Desenvolvemos uma apostila interativa para oferecer um material inovador e, ainda melhor, focado na metodologia Aristo. Para uma experiência completa, sugerimos que realize os seus estudos pelo computador, possibilitando abrir os comentários das questões, respondê-las de forma interativa e até mesmo pular o conteúdo da questão respondida, em caso de acerto, para o tópico seguinte, de forma opcional. A interatividade traz novas possibilidades, mas você continua podendo abrir os seus materiais em tablets e celulares, além de poder imprimi-lo para usar em seus estudos e revisões. ↺3 Hepatites e tumores hepáticos 1. Conceitos gerais de hepatologia 5 1.1 Hiperbilirrubinemia 5 1.2 Síndrome hepatocelular 6 2. Hepatites virais 6 2.1 Conhecimentos básicos 6 2.2 Quadro clínico 6 2.3 Exames laboratoriais 7 2.4 Tratamento 8 2.5 Profilaxia 9 3. Tipos de hepatite viral 9 3.1 Hepatite A 9 3.2 Hepatite B ⚠ 10 Questão 01 10 3.2.1 Aspectos gerais 11 3.2.2 Painel sorológico 11 3.2.3 Profilaxia da hepatite B 13 3.3. Hepatite C ⚠ 13 Questão 02 13 3.4 Hepatite D 14 3.5 Hepatite E 14 3.6 Diagnóstico das hepatites virais através de exames laboratoriais ⚠ 15 Questão 03 15 4. Hepatite autoimune 17 5. Outras hepatites 17 ↺4 Hepatites e tumores hepáticos 6. Tumores hepáticos 17 6.1. Lesões benignas ⚠ 18 Questão 04 18 6.1.1 Hemangioma cavernoso 18 6.1.2 Hiperplasia nodular focal 19 6.1.3 Adenoma hepático 20 6.2 Carcinoma hepatocelular (CHC) ⚠ 21 Questão 05 21 6.2.1 Quadro clínico e diagnóstico 22 6.2.2 Tratamento 23 TOP FIVE 25 ↺5 Hepatites e tumores hepáticos Essa é uma apostila dedicada ao estudo do fígado, na forma das hepatites, principalmente as virais – que é o que mais vai aparecer nas suas provas – mas também uma leve pincelada em algumas outras. Ela traz, ainda, informações importantes sobre tumores hepáticos – tanto os benignos quanto os malignos – que as provas adoram saber se você sabe diferenciar apenas com os exames de imagem. Fique atento(a), aluno Aristo! Essa com certeza é uma apostila que tem que estar na ponta da língua! 1. Conceitos gerais de hepatologia 1.1 Hiperbilirrubinemia Antes de falar especificamente das hepatites e insuficiência hepática, é preciso que você domine alguns conceitos. O primeiro deles é o de síndrome ictérica. Lembre-se de que síndrome é um conjunto de sinais e sintomas presentes em diferentes doenças. Quando falamos de hepatites, estamos falando de um espectro de doenças em que a síndrome ictérica é bem marcante, com acúmulo de bilirrubina no plasma e coloração amarelada em pele, mucosas e conjuntivas. A icterícia nada mais é que esse acúmulo de bilirrubina (produto final da degradação da hemoglobina) devido à diminuição ou interrupção da excreção de bile ou ainda do aumento da produção de bilirrubina, impedindo que a excreção seja efetiva (mas esse tema fica mais para outra aula), quando ocorre obstrução do fluxo ao longo da árvore biliar intra ou extra-hepática. Pode ocorrer, ainda, por alteração funcional do hepatócito (sendo o caso na vigência de hepatite viral), hemólise ou outros mecanismos que, nesse momento, fogem do nosso Pareto. Veja o esquema abaixo: CAUSAS DA HIPERBILIRRUBINEMIA PRODUÇÃO CONJUGAÇÃO EXCREÇÃO CAPTAÇÃO Hemólise Drogas, sepse S.Gilbert Intra-hepática: Extra-hepática: Neonatal Sepse vírus, drogas, sepse, tóxicos, autoimune cálculos, neoplasias, estenoses ↺6 Hepatites e tumores hepáticos Variando conforme a causa, o acúmulo será de bilirrubina direta (também chamada de conjugada, ou solúvel) ou indireta (não conjugada, ou insolúvel). Quando a icterícia é causada pelo acúmulo de bilirrubina direta, a síndrome pode se manifestar de duas formas principais: hepatocelular (intra-hepática) ou colestática (extra-hepática). A síndrome colestática é caracterizada pela obstrução da via biliar, enquanto a hepatocelular ocorre pelo sofrimento e destruição do hepatócito. Como o intuito desta aula é falar um pouco mais sobre as hepatites, sendo as virais a principal etiologia das síndromes hepatocelulares, vamos nos concentrar neste cenário. 1.2 Síndrome hepatocelular Quando avaliamos o perfil laboratorial do paciente com lesão hepatocelular, podemos observar o predomínio das enzimas hepáticas (transaminases) TGO/AST e TGP/ALT, sendo esta última a mais específica do fígado. Em casos agudos, as transaminases podem atingir até 10 vezes os valores normais. As sorologias são o principal recurso na investigação etiológica da condição quando pensamos em hepatites virais. 2. Hepatites virais 2.1 Conhecimentos básicos Iniciando a parte de conhecimentos básicos sobre as hepatites virais, vamos classificá-las segundo sua temporalidade: elas podem ser divididas em agudas e crônicas, sendo de seis meses o corte para considerar um quadro como crônico. Dentre as hepatites virais, a hepatite C (60 - 90%) e a hepatite B (5 - 10% em adultos e 40 - 90% em crianças) são as que possuem maiores chances de cronificação. Nesses casos, os pacientes costumam ser oligossintomáticos, e os achados de hepatopatia crônica e fibrose hepática perfazem a maioria dos quadros. Por outro lado, alguns casos de hepatite podem evoluir de forma assustadoramente rápida, culminando com encefalopatia em menos de oito semanas, caracterizando os quadros fulminantes. Eles acontecem por uma resposta exagerada do hospedeiro, que gera um dano celular intenso. Dentre as hepatites virais, a hepatite B é a que tem maiores chances de evoluir com um quadro fulminante na população geral. Já nas grávidas, a hepatite E também está relacionada a quadros fulminantes. 2.2 Quadro clínico A manifestação básica das hepatites virais é trifásica: • Fase prodrômica de febre, desconforto abdominal em hipocôndrio direito e sintomas gastrointestinais. ↺7 Hepatites e tumores hepáticos • Fase ictérica, com acolia fecal (fezes esbranquiçadas) e colúria (urina escura), que pode estar ausente em alguns casos. Prurido é uma queixa comum do paciente ictérico. • Fase de convalescença é marcada pela resolução da doença. Manifestações clínicas das hepatites virais 2.3 Exames laboratoriais O laboratório das hepatites virais é clássico, com aumento de TGP/ALT (predominantemente) e TGO/AST, aumento de bilirrubina direta e linfocitose. A biópsia hepática não é necessária para diagnóstico na maioria dos casos, mas, se realizada, evidencia um infiltrado linfocítico com corpúsculos de Councilman e necrose em “saca-bocado” (ou em ponte). Biópsia hepática (setas indicam os corpúsculos de Councilman) ↺8 Hepatites e tumores hepáticos Biópsia hepática (seta indica necrose em ponte ou “saca-bocado”) 2.4 Tratamento O tratamento das hepatites virais é baseado em suporte, com repouso relativo e aumento da ingestão calórica. A terapia medicamentosa fica reservada para alguns casos de hepatite B e em todos os casos de hepatite C aguda. Falaremos um pouco mais sobre o tratamento dos casos crônicos em outro momento. Quando nos concentramos no tratamento dos casos agudos, como nas formas fulminantes de hepatite tipo B, além do tratamento de suporte, o uso de alguns antivirais (tenofovir, entecavir) pode ser realizado, ainda que não exista uma comprovação de eficácia na maior parte da literatura. Nesses pacientes, a única medida capaz de aumentar a sobrevida é o transplante hepático, que está indicado naqueles com INR* > 6,5 ou tempo de protrombina > 100s. *A sigla INR, que você também pode conhecer por RNI, significa “International Normalized Ratio” ou razão normalizada internacional, refere-se a um cálculo feito ao dividir o tempo de ativação de protrombina do paciente e o tempo normal da população. Inclusive, é a mesma informação que traz o tempo de ativação de protrombina (TAP). Na hepatite C aguda, o tratamento medicamentoso tem um papel relevante, e tem como principais objetivos reduzir o risco de cronificação e a disseminaçãodo vírus. Vale destacar que alguns indivíduos conseguem erradicar a infecção por conta própria, sem a necessidade de tratamento medicamentoso. Ao suspeitar de um quadro de hepatite C aguda, devemos realizar a dosagem de HCV-RNA, repetindo o exame em quatro semanas. O tratamento está indicado nos pacientes em que não se observa queda nos títulos de HCV-RNA após esse período. Naqueles em que houve queda, ele só será instituído se, após 12 semanas, o HCV-RNA permanecer detectável. ↺9 Hepatites e tumores hepáticos O esquema de preferência medicamentosa evoluiu muito ao longo dos anos. Hoje ele é baseado nas mesmas drogas utilizadas no tratamento da hepatite C crônica. São drogas que possuem uma alta taxa de cura, indicadas conforme o genótipo específico do vírus, evitando, assim, muitos dos efeitos colaterais do interferon utilizado antigamente. 2.5 Profilaxia Vale lembrar que as hepatites A e B possuem profilaxia primária, estando contidas no Calendário Nacional de Vacinação. A imunização contra a hepatite do tipo A é realizada em dose única aos 15 meses de vida. Além do plano nacional de vacinação, a vacina pode ser administrada também em pacientes com coagulopatias, fibrose cística, transplante de órgão sólido e hepatopatias crônicas de qualquer etiologia. Adultos com HIV/Aids que sejam portadores de hepatite B ou C, e menores de 13 anos com HIV/Aids que não tenham sido imunizados também são candidatos à vacinação. Existem locais em que campanhas específicas são feitas: por exemplo, homens que fazem sexo com homens são alvos frequentes de campanha, já que é uma doença que atinge com certa frequência tal população. Na hepatite B, a vacinação deve ser iniciada logo após o nascimento, sendo as doses remanescentes realizadas na vacina pentavalente (aos 2, 4 e 6 meses de vida). Nas gestantes, assim como em outras populações, a vacinação será feita conforme a situação vacinal do indivíduo. Neste caso, com três doses, independente da idade gestacional. Naqueles com imunodepressão, a vacinação deve ser realizada em quatro oportunidades, utilizando o dobro da dosagem padrão. Um conceito importante, que você compreenderá melhor daqui a pouco, é que a vacinação contra a hepatite B previne também os casos de hepatite D, já que esta ocorre exclusivamente nos pacientes previamente infectados pelo vírus daquela. 3. Tipos de hepatite viral Agora que você já possui os conhecimentos básicos, podemos falar um pouco mais sobre cada uma das hepatites virais. Seguiremos a ordem alfabética, começando pela hepatite A. 3.1 Hepatite A Em nosso meio, a hepatite A é a mais comum em crianças. Devido à transmissão predominantemente fecal-oral, essa condição está associada à pobreza e falta de saneamento básico, sendo prevalente em países subdesenvolvidos. Com um período de incubação que dura entre 15 - 45 dias, a hepatite A é caracterizada pela presença do marcador sorológico anti-HAV, com suas parcelas agudas (IgM, que persiste por três a seis meses) e crônica (IgG) – essa última permanecendo ao longo da vida como uma cicatriz sorológica. ↺10 Hepatites e tumores hepáticos O quadro clínico varia desde a forma assintomática até a forma colestática, cujo padrão laboratorial é similar àqueles identificados na obstrução das vias biliares. Esta condição dificilmente evolui para a forma fulminante e não há cronificação. Além disso, possui bom prognóstico, com recuperação total e sem sequelas. O isolamento dos indivíduos deve ser realizado por até 7 - 15 dias após o surgimento da icterícia. Como vimos, a profilaxia primária é realizada pela vacinação (de vírus inativado) em dose única aos 15 meses, conforme consta no calendário nacional de vacinação. Existe ainda a profilaxia pós-exposição, que depende da idade e condição imunológica do paciente. 3.2 Hepatite B ⚠ Questão 01 (INEP-Revalida - DF - 2011) Paciente do sexo masculino, com 26 anos, procura ambulatório de Clínica Médica com queixas há uma semana de mal-estar, febre de baixa intensidade não aferida, inapetência, vômitos ocasionais e aversão à fumaça de cigarro, evoluindo com colúria e acolia fecal há três dias. Relata que costuma alimentar-se em bares com baixo nível de higiene, próximos à universidade onde estuda; e viagem, há um mês, para acampamento. Informa manter relações sexuais sem uso de preservativos, com parceiros e parceiras desconhecidos. Ao exame físico apresenta-se em bom estado geral, corado, hidratado, ictérico ++/4+, lúcido, orientado, pressão arterial =120 x 70 mmHg, frequência cardíaca = 64bpm. Fígado palpável a três centímetros do rebordo costal direito; baço impalpável. O restante do exame físico não mostrou alterações significativas. Foram solicitadas dosagens de aminotransferases, que se mostraram muito elevadas (> 1000 UI/mL) e marcadores sorológicos virais das hepatites determinaram que o paciente era carreador crônico do vírus da hepatite B e apresentava também hepatite viral aguda pelo vírus da hepatite A. A infecção pelo vírus da hepatite C foi excluída por sorologia e técnicas moleculares. O perfil sorológico compatível com o diagnóstico do paciente é: a) Anti-HAV IgG reativo e IgM não reativo; anti-HBc IgM e IgG reativos; HBsAg reativo. b) Anti-HAV IgG e IgM reativos; anti-HBc IgG e IgM não reativos; HBsAg não reativo. c) Anti-HAV IgG e IgM não reativos; anti-HBc IgG reativo e IgM não reativo; HBsAg não reativo. d) Anti-HAV IgG não reativo e IgM reativo; anti-HBc IgM e IgG não reativos; HBsAg não reativo. e) Anti-HAV IgG e IgM reativos; anti-HBc IgM não reativo e IgG reativo; HBsAg reativo. Caso tenha acertado, gostaria de pular para o próximo tópico? NãoSimComentário ↺11 Hepatites e tumores hepáticos 3.2.1 Aspectos gerais A hepatite B é mais comum em adultos, e mais associada à forma fulminante, podendo também cronificar, principalmente em recém-nascidos. O período de incubação pode variar de 30 - 180 dias e a transmissão é predominantemente sexual. O HBV é o único DNA-vírus dentre os que causam hepatite. Ele também pode ser transmitido verticalmente e de maneira percutânea. Vale lembrar que, na hepatite B, a evolução para hepatocarcinoma pode ocorrer sem que a doença passe pelo estágio de cirrose. Quando falamos de manifestações clínicas, essas podem ser divididas em hepáticas e extra-hepáticas. A minoria dos casos desenvolve a forma clássica ictérica, por isso o risco de cronificação. Dentre as manifestações extra-hepáticas mais comuns, podemos citar a poliarterite nodosa (PAN), a acrodermatite papular (síndrome de Gianotti-Crosti) e a glomerulonefrite membranosa. Poliarterite nodosa Acrodermatite papular O tratamento específico fica reservado aos casos fulminantes, conforme discutimos no início desse material. Nos casos crônicos, ele é feito apenas em algumas situações, como naquelas com alta replicação viral, lesão hepática, acima de 30 anos, coinfecção com outras doenças (como HIV e imunossuprimidos) e/ou com doenças extra-hepáticas manifestadas. 3.2.2 Painel sorológico Sem dúvida, a interpretação do painel sorológico da hepatite B é o assunto mais cobrado pelas bancas no tema hepatite e basta você seguir as nossas dicas para conseguir acertar a maioria das questões! CCQ: Saber que o HBsAg e o anti-HBc IgG são reativos na hepatite B crônica; o anti-HAV IgM e IgG são reativos na hepatite A aguda ↺12 Hepatites e tumores hepáticos A primeira coisa a fazer é observar o HBsAg, o antígeno de superfície do vírus da hepatite B, que indica presença do HBV. Se o HbsAg é positivo, o indivíduo tem hepatite, mas não sabemos se ela é crônica ou aguda. Quando é negativo, não é possível confirmar se ele teve ou não hepatite. Para sanar esta dúvida, devemos avaliar o anti-HBc e o anti-HBs. Portanto, passamos à próxima etapa. O segundo passo é avaliar o anti-HBc, anticorpo contra o antígeno nuclear (core) do vírus: se a fração IgM do anti-HBc é positiva com HBsAg +, podemos afirmar que o indivíduo tem hepatite B aguda; se a fraçãoIgM é negativa e a IgG é positiva, ele tem hepatite B crônica. O anti-HBc só é positivo se o paciente foi, em algum momento, infectado. O anti-HBs, por sua vez, surge sempre que o indivíduo tem contato com o vírus da hepatite B, seja por vacinação ou infecção curada. Portanto, se o anti-HBc total (IgM + IgG) é negativo e o anti-HBs é positivo, quer dizer que o indivíduo foi vacinado. Por outro lado, se o anti-HBc total (ou apenas sua fração IgG) é positivo e o anti-HBs também é positivo, o indivíduo teve hepatite, mas se curou. Por fim, você também precisa conhecer o conceito de mutação pré-core. Além do aumento da carga viral, outro sinal de atividade da doença e replicação viral é o marcador sorológico HBeAg, enquanto o anti-HBe é o marcador de remissão da doença. Existem casos de hepatite B em que, apesar de ocorrer intensa replicação viral, a sorologia traduz falsamente uma fase de remissão da doença. Nessas situações, observamos um paciente com padrão claro de atividade da doença (transaminases elevadas, HBsAg positivo), mas com HBeAg negativo e anti-HBe positivo: esse é o perfil do paciente com mutação pré-core. Diante disso, para confirmar a atividade da doença, devemos dosar o DNA-HBV (carga viral), que estará elevado. Painel sorológico da hepatite B Interpretação HBsAg HBeAg Anti-HBc Anti-HBc IgM Anti-HBe Anti-HBs ALT DNA-HBV (UI/mL) Infecção aguda + + + + - - Aumentada Alta HBV com recuperação - - + - + + Normal Não detectado Infecção antiga, oculta, janela imune ou falso-positivo - - + - - - Normal Não detectado Vacinação prévia - - - - - + Normal Não detectado Portador crônico inativo + - + - + - Normal < 200 Mutantes pré-core ou core-promoter + - + - + - Normal ou aumentada ≥ 2.000 HBV ativa (perfil clássico) + + + - - - Normal ou aumentada ≥ 2.000 ↺13 Hepatites e tumores hepáticos 3.2.3 Profilaxia da hepatite B Na hepatite B, a profilaxia primária é realizada por meio da vacinação (ao nascer e aos 2, 4 e 6 meses de vida), estando incluída no calendário nacional de imunização. A profilaxia pós-exposição envolve o uso de imunoglobulina e/ou vacina, estando indicada em diversas situações, como em vítimas de abuso sexual, acidente com material biológico positivo, contactante sexual de casos agudos, entre outros. Nestes, a imunoglobulina está indicada, sendo a vacina realizada a depender do estado vacinal prévio do indivíduo. Sem dúvida, o quadro mais importante de profilaxia pós-exposição nas provas é a prevenção da infecção perinatal da hepatite B. A profilaxia em filhos de mulheres HBsAg positivo deve ser realizada nas primeiras 12 horas de vida, seja qual for o peso e idade gestacional. Vacina e imunoglobulina devem ser feitas simultaneamente. Essa prática é extremamente importante, visto que a cronificação da infecção pelo vírus B chega a quase 90% em recém-nascidos, contra cerca de 2% em adultos. Vale lembrar que se a mãe é HbeAg positivo (ou seja, com vírus em replicação), a passagem transplacentária do vírus é muito provável. 3.3. Hepatite C ⚠ Questão 02 (INEP-Revalida - DF - 2016) Durante uma campanha de prevenção de acidentes ocupacionais em ambiente hospitalar, uma mulher com 32 anos, auxiliar de enfermagem, foi submetida à sorologia para hepatite C, por teste rápido presencial, revelando-se reativa. Está ansiosa, pois não entende bem o que tal resultado significa, já que “não sente nada” e “não tem ideia de como foi contaminada”. É referenciada ao Serviço de Apoio ao Trabalhador (SAT), no ambulatório do hospital onde trabalha. Na primeira etapa de investigação, além de responder às dúvidas que a paciente apresentar durante o atendimento, é necessário que o médico do SAT priorize: a) A avaliação das provas de função hepática. b) A pesquisa de coinfecções pelos vírus HBV e HIV. c) A realização de teste de genotipagem para o HCV. d) A solicitação de teste de quantificação da carga viral do HCV. CCQ: Para descartar diagnóstico de hepatite C devemos solicitar a carga viral Caso tenha acertado, gostaria de pular para o próximo tópico? NãoSimComentário ↺14 Hepatites e tumores hepáticos Na hepatite C, a principal forma de transmissão é a parenteral. Com um período de incubação que varia entre 15 - 150 dias, na maioria das vezes o quadro é assintomático, manifestando-se raramente com icterícia ou fulminantemente. Entre as manifestações extra-hepáticas mais clássicas da hepatite C estão a crioglobulinemia, o líquen plano e a glomerulonefrite membranoproliferativa. O diagnóstico envolve a realização do anti-HCV que, se positivo, deve sempre ser complementado pelo HCV-RNA, já que este é um RNA vírus. Este último serve para afastar os casos falso-positivos e também diferenciar, por exemplo, a hepatite C da hepatite autoimune tipo 2, já que alguns indivíduos com hepatite C podem apresentar anticorpo anti-LKM1 positivo e pacientes com a versão autoimune dessa doença podem apresentar anti-HCV positivo. A grande complicação da hepatite C é, com certeza, a cronificação, chegando a até 80% dos casos. Portanto, como já foi dito, os quadros agudos identificados devem ser tratados para tentar evitar a cronificação, a evolução para cirrose e o surgimento do carcinoma hepatocelular, mais comum neste subtipo. O tratamento dos casos agudos e crônicos evoluiu muito ao longo dos anos. Os esquemas com diversos efeitos colaterais e baixas taxas de eficácia deram lugar a drogas modernas, com poucos efeitos adversos e taxas de cura de quase 90%. Entre os fármacos utilizados estão a ribavirina, o daclatasvir e o sofosbuvir, entre outros, sendo a escolha do esquema dependente do genótipo do vírus. 3.4 Hepatite D Aqui, o que você precisa saber é que a hepatite D ocorre apenas em pacientes com o vírus B, ou seja, HBsAg positivos. Existem dois conceitos importantes: as coinfecções, quando hepatites B e D são adquiridas agudamente; e a superinfecção, quando pacientes com a doença do tipo B crônica são infectados pela hepatite D. A coinfecção não aumenta o risco de cronificação da hepatite B, mas a superinfecção aumenta a chance de hepatite B fulminante. Para diferenciar laboratorialmente ambas as formas, devemos avaliar o anti-HBc: se o seu IgG for positivo, trata-se de superinfecção; se quem estiver positivo for o IgM, trata-se de coinfecção. Vale lembrar que alguns casos de hepatite D podem manifestar o anticorpo anti-LKM3, e que a hepatite D é a principal causa de cirrose hepática em crianças e adultos jovens na região amazônica do Brasil. 3.5 Hepatite E Quanto à hepatite E, você deve saber apenas que seu quadro clínico é igual ao da hepatite A, sendo a sua transmissão pela forma fecal-oral. Como falamos anteriormente, o vírus pode causar hepatite fulminante em grávidas, com taxa de letalidade que pode chegar a 25%, especialmente no terceiro trimestre de gestação. ↺15 Hepatites e tumores hepáticos 3.6 Diagnóstico das hepatites virais através de exames laboratoriais ⚠ Questão 03 (INEP-Revalida - DF - 2022) Um homem com 32 anos, usuário de drogas ilícitas injetáveis (DII), comparece à consulta ambulatorial em clínica médica com queixa de fadiga importante e dor abdominal no hipocôndrio direito que teve início há 1 semana. Refere que, 2 dias antes do início desses sintomas, apresentou febre, artralgias e um exantema leve, que desapareceram, ficando em seguida com os olhos amarelados e a urina escura. Relata que esses últimos sinais apareceram simultaneamente à melhora da febre, que persistiu por alguns dias, e que, nos últimos dias, passou a ter apenas fadiga e dor abdominal. Nega náuseas, vômitos, diarreia ou sangramentos, e afirma conseguir ingerir líquidos e alimentos por via oral de forma normal. Nega comorbidades prévias significativas, e sua história familiar não é relevante. Além do uso de DII, o paciente é tabagista (10 maços/ ano) e etilista social de fermentados. Ao exame físico, encontra-se em regular estado geral, com fácies de doença aguda, levemente ictériconas escleras; corado, hidratado, acianótico, afebril, sem equimoses ou petéquias. Aparelhos cardiovascular e respiratório sem anormalidades. Abdome doloroso à palpação do hipocôndrio direito, sendo o fígado palpável a 3 cm do rebordo costal direito, na linha hemiclavicular, de borda romba e consistência habitual; espaço de Traube livre. Não há edemas em membros inferiores. Os resultados dos exames complementares solicitados nessa consulta são apresentados na tabela a seguir. Considerando as informações apresentadas, a principal hipótese diagnóstica e o tratamento indicado são, respectivamente: a) Hepatite B aguda; iniciar tratamento sintomático, evitando-se fármacos hepatotóxicos e de metabolismo hepático. b) Hepatite alcoólica aguda; prescrever corticoide, evitar novos insultos hepáticos e encaminhar o paciente para o Centro de Atenção Psicossocial (Álcool e Drogas). c) Hepatite C aguda; prescrever antivirais combinados (como ledipasvir/sofosbuvir), conforme resultado do teste de genotipagem. d) Hepatite B crônica agudizada; prescrever tenofovir ou entecavir, evitando-se fármacos hepatotóxicos e de metabolismo hepático. Caso tenha acertado, gostaria de pular para o próximo tópico? NãoSimComentário ↺16 Hepatites e tumores hepáticos É claro que depois de tantas informações, vamos lhe entregar um resumo para facilitar a consolidação do seu conhecimento: Características das hepatites virais A B C D E Vírus HAV HBV HCV HDV HEV Família Picornavírus Hepadnavírus Flavivírus Satélite (viroide) Calicivírus Genoma RNA DNA RNA RNA RNA Transmissão Fecal-oral Parenteral Sexual Parenteral Esporádica Parenteral Sexual Fecal-oral Incubação (dias) 15-45 30-180 15-150 30-180 15-60 Antígenos HAV Ag HBsAg HBeAg HBcAg HCV Ag HDV Ag HEV Ag Diagnóstico IgM anti- VHA IgM anti- HBc HBsAg VHB DNA anti-VHC VHC RNA IgM anti- VHD IgM anti- VHE Forma crô- nica Não Sim Sim Sim Não Vacina Sim Sim Não Sim (a da hepatite B) Não CCQ: HBsAg positivo e anti-HBc IgM positivo indicam hepatite B aguda ↺17 Hepatites e tumores hepáticos 4. Hepatite autoimune As provas vão querer saber se você sabe pensar nessa doença e como é feito o seu diagnóstico. Então, se há uma paciente (geralmente do sexo feminino com outras doenças autoimunes associadas, como hipotireoidismo e vitiligo) com quadro clínico de hepatite, mas sorologias negativas e sem história de abuso alcoólico, isso deve acender a ideia de que pode ser uma hepatite autoimune. Para o diagnóstico deve ser pesquisado o anticorpo antimúsculo liso e anti-LKM1, que podem e geralmente estão positivos. O tratamento é feito com imunossupressão com corticoides e outros imunossupressores como azatioprina e mercaptopurina. 5. Outras hepatites Hepatites medicamentosas e hepatites alcoólicas são outras formas de hepatites que existem, mas que são menos cobradas nas provas. Entre as de maior destaque estão a hepatopatia crônica relacionada ao álcool (discutida na aula de Insuficiência hepática e cirrose) – é a mais importante; e a hepatite por paracetamol, que será discutida na aula de Intoxicações exógenas. 6. Tumores hepáticos Como acontece com qualquer órgão e sistema, existem neoplasias benignas e malignas do fígado, e as provas cobram muito sobre os tumores benignos e malignos. Portanto, a diferenciação deles pelos fatores de risco e imagem é extremamente importante. Vale lembrar que os tumores malignos mais comuns do fígado são as metástases e que, geralmente, são múltiplas lesões. Mas, quando falamos de neoplasias primárias do fígado, não incluímos as metástases. ↺18 Hepatites e tumores hepáticos Estima-se que cerca de 10 - 20% da população apresente alguma massa hepática focal benigna, e, não coincidentemente, este é o tópico mais cobrado pelas bancas quando o assunto é tumores do fígado. Portanto, muita atenção nas páginas seguintes, principalmente na epidemiologia e na descrição radiológica das lesões na tomografia computadorizada (TC) trifásica de abdome. 6.1.1 Hemangioma cavernoso O hemangioma é o tumor benigno mais comum do fígado, atingindo mulheres de meia-idade, sendo normalmente um achado incidental de exames, dado o quadro clínico assintomático na maioria dos casos. Pode ser descrito como uma lesão revestida por endotélio, com cavidades repletas de sangue, delimitadas por septos fibrosos finos. Considerando sua evolução benigna, com baixo risco de ruptura ou hemorragia, tem como conduta principal o seguimento clínico, sem indicação de biópsia, sendo a ressecção reservada para os raros casos com complicação – os chamados hemangiomas gigantes – onde estes são > 5 cm. Não podemos nos esquecer também da correlação desta lesão com a faixa etária pediátrica, já que ela representa cerca de 12% de todos os tumores hepáticos infantis, geralmente multifocais e mais sintomáticos. 6.1. Lesões benignas ⚠ Questão 04 (UNICAMP - SP - 2022) Mulher, 33 anos, retorna à consulta na Unidade Básica de Saúde para resultado de exames. Antecedentes pessoais: nega comorbidades, G3P3; método contraceptivo: oral combinado. Nega etilismo e tabagismo. Ultrassonografia abdominal: nódulo único, levemente hiperecoico, bem delimitado, medindo 3 cm, localizado no segmento VIII hepático. O DIAGNÓSTICO MAIS PROVÁVEL É: a) Adenoma hepático. b) Hiperplasia nodular focal. c) Hemangioma hepático. d) Carcinoma hepatocelular. CCQ: Saber que um nódulo hepático, sem cicatriz central, em mulheres jovens em uso de contraceptivos orais, o adenoma hepático seria a principal hipótese diagnóstica Caso tenha acertado, gostaria de pular para o próximo tópico? NãoSimComentário ↺19 Hepatites e tumores hepáticos 6.1.2 Hiperplasia nodular focal Segunda lesão benigna mais comum do fígado, é também mais frequente em mulheres jovens, sendo um diagnóstico diferencial importante do hemangioma cavernoso. Sua principal característica patológica é a presença de uma mácula fibrosa central (cicatriz fibrosa), com septos irradiados. Em geral, a mácula central contém uma grande artéria que se ramifica de forma radial, corroborando a teoria etiológica mais aceita de que esta lesão é, na verdade, uma malformação vascular. Na TC apresenta caracteristicamente hipervascularização em fase arterial, com uma imagem escura no interior, que corresponde à mácula. A ausência da cicatriz dificulta o diagnóstico diferencial da lesão, principalmente com relação às neoplasias (hepatocarcinoma fibrolamelar), sendo nestes casos indicada a confirmação histológica por biópsia. Pelo caráter benigno e indolente da maioria das lesões, a conduta dependerá do quadro radiológico: se a lesão for bem caracterizada e assintomática, cabe uma conduta conservadora. Porém, se houver dúvida diagnóstica e/ou a lesão for sintomática, deve-se aprofundar a investigação, ponderando a ressecção direta da lesão. Hemangioma cavernoso (lado direito da imagem), com realce periférico de contraste na fase arterial Na TC é possível observar uma captação periférica de contraste na fase arterial (veja a periferia mais clara na imagem), que se dirige para o centro da lesão ao longo da fase venosa (distribuição centrípeta). ↺20 Hepatites e tumores hepáticos 6.1.3 Adenoma hepático Outra lesão comumente encontrada em mulheres jovens (20 - 40 anos), o adenoma hepático tem uma associação importante com o uso de anticoncepcionais orais (ACO). Na TC, a imagem caracteristicamente apresenta captação rápida do contraste na fase arterial, com caráter mais heterogêneo por conta dos focos hemorrágicos, necrose e componentes lipídicos intratumorais (pontos escuros dentro de uma lesão predominantemente clara). Na ausência de hemorragia, a imagem se mostra mais homogênea, dificultando o diagnóstico. Se as lesões forem < 5 cm e a paciente for assintomática, a conduta é suspender o ACO e acompanhar a lesão. Para as lesões > 5 cm, devido ao risco de malignização e à maior chance de ruptura com hemorragia intraperitoneal potencialmente fatal, o tratamento cirúrgicoé preferível, baseado na ressecção da lesão. Adenoma hepático (lado esquerdo da imagem) com captação difusa do contraste e focos de hemorragia sem captação Hiperplasia nodular focal (lado esquerdo da imagem), com presença de cicatriz central ↺21 Hepatites e tumores hepáticos O CHC é responsável por mais de 1 milhão de mortes/ano em todo o mundo, possuindo associação íntima com a cirrose hepática, independentemente da causa. No entanto, é importante destacar que o vírus da hepatite B é o fator causal mais associado ao hepatocarcinoma no mundo, podendo levar ao desenvolvimento do câncer mesmo sem passar pelo estágio de cirrose, ao contrário do que ocorre na hepatite C, em que a cirrose é fator fundamental para o desenvolvimento da neoplasia. 6.2 Carcinoma hepatocelular (CHC) ⚠ Questão 05 (USP REVALIDA - SP - 2021) A seguir você verá 4 imagens de diferentes momentos de um exame radiológico de um homem de 57 anos, com diagnóstico sorológico de hepatite por vírus B. Considerando que esta é a única lesão apresentada e mede 3,6 cm, é correto afirmar: a) É necessária uma biópsia percutânea para definir se há indicação cirúrgica. b) Com esses dados, a possibilidade de indicar um transplante hepático está descartada. c) Um exame de ressonância magnética com meio de contraste hepatoespecífico está indicado para definir o diagnóstico. d) Entende-se que o diagnóstico é carcinoma hepatocelular e deve-se discutir as opções de ressecção da lesão e de transplante hepático. CCQ: Em um paciente com hepatite viral crônica, o diagnóstico de CHC é altamente provável quando houver um nódulo hepático com wash out Caso tenha acertado, gostaria de pular para o próximo tópico? NãoSimComentário ↺22 Hepatites e tumores hepáticos A lesão primária pode ser única ou múltipla, atingindo normalmente apenas um lobo hepático. Na TC, é possível evidenciar o famoso padrão wash-out de captação do contraste (rápida captação na fase arterial, com esvaziamento da lesão na fase tardia). Já as metástases, principal diagnóstico diferencial do CHC, costumam se manifestar de forma múltipla, com lesões de tamanho semelhante, atingindo os dois lobos e apresentando captação periférica de contraste na TC. 6.2.1 Quadro clínico e diagnóstico O quadro clínico inicial é vago e geralmente assintomático. O protótipo é o de um paciente do sexo masculino, entre os 50 - 60 anos, com história de hepatopatia crônica e queixa de dor abdominal no quadrante superior direito, massa abdominal palpável e perda de peso. Segundo a literatura, a presença de icterícia de padrão obstrutivo, letargia e cirrose descompensada indica um pior prognóstico da lesão. O diagnóstico é clínico-radiológico e se baseia no achado de lesão hepática suspeita (> 1 - 2 cm), com imagem compatível na TC trifásica (marcação arterial com wash-out do contraste em fases tardias), em pacientes com fatores de risco conhecidos para CHC (cirrose e/ou hepatite B crônica). (A) Realce de contraste na fase arterial (seta). (B) O famoso padrão “wash-out” de limpeza de contraste na fase portal Caso o paciente não possua cirrose, mas apresente uma imagem suspeita, a dosagem da alfafetoproteína (AFP), principal marcador do câncer de fígado, pode ser solicitada para auxílio diagnóstico, ainda que apresente sensibilidade e especificidade baixas. Ao contrário da maioria dos marcadores tumorais, a AFP é útil não apenas no seguimento das lesões ressecadas, mas também no algoritmo diagnóstico do CHC. Valores de AFP > 400 ng/mL apresentam relevante valor preditivo positivo para câncer de fígado e frequentemente aparecem nas provas como diagnósticos para CHC, apesar de, na prática, esse exame ter perdido espaço devido à evolução dos exames de imagem. Pacientes com fatores de risco e características radiológicas sugestivas, com ou sem nível elevado de AFP, que se qualifiquem para a terapia cirúrgica com intenção de cura, não requerem biópsia pré-operatória. Contudo, se ainda houver dúvida no caso (imagem pouco esclarecedora, lesão pequena, AFP normal), a biópsia está indicada. ↺23 Hepatites e tumores hepáticos Neste caso, os sítios mais comuns de metástase são o pulmão (principal), o esqueleto, os linfonodos e o peritônio. 6.2.2 Tratamento Como de costume, podemos dividir as medidas terapêuticas em medidas com intenção de cura e tratamento de paliação. A terapia escolhida deve contemplar o estágio atual da neoplasia, o “status performance” do paciente e a experiência da equipe, devendo sempre ser individualizada. Vamos iniciar pelo tratamento curativo: • 1.ª escolha: hepatectomia parcial. A hepatectomia parcial é o método cirúrgico de escolha nos pacientes com lesão única (< 5 cm), sem hipertensão portal e com ausência de processos invasivos locais ou à distância, por possuir menor morbidade. No entanto, não basta apenas que o paciente preencha estes critérios, é preciso que ele aguente o procedimento cirúrgico e que o restante do parênquima hepático dê conta do recado. Lembra do escore de Child-Pugh, aquele baseado em critérios clínicos e laboratoriais usado para classificar o paciente cirrótico quanto ao comprometimento hepático? Pois é, aqui ele será fundamental, visto que apenas pacientes com escore Child-Pugh A compensado conseguem suportar o procedimento cirúrgico sem apresentar insuficiência hepática fulminante no pós-operatório. • 2.ª escolha: hepatectomia total + transplante. Apesar da hepatectomia total associada ao transplante hepático garantir a remoção de toda a carga tumoral enquanto recupera a função hepática com um órgão novo viável, ela não pode ser considerada a primeira escolha no paciente com CHC devido às dificuldades com o processo de doação de órgãos, além da complexidade de um transplante. Mas isso não quer dizer que ela não tenha seu lugar! A maneira mais acurada de selecionar quais pacientes têm indicação de transplante é por meio de critérios preestabelecidos, neste caso, os famosos critérios de Milão. Critérios de Milão • Nódulos (quantidade e tamanho): • Único ≤ 5 cm. Ou • Múltiplos (no máximo três), com ≤ 3 cm cada. • Invasão: • Ausência de sinais de invasão vascular (como a trombose de veia porta). • Ausência de lesões metastáticas. ↺24 Hepatites e tumores hepáticos Sintomas, exame físico anual, problema não relacionado Exames de imagem: geralmente ultrassonografia ou TC com contraste Massa no exame físico Aspectos característicos de imagem Contraste periférico inicial com enchimento central tardio Hemangioma cavernoso Nenhuma avaliação adicional; ressecção, se sintomática Nenhuma avaliação adicional; ressecção, se sintomática Nenhuma avaliação adicional; cirurgia, se sintomática Tratamento dependente do estágio Considerar biópsia ou ressecção Hiperplasia nodular local Adenoma hepático Ressecção cirúrgica se > 5cm ou sintomático Cisto hepático benigno Carcinoma hepatocelular Aspectos atípicos nas imagens Contrastação arterial rápida, inomogeneidade, isointenso na fase venosa Anecoico ao ultrassom, densidade de água na TC, sinal alto em T2 na RM Cirrose, contraste arterial, washout venosa portal Imagens de 2ª linha: geralmente TC contrastada ou RM Cicatriz estrelada central, contrastação arterial rápida com retorno precoce à intensidade normal Testes laboratoriais pertinentes Aspectos atípicos de imagem Fluxograma da conduta em pacientes com lesão tumoral hepática Nos casos em que o paciente não se encaixa em nenhuma das modalidades acima, é possível ainda realizar terapias de controle local e sistêmico, no intuito de melhorar a qualidade de vida e aumentar a sobrevida do paciente. Entre elas, temos a injeção percutânea de etanol e a ablação térmica, indicadas nas lesões únicas < 5 cm. Para a nossa sorte, dificilmente as bancas chegam a este nível de profundidade, mas vale ainda destacar o uso de terapias-alvo, como o sorafenibe, nos pacientes com doença avançada. Veja abaixoum resumo da conduta em pacientes com lesões tumorais no fígado: ↺25 Hepatites e tumores hepáticos TOP FIVE ➀ Saber como conduzir a confirmação diagnóstica de hepatite C ➁ Saber a característica dos tumores benignos do fígado ➂ Saber que o carcinoma hepatocelular pode ser diagnosticado por exame de imagem ➃ Saber como investigar e conduzir a hepatite B ➄ Saber identificar a etiologia da hepatite viral a partir da sorologia Resolva as questões na plataforma Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4 Questão 5 Aponte a câmera do seu celular para o QR Code ou clique sobre ele para abrir a questão na plataforma. https://aristoclass.com.br/viewer/questao?id=607f608fdb22c5520c5ca0bd https://aristoclass.com.br/viewer/questao?id=627d1d909727b7e4bb2f8bdd https://aristoclass.com.br/viewer/questao?id=627dbf3c69ba21f5d0ad4bef https://aristoclass.com.br/viewer/questao?id=5f5fa62a8c17db9f3a8cc375 https://aristoclass.com.br/viewer/questao?id=5f5fa62a8c17db9f3a8c12c3 ↺26 Hepatites e tumores hepáticos Referências: 1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite B e Coinfecções. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. 3. Boletim Epidemiológico. Secretaria de Vigilância em Saúde. Ministério da Saúde. 2021. 4. Sabiston. Textbook of Surgery: The Biological Basis of Modern Surgical Practice. ed 21, 2021. 5. Schwartz's Principles of Surgery. 10th Edition, 2014. 6. The American Joint Committee on Cancer (AJCC). Cancer Staging Manual - 8th, 2017. a. Part IV - Lower gastrointestinal tract - Chapter 20 - Colon and rectum b. Part V - Hepatobiliary System - Chapter 22 - Liver 7. KASPER, Dennis L.. Medicina interna de Harrison. 20 ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2019. a. Parte 4 - Oncologia e hematologia - Cap. 77 - Neoplasias do trato gastrintestinal inferior b. Parte 4 - Oncologia e hematologia - Cap. 78 - Tumores do fígado e da árvore biliar 8. Goldman Cecil Medicina - 2 Vols. 24ª ed, 2014. 27 Hepatites e tumores hepáticos Comentário da Questão 01 Fala, aristoter, tudo bem? Bora para uma questão muito importante para sua prova de revalidação, que cai com bastante frequência. O paciente da questão apresenta sintomas inespecíficos, evoluindo para um episódio de colestase (colúria e acolia fecal), com lesão hepática evidenciada pelo aumento de transaminases. Esse aumento expressivo (> 1000 UI/mL) sempre deve nos fazer pensar em hepatites virais antes de outras causas, corroborando para isso os fatores de risco que ele apresenta: alimentação em locais com baixos níveis de higiene (fator de risco para hepatite A, cuja transmissão é predominantemente fecal-oral) e relações sexuais sem preservativos (fator de risco para hepatite B). Apesar disso, não teríamos que pensar muito já que a própria questão nos dá o diagnóstico: hepatite B crônica com hepatite A aguda sobreposta. Para hepatite B temos os seguintes marcadores: • HBsAg: antígeno de superfície do vírus indicando infecção ativa. Quando presente por > 6 meses, confirma hepatite B crônica. • Anti-HBs: indica resolução do quadro viral ou vacinação prévia, pois é o anticorpo que combate o vírus. • HBeAg: marcador da replicação viral. • Anti-HBc: esse anticorpo sinaliza que houve contato com o vírus, não sendo adquirido através da vacinação. A fração IgM indica infecção recente, enquanto a fração IgG aponta para infecção antiga ou hepatite B crônica, se o HBsAg estiver presente. Hepatite A: • Anti-HAV indica que houve contato com o vírus e para saber se é devido a uma infecção atual ou prévia/vacinação, devemos ver a fração IgM, que estará positiva somente na infecção recente. Então, o paciente em questão possui hepatite A, devendo então ter o anti-HAV IgG e IgM reativos; possui uma hepatite B ativa (HBsAg reativo) e crônica (anti-HBc IgG reativo com IgM negativo). A questão não menciona a hepatite C, mas vamos lembrar como é seu perfil sorológico? Também é mais simples: pedimos o anti-HCV, se este for positivo, indica contato com o vírus. Mas para confirmar sua presença, solicitamos o HCV-RNA. 28 Hepatites e tumores hepáticos Comentário da Questão 01 Alternativa A - Incorreta: Anti-HAV IgG reativo e IgM não reativo = contato prévio com vírus A ou vacina, mas não há hepatite A; anti-HBc IgM e IgG reativos = há exposição recente ao vírus B; como o HBsAg é reativo, então há hepatite B aguda. Alternativa B - Incorreta: Anti-HAV IgG e IgM reativos = há hepatite A; anti-HBc IgG e IgM não reativos = não houve exposição ao vírus B; HBsAg não reativo = não é hepatite B. Alternativa C - Incorreta: Anti-HAV IgG e IgM não reativos = não há hepatite A e nem exposição prévia/vacina; HBsAg não reativo com IgG reativo = não há hepatite B, mas já houve exposição prévia ao vírus. Alternativa D - Incorreta: Anti-HAV IgG não reativo e IgM reativo: há hepatite A aguda; anti-HBc IgM e IgG não reativos = não houve exposição prévia ao vírus B; HBsAg não reativo = não há hepatite B. Alternativa E - Correta: anti-HAV IgG e IgM reativos = há hepatite A; HBsAg reativo = há hepatite B, que é crônica pois o anti-HBc IgM é negativo. Portanto, o gabarito é alternativa E. 29 Hepatites e tumores hepáticos Comentário da Questão 02 E lá vem mais uma questão do Revalida abordando as hepatites virais. Não há dúvida de que precisamos ter domínio neste assunto e garantir aqueles pontinhos alegres, não é mesmo? Então bora. O primeiro passo da triagem sorológica da hepatite C é a solicitação da anti-HCV, para identificar se o paciente tem anticorpos contra o HCV, logo, se a paciente apresentou anti- HCV positivo quer dizer que ela já foi exposta ao vírus. O que nos faz chegar a dois possíveis caminhos: ou a paciente é portadora do vírus (hepatite C crônica, ou a paciente foi curada e apresenta apenas uma “cicatriz sorológica” devido à infecção viral prévia. Para descobrirmos em qual dos dois perfis a paciente se encaixa, devemos imediatamente solicitar o HCV-RNA, que é para identificarmos a carga viral. Agora, vamos às alternativas: Alternativa A - Incorreta: Uma função hepática alterada não fecharia e nem descartaria o diagnóstico de hepatite C ativa, por isso não é nosso exame de escolha. Alternativa B - Incorreta: Este é um passo que será feito, mas primeiro devemos descartar ou confirmar a infecção pela hepatite C, por isso a alternativa que contempla carga viral, deve ser feita antes; e como a banca pergunta qual conduta deve ser priorizada, consideramos esta alternativa como incorreta. Alternativa C - Incorreta: Genotipagem são testes muito caros, então primeiro devemos confirmar o diagnóstico para depois pensarmos em genotipagem, não devemos priorizar este exame, ao menos em um primeiro momento. Alternativa D - Correta: Exatamente! No momento devemos priorizar o descarte ou o fechamento do diagnóstico de hepatite C, por isso este exame é o que deve ser priorizado. Portanto, o gabarito é a letra D. 30 Hepatites e tumores hepáticos Comentário da Questão 03 Questão maravilhosa para revisarmos o tema, e ainda por cima, bastante recente, extraída do Revalida da edição de 2022. Temos um paciente usuário de drogas ilícitas injetáveis, então já ficamos atentos para doenças relacionadas. Ele se queixa de fadiga, dor abdominal em hipocôndrio direito (o que temos ali? O fígado!). Teve febre, artralgias e um exantema leve, além de olhos amarelados e a urina escura. É tabagista e etilista. Está ictérico e com hepatomegalia. Além disso, temos nosso prato cheio da questão: os exames. Bora ver tudo que está alterado (marcamos em vermelho sobre a tabela que a própria questão nos apresentou): Provas bioquímicas hepáticas Valor encontrado Valor de referênciaMarcadores virais de hepatite Aspartato aminotransferase (AST) 778 UI/L até 40 UI/L Anti-HAV total: negativo Alanino aminotransferase (ALT) 1.058 UI/L até 38 UI/L HBsag: positivo Bilirrubina total 3,8 mg/dL até 1,2 mg/dL Anti-HBc igM: positivo Bilirrubina direita 3,2 mg/dL até 0,3 mf/dL Anti-HBc igG: negativo Fosfotase alcalina 215 UI/L 40-129 UI/L Anti-HBe igM: negativo Gama-glutamil transferase 98 UI/L 10-50 UI/L Anti-HBs: negativo INR 1,0 0,9-1,03 Anti-HCV: negativo PTTa 35,2 segundos 29-45 segundos Vemos que a bilirrubina está alta, como esperávamos, considerando um paciente ictérico. Além disso, temos o fígado todo afetado (esperado para um paciente alcoolista e usuário de drogas injetáveis). E os marcadores de hepatite? HBsAg positivo: se o HbsAg é positivo, o indivíduo tem hepatite, mas não sabemos se ela é crônica ou aguda. E aí entra o anti-HBc - se a fração IgM do anti-HBc é positiva, podemos afirmar que o indivíduo tem hepatite B aguda. Se a fração IgM é negativa e a fração IgG é positiva, ele tem hepatite B crônica. Ou seja: temos uma hepatite B aguda. Faz sentido? Vejamos. A transmissão dessa doença pode ser vertical, percutânea e sexual. Dentre as manifestações extra-hepáticas mais comuns podemos citar a poliarterite nodosa (PAN), a acrodermatite papular (síndrome de Gianotti Crosti) e a glomerulonefrite membranosa. E o que o paciente teve? Artralgia! 31 Hepatites e tumores hepáticos Comentário da Questão 03 Como tratamos? Com sintomáticos e evitando piorar a situação: tratar doença de base, evitar tudo que seja hepatotóxico e acompanhar. Vamos ver as alternativas: Alternativa A - Correta: BINGO! Exatamente tudo o que contextualizamos acima. Alternativa B - Incorreta: Não, pois já vimos que temos uma hepatite B. Vale, sim, encaminhar o paciente para o Centro de Atenção Psicossocial (pelo uso de álcool e drogas), mas a hepatite dele é viral. Alternativa C - Incorreta: Não, pois os marcadores da hepatite C foram todos negativos. Alternativa D - Incorreta: Para ser crônica, o IgG deveria estar positivo e o IgM negativo. Mas como seria agudizada, então? Com marcadores de replicação viral, como o HBeAg. O gabarito é a alternativa A. 32 Hepatites e tumores hepáticos Comentário da Questão 04 Questãozinha da UNICAMP-SP trazendo um tema frequente nos exames médicos que, eventualmente, pode cair na sua prova de revalidação, uma vez que a hepatologia de forma geral é uma área extremamente presente nesta prova. Temos uma paciente de 33 anos, sexo feminino, multípara, em uso de contraceptivo oral combinado, na qual foi encontrado um nódulo hepático único, hipercoico, bem delimitado e medindo 3 cm no VIII segmento hepático. A partir disso, a questão nos pede qual seria o diagnóstico provável. Então, vamos conhecer os principais diagnósticos diferenciais dos nódulos hepáticos? Hemangioma hepático: é o nódulo benigno mais comum do fígado. Acomete principalmente mulheres entre 30 e 50 anos e é assintomático na maioria dos casos. Uma característica típica dessa lesão é a captação de contraste na TC (a captação é periférica na fase arterial e centrípeta na fase portal). Hiperplasia nodular focal: é a segunda lesão benigna mais comum do fígado, sendo frequente em mulheres jovens. É assintomática na maior parte dos casos e não se associa a transformações malignas. Também não possui relação com anticoncepcionais orais. A característica mais típica dessa lesão à TC é a formação de cicatriz central no exame contrastado. 33 Hepatites e tumores hepáticos Comentário da Questão 04 Adenoma hepático: é comumente encontrada em mulheres jovens (20–40 anos), apresentando uma associação importante com o uso de anticoncepcionais orais (ACO). Na TC, a imagem caracteristicamente apresenta captação rápida do contraste na fase arterial, com caráter mais heterogêneo por conta dos focos hemorrágicos, necrose e componente lipídico intratumorais (pontos escuros dentro de uma lesão predominantemente clara). Na ausência de hemorragia, a imagem se mostra mais homogênea, dificultando o diagnóstico. • Se as lesões forem < 5 cm e a paciente for assintomática --> suspender o ACO e acompanhar a lesão. • Para as lesões > 5 cm --> tratamento cirúrgico, baseado na ressecção da lesão. Carcinoma hepatocelular: é o tumor maligno primário de fígado mais comum. Acomete pacientes com histórico de hepatites crônicas e cirrose, geralmente homens acima de 50 anos. O padrão típico em exames de imagem é a captação rápida do contraste na fase arterial e o “washout” na fase venosa do exame, isto é, o nódulo “limpa” o contraste antes do restante do parênquima hepático. Voltando ao nosso caso clínico, o diagnóstico provável seria o de adenoma hepático, uma vez que é o principal nódulo hepático benigno associado ao uso de contraceptivo oral combinado em mulheres jovens. 34 Hepatites e tumores hepáticos Comentário da Questão 04 Agora que descomplicamos um pouco sobre este tema, vamos às alternativas? Alternativa A - Correta: Perfeito, uma vez que o adenoma hepático é o principal nódulo hepático benigno associado ao uso de contraceptivo oral combinado em mulheres jovens. Alternativa B - Incorreta: Hiperplasia nodular focal não guarda relação com contraceptivo oral combinado e, sim, com a presença de cicatriz fibrosa central ao exame de imagem. Alternativa C - Incorreta: Hemangioma hepático também não guarda relação com contraceptivos, apesar de ser o subtipo de nódulo hepático benigno mais comum. Alternativa D - Incorreta: Carcinoma hepatocelular em paciente jovem e sem histórico de hepatopatia prévia, usuária ainda de ACO, não nos faz pensar em um CHC como principal hipótese diagnóstica. Assim, a resposta certa é a letra A. 35 Hepatites e tumores hepáticos Comentário da Questão 05 Saca só esta questão que o Revalida preparou para a edição de 2021. Sabemos que a presença de hepatite B crônica é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de carcinoma hepatocelular (CHC). Geralmente, o nódulo surge após um processo de insuficiência hepática e cirrose, mas no caso da hepatite B, pode haver o surgimento do CHC sem passar por essa fase de cirrose. Temos, então, um paciente com hepatite B e que, na tomografia computadorizada, apresenta um nódulo hepático com rápida captação de contraste na fase arterial e, logo após, o contraste desaparece rapidamente na fase portal/venosa. Esse fenômeno é denominado wash out e esse quadro nos remete ao diagnóstico de CHC; assim, não é necessário biópsia para confirmação. Vamos às alternativas: Alternativa A - Incorreta: Não é necessário prosseguir com a biópsia, pois o diagnóstico de CHC já está dado de maneira não invasiva, com epidemiologia + imagem sugestiva. Alternativa B - Incorreta: Para transplante hepático no CHC, seguindo os critérios de Milão, deveremos ter um nódulo de até 5 cm ou até 3 nódulos menores que 3 cm. Nosso paciente apresenta um nódulo de 3,6 cm, sendo candidato ao transplante. Alternativa C - Incorreta: Não é necessário complementar a investigação com novos exames de imagem, já que a presença de wash out em nódulo na TC já é sugestivo de CHC. Alternativa D - Correta: Como vimos, o diagnóstico de CHC é altamente provável e, assim, o próximo passo é o planejamento terapêutico, que pode ser por meio de ressecção ou transplante hepático. Portanto, a resposta certa é a alternativa D. Sumário 1. Conceitos gerais de hepatologia 1.1 Hiperbilirrubinemia 1.2 Síndrome hepatocelular 2. Hepatites virais 2.1 Conhecimentos básicos 2.2 Quadro clínico 2.3 Exames laboratoriais 2.4 Tratamento 2.5 Profilaxia 3. Tipos de hepatite viral 3.1 Hepatite A 3.2 Hepatite B ⚠ Questão 01 3.2.1 Aspectos gerais 3.2.2 Painel sorológico 3.2.3 Profilaxia da hepatite B 3.3. Hepatite C ⚠ Questão 02 3.4 Hepatite D 3.5 Hepatite E 3.6 Diagnóstico das hepatites virais através de exames laboratoriais ⚠ Questão 03 4. Hepatite autoimune 5. Outras hepatites6. Tumores hepáticos 6.1. Lesões benignas ⚠ Questão 04 6.1.1 Hemangioma cavernoso 6.1.2 Hiperplasia nodular focal 6.1.3 Adenoma hepático 6.2 Carcinoma hepatocelular (CHC) ⚠ Questão 05 6.2.1 Quadro clínico e diagnóstico 6.2.2 Tratamento TOP FIVE Tesoura 1 A 27: Tesoura 1 C 29: A 28: Botão de rádio 16: Off Tesoura 1 D 27: Tesoura 1 E 28: Tesoura 1 B 27: B 28: C 29: D 31: E 30: Resposta 28: Respostas 14: Tesoura 1 A 28: Tesoura 1 C 30: A 29: Tesoura 1 D 28: Tesoura 1 B 28: B 29: C 30: D 32: Resposta 29: Respostas 15: Tesoura 1 A 29: Tesoura 1 C 31: A 30: Tesoura 1 D 29: Tesoura 1 B 29: B 30: C 31: D 33: Resposta 30: Respostas 17: Tesoura 1 A 30: Tesoura 1 C 32: A 31: Tesoura 1 D 30: Tesoura 1 B 30: B 31: C 32: D 34: Resposta 31: Respostas 16: Tesoura 1 A 31: Tesoura 1 C 33: A 32: Tesoura 1 D 31: Tesoura 1 B 31: B 32: C 33: D 35: Resposta 32: Respostas 18: Botão 185: Página 27: Página 28: Botão 194: Página 29: Botão 203: Página 30: Página 31: Botão 2012: Página 32: Página 33: Página 34: Botão 2021: Página 35:
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