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Amor e Paixão: Uma Análise Filosófica

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145Você é um chato?
Língua Portuguesa e Literatura
“A sensação de “estar sendo chateado” (que, aceita pela vítima, leva ao estado de “chatisfação”) 
provém de um cerceamento da liberdade, com o concomitante desejo de escapar à causa da 
chateação. Quanto mais a causa da chateação atua contra o livre arbítrio, a capacidade de ir e vir, 
a possibilidade de fazer ou deixar de fazer, de estar presente ou ausentar-se, de dizer ou calar, mais 
intensa é a sensação. O perigo não reside unicamente no enleamento provocado pelo chato, mas 
uma possibilidade de domesticação do paciente. [...] Há esposos que jamais pensam em separar-se, 
homens que jamais deixam o emprego, crianças que nunca abandonam o lar, cães que só saem com 
os donos. A dependência de um chato torna o paciente, também, um chato passivo e solidário com a 
chateação do próximo.” (FIGUEIREDO, s/d)
Compare esse trecho com as primeiras linhas de uma definição do 
conceito de paixão do filósofo francês Gérard Lebrun, que viveu no 
Brasil:
“Lemos nos Novos ensaios de Leibniz: “Prefiro dizer que as paixões não são contentamentos ou 
desprazeres nem opiniões, mas tendências, ou antes, modificação da tendência, que vêm da opinião 
ou do sentimento, e que são acompanhadas de prazer ou desprazer”. Esta definição da paixão está em 
conformidade com nossos hábitos de espírito. Paixão, para nós, é sinônimo de tendência – e mesmo 
de uma tendência bastante forte e duradoura para dominar a vida mental. Ora, é digno de nota que 
esse significado da palavra paixão traga em sua franja o sentido etimológico de passividade (paschein, 
pathos), sentido lembrado por Descartes no começo do Tratado das paixões: “Tudo o que se faz ou 
acontece de novo é geralmente chamado, pelos filósofos, de paixão relativamente ao sujeito a quem 
isso acontece, e de ação relativamente àquele que faz com que aconteça.” (LEBRUN, 1987)
• Sim ou não? O amor é uma chateação? Escreva um texto provando seu posicionamento, leve em 
conta os argumentos filosóficos apresentados.
 ATIVIDADE
 O amor no cérebro
O cérebro constitui um universo extremamente complexo e apenas 
recentes inovações tecnológicas permitem, ainda com elevado grau de 
incerteza, saber como se processam as sensações amorosas.
Com o auxílio de métodos de diagnóstico por imagens, como a 
tomografia nuclear ou a tomografia por emissão de pósitrons, cientistas 
identificaram quatro pequenas regiões cerebrais que apresentaram 
intensa atividade em sujeitos apaixonados. Essas regiões localizam-se 
espelhadas nas duas metades do cérebro no chamado sistema límbico, 
que controla as emoções em geral. Vários estados de euforia ativam 
as quatro regiões e, inclusive, o uso de drogas, que, no entanto, afeta 
146 O Discurso como prática social: oralidade, leitura, escrita, Literatura
Ensino Médio
indiscriminadamente essas e outras extensas 
áreas do cérebro. Essas zonas também 
distinguem o amor da pura excitação sexual. O 
desejo sexual estimula regiões do hipotálamo, 
que não é ativado no caso do amor não-
erótico. Ao mesmo tempo, o amor sensual 
parece ativar o núcleo caudado e o putâmen, 
regiões onde estão dois de nossos módulos de 
amor. Talvez eles tragam o elemento erótico 
para o amor romântico.
É surpreendente que regiões tão pequenas 
do cérebro provoquem uma sensação tão 
poderosa e inspiradora como o amor. Estudos 
anatômicos mostraram que as pequenas regiões 
do amor estão ligadas a, praticamente, todas as 
outras regiões do cérebro. Porém, essas ligações são utilizadas de modo 
sempre diverso por cada um de nós. Seria esse o fato responsável por 
tornar o amor único. 
Adaptado de BARTELS, Andréas; ZEKI, Semir. Imagens de um cérebro apaixonado. In: Viver mente e cérebro 
n. 141. Outubro, 2004, p. 58-59.

Veja o que a ciência diz sobre cérebro e amor:
Faz muito tempo que sabemos que as emoções têm uma base química, mas ninguém se 
preocupou muito em analisar a base química do 
amor.
O fato é que ao se perceber uma estimulação 
sexual há uma verdadeira pirotecnia química.
Os neurotransmissores levam a mensagem 
erótica e vão despertando toda uma cadeia de 
substâncias químicas.
Na fase de atração e enamoramento, é a feni-
letilamina que orquestra a secreção de substân-
cias como a dopamina, uma anfetamina cerebral 
que produz desassossego. Todo apaixonado es-
tá nas nuvens, e sem saber, em nuvens carrega-
das de feniletilamina e dopamina.
Dos neurotransmissores, é a dopamina a que 
guarda a maior relação com a emoção amorosa. 
Quando um indivíduo está enamorado, o nível de 
dopamina cerebral está muito alto e, quanto mais 
intensa é a paixão, mais alto será o nível de do-
pamina.

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