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Revolução Urbana no Século XIX

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155Urbanização e industrialização no século XIX
História
contentamento não estava ligado apenas aos trabalhadores pobres. Os pequenos comerciantes, sem 
saída, a pequena burguesia, setores especiais da economia eram também vítimas da Revolução Indus-
trial e de suas ramificações. Os trabalhadores de espírito simples reagiram ao novo sistema destruindo 
as máquinas que julgavam ser responsáveis pelos problemas; mas um grande e surpreendente núme-
ro de homens de negócios e fazendeiros ingleses simpatizava profundamente com estas atividades de 
seus trabalhadores ludistas porque também eles se viam como vítimas da minoria diabólica de inova-
dores egoístas. (HOBSBAWM, 1989, p. 224 e 55.)
Como resultado disto, a partir de 1850, muitas cidades passaram a 
ser administradas por pessoas com outra visão de gestão pública, co-
mo: Camillo Benso, o Conde de Cavour (1810-1861), na Itália; Ben-
jamin Disraeli (1804-1881), na Inglaterra; e Otto von Bismarck (1815-
1898), na Alemanha. Nesta nova orientação, o poder público passou 
a realizar reformas em estradas, praças, ferrovias (rede de percursos), 
aquedutos, esgotos, gás, eletricidade (rede de instalações).
Exemplo típico desse período e que se torna exemplo para cidades 
do mundo todo foi a reforma da cidade de Paris, entre 1853 e 1870. 
Incentivada pelo imperador Napoleão III e colocada em prática pelo 
prefeito Georges Eugène Haussmann (1809-1891), graças à existência 
de duas leis muito avançadas: a lei de expropriação de 1840 e a lei sa-
nitária de 1850. A cidade foi praticamente demolida, ou pelo menos 
boa parte dos prédios mais antigos para dar lugar a largas ruas e ave-
nidas, praças e parques, etc., transformações contínuas de prédios, ve-
ículos e pessoas que transitavam num fluxo contínuo sempre mutável. 
As reformas das capitais, também, foram um fenômeno disciplinador 
das classes trabalhadoras que se revoltavam, pois, as antigas ruas es-
treitas eram facilmente controladas por operários que erguiam barrica-
das contra as forças do governo.
1. A maioria das cidades da atualidade apresenta a separação nítida entre os bairros destinados às 
classes mais privilegiadas (bairros de luxo) e os bairros para as classes trabalhadoras (bairros ope-
rários). Faça uma pesquisa comparativa sobre os diferentes tipos de bairros existentes em sua cida-
de. Registre elementos característicos dos bairros, tais como: formas e tamanhos das residências, 
ruas, como é o acesso à escola, lazer, supermercados, hospitais, o transporte etc.
2. Os bairros operários do século XIX eram muito diferentes dos de agora. Observe as imagens e faça 
uma análise de como eram vistos respondendo as questões abaixo:
a) Que tipos de imagem são estas? Quem é o autor? E em que ano as realizou?
b) Qual é o tema central das imagens presentes nos documentos 1, 2 e 3? O que elas represen-
tam? Relacione-as com o texto 1.
c) Descreva como são as moradias representadas pelos documentos 1, 2 e 3.
 ATIVIDADE
156 Relações culturais
Ensino Médio
d) Em que ambiente estão representadas as moradias do documento 1? Que impressões lhe 
causam?
e) O que fazem as pessoas representadas no documento 2? Como são suas aparências? Que 
aspectos lhe chamaram atenção nesta imagem?
3. As grandes capitais européias e de outras partes do mundo passaram por grandes reformas a partir 
da segunda metade do século XIX. Sobre este tema, analise a imagem presente no documento 3:
a) Qual o tipo da imagem? Quem a realizou? Em que ano? Qual seu título?
b) Descreva o processo que a documento 3 retrata e elabore um comentário sobre os contrastes que 
você percebeu, por exemplo: observe como aparece a cidade antiga que está sendo reformada; e 
qual a relação deste processo com a vida das pessoas que viviam neste lugar.
 
Documento 1 Documento 2 Documento 3
GUSTAVE DORÉ. Uma rua de 
bairro pobre de Londres, 
1872. Xilogravura. Fonte das 
imagens: BENEVOLO, Leonardo, 
2003, p. 560.
nGUSTAVE DORÉ (1832-1883). 
Bairros pobres de Lon-
dres, sob viadutos ferroviários, 
1872. Xilogravura.
n Vista a vôo de pássaro do bou-
levard Richard Lenoir, 1863. Xi-
logravura. Fonte: BENEVOLO, 2003, 
p. 592.
n
 Higiene, miasmas e bactérias
Os problemas urbanos pelos quais passavam as grandes cidades 
européias do século XIX tinham conseqüências para toda população. 
A feiúra e insalubridade das cidades começaram a incomodar até os 
mais ricos, atingindo os bairros luxuosos. 
Milhares de pessoas foram vítimas de doenças, como: a varíola, a 
febre tifóide, a tuberculose ou diarréia e gripe. Muitas epidemias eram 
transmitidas pelos ratos, que propagavam a peste bubônica; pelos per-
cevejos, que infectavam a cama; pelos piolhos, que transmitiam a tifo; 
e pelas moscas, que espalhavam várias enfermidades. Os lugares escu-
ros e úmidos se tornavam habitat certo para as bactérias, e o acúmulo 
de pessoas num mesmo cômodo aumentava as possibilidades de trans-
missão de doenças através do contato e da respiração.
A falta de água para higiene pessoal e da casa era comum. Algumas 
regiões de Londres só recebiam água em poucos dias por semana.
A falta de condições sanitárias permitiu o alastramento do cólera 
pela Europa em 1830. Na França estima-se que as vítimas chegaram 
a 500 mil pessoas, nos outros países as mortes também chegaram as 
mesmas proporções eliminando em poucas semanas ou meses a vida

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