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do estado crítico, se disponíveis, com φ′ = φ′cv e c′ = 0. Embora φ′cv seja claramente representativo da resistência última de solos compressíveis (“soltos”), se os valores de resistência de pico forem usados para solos expansivos (“compactos”), a ruptura será caracterizada por uma ruptura súbita (uma resposta frágil). Dessa forma, o uso de parâmetros menores de resistência do estado crítico para tais solos fornece uma margem de segurança adicional contra a ruptura. Além disso, ensaios em laboratório e in situ medem o comportamento do solo em um estado grandemente indeformado, em que pode haver coesão/intertravamento aparente em virtude da história deposicional prévia e/ou coesão verdadeira como resultado da cimentação/ligação. No entanto, se o solo for trabalhado depois durante a construção (por exemplo, escavação seguida de recompactação), esses procedimentos destrutivos eliminarão quaisquer efeitos naturais preexistentes, de forma que os parâmetros do estado crítico serão mais adequados. Para alguns cálculos, contudo, pode ser desejável selecionar uma estimativa elevada de parâmetros de resistência. Um exemplo seria a determinação da capacidade de uma estaca a fim de que se possa especificar um aparelho de estaqueamento suficientemente dimensionado. Para tal cálculo, é mais conservador superestimar a capacidade da estaca, a fim de assegurar que o aparelho de estaqueamento tenha capacidade suficiente com uma margem de segurança (coeficientes de ponderação também não seriam usados para tal estimativa). Nessas condições, seria mais adequado usar valores de resistência de pico. 13.3 Instrumentação de campo Os requisitos mais importantes de um instrumento geotécnico são a confiabilidade e a sensibilidade. Em geral, quanto maior a simplicidade de um instrumento, maior é a probabilidade de que ele seja confiável. Por outro lado, o instrumento mais simples pode não ser sensível o suficiente para assegurar que as medições sejam obtidas com o grau de precisão exigido, e é preciso chegar a um termo comum entre sensibilidade e confiabilidade. Os instrumentos podem ser baseados em princípios óticos, mecânicos, hidráulicos, pneumáticos e elétricos; eles estão listados em ordem decrescente de simplicidade e confiabilidade. Deve-se ter em mente, entretanto, que a confiabilidade de instrumentos modernos de todos os tipos é de um alto padrão. Os instrumentos usados com maior frequência para os vários tipos de medição são descritos a seguir. (N.B. a medida da pressão neutra não é descrita aqui, tendo sido vista na Seção 6.2.) Movimento vertical A técnica mais simples para medir o recalque ou o levantamento de uma superfície é o nivelamento preciso. Deve-se estabelecer um marco estável como referência, e, em alguns casos, pode ser necessário fixar uma haste de referência em rocha ou em um estrato firme profundo, separada do solo circunvizinho por uma luva. Para observações de recalques das fundações de estruturas, devem ser estabelecidas estações duráveis de nivelamento em lajes de fundações ou nas proximidades da base de colunas ou paredes. Uma forma conveniente de estação, ilustrada na Figura 13.2, consiste em um soquete de aço inoxidável no qual, antes do nivelamento, é aparafusado um tampão com cabeça redonda. Depois, o tampão é removido, e o soquete é selado com um parafuso de acrílico (perspex). Para medir o recalque devido à colocação de um aterro sobrejacente, assenta-se uma placa horizontal, à qual é fixada uma haste ou um tubo vertical, na superfície do terreno antes de o aterro ser colocado, conforme mostra a Figura 13.3a. O nível do topo da haste ou tubo é, então, determinado. O recalque do próprio aterro poderia ser determinado a partir dos níveis da superfície, usando, em geral, estações de nivelamento embutidas em concreto. Movimentos verticais em um estrato inferior podem ser determinados por meio de uma sonda profunda de recalque. Um tipo de sonda, ilustrado na Figura 13.3b, consiste em um trado de rosca ligado a uma haste que é cercada por uma luva para que ela fique isolada do solo vizinho. O trado está localizado na base de um furo de sondagem e ancorado no nível exigido pela rotação da haste interna. O furo de sondagem é reaterrado após a instalação da sonda. Figura 13.2 Tampão de nivelamento. O extensômetro de haste, mostrado na Figura 13.3c, é um dispositivo simples e preciso para medir movimentos. As hastes usadas costumam ser tubos de ligas de alumínio, em geral, com 14 mm de diâmetro. Vários comprimentos podem ser unidos entre si, caso seja necessário. A extremidade inferior da haste é cimentada ao solo no fundo de um furo de sondagem, com uma ancoragem rugosa aparafusada a ela, e a extremidade superior passa por dentro de um tubo de referência fixado ao topo do furo de sondagem. A haste fica isolada dentro de uma luva plástica. O movimento relativo entre a âncora inferior e o tubo de referência é medido com um defletômetro ou transdutor de deslocamentos, que funciona junto ao topo da haste. Um parafuso de ajuste é adaptado a um colar rosqueado, acoplado à extremidade superior da haste para ampliar a faixa de medição. Uma instalação de várias hastes, ancoradas em diferentes níveis do furo de sondagem, permite determinar os recalques em diferentes profundidades. O furo de sondagem é reaterrado após a instalação do extensômetro. O uso de extensômetros de haste não se limita à medição de movimentos verticais; eles podem ser usados em furos de sondagem inclinados em qualquer direção. Os recalques em várias profundidades dentro de uma massa de solo também podem ser determinados por intermédio de um extensômetro multiponto, sendo um de tais aparelhos o extensômetro magnético, mostrado na Figura 13.3d, projetado para uso em furos de sondagem em argilas. O equipamento consiste em magnetos permanentes na forma de anéis, imantados axialmente e montados em suportes plásticos que são mantidos nos níveis exigidos do furo de sondagem por molas. Os magnetos, que são revestidos por uma resina epóxi para proteção contra a corrosão, são inseridos em volta de um tubo-guia de plástico colocado abaixo do centro do furo de sondagem. Caso seja necessário para manter a estabilidade, o furo de sondagem é preenchido com lama bentonítica. Os níveis dos magnetos são determinados pelo abaixamento de um sensor que incorpora um interruptor de lâminas no tubo central. Quando este se move no campo de um magneto, ele se fecha e ativa um indicador luminoso ou sonoro. Uma fita de aço presa ao sensor permite que o nível da estação seja obtido com uma precisão de 1– 2 mm. Pode-se obter maior precisão colocando uma haste de medição no interior do tubo-guia, à qual são ligados diferentes interruptores de lâminas no nível de cada magneto, com cada um deles funcionando em um circuito elétrico separado. A haste de medição, que consiste em um tubo oco de aço inoxidável com fios elétricos passando por dentro, é puxada para cima por meio de uma cabeça de medição incorporando um micrômetro de rosca, sendo os níveis de cada magneto determinados de forma sequencial. Como precaução contra falhas, podem ser montados dois interruptores em cada nível. Parte 2 - Aplicações em engenharia geotécnica 13 Casos ilustrativos 13.3 Instrumentação de campo
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