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Impactos da pandemia de COVID-19 no setor hoteleiro_ os casos de Lisboa, Maputo e São Paulo

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01/09/2023 09:31 Impactos da pandemia de COVID-19 no setor hoteleiro: os casos de Lisboa, Maputo e São Paulo
https://journals.openedition.org/confins/47903?lang=pt 1/18
Confins
Revue franco-brésilienne de géographie / Revista franco-brasilera de geografia
56 | 2022
Número 56
Dossiê Turismo em tempo de Covid
Impactos da pandemia de COVID-
19 no setor hoteleiro: os casos
de Lisboa, Maputo e São Paulo
Impacts of the COVID-19 pandemic on the hotel industry: the cases of Lisbon, Maputo and São Paulo
Impacts de la pandémie de COVID-19 sur le secteur hôtelier : les cas de Lisbonne, Maputo et São Paulo
RITA DE CÁSSIA ARIZA DA CRUZ, EDUARDO BRITO-HENRIQUES, SARA
LARRABURE E DÁRIO MANUEL ISIDORO CHUNDO
https://doi.org/10.4000/confins.47903
Resumos
Português English Français
Este artigo tem por objetivo fazer uma análise exploratória das mudanças observadas no setor
hoteleiro em três cidades de três países e continentes diferentes. Complementando informação
proveniente de bases de dados oficiais, de pesquisa direta junto dos estabelecimentos hoteleiros e
dos sites dos hotéis, além de entrevistas com representantes do setor, inventariam-se e analisam-
se as mudanças observadas na oferta hoteleira em Lisboa (Portugal), Maputo (Moçambique) e
São Paulo (Brasil), entre 2020 e 2021. Os resultados mostram que a suspensão da atividade, com
encerramento temporário nos períodos mais críticos da pandemia, e a redução parcial da oferta
para diminuir os custos operacionais foram as estratégias mais comuns seguidas pela hotelaria
nas três cidades, com consequências como perda de emprego. Outras mudanças de caráter mais
estrutural, como processos de rebranding e encerramento definitivo de hotéis, encontraram
variações significativas entre as cidades estudadas, o que em parte se deve à adoção de políticas
diferentes nos vários países e a exposição variável dessas localidades ao turismo internacional.
This paper seeks to do an exploratory analysis of the changes observed in the hotel sector in three
cities in three different countries and continents. Joining information from official databases,
direct survey in hotels and hotel websites, and interviews with industry representatives, an
inventory and analysis of the changes observed in hotel supply in Lisbon (Portugal), Maputo
(Mozambique) and São Paulo (Brazil) throughout 2020 and 2021 is made. Results show that
suspension of activity, with temporary closure during the most critical periods of the pandemic,
and partial reduction of supply to reduce operational costs, were the most common strategies
followed by hotels in the three cities, with consequences in job losses. Other changes of a more
structural nature, such as rebranding processes and permanent closure of hotels found
significant variations among the cities studied. The adoption of different policy measures in the
http://journals.openedition.org/confins
https://journals.openedition.org/confins/47093
https://doi.org/10.4000/confins.47903
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https://journals.openedition.org/
01/09/2023 09:31 Impactos da pandemia de COVID-19 no setor hoteleiro: os casos de Lisboa, Maputo e São Paulo
https://journals.openedition.org/confins/47903?lang=pt 2/18
various countries and their varying exposure to international tourism explain partly these
differences.
Cet article vise à faire une analyse exploratoire des mutations observées au sein du secteur
hôtelier dans trois villes de trois pays et continents différents. En associant les informations
provenant des bases de données officielles, les collectes auprès des établissements hôteliers et
pages internet des hôtels aux entretiens conduits auprès des représentants du secteur, les
changements observés dans l'offre hôtelière à Lisbonne (Portugal), à Maputo (Mozambique) et à
São Paulo (Brésil) sont inventoriés et analysés pour la période comprise entre 2020 et 2021. Les
regards croisés sur les différentes sources indiquent la suspension de l'activité et la réduction
partielle de l'offre à des fins de réduction les coûts d'exploitation comme stratégies courantes
suivies par les hôtels dans les trois villes. Ces deux démarches ont eu des incidences négatives sur
l’emploi. Des changements plus structurels, tels que les processus de rebranding et la fermeture
définitive des hôtels présentent des variations importantes entre les villes étudiées. L'adoption de
différentes mesures par ces trois pays et l'exposition variable de ces derniers au tourisme
international peuvent expliquer ces différences.
Entradas no índice
Index de mots-clés : secteur hôtelier, COVID-19, Lisbonne, Maputo, São Paulo.
Index by keywords: hotel industry, COVID-19, Lisbon, Maputo, São Paulo.
Índice geográfico: São Paulo-Brasil, Maputo-Moçambique, Lisboa-Portugal.
Índice de palavras-chaves: setor hoteleiro, COVID-19, Lisboa, Maputo, São Paulo.
Texto integral
Visualizar a imagem
Quase logo após a deflagração da pandemia de COVID-19, a hipermobilidade foi
radicalmente interrompida em todo o mundo. Organismos supranacionais ligados ao
setor – como a United Nations World Tourism Organization (UNWTO) e World
Travel & Tourism Council (WTTC), órgãos públicos e privados atuantes em diversos
países e pesquisadores de diferentes áreas passaram a se dedicar à mensuração e à
análise desses impactos a partir de diferentes perspectivas. Abordagens distintas
emergiram, focadas no tema das mobilidades turísticas e, especificamente, em análises
sobre os impactos da pandemia nos lugares economicamente mais dependentes da
atividade turística, na crítica ao modelo global do chamado turismo de massa e nas
possibilidades para sua superação, no tratamento de aspectos geopolíticos, entre outras
aproximações teóricas, metodológicas e temáticas (Dumont, 2020; Mostafanezad,
Cheer e Sin, 2020; Seyfi, Hall e Shabani, 2020; Renaud, 2020; Cheer, 2020; Lew et al.,
2020; Ioannides e Gyimóthy, 2020; Gossling, Scott e Hall, 2021; Seyfi e Hall, 2021;
Falcón et al., 2021; Adey et al., 2021).
1
O desafio de se apreender os impactos da pandemia no turismo, todavia, demanda
uma análise transescalar, considerando as especificidades nacionais, regionais e locais,
assim como aponta para a necessidade de uma abordagem multissetorial, dadas as
particularidades dentro das Atividades Características do Turismo (ACTs)1. Embora a
Organização Mundial do Turismo (OMT, como é conhecida a UNWTO no Brasil) venha
se dedicando, desde o início da pandemia, a organizar informações sobre os impactos
da COVID-19 no setor turístico, o foco tem sido dirigido à evolução geral dos fluxos
internacionais, às perdas em termos de Produto Interno Bruto do Turismo e do
mercado de trabalho na escala mundial e a produzir cenários para a fase de
recuperação. Em se tratando das ACTs, a OMT produziu, nos últimos dois anos, dados
2
https://journals.openedition.org/confins/47908
https://journals.openedition.org/confins/27587
https://journals.openedition.org/confins/12146
https://journals.openedition.org/confins/47913
https://journals.openedition.org/confins/11524
https://journals.openedition.org/confins/47918
https://journals.openedition.org/confins/27602
https://journals.openedition.org/confins/12151
https://journals.openedition.org/confins/47923
https://journals.openedition.org/confins/11529
https://journals.openedition.org/confins/47928
https://journals.openedition.org/confins/47933
https://journals.openedition.org/confins/47938
https://journals.openedition.org/confins/47943
https://journals.openedition.org/confins/27622
https://journals.openedition.org/confins/12121
https://journals.openedition.org/confins/47948
https://journals.openedition.org/confins/11725
https://journals.openedition.org/confins/47969
01/09/2023 09:31 Impactos da pandemia de COVID-19 no setor hoteleiro: os casos de Lisboa, Maputo e São Paulo
https://journals.openedition.org/confins/47903?lang=pt 3/18
Casos de estudo e metodologia
Figura 1. Localização das cidades analisadas.
Organização: Larrabure (2022).
sobre o desempenho dos fluxos aéreos, assim como sobre buscas por hospedagemem
sites especializados. Entretanto, é patente a ausência de uma aproximação mais ampla
no tratamento do setor hoteleiro.
No âmbito da produção acadêmico-científica, muitos pesquisadores, de todo o
mundo, empenharam-se em decifrar os efeitos da pandemia no turismo enquanto
outros se dedicaram a abordar especificamente os impactos sobre a hotelaria, como
Agustina e Yosintha (2020), Jafari, Ozduran e Saydam (2021), Deri (2021), Demir et al.
(2021), Al-Mughariri, Bhascar e Alazri (2021), Shapoval et al. (2021), Bakar, Kiyotaka e
Rosbi (2022), Sousa e Joukes (2022), Kenny e Dutt (2022), Dandotiya e Aggarwal
(2022). No entanto, não há estudos sobre as cidades de Lisboa, Maputo e São Paulo,
selecionadas para este artigo. Assim, a análise apresentada aqui pretende não apenas
contribuir para o entendimento desses casos particulares, mas também trazer uma
contribuição metodológica para abordagens futuras.
3
As três cidades objeto deste estudo – Lisboa, Maputo e São Paulo (Figura 1) –
configuram casos bastante contrastados: situam-se em continentes diferentes, estão sob
governos com orientações e meios de intervenção desiguais, e apresentam
consideráveis diferenças de desenvolvimento econômico e social. Em comum, há o fato
de serem as capitais econômicas e os mais importantes destinos urbanos de turismo
nos respectivos países, mas as disparidades em termos de tamanho, de níveis de
infraestrutura, de diversidade e qualidade das funções que concentram, assim como do
grau de integração na globalização são patentes. Por isso, é pertinente perceber como,
em tão diversos contextos locais, o setor hoteleiro reagiu à pandemia.
4
O município de Lisboa, com uma área de 100 km2 e cerca de 546 mil residentes, é a
cidade-centro de uma Região Metropolitana onde habitam 2,9 milhões de pessoas.
Corresponde à maior aglomeração urbana e à região mais próspera de Portugal, país
que em 2019 ocupava a 38ª posição mundial quanto ao Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH=0,864) (PNUD, 2020). 36,1% do PIB português era gerado na Região de
Lisboa e, na generalidade dos municípios que a formam, o Índice de Poder de Compra
per capita situava-se acima da média nacional, sendo, na cidade-centro, mais de duas
vezes superior a esse valor de referência (INE, 2020). Portugal é uma pequena
5
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economia de serviços extravertida e internacionalizada, dependente do investimento
direto estrangeiro, das exportações e do turismo. Segundo o WTTC, no último ano antes
da pandemia, o turismo contribuía para 16,5% do PIB português, constituindo essa área
metropolitana a primeira região turística do país em número de hóspedes (8,2 milhões,
72,9% dos quais era estrangeiro) e a segunda em número de pernoites (18,7 milhões,
79% compostas por estrangeiros) (INE, 2020). Só o município de Lisboa registrou,
nesse ano, cerca de 14 milhões de pernoites em alojamentos turísticos, 84,1% das quais
eram de estrangeiros. Cabe mencionar que o Valor Acrescentado Bruto, gerado no setor
da hospedagem, restaurantes e similares, ascendeu em 2019 a cerca de US$ 3.788
milhões, empregando oficialmente 130 mil pessoas (8,8% do emprego regional), sendo
que 72,3% desse emprego e 75,4% do volume de negócios desse setor se concentravam
na cidade-centro (INE, 2020).
Moçambique está entre os países com IDH mais baixo do mundo (0,465 em 2019).
Maputo possui apenas 5,4% da população do país, porém, por concentrar a maior parte
dos serviços e sedes dos grupos econômicos e empresas públicas e privadas, é
responsável por 20,2% do PIB de Moçambique. Os setores de comércio, transporte,
comunicações e indústria manufatureira são os mais significativos (PNUD, 2016). O
turismo, por sua vez, contribuiu com apenas 2,4% para o PIB nacional em 2016 (INE,
2017). Maputo é a maior cidade de Moçambique e a capital administrativa, política,
econômica e cultural. Possui uma área de 346,77 km², formando, juntamente com as
cidades de Boane, Matola e o distrito de Marracuene, a única área metropolitana, com
cerca de 3,2 milhões de habitantes (INE, 2018), sendo que 1,1 milhão habita em
Maputo. É referência para o turismo em Moçambique, pois tem as melhores condições
do país em termos de infraestrutura, patrimônio arquitetônico e hotéis renomados.
Ademais, possuía 182 estabelecimentos hoteleiros e similares registrados em 2020,
sendo que 54 deles encontravam-se nas zonas centrais da cidade. O turismo
internacional estava em crescimento antes da pandemia. Em 2019, as receitas do
turismo internacional registraram cerca de US$ 249,3 milhões, contra US$ 241,8
milhões em 2018, representando um acréscimo de 3,1% (DINATUR, 2021).
6
A cidade de São Paulo é a maior capital sul-americana, com 12,3 milhões de
habitantes, distribuídos em uma área de 1.521 km2, e a principal cidade da Região
Metropolitana, de mesmo nome, que tem uma população de cerca de 22 milhões de
habitantes. Trata-se da maior aglomeração urbana do Brasil, que responde sozinha por
10,3% do PIB do país (IBGE, 2021)2. Segundo dados de 2019, o Brasil apresentou um
IDH de 0,765 (PNUD, 2020), 84ª posição no ranking internacional. O Brasil é uma das
maiores economias do mundo, que se destaca pelo desenvolvimento do agronegócio e
pela forte dependência da exportação de commodities agrícolas e minerais. Apesar
disso, é o setor de serviços que responde por cerca de 70% do PIB brasileiro, para o qual
o turismo tem uma tímida contribuição de 3,7% (FGV, 2020). São Paulo é o principal
destino de turismo de negócios e um dos principais destinos de eventos do país. Em
2018, recebeu 15,7 milhões de turistas, 82% deles brasileiros de diferentes regiões, os
quais realizaram gastos da ordem de US$ 3,3 bilhões na cidade, gerando uma
arrecadação de Impostos Sobre Serviços em hotelaria, eventos, agenciamento de
viagens e assemelhados de cerca de US$ 85,2 milhões (SPTURIS, 2019)3.
7
No que concerne aos aspectos metodológicos, este artigo realizou uma análise
comparativa apoiada em dados quantitativos, provenientes, sobretudo, de fontes
secundárias, complementadas por pesquisa de campo, e qualitativos, obtidos em
entrevistas com representantes do setor do turismo.
8
No caso de Lisboa, trabalhou-se com o universo total de estabelecimentos hoteleiros4,
analisando-se 244 unidades. O ponto de partida foi a base oficial de dados sobre
empreendimentos turísticos do Turismo de Portugal (designada Registo Nacional de
Empreendimentos Turísticos), a que se juntaram entrevistas com representantes do
Turismo de Portugal e da Associação Portuguesa de Diretores de Hotéis, além de
consulta telefônica a todos os estabelecimentos.
9
No caso de Maputo, apesar de haver 182 meios de hospedagem registrados na
Direcção Nacional do Turismo (DINATUR), em virtude de não haver uma base de
10
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Mudanças observadas no setor
hoteleiro a partir da pandemia
O caso de Lisboa
dados oficial de informações desagregadas, trabalhou-se com o universo de hotéis
existente no booking.com e no Mozambique Tourism Advisory Service, nos quais foram
identificados 54 hotéis. Por fim, realizou-se um levantamento in loco, para verificar os
empreendimentos novos e encerrados definitivamente. Chegou-se a um total de 56
hotéis estudados. Essas informações foram complementadas com entrevistas com
representantes da Federação Moçambicana de Hotelaria e Turismo (FEMOTUR) e da
Associação dos Agentes de Viagens e Operadores Turísticos de Moçambique.
Em relação a São Paulo, em função do dimensionamento do parque hoteleiro e da
dificuldade para se colher dados sobre os 403 hotéis da cidade, optou-se por uma
amostra representativa de cerca de 40% do total. Definiu-se como ponto de partida o
conjuntode hotéis ligados a uma das mais importantes associações de
empreendimentos turísticos da cidade, a São Paulo Convention & Visitors Bureau
(SBCVB), excluindo-se da listagem empreendimentos do tipo “flat” e “residencial”. A
partir disso, chegou-se a 139 hotéis. Paralelamente, empreendeu-se uma investigação
na rede em busca de fontes secundárias, como artigos de jornais sobre o “impacto da
pandemia no setor hoteleiro”, “fechamento de hotéis” e “rebranding” e,
complementarmente, foi realizada entrevista com representante do Observatório de
Turismo da Cidade de São Paulo. Com isso, somamos outros 20 hotéis não associados à
SBCVB que encerraram atividade e mais 5 novos hotéis inaugurados, totalizando 164
estabelecimentos hoteleiros pesquisados.
11
Acresce aos aspectos metodológicos o levantamento de informações sobre a
localização geográfica dos hotéis analisados, o que possibilitou, por meio da
organização desses dados, o seu georreferenciamento e, consequentemente, a produção
de mapas que sintetizam as mudanças ocorridas nas cidades em estudo.
12
Em Lisboa, até o início da pandemia de COVID-19, o turismo vivia um ciclo de
euforia. A cidade, desde 2009, vinha somando sucessivos prêmios europeus e mundiais
como melhor destino (World Travel Awards, Condé Nast Traveller’s Readers’ Choice
Awards etc.) e tornara-se presença regular, em revistas internacionais e blogs de
viagens e turismo, como um must to go. As viagens aéreas low cost e o desenvolvimento
das plataformas de aluguel de curta duração foram fatores importantes para o
crescimento do turismo em Lisboa nesses anos. Os poderes políticos ajudaram,
investindo em melhorias no ambiente construído e em espaços públicos, que tornaram
a cidade mais atrativa (Barata-Salgueiro, André & Brito-Henriques, 2015), criando
novas infraestruturas e promovendo eventos, e, sobretudo, através de programas de
estímulo ao investimento e de um conjunto de reformas em vários regimes jurídicos
(reabilitação urbana, arrendamento urbano, empreendimentos turísticos, alojamento
local) que, flexibilizando-os, facilitaram novos investimentos no setor imobiliário
relacionados ao turismo. Tudo isso, aliado ao crédito barato, explica a multiplicação dos
empreendimentos hoteleiros, passando de 105 unidades em 2010 para 212 em 2019
(INE, 2019).
13
Hotéis de rede de origem estrangeira estão presentes na oferta de hospedagem de
Lisboa há várias décadas. As primeiras unidades desse tipo foram hotéis de grande
dimensão voltados para o segmento de luxo e vinculados a grupos norte-americanos.
Com o tempo, a presença de grupos europeus foi se tornando mais visível e surgiram
unidades orientadas para segmentos médios do mercado (do upperscale full-service ao
budget limited-service). Espelhado na infraestrutura hoteleira está ainda o
florescimento que vários grupos hoteleiros portugueses tiveram ao longo das duas
14
https://www.facebook.com/pages/category/Local-business/Federa%C3%A7ao-Mo%C3%A7ambicana-de-Hotelaria-e-Turismo-Femotur-483739408738505/
https://www.facebook.com/pages/category/Local-business/Federa%C3%A7ao-Mo%C3%A7ambicana-de-Hotelaria-e-Turismo-Femotur-483739408738505/
01/09/2023 09:31 Impactos da pandemia de COVID-19 no setor hoteleiro: os casos de Lisboa, Maputo e São Paulo
https://journals.openedition.org/confins/47903?lang=pt 6/18
Gráfico 1: Número de pernoites nos hotéis na Área Metropolitana de Lisboa 2019, 2020 e
2021.
Fonte: INE (2021).
últimas décadas. Entre as cadeias mais representadas em Lisboa, no início da
pandemia, estavam no topo três de origem portuguesa: SANA, com 9 hotéis, Turim,
com 8 hotéis, e VIP Hotels, com 7 hotéis, seguidas por uma cadeia de origem
estrangeira, o Ibis, com 6 hotéis. Unidades hoteleiras independentes correspondiam a
39% dos estabelecimentos hoteleiros e asseguravam cerca de 23% dos quartos da
cidade. Dentro desse grupo, predominavam os estabelecimentos de pequena e média
dimensão (15 unidades com até 25 quartos e 65 unidades com 26 a 100 quartos),
correspondendo a formas de oferta muito variadas, desde o budget, o mid-price
limited-service, até ao boutique hotel altamente diferenciado e seletivo, segmento, aliás,
que foi o que mais se desenvolveu nos anos de acentuado crescimento do turismo que
antecederam a pandemia.
Em Portugal, o primeiro caso confirmado de infecção pelo SARS-CoV-2 ocorreu em
02/03/2020. Medidas destinadas a conter a doença, com implicações na mobilidade e
na liberdade econômica, começaram a ser implementadas em 13/03/2020, sendo
agravadas, uma semana depois, com a declaração do Estado de Emergência, que
obrigou ao encerramento de todo o comércio não essencial, impôs o teletrabalho,
fechou equipamentos culturais e de lazer, limitou restaurantes e similares a take away
e restringiu a circulação nas vias públicas. Essas medidas começaram a ser aliviadas a
partir de 04/05/2020, mas, devido às sucessivas ondas da pandemia, o ano e meio que
se seguiu acabou por ser de alternância entre períodos de abertura e de retração da
liberdade de mobilidade, o que impactou inevitavelmente o turismo.
15
Ações políticas destinadas a mitigar as consequências da pandemia sobre as
empresas e o emprego foram implementadas. Destacam-se um regime especial de
layoff – que permitiu assegurar o pagamento de salários, pelo sistema de segurança
social, nas empresas que comprovassem quebra significativa do volume de negócios
imputável à pandemia –, moratórias sobre os arrendamentos e créditos aos bancos,
isenção temporária das contribuições das empresas para a segurança social e linhas
especiais de apoio à tesouraria para micro e pequenas empresas do turismo. Conforme
os entrevistados, essas medidas permitiram que os impactos da crise pandêmica no
setor hoteleiro fossem mitigados, adiando as consequências da quebra de receitas.
16
Os hotéis em Portugal não foram incluídos nas atividades obrigadas a encerrar. No
entanto, o número de pernoites nos hotéis na Região de Lisboa caiu drasticamente a
partir da segunda semana de março, diante das restrições impostas por diversos
estados-membros da UE à mobilidade. Entre abril e maio de 2020, a queda no número
de pernoites foi superior a 95% em comparação com o mesmo período de 2019 (Gráfico
1). Em consequência, a opção de encerrar temporariamente as portas revelou-se, para
muitos hotéis, como a solução mais racional, já que permitiria eliminar os custos de
operação.
17
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https://journals.openedition.org/confins/47903?lang=pt 7/18
Gráfico 2: Estabelecimentos hoteleiros em funcionamento em Lisboa - 2020 a 2021.
Fonte: RNT (2020, 2021) e pesquisa direta (2020, 2021, 2022).
Gráfico 3: Estabelecimentos hoteleiros em funcionamento por tamanho em Lisboa (%) -
2020 e 2021.
Fonte: RNT (2020, 2021) e pesquisa direta (2020, 2021, 2022).
Cerca de ⅔ dos estabelecimentos hoteleiros de Lisboa suspenderam a atividade nos
meses de março e abril de 2020 (Gráfico 2), quando o Estado de Emergência foi
decretado e ocorreu o primeiro confinamento generalizado da população portuguesa.
No entanto, logo a partir de maio, com o início do alívio das restrições e a chegada do
verão do hemisfério norte, os hotéis começaram paulatinamente a reabrir. Em
setembro de 2020, 174 dos 229 hotéis inicialmente existentes em Lisboa estavam em
funcionamento, ainda que parcialmente.
18
Entre setembro de 2020 e fevereiro de 2021, a situação manteve-se instável. O
segundo período de confinamento geral em Portugal (de 22/01 a 15/03/2021), que
correspondeu à pior onda de COVID-19, acabou por ter um efeito menos severo sobre a
atividade da hotelaria. A partir de março de 2021, por fim, foi-se repondo aos poucos a
normalidade, assistindo-se a uma reabertura gradual e progressiva dos
estabelecimentos hoteleiros que tinham suspendido o funcionamento, e inclusive à
inauguração de novos hotéis. Como se observa no Gráfico 2, havia 237 estabelecimentosem funcionamento em dezembro de 2021, número superior ao da pré-pandemia.
19
Percebe-se, analisando o Gráfico 3, que os hotéis de maior dimensão foram os que
acabaram por reagir mais radicalmente ao longo da crise pandêmica, optando, com
maior frequência, pela suspensão da atividade. O fato de terem custos de operação mais
elevados, mas também de ser mais comum a sua integração em cadeias, permitindo-
lhes transferir pessoal para unidades situadas em regiões menos afetadas pela
pandemia, justificou essa situação, segundo entrevistas realizadas.
20
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01/09/2023 09:31 Impactos da pandemia de COVID-19 no setor hoteleiro: os casos de Lisboa, Maputo e São Paulo
https://journals.openedition.org/confins/47903?lang=pt 8/18
Mapa 1: Transformações nos estabelecimentos hoteleiros em Lisboa, em 2020 e 2021.
Fonte: RNT (2020, 2021) e pesquisa direta (2020, 2021, 2022).
Organização: Autores (2022).
O caso de Maputo
Alguns hotéis, como o Inter Continental Lisboa e o Lisbon Marriott Hotel, ensaiaram
experiências de reorientação do produto, adaptando quartos para espaços de trabalho
(room office), na tentativa de atrair usuários que estivessem trabalhando remotamente
e não dispusessem de espaços adequados em suas residências. Porém, conforme a
informação obtida nas entrevistas, não houve demanda para os serviços e tais
iniciativas foram infrutíferas.
21
Apenas um hotel foi encerrado em definitivo no período pandêmico (pequeno hotel
independente), enquanto, em contrapartida, houve 23 hotéis inaugurados na cidade em
2020 e 2021, na sua maioria de porte médio, correspondentes a investimentos que
estavam em preparação no início da pandemia, com crédito aprovado, e que, portanto,
prosseguiram. Outras alterações registradas, mas também limitadas, foram os casos de
13 rebranding que, majoritariamente, corresponderam a mudanças de marca, sem
alteração da sociedade exploradora. De resto, tampouco há sinais de que a estrutura
geográfica da oferta se tenha alterado, uma vez que os novos hotéis continuaram a
preferir as áreas em que já antes havia “clusterização” (Mapa 1).
22
Em Moçambique, o primeiro caso de infecção pelo SARS-CoV-2 foi declarado em
22/03/2020. À semelhança do que se sucedeu em outros países, tiveram de ser
tomadas medidas de restrição de mobilidade para conter a pandemia e, ao longo do
primeiro semestre de 2020, as empresas do setor de turismo, alimentação, catering e
eventos registaram uma drástica redução na procura e nas receitas. Com vistas a
minimizar as perdas, muitos empreendimentos turísticos pelo país optaram por
encerrar ou suspender parcialmente o fornecimento de alguns serviços, resultando na
dispensa de mais de 72% da massa laboral em regime de férias coletivas (CTA, 2021).
23
O governo moçambicano adotou medidas econômicas para apoiar o tecido
empresarial, nomeadamente fiscais e aduaneiras, laborais e financeiras. As medidas
mais importantes foram referentes à dispensa dos pagamentos por conta do Imposto
sobre Rendimento de Pessoas Singulares e Imposto sobre Rendimentos de Pessoas
Colectivas (IRPC), que deveriam ser efetuados nos meses de maio, julho e setembro, e
ao adiamento dos pagamentos especiais IRPC, que deveriam ser efetuados nos meses
24
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Mapa 2: Transformações nos estabelecimentos hoteleiros em Maputo em 2020 e 2021.
de junho, agosto e outubro de 2020, passando para os primeiros meses de 2021
(Decreto n° 23/2020). O governo também reduziu o custo da eletricidade e lançou duas
linhas de financiamento para apoiar a tesouraria e as necessidades de investimento das
empresas.
De modo a reforçar a segurança dos consumidores, o Ministério da Cultura e
Turismo, através do Instituto Nacional do Turismo (INATUR), desenvolveu uma marca
denominada “Selo Limpo e Seguro” (Decreto n° 99/2020), com o objetivo de viabilizar
a retomada das atividades de turismo, através da implementação de medidas adicionais
ao protocolo sanitário emanado pelo Ministério da Saúde.
25
No caso dos hotéis de Maputo, apenas um deixou de funcionar definitivamente.
Outras alterações registradas foram o caso de um rebranding (hotel da rede portuguesa
Tivoli convertido em Onomo (maior grupo africano de hotéis) e o surgimento de 2
novos hotéis de luxo, localizados na baixa de Maputo. Entretanto, de acordo com a
Confederação das Associações Económicas de Moçambique (2020), muitos
empreendimentos hoteleiros tiveram redução de serviços oferecidos ou até mesmo suas
instalações fechadas, total ou parcialmente, por alguns meses.
26
Verificou-se, também, uma redução acentuada nas chegadas internacionais a
Maputo, com diminuição da ordem dos 103 mil passageiros, comparando 2020 com
2019. Fazendo-se uma análise dos pernoites em Maputo, apurou-se um decréscimo de
2019 para 2020, que nesse caso foi da ordem dos 40,4%. O movimento de hóspedes
nacionais e estrangeiros, no ano de 2019, foi de 275.325 hóspedes, sendo que em 2020
caiu para 140.223 (INE, 2021).
27
Em termos de fluxo de turistas, no ano de 2019, Maputo registrou 103.129 hóspedes
nacionais e, em 2020, apenas 71.264. Relativamente ao fluxo de hóspedes estrangeiros,
a cidade recebeu, no ano de 2019, 172.196 e, no ano de 2020, 68.959, notando-se uma
redução de cerca de 60% (DINATUR, 2021). Quanto ao número de pernoites nacionais,
Maputo contou com 159.896 em 2019 e com 116.283 em 2020 (-34,9%). Com essas
reduções, caiu a arrecadação de receitas de cerca de US$ 40.176 para US$ 27.670 em
2020, uma diferença de pouco mais de US$ 12.504.
28
Em relação às receitas do turismo internacional, em 2020, foram de US$ 53,07
milhões contra US$ 249,3 milhões em 2019. Dados relativos a Maputo revelam um
decréscimo de receitas de 31,12%.
29
Do total de 69.178 trabalhadores formais existentes, em todo o país, no setor
turístico, foram afetados 12.363 no ano de 2020, o correspondente a cerca de 17,8%.
Esse número refere-se tanto aos trabalhadores que foram definitivamente demitidos
quanto aos que tiveram seu salário reduzido ou foram suspensos temporariamente.
Maputo foi onde houve um maior número de trabalhadores afetados, com 2.520, ou
seja, o equivalente a 34,5% da massa trabalhadora (DPCTs apud DINATUR, 2021).
Como se apurou em entrevista com a FEMOTUR, muitos estabelecimentos foram
compelidos a dispensar colaboradores e reorganizar as equipes, como forma de
minimizar custos e encontrar um equilíbrio nas contas.
30
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Fonte: Booking.com (2022). Organização: Autores (2022).
O caso de São Paulo
Foram poucas as transformações estruturais ocorridas na hotelaria em termos
geográficos (Mapa 2), o que pode indicar, em certa medida, o sucesso das políticas de
renúncia fiscal praticadas pelo governo central.
31
A hotelaria de São Paulo caracteriza-se pela presença marcante de redes nacionais e
internacionais de hotéis, as quais dominam o mercado de hospedagem. Quanto à
distribuição geográfica dos meios de hospedagem pelo município, há uma sensível
concentração no chamado “Centro Expandido” da cidade (Figura 4), uma área com
189,6 km2 que abrange o Centro Histórico e bairros do seu entorno, que concentram
infraestruturas, serviços e equipamentos culturais e de lazer.
32
Entre as redes hoteleiras internacionais que atuam em São Paulo, destacam-se a
francesa Accor, com 41 hotéis, e as operadoras multimarcas brasileiras Atlântica Hotels
International/Transamérica Hospitality Group (as quais integraram operações a partir
de novembro de 2021), com 31 empreendimentos, ou seja, as duas empresasadministram quase ⅕ do total dos hotéis da cidade. Os outros cerca de 80% são
propriedades e/ou são administrados por redes brasileiras com atuação nacional ou
internacional5, e por redes estrangeiras6. Outras redes nacionais e estrangeiras também
se fazem presentes na hotelaria paulistana, por vezes, com um único empreendimento,
como é o caso do grupo norte-americano Hyatt, do grupo português Portobay Hotels &
Resorts, do grupo alemão Oetker Collection7 e do Hotel Unique, empreendimento único
e pertencente a um empresário brasileiro. Todos esses empreendimentos são de alto
luxo.
33
Destaque-se, também, a inauguração de 5 novos hotéis na cidade, entre 2020 e 2021:
apenas um do tipo econômico, um deles qualificado como de "ultra luxo" e outros 3 de
luxo, o que reforça a capacidade financeira desse tipo de empreendimento para superar
efeitos de crises graves como a produzida pela pandemia.
34
Tal como se passara em outros lugares, as ACTs foram duramente afetadas pelos
efeitos da pandemia, no Brasil e na cidade de São Paulo, a partir da decretação, pelo
governo federal, em 20/03/2020, de um Estado de Calamidade Pública. Em
22/03/2020, o governo do estado de São Paulo decretou a primeira quarentena, que
restringiu a circulação de pessoas e determinou o fechamento do comércio e dos
serviços, exceto os essenciais (p.ex., padarias, supermercados, farmácias e postos de
combustível). A partir daí, foram sucessivos decretos de restrição de mobilidade e de
35
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Gráfico 4: Taxa de ocupação hoteleira em São Paulo – 2019, 2020, 2021.
Fonte: SPTuris (2022).
Mapa 3: Transformações nos estabelecimentos hoteleiros em São Paulo, em 2020 e 2021.
funcionamento do comércio e dos serviços até o mês de agosto de 2021. A essas
normativas federais e estaduais somaram-se resoluções tomadas em âmbito municipal,
as quais, de um modo geral, reforçaram as restrições impostas pelos decretos estaduais.
No âmbito federal, apesar de o Decreto n° 10.282/2020 ter considerado os serviços
de hospedagem essenciais, as empresas padeceram, durante longos períodos, com a
ausência de demanda, o que provocou fechamentos temporários ou mesmo o
encerramento definitivo de atividades em alguns casos (Gráfico 4).
36
Segundo pesquisa realizada pelo Observatório de Turismo de São Paulo para 2020, o
período mais crítico para o setor de hospedagem teria se dado entre os dias 27/04 e
03/05, quando apenas 34,3% dos hotéis da cidade estavam abertos. O resultado disso
está expresso na perda de 13,9% no valor da diária média e de 64,4% na RevPar8
(SPTuris, 2021).
37
Esse quadro desolador levou o governo do estado de São Paulo a criar uma política de
renúncia fiscal e de auxílio financeiro para os segmentos de hospedagem e de
alimentação, com desembolsos da ordem de US$ 30 milhões, entre março de 2020 e
março de 2022 (São Paulo, 2022)9.
38
Fechamentos temporários e definitivos de hotéis e congêneres (pousadas e hostels)
foram inevitáveis durante a pandemia e outras mudanças ocorreram no setor, como
trocas de gestão de empreendimentos, novas alianças entre empresas administradoras
de hotéis e novas parceiras, processos de rebranding e utilização do room office, uma
ressignificação do uso dos quartos de hotel, em busca da manutenção mínima
necessária das taxas de ocupação.
39
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Fonte: Autores (2022). Organização: Autores (2022).
A amostra escolhida para a análise traz revelações importantes sobre impactos da
pandemia de COVID-19 na hotelaria paulistana. Uma delas é a de que os hotéis do tipo
medium e upscale10, independentemente do número de quartos, subsistiram à crise,
com raras exceções, apesar de acumularem fortes perdas financeiras no período.
40
Apenas 3 dos 24 empreendimentos que encerraram atividades entre março de 2020 e
dezembro de 2021 são de médio ou alto padrão. Um deles é o então único hotel da rede
canadense Four Seasons Hotels and Resorts, fechado a partir de dezembro de 2020,
apenas dois anos apos o início das atividades na cidade (cerca de 9 meses mais tarde,
em setembro de 2021, o edifício ocupado pelo Four Seasons foi convertido para a Rede
Marriot); outro é o Matsubara Hotel, pertencente a uma pequena rede brasileira de
hotéis11, fechado definitivamente em 01/04/2021; e, por fim, o Maksoud Plaza,
considerado um ícone da hotelaria da cidade e que encerrou atividades em 07/12/2021,
após 42 anos de atuação12.
41
No campo da gestão, destaca-se a integração das operações entre duas das maiores
operadoras hoteleiras do país, a Atlantica Hospitality International e o Transamerica
Hospitality Group, ocorrida em novembro de 2021 e da qual resultou uma posição de
destaque em São Paulo, com a administração de 31 hotéis, atrás apenas da Rede Accor,
com 41.
42
Em se tratando de processos de rebranding, destaca-se o caso da Rede Meliá, que
lançou, no Brasil, em plena pandemia, a “Affliated by Meliá”, criada pela empresa em
2007 (proposta voltada para unir lazer e trabalho), mas com o primeiro hotel
convertido na cidade de São Paulo apenas em outubro de 2020.
43
O desenvolvimento de espaços de hospedagem, que incorporam necessidades de
lazer e de trabalho, foi também ressignificado durante as fases mais críticas da
pandemia, colocando-se como uma saída a criação dos chamados room office, quartos
convertidos em escritórios, que ofereceram ambientes individuais, com mobília e
acesso à internet, demandas básicas de muitos trabalhadores nos períodos de home-
office. A Rede Accor foi pioneira nessa iniciativa, em São Paulo, a partir do mês de maio
de 202013. Embora a empresa tenha previsto o uso desse expediente apenas de forma
temporária, o tempo parece ter mostrado que esse se tornou um bom negócio. O room
office consolidou-se como mais um tipo de serviço oferecido pela Accor, mesmo após o
arrefecimento da pandemia e a retomada praticamente integral de atividades.
44
Ainda no campo dos desdobramentos da pandemia no setor hoteleiro paulistano,
cabe menção à parceria, então inédita no Brasil e rara no mundo, entre a Associação
Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), do estado de São Paulo, e o AirBnb, por meio
de um “Memorando de Entendimentos”, ocorrida em outubro de 2020. O acordo
45
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Tabela 1: Síntese das transformações ocorridas nos empreendimentos hoteleiros das
cidades analisadas.
Organização: Autores (2022).
ampara-se em cinco pilares: comercial, inteligência de mercado, qualificação para
sustentabilidade, promoção turística e melhores práticas.
Considerações finais46
A Tabela 1, a seguir, sintetiza as principais transformações ocorridas no setor
hoteleiro das cidades de Lisboa, Maputo e São Paulo.
47
Cidade Lisboa Maputo São Paulo Total
Encerrados 1 1 24 26
Convertidos para residencial 0 0 2 2
Rebrading 13 1 11 25
Novos 23 2 5 30
Sem alterações 207 50 122 379
Total de hotéis analisados 244 54 164 462
Como se pode notar, há diferenças significativas entre uma cidade e outra, o que
reforça a ideia de que embora, em uma escala mundial, o setor turístico, em geral, e o
setor hoteleiro, especificamente, tenham sido fortemente atingidos, os impactos da
crise não se fizeram sentir em todos os lugares da mesma forma. A análise dos impactos
da pandemia sobre o setor hoteleiro, a partir dos casos de Lisboa, Maputo e São Paulo,
reforça a compreensão inicial deste trabalhosobre a importância de abordagens
focadas na escala local para um melhor entendimento dos efeitos da pandemia sobre o
setor em escala global.
48
Como se mostrou, a hotelaria foi duramente atingida nas três localidades, mas as
respostas dos setores público e privado em cada uma delas foram sensivelmente
distintas. Enquanto, em Lisboa e Maputo, apenas 1 hotel – em cada capital – encerrou
atividades, em São Paulo, foram mais de duas dezenas, 75% deles hotéis populares, com
preços acessíveis e em geral não pertencentes a redes.
49
No caso de Lisboa, a posição da cidade na geografia do turismo europeu, somada às
políticas públicas de incentivo ao setor ao longo de 2020 e 2021, ajudam a explicar a
resiliência da hotelaria pré-existente e, inclusive, o número surpreendente de 28
inaugurações no período, apontando para uma tendência prévia de crescimento do
setor. É importante recordar, contudo, que as medidas de auxílio ao setor basicamente
criaram uma “almofada” temporária para amortecer o impacto da crise da procura,
reduzindo os custos operativos e diferindo os encargos das empresas. Não houve
subsídios nem outras ajudas a fundo perdido. As moratórias e linhas de crédito especial
de apoio à tesouraria ajudaram a amortecer no imediato as quebras brutais de receita,
mas, com isso, agravaram-se as dívidas das empresas. Por isso, é possível que as
dificuldades estejam para vir agora que terminou o Período de moratórias e do lay-off
extraordinário.
50
Em Maputo, o setor hoteleiro sofreu poucas mudanças, seja no número de
encerramentos, de rebrading ou de abertura de novos hotéis. Acredita-se que isso seja
reflexo das medidas impostas pelo governo para minimizar os impactos da pandemia,
na forma de renúncia fiscal, principalmente. Contudo, a pandemia teve impactos
pesados sobre os trabalhadores do setor, duramente afetados por afastamentos sem
remuneração por longos períodos.
51
Em São Paulo, a despeito das políticas públicas de apoio à hotelaria advindas das
instâncias governamentais federal e estadual, evidencia-se a ineficiência dessas
políticas no atendimento a demandas de empreendimentos com baixa capacidade de
endividamento. Conforme a Confederação Nacional do Comércio, mais de 3 mil hotéis,
52
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Bibliografia
hostels e pousadas fecharam em todo o Brasil, refletindo o dado geral de que 87% dos
empreendimentos comerciais fechados em 2020 eram micro ou pequenos negócios14.
Interessante notar que os fechamentos definitivos de hotéis em São Paulo encontram-se
relativamente difusos pelo território, demonstrando que a localização geográfica não é
capaz de explicar o encerramento de atividades desses empreendimentos, ainda que um
certo distanciamento de clusters de negócios, de compras e de turismo possa ter
influenciado em alguma medida a derrocada. A quantidade de estabelecimentos
hoteleiros fechados definitivamente na cidade aponta também para o grave impacto da
pandemia sobre o trabalho no turismo em geral e não apenas na hotelaria
especificamente, considerando-se tanto os trabalhadores diretos, que perderam seus
postos de trabalho com o encerramento das atividades, como o efeito em cadeia sobre
trabalhadores de empresas prestadoras de serviços para esses empreendimentos.
Por fim, a análise dos casos abordados aponta para a necessidade de expansão e
aprofundamento dos estudos sobre impactos da pandemia no turismo em geral a partir
de diferentes escalas e sobre as diferentes atividades que o caracterizam, único caminho
possível para se qualificar adequadamente esses impactos e, quiçá, contribuir para a
formulação de políticas públicas voltadas à superação da crise no setor.
53
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http://dx.doi.org/10.1080/09669582.2020.1758708
http://dx.doi.org/10.1177/14673584211034525
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Notas
Índice das ilustrações
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https://observatoriodeturismo.com.br/pdf/relatório_covid-19_2020.pdf. Acesso em 30 de abril
de 2022.
1 São consideradas ACTs: alojamento; alimentação; transporte aéreo; transporte terrestre;
transporte aquaviário; agências de viagem; aluguel de transporte; e cultura e lazer.
2 Disponível em https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/sao-paulo/pesquisa/38/47001?
tipo=ranking. Acesso em 20 de junho de 2022.
3 Conforme pesquisa realizada pelo Observatório de Turismo da SPTuris em 2015. Disponível
em: https://www.observatoriodoturismo.com.br/pdf/DADOS_FATOS_2019.pdf. Acesso em 20
de abril de 2022.
4 De acordo com o Regime Jurídico dos Empreendimentos Turísticos (RJET),Decreto-Lei n.º
80/2017, consideram-se estabelecimentos hoteleiros os hotéis propriamente ditos, os hotéis-
apartamentos (hotéis cuja unidade de alojamento é o apartamento), e as Pousadas. Apartamentos
turísticos, o equivalente brasileiro ao “flat”, formam uma categoria de empreendimentos
turísticos à parte.
5 Como as redes Intercity, com 8 hotéis, Estanplaza, com 7, Blue Tre, com 5, Slaviero, com 5 e
Astron, com 3.
6 Como as norte-americanas Whyndham, com 7 hotéis, Radisson Group, com 5, Marriott, com
3 e a espanhola Meliá Hotels International, com 5.
7 Respectivamente, Grand Hyatt Hotel, L'Hotel PortoBay SP, Hotel Palácio Tangará.
8 RevPar, o inglês "revenue per available room" significa "receita por quarto disponível".
9 Fonte: https://www.desenvolvesp.com.br/comunicacao/releases/desenvolve-sp-financia-r-
1485-milhoes-para-auxiliar-setores-de-turismo-e-gastronomia-na-pandemia/. Acesso em: 13
maio 2022.
10 Forma de segmentação do mercado de hospedagem segundo a qual se considera
midscale/upscale hotéis que oferecem maior conforto aos hóspedes, com quartos amplos, e
incluem equipamentos como restaurante, piscina e áreas de lazer.
11 A rede Matsubara mantém outros 3 hotéis em operação, 2 na cidade de Campos do Jordão,
interior do estado de São Paulo, e 1 na cidade de Maceió, capital de Alagoas.
12 O Maksoud Plaza Hotel vinha acumulando dificuldades financeiras e de gestão há vários
anos e que, portanto, a crise imposta pela pandemia teria operado como uma espécie de “pá de
cal” a selar o destino do empreendimento. Segundo especialistas, a crise vivenciada pelo hotel
anos antes da pandemia seria derivada da sobreoferta de meios de hospedagem em São Paulo,
decorrente da chegada de redes internacionais ao mercado local e da expansão de redes nacionais
e de equipamentos do tipo flat (Kutuchian, 2016).
13 Fonte: https://investnews.com.br/negocios/room-office-a-saida-para-o-setor-hoteleiro-na-
pandemia/. Acesso em: 18 abr. 2022.
14 Fonte: https://www.hoteliernews.com.br/cnc-pandemia-fechou-mais-de-3-mil-hoteis-em-
2020/. Acesso em 13 de maio de 2022.
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http://data.dre.pt/eli/dec-lei/80/2017/06/30/p/dre/pt/html
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01/09/2023 09:31 Impactos da pandemia de COVID-19 no setor hoteleiro: os casos de Lisboa, Maputo e São Paulo
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Título Figura 1. Localização das cidades analisadas.
Créditos Organização: Larrabure (2022).
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1.jpg
Ficheiro image/jpeg, 135k
Título Gráfico 1: Número de pernoites nos hotéis na Área Metropolitana de
Lisboa 2019, 2020 e 2021.
Créditos Fonte: INE (2021).
URL http://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/47903/img-
2.png
Ficheiro image/png, 46k
Título Gráfico 2: Estabelecimentos hoteleiros em funcionamento em Lisboa -
2020 a 2021.
Créditos Fonte: RNT (2020, 2021) e pesquisa direta (2020, 2021, 2022).
URL http://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/47903/img-
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Ficheiro image/png, 48k
Título Gráfico 3: Estabelecimentos hoteleiros em funcionamento por tamanho
em Lisboa (%) - 2020 e 2021.
Créditos Fonte: RNT (2020, 2021) e pesquisa direta (2020, 2021, 2022).
URL http://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/47903/img-
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Ficheiro image/png, 68k
Título Mapa 1: Transformações nos estabelecimentos hoteleiros em Lisboa,
em 2020 e 2021.
Créditos Fonte: RNT (2020, 2021) e pesquisa direta (2020, 2021, 2022).
URL http://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/47903/img-
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Ficheiro image/png, 5,1M
Título Mapa 2: Transformações nos estabelecimentos hoteleiros em Maputo
em 2020 e 2021.
Créditos Fonte: Booking.com (2022). Organização: Autores (2022).
URL http://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/47903/img-
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Ficheiro image/png, 3,9M
Título Gráfico 4: Taxa de ocupação hoteleira em São Paulo – 2019, 2020,
2021.
Créditos Fonte: SPTuris (2022).
URL http://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/47903/img-
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Ficheiro image/png, 25k
Título Mapa 3: Transformações nos estabelecimentos hoteleiros em São
Paulo, em 2020 e 2021.
Créditos Fonte: Autores (2022). Organização: Autores (2022).
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Ficheiro image/png, 5,3M
Para citar este artigo
Referência eletrónica
Rita de Cássia Ariza da Cruz, Eduardo Brito-Henriques, Sara Larrabure e Dário Manuel
Isidoro Chundo, «Impactos da pandemia de COVID-19 no setor hoteleiro: os casos de Lisboa,
Maputo e São Paulo», Confins [Online], 56 | 2022, posto online no dia 07 novembro 2022,
consultado o 01 setembro 2023. URL: http://journals.openedition.org/confins/47903; DOI:
https://doi.org/10.4000/confins.47903
https://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/47903/img-1.jpg
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Autores
Rita de Cássia Ariza da Cruz
Universidade de São Paulo (USP), ritacruz@usp.br
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de rajeunir
Geography is an old lady who, through successive metamorphoses, never ceases to
rejuvenate
Publicado em Confins, 32 | 2017
Eduardo Brito-Henriques
Universidade de Lisboa, eduardo@edu.ulisboa.pt
Sara Larrabure
Universidade de Lisboa, sarapl@gmail.com
Dário Manuel Isidoro Chundo
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https://journals.openedition.org/confins/47093
https://journals.openedition.org/confins/26416
https://journals.openedition.org/confins/25847
https://journals.openedition.org/confins/13707
https://journals.openedition.org/confins/13334
https://journals.openedition.org/confins/12312
https://journals.openedition.org/confins/12168
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