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01/09/2023 09:31 Impactos da pandemia de COVID-19 no setor hoteleiro: os casos de Lisboa, Maputo e São Paulo https://journals.openedition.org/confins/47903?lang=pt 1/18 Confins Revue franco-brésilienne de géographie / Revista franco-brasilera de geografia 56 | 2022 Número 56 Dossiê Turismo em tempo de Covid Impactos da pandemia de COVID- 19 no setor hoteleiro: os casos de Lisboa, Maputo e São Paulo Impacts of the COVID-19 pandemic on the hotel industry: the cases of Lisbon, Maputo and São Paulo Impacts de la pandémie de COVID-19 sur le secteur hôtelier : les cas de Lisbonne, Maputo et São Paulo RITA DE CÁSSIA ARIZA DA CRUZ, EDUARDO BRITO-HENRIQUES, SARA LARRABURE E DÁRIO MANUEL ISIDORO CHUNDO https://doi.org/10.4000/confins.47903 Resumos Português English Français Este artigo tem por objetivo fazer uma análise exploratória das mudanças observadas no setor hoteleiro em três cidades de três países e continentes diferentes. Complementando informação proveniente de bases de dados oficiais, de pesquisa direta junto dos estabelecimentos hoteleiros e dos sites dos hotéis, além de entrevistas com representantes do setor, inventariam-se e analisam- se as mudanças observadas na oferta hoteleira em Lisboa (Portugal), Maputo (Moçambique) e São Paulo (Brasil), entre 2020 e 2021. Os resultados mostram que a suspensão da atividade, com encerramento temporário nos períodos mais críticos da pandemia, e a redução parcial da oferta para diminuir os custos operacionais foram as estratégias mais comuns seguidas pela hotelaria nas três cidades, com consequências como perda de emprego. Outras mudanças de caráter mais estrutural, como processos de rebranding e encerramento definitivo de hotéis, encontraram variações significativas entre as cidades estudadas, o que em parte se deve à adoção de políticas diferentes nos vários países e a exposição variável dessas localidades ao turismo internacional. This paper seeks to do an exploratory analysis of the changes observed in the hotel sector in three cities in three different countries and continents. Joining information from official databases, direct survey in hotels and hotel websites, and interviews with industry representatives, an inventory and analysis of the changes observed in hotel supply in Lisbon (Portugal), Maputo (Mozambique) and São Paulo (Brazil) throughout 2020 and 2021 is made. Results show that suspension of activity, with temporary closure during the most critical periods of the pandemic, and partial reduction of supply to reduce operational costs, were the most common strategies followed by hotels in the three cities, with consequences in job losses. Other changes of a more structural nature, such as rebranding processes and permanent closure of hotels found significant variations among the cities studied. The adoption of different policy measures in the http://journals.openedition.org/confins https://journals.openedition.org/confins/47093 https://doi.org/10.4000/confins.47903 javascript:; https://journals.openedition.org/ 01/09/2023 09:31 Impactos da pandemia de COVID-19 no setor hoteleiro: os casos de Lisboa, Maputo e São Paulo https://journals.openedition.org/confins/47903?lang=pt 2/18 various countries and their varying exposure to international tourism explain partly these differences. Cet article vise à faire une analyse exploratoire des mutations observées au sein du secteur hôtelier dans trois villes de trois pays et continents différents. En associant les informations provenant des bases de données officielles, les collectes auprès des établissements hôteliers et pages internet des hôtels aux entretiens conduits auprès des représentants du secteur, les changements observés dans l'offre hôtelière à Lisbonne (Portugal), à Maputo (Mozambique) et à São Paulo (Brésil) sont inventoriés et analysés pour la période comprise entre 2020 et 2021. Les regards croisés sur les différentes sources indiquent la suspension de l'activité et la réduction partielle de l'offre à des fins de réduction les coûts d'exploitation comme stratégies courantes suivies par les hôtels dans les trois villes. Ces deux démarches ont eu des incidences négatives sur l’emploi. Des changements plus structurels, tels que les processus de rebranding et la fermeture définitive des hôtels présentent des variations importantes entre les villes étudiées. L'adoption de différentes mesures par ces trois pays et l'exposition variable de ces derniers au tourisme international peuvent expliquer ces différences. Entradas no índice Index de mots-clés : secteur hôtelier, COVID-19, Lisbonne, Maputo, São Paulo. Index by keywords: hotel industry, COVID-19, Lisbon, Maputo, São Paulo. Índice geográfico: São Paulo-Brasil, Maputo-Moçambique, Lisboa-Portugal. Índice de palavras-chaves: setor hoteleiro, COVID-19, Lisboa, Maputo, São Paulo. Texto integral Visualizar a imagem Quase logo após a deflagração da pandemia de COVID-19, a hipermobilidade foi radicalmente interrompida em todo o mundo. Organismos supranacionais ligados ao setor – como a United Nations World Tourism Organization (UNWTO) e World Travel & Tourism Council (WTTC), órgãos públicos e privados atuantes em diversos países e pesquisadores de diferentes áreas passaram a se dedicar à mensuração e à análise desses impactos a partir de diferentes perspectivas. Abordagens distintas emergiram, focadas no tema das mobilidades turísticas e, especificamente, em análises sobre os impactos da pandemia nos lugares economicamente mais dependentes da atividade turística, na crítica ao modelo global do chamado turismo de massa e nas possibilidades para sua superação, no tratamento de aspectos geopolíticos, entre outras aproximações teóricas, metodológicas e temáticas (Dumont, 2020; Mostafanezad, Cheer e Sin, 2020; Seyfi, Hall e Shabani, 2020; Renaud, 2020; Cheer, 2020; Lew et al., 2020; Ioannides e Gyimóthy, 2020; Gossling, Scott e Hall, 2021; Seyfi e Hall, 2021; Falcón et al., 2021; Adey et al., 2021). 1 O desafio de se apreender os impactos da pandemia no turismo, todavia, demanda uma análise transescalar, considerando as especificidades nacionais, regionais e locais, assim como aponta para a necessidade de uma abordagem multissetorial, dadas as particularidades dentro das Atividades Características do Turismo (ACTs)1. Embora a Organização Mundial do Turismo (OMT, como é conhecida a UNWTO no Brasil) venha se dedicando, desde o início da pandemia, a organizar informações sobre os impactos da COVID-19 no setor turístico, o foco tem sido dirigido à evolução geral dos fluxos internacionais, às perdas em termos de Produto Interno Bruto do Turismo e do mercado de trabalho na escala mundial e a produzir cenários para a fase de recuperação. Em se tratando das ACTs, a OMT produziu, nos últimos dois anos, dados 2 https://journals.openedition.org/confins/47908 https://journals.openedition.org/confins/27587 https://journals.openedition.org/confins/12146 https://journals.openedition.org/confins/47913 https://journals.openedition.org/confins/11524 https://journals.openedition.org/confins/47918 https://journals.openedition.org/confins/27602 https://journals.openedition.org/confins/12151 https://journals.openedition.org/confins/47923 https://journals.openedition.org/confins/11529 https://journals.openedition.org/confins/47928 https://journals.openedition.org/confins/47933 https://journals.openedition.org/confins/47938 https://journals.openedition.org/confins/47943 https://journals.openedition.org/confins/27622 https://journals.openedition.org/confins/12121 https://journals.openedition.org/confins/47948 https://journals.openedition.org/confins/11725 https://journals.openedition.org/confins/47969 01/09/2023 09:31 Impactos da pandemia de COVID-19 no setor hoteleiro: os casos de Lisboa, Maputo e São Paulo https://journals.openedition.org/confins/47903?lang=pt 3/18 Casos de estudo e metodologia Figura 1. Localização das cidades analisadas. Organização: Larrabure (2022). sobre o desempenho dos fluxos aéreos, assim como sobre buscas por hospedagemem sites especializados. Entretanto, é patente a ausência de uma aproximação mais ampla no tratamento do setor hoteleiro. No âmbito da produção acadêmico-científica, muitos pesquisadores, de todo o mundo, empenharam-se em decifrar os efeitos da pandemia no turismo enquanto outros se dedicaram a abordar especificamente os impactos sobre a hotelaria, como Agustina e Yosintha (2020), Jafari, Ozduran e Saydam (2021), Deri (2021), Demir et al. (2021), Al-Mughariri, Bhascar e Alazri (2021), Shapoval et al. (2021), Bakar, Kiyotaka e Rosbi (2022), Sousa e Joukes (2022), Kenny e Dutt (2022), Dandotiya e Aggarwal (2022). No entanto, não há estudos sobre as cidades de Lisboa, Maputo e São Paulo, selecionadas para este artigo. Assim, a análise apresentada aqui pretende não apenas contribuir para o entendimento desses casos particulares, mas também trazer uma contribuição metodológica para abordagens futuras. 3 As três cidades objeto deste estudo – Lisboa, Maputo e São Paulo (Figura 1) – configuram casos bastante contrastados: situam-se em continentes diferentes, estão sob governos com orientações e meios de intervenção desiguais, e apresentam consideráveis diferenças de desenvolvimento econômico e social. Em comum, há o fato de serem as capitais econômicas e os mais importantes destinos urbanos de turismo nos respectivos países, mas as disparidades em termos de tamanho, de níveis de infraestrutura, de diversidade e qualidade das funções que concentram, assim como do grau de integração na globalização são patentes. Por isso, é pertinente perceber como, em tão diversos contextos locais, o setor hoteleiro reagiu à pandemia. 4 O município de Lisboa, com uma área de 100 km2 e cerca de 546 mil residentes, é a cidade-centro de uma Região Metropolitana onde habitam 2,9 milhões de pessoas. Corresponde à maior aglomeração urbana e à região mais próspera de Portugal, país que em 2019 ocupava a 38ª posição mundial quanto ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH=0,864) (PNUD, 2020). 36,1% do PIB português era gerado na Região de Lisboa e, na generalidade dos municípios que a formam, o Índice de Poder de Compra per capita situava-se acima da média nacional, sendo, na cidade-centro, mais de duas vezes superior a esse valor de referência (INE, 2020). Portugal é uma pequena 5 https://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/47903/img-1-small580.jpg 01/09/2023 09:31 Impactos da pandemia de COVID-19 no setor hoteleiro: os casos de Lisboa, Maputo e São Paulo https://journals.openedition.org/confins/47903?lang=pt 4/18 economia de serviços extravertida e internacionalizada, dependente do investimento direto estrangeiro, das exportações e do turismo. Segundo o WTTC, no último ano antes da pandemia, o turismo contribuía para 16,5% do PIB português, constituindo essa área metropolitana a primeira região turística do país em número de hóspedes (8,2 milhões, 72,9% dos quais era estrangeiro) e a segunda em número de pernoites (18,7 milhões, 79% compostas por estrangeiros) (INE, 2020). Só o município de Lisboa registrou, nesse ano, cerca de 14 milhões de pernoites em alojamentos turísticos, 84,1% das quais eram de estrangeiros. Cabe mencionar que o Valor Acrescentado Bruto, gerado no setor da hospedagem, restaurantes e similares, ascendeu em 2019 a cerca de US$ 3.788 milhões, empregando oficialmente 130 mil pessoas (8,8% do emprego regional), sendo que 72,3% desse emprego e 75,4% do volume de negócios desse setor se concentravam na cidade-centro (INE, 2020). Moçambique está entre os países com IDH mais baixo do mundo (0,465 em 2019). Maputo possui apenas 5,4% da população do país, porém, por concentrar a maior parte dos serviços e sedes dos grupos econômicos e empresas públicas e privadas, é responsável por 20,2% do PIB de Moçambique. Os setores de comércio, transporte, comunicações e indústria manufatureira são os mais significativos (PNUD, 2016). O turismo, por sua vez, contribuiu com apenas 2,4% para o PIB nacional em 2016 (INE, 2017). Maputo é a maior cidade de Moçambique e a capital administrativa, política, econômica e cultural. Possui uma área de 346,77 km², formando, juntamente com as cidades de Boane, Matola e o distrito de Marracuene, a única área metropolitana, com cerca de 3,2 milhões de habitantes (INE, 2018), sendo que 1,1 milhão habita em Maputo. É referência para o turismo em Moçambique, pois tem as melhores condições do país em termos de infraestrutura, patrimônio arquitetônico e hotéis renomados. Ademais, possuía 182 estabelecimentos hoteleiros e similares registrados em 2020, sendo que 54 deles encontravam-se nas zonas centrais da cidade. O turismo internacional estava em crescimento antes da pandemia. Em 2019, as receitas do turismo internacional registraram cerca de US$ 249,3 milhões, contra US$ 241,8 milhões em 2018, representando um acréscimo de 3,1% (DINATUR, 2021). 6 A cidade de São Paulo é a maior capital sul-americana, com 12,3 milhões de habitantes, distribuídos em uma área de 1.521 km2, e a principal cidade da Região Metropolitana, de mesmo nome, que tem uma população de cerca de 22 milhões de habitantes. Trata-se da maior aglomeração urbana do Brasil, que responde sozinha por 10,3% do PIB do país (IBGE, 2021)2. Segundo dados de 2019, o Brasil apresentou um IDH de 0,765 (PNUD, 2020), 84ª posição no ranking internacional. O Brasil é uma das maiores economias do mundo, que se destaca pelo desenvolvimento do agronegócio e pela forte dependência da exportação de commodities agrícolas e minerais. Apesar disso, é o setor de serviços que responde por cerca de 70% do PIB brasileiro, para o qual o turismo tem uma tímida contribuição de 3,7% (FGV, 2020). São Paulo é o principal destino de turismo de negócios e um dos principais destinos de eventos do país. Em 2018, recebeu 15,7 milhões de turistas, 82% deles brasileiros de diferentes regiões, os quais realizaram gastos da ordem de US$ 3,3 bilhões na cidade, gerando uma arrecadação de Impostos Sobre Serviços em hotelaria, eventos, agenciamento de viagens e assemelhados de cerca de US$ 85,2 milhões (SPTURIS, 2019)3. 7 No que concerne aos aspectos metodológicos, este artigo realizou uma análise comparativa apoiada em dados quantitativos, provenientes, sobretudo, de fontes secundárias, complementadas por pesquisa de campo, e qualitativos, obtidos em entrevistas com representantes do setor do turismo. 8 No caso de Lisboa, trabalhou-se com o universo total de estabelecimentos hoteleiros4, analisando-se 244 unidades. O ponto de partida foi a base oficial de dados sobre empreendimentos turísticos do Turismo de Portugal (designada Registo Nacional de Empreendimentos Turísticos), a que se juntaram entrevistas com representantes do Turismo de Portugal e da Associação Portuguesa de Diretores de Hotéis, além de consulta telefônica a todos os estabelecimentos. 9 No caso de Maputo, apesar de haver 182 meios de hospedagem registrados na Direcção Nacional do Turismo (DINATUR), em virtude de não haver uma base de 10 01/09/2023 09:31 Impactos da pandemia de COVID-19 no setor hoteleiro: os casos de Lisboa, Maputo e São Paulo https://journals.openedition.org/confins/47903?lang=pt 5/18 Mudanças observadas no setor hoteleiro a partir da pandemia O caso de Lisboa dados oficial de informações desagregadas, trabalhou-se com o universo de hotéis existente no booking.com e no Mozambique Tourism Advisory Service, nos quais foram identificados 54 hotéis. Por fim, realizou-se um levantamento in loco, para verificar os empreendimentos novos e encerrados definitivamente. Chegou-se a um total de 56 hotéis estudados. Essas informações foram complementadas com entrevistas com representantes da Federação Moçambicana de Hotelaria e Turismo (FEMOTUR) e da Associação dos Agentes de Viagens e Operadores Turísticos de Moçambique. Em relação a São Paulo, em função do dimensionamento do parque hoteleiro e da dificuldade para se colher dados sobre os 403 hotéis da cidade, optou-se por uma amostra representativa de cerca de 40% do total. Definiu-se como ponto de partida o conjuntode hotéis ligados a uma das mais importantes associações de empreendimentos turísticos da cidade, a São Paulo Convention & Visitors Bureau (SBCVB), excluindo-se da listagem empreendimentos do tipo “flat” e “residencial”. A partir disso, chegou-se a 139 hotéis. Paralelamente, empreendeu-se uma investigação na rede em busca de fontes secundárias, como artigos de jornais sobre o “impacto da pandemia no setor hoteleiro”, “fechamento de hotéis” e “rebranding” e, complementarmente, foi realizada entrevista com representante do Observatório de Turismo da Cidade de São Paulo. Com isso, somamos outros 20 hotéis não associados à SBCVB que encerraram atividade e mais 5 novos hotéis inaugurados, totalizando 164 estabelecimentos hoteleiros pesquisados. 11 Acresce aos aspectos metodológicos o levantamento de informações sobre a localização geográfica dos hotéis analisados, o que possibilitou, por meio da organização desses dados, o seu georreferenciamento e, consequentemente, a produção de mapas que sintetizam as mudanças ocorridas nas cidades em estudo. 12 Em Lisboa, até o início da pandemia de COVID-19, o turismo vivia um ciclo de euforia. A cidade, desde 2009, vinha somando sucessivos prêmios europeus e mundiais como melhor destino (World Travel Awards, Condé Nast Traveller’s Readers’ Choice Awards etc.) e tornara-se presença regular, em revistas internacionais e blogs de viagens e turismo, como um must to go. As viagens aéreas low cost e o desenvolvimento das plataformas de aluguel de curta duração foram fatores importantes para o crescimento do turismo em Lisboa nesses anos. Os poderes políticos ajudaram, investindo em melhorias no ambiente construído e em espaços públicos, que tornaram a cidade mais atrativa (Barata-Salgueiro, André & Brito-Henriques, 2015), criando novas infraestruturas e promovendo eventos, e, sobretudo, através de programas de estímulo ao investimento e de um conjunto de reformas em vários regimes jurídicos (reabilitação urbana, arrendamento urbano, empreendimentos turísticos, alojamento local) que, flexibilizando-os, facilitaram novos investimentos no setor imobiliário relacionados ao turismo. Tudo isso, aliado ao crédito barato, explica a multiplicação dos empreendimentos hoteleiros, passando de 105 unidades em 2010 para 212 em 2019 (INE, 2019). 13 Hotéis de rede de origem estrangeira estão presentes na oferta de hospedagem de Lisboa há várias décadas. As primeiras unidades desse tipo foram hotéis de grande dimensão voltados para o segmento de luxo e vinculados a grupos norte-americanos. Com o tempo, a presença de grupos europeus foi se tornando mais visível e surgiram unidades orientadas para segmentos médios do mercado (do upperscale full-service ao budget limited-service). Espelhado na infraestrutura hoteleira está ainda o florescimento que vários grupos hoteleiros portugueses tiveram ao longo das duas 14 https://www.facebook.com/pages/category/Local-business/Federa%C3%A7ao-Mo%C3%A7ambicana-de-Hotelaria-e-Turismo-Femotur-483739408738505/ https://www.facebook.com/pages/category/Local-business/Federa%C3%A7ao-Mo%C3%A7ambicana-de-Hotelaria-e-Turismo-Femotur-483739408738505/ 01/09/2023 09:31 Impactos da pandemia de COVID-19 no setor hoteleiro: os casos de Lisboa, Maputo e São Paulo https://journals.openedition.org/confins/47903?lang=pt 6/18 Gráfico 1: Número de pernoites nos hotéis na Área Metropolitana de Lisboa 2019, 2020 e 2021. Fonte: INE (2021). últimas décadas. Entre as cadeias mais representadas em Lisboa, no início da pandemia, estavam no topo três de origem portuguesa: SANA, com 9 hotéis, Turim, com 8 hotéis, e VIP Hotels, com 7 hotéis, seguidas por uma cadeia de origem estrangeira, o Ibis, com 6 hotéis. Unidades hoteleiras independentes correspondiam a 39% dos estabelecimentos hoteleiros e asseguravam cerca de 23% dos quartos da cidade. Dentro desse grupo, predominavam os estabelecimentos de pequena e média dimensão (15 unidades com até 25 quartos e 65 unidades com 26 a 100 quartos), correspondendo a formas de oferta muito variadas, desde o budget, o mid-price limited-service, até ao boutique hotel altamente diferenciado e seletivo, segmento, aliás, que foi o que mais se desenvolveu nos anos de acentuado crescimento do turismo que antecederam a pandemia. Em Portugal, o primeiro caso confirmado de infecção pelo SARS-CoV-2 ocorreu em 02/03/2020. Medidas destinadas a conter a doença, com implicações na mobilidade e na liberdade econômica, começaram a ser implementadas em 13/03/2020, sendo agravadas, uma semana depois, com a declaração do Estado de Emergência, que obrigou ao encerramento de todo o comércio não essencial, impôs o teletrabalho, fechou equipamentos culturais e de lazer, limitou restaurantes e similares a take away e restringiu a circulação nas vias públicas. Essas medidas começaram a ser aliviadas a partir de 04/05/2020, mas, devido às sucessivas ondas da pandemia, o ano e meio que se seguiu acabou por ser de alternância entre períodos de abertura e de retração da liberdade de mobilidade, o que impactou inevitavelmente o turismo. 15 Ações políticas destinadas a mitigar as consequências da pandemia sobre as empresas e o emprego foram implementadas. Destacam-se um regime especial de layoff – que permitiu assegurar o pagamento de salários, pelo sistema de segurança social, nas empresas que comprovassem quebra significativa do volume de negócios imputável à pandemia –, moratórias sobre os arrendamentos e créditos aos bancos, isenção temporária das contribuições das empresas para a segurança social e linhas especiais de apoio à tesouraria para micro e pequenas empresas do turismo. Conforme os entrevistados, essas medidas permitiram que os impactos da crise pandêmica no setor hoteleiro fossem mitigados, adiando as consequências da quebra de receitas. 16 Os hotéis em Portugal não foram incluídos nas atividades obrigadas a encerrar. No entanto, o número de pernoites nos hotéis na Região de Lisboa caiu drasticamente a partir da segunda semana de março, diante das restrições impostas por diversos estados-membros da UE à mobilidade. Entre abril e maio de 2020, a queda no número de pernoites foi superior a 95% em comparação com o mesmo período de 2019 (Gráfico 1). Em consequência, a opção de encerrar temporariamente as portas revelou-se, para muitos hotéis, como a solução mais racional, já que permitiria eliminar os custos de operação. 17 https://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/47903/img-2-small580.png 01/09/2023 09:31 Impactos da pandemia de COVID-19 no setor hoteleiro: os casos de Lisboa, Maputo e São Paulo https://journals.openedition.org/confins/47903?lang=pt 7/18 Gráfico 2: Estabelecimentos hoteleiros em funcionamento em Lisboa - 2020 a 2021. Fonte: RNT (2020, 2021) e pesquisa direta (2020, 2021, 2022). Gráfico 3: Estabelecimentos hoteleiros em funcionamento por tamanho em Lisboa (%) - 2020 e 2021. Fonte: RNT (2020, 2021) e pesquisa direta (2020, 2021, 2022). Cerca de ⅔ dos estabelecimentos hoteleiros de Lisboa suspenderam a atividade nos meses de março e abril de 2020 (Gráfico 2), quando o Estado de Emergência foi decretado e ocorreu o primeiro confinamento generalizado da população portuguesa. No entanto, logo a partir de maio, com o início do alívio das restrições e a chegada do verão do hemisfério norte, os hotéis começaram paulatinamente a reabrir. Em setembro de 2020, 174 dos 229 hotéis inicialmente existentes em Lisboa estavam em funcionamento, ainda que parcialmente. 18 Entre setembro de 2020 e fevereiro de 2021, a situação manteve-se instável. O segundo período de confinamento geral em Portugal (de 22/01 a 15/03/2021), que correspondeu à pior onda de COVID-19, acabou por ter um efeito menos severo sobre a atividade da hotelaria. A partir de março de 2021, por fim, foi-se repondo aos poucos a normalidade, assistindo-se a uma reabertura gradual e progressiva dos estabelecimentos hoteleiros que tinham suspendido o funcionamento, e inclusive à inauguração de novos hotéis. Como se observa no Gráfico 2, havia 237 estabelecimentosem funcionamento em dezembro de 2021, número superior ao da pré-pandemia. 19 Percebe-se, analisando o Gráfico 3, que os hotéis de maior dimensão foram os que acabaram por reagir mais radicalmente ao longo da crise pandêmica, optando, com maior frequência, pela suspensão da atividade. O fato de terem custos de operação mais elevados, mas também de ser mais comum a sua integração em cadeias, permitindo- lhes transferir pessoal para unidades situadas em regiões menos afetadas pela pandemia, justificou essa situação, segundo entrevistas realizadas. 20 https://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/47903/img-3-small580.png https://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/47903/img-4-small580.png 01/09/2023 09:31 Impactos da pandemia de COVID-19 no setor hoteleiro: os casos de Lisboa, Maputo e São Paulo https://journals.openedition.org/confins/47903?lang=pt 8/18 Mapa 1: Transformações nos estabelecimentos hoteleiros em Lisboa, em 2020 e 2021. Fonte: RNT (2020, 2021) e pesquisa direta (2020, 2021, 2022). Organização: Autores (2022). O caso de Maputo Alguns hotéis, como o Inter Continental Lisboa e o Lisbon Marriott Hotel, ensaiaram experiências de reorientação do produto, adaptando quartos para espaços de trabalho (room office), na tentativa de atrair usuários que estivessem trabalhando remotamente e não dispusessem de espaços adequados em suas residências. Porém, conforme a informação obtida nas entrevistas, não houve demanda para os serviços e tais iniciativas foram infrutíferas. 21 Apenas um hotel foi encerrado em definitivo no período pandêmico (pequeno hotel independente), enquanto, em contrapartida, houve 23 hotéis inaugurados na cidade em 2020 e 2021, na sua maioria de porte médio, correspondentes a investimentos que estavam em preparação no início da pandemia, com crédito aprovado, e que, portanto, prosseguiram. Outras alterações registradas, mas também limitadas, foram os casos de 13 rebranding que, majoritariamente, corresponderam a mudanças de marca, sem alteração da sociedade exploradora. De resto, tampouco há sinais de que a estrutura geográfica da oferta se tenha alterado, uma vez que os novos hotéis continuaram a preferir as áreas em que já antes havia “clusterização” (Mapa 1). 22 Em Moçambique, o primeiro caso de infecção pelo SARS-CoV-2 foi declarado em 22/03/2020. À semelhança do que se sucedeu em outros países, tiveram de ser tomadas medidas de restrição de mobilidade para conter a pandemia e, ao longo do primeiro semestre de 2020, as empresas do setor de turismo, alimentação, catering e eventos registaram uma drástica redução na procura e nas receitas. Com vistas a minimizar as perdas, muitos empreendimentos turísticos pelo país optaram por encerrar ou suspender parcialmente o fornecimento de alguns serviços, resultando na dispensa de mais de 72% da massa laboral em regime de férias coletivas (CTA, 2021). 23 O governo moçambicano adotou medidas econômicas para apoiar o tecido empresarial, nomeadamente fiscais e aduaneiras, laborais e financeiras. As medidas mais importantes foram referentes à dispensa dos pagamentos por conta do Imposto sobre Rendimento de Pessoas Singulares e Imposto sobre Rendimentos de Pessoas Colectivas (IRPC), que deveriam ser efetuados nos meses de maio, julho e setembro, e ao adiamento dos pagamentos especiais IRPC, que deveriam ser efetuados nos meses 24 https://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/47903/img-5-small580.png 01/09/2023 09:31 Impactos da pandemia de COVID-19 no setor hoteleiro: os casos de Lisboa, Maputo e São Paulo https://journals.openedition.org/confins/47903?lang=pt 9/18 Mapa 2: Transformações nos estabelecimentos hoteleiros em Maputo em 2020 e 2021. de junho, agosto e outubro de 2020, passando para os primeiros meses de 2021 (Decreto n° 23/2020). O governo também reduziu o custo da eletricidade e lançou duas linhas de financiamento para apoiar a tesouraria e as necessidades de investimento das empresas. De modo a reforçar a segurança dos consumidores, o Ministério da Cultura e Turismo, através do Instituto Nacional do Turismo (INATUR), desenvolveu uma marca denominada “Selo Limpo e Seguro” (Decreto n° 99/2020), com o objetivo de viabilizar a retomada das atividades de turismo, através da implementação de medidas adicionais ao protocolo sanitário emanado pelo Ministério da Saúde. 25 No caso dos hotéis de Maputo, apenas um deixou de funcionar definitivamente. Outras alterações registradas foram o caso de um rebranding (hotel da rede portuguesa Tivoli convertido em Onomo (maior grupo africano de hotéis) e o surgimento de 2 novos hotéis de luxo, localizados na baixa de Maputo. Entretanto, de acordo com a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (2020), muitos empreendimentos hoteleiros tiveram redução de serviços oferecidos ou até mesmo suas instalações fechadas, total ou parcialmente, por alguns meses. 26 Verificou-se, também, uma redução acentuada nas chegadas internacionais a Maputo, com diminuição da ordem dos 103 mil passageiros, comparando 2020 com 2019. Fazendo-se uma análise dos pernoites em Maputo, apurou-se um decréscimo de 2019 para 2020, que nesse caso foi da ordem dos 40,4%. O movimento de hóspedes nacionais e estrangeiros, no ano de 2019, foi de 275.325 hóspedes, sendo que em 2020 caiu para 140.223 (INE, 2021). 27 Em termos de fluxo de turistas, no ano de 2019, Maputo registrou 103.129 hóspedes nacionais e, em 2020, apenas 71.264. Relativamente ao fluxo de hóspedes estrangeiros, a cidade recebeu, no ano de 2019, 172.196 e, no ano de 2020, 68.959, notando-se uma redução de cerca de 60% (DINATUR, 2021). Quanto ao número de pernoites nacionais, Maputo contou com 159.896 em 2019 e com 116.283 em 2020 (-34,9%). Com essas reduções, caiu a arrecadação de receitas de cerca de US$ 40.176 para US$ 27.670 em 2020, uma diferença de pouco mais de US$ 12.504. 28 Em relação às receitas do turismo internacional, em 2020, foram de US$ 53,07 milhões contra US$ 249,3 milhões em 2019. Dados relativos a Maputo revelam um decréscimo de receitas de 31,12%. 29 Do total de 69.178 trabalhadores formais existentes, em todo o país, no setor turístico, foram afetados 12.363 no ano de 2020, o correspondente a cerca de 17,8%. Esse número refere-se tanto aos trabalhadores que foram definitivamente demitidos quanto aos que tiveram seu salário reduzido ou foram suspensos temporariamente. Maputo foi onde houve um maior número de trabalhadores afetados, com 2.520, ou seja, o equivalente a 34,5% da massa trabalhadora (DPCTs apud DINATUR, 2021). Como se apurou em entrevista com a FEMOTUR, muitos estabelecimentos foram compelidos a dispensar colaboradores e reorganizar as equipes, como forma de minimizar custos e encontrar um equilíbrio nas contas. 30 01/09/2023 09:31 Impactos da pandemia de COVID-19 no setor hoteleiro: os casos de Lisboa, Maputo e São Paulo https://journals.openedition.org/confins/47903?lang=pt 10/18 Fonte: Booking.com (2022). Organização: Autores (2022). O caso de São Paulo Foram poucas as transformações estruturais ocorridas na hotelaria em termos geográficos (Mapa 2), o que pode indicar, em certa medida, o sucesso das políticas de renúncia fiscal praticadas pelo governo central. 31 A hotelaria de São Paulo caracteriza-se pela presença marcante de redes nacionais e internacionais de hotéis, as quais dominam o mercado de hospedagem. Quanto à distribuição geográfica dos meios de hospedagem pelo município, há uma sensível concentração no chamado “Centro Expandido” da cidade (Figura 4), uma área com 189,6 km2 que abrange o Centro Histórico e bairros do seu entorno, que concentram infraestruturas, serviços e equipamentos culturais e de lazer. 32 Entre as redes hoteleiras internacionais que atuam em São Paulo, destacam-se a francesa Accor, com 41 hotéis, e as operadoras multimarcas brasileiras Atlântica Hotels International/Transamérica Hospitality Group (as quais integraram operações a partir de novembro de 2021), com 31 empreendimentos, ou seja, as duas empresasadministram quase ⅕ do total dos hotéis da cidade. Os outros cerca de 80% são propriedades e/ou são administrados por redes brasileiras com atuação nacional ou internacional5, e por redes estrangeiras6. Outras redes nacionais e estrangeiras também se fazem presentes na hotelaria paulistana, por vezes, com um único empreendimento, como é o caso do grupo norte-americano Hyatt, do grupo português Portobay Hotels & Resorts, do grupo alemão Oetker Collection7 e do Hotel Unique, empreendimento único e pertencente a um empresário brasileiro. Todos esses empreendimentos são de alto luxo. 33 Destaque-se, também, a inauguração de 5 novos hotéis na cidade, entre 2020 e 2021: apenas um do tipo econômico, um deles qualificado como de "ultra luxo" e outros 3 de luxo, o que reforça a capacidade financeira desse tipo de empreendimento para superar efeitos de crises graves como a produzida pela pandemia. 34 Tal como se passara em outros lugares, as ACTs foram duramente afetadas pelos efeitos da pandemia, no Brasil e na cidade de São Paulo, a partir da decretação, pelo governo federal, em 20/03/2020, de um Estado de Calamidade Pública. Em 22/03/2020, o governo do estado de São Paulo decretou a primeira quarentena, que restringiu a circulação de pessoas e determinou o fechamento do comércio e dos serviços, exceto os essenciais (p.ex., padarias, supermercados, farmácias e postos de combustível). A partir daí, foram sucessivos decretos de restrição de mobilidade e de 35 https://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/47903/img-6-small580.png 01/09/2023 09:31 Impactos da pandemia de COVID-19 no setor hoteleiro: os casos de Lisboa, Maputo e São Paulo https://journals.openedition.org/confins/47903?lang=pt 11/18 Gráfico 4: Taxa de ocupação hoteleira em São Paulo – 2019, 2020, 2021. Fonte: SPTuris (2022). Mapa 3: Transformações nos estabelecimentos hoteleiros em São Paulo, em 2020 e 2021. funcionamento do comércio e dos serviços até o mês de agosto de 2021. A essas normativas federais e estaduais somaram-se resoluções tomadas em âmbito municipal, as quais, de um modo geral, reforçaram as restrições impostas pelos decretos estaduais. No âmbito federal, apesar de o Decreto n° 10.282/2020 ter considerado os serviços de hospedagem essenciais, as empresas padeceram, durante longos períodos, com a ausência de demanda, o que provocou fechamentos temporários ou mesmo o encerramento definitivo de atividades em alguns casos (Gráfico 4). 36 Segundo pesquisa realizada pelo Observatório de Turismo de São Paulo para 2020, o período mais crítico para o setor de hospedagem teria se dado entre os dias 27/04 e 03/05, quando apenas 34,3% dos hotéis da cidade estavam abertos. O resultado disso está expresso na perda de 13,9% no valor da diária média e de 64,4% na RevPar8 (SPTuris, 2021). 37 Esse quadro desolador levou o governo do estado de São Paulo a criar uma política de renúncia fiscal e de auxílio financeiro para os segmentos de hospedagem e de alimentação, com desembolsos da ordem de US$ 30 milhões, entre março de 2020 e março de 2022 (São Paulo, 2022)9. 38 Fechamentos temporários e definitivos de hotéis e congêneres (pousadas e hostels) foram inevitáveis durante a pandemia e outras mudanças ocorreram no setor, como trocas de gestão de empreendimentos, novas alianças entre empresas administradoras de hotéis e novas parceiras, processos de rebranding e utilização do room office, uma ressignificação do uso dos quartos de hotel, em busca da manutenção mínima necessária das taxas de ocupação. 39 https://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/47903/img-7.png 01/09/2023 09:31 Impactos da pandemia de COVID-19 no setor hoteleiro: os casos de Lisboa, Maputo e São Paulo https://journals.openedition.org/confins/47903?lang=pt 12/18 Fonte: Autores (2022). Organização: Autores (2022). A amostra escolhida para a análise traz revelações importantes sobre impactos da pandemia de COVID-19 na hotelaria paulistana. Uma delas é a de que os hotéis do tipo medium e upscale10, independentemente do número de quartos, subsistiram à crise, com raras exceções, apesar de acumularem fortes perdas financeiras no período. 40 Apenas 3 dos 24 empreendimentos que encerraram atividades entre março de 2020 e dezembro de 2021 são de médio ou alto padrão. Um deles é o então único hotel da rede canadense Four Seasons Hotels and Resorts, fechado a partir de dezembro de 2020, apenas dois anos apos o início das atividades na cidade (cerca de 9 meses mais tarde, em setembro de 2021, o edifício ocupado pelo Four Seasons foi convertido para a Rede Marriot); outro é o Matsubara Hotel, pertencente a uma pequena rede brasileira de hotéis11, fechado definitivamente em 01/04/2021; e, por fim, o Maksoud Plaza, considerado um ícone da hotelaria da cidade e que encerrou atividades em 07/12/2021, após 42 anos de atuação12. 41 No campo da gestão, destaca-se a integração das operações entre duas das maiores operadoras hoteleiras do país, a Atlantica Hospitality International e o Transamerica Hospitality Group, ocorrida em novembro de 2021 e da qual resultou uma posição de destaque em São Paulo, com a administração de 31 hotéis, atrás apenas da Rede Accor, com 41. 42 Em se tratando de processos de rebranding, destaca-se o caso da Rede Meliá, que lançou, no Brasil, em plena pandemia, a “Affliated by Meliá”, criada pela empresa em 2007 (proposta voltada para unir lazer e trabalho), mas com o primeiro hotel convertido na cidade de São Paulo apenas em outubro de 2020. 43 O desenvolvimento de espaços de hospedagem, que incorporam necessidades de lazer e de trabalho, foi também ressignificado durante as fases mais críticas da pandemia, colocando-se como uma saída a criação dos chamados room office, quartos convertidos em escritórios, que ofereceram ambientes individuais, com mobília e acesso à internet, demandas básicas de muitos trabalhadores nos períodos de home- office. A Rede Accor foi pioneira nessa iniciativa, em São Paulo, a partir do mês de maio de 202013. Embora a empresa tenha previsto o uso desse expediente apenas de forma temporária, o tempo parece ter mostrado que esse se tornou um bom negócio. O room office consolidou-se como mais um tipo de serviço oferecido pela Accor, mesmo após o arrefecimento da pandemia e a retomada praticamente integral de atividades. 44 Ainda no campo dos desdobramentos da pandemia no setor hoteleiro paulistano, cabe menção à parceria, então inédita no Brasil e rara no mundo, entre a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), do estado de São Paulo, e o AirBnb, por meio de um “Memorando de Entendimentos”, ocorrida em outubro de 2020. O acordo 45 https://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/47903/img-8-small580.png 01/09/2023 09:31 Impactos da pandemia de COVID-19 no setor hoteleiro: os casos de Lisboa, Maputo e São Paulo https://journals.openedition.org/confins/47903?lang=pt 13/18 Tabela 1: Síntese das transformações ocorridas nos empreendimentos hoteleiros das cidades analisadas. Organização: Autores (2022). ampara-se em cinco pilares: comercial, inteligência de mercado, qualificação para sustentabilidade, promoção turística e melhores práticas. Considerações finais46 A Tabela 1, a seguir, sintetiza as principais transformações ocorridas no setor hoteleiro das cidades de Lisboa, Maputo e São Paulo. 47 Cidade Lisboa Maputo São Paulo Total Encerrados 1 1 24 26 Convertidos para residencial 0 0 2 2 Rebrading 13 1 11 25 Novos 23 2 5 30 Sem alterações 207 50 122 379 Total de hotéis analisados 244 54 164 462 Como se pode notar, há diferenças significativas entre uma cidade e outra, o que reforça a ideia de que embora, em uma escala mundial, o setor turístico, em geral, e o setor hoteleiro, especificamente, tenham sido fortemente atingidos, os impactos da crise não se fizeram sentir em todos os lugares da mesma forma. A análise dos impactos da pandemia sobre o setor hoteleiro, a partir dos casos de Lisboa, Maputo e São Paulo, reforça a compreensão inicial deste trabalhosobre a importância de abordagens focadas na escala local para um melhor entendimento dos efeitos da pandemia sobre o setor em escala global. 48 Como se mostrou, a hotelaria foi duramente atingida nas três localidades, mas as respostas dos setores público e privado em cada uma delas foram sensivelmente distintas. Enquanto, em Lisboa e Maputo, apenas 1 hotel – em cada capital – encerrou atividades, em São Paulo, foram mais de duas dezenas, 75% deles hotéis populares, com preços acessíveis e em geral não pertencentes a redes. 49 No caso de Lisboa, a posição da cidade na geografia do turismo europeu, somada às políticas públicas de incentivo ao setor ao longo de 2020 e 2021, ajudam a explicar a resiliência da hotelaria pré-existente e, inclusive, o número surpreendente de 28 inaugurações no período, apontando para uma tendência prévia de crescimento do setor. É importante recordar, contudo, que as medidas de auxílio ao setor basicamente criaram uma “almofada” temporária para amortecer o impacto da crise da procura, reduzindo os custos operativos e diferindo os encargos das empresas. Não houve subsídios nem outras ajudas a fundo perdido. As moratórias e linhas de crédito especial de apoio à tesouraria ajudaram a amortecer no imediato as quebras brutais de receita, mas, com isso, agravaram-se as dívidas das empresas. Por isso, é possível que as dificuldades estejam para vir agora que terminou o Período de moratórias e do lay-off extraordinário. 50 Em Maputo, o setor hoteleiro sofreu poucas mudanças, seja no número de encerramentos, de rebrading ou de abertura de novos hotéis. Acredita-se que isso seja reflexo das medidas impostas pelo governo para minimizar os impactos da pandemia, na forma de renúncia fiscal, principalmente. Contudo, a pandemia teve impactos pesados sobre os trabalhadores do setor, duramente afetados por afastamentos sem remuneração por longos períodos. 51 Em São Paulo, a despeito das políticas públicas de apoio à hotelaria advindas das instâncias governamentais federal e estadual, evidencia-se a ineficiência dessas políticas no atendimento a demandas de empreendimentos com baixa capacidade de endividamento. Conforme a Confederação Nacional do Comércio, mais de 3 mil hotéis, 52 01/09/2023 09:31 Impactos da pandemia de COVID-19 no setor hoteleiro: os casos de Lisboa, Maputo e São Paulo https://journals.openedition.org/confins/47903?lang=pt 14/18 Bibliografia hostels e pousadas fecharam em todo o Brasil, refletindo o dado geral de que 87% dos empreendimentos comerciais fechados em 2020 eram micro ou pequenos negócios14. Interessante notar que os fechamentos definitivos de hotéis em São Paulo encontram-se relativamente difusos pelo território, demonstrando que a localização geográfica não é capaz de explicar o encerramento de atividades desses empreendimentos, ainda que um certo distanciamento de clusters de negócios, de compras e de turismo possa ter influenciado em alguma medida a derrocada. A quantidade de estabelecimentos hoteleiros fechados definitivamente na cidade aponta também para o grave impacto da pandemia sobre o trabalho no turismo em geral e não apenas na hotelaria especificamente, considerando-se tanto os trabalhadores diretos, que perderam seus postos de trabalho com o encerramento das atividades, como o efeito em cadeia sobre trabalhadores de empresas prestadoras de serviços para esses empreendimentos. Por fim, a análise dos casos abordados aponta para a necessidade de expansão e aprofundamento dos estudos sobre impactos da pandemia no turismo em geral a partir de diferentes escalas e sobre as diferentes atividades que o caracterizam, único caminho possível para se qualificar adequadamente esses impactos e, quiçá, contribuir para a formulação de políticas públicas voltadas à superação da crise no setor. 53 Referências bibliográficas54 Adey, P., Hannam, K., Sheller, M. & Tyfield, D., « Pandemic (Im)mobilities », Mobilities [Online], 16 | 2021, posto online no dia 26 de fevereiro de 2021, URL: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/17450101.2021.1872871. DOI : 10.1080/17450101.2021.1872871 Agustina, I. 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Acesso em 30 de abril de 2022. 1 São consideradas ACTs: alojamento; alimentação; transporte aéreo; transporte terrestre; transporte aquaviário; agências de viagem; aluguel de transporte; e cultura e lazer. 2 Disponível em https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/sao-paulo/pesquisa/38/47001? tipo=ranking. Acesso em 20 de junho de 2022. 3 Conforme pesquisa realizada pelo Observatório de Turismo da SPTuris em 2015. Disponível em: https://www.observatoriodoturismo.com.br/pdf/DADOS_FATOS_2019.pdf. Acesso em 20 de abril de 2022. 4 De acordo com o Regime Jurídico dos Empreendimentos Turísticos (RJET),Decreto-Lei n.º 80/2017, consideram-se estabelecimentos hoteleiros os hotéis propriamente ditos, os hotéis- apartamentos (hotéis cuja unidade de alojamento é o apartamento), e as Pousadas. Apartamentos turísticos, o equivalente brasileiro ao “flat”, formam uma categoria de empreendimentos turísticos à parte. 5 Como as redes Intercity, com 8 hotéis, Estanplaza, com 7, Blue Tre, com 5, Slaviero, com 5 e Astron, com 3. 6 Como as norte-americanas Whyndham, com 7 hotéis, Radisson Group, com 5, Marriott, com 3 e a espanhola Meliá Hotels International, com 5. 7 Respectivamente, Grand Hyatt Hotel, L'Hotel PortoBay SP, Hotel Palácio Tangará. 8 RevPar, o inglês "revenue per available room" significa "receita por quarto disponível". 9 Fonte: https://www.desenvolvesp.com.br/comunicacao/releases/desenvolve-sp-financia-r- 1485-milhoes-para-auxiliar-setores-de-turismo-e-gastronomia-na-pandemia/. Acesso em: 13 maio 2022. 10 Forma de segmentação do mercado de hospedagem segundo a qual se considera midscale/upscale hotéis que oferecem maior conforto aos hóspedes, com quartos amplos, e incluem equipamentos como restaurante, piscina e áreas de lazer. 11 A rede Matsubara mantém outros 3 hotéis em operação, 2 na cidade de Campos do Jordão, interior do estado de São Paulo, e 1 na cidade de Maceió, capital de Alagoas. 12 O Maksoud Plaza Hotel vinha acumulando dificuldades financeiras e de gestão há vários anos e que, portanto, a crise imposta pela pandemia teria operado como uma espécie de “pá de cal” a selar o destino do empreendimento. Segundo especialistas, a crise vivenciada pelo hotel anos antes da pandemia seria derivada da sobreoferta de meios de hospedagem em São Paulo, decorrente da chegada de redes internacionais ao mercado local e da expansão de redes nacionais e de equipamentos do tipo flat (Kutuchian, 2016). 13 Fonte: https://investnews.com.br/negocios/room-office-a-saida-para-o-setor-hoteleiro-na- pandemia/. Acesso em: 18 abr. 2022. 14 Fonte: https://www.hoteliernews.com.br/cnc-pandemia-fechou-mais-de-3-mil-hoteis-em- 2020/. Acesso em 13 de maio de 2022. http://dx.doi.org/10.1016/j.ijhm.2020.102813 https://www.observatoriodoturismo.com.br/pdf/DADOS_FATOS_2019.pdf http://data.dre.pt/eli/dec-lei/80/2017/06/30/p/dre/pt/html https://www.desenvolvesp.com.br/comunicacao/releases/desenvolve-sp-financia-r-1485-milhoes-para-auxiliar-setores-de-turismo-e-gastronomia-na-pandemia/https://investnews.com.br/negocios/room-office-a-saida-para-o-setor-hoteleiro-na-pandemia/ https://www.hoteliernews.com.br/cnc-pandemia-fechou-mais-de-3-mil-hoteis-em-2020/ 01/09/2023 09:31 Impactos da pandemia de COVID-19 no setor hoteleiro: os casos de Lisboa, Maputo e São Paulo https://journals.openedition.org/confins/47903?lang=pt 17/18 Título Figura 1. Localização das cidades analisadas. Créditos Organização: Larrabure (2022). URL http://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/47903/img- 1.jpg Ficheiro image/jpeg, 135k Título Gráfico 1: Número de pernoites nos hotéis na Área Metropolitana de Lisboa 2019, 2020 e 2021. Créditos Fonte: INE (2021). URL http://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/47903/img- 2.png Ficheiro image/png, 46k Título Gráfico 2: Estabelecimentos hoteleiros em funcionamento em Lisboa - 2020 a 2021. Créditos Fonte: RNT (2020, 2021) e pesquisa direta (2020, 2021, 2022). URL http://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/47903/img- 3.png Ficheiro image/png, 48k Título Gráfico 3: Estabelecimentos hoteleiros em funcionamento por tamanho em Lisboa (%) - 2020 e 2021. Créditos Fonte: RNT (2020, 2021) e pesquisa direta (2020, 2021, 2022). URL http://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/47903/img- 4.png Ficheiro image/png, 68k Título Mapa 1: Transformações nos estabelecimentos hoteleiros em Lisboa, em 2020 e 2021. Créditos Fonte: RNT (2020, 2021) e pesquisa direta (2020, 2021, 2022). URL http://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/47903/img- 5.png Ficheiro image/png, 5,1M Título Mapa 2: Transformações nos estabelecimentos hoteleiros em Maputo em 2020 e 2021. Créditos Fonte: Booking.com (2022). Organização: Autores (2022). URL http://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/47903/img- 6.png Ficheiro image/png, 3,9M Título Gráfico 4: Taxa de ocupação hoteleira em São Paulo – 2019, 2020, 2021. Créditos Fonte: SPTuris (2022). URL http://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/47903/img- 7.png Ficheiro image/png, 25k Título Mapa 3: Transformações nos estabelecimentos hoteleiros em São Paulo, em 2020 e 2021. Créditos Fonte: Autores (2022). Organização: Autores (2022). URL http://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/47903/img- 8.png Ficheiro image/png, 5,3M Para citar este artigo Referência eletrónica Rita de Cássia Ariza da Cruz, Eduardo Brito-Henriques, Sara Larrabure e Dário Manuel Isidoro Chundo, «Impactos da pandemia de COVID-19 no setor hoteleiro: os casos de Lisboa, Maputo e São Paulo», Confins [Online], 56 | 2022, posto online no dia 07 novembro 2022, consultado o 01 setembro 2023. URL: http://journals.openedition.org/confins/47903; DOI: https://doi.org/10.4000/confins.47903 https://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/47903/img-1.jpg https://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/47903/img-2.png https://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/47903/img-3.png https://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/47903/img-4.png https://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/47903/img-5.png https://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/47903/img-6.png https://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/47903/img-7.png https://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/47903/img-8.png 01/09/2023 09:31 Impactos da pandemia de COVID-19 no setor hoteleiro: os casos de Lisboa, Maputo e São Paulo https://journals.openedition.org/confins/47903?lang=pt 18/18 Autores Rita de Cássia Ariza da Cruz Universidade de São Paulo (USP), ritacruz@usp.br Artigos do mesmo autor Apresentação do dossiê Turismo em tempo de Covid [Texto integral] Présentation du dossier Tourisme à l'heure du Covid Presentation of the Tourism in time of Covid Publicado em Confins, 56 | 2022 Ensaio sobre a relação entre Estado, políticas públicas de turismo e desenvolvimento regional no Brasil [Texto integral] Essai sur la relation entre l’État, les politiques publiques de tourisme et le développement régional au Brésil An essay on the relation among State, tourism public policies and regional development in Brazil Publicado em Confins, 44 | 2020 Desenvolvimento desigual e turismo no Brasil [Texto integral] Développement inégal et tourisme au Brésil Uneven development and tourism in Brazil Publicado em Confins, 36 | 2018 A geografia é uma velha dama que por metamorfoses sucessivas não cessa de rejuvenescer [Texto integral] La géographie est une vieille dame qui, par des métamorphoses successives, ne cesse jamais de rajeunir Geography is an old lady who, through successive metamorphoses, never ceases to rejuvenate Publicado em Confins, 32 | 2017 Eduardo Brito-Henriques Universidade de Lisboa, eduardo@edu.ulisboa.pt Sara Larrabure Universidade de Lisboa, sarapl@gmail.com Dário Manuel Isidoro Chundo Universidade Pedagógica de Maputo, darioisidoro17@gmail.com Direitos de autor Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional - CC BY-NC- SA 4.0 https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/ https://journals.openedition.org/confins/12313 mailto:ritacruz@usp.br https://journals.openedition.org/confins/47894 https://journals.openedition.org/confins/47093 https://journals.openedition.org/confins/26416 https://journals.openedition.org/confins/25847 https://journals.openedition.org/confins/13707 https://journals.openedition.org/confins/13334 https://journals.openedition.org/confins/12312 https://journals.openedition.org/confins/12168 https://journals.openedition.org/confins/47953 mailto:eduardo@edu.ulisboa.pt https://journals.openedition.org/confins/47963 mailto:sarapl@gmail.com https://journals.openedition.org/confins/48877 mailto:darioisidoro17@gmail.com https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/
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