Buscar

Função social da educação em saúde Objetivos

Prévia do material em texto

EDUCAÇÃO 
EM SAÚDE II 
Bruna Becker 
Função social
da educação em saúde 
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Reconhecer a função social da educação em saúde no Brasil.
  Explicar a influência da educação em saúde na vida cotidiana.
  Apontar ações de educação em saúde que têm impacto positivo 
nas sociedades.
Introdução
As políticas públicas de saúde são ferramentas utilizadas pela gestão 
para mudar realidades de saúde, melhorar a qualidade dos serviços de 
saúde, trazer melhores condições de vida para a população e fortalecer 
aquilo que é preconizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A Política 
de Educação em Saúde permite o aprendizado mútuo entre educador e 
educando. Nesse sentido, as equipes de saúde realizam ações no contexto 
social em que atuam, tornando a população mais consciente e autônoma 
sobre seus cuidados em saúde. Portanto, a educação em saúde tem um 
papel social importante e transformador.
Neste capítulo, você compreenderá a função social da educação em 
saúde no País, reconhecerá como as ações dessa temática interferem na 
vida cotidiana da população, bem como conhecerá algumas práticas de 
educação em saúde que beneficiam a sociedade e as comunidades em 
que são desenvolvidas. 
Função social da educação em saúde no Brasil
Assumindo o pressuposto de que as políticas de saúde são construídas com o 
objetivo de mudar realidades e são materializadas nos serviços de saúde por 
meio de ações dos profi ssionais e dos gestores em sua atuação cotidiana, a 
educação em saúde representou, nas últimas décadas, uma importante estratégia 
para modifi car contextos sociais e transformar o conhecimento dos indivíduos 
sobre o autocuidado. Nesse sentido, a função social da educação em saúde no 
Brasil é de extrema importância não só para o desenvolvimento social, mas 
também para a consolidação daquilo que é preconizado pelo Sistema Único 
de Saúde (SUS). 
A proposta da educação em saúde pretende tornar a atuação do profissional 
mais presente. Nesse sentido, é preciso dar ferramentas ao profissional de saúde 
para uma atuação comprometida socialmente, a fim de que este entenda que 
suas atividades também são de educador em saúde, tornando-o um agente 
transformador da sociedade. No entanto, como tornar essa educação em saúde 
igualitária e dialógica dentro das diversas realidades sociais? Nesse sentido, 
a proposta dos movimentos de educação popular em saúde traz a realidade 
de uma educação conscientizadora por meio do crescimento consciente do 
educando e das ações do educador como profissional de saúde. Esse movimento 
está pautado no trabalho da educação popular de saúde pública, realizado 
por profissionais e gestores de saúde, quando a atuação deste extrapola a 
assistência e se estende a uma ação social ampliada, valorizando a forma de 
viver e as trocas de contexto social, de modo que existe uma motivação no 
aprendizado e um diálogo sobre a vida por intermédio do corpo e da saúde 
(BRANDÃO, 2001).
Apesar de serem pautadas pelos princípios de integralidade, universalidade, 
equidade e serem organizadas de maneira descentralizada, hierarquizada e 
com participação da população, além de trazer no seu conjunto de ações um 
conceito de saúde mais ampliado, as mudanças na organização dos contextos 
de saúde por meio da educação popular, por si só, não se mostram capazes 
de transformar a prática sanitária brasileira de forma a garantir a melhoria 
da qualidade de vida e saúde dos cidadãos brasileiros. Nesse sentido, novos 
modelos assistenciais são pensados para suprir essas necessidades. De acordo 
com Cordeiro (1996, p. 11):
A construção do novo modelo assistencial centrado nas estratégias de im-
plantação e generalização do Programa Saúde da Família, articuladas com os 
princípios de descentralização, municipalização, integralidade e qualidade 
dos cuidados de saúde é parte indissociável da consolidação e aprimoramento 
do SUS. 
A visão sistêmica e integral do indivíduo só é atingida quando se entende 
que a qualidade de vida está vinculada à saúde e ao bem-estar. Dessa forma, 
Função social da educação em saúde2
ao se pensar saúde como qualidade de vida, tornam-se necessárias práticas de 
saúde que englobem a visão sistêmica e integral do indivíduo, da sua família 
e da comunidade em que ele está inserido. A educação em saúde (ES) deve 
representar um espaço de prática e conhecimento que promova a relação entre 
a ação de saúde e o pensar e fazer do cotidiano da população. Dessa forma, 
as ações de ES encontram-se vinculadas ao exercício da cidadania, em busca 
por melhores condições de vida e saúde da população, principalmente quando 
perpassam todas as fases do atendimento, promovendo espaços de troca de 
informação, permitindo identificar as demandas de saúde dos usuários e as 
escolhas mais adequadas e diminuindo a distância habitual entre os profis-
sionais de saúde e a população (ARAUJO, 2004). Essa é uma das formas de 
se fomentar a inserção social em saúde, visto que oferece condições para que 
o indivíduo se veja como “sujeito” do seu processo de saúde–doença, sendo
participativo na condução da vida da comunidade, e não passivo — “paciente”
— e alienado das suas condições de vida, bem como reforça a vinculação com
a unidade de saúde e com os profissionais de saúde, impactando de forma
positiva na saúde da comunidade (BRASIL, 2009).
A educação em saúde tem um importante papel social, pois as ações reali-
zadas no âmbito da atenção básica e nos locais de cotidiano das comunidades, 
considerando a realidade social de cada indivíduo, têm potencial transformador 
e multiplicador. Conforme Adelaide (OMS, 2010), a “saúde” é um conceito 
positivo, que enfatiza não só recursos sociais e pessoais, mas também permite 
conhecer os recursos físicos ligados ao cuidado de cada indivíduo. Nesse 
sentido, o conceito de promoção da saúde, um dos princípios norteadores das 
ações realizadas no setor saúde, extrapola questões relacionadas ao estilo de 
vida e ao bem-estar da população e deve estar presente no desenvolvimento das 
ações de educação em saúde, devido ao seu potencial de transformação social. 
3Função social da educação em saúde
Integralidade como princípio do SUS e eixo norteador das ações de educação 
em saúde
Segundo Nietsche (apud MACHADO et al., 2007), o conceito de integralidade identifica 
os indivíduos como totalidades, sendo compreendidos por todas as possibilidades 
que os compõe em sua plenitude. No âmbito da saúde, o serviço prestado de forma 
integral vai além das estruturas organizacionais preconizadas pelo SUS, pois se estende 
pela qualidade da atenção prestada ao indivíduo e ao coletivo, assegurando um 
compromisso com o aprendizado e a prática profissional. 
As ações de saúde devem ser desenvolvidas em consonância com as diretrizes 
previstas no art. 198 da Constituição Federal, constituídas pelos princípios do SUS: 
universalidade, participação popular, regionalização, hierarquização, descentralização 
e atendimento integral à população. Com base no que se pensa sobre integralidade 
segundo a Constituição, os serviços devem ofertar ações de promoção à saúde, 
prevenção, reabilitação, sendo que as ações precisam estar integradas aos espaços 
de prestação dos serviços de saúde do SUS (CAMPOS, 2003).
Inerente ao que se preconiza como integralidade, destacam-se as ações de educação 
em saúde como estratégias para aproximar a realidade dos conceitos de saúde, a 
busca pelas possibilidades de mudanças dos cenários sociais, a partir da atuação dos 
profissionais, do trabalho coletivo das equipes de saúde e das políticas em maior 
instância (MACHADO et al., 2007).
As estratégias de educação em saúde alinhadas com a integralidade são pautadas 
em políticas que vão muito além das concepções clínicas e dos tratamentos, pois 
são comprometidas com o desenvolvimento da cidadania, do cuidado integral, da 
qualidade de vida, da solidariedade e da promoção do indivíduo como um todo(SCHALL; STUCHINER, 1999). Nesse sentido, fica evidente a importância de se pensar 
no conceito de integralidade nas ações de educação em saúde e, principalmente, na 
importância social que tais ações têm ao serem aplicadas às comunidades.
Influência da educação em saúde
na vida cotidiana
A história da educação em saúde tem sido marcada por diferentes concepções 
e práticas. Esse conceito possui um campo de prática e de conhecimento que 
proporciona a criação de vínculos entre a ação dos profi ssionais de saúde e 
a população. Além disso, essas ações devem ser pensadas de acordo com a 
realidade e o cotidiano da população (VASCONCELOS, 2001).
As políticas de saúde pensadas nas instâncias de gestão se materializam na 
“ponta” do sistema, por meio das práticas realizadas pelas equipes de saúde. 
Portanto, é fundamental refletir sobre a influência de tais ações e práticas 
Função social da educação em saúde4
e como elas interferem na qualidade dos serviços prestados e se realmente 
atingem aquilo que inicialmente foi preconizado nas políticas de saúde. Nesse 
sentido, o fortalecimento do SUS por meio de práticas de educação em saúde 
se constitui como um processo social e político que ocorre no cotidiano do 
serviço e que proporciona ao indivíduo maior autonomia sobre a sua situação 
de saúde (ALVES, 2005).
No entanto, para que essas ações sejam efetivas, é importante que o método 
pedagógico utilizado nas ações de educação em saúde considere o contexto 
social das populações que se quer atingir. As pessoas adquirem um enten-
dimento sobre seu papel e sua inserção social por meio do trabalho, da vida 
social, da sobrevivência e das percepções de sua realidade e seu contexto. 
Esse conjunto de conhecimentos é a matéria-prima para o planejamento de 
ações de educação popular em saúde. A valorização do saber popular e da 
realidade do indivíduo proporciona ao educador a possibilidade de ações mais 
assertivas e com capacidade de entendimento daquele indivíduo ou daquela 
comunidade (VASCONCELOS, 2001).
Em relação aos diversos espaços e contextos de aplicação dessas ações, 
destaca-se a atenção básica como uma realidade inesgotável de possibilida-
des de desenvolvimento de práticas de educação em saúde. Isso ocorre pela 
aproximação dos serviços de saúde da realidade social das comunidades, 
possibilitando práticas de caráter preventivo e promocional (COSTA, 1999). 
Conforme relatos do estudo de Feijão e Galvão (2007, documento on-line), 
após a implementação do SUS, as ações no âmbito da atenção primária à saúde 
(APS) alcançaram diversas mudanças sociais e de saúde em várias regiões, 
sendo conferida grande importância à participação popular e à mobilização 
social, de modo que “A educação em saúde passa a ser um instrumento de 
construção da participação popular em diversos contextos, sendo um deles 
os serviços de saúde e, ao mesmo tempo, ao aprofundamento da intervenção 
científica em saúde”.
É possível desenvolver atividades educativas em grupo nos ambientes 
dos serviços de saúde utilizando-se diversos temas, como, por exemplo, a 
sexualidade, para jovens e adolescentes. Cada serviço pode utilizar a me-
todologia que melhor se adapta ao seu modo de trabalho e às possibilidades 
de execução. É importante que ações coletivas tenham caráter participativo 
e permitam a troca de experiências baseadas nas vivências dos pacientes, e, 
sobretudo, a linguagem dos profissionais de saúde deve se manter acessível 
e simples (BRASIL, 2002).
Ainda, sabe-se que o estado de saúde dos indivíduos está relacionado ao 
seu comportamento e, consequentemente, ao seu contexto social e aos seus 
5Função social da educação em saúde
hábitos de vida. Para que se atinjam níveis aceitáveis de bem-estar e vida 
saudável, é importante promover a adoção de comportamentos saudáveis e 
a mudança de condutas que são prejudiciais à saúde, e as ações de educação 
podem contribuir para isso. Nesse sentido, é fundamental entender fatores que 
determinam os estilos de vida das pessoas e que tais comportamentos estão 
associados a uma complexa constelação e interação de fatores biológicos, 
psicológicos, micro e macrossocias e ambientais (GOMES, 2009).
Ações de educação em saúde, contexto social
e seu impacto positivo na sociedade
Existem vários contextos em que a educação em saúde é utilizada como ferra-
menta, além de existirem diversas ações de educação em saúde já realizadas 
desde a implementação do SUS. No entanto, cabe sinalizar algumas ações 
importantes e seus contextos de utilização, que impactam positivamente no 
contexto social de diversas regiões do País.
Programa Saúde da Família
O Programa Saúde da Família (PSF) foi implantado no Brasil pelo Ministério 
da Saúde, em 1994, sendo conhecido hoje como “Estratégia de Saúde da 
Família”. Conforme preconizado pelo SUS, a organização dos serviços de 
saúde e das práticas está pautada pela integralidade, que se caracteriza pela 
incorporação de práticas preventivas e assistenciais em um mesmo serviço 
ofertado. Nesse contexto, preconiza-se que o indivíduo se desloque a um 
mesmo local para receber assistência preventiva e curativa. Em se tratando das 
equipes de Saúde da Família, tais profi ssionais são capacitados para executar 
desde ações de busca ativa de casos na comunidade adscrita, mediante visita 
domiciliar, até acompanhamento ambulatorial dos casos diagnosticados (tu-
berculose, hanseníase, hipertensão, diabetes, entre outras enfermidades), com 
o fornecimento de medicamentos. O princípio da integralidade dá subsídio às 
práticas de educação em saúde, sendo estas de responsabilidade das equipes 
do PSF (ALVES, 2005).
As ações são orientadas na perspectiva do território, dos problemas de 
saúde e da intersetorialidade (MENDES, 1996). Esse modelo de organização 
contribuiu para intervenções integrais sobre os processos de saúde–doença 
(PAIM, 2003; ALVES, 2005). Conforme já mencionado, as práticas de educação 
em saúde estão preconizadas entre as funções designadas para as equipes do 
Função social da educação em saúde6
PSF, com isso, espera-se que esses profissionais sejam capacitados para realizar 
uma assistência integral e contínua às famílias de sua região adscrita, procu-
rando identificar situações que apresentem risco, auxiliando a comunidade no 
enfrentamento dos agravos de saúde e, principalmente, desenvolvendo ações 
educativas em saúde destinadas à melhoria do autocuidado, visando a propor-
cionar ao cidadão autonomia nos seus processos de cuidado (ALVES, 2005).
Educação Popular em Saúde
Desde 1991, a Educação Popular em Saúde, em suas diversas ações e atores 
envolvidos, une-se aos profi ssionais de saúde e aos líderes populares, no 
sentido de expandir e concretizar a trajetória da educação popular em saúde 
nos serviços de saúde e nas comunidades (VASCONCELOS, 2001). Esse 
movimento valoriza, em suas ações, as trocas interpessoais, permite a partici-
pação popular, a troca por meio do diálogo e a compreensão do contexto e da 
realidade do indivíduo como forma de oportunizar o aprendizado em saúde. 
Tal movimento tem priorizado a relação de educação que se estabelece entre 
comunidade e profi ssionais, rompendo com a verticalidade histórica existente 
entre médico e usuário (ALVES, 2005).
Em muitos contextos regionais de saúde, as ações de educação popular 
em saúde são transformadoras, a ponto de modificar a história da medicina 
integral, no sentido de que se dedicam à ampliação das relações entre profis-
sionais, familiares e sociais, em que todos estão envolvidos em uma só causa 
(VASCONCELOS, 2001).
Pesquisas
Ainda, existem diversas pesquisas realizadas no âmbito da saúde, no con-
texto da atenção básica, que fortalecem as políticas de educação em saúde 
e que descrevem o planejamento e a execução de ações nessa temática. As 
pesquisas não podem ser consideradas ações de educação em saúde, mas o 
fomento a estudos nessa área proporciona maior visibilidade para essa temá-
tica e, consequentemente, maior fortalecimento dessasações. Conforme um 
estudo realizado por Feijão e Galvão (2007), sobre os modelos de práticas de 
educação em saúde utilizados, constatou-se, segundo a mostra da pesquisa, 
que 39 (67,3%) dos artigos selecionados não apresentavam, ou, pelo menos, 
não citavam, a utilização de abordagens pedagógicas em sua metodologia e 
ações. Dos demais artigos analisados, 19 (32,7%) traziam claramente o tipo 
de abordagem utilizada, com detalhes dos motivos de escolha, bem como sua 
7Função social da educação em saúde
utilização no planejamento e na execução das ações educativas. Ainda, em uma 
escala menor, alguns estudos mencionavam em suas ações de educação em 
saúde os seguintes temas: pré-natal e gestação (3,4%); doenças prevalentes na 
infância (3,4%); PSF e APS (3,4%); doenças infecciosas e parasitárias (3,4%); 
adolescência e puberdade (3,4%); saúde mental (1,7%); hanseníase (3,4%); 
saúde ocular (1,7%); controle da cárie (1,7%); saúde escolar (3,4%). Confi ra, 
no Quadro 1, a distribuição dos artigos relacionados à educação em saúde de 
acordo com os temas e o público-alvo.
Temas Público-alvo Nº. %
Doenças sexualmente 
transmissíveis/aids
Adolescentes, mulheres 
em idade fértil, homens e 
mulheres nas escolas
8 13,8
Cidadania/participação 
popular
Clientela dos serviços 5 8,6
Nutrição/carências nutricionais Crianças, mães e cuidado-
res* de crianças
4 6,8
Métodos contraceptivos/
saúde reprodutiva
Mulheres em idade fértil 4 6,8
Avaliação de ações educativas Clientela dos serviços, pro-
fissionais de saúde, líderes 
comunitários, conselheiros 
de saúde, entre outros
4 6,8
Hipertensão e diabetes Grupos de idosos 4 6,8
Prevenção ginecológica e 
autoexame das mamas
Mulheres em idade fértil 3 5,2
Aleitamento materno Gestantes e puérperas 3 5,2
Sexualidade e corpo Adolescentes 3 5,2
Dengue Comunidade assistida 3 5,2
Pré-natal/gestação Gestantes e mulheres em 
idade fértil
2 3,4
Quadro 1. Distribuição dos artigos relacionados à educação em saúde de acordo com 
temas e público-alvo
(Continua)
Função social da educação em saúde8
Segundo os autores do estudo, as ações de educação em saúde são conside-
radas como todas as possíveis combinações de experiências de aprendizagem 
delineadas com vistas a facilitar ações voluntárias conducentes à saúde. Com 
isso, as práticas de educação em saúde são consideradas como a combinação 
da abordagem de múltiplos determinantes de comportamentos humanos, ex-
periências e intervenções. O estudo conclui que os processos de elaboração, 
planejamento, facilitação e avaliação das ações devem integrar um estudo dos 
diversos determinantes relativos ao público-alvo que se quer atingir. A educação 
em saúde é considerada, segundo o estudo, como uma forma de promoção da 
saúde, pois demonstra, por meio das práticas, tanto a prevenção quanto a reabi-
litação de doenças, bem como a valorização da cidadania e da responsabilidade 
pessoal e social relacionada à saúde (FEIJÃO; GALVÃO, 2007).
 Fonte: Adaptado de Feijão e Galvão (2007) .
Temas Público-alvo Nº. %
Doenças prevalentes na 
infância
Mães de escolares 2 3,4
Programa Saúde da Família/
Atenção Primária em Saúde
Clientela dos serviços 2 3,4
Doenças infecciosas e 
parasitárias
Escolares, mães e cuidado-
res* de crianças
2 3,4
Adolescência e puberdade Adolescentes e 
pré-adolescentes
2 3,4
Saúde escolar Crianças em sala de espera 2 3,4
Saúde mental Clientela em sala de espera 1 1,7
Saúde ocular Escolares e professores 1 1,7
Controle da cárie Escolares 1 1,7
Total 58 100,0
*O termo cuidadores refere-se a todas as pessoas que, de alguma forma, cui-
dam de crianças, como professores, funcionários de creches, parentes próximos, 
de acordo com o especificado nos artigos.
Quadro 1. Distribuição dos artigos relacionados à educação em saúde de acordo com 
temas e público-alvo
(Continuação)
9Função social da educação em saúde
No contexto escolar
Outro campo de grande infl uência das ações de educação em saúde é o contexto 
das redes escolares municipais e estaduais. Nesse sentido, mesmo não estando 
dentro das unidades de saúde, as ações de educação em saúde são aceitas em 
todos os contextos de uma comunidade, e, dessa forma, as escolas são grandes 
centros de oportunidades para os educandos em saúde, fundamentalmente, 
junto dos alunos, visto que existem várias possibilidades de ações.
A implementação da educação para a saúde na escola é especialmente 
defendida pelos seguintes motivos:
– Em primeiro lugar, pelo facto de todas as crianças de um país passarem 
pelo sistema de ensino. Dificilmente algum programa de Educação para a 
Saúde implementado noutro local, atinge tanta gente, como os programas 
de Educação para a Saúde aplicados na escola, pelos profissionais de saúde. 
– Em segundo lugar, porque os resultados de numerosas investigações mostram 
claramente que as raízes do nosso comportamento (o nosso modo de vida) no 
plano sanitário (e não só) se situam na infância e adolescência.
– Em terceiro lugar, porque ao fazer Educação para a Saúde na escola es-
tamos a atingir indivíduos em fase de formação física, mental e social que 
ainda não tiveram, muitas vezes, oportunidade de adquirir hábitos insanos 
e que são muito mais receptivos à aprendizagem de hábitos e assimilação de 
conhecimentos.
– Em quarto lugar, conta com a colaboração de profissionais valiosos que 
sabem educar A UNESCO e a Oficina Internacional de Educação e da Saúde, 
recomendam que “a saúde se deve aprender na escola da mesma forma que 
todas as outras ciências sociais” (PRECIOSO, 2004, documento on-line). 
Conclui-se que, no contexto escolar, os alunos têm a possibilidade de 
aprender sobre a vida na comunidade, os conhecimentos científicos e os hábitos 
sociais, mas também podem, e devem, aprender sobre hábitos de higiene, saúde 
e autocuidado (GOMES, 2009). 
Função social da educação em saúde10
ALVES, V. S. Um modelo de educação em saúde para o programa saúde da família: 
pela integralidade da atenção e reorientação do modelo assistencial. Interface - Co-
municação, Saúde, Educação, v. 9, n. 16, 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/
scielo.php?pid=S1414-32832005000100004&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 
11 ago. 2019.
ARAÚJO, F. M. Ações de educação em saúde no planejamento familiar nas unidades de 
saúde da família do município de Campina Grande-PB. Campina Grande: UEPB, 2004. 
Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/premio2004/especializacao/
MonografiaFlaviaMentorAraujo.pdf. Acesso em: 11 ago. 2019.
BRANDÃO, C. R. A educação popular na área da Saúde. Interface - Comunicação, Saúde, 
Educação, v. 5, n. 8, fev. 2001. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1414-32832001000100010. Acesso em: 11 ago. 2019. 
BRASIL, Ministério da Saúde. Assistência em planejamento familiar: manual técnico. 4. 
ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/0102assistencia1.pdf. Acesso em: 11 ago. 2019.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. 
Política nacional de educação permanente em saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. 
Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/33856/396770/Pol%C3%ADtica
+Nacional+de+Educa%C3%A7%C3%A3o+Permanente+em+Sa%C3%BAde/c92db117-
e170-45e7-9984-8a7cdb111faa. Acesso em: 11 ago. 2019.
CAMPOS, C. E. A. O desafio da integralidade segundo as perspectivas da vigilância da 
saúde e da saúde da família. Ciências & Saúde Coletiva, v. 8, n. 2, 2003.  Disponível em: 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232003000200018&ln
g=en&nrm=iso. Acesso em: 18 ago. 2019.
CORDEIRO, H. Os desafios das profissões da saúde diante das mudanças no modelo 
assistencial: contribuição para além dos pólos de capacitação em saúde da família. 
Divulgação em Saúde para Debate, n. 21, dez. 2000.
COSTA, L. S. M. A educação em saúde e suas versões: material didático de apoio à disciplina 
saúde e sociedade I. Rio de Janeiro: UniversidadeFederal Fluminense, 1999.
FEIJÃO, A. R.; GALVÃO, M. T. G. Ações de educação em saúde na atenção primária: re-
velando métodos, técnicas e bases teóricas. RENE, v. 8, n. 2, maio/ago. 2007. Disponível 
em: http://www.periodicos.ufc.br/rene/article/view/5296. Acesso em: 10 ago. 2019.
11Função social da educação em saúde
GOMES, J. P. As escolas promotoras de saúde: uma via para promover a saúde e a educa-
ção para a saúde da comunidade escolar. Educação, v. 32, n. 1, jan./abr. 2009. Disponível 
em: revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/download/5229/3858. 
Acesso em: 10 ago. 2019.
MACHADO, M. F. A. S. et al. Integralidade, formação de saúde, educação em saúde 
e as propostas do sus: uma revisão conceitual. Ciência & Saúde Coletiva, v. 12, n. 
2, 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi
d=S1413-81232007000200009. Acesso em: 10 ago. 2019.
MENDES, E. V. Uma agenda para a saúde. São Paulo: Hucitec, 1996.
OMS. Declaração de Adelaide sobre a saúde em todas as políticas: no caminho de uma 
governança compartilhada, em prol da saúde e do bem-estar. [S. l.]: OMS, 2010. Dispo-
nível em: https://www.who.int/social_determinants/publications/isa/portuguese_ade-
laide_statement_for_web.pdf. Acesso em: 11 ago. 2019.
PAIM, J. S. Epidemiologia e planejamento: a recomposição das práticas epidemiológicas 
na gestão do SUS. Ciência & Saúde Coletiva, v. 8, n. 2, 2003. Disponível em: http://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232003000200017&lng=en&nrm
=iso. Acesso em: 10 ago. 2019.
PRECIOSO, J. Educação para a saúde na universidade: um estudo realizado em alunos 
da Universidade do Minho. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, v. 3, n. 2, 
2004. Disponível em: http://reec.uvigo.es/volumenes/volumen3/REEC_3_2_3.pdf. 
Acesso em: 10 ago. 2019.
SCHALL, V. T.; STUCHINER, M. Educação em saúde: novas perspectivas. Cadernos de Saúde 
Pública, v. 15, supl. 1999. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0102-311X1999000600001. Acesso em: 10 ago. 2019.
VASCONCELOS, E. M. Redefinindo as práticas de Saúde a partir de experiências de 
Educação Popular nos serviços de saúde. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, v. 
5, n. 8, fev. 2001. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&
pid=S1414-32832001000100009. Acesso em: 10 ago. 2019.
Leitura recomendada
BRASIL. Portaria n. 687, de 30 de março de 2006. Aprova a política de promoção da 
saúde. Brasília, DF, 2006. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/legislacao/
portaria687_30_03_06.pdf. Acesso em: 11 ago. 2019.
Função social da educação em saúde12

Continue navegando