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Educação Financeira Aula 16 Procedimentos e Atitudes para Lidar com as Finanças após os 55 anos Objetivos Específicos • Identificar na fase após os 55 anos ações financeiras para garantir tranquilidade no futuro. Temas Introdução 1 A vida financeira a partir dos 55 anos 2 Contexto brasileiro: permanecer na ativa a partir dos 55 anos equilíbrio financeiro 3 A exploração dos idosos mesmo após aposentados Considerações finais Referências Professor Carlos Alberto de Souza Cabello Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 2 Introdução Nessa aula falaremos sobre um tema muito abordado pela imprensa e pela mídia televisiva, a vida financeira após os 55 anos. Cada fase de nossa vida financeira apresenta distintos desafios e requisitos. Se uma pessoa resolver medir e comparar sua evolução financeira desde que começou a trabalhar ficará surpresa. Identificará que deixou de tomar diversas atitudes que acabaram afetando sua vida financeira. Outro fato que irá perceber é o quanto poderia ter poupado e não poupou. Diante desses fatos é necessário rever algumas ações e implementar outras. Nessa fase da vida, especificamente em nosso país, percebemos que grande parte da população dessa idade em diante está à míngua, a aposentadoria que recebe nem sempre é suficiente para manter plano médico e remédios. Desencadeamos nosso estudo no enfoque do empréstimo consignado com inúmeros detalhes, inclusive informações do INSS, deixando evidente a reflexão sobre o não planejamento financeiro impactando nessa fase da vida. 1 A vida financeira a partir dos 55 anos A vida financeira a partir dos 55 anos representa uma fase onde a maioria das pessoas possui experiência e já conquistou um patrimônio. Nesse contexto há também aquelas que por diversos fatores, nível social, de escolaridade, migração e outros não desenvolveram uma poupança ou algum patrimônio para suprir as necessidades dessa fase. É interessante destacar que as pessoas nessa fase, além de possuírem experiências irão enfrentar também alguns dissabores principalmente com a saúde. Podemos perceber o número de pessoas nessa fase de idade que continuam a trabalhar, em muitos casos, com a mesma intensidade que autuavam antes mesmo de se aposentar. A principal razão para tal ação, manter-se trabalhando, é justificada pelo valor recebido da aposentadoria que, muitas vezes, não sacia nem mesmo necessidades básicas do cidadão. Tal questão é sem dúvida um problema conjuntural e estrutural da sociedade brasileira, que foge à nossa atenção no momento. Aqui nossa intenção é explicitar a vida financeira das pessoas nessa fase da vida. Porém, a realidade nem sempre é a mesma para todos, existem ainda aquelas pessoas que, mesmo nessa fase, por diversos motivos não conquistaram patrimônio e também não possuem uma reserva financeira. Um dos trunfos é a experiência e a cautela, em contrapartida uma corrida contra o tempo para agilizar e administrar entradas e saídas visando uma reserva adiante. Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 3 2 Contexto brasileiro: permanecer na ativa a partir dos 55 anos equilíbrio financeiro A realidade brasileira para as pessoas que chegam à fase dos 55 anos em diante e que reservaram uma parcela do orçamento investindo em fundo de investimentos passa a ser uma das fases mais bonitas da vida, onde os mesmos terão experiência, cautela e respaldo financeiro, sendo o tempo um aliado. Atente para o trecho abaixo: O futuro está ligado ao presente por meio da linha do tempo. As escolhas que fazemos no presente determinam o futuro. Se você tomar sol do meio-dia sem utilizar o protetor solar (escolha no presente), no final do dia seu corpo estará igual a um “pimentão vermelho” (resultado futuro). Se você andar sem guarda-chuva sob a chuva (escolha no presente), minutos após estará com as roupas ensopadas e sujeito a contrair um resfriado (resultado futuro). (HOJI, 2007, p. 31). A situação exposta acima pelo autor teria uma solução possível em curto prazo, no caso do segundo exemplo a solução seria simples: trocar as roupas, tomar um antigripal e tudo estaria resolvido. Mas a analogia para as pessoas que não se preparam para a vida futura não reserva soluções tão práticas assim. Por uma questão até mesmo de sobrevivência, as pessoas acabam aceitando somar diversas atividades para complementar aposentadoria ou até mesmo para aguardar a aposentadoria. Diante disso a complementação financeira é obtida em empregos mesmo após a aposentadoria, como em bancas de jornal, portarias em prédios residenciais, entre outras atividades. Em maio de 2006, as pessoas com 50 anos ou mais de idade (3.613 mil) representavam 18,1% das pessoas ocupadas no agregado das seis regiões metropolitanas investigadas pela Pesquisa Mensal de Emprego. Este grupo etário foi o único a apresentar aumento de sua participação na população ocupada no período de maio de 2002 a maio de 2006, crescendo 2,7 pontos percentuais. (IBGE). Mesmo com um retrato não muito atualizado é possível perceber a necessidade que faz com que as pessoas mantenham-se trabalhando mesmo após 55 anos de idade, muitas vezes já aposentados. É evidente que nessa fase, exatamente como em outras, as pessoas possuem gastos constantes e na fase dos 55 em diante ainda são sobrecarregadas com o custo de prevenir a saúde com preços altíssimos de planos de saúde. Em outro contexto, para as pessoas que durante as fases anteriores conseguiram equilibrar o orçamento e investir seja em fundos de investimentos, previdência privada ou até mesmo criando um patrimônio, através de imóveis para alugar ou outro tipo de patrimônio, o retorno é agradável e prazeroso. Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 4 Quadros 1 − Resultados de investimentos em fases anteriores aos 55 anos de idade Celebração Exercícios Viagem A realidade não é a mesma para as pessoas que, durante as fases anteriores por outros motivos não conseguiram equilibrar o orçamento, e investir seja em fundos de investimentos, previdência privada ou até mesmo criando um patrimônio. Para uma grande parcela da população brasileira nessa fase da vida, a experiência e cautela não serão suficientes para complementar o orçamento, além de que nessa fase outros gastos irão aparecer, tais como gastos com remédios, sem contar o caríssimo plano de saúde. Essa fase para essas pessoas passa a ser até mais difícil do que as anteriores, pois apesar de experiência a resistência as forças já não são as mesmas. Em diversas atividades a situação é semelhante, essas pessoas continuam com a mesma carga de trabalho. Quadro 2 – Pessoas aposentadas na ativa, independente da área de atuação Sapateiro Pintor Florista Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 5 3 A exploração dos idosos mesmo após aposentados No contexto socioeconômico diversas manobras até mesmo legais são utilizadas por financeiras especialistas em empréstimos consignados para os aposentados, além muitas vezes da exploração ser em casa. Um dos tipos de empréstimos cobiçados pelas financeiras em relação aos aposentados é o empréstimo consignado. Para as financeiras o risco é mínimo ou até mesmo inexistente proporcionando grandes demandas em função da baixa taxa de juros. O que significa na prática mais um tipo de exploração às pessoas dessa faixa etária. Apesar de algumas medidas para proteger os aposentados sabe-se que financeiras e outros acabam por explorar essas pessoas. As financeiras oferecem diversas facilidades para empréstimos,o que faz com que muitos aposentados, por falta de informação, adiram a esses empréstimos. As operações de crédito consignado realizadas por aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) totalizaram R$ 3,576 bilhões em agosto de 2013. Em valores nominais – isto é, sem considerar a inflação – o resultado foi 37,69% superior ao mesmo período de 2012, quando foram liberados R$ 2,597 bilhões. Em relação a julho de 2013, quando foram registrados R$ 3,245 bilhões, houve aumento de 10,02%. (MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2013). Em uma sociedade do consumo o que determina as regras de comportamento das pessoas, inclusive nessa fase, quando não se tem dinheiro e deseja-se algum produto ou serviço tendo uma garantia de rendimento, é correr atrás do crédito. O crédito passou a ser uma constante no primeiro ciclo de vida das famílias, quando estas procedem a aquisição de equipamento indispensável à sua autonomia familiar e econômica (casa, automóvel, eletrodoméstico, mobiliário, computador). A aquisição de bens através do recurso crédito é o resultado de uma expansão densificada das necessidades e das práticas de consumo. O crédito é hoje fortemente associado a esses novos padrões de consumo acompanhando de perto as suas tendências e oscilações. (FRADE; MAGALHÃES, 2006 apud MARQUES; CAVALLAZZI, 2006, p. 24). Sendo assim, nessa perspectiva de crédito, as pessoas, independentemente da fase da vida, deparam-se com as necessidades de compras e quanto mais fácil em obter, maior a tendência ao endividamento. Para as pessoas na fase acima dos 55 anos, os já aposentados, outra modalidade de crédito − o empréstimo consignado − passou a ser modalidade bastante incentivada no governo Lula. Esse tipo de crédito é oferecido às pessoas na ativa, ou seja, trabalhadores ou aposentados e pensionistas do INSS, devido à segurança do pagamento oferecido com baixas taxas de juros. Com base no roteiro técnico de empréstimos consignado do INSS de 2005, são oferecidos três tipos de empréstimo consignado aos aposentados e/ou pensionistas. A primeira opção oferecida é feita diretamente no benefício previdenciário, onde o próprio INSS repassa o Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 6 valor consignado à instituição financeira envolvida na transação. Fica evidente que a taxa de juros cobrada, tendo o INSS como aval, é inferior e destinada a outra pessoa que não nessas condições de mínimos riscos. A segunda forma disponibilizada refere-se à retenção com base na Lei 10.953 de 2004, que em seu artigo 6 diz: Art. 6o Os titulares de benefícios de aposentadoria e pensão do Regime Geral de Previdência Social poderão autorizar o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS a proceder aos descontos referidos no art. 1o desta Lei, bem como autorizar, de forma irrevogável e irretratável, que a instituição financeira na qual recebam seus benefícios retenha para fins de amortização, valores referentes ao pagamento mensal de empréstimos, financiamentos e operações de arrendamento mercantil por ela concedido, quando previstos em contrato, nas condições estabelecidas em regulamento, observadas as normas editadas pelo INSS. (CASA CIVIL, 2004). Fica evidente que, nessa segunda forma de empréstimo consignado, o INSS repassa o valor integral do benefício e a instituição retém o valor do desconto. Evidencia também nessa segunda opção que a existência do risco para a financeira é inexistente, já que o INSS repassa todo o benefício para a financeira. A terceira opção oferecida para esse tipo de transação, que inclusive é previsto em Instrução Normativa do INSS, número 1171 , é realizada através de um cartão de crédito, nessa opção a instituição envia arquivo magnético à Dataprev2 que realiza uma Reserva da Margem Consignável (RMC), no valor de até um terço da margem de 30% permitida por lei. E, dessa forma, mensalmente a financeira envia à Dataprev o arquivo com informação sobre valor a ser consignado nas operações feitas com o cartão de crédito. A exigência legal é que as Instituições Financeiras devem ser conveniadas com o INSS (artigo 1º, inciso III, IN INSS/ DC nº 110)3. Sendo assim, percebemos que a exploração dos aposentados de uma forma até legal é institucionalizada, ou seja, diante do contexto em que o mesmo acaba por enfrentar, o endividamento para as pessoas na fase dos 55 anos em diante, já aposentados, reflete a necessidade urgente da realização de um planejamento financeiro nas fases anteriores. Em alguns casos a mídia tem relatado que algumas pessoas nessas condições acabam por não conseguir nem o mínimo de condições de sobrevivência, vítimas de financeiras e falta de informação. 1 Instrução Normativa do INSS nº 117: Consiste em ato administrativo expresso por ordem escrita expedida pelo chefe de serviço ou ministro de Estado a seus subordinados, dispondo normas disciplinares que deverão ser adotadas no funcionamento de serviço público reformulado ou recém-formado. Altera a redação e acrescem dispositivos à Instrução Normativa nº 110 INSS/DC, de 14 de outubro de 2004, que estabelece procedimentos quanto à consignação de descontos para pagamentos de empréstimos pelo beneficiário da renda dos benefícios. 2 A Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev) é uma empresa pública brasileira. É responsável pela gestão da Base de Dados Sociais Brasileira 3 Artigo 1º, inciso III, IN INSS/DC nº 110. Estabelece procedimentos quanto à consignação de descontos para pagamento de empréstimos contraídos pelo beneficiário da renda mensal dos benefícios. Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 7 A crise social econômica afeta a todos, independentemente de fase de idade, mas para um jovem mesmo com pouca experiência e maturidade algumas alternativas podem ser oferecidas em função de seu próprio estado de saúde. Serviços paralelos “bicos” são alternativos que complementam a renda familiar e conseguem suprir uma determinada época. Para pessoas com idade acima de 55 anos sobram poucas alternativas as quais são aceitas para suprir necessidades vitais. Alguns benefícios são oferecidos ou vigiados pelo governo endereçados às pessoas nessa fase da vida, consideradas como “idosos”. Entre esses benefícios podemos mencionar atendimento preferencial nos postos de saúde tendo a gratuidade de remédios, normalmente de uso continuado. Para saber mais sobre o Assunto leia o capitulo 4, página 74 da Dissertação de Mestrado intitulada: “A utilização do crédito consignado pelos aposentados da Terceira Idade: um estudo Exploratório”, de Rosa Maria de Freitas, do Programa de Mestrado Profissional em Administração das Faculdades Integradas Pedro Leopoldo, em Pedro Leopoldo, Minas Gerais, 2010. Na pesquisa é apresentado comportamento do consumidor nessa fase apontando as razões para recorrer ao empréstimo consignado e as consequências diante das financeiras ancoradas no INSS. Considerações finais Durante essa aula destacamos implicitamente fatos e consequências do não planejamento financeiro em fases da vida precedentes à fase explícita, dos 55 anos em diante. Destacamos que, mesmo com experiência e cautela, a permanência da maioria das pessoas referenciadas não se trata de opção. Mencionamos os prazeres para aqueles que investirão, seja em poupança ou em fundos de ações e com pesar explicitamos os desafios enfrentados pelas pessoas que, por diversas razões e falta de informações, não pouparam ou criaram estratégias para garantir um padrão de vida adequado nessa fase da vida e, em consequência, ficam sem alternativas a não ser manterem-se trabalhando. Mostramos também os bastidores do preço do crédito paraos aposentados, inclusive passeando pelos camarins do INSS. Fica evidente a necessidade de reflexão para aqueles que não aderiram a ideia de uma poupança ou um respaldo para a fase dos 55 anos de idade em diante. Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 8 Procuramos destacar alguns dilemas enfrentados pelas pessoas ao atingirem essa idade, fatos positivos articulados à experiência e maturidade, mas também alguns obstáculos, na maioria das vezes intrínsecos, tais como condição física. Esperamos ter contribuído e até mesmo alertado para um problema que, para muitos, é só uma questão de tempo. Referências CASA CIVIL. Empréstimo Consignado. 2004. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.953.htm>. Acesso em: nov. 2013. HOJI, M. Finanças da Família: o caminho para a independência financeira. São Paulo: Profitbooks, 2007. FRADE, C.; MAGALHÃES, S. Sobre endividamento: a outra face do crédito. In: MARQUES, C. L.; CAVALLAZZI, R. L. (Coord.) Direito do consumidor endividado: superendividamento e crédito. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. FREITAS, R. M. A utilização do crédito consignado pelos aposentados da 2010 da terceira idade: um estudo exploratório. 2010. Dissertação (Mestrado) Fipel, Minas Gerais. MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. Consignado: operações somam R$ 3,58 bilhões em agosto. Disponível em: < http://www.previdencia.gov.br/noticias/consignado-operacoes- somam-r-358-bilhoes-em-agosto/ >. Acesso em: nov. 2013. IBGE. O trabalho a partir dos 50 anos de idade. Indicadores IBGE. Disponível em: < http://www. ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/trabalhoerendimento/pme_nova/trabalho_50anos. pdf. Acesso em: nov. 2013. http://www.planalto.gov.br/ http://www.previdencia.gov.br/noticias/consignado-operacoes- http://ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/trabalhoerendimento/pme_nova/trabalho_50anos. Folha de rosto Introdução 1 A vida financeira a partir dos 55 anos 2 Contexto brasileiro: permanecer na ativa a partir dos 55 anos equilíbrio financeiro 3 A exploração dos idosos mesmo após aposentados Considerações finais Referências
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