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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA ETEC SANTA IFIGÊNIA Ensino Médio com Habilitação Profissional de Técnico em Hospedagem Arthur Espindola da Silva Bianca Alves Santos Cibely de Sousa Agostinho Daniel Gama Silva Isabela Feliciano dos Santos Laís Noronha Santos Maria Clara dos Santos Bianchini Maria Eduarda Perez Cerezo Yasmim Conceição da Silva OS IMPACTOS DA PANDEMIA DE COVID-19 NA HOTELARIA São Paulo 2023 Arthur Espindola da Silva Bianca Alves Santos Cibely de Sousa Agostinho Daniel Gama Silva Isabela Feliciano dos Santos Laís Noronha Santos Maria Clara dos Santos Bianchini Maria Eduarda Perez Cerezo Yasmim Conceição da Silva OS IMPACTOS DA PANDEMIA DE COVID-19 NA HOTELARIA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Ensino Médio com Habilitação Profissional de Técnico em Hospedagem da Etec Santa Ifigênia orientado pelo Profa. Alessandra Blengini Mastrocinque Martins, como requisito parcial para obtenção de título de técnico em Hospedagem. São Paulo 2023 AGRADECIMENTOS Agradecemos primeiramente a Deus, por nos fortalecer a cada dia, aos nossos pais, por nos apoiarem sempre e aos professores por nos proporcionarem o conhecimento necessário para a realização deste projeto. Dedicamos este projeto a todos que nos ajudaram nessa longa caminhada. “As crises são oportunidades para crescimento e transformação." Peter Drucker RESUMO Este trabalho tem como objetivo compreender os impactos causados pela pandemia de COVID-19 na hotelaria, visando analisar as adaptações dos hotéis nos setores da recepção e governança. A metodologia utilizada no presente estudo teve como base pesquisas bibliográficas e pesquisas de campo aplicadas com profissionais da gestão hoteleira e para os hóspedes, a fim de analisar os reflexos gerados. Portanto, os resultados mostram que a pandemia afetou a qualidade da hospedagem, pois houve uma adaptação aos protocolos sanitários nos setores para garantir a segurança de todos. Além disso, teve o aumento no uso da tecnologia nos processos operacionais, outro impacto gerado é o desligamento dos profissionais, com a dificuldade da contratação e retenção atualmente, também ocorreu a permanência das modificações nos processos operacionais pós-pandemia. Deste modo, é perceptível que os hotéis se adaptaram e que as mudanças ocorridas durante a pandemia terão provavelmente um impacto duradouro na sociedade, por isso a gestão hoteleira enfrenta os novos desafios, mas está pronta para atender às necessidades dos hóspedes. Palavras-chave: Hotelaria. Pandemia de COVID-19. Impactos. Pós-pandemia. ABSTRACT This work aims to understand the impacts caused by the COVID-19 pandemic on the hotel industry, aiming to analyze the adaptations of hotels in the reception and governance sectors. The methodology used in the present study was based on bibliographical research and field research carried out with hotel management professionals and guests, to analyze the consequences generated. Therefore, the results show that the pandemic affected the quality of accommodation, as there was an adaptation to health protocols in the sectors to guarantee everyone's safety. Furthermore, there has been an increase in the use of technology in operational processes, another impact generated is the dismissal of professionals, with the difficulty of hiring and retention nowadays, there is also the persistence of changes in post-pandemic operational processes. In this way, hotels have adapted and that the changes that occurred during the pandemic will have a lasting impact on society, which is why hotel management faces new challenges, but is ready to meet the needs of guests. Keywords: Hospitality. COVID-19 pandemic. Impacts. Post-pandemic. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Hotel............................................................................................................. 16 Figura 2: Resort .......................................................................................................... 17 Figura 3: Hotel fazenda .............................................................................................. 17 Figura 4: Hotel cama & café ...................................................................................... 18 Figura 5: Hotel histórico ............................................................................................ 19 Figura 6: Pousada ...................................................................................................... 19 Figura 7: Flat hotel ..................................................................................................... 20 Figura 8: Operações e funções do gestor geral ..................................................... 22 Figura 9: Fluxograma do processo de check-in .................................................... 25 Figura 10: Fluxograma do processo de check-out ................................................ 26 Figura 11: Fluxograma do processo de limpeza .................................................... 29 Figura 12: Dados comparativos sobre mortes de COVID-19 no Brasil ............... 33 Figura 13: Selo ALLSAFE e Bureau Veritas ............................................................ 35 Figura 14: Selo do Turismo Responsável ............................................................... 36 Figura 15: Impactos da pandemia no turismo em São Paulo............................... 39 Figura 16: Performance histórica hotelaria em São Paulo (capital) .................... 41 Figura 17: Dados Acumulados da ABIH-SP no ano de 2021 ................................ 42 Figura 18: Dados comparativos da Taxa de Ocupação entre 2019-2021 ............ 43 Figura 19: Dados comparativos da Diária Média entre 2019-2021....................... 43 Figura 20: Dados comparativos da RevPAR entre 2019-2022 .............................. 44 Figura 21: Dados comparativos da Taxa de Ocupação entre 2019-2022 ............ 45 Figura 22: Dados comparativos da Diária Média entre 2019-2022....................... 46 Figura 23: Dados comparativos da Taxa de Ocupação entre 2019-2023 ............ 47 Figura 24: Dados comparativos da Diária Média entre 2019-2023....................... 48 Figura 25: Exterior e restaurante do Santa Tereza Hotel ...................................... 55 Figura 26: Exterior do hotel Verdura Resort ........................................................... 56 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Procedimentos de front office ................................................................. 34 Tabela 2: Procedimento de limpeza e desinfeção em áreas comuns e UH´s .... 35 Sumário INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 10 1. HISTÓRIA DA HOSPEDAGEM ............................................................................... 13 1.1. Meios de hospedagem ................................................................................. 14 1.1.1 Hotel ................................................................................................................ 15 1.1.2 Resort ............................................................................................................. 15 1.1.3 Hotel fazenda ................................................................................................. 16 1.1.4 Cama & café ...................................................................................................17 1.1.5 Hotel histórico ............................................................................................... 17 1.1.6 Pousada ......................................................................................................... 18 1.1.7 Flat ou apart-hotel ......................................................................................... 19 2. GESTÃO HOTELEIRA E SEUS PROCESSOS ..................................................... 20 2.1. Gestão geral ..................................................................................................... 20 2.1.1. Funções da gestão geral ............................................................................. 21 2.2.1 Gestão de recepção ...................................................................................... 22 2.2.2 Funções do gerente de recepção ................................................................ 23 2.2.3 Processos operacionais de recepção ........................................................ 23 2.3 Gestão de governança ..................................................................................... 25 2.3.1 Funções de um gestor de governança ....................................................... 26 2.3.2 Processos operacionais da governança .................................................... 28 3. COVID-19 E SEUS IMPACTOS NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS HOTELEIROS ...................................................................................................................................... 30 3.1. A pandemia de COVID-19 ............................................................................... 30 3.2. Protocolos sanitários na hotelaria ................................................................ 33 3.3. As mudanças na recepção e governança durante a pandemia de COVID- 19............................................................................................................................37 3.4. A hotelaria em números, de 2020 a 2023...................................................... 38 4. HOTELARIA PÓS-PANDEMIA ............................................................................... 49 4.1. Desafios e adaptações da hotelaria .............................................................. 49 4.1.1. Mudanças permanentes na hotelaria ......................................................... 51 4.1.2. Demanda pós-pandemia .............................................................................. 52 4.2. Tendências e inovações na hoteleira ........................................................... 53 4.2.1. Integração de tecnologia de automação ................................................... 53 4.2.2. Experiências personalizadas e inovadoras .............................................. 54 4.2.3. Sustentabilidade e responsabilidade social ............................................. 56 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................57 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 58 Glossário ..................................................................................................................... 67 Apêndice B - Questionário do gestor hoteleiro ...................................................... 70 Apêndice C – Modelo de carta para entrevista pelos alunos ............................... 71 Apêndice D – Modelo de Carta para entrevista pela coordenação escolar........ 72 INTRODUÇÃO Este trabalho tem como propósito expressar a relevância dos impactos gerados pela pandemia de COVID-19 na hotelaria, com a finalidade de entender como foram os processos de adaptação e as principais dificuldades que os hotéis enfrentaram. A pandemia de COVID-19 impactou significativamente a indústria hoteleira em todo o mundo, gerando reflexos que afetaram o funcionamento dos hotéis e as relações humanas, ocasionando a suspensão de serviços não essenciais. Segundo a Associação Brasileira das Agência de Viagens Corporativas (ABRACORP), após o retorno de serviços não essenciais e o término do lockdown, houve uma movimentação de viajantes que gerou 972 milhões de reais em junho de 2022, um aumento de 15% ao registrado no mesmo mês em 2019, quando ainda não estava em estado de pandemia. Comparado ao ano de 2021, quando o vírus ainda estava em seu ápice, o aumento é ainda maior, cerca de 227%. Esses dados evidenciam como a flexibilização da pandemia aumentou a demanda por reservas, consequentemente influenciando de forma positiva a economia turística. É importante ressaltar como a hotelaria se adaptou aos protocolos sanitários da pandemia de COVID-19, diante desse cenário, é perceptível como as empresas continuam se adaptando às novas circunstâncias e as mudanças que foram implementadas para garantir que os hóspedes possam desfrutar de uma estadia segura e sem preocupações. Desta forma, o trabalho se mostra viável por meio de artigos, reportagens, pesquisas e estudos. É fundamental compreender os impactos específicos da pandemia na gestão hoteleira e a busca de estratégias para enfrentar os desafios impostos pela crise sanitária, por meio de soluções que garantam a segurança dos hóspedes e colaboradores, ao mesmo tempo, em que se promove a retomada da demanda por serviços hoteleiros. O tema do trabalho se mostra relevante não apenas para os integrantes do Trabalho de Conclusão de Curso, mas para toda a população que vivenciou o período de pandemia. A pandemia foi vivenciada durante o início do curso e, portanto, um período de grande mudanças e desafios para os integrantes do grupo e para toda sociedade. O trabalho teve como objetivos identificar as mudanças e impactos gerados na gestão hoteleira durante a pandemia de COVID-19; compreender o funcionamento da gestão de hotéis antes, durante e pós pandemia; investigar os protocolos de vigilância sanitária seguidos nos hotéis durante a pandemia de COVID-19; analisar as principais dificuldades que a hotelaria tem enfrentado para se adaptar ao novo cotidiano e as principais tendências que surgiram durante o período, Como a hotelaria se adaptou aos protocolos da pandemia? Exploramos as hipóteses de que a adaptação da hotelaria, a partir dos protocolos sanitários da pandemia de COVID-19, teve que ser muito rápida e rigorosa para a proteção de seus funcionários e hóspedes. Entre as principais imposições seriam o distanciamento social, a obrigatoriedade da apresentação de comprovante de vacinação, juntamente com a máscara e passar pelo termômetro eletrônico. Já na área dos colaboradores do hotel, houve mudanças em relação a limpeza, fazendo com que a rotina das pessoas que atuavam na cozinha mudasse para o novo protocolo de limpeza imposto pela ANVISA. Com a pandemia, a organização de eventos foi suspensa e a demanda de limpeza dos quartos diminuiu significativamente por falta de hóspede. Com o distanciamento, muitos hotéis tiveram que bloquear os espaços de lazer, como a piscina. Para evitar o máximo de contato físico, o check-in passou a ser online e a utilização de QR Code, ao invés de papéis, foi uma adaptação necessária. Utilizou-se os dois tipos de pesquisa, direta e indireta. A pesquisa direta foi realizada por meio de entrevistas com profissionais da hotelaria, que trabalham na área de gestão, para identificarmos o que mudou e como foi sua organização a partir da pandemia. Foram aplicados formulários online para analisar a visão dos hóspedes durante esses dois últimos anos. Já na pesquisa indireta foram utilizadas referências bibliográficas, considerando que devido ao fato de a pandemia ser recente não há tantas bibliografias relacionadas, desta forma, a pesquisa foi concentrada em fontes documentais, como artigos, reportagens e legislações.Contudo, ressaltamos que também foram utilizados livros para a complementação de assuntos relacionados a área de governança e gestão. O trabalho tem quatro capítulos, o primeiro sobre a história da hospedagem, o segundo aborda a gestão hoteleira e seus processos nas áreas de recepção e governança, o terceiro apresenta como a hotelaria foi afetada pela pandemia de COVID-19 e o último trata das adaptações e tendências da hotelaria pós pandemia. 14 1. HISTÓRIA DA HOSPEDAGEM De acordo com as autoras Motta e Edler, os primeiros indícios do surgimento da hospedagem têm registros datados na Grécia Antiga, há aproximadamente 2.500 anos. O nascimento de hospedarias a partir de albergues, veio da troca do pagamento pelo alojamento, nele encontrado repouso, comida e bebida; isso se deve ao desdobramento mercantil e privatizado da hospitalidade, que logo foi tomando forma. Durante os jogos olímpicos em Atenas, os que visitavam a cidade no evento precisavam de abrigo, assim tabernas e albergarias abriram suas portas, abrigando os viajantes (2019). Nos anos seguintes os estabelecimentos se expandiram, formando um comércio e visando o lucro no meio das estradas, foram abertas mais estalagens. Logo mercadores, andarilhos e outros passageiros, precisavam descansar em suas viagens, procurando hospedarias para descanso, se tornando algo comum nesta época. Segundo Montandon, durante a idade média, com os albergues, a Grécia e a Roma foram grandes pioneiras nessa função, ofereciam publicamente suas estalagens para o povoado de passagem, cobrando pelos serviços prestados (2011). Com o aumento do comércio, a acomodação nas viagens precisou se concretizar, com a importação de especiarias indo e vindo da Europa, a Inglaterra recebeu seu devido destaque como “região central”. Retratado por Walker, o país utilizou o serviço para pessoas de alta classe que passavam pela realeza; trazendo as funções da hospedagem para a área. Com quartos de alto nível de decoração, de luxo e serviços extras, como salões de banquetes, as hospedagens precisaram implementar melhorias no atendimento, assim era destacado aquele mais cortês. Os mais pobres não tinham sua vez, além das viagens a pé, sofriam para encontrar acomodações que lhes coubessem (2002). Foi somente os Estados Unidos que expandiu o mundo hoteleiro, a partir das colônias que cresciam eram necessárias mais acomodações em função social, para o cotidiano de outras classes, modernizando e aprimorando as tavernas para os hotéis, facilitando o acesso às classes mais baixas. “[...] nos Estados Unidos, qualquer pessoa que tivesse disponibilidade financeira poderia usufruir desse conforto.” (HOSPEDIN, s/d). Como Walker menciona, às vezes eram cheios de antiguidades, de origem e gosto duvidoso (2002). 15 O suíço hoteleiro, Cezar Ritz, nascido em 23 de fevereiro de 1850, no vilarejo de Niederwald, tem seu reconhecimento devido aos vários hotéis gerenciados pelo mesmo. Começou sua carreira aos 15 anos como aprendiz de gerente e nunca mais parou; inaugurou seus hotéis Ritz, em Paris e Londres, definindo um novo padrão de gerência de hotéis, considerando as pessoas como centro do ramo hoteleiro, introduzindo a hospitalidade à área. Ritz levava com si a frase “Os clientes nunca erram”, sempre procurando o melhor possível de seu trabalho, seus grandes esforços o levaram ao Mediterrâneo, tendo dirigido hotéis em Nice, San Remo e Monte Carlo, sendo sinônimo de elegância e refinamento, de acordo com Walker (2002). Nishiyama Onsen Keiunkan, localizado no Japão, em Yamanashi, na região dos rios Haya e Yu, leva consigo o título de hotel mais antigo, de acordo com a CNN Travel, foi fundado há mais de 700 anos, em 1315. A história da hotelaria no Brasil teve seu início com a chegada da colonização portuguesa sobre as terras Tupiniquins, de início usou-se casas, escolas e mosteiros para oferecer estadia para viajantes. No Brasil, o verdadeiro impulso da hospedagem só aconteceu no século XIX, como citado pela autora Dias, quando São Paulo foi afetado rapidamente com a circulação dos trens de “São Paulo Railway”, conhecida como “linha inglesa”. Apesar do início da hospedagem não ser tão sólida, os bandeirantes não costumavam ficar em um só estabelecimento, mudando frequentemente de local (2006). Com o passar do tempo, esta prática se alastrou e precisou se adaptar as novas sociedades, diversificando seus serviços, principalmente em lazer, resultando hoje nos famosos hotéis e resorts. Atualmente esse padrão “evolutivo” permanece, buscando inovar, sendo criativo e moderno, conforme as necessidades atuais. Se adaptando ao mundo cada vez mais tecnológico. 1.1. Meios de hospedagem Este capítulo aborda as características específicas da hotelaria e hospedagem para a compreensão de termos e práticas fundamentais. 16 Hospedagem é o espaço denominado para abrigar e acolher de forma hospitaleira, que nada mais é que receber e zelar por alguém de um ambiente diferente, ou seja, oferecer comodidade e lazer ao hóspede. As diversas variações dos meios se devem a procura diferenciada de acordo com o hóspede e seu interesse. Conforme a portaria N°100/2011 do Ministério do Turismo (MTUR), no Brasil existem sete tipos de meios de hospedagem, sendo eles: Hotel, Resort, Hotel Fazenda, Cama & Café, Hotel Histórico, Pousada e Flat/Apart- Hotel. Definidos por: 1.1.1 Hotel Dentre todos, o mais popular e clássico é o hotel, tendo como objetivo trazer não só variedades de quartos para o cliente, mas também espaços de lazer, mesmo que seja algo opcional. Com serviço de recepção, este pode possuir ou não alimentação, certa vez incluído na diária. Figura 1: Hotel Fonte: Pexels, s/d 1.1.2 Resort Os resorts são mais completos e trazem maiores variedades de atendimentos, comportando inúmeras atrações de lazer e entretenimento, desde piscinas frias e aquecidas, atividades em meio à natureza, até spa e academias, para que o hóspede se acomode somente com o que tem no local, tornando-se suficiente mesmo em uma 17 área pouco turística. Normalmente localizados longe de pontos urbanos e turísticos, são autossuficientes somente pelos serviços prestados, de acordo com a ACCOR (s/d). Figura 2: Resort Fonte: Jaraguá Passeios Turísticos, 2018 1.1.3 Hotel fazenda Encontrado em áreas rurais, com serviços básicos de hotéis e o intuito do hóspede se conectar com a natureza, a rotina e trabalho de uma fazenda proporciona o lazer. As práticas de atividades com o auxílio dos profissionais na vivência no campo, tais como trilhas, andar a cavalo, visita a hortas e pontos históricos do local, são características do meio; sintonizando com a gastronomia rural e caseira. Figura 3: Hotel Fazenda Fonte: Melhores Destinos, 2023 18 1.1.4 Cama & café Uma estalagem compartilhada, onde só é oferecido o quarto e concedido o café da manhã completo e reforçado. Sua principal vantagem é reunir o conforto com a praticidade e economia que o cliente procura. Figura 4: Hotel cama & café Fonte: Minas Gerais Hotels, 2023 1.1.5 Hotel histórico Instalados em construções históricas que geralmente foram tombadas e restauradas, este tem como objetivo trazer uma experiência cultural. O meio de hospedagem oferece os serviços básicos de alimentação e acomodação, mas com o diferencial de apresentar a história do país através da arquitetura. 19 Figura 5: Hotel histórico Fonte: Radar Decoração, 2015 1.1.6 Pousadas As pousadas são muito presentes em áreas verdes, este meio de hospedagem, por sua vez, apresenta conforto e aconchego. Dentro de seu serviço são disponibilizados apartamentos ou estadias em chalés. Considerada mais rústica, é viável a famílias que buscam por passeios no local visitado. Figura 6: Pousada Fonte:Pousada Jeri Dunas, 2023 20 1.1.7 Flat ou apart-hotel Diferente dos outros comentados anteriormente, este meio de hospedagem possui sua acomodação distribuída em apartamentos, ou seja, contam com quarto, banheiro, sala, cozinha e uma área de serviço; sendo ideal para quem procura uma privacidade maior ao se hospedar, ou para quem pretende ficar um longo período no estabelecimento. Figura 7: Flat hotel Fonte: Adagio Apart-hotel, 2007 21 2. GESTÃO HOTELEIRA E SEUS PROCESSOS 2.1. Gestão geral A gestão hoteleira consiste basicamente no planejamento e administração do hotel, utilizando métodos para alcançar um objetivo específico. Uma das ferramentas mais utilizadas são os três tipos de planejamento, sendo eles estratégico, operacional e tático. O planejamento estratégico seria a definição das metas futuras e específicas do hotel a curto, médio e longo prazo. Por outro lado, o operacional visa o gerenciamento das tarefas diárias. E por fim, o tático foca nas ações e execuções dos funcionários. A pessoa encarregada deste cargo é chamada de gestor e exerce funções que podem alterar conforme o porte do hotel. No caso de hotéis de grande porte, apenas o gerente geral pode não ser suficiente para toda a administração, já que as funções são muitas, assim precisando um subgerente para seu auxílio. Já em hotéis de pequeno porte são geralmente administrados pelo próprio dono ou por algum familiar, não necessitando de um funcionário para essa função. Por outro lado, os hotéis de grande porte tendem a necessitar deste funcionário, surgindo então o cargo de gerente geral. O gestor geral é o principal responsável por administrar todas as áreas de um hotel, sendo ele quem coordena os responsáveis de cada setor. 2.1.1. Funções da gestão geral O gestor geral é responsável pelas funções mais importantes do hotel, ficando encarregado por garantir a sua qualidade. Ele é quem coordena, planeja, direciona e controla as funções dos outros setores, por isso sua extrema importância para o funcionamento. As funções de um administrador podem ser pensadas como funções contínuas e sequenciais. Muitas vezes, seria oportuno perguntar: "Mas o que o administrador faz?". Ele deveria ser visto como alguém que exerce várias funções contínuas e diversas funções sequenciais”. (ROCA; MARTIN, 2005, p. 10). 22 A seguir um infográfico com todas as operações e funções que, geralmente, um gestor geral é responsável dentro do hotel: Figura 8: Operações e funções do gestor geral Planejamento • Previsão: Indicar as metas do hotel; • Determinação de objetivos; • Desenvolvimento de estratégias; • Programação; • Elaboração de orçamento; • Instituição de procedimentos; • Desenvolvimento de políticas. Organização • Estabelecer uma estrutura organizacional: orgonograma; • Criar descrições de cargos; • Estabelecer qualificações para os cargos; •Ter uma boa comunicação com funcionários e hóspedes. Pessoal • Seleção de funcionários; • Orientação de funcionários; • Treinamento; • Desenvolvimento. Direção • Delegação: distribuir tarefas; • Motivação: incentivar os funcionários; • Coordenação; • Gestão de diferenças: impulsionar pensamento independente; • Gestão de mudanças: despertar a criatividade. 23 Fonte: Adaptado pelos autores de ROCA, 2005. 2.2.1 Gestão de recepção Em todas as áreas do hotel a presença do gestor é fundamental para supervisionar, coordenar e planejar o departamento. A recepção é a área que o hotel deve se destacar por ser o primeiro contato dos hóspedes. Como apontam Sena e Lairson: “A recepção tem grande importância na fidelização dos hóspedes, pois é a porta de entrada dos hóspedes, é seu primeiro contato com o hotel.” (2008, p. 208). Vale ressaltar, portanto, que para evitar falhas e garantir o melhor atendimento é necessário um excelente planejamento operacional, estratégico e tático. O planejamento da recepção não difere muito entre hotéis de grande e pequeno porte, pois o processo de identificação dos hóspedes exige um padrão. Os hotéis maiores têm mais funcionários e, se estiverem superlotados, um assistente ou gerente de reservas poderá auxiliar no trabalho nos processos da recepção. Os pequenos hotéis não precisam de tantos funcionários devido à demanda não ser grande, ou seja, muitas vezes o gestor fica responsável pelo atendimento dos hóspedes em caso de alta demanda. Rutherfor diz que para o funcionamento do hotel são necessários alguns cargos para comandar os departamentos, deste modo, o gerenciamento ocorre de forma mais organizada e eficaz. A recepção conta com um gerente de recepção que coordena o departamento, um supervisor de reservas e um assistente. Os grandes hotéis contam com capitão porteiro, responsável por controlar a recepção e a entrada e saída dos hóspedes, mas também pode realizar outras tarefas semelhantes às de um concierge de hotel, como reservar táxis ou fornecer conselhos de viagem, ou qualquer outra informação para os hóspedes. O mensageiro é responsável por monitorar as Controle • Estabelecimento de um sistema de informações; • Desenvolvimento de padrões de desempenho; • Mensuração dos resultados; • Ações corretivas: estratégias; • Recompensas. 24 chegadas e saídas dos hóspedes, embalar as bagagens e orientar as áreas públicas do hotel, além de atender as solicitações dos clientes, entregando correspondência e solicitando táxis, transporte turístico e reservas em restaurantes, dependendo do porte do hotel. O auditor noturno é responsável por muitas tarefas, incluindo o processamento de pagamentos de hóspedes, balanceamento de relatórios, reunir os recibos de caixa e preparação de faturas para o dia seguinte (2004). 2.2.2 Funções do gerente de recepção De acordo com Valente (2022), o gerente de recepção possui muitas funções, mas a principal é coordenar o atendimento ao público em hotéis, também é responsável pelo treinamento da equipe. Além disso, efetua lançamentos no sistema de reservas, verifica e responde e-mails dos hóspedes, confere entrada e saída dos hóspedes, sempre tendo agilidade para resolver qualquer problema. Este profissional faz requisições de materiais de trabalho para o setor, também elabora relatórios sobre o ocorrido para seus superiores e realiza o fechamento do caixa. 2.2.3 Processos operacionais de recepção O processo de check-in é a parte da recepção do hóspede no hotel e sua identificação, quando são verificados todos os seus dados e são entregues as chaves ou cartão da UH. Geralmente é usado também pelas agências de viagens e companhias aéreas. A seguir, o fluxograma sobre os processos padrão do setor da recepção para o check-in: 25 Figura 9: Fluxograma do processo de check-in Fonte: Adaptado pelos autores do site www.miidas.com.br, 2023. O check-out é o processo de saída do hóspede no hotel, no qual são verificados os consumos extras, o fechamento do pagamento e a aplicação da pesquisa de satisfação, além da entrega da chave ou do cartão da UH. A seguir, está o fluxograma sobre os processos padrão do setor da recepção para o check-out: Cumprimentar o hóspede: Com um sorriso e uma saudação calorosa, desde o momento em que ele chega ao balcão de check-in; Verificar reserva e identificação: Solicitar a identificação do hóspede e verificar sua reserva no sistema, garantindo que as informações estejam corretas e atualizadas, além de entregar a Ficha Nacional de Registro do Hóspede; Oferecer informações sobre o hotel: Fornecer ao hóspede informações sobre as comodidades do hotel, como horários de funcionamento do restaurante, serviços disponíveis, instalações de lazer, entre outros; Explicar políticas e procedimentos: Informar ao hóspede sobre as políticas do hotel, como política de cancelamento,política de uso das instalações e procedimentos de segurança; Processar o pagamento e solicitar autorização do cartão: Realizar o processo de pagamento, seja por meio de cartão de crédito, débito ou pagamento em dinheiro, seguindo os procedimentos do hotel; Emitir as chaves do quarto: Entregar as chaves ou cartões eletrônicos para o hóspede, explicando como utilizá-los e indicando a localização do quarto; Oferecer assistência adicional: Disponibilizar informações adicionais ao hóspede, como opções de restaurantes nas proximidades, atrações turísticas locais e serviços de transporte. 26 Figura 10: Fluxograma do processo de check-out Fonte: Adaptado pelos autores do site www.miidas.com.br, 2023. 2.3 Gestão de governança O autor Rutherford explica que a governança tem um papel fundamental no setor hoteleiro, pois é o coração da hospedagem (2004). Este setor é obrigatório e essencial por ser o responsável por toda a limpeza e arrumação dos quartos e do próprio hotel. O gerenciamento da governança é geralmente feito pelo gestor daquela área e tem como responsabilidade dirigir, coordenar e controlar todo movimento do setor. No caso de hotéis de grande porte, a governança é administrada pela governanta, que assim como em todos os outros setores é supervisionada e treinada pelo gestor geral. Segundo a autora Câmara, em hotéis de pequeno porte a parte de limpeza do prédio pode ser feita por membros da própria família do proprietário, não necessitando de um gerente para aquela área (2012). Cumprimentar o hóspede: Receber o hóspede com um sorriso e uma saudação cordial, demonstrando interesse em sua estadia e satisfação; Verificar as informações da estadia: Confirmar as datas de check-in e check-out, bem como a categoria de quarto ocupado pelo hóspede, garantindo a precisão dos dados; Revisar a conta: Apresentar a conta detalhada ao hóspede, destacando os itens consumidos, serviços extras e quaisquer encargos adicionais; Processar o pagamento: Receber o pagamento do hóspede, seja por meio de cartão de crédito, débito ou pagamento em dinheiro, seguindo os procedimentos do hotel; Coletar as chaves do quarto: Solicitar ao hóspede a devolução das chaves ou cartões eletrônicos do quarto, verificando se todas as chaves foram devolvidas; Solicitar feedback: Perguntar ao hóspede sobre sua experiência durante a estadia, convidando-o a fornecer feedback sobre os serviços, instalações e atendimento recebidos. Isso pode ser feito por meio de um questionário de avaliação; Fornecer informações: Como horários de transporte público, orientações sobre a cidade ou outras informações; 27 Assim como outros departamentos, a governança possui uma hierarquia. Martin explica que os cargos principais são a governanta executiva, supervisor de limpeza e supervisor de andar, que coordenam os serviços de limpeza, inspecionam os serviços de limpeza e preenchem mapas e planilhas de controle. Além disso, existe o assistente sênior de governança, responsável por supervisionar e controlar as atividades de limpeza, proteção dos apartamentos e elaborar horários de trabalho, já as camareiras são responsáveis por todos os procedimentos de limpeza da UH. Em grandes hotéis que não possuem o serviço de lavanderia terceirizado, há a presença de um chefe de lavanderia, designado para cuidar dos enxovais e os uniformes dos funcionários (2004). 2.3.1 Funções de um gestor de governança Em grandes hotéis, as supervisoras de andares são as responsáveis pelo monitoramento das limpezas das UH’s e a governanta pelos relatórios de discrepância, sendo encarregada do planejamento dos horários e distribuição de quartos para as camareiras, certificando-se da ocupação do hotel, com o propósito de manusear os custos, além de ser designada a treinar novos funcionários. Segundo a autora Câmara (2012), as principais funções de um gerente de governança, consistem em: • Ser responsável pelo bom desempenho do departamento; • Monitorar assistentes de lavanderia e andares; • Organizar as cargas horárias dos funcionários, se atentando em estar sempre atualizado e com precauções de emergências como falta de funcionários, doenças, férias, imprevistos etc.; • Fazer a fiscalização do recebimento e cadastro de objetos e pertences guardados. • Se responsabilizar pela chave do depósito de achados e perdidos e pelo controle de devolução destes pertences; • Auxiliar e assessorar as demais gerências na composição da decoração do hotel, principalmente nos eventos e nas festas, participando, sugerindo e executando, juntamente com suas colaboradoras, projetos nesse sentido; • Atender pessoalmente a eventuais reclamações e solicitações dos hóspedes. 28 • Coordenar e organizar as disponibilidades de apartamentos juntamente com o gerente de hospedagem ou chefia da recepção; • Supervisionar a mudança de hóspedes de apartamentos, principalmente nas emergências; • Identificar e dar soluções, de acordo com a política da empresa; • Estar atento aos protocolos de prevenção de incêndio e segurança; • Planejar o sistema de avaliação de resultados das atividades do departamento de governança e transformá-lo em relatórios periódicos para a gerência geral; • Manter uma boa comunicação sobre a política de pessoal, escalas de férias, afastamentos, benefícios, comunicados etc.; • Administrar, controlar a produtividade da lavanderia no que se refere ao custo, aos produtos químicos, ao consumo, à técnica operacional, aos desperdícios, à economia e ao estado geral das roupas lavadas. • Criar normas para controle de recebimento, estocagem e distribuição, entre as camareiras e o pessoal operacional, de todo o material. • Controlar o departamento de governança como a lavanderia, frigobar, tomando conhecimento dos relatórios de venda e controle de débitos. • Certificar-se de que seu departamento proporciona um serviço com qualidade aos hóspedes. • Realizar um bom treinamento da equipe para o aperfeiçoamento de tarefas. • Proceder ao controle das chaves mestras de andares, exercendo rigorosa fiscalização. • Manter as demais governantas e chefias informadas sobre decisões, novas orientações e comunicados internos. 2.3.2 Processos operacionais da governança Os processos que a governanta coordena consistem em realizar a programação do procedimento padrão para a limpeza dos quartos de forma eficiente e minuciosa, garantindo a melhor experiência para os hóspedes. Em seguida, o fluxograma dos processos operacionais executados pelas camareiras e supervisionados pela governanta para a limpeza das unidades habitacionais (UH’s): 29 Figura 11: Fluxograma do processo de limpeza Fonte: Adaptado pelos autores do site www.miidas.com.br, 2023. Recepção da solicitação de limpeza: Receber a solicitação de limpeza do quarto, através do sistema de gerenciamento do hotel; Preparação dos materiais e equipamentos: Reunir todos os materiais e equipamentos necessários para a limpeza do quarto, como produtos de limpeza adequados, panos, aspirador de pó, luvas de proteção e carrinho de limpeza e enxoval; Entrada no quarto: Bater na porta do quarto e anunciar a presença da equipe de limpeza antes de entrar. Verificar se o hóspede não está presente ou, caso esteja, verificar a possibilidade de retornar mais tarde; Remoção da roupa de cama e toalhas: Retirar as roupas de cama, lençóis, fronhas e toalhas usadas do quarto e colocá-las em um saco ou cesto adequado para transporte; Limpeza e desinfecção do banheiro: Iniciar a limpeza pelo banheiro e reabastecer os itens de higiene, como sabonete, shampoo e papel higiênico; Limpeza do quarto: Limpar todas as superfícies do quarto, incluindo mesas, escrivaninhas, cadeiras, armários, televisão, telefone e outras áreas de contatofrequente; Aspiração e limpeza do chão: Aspirar o chão do quarto, removendo sujeiras e detritos. Limpar qualquer mancha visível e garantir que o piso esteja limpo e sem resíduos; Verificação final: Realizar uma verificação do quarto para garantir que todas as atividades tenham sido concluídas corretamente; Fechamento do quarto: Fechar a porta do quarto e garantir que esteja devidamente trancada e atualizar o status de limpeza no sistema do hotel para estar pronto para receber novos hóspedes. 30 3. COVID-19 E SEUS IMPACTOS NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS HOTELEIROS Este capítulo aborda como a pandemia de COVID-19 pode ter contribuído para mudanças dos hotéis e como ela impactou na prestação de serviços. Deste modo, é importante compreender o que foi modificado durante a pandemia. 3.1. A pandemia de COVID-19 De acordo com o Ministério da Saúde (2020), a COVID-19 é uma doença causada pelo coronavírus ou SARS-CoV-2 que se dissemina com facilidade, os quadros podem variar entre leve, moderado, grave, crítico ou assintomático. Os sintomas mais frequentes são: febre, cansaço, dificuldade para respirar e tosse seca. Para casos críticos, que normalmente ocorrem em indivíduos que estão no grupo de risco, essa doença pode amplificar para uma Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) que pode ocasionar a morte. A doença pode ser transmitida de três maneiras: por contato, por aerossol e por gotículas. Por contato é quando se tem contato direto com a pessoa ou objeto contaminado, por exemplo, um toque com as mãos. Por gotículas, quando a pessoa contaminada tosse ou espirra e se encontra cerca de 1 metro de distância de outra pessoa. Aerossóis são gotículas menores que ficam no ar, normalmente por horas e podem contaminar além da distância de 1 metro. O método de se prevenir dessa doença é a vacinação, que iniciou em 2021, todavia, antes da distribuição de vacinas, as principais formas de proteção eram o distanciamento social, o uso de máscaras usadas corretamente, higienização das mãos constantemente com álcool em gel e sabão e isolar o indivíduo que esteja com no mínimo suspeita da doença. Também foi criada a “Etiqueta respiratória” que são um conjunto de ações para proteção, algumas delas são: cobrir o nariz e a boca quando espirrar e tossir com lenço ou antebraço, tocar os olhos, o nariz e a boca apenas com as mãos higienizadas, evitar contato físico com pessoas que tenham sintomas da doença e não compartilhar objetos pessoais. Segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), não existe uma forma de tratamento específico para a doença de COVID-19, contudo o mais recomendado para amenizar os sintomas é permanecer em repouso, beber muita 31 água, utilizar remédios antitérmicos e analgésicos, tomar banho quente, usar umidificador no local de repouso e antes de tudo, quando aparecer os primeiros sintomas, ir ao médico para confirmas as suspeitas. Pandemia, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é a disseminação de uma doença em escala mundial. A pandemia de COVID-19 foi declarada em março de 2020, o vírus foi descoberto em dezembro de 2019, em Wuhan, na China. Segundo o Instituto Butantan, a origem do novo coronavírus ainda é desconhecida, “As principais teorias levantadas incluíam o contato entre um ser humano e um animal infectado e um acidente em um laboratório na China” (s/d). Reforçando essa teoria, a OMS divulgou um relatório com cerca de 120 páginas no final de março de 2020. Segundo o Senado Federal, o primeiro caso de COVID-19 no Brasil ocorreu em 26 de fevereiro de 2020, quando um brasileiro de 61 anos, morador de São Paulo, voltou de uma viagem da Itália a trabalho. Em 2021, com o avanço nos estudos sobre a doença, foram formuladas e estudadas inúmeras vacinas. Segundo o Instituto Butantan, as vacinas autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foram: CoronaVac, Sinovac, Pfizer AstraZeneca e Janssen, as primeiras doses começaram no início do ano. De acordo com o Ministério da Saúde, em fevereiro de 2021 começaram a ser produzidas as primeiras doses das vacinas CoronaVac e AstraZeneca no Brasil, na metade do ano foram aplicadas mais de 190 milhões de doses, ocasionando uma queda de 60% em casos e óbitos no país. Em outubro o número de doses aumentou para 300 milhões, diminuindo em 90% o número de óbitos desde o início da pandemia, em dezembro surge a variante Ômicron no mundo e o país fica em alerta. Conforme o canal de notícias CNN, em janeiro de 2022, com a variante Ômicron houve aumento de casos, mas com uma queda na taxa de letalidade, por conta da intensa campanha de vacinação que já acontecia há exatamente um ano. Em fevereiro, havia 4 milhões de casos da doença apenas em 2022, em março já ocorria a aplicação da 4° dose e, em abril, o número de casos caiu e o uso de máscaras deixou de ser obrigatório em todos os estados. No mês de maio ocorria o menor número de óbitos até aquela data, em agosto, o uso de máscara deixa de ser obrigatório nos aeroportos e aviões e em setembro, o governo de São Paulo tornou o 32 uso de máscaras opcional nos transportes públicos, mas em novembro o uso de máscaras volta a ser obrigatório em todos os lugares, por conta da nova subvariante, BQ.1 da linhagem da Ômicron, houve maior divulgação das doses de reforço da vacina e novamente um aumento no número de casos. No ano de 2023, mais de 517.936.072 doses das vacinas foram aplicadas desde o início da campanha e 13.371.803 doses apenas no ano de 2023 até a data de 19 de outubro, de acordo com o Ministério da Saúde. As mortes reduziram ao menor patamar desde que houve o início da pandemia, como aponta a figura 12. Figura 12: Dados comparativos sobre mortes de COVID-19 no Brasil Fonte: Poder 360, 2023 Em 5 de maio de 2023, a OMS decretou, o fim da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional por COVID-19. 33 3.2. Protocolos sanitários na hotelaria Segundo o site Significados, protocolo é um agrupamento de informações, medidas, normas e regras definidas a partir de um ato oficial após conferência, reuniões e acordos. De acordo com o site oficial do Governo do Brasil, a ANVISA: Tem por finalidade institucional promover a proteção da saúde da população, por intermédio do controle sanitário da produção e consumo de produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária, inclusive dos ambientes, dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles relacionados, bem como o controle de portos, aeroportos, fronteiras e recintos alfandegados (GOV.BR, 2021). A ANVISA, que tem como objetivo fiscalizar produtos como alimentos, cosméticos, medicamentos, saneantes entre outros fatores que podem prejudicar a saúde brasileira, não foi relevante apenas para o turismo, visto que a partir da definição de protocolos orientou e ajudou a diminuir a disseminação do vírus durante a pandemia, prevenindo o aumento da morbidade e mortalidade dos pacientes. As estratégias utilizadas foram reforçar a adoção de todas as medidas de prevenção e controle das infecções relacionadas à assistência à saúde. O Ministério do Turismo (MTur) lançou em 2020 o selo Turismo Responsável, um programa que estabelece boas práticas de higienização para cada segmento do setor, assim deliberando protocolos básicos para a proteção da saúde e a não transmissão do COVID-19. O selo Turismo Responsável também foi um incentivo para o consumidor, pois os hóspedes podiam se sentir seguros sabendo que os protocolos estavam sendo adotados. A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) destaca-se em desenvolver os interesses do setor hoteleiro. Consolidou-se no Brasil desde 1936 fornecendo serviços como: informações sobre hotelaria, fornecedores, produtos e estratégias de redução de custos operacionais, sempre debatendo temas relevantesao setor, valorizando as atividades do setor hoteleiro e movendo a economia no Brasil. Para elevar o nível de segurança do local e conquistar a confiança do hóspede, todas as redes hoteleiras se adequaram aos novos protocolos de segurança da pandemia criados pela ANVISA ou protocolos internacionais criados pela OMS. 34 Alguns hotéis conquistaram o selo de Turismo Responsável ou outros selos da própria rede, como o selo All Safe, da ACCOR. Figura 13: Selo ALLSAFE e Bureau Veritas Fonte: ACCOR, s/d O selo All Safe é inspecionado e certificado pelo Bureau Veritas com o objetivo de validar que os protocolos de higiene estão sendo cumpridos. Protocolos exclusivos, que devem ser adotados em áreas comuns, áreas de lazer, nos quartos e no atendimento médico. Figura 14: Selo do Turismo Responsável Fonte: Governo Federal, 2020 Na tabela 1 estão os protocolos indicados pela ABIH e pelo selo Turismo Responsável para os setores de recepção e front office, para o enfrentamento da pandemia de COVID-19. 35 Tabela 1: Procedimentos de front office SELO TURÍSMO RESPONSÁVEL/ABIH Os recepcionistas devem usar máscaras, podendo utilizar de maneira complementar o Face Shield. Possibilitar atendimento preferencial às pessoas de grupo de risco (idosos, hipertensos, diabéticos e gestantes) em todos os setores do hotel como - recepção, eventos, restaurantes etc. - garantindo um fluxo ágil para que as pessoas permaneçam o mínimo de tempo possível nos espaços compartilhados do estabelecimento. Esta informação deve estar disponível aos clientes a fim de facilitar a compreensão dos demais hóspedes; Ao receber o cliente, evite cumprimentos com contato físico como aperto de mão e abraços. Reduzir a quantidade de móveis como sofás, mesas, cadeiras ou espreguiçadeiras, diminuindo o número de pessoas no local; Estimular, para a segurança de hóspedes e colaboradores, o autosserviço de bagagens e estacionamento, no caso de permanência destes serviços. Principalmente mensageiros e manobristas devem higienizar as mãos após carregar malas e bagagens, bem como, higienizar todos os pontos de contato e manter o distanciamento mínimo. Remover jornais, revistas, livros e Ficha Nacional de Registro de Hóspedes (FNRH) em papel de todos os espaços para evitar a contaminação indireta. Intensificar as ações nos canais de comunicação online se possível: no ato da reserva (online) estimular a realização do pré check-in contendo informações cadastrais como na FNRH, anexando dados específicos sobre a saúde do hóspede, ou seja, se o mesmo se enquadra no grupo de risco e se possui plano de saúde, seguro- viagem, no caso de emergência a quem deve ser contatado. Fonte: Selo de Turismo Responsável; ABIH (2020) A seguir apresenta-se os protocolos referentes à sanitização de ambientes e governança, de acordo com as normas da ANVISA e do Selo de Turismo Responsável. Tabela 2: Procedimentos de limpeza e desinfeção em áreas comuns e UH´s ANVISA SELO TURISMO RESPONÁSVEL Profissionais específicos devem ser designados para realização desta atividade. A empresa deve verificar, junto ao hotel, a disponibilidade e as providências a serem adotadas para o atendimento às medidas descritas neste item. Os colaboradores devem ser bem treinados para tomar precauções eficazes com o uso de EPIs, especialmente a paramentação e desparamentarão. Importante estabelecer um horário pré-definido para a limpeza e desinfecção dos quartos visando a organização da rotina dos viajantes. Sequência de limpeza de locais com maior fluxo de pessoas, como: higienizar sempre após cada uso pontos e superfícies de contato como botões de elevadores, canetas de uso compartilhado, maçanetas de portas, corrimãos, telefones, tomadas, teclados, telas e monitores de computadores, tablets e smartphones, bancadas 36 de trabalho, móveis em áreas de espera, carrinhos de bagagens etc. Incluir na limpeza e desinfecção, as áreas mais tocadas, como maçanetas, controle de televisão, corrimão de escadas, botões de elevadores etc. Neste caso é indicado a utilização de álcool 60% a 80%. Colocar dispense de álcool gel 70% próximo às portas de todos os elevadores e locais de entrada e saída de áreas sociais. A limpeza e desinfecção deve considerar o perfil de transmissibilidade da doença especialmente por contato ou gotículas e ser realizada de acordo com o determinado na Resolução - RDC nº 56, de 06 de agosto de 2008. Propiciar boa ventilação nos ambientes mantendo portas e janelas abertas e, em caso de ambiente climatizado, realizar a manutenção e limpeza dos aparelhos de ar-condicionado, inclusive filtros e dutos. Os responsáveis pelos procedimentos definidos no Plano de Limpeza e Desinfecção - PLD devem utilizar os Equipamentos de Proteção Individual - EPI conforme estabelecido na RDC 56/2008. Promover a remoção frequente do lixo de forma a não gerar acúmulo, utilizando procedimentos seguros, recolhendo os resíduos dos recipientes próprios com fecho ou fechados quando estiverem com 80% de sua capacidade preenchida ou sempre que necessário, evitando coroamento ou transborde. Recomenda-se que as lixeiras existentes no estabelecimento sejam com tampa, pedal e contenham saco plástico para que o resíduo não tenha contato direto com a lixeira. As superfícies como carpetes, tapetes e cortinas devem ser limpas usando água e sabão ou outros produtos de limpeza apropriados para uso nessas superfícies. De acordo com a NOTA TÉCNICA Nº 22/2020/SEI/COSAN/GHCOS/DIRE3/ANVISA. Utilizar somente desinfetantes para uso geral (normalmente à base de cloro, álcoois, fenóis, quaternário de amônio) devidamente registrados junto à ANVISA. Percebe-se que os procedimentos são similares e/ou complementares, verifica- se, por exemplo, que o próprio Selo de Turismo Responsável orienta o uso de desinfetantes de acordo com a ANVISA. 3.3. As mudanças na recepção e governança durante a pandemia de COVID-19 Segundo os gestores dos hotéis Trianon Paulista, Ibis Styles Centro e Hotel Piratininga, localizados nas regiões da Bela Vista, Luz e Santa Ifigênia, respectivamente, os setores da recepção e da governança sofreram impactos durante a pandemia. Ainda segundo os gestores, no geral, a pandemia afetou a qualidade dos serviços hoteleiros, devido ao número reduzido de funcionários e corte de serviços básicos. Os hotéis implementaram medidas de segurança para garantir a saúde dos hóspedes, como uso obrigatório de máscaras, álcool em gel e distanciamento social. Os hotéis Trianon Paulista e Ibis Styles Centro obtiveram o Selo de Turismo 37 Responsável e hotéis de rede Accor conseguiram selos da própria rede, como o ALL SAFE. Na recepção, os processos operacionais dos hotéis modificaram-se para atender às normas de segurança e protocolos exigidos pela ANVISA como medição de temperatura na entrada, check-in e check-out com o mínimo de contato com o uso das telas de proteção nos balcões de atendimentos e distanciamento social sinalizado por marcas no chão. Na governança, alguns processos foram semelhantes aos da recepção, como o distanciamento e uso de máscaras. A exigência de utilização de produtos de limpeza tornou-se mais específica e reforçada e o número de limpezas dos quartos diminuiu e a segurança dos colaboradores se tornou ainda mais relevante. Segundo o hotel Ibis Styles Centro, “A limpeza era realizada a cada 3 dias, para garantir o mínimo de contato dos nossos colaboradores e hóspedes. E mesmo em apartamentos com check-out no dia, o quarto permanecia 24h em período de isolamento antes da entrada de uma camareira. Todo enxoval era e ainda ensacado e lavado em temperaturas acima de 60° 3.4. A hotelaria em números, de 2020 a 2023 Com as novas normas de segurança implantadas como distanciamento social, uso de máscarae higienização das mãos no início da pandemia em 2020, os serviços não essenciais foram diretamente afetados e isso inclui a hotelaria. Em maio de 2020, uma das piores épocas da pandemia, foi publicada pelo jornal Folha de São Paulo uma matéria evidenciando os impactos econômicos da pandemia sobre a hotelaria no país. Foram perdidos mais de 62 bilhões de reais desde 11 de março até 16 de maio de 2020, com a probabilidade de quase 300 mil trabalhadores formais demitidos segundo a Confederação Nacional do Comércio, Serviços e Turismo (CNC). O Relatório de Impactos da Pandemia de COVID-19 no Turismo da Cidade de São Paulo divulgado pela Prefeitura de São Paulo, em 2020, juntamente com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho (SMDET), São Paulo Turismo (SPTuris) e o Conselho Municipal de Turismo (COMTUR), demonstra os 38 impactos sofridos pelo turismo e pela hotelaria paulistana no primeiro semestre de 2020 (Figura 15). Figura 15: Impactos da pandemia no turismo em São Paulo Fonte, Prefeitura de São Paulo, 2020 (p. 14) Os dados acima indicam como o turismo em São Paulo foi afetado em 2020, com uma queda de 58,7% da taxa de ocupação hoteleira, 50,8% na movimentação de passageiros nacionais, 71,0% na movimentação de passageiros internacionais e perda de 18.649 empregos formais. Na página 26 do relatório também apresenta em números como os hotéis foram afetados: a taxa de ocupação acumulada foi de 28,3%, um número muito abaixo da metade, o valor da diária média caiu 13,9% no total sendo seu valor 292,93 e a receita por apartamento caiu 64,4% sendo seu valor 82,96. 27 hotéis fecharam completamente as portas naquele ano e 12 fecharam as portas temporariamente (PREFEITURA DE SÃO PAULO, 2020). A Confederação Nacional do Comércio, Serviços e Turismo (CNC) realizou um levantamento e verificou que cerca de 3 mil hotéis e pousadas encerraram suas atividades permanentemente até a data do dia 8 de abril de 2021. Esta grave crise econômico-sanitária provocou uma retração significativa na demanda por serviços não essenciais em 2020. Infelizmente, não há, no momento, expectativas de reversão para o setor no curto prazo, afirma José Roberto Tadros, presidente da CNC”. (HOTELIER NEWS, 2021). De acordo com o Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), o pior período para a hotelaria foi entre 27 de abril e 3 de maio, quando apenas 34,3% dos 39 hotéis estavam abertos; 100% dos hotéis tiveram queda no primeiro semestre de 2020 (março a junho de 2020) enquanto no segundo semestre (agosto a dezembro), os hotéis tiveram um aumento de 37% de faturamento. Ainda segundo o Relatório de Impactos da Pandemia de COVID-19 no Turismo da Cidade de São Paulo, os hotéis demitiram 60% dos seus funcionários no primeiro semestre de 2020 e 68% no segundo semestre; 34,5% tentaram a suspensão do contrato de trabalho, férias ou redução de jornadas e salários. Mesmo com as flexibilizações do governo, cerca de 90% dos hotéis não contrataram ou recontrataram novos funcionários. A pesquisa realizada pela revista JLL e a FOHB intitulada de “Hotelaria em Números - Brasil 2022” traz o cenário da hotelaria em 2021 e como ela foi alterada após um ano de pandemia. Segundo a pesquisa, a hotelaria melhorou na comparação com 2020, mas ainda não chegou ao nível da hotelaria de 2019: “Em 2021, a taxa de ocupação subiu mais de 60% em relação a 2020, chegando a uma média anual de 43% ainda muito abaixo de 2019” (p. 05), isso não apenas no estado de São Paulo, mas em todo o país. Figura 16: Performance histórica hotelaria em São Paulo (capital) Fonte: JLL, 2022 40 O gráfico acima demonstra como a ocupação, a diária média (ADR) e a receita por apartamento (RevPAR) foram diretamente afetadas em 2020, tendo recuperado no ano seguinte, mas com a porcentagem e valores mais baixos que o ano de 2019. Essa elevação se deve pela vacinação que começou no país e no estado, em 17 de janeiro de 2021, trazendo uma quietude aos hóspedes. A ABIH-SP realizou a sondagem Desempenho da hotelaria – Estado de São Paulo com o objetivo de medir o desempenho da hotelaria no ano de 2021, essa sondagem ocorreu a cada mês e teve comparativo de dados com o Observatório do Turismo, InFOHB, Centro de Inteligência Econômica do Turismo (SETUR), Visite Campinas, Atibaia e Região, ACE - Ilhabela e amostragens da EMBRATUR, CADASTUR, UAMTOUR e Receita Federal (CNAE). A figura a seguir, é da 18° Edição que foi publicada em dezembro de 2021 e compara os dados desse ano inteiro com 2020 e 2019. Figura 17:Dados Acumulados da ABIH-SP no ano de 2021 Fonte: ABIH-SP, 2021 Como demonstra a Figura 17, a taxa de ocupação ficou em 34,45%, a diária média foi de R$ 234,43 e a receita por apartamento foi de R$ 80,76, valores muito semelhantes a pesquisa da JLL com a FOHB. Os resultados estão acima do ano de 2020, mas inferior ao ano de 2019. 41 Destrinchando esses dados acumulados, a seguir temos as Figuras 18, 19 e 20 mostrando a taxa de ocupação, diária média e RevPAR, respectivamente, que além de comparar os 3 anos, também compara os meses. Figura 18: Dados comparativos da Taxa de Ocupação entre 2019-2021 Fonte: ABIH-SP, 2021 Figura 19: Dados comparativos da Diária Média entre 2019-2021 Fonte: ABIH-SP, 2021 42 Figura 20: Dados comparativos da RevPAR entre 2019-2022 Fonte: ABIH-SP, 2021 Os três gráficos, provam que em março de 2020 a hotelaria paulista entrou em declínio com a taxa de ocupação com apenas 6,80% e seu RevPAR no valor de R$18,98. Todavia, em dezembro de 2021, seu valor subiu para R$ 137,87 e sua taxa de ocupação evoluiu para 50,89%, em novembro de 2019 esses dados alteram para R$ 224,73 e 69,81%, salientando que apesar da hotelaria ter melhorado, ela ainda não estava no seu ideal. A diária média no final dos 3 anos manteve entre R$ 200,00 até R$ 300,00, seu menor valor foi em março de 2021 com R$179,66 e o maior valor de R$ 331,95 em março de 2020, ainda no início da pandemia. De acordo com os estudos do “Hotelaria em Números – Brasil 2023”, realizado pela JLL em parceria com o Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB) e com a Resorts Brasil, um dos principais destaques, foram os valores das diárias médias, chegando em R$ 290,00, um dos maiores recordes desde 2004. Na região do Nordeste, temos como base que quatro a cada cinco vagas disponibilizadas para turistas na rede hoteleira de São Luís estavam ocupadas em julho deste ano: a maior ocupação registrada desde o início da série histórica, iniciada há vinte anos. 43 O ano de 2022 marcou assim a potente retomada da hotelaria no país. Bases de estudos de apuração da Pesquisa da FOHB mostra uma ampliação na taxa de ocupação hoteleira de 67,7% no aglomerado do ano (janeiro a setembro), atingindo praticamente 60% dos leitos utilizados. O destaque destina-se para as localidades Sul e Sudeste do país que mostraram alta mais elevada ao índice nacional, alcançando um fluxo de 70,6% e 77,4%, de modo respectivo, mas elevado do que a mesma época do ano de 2021. A pesquisa também observou a ocupação hoteleira de outras cidades do país no decorrer dos meses de janeiro e setembro. Foram verificadas altas de 27,5% em Vitória e 169,8% em Campinas. Foram relevantes também as cidades de São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba e Florianópolis, que apresentaram uma proporção acima de 70%. Quando verificado somente o mês de setembro, a parte de um todo, teve um aumento de 26,1% no Brasil, extrapolando a marca de 62% das unidades habitacionais (UH) utilizadas. As regiões Norte e Nordeste mostram as taxas mais eficazes de ocupação no mês, chegando a 67,3% e 64,1% de ocupação na devida ordem. Em três anos o campo de ação ampliou-se de forma considerável, as informações mostram que, em 2019, foi apontado61,4% no índice de preenchimento, um crescimento de quase 10%. Figura 21: Dados comparativos da Taxa de Ocupação entre 2019-2022 Fonte: ABIH-SP, 2022 44 Segundo os dados acumulados da pesquisa, a taxa de ocupação de janeiro a dezembro ficou em 57,47%, em comparação com o ano de 2021, houve uma melhora de 23% e esse número é maior em relação à 2020 onde o percentual foi de 28,32%, uma evolução de 29,15%. Figura 22: Dados comparativos da Diária Média entre 2019-2022 Fonte: ABIH-SP, 2022 A diária média na hotelaria em 2022 foi de R$ 317,85, em 2021 foi de R$ 234,43 segundo as informações dos acumulados de 2021 na figura 17, ou seja, é possível verificar que houve um aumento de R$ 83,42. A XXXI edição da pesquisa da série exclusiva realizada pela ABIH – SP exibe o desenvolvimento da Hotelaria Paulista no mês de janeiro de 2023 com um breve estudo das apurações e períodos do mercado. No mês de janeiro a indústria hoteleira paulista apontou um crescimento dentro dos indicadores fundamentais das atividades, mas, permanecendo a propensão de volta nos indícios totais. Isso por causa do tempo de grande procura do lazer e baixa procura no corporativo. De modo breve, 7 MRTs traz um crescimento na proporção de ocupação a respeito de um mês antes, ressalta muito bem a evolução da MRT Vale do Rio Grande. As MRTs corporativas mantiveram a tendência de retração, por conta do período de férias, o que historicamente desacelera a demanda corporativa. 45 O indicador de diária média continua apontando para crescimento, apesar de 5MRTs apresentarem retração neste mês se comparado ao anterior. Destaques positivos para as MRTs de lazer Litorais (Norte e Paulista), Vale do Ribeira e Vale do Paraíba – Serra, com incremento médio acima de 20%. O estudo aponta que janeiro é mês de grande temporada do lazer e temporada intermediária para o corporativo. Figura 23: Dados comparativos da Taxa de Ocupação entre 2019-2023 Fonte: ABIH-SP, 2023 De acordo com o gráfico acima, a taxa de ocupação da hotelaria no estado em janeiro de 2023 foi um acumulado de 55,14%, se compararmos ao ano de 2021 que foi de 50,87% é possível analisar que teve um crescimento de 4,27%. 46 Figura 24: Dados comparativos da Diária Média entre 2019-2023 Fonte: ABIH-SP, 2023 A diária média em janeiro de 2023 na hotelaria foi de R$ 356,69 comparado ao de 2022 foi de R$ 317,85, isso mostra que neste ano a diária média volta a ter um número mais elevado. 47 4. HOTELARIA PÓS-PANDEMIA Este capítulo examina a hotelaria pós-pandemia e analisa as etapas que as empresas hoteleiras estão seguindo para desenvolver um retorno com um crescimento saudável em um cenário após COVID-19. Além disso, também discute os desafios que foram enfrentados durante a pandemia, novas tendências do setor hoteleiro, incluindo aumento de demandas e uso de tecnologia para aprimorar a experiência do hóspede, experiências personalizadas e por fim, indica as oportunidades e desafios que podem surgir perante as novas tendências. 4.1. Desafios e adaptações da hotelaria Camargo (2005, p. 52) define hospitalidade como “ato humano, exercido em contexto doméstico, público e profissional, de recepcionar, hospedar, alimentar e entreter pessoas temporariamente deslocadas de seu habitat natural”. Após a pandemia, a hotelaria continua enfrentando muitos desafios para fazer as adaptações necessárias e para continuar sustentando os quatro pilares da hospitalidade (recepcionar, hospedar, alimentar e entreter). Visto que a pandemia de COVID-19 alterou as relações humanas em todo o mundo, ocasionando o afastamento e a suspensão de muitos serviços não essenciais, inclusive o setor hoteleiro e o de turismo, muitos hotéis se viram obrigados a suspender as suas atividades devido à alta taxa de transmissão do vírus. Segundo a Prefeitura do Rio de Janeiro, os hotéis que mantiveram o funcionamento tinham como objetivo abrigar e proteger as pessoas do grupo de risco em comunidades e profissionais de saúde. Devido à característica única, rara e nunca vista da pandemia de Covid-19, a hotelaria enfrentou e continua enfrentando muitos desafios que exigem tempo para análises profundas, pesquisas e práticas a fim de assegurar uma estadia segura para os hóspedes e uma retomada plena da atividade. Abordando os desafios que a hotelaria enfrentou/enfrenta e as adaptações necessárias para garantir os quatro pilares e o sucesso no futuro, é preciso dar ênfase em alguns tópicos como: • Desligamento de funcionários e mão de obra qualificada: a mão de obra qualificada influência nos quatro pilares da hospitalidade porque ela é responsável por garantir a qualidade dos serviços prestados. Os funcionários 48 treinados e experientes são capazes de oferecer um atendimento bom e qualificado, essencial para a satisfação dos hóspedes. Um dos principais desafios encontrados pelos gestores entrevistados é a falta de mão de obra qualificada. A pandemia causou uma alta na rotatividade de funcionários no setor hoteleiro. Muitos profissionais foram demitidos ou optaram por deixar a área de trabalho, já que muitos hotéis fecharam. Isso deixou os hotéis com dificuldades de contratar e reter bons funcionários novamente. Como diz a gestora do Hotel Ibis Styles Centro em sua resposta Após o desligamento de muitos profissionais da área, durante o momento em que os hotéis se encontravam fechados, acabamos perdendo qualidade de mão de obra e infelizmente passamos por dificuldades de contratação e retenção dessa mão de obra (2023). A falta de mão de obra qualificada pode ter um impacto negativo nos quatro pilares da hospitalidade, podendo levar o hóspede a um atendimento insatisfatório, problemas de segurança, limpeza e há uma experiência ruim. A pesquisa de campo feita para hóspedes, mostrou que os processos rígidos durante a pandemia foi um fator que contribuiu para uma experiência ruim. A diminuição de funcionários pode ter agravado esse problema, pois fez com que os processos ficassem mais lentos e pouco atrativo. Para superar esse desafio, os gestores precisam encontrar maneiras de atrair e reter bons e mais funcionários, oferecendo salários bons e criando um ambiente de trabalho positivo. Eles também precisam investir na qualificação da equipe, oferecendo treinamentos e capacitações para que os funcionários estejam sempre atualizados sobre as melhores práticas e otimização de tempo para a satisfação do hóspede. • Adaptações tecnológicas: a integração da tecnologia foi utilizada para melhorar a experiência do hóspede e lidar com as restrições que vieram com a COVID- 19. A tecnologia foi uma ferramenta valiosa durante o período de pandemia, sendo utilizada para otimizar processos, manter a segurança dos hóspedes e evitar a propagação do vírus, porém as adaptações tecnológicas apesar de benéficas e valiosas foram um grande desafio para a hotelaria. A experiência com o uso da tecnologia durante esse período trouxe aprendizados que a indústria hoteleira usa até os dias atuais. Segundo Okada, Hugo (2022) “[...] a hotelaria passou por um processo de transformação, implementando novos 49 protocolos e acelerando o desenvolvimento e utilização de novas ferramentas tecnológicas”. A integração da tecnologia pode ser desafiadora, principalmente no período da Pandemia. Algumas dificuldades no uso de tecnologia incluíram: − Falta de orçamento: durante a Pandemia de Covid-19 muitos hotéis lutaram para se manter, o que significa que o orçamento para integração de novas tecnologias era limitado. − Falta de treinamento: muitos funcionários podem não estar familiarizados com a tecnologia novas e complexas. − Falta de recursos: os hotéis podem não ter os recursos internos necessários para integrar e gerenciarcertas tecnologias. 4.1.1. Mudanças permanentes na hotelaria Após a pandemia de COVID-19, muitos protocolos seguidos pelos hotéis permaneceram para a segurança dos hóspedes, pois eles ajudam a prevenir a propagação de outros tipos de doença e não apenas a COVID-19. Com base nas respostas dos gestores do Hotel Ibis Styles e Hotel Trianon Paulista, é possível concluir que algumas das mudanças e protocolos ocorridos durante a pandemia provavelmente serão permanentes. As duas respostas indicam que os cuidados com a higiene e a alimentação serão mudanças significativas. Carla Spinazzola gestora do Hotel Ibis Styles Centro, destaca que o aumento da preocupação com a higiene pessoal e o uso de álcool em gel, onde a pandemia, intensificou esses hábitos de higienização. Já Ana Almada, do Hotel Trianon Paulista, em sua resposta diz “Cuidados com a higiene e melhor alimentação. Após a pandemia muitos estudos apontam o aumento da melhora de alimentação entre a população, também apontam a melhora com a higiene pessoal. Acredito que essas serão mudanças permanentes”. Com isso elas indicam que a higienização e a preocupação com a alimentação são mudanças que provavelmente serão permanentes e mesmo após o fim da pandemia, é provável que essas práticas continuem a ser utilizadas por muitas pessoas. 50 Da pesquisa realizada com opiniões de hóspedes, 72% asseguram querer que os protocolos fossem permanentes, 18% não sabiam informar se queriam que as regras adotadas fossem permanentes e 10% discordam com a permanência dos protocolos. Quando perguntado quais protocolos deveriam ser permanentes, 30% relatam que gostariam da disponibilização de álcool em gel, 20% relatam que o check- in deveria continuar a ser feito de forma remota e 16% gostariam que o pagamento continuasse a ser feito sem contato. Com esses dados é possível perceber que, na visão de alguém que está se hospedando, e na visão dos gestores, o álcool em gel permanece sendo uma prática muito bem-vinda, e o atendimento sem contato humano é preferível aos hóspedes. Além de que os processos feitos de forma remota podem ser mais rápidos e isso é importante para os hóspedes que estão com pressa ou que não querem esperar na fila para serem atendidos. Em resumo, podemos dizer que as mudanças e práticas ocorridas durante a pandemia provavelmente terão um impacto duradouro na sociedade. Os gestores de hospedagem estão cientes dessas mudanças e estão se adaptando a elas para atender às necessidades de seus hóspedes. 4.1.2. Demanda pós-pandemia Com a vacinação e a retomada de todos os serviços, o setor vem retornando à normalidade, mas ainda enfrenta alguns desafios. Um dos principais desafios é a adaptação à nova realidade do hóspede. • Check-in online: uma das mudanças mais significativas na demanda pós- pandemia é o aumento do check-in online. Os clientes preferem realizar o check-in de forma remota, evitando contato com outras pessoas. Segundo o trecho de entrevista apresentado, o check-in online é uma tendência que veio para ficar. Em uma pesquisa realizada pela Skift com mais de 5.000 hóspedes, 73% dos entrevistados disseram que estariam mais propensos a se hospedar num hotel que ofereça tecnologia de autoatendimento, minimizando o contato com funcionários e outros hóspedes. Isso mostra que os clientes preferem chegar ao hotel e já estar com o quarto pronto, sem precisar enfrentar filas na recepção. 51 • Demanda reprimida: outro fator que está influenciando a demanda pós- pandemia é a demanda reprimida. Muitas pessoas adiaram viagens durante a pandemia e agora estão buscando oportunidades para compensar esse período paralisado em suas vidas. Um estudo da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) estima que o setor hoteleiro brasileiro perdeu cerca de R$ 100 bilhões em 2020 e 2021. Com a retomada da economia, os consumidores estão recuperando o dinheiro perdido e investindo em viagens. Com a retomada da economia e o crescimento da demanda, o setor hoteleiro deve continuar se recuperando nos próximos anos. 4.2. Tendências e inovações na indústria hoteleira A indústria hoteleira está em constante mudança e os hotéis que desejam se manter competitivos precisam acompanhar as últimas tendências e inovações. Ao fazer isso, os hotéis podem garantir que estão oferecendo aos hóspedes a melhor experiência possível, o que pode levar a um aumento na satisfação dos hóspedes, fidelização e retorno. Os hotéis também podem se beneficiar de acompanhar as últimas tendências e inovações por meio de uma redução de custos. O objetivo dessa seção é discutir as principais tendências e inovações que estão moldando o futuro da hotelaria. A pandemia de COVID-19 teve um impacto significativo na indústria hoteleira, mas também acelerou a adoção de novas tecnologias e práticas. 4.2.1. Integração de tecnologia de automação A tecnologia está se integrando cada vez mais na indústria hoteleira, transformando as operações e a experiência do hóspede. A pandemia de COVID-19 acelerou esse processo. Alguns exemplos de como a tecnologia está sendo usadas incluem: • Check-in e check-out: muitos hotéis têm oferecido check-in e check-out automatizados, permitindo que os hóspedes os façam de forma online ou por meio de um aplicativo. 52 • Uso de Chatbots para atendimento ao cliente: Um Chatbot é um software baseado em uma Inteligência Artificial (IA) capaz de manter uma conversa em tempo real (IBERDROLA, s/d). Muitos hotéis têm utilizado Chatbots para responder perguntas de hóspedes e fornecer informações. • Assistentes virtuais nos quartos: Muitos estabelecimentos hoteleiros de grande porte têm oferecido assistentes virtuais nos quartos, como a Alexa (Amazon) e Google Home. Essas assistentes podem ser utilizadas de diversas formas, como para reduzir a luz do quarto, regular a temperatura e outras diversas funcionalidades. Um exemplo dessa integração é o Louvre Hotels Group. Ainda segundo o Okada (2022) o hotel, com objetivo de maximizar a experiência do hóspede e diminuir o risco de propagação de Covid-19, fez uma parceria com a “Vega I.T” para fornecer uma série de serviços de forma online para o hóspede. Alguns desses serviços incluem: pedidos de room service, dicas de pontos turísticos e antecipação de check- in, entre outros. Essas integrações tecnológicas oferecem diversos benefícios. Elas podem ajudar ao hotel funcionar de forma mais eficiente, personalizar a experiência do hóspede, além de facilitar a estadia do hóspede. No geral, a tecnologia está transformando a experiência do hóspede e as operações da indústria hoteleira. À medida que a tecnologia continua a avançar, é muito provável que seu impacto na indústria hoteleira continue e cresça. 4.2.2. Experiências personalizadas e inovadoras A população mundial está cada vez mais procurando experiências que sejam únicas e inovadoras. Isso está fazendo com que os hotéis se reinventem cada vez mais. Na pesquisa de campo realizada, Carla Spinazzola, do Hotel Ibis Styles, menciona algumas tendências. A primeira mencionada por ela é a oferta de experiências diferenciadas e personalizadas ao cliente. Os hóspedes estão cada vez mais exigentes e buscam experiências únicas e memoráveis. A inovação pode criar vantagens competitivas e atrair público. No ato de oferecer experiências personalizadas os hotéis podem se destacar da concorrência e conquistar a fidelidades dos hóspedes. Essas inovações também podem ajudar os hotéis a 53 filtrarem o seu público-alvo. Portanto, os hotéis capazes de oferecer novas experiências serão mais bem-sucedidos e terão mais vantagem em relação aos outros. Alguns exemplos de experiências únicas oferecidas por hotéis são: • Santa Tereza Hotel: O estabelecimento está localizado no bairro Santa Tereza, Rio de Janeiro. De acordo
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