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1 Atitude Empreendedora: Conceitos, Modelos e Medidas Autoria: Gumersindo Sueiro Lopez Júnior, Eda Castro Lucas de Souza Resumo O artigo tem como objetivo a comparação de diferentes medidas dos construtos atitude e intenção empreendedora, tendo sido abordadas as escalas Entrepreneurial Attitude Orientation Scale – E.A.O., Entrepreneurial Opportunity Recognition – E.O.R. e Intrumento de Mensuração da Atitude Empreendedora – IMAE de atitude empreendedora e o Modelo de Intenção Empreendedora. É apresentada a comparação entre as quatro escalas, identificando objetivo, características analisadas, definição utilizada e itens e escala após a validação estatística do instrumento. Todas as medidas foram validadas estatisticamente, nas pesquisas analisadas, e apresentaram bons resultados em razão dos objetivos propostos, entretanto devido às diferenças de amostras (tamanho e características), ambiente e idioma não é seguro avaliar os resultados em termos comparativos, assim, como etapa futura de pesquisa se propõe à tradução das escalas para o português e aplicação destas escalas em uma mesma amostra para validação em português e comparação dos resultados apresentados por cada uma delas, objetivando evidenciar a robustez ou fragilidade das medidas pesquisadas no contexto brasileiro e no universo e amostra utilizados. Introdução O conceito de empreendedorismo possui múltiplas definições que vão desde a pessoa que simplesmente abre ou expande um negócio (GEM, 2003), passando pelo inovador que cria um novo produto, serviço, mercado ou nova fonte de matéria-prima (SCHUMPETER,1982) até à listas de características pessoais como propensão ao risco, criatividade, lócus interno de controle, arrojo, visão e identificação de oportunidades (FILION, 1999). Todas essas definições são utilizadas como base para o desenvolvimento de instrumentos que visam mensurar a atuação do empreendedor em determinadas populações. Fenômeno semelhante se dá ao construto atitude empreendedora que possui diferentes visões sobre suas definições e medidas. Autores como Robinson (1988), Robinson et al. (1991) e McCline et al. (2000) apresentam atitude empreendedora como à predisposição de determinada pessoa atuar de maneira empreendedora, ou seja, buscam esses autores diferenciar empreendedores de não empreendedores com base nas características destacadas na literatura acerca do empreendedorismo, vinculando-as a atitude para o empreendedorismo. Outra visão admite a atitude empreendedora como a predisposição apreendida para agir de forma inovadora, autônoma, planejada e criativa, estabelecendo redes sociais (SOUZA et al. 2008). Tendo como objetivo identificar quais destas características são parte efetiva do comportamento empreendedor, ou seja, utiliza o conceito de atitude como a verbalização dos comportamentos praticados pelos atores que já desempenham um suposto papel empreendedor (LOPEZ JR e SOUZA, 2005, DEPIERE, 2006). Uma terceira abordagem inclui a visão da intenção empreendedora como o somatório das atitudes e de fatores externos, assumindo as intenções como principal antecessor do comportamento. Lüthje e Franke (2003) utilizam o termo intenção empreendedora para definir a disposição para vir a desempenhar um papel empreendedor no futuro, incorporando fatores ambientais na tentativa de melhor predizer o comportamento futuro. Cada uma dessas visões deu origem a diferentes instrumentos e modelos de mensuração do construto atitude empreendedora e intenção empreendedora. A partir do que, o objetivo deste texto passa a ser apresentar resultados de uma pesquisa realizada para identificar diferentes conceitos, bem como instrumentos e modelos utilizados para a mensuração de atitude empreendedora. 2 Atitude Empreendedora Para que o termo atitude empreendedora possa ser tratado faz-se necessário uma revisão acerca do conceito de atitude, bem como diferenciar atitude e comportamento, além da discussão sobre diferentes conceitos de empreendedorismo. Atitude O estudo das atitudes é objeto de especial atenção dos psicólogos sociais, uma vez que a promoção do bem estar social envolve o estudo e muitas vezes, a mudança de atitude; pois as mesmas “desempenham funções específicas para cada um de nós, ajudando-nos a formar uma idéia mais estável da realidade em que vivemos” (RODRIGUES, 1972, p. 394). Além disso, de acordo com o mesmo autor, as atitudes são à base de situações sociais importantes, como as relações de amizade e conflito e permitem que se façam inferências ao comportamento de determinados atores a partir do conhecimento de suas atitudes. Ajzen e Fishbein (2000) afirmam que, entre as visões clássicas de atitudes, sugere-se um construto em que as atitudes são assumidas como resíduos de experiências passadas que guiam o comportamento futuro. Entretanto, segundo esses autores, após pesquisas empíricas, houve maior concordância de que as atitudes são melhores consideradas como sendo um grau de avaliação pessoal favorável ou desfavorável em relação a um objeto atitudinal. Os autores propõem o uso do termo atitude para se referir à avaliação de um objeto, conceito ou comportamento ao longo de dimensões como a favor ou contra, bom ou mau e gostar ou não. Essa definição está muito próxima da proposta por Fishbein (1967, p. 257) de que “atitudes são predisposições aprendidas para responder a um objeto ou classe de objetos de uma maneira favorável ou desfavorável”. Muito da atenção dispensada à atitude pelos estudiosos vem da tentativa de se predizer o comportamento social a partir do estudo das atitudes. Sendo a atitude definida como uma disposição para responder com algum grau de favorabilidade ou desfavorabilidade a um objeto psicológico, é esperado que as atitudes prevejam e expliquem o comportamento humano. Atitudes positivas deveriam predispor tendências à aproximação e atitudes negativas deveriam predispor tendências de evitação. Contudo, segundo Azjen e Fishbein (2000, p. 13), as pesquisas revelaram fraca relação entre atitudes verbais e o comportamento manifestado. Segundo os autores, isso se deu em razão de que a maioria das abordagens com resultados negativos falhou em reconhecer a especificidade situacional de muitos comportamentos humanos, tanto quanto o fato de que atitudes para objetivos representam tendências de respostas generalizadas. A importância do fator situacional também é destacada por Rodrigues (1972, p. 401) quando afirma que “as atitudes sociais criam um estado de predisposição à ação que, quando combinado com uma situação específica desencadeante, resulta em comportamento”. Atitude e Comportamento A diferença entre comportamento e atitude fica clara quando Rodrigues (1972, p. 402) afirma que: atitudes envolvem o que as pessoas pensam, sentem, e como elas gostariam de se comportar em relação a um objeto atitudinal. O comportamento não é apenas determinado pelo que as pessoas gostariam, mas também pelo que elas pensam que devem fazer, isto é, normas sociais, pelo que elas geralmente tem feito, isto é, hábito, e pelas conseqüências esperadas de seu comportamento. A relação entre as atitudes, intenções e o comportamento são o foco da teoria do comportamento planejado desenvolvida por Fisbein e Ajzen (2000). Segundo Ajzen (2002), a teoria do comportamento planejado assume que a ação humana é baseada em três tipos de crenças: crenças sobre os prováveis resultados do comportamento e a avaliação desses resultados que é denominado de crenças 3 comportamentais; crenças sobre as expectativas de outros e a motivação para atender a essas expectativas, denominado de crenças normativas; e as crenças sobre a presença de fatores que podem facilitar ou impedir o desempenho do comportamento e a percepção da capacidade de desempenhar esse comportamento, denominado de crença de controle. Esses três tipos de crenças, segundo o autor, são à base da teoria do comportamento planejado que vão influenciaros fatores determinantes da intenção comportamental, assim as crenças comportamentais produzem uma favorável ou desfavorável atitude para o comportamento, as crenças normativas resultam na pressão social percebida chamada de norma subjetiva e as crenças de controle formam a percepção de controle comportamental, ou seja, na percepção pessoal sobre a facilidade ou dificuldade de desempenhar um determinado comportamento. A combinação da atitude para o comportamento, da norma subjetiva e da percepção de controle comportamental leva a formação da intenção comportamental. De acordo com Ajzen (1991) a intenção é a indicação de quanto uma pessoa está disposta a tentar ou quanto esforço essa pessoa está planejando despender para desempenhar um determinado comportamento. Dessa forma, quanto mais favorável à atitude e a norma subjetiva e maior a percepção de controle comportamental, mais forte deve ser a intenção pessoal de desempenhar o comportamento em questão. Assim, dado um determinado grau de controle real do comportamento, espera-se que o individuo em questão concretize suas intenções quando a oportunidade surgir, ou seja, espera-se que o individuo desempenho o comportamento analisado. Dessa maneira a intenção é assumida como um antecedente imediato do comportamento (AJZEN, 2002). A figura 1 é a representação esquemática da teoria do comportamento planejado. Figura 1: Teoria do comportamento planejado. Fonte: Ajzen (2002, p. 1) A teoria do comportamento planejado foi desenvolvida objetivando predizer e explicar o comportamento humano em contextos específicos, pois segundo Ajzen (1992) as falhas em encontrar relações entre atitudes verbais e o comportamento observado pode ser atribuído ao fato que os pesquisadores tentaram predizer um comportamento específico a partir de uma atitude geral. O objetivo da teoria do comportamento planejado é a predição de um comportamento específico através da medição dos fatores antecedentes ao mesmo comportamento, ou seja, atitude, normas subjetivas, percepção de controle comportamental, as crenças acessíveis e a intenção devem ser mensuradas com relação ao comportamento específico investigado. Eagly e Chaiken (1996) ao discorrem sobre as relações entre atitude e comportamento, destacam que há duas visões diferentes, uma que afirma existir uma relação forte entre atitude Crenças Atitudes para o Comportamentais Comportamento Crenças Normas Normativas Subjetivas Intenção Comportamento Crenças de Percepção de Controle Controle Comportamental Controle Comportamental real 4 e comportamento e outra com a visão contrária que destaca apenas uma correlação fraca entre atitude e comportamento. Para Eagly e Chaiken (1996) a predição do comportamento é um problema completamente diferente dependendo do tipo de atitude que serve como preditor. Esses autores destacam dois tipos de atitudes, as atitudes para o comportamento e atitudes para o alvo do comportamento na qual diferem o objeto atitudinal. Assim, questionam Eagly e Chaiken (1996), o objetivo da atitude é o comportamento nele mesmo ou o alvo do comportamento? É a entidade para qual o comportamento é dirigido? Segundo Eagly e Chaiken (1996) as atitudes para o comportamento tem se provado particularmente efetivas na predição do comportamento, essa efetividade da predição é ampliada quando a atitude para o comportamento é mensurada levando em conta barreiras e limitações que tornam saliente a situação da ação potencial. As afirmações de Eagly e Chaiken (1996) reforçam a consistência da teoria do comportamento planejado em relação à necessidade de simetria entre atitude e comportamento e o princípio da compatibilidade destacado por Ajzen (1992). Dessa maneira a força da correlação entre atitude e comportamento, predita por meio da teoria do comportamento planejado, está diretamente relacionado à simetria entre atitude e comportamento que Ajzen (1992) define como princípio da compatibilidade. Assim, segundo esse autor, é possível obter compatibilidade entre um comportamento específico e a atitude para esse comportamento em questão. O princípio da compatibilidade requer que medidas de atitude e comportamento envolvam exatamente a mesma ação, alvo, contexto e período de tempo, sendo definidos de modo mais específico do que geral. Assim um comportamento específico pode ser observado como uma ação dirigida a um alvo, desempenhado em um dado contexto e em um determinado momento. Nesse sentindo, quanto maiores forem às diferenças entre ação, alvo, contexto e período de tempo menor deverá ser a correlação entre atitude e comportamento. Dessa forma o empreendedorismo, ao não possuir uma base conceitual definida conforme destacam Carland (1992), Souza (2001), Gimenez et al. (2001), pode não atender perfeitamente ao princípio da compatibilidade definido por Ajzen (1992). O componente multifacetado do comportamento empreendedor vai contra as algumas das condições necessárias imposta pela teoria do comportamento planejado para sua utilização, ou seja, o fenômeno empreendedorismo é composto de conjuntos de comportamentos, caracterizando-o bem mais como um comportamento amplo do que específico. O que pode acarretar baixa correlação entre atitude e o comportamento que se deseja predizer ou observar, como reforça Robinson (1987, p. 46) “quando o conceito de atitudes é aplicado ao empreendedorismo pode-se ter uma constelação de atitudes que exercem uma influência dinâmica nas respostas do indivíduo ao negócio ou as necessidades organizacionais”, ou seja, o número de atitudes quem podem estar relacionadas ao comportamento empreendedor são muitas, dado o caráter multifacetado deste ator. Assim, em função do objetivo do artigo, faz-se necessário um breve olhar sobre o conceito de empreendedorismo e de empreendedor, visando fundamentar o tema trabalhado. Empreendedorismo e Empreendedor Empreendedorismo é caracterizado por diversos autores como um fenômeno multifacetado e multidisciplinar (FILION, 1999; GIMENEZ et al. 2001; SOUZA, 2001) nesse sentido a definição da atividade empreendedora ou dos comportamentos que compõem a atividade empreendedora normalmente é complexo e composto de um grande número de indicadores como inovação, iniciativa, criatividade, propensão a correr risco, comprometimento, persistência, entre outros. Nesse sentido pode-se entender o empreendedorismo sob diferentes perspectivas. 5 Por outro lado, empreendedor tem sido caracterizado desde o empresário que inicia um novo negócio, mesmo sem qualquer tipo de inovação (GEM, 2003) até como qualquer individuo que introduza uma inovação em determinada área (SHUMPETER, 1982). Na visão de McClelland (1972) indivíduos em qualquer atividade podem ostentar um papel de empreendedor, seja na política, na medicina ou no ensino. Para Carland et al. (1992, p. 1) grande parte da controvérsia sobre a definição de empreendedorismo e a identificação de empreendedores vem da suposição tácita de que empreendedorismo seja uma condição dicotômica, suposição essa que tem sido questionada. Stevenson e Gumpert (1985, p. 3) descartam que empreendedorismo seja “tudo ou nada”, ou seja, traços que algumas pessoas ou organizações possuem e outras não. Para esses autores, o empreendedorismo é mais bem compreendido dentro de um contexto de variação de comportamento, onde o indivíduo se situa em um continuum que possui, como extremos, o administrador mais voltado para a manutenção do status quo e o administrador com perfil empreendedor orientado para a mudança, inovação e identificação de oportunidades. Carland et al. (1992, p. 1) reforçam essa visão do continuum, como sendo uma descrição mais apropriada parao fenômeno. Nessa direção, Gimenez e Machado (apud PELISSON et al. 2001, p. 3) afirmam que “empreendedorismo é melhor visto como um comportamento transitório que apresenta muito da situação enfrentada pelo empreendedor”. Assim, empreendedorismo não se trata simplesmente de um conjunto de características de determinados indivíduos, mas de um comportamento que pode ser transitório frente à realidade apresentada, pelo indivíduo em questão. Gimenez et al.(2000, p.11) ao considerarem empreendedorismo como um processo complexo e multifacetado, caracterizam o empreendedor como: Alguém que, no processo de construção de uma visão, estabelece um negócio objetivando lucro e crescimento, apresentando um comportamento inovador, adotando uma postura estratégica. Não se trata de ser ou não ser empreendedor, mas de se situar dentro de um espectro de pessoas menos ou mais empreendedoras. Esse caráter transitório do empreendedor também encontra-se destacado na definição de Fillion (1999, p.19) pois para o autor, empreendedor é: uma pessoa criativa, marcada pela capacidade de estabelecer e atingir objetivos e que mantém alto nível de consciência do ambiente em que vive, usando-a para detectar oportunidades de negócios. Um empreendedor que continua a aprender a respeito de possíveis oportunidades de negócio e a tomar decisões moderadamente arriscadas que objetivam a inovação, continuará a desempenhar um papel empreendedor. Com base nesta visão de transitoriedade do papel empreendedor é que se fundamenta a aplicação dos conceitos de atitude empreendedora em oposição à percepção do empreendedorismo como uma característica dicotômica. Atitude Empreendedora: uma Associação de Conceitos A atitude empreendedora têm sido utilizada sob diferentes enfoques, desde atitudes para o empreendedorismo em estudantes, atitude empreendedora para diferenciar empreendedores de não empreendedores, atitude empreendedora como preditora do comportamento empreendedor e intenção empreendedora como o somatório das atitudes a aspectos sócio-demográficos para predição do comportamento (ROBINSON, 1988; ROBINSON et al., 1991; McCLINE et al., 2000; LÜTHJE e FRANKE, 2003; MOEN et al., 2004; LOPEZ JR e SOUZA, 2005; DEPIERE, 2006). Assim como o conceito, também os modelos de estudo de atitude empreendedora apresentam diferentes enfoques. A seguir serão apresentados alguns desses modelos e suas definições no sentido de atingir o objetivo deste texto, ou seja, não só identificar diferentes 6 conceitos de atitude empreendedora, bem como instrumentos e modelos utilizados para sua mensuração. Medidas de Atitude e Intenção Empreendedora. Como estimulo ao desenvolvimento de medidas de atitude empreendedora, Robinson et al. (1991) aponta os problemas relacionados a duas abordagens anteriormente utilizadas, a dos traços de personalidade e das características demográficas. Em relação à abordagem de traços de personalidade os autores apontam quatro problemas principais. A primeira dificuldade se dá em função das metodologias de pesquisa baseadas na abordagem da personalidade não terem sido desenvolvidas para medir, especificamente, o empreendedorismo. O segundo problema, segundo os autores, refere-se a fraca correlação dos instrumentos de medida de traços de personalidade aplicados ao empreendedorismo, demonstrando falta de validade convergente, como destacam Carvalho et al. (2005, p. 17) “o levantamento de competências empreendedoras [...] tem um histórico de poucas medidas fidedignas”. O terceiro problema está relacionado à aplicação de uma teoria que é usada para comportamento amplos sendo aplicada a um contexto específico que é o empreendedorismo. O quarto problema com relação à abordagem de traços refere-se à necessidade de modelos que incorporem tanto aspectos relativos aos traços de personalidade como aspectos ambientais que influenciam o comportamento dos indivíduos (ROBINSON et al., 1991). A abordagem demográfica busca identificar um perfil do empreendedor típico a partir de informações como ordem de nascimento, modelos, estado civil, idade, experiências prévias de trabalho, hábitos de trabalho, etc, assumindo que pessoas com perfis semelhantes possuiriam características similares e uma inclinação para o empreendedorismo. Segundo Robinson et al. (1991) esta abordagem possui três fragilidades principais. O empreendedorismo é um comportamento ligado a reações específicas as circunstâncias nas quais o ator em questão está envolvido e não a características demográficas. O segundo ponto refere-se ao uso das informações demográficas como base para os traços de personalidade, assumindo que determinado indivíduo possui determinada traços de personalidade em razão das suas características demográficas. O terceiro ponto refere-se a dificuldade da aplicação dos resultados e não auxiliar na predição do comportamento empreendedor. Conforme os autores, as características demográficas de natureza estática não podem explicar o caráter dinâmico e multifacetado do empreendedorismo (ROBINSON et al., 1991). Em razão das fragilidades e limitações das abordagens de traços de personalidade e das características demográficos a abordagem comportamental do empreendedorismo emerge trazendo consigo o enfoque sobre as atitudes e as intenções como antecedentes do comportamento empreendedor, podendo ser mensuradas pela predisposição dos atores a determinados comportamentos. Na seqüência serão apresentados três diferentes medidas de atitude empreendedora e uma de intenção empreendedora. The Entrepreneurial Attitude Orientation Scale (E.O.A) Esse instrumento se baseia no conceito de atitude composto por três dimensões: afetiva, cognitiva e comportamental e emprega como definição operacional de empreendedor o indivíduo que iniciou mais de um negocio, sendo o último a menos de cinco anos, usando algum tipo de inovação (ROBINSON et al. 1991). A atitude empreendedora, dessa forma, passa a ser compreendida como a predisposição cognitiva, afetiva ou comportamental para atuar de forma inovadora, com auto-controle, auto-estima e necessidade de realização. 7 O E.O.A é um instrumento desenvolvido para mensurar a orientação para a atitude empreendedora e se baseia na mensuração das seguintes características fortemente associadas ao comportamento empreendedor: inovação, lócus de controle, auto-estima e realização. Para cada características foi desenvolvida uma sub-escala que possui itens relacionados aos três componentes atitudinais (ROBINSON, 1987). O processo de construção da escala iniciou com o desenvolvimento de 60 a 100 itens para cada componente de cada uma das sub-escalas, gerando cerca de 700 itens que foram revisados e editados por pesquisadores com experiência em escalas de atitude. Após esta revisão 262 itens foram utilizados para a avaliação da escala, onde 85 estudantes de psicologia avaliaram cada item classificado-os nas dimensões afetiva, cognitiva ou comportamental, segundo suas percepções e avaliando sua atitude em relação ao item em uma escala Likert de 10 pontos. Dos 262 itens testados, 91 foram selecionados com base nos seguintes critérios: ao menos 60% de concordância entre os sujeitos na avaliação do item em relação ao componente a que pertence, a maioria dos itens obteve entre 73 e 83% de concordância, e através dos resultados da análise fatorial para cada sub-escala independentemente (ROBINSON, 1897; ROBINSON et al., 1991). Após estes procedimentos o instrumento utilizado para validação era composto de 91 itens subdivididos nas quatro sub-escalas, com 26 itens na sub-escala de orientação para realização, 17 itens na sub-escala de lócus de controle, 18 itens na sub-escala de auto-estima e 30 itens na sub-escala de inovação, sendo cada uma das quatro sub-escalas composta de três tipos de itens abrangendo os componentes afetivo, cognitivo e comportamental da atitude. O instrumento utilizou uma escala de 10 pontos no formato concordo/ discordo (ROBINSON, 1987). A validação do instrumento foi realizada com quatro grupos de sujeitos, dois grupos de controle e dois grupos experimentais totalizando uma amostra de 198 sujeitos, divididos da seguinte maneira: grupo experimental de estudantes empreendedores que tem ou tiveram negócio próprio ou tenham participado de algum projeto de negócio, composto de 24 sujeitos; grupo de controle de estudantes não empreendedores que não tinham experiência anterior em negócios, composto de 63 sujeitos; grupo experimental de empreendedores não estudantes que tinham iniciado um negócio nos últimos cinco anos e já tenham iniciado outros negócios anteriormente, composto de 54 sujeitos; e grupo de controle de não empreendedores e não estudantes que estejam empregados no momento e não ocupem o cargo de gerência (ROBINSON, 1987). Após a correlação, 16 itens foram retirados da escala, permanecendo a escala final com 75 itens, subdivididos em 23 na sub-escala de orientação para realização, 12 na sub- escala lócus de controle, 26 na sub-escala inovação e 14 na sub-escala auto-estima. A consistência interna (alpha de Cronbach) em cada uma das sub-escalas foi de α=.84 para realização, α=.73 para auto-estima, α=.70 para lócus de controle e α=.90 para inovação (ROBINSON, 1987). Foi realizado, também, análise de variância para comparação dos quatro grupos de sujeitos pesquisados. Os resultados demonstraram diferenças significativas entre os grupos de controle e os grupos de empreendedores, assim afirma Robinson (1987, pág 77): Primeiro, a escala E.A.O. foi capaz de predizer, com diferenças significativas, o empreendedorismo. Segundo, a consistência dos componentes da atitude, aumentaram a predição do empreendedorimo baseados na escala E.A.O.. Dessa forma, a escala E.A.O. obteve sucesso em distinguir empreendedores de não empreendedores em contextos semelhantes (ROBINSON, 1987). Entrepreneurial Opportunity Recognition (E.O.R) A escala E.O.R. foi desenvolvida após a abordagem atitudinal do empreendedorismo usado por Robinson (1987) que desenvolveu a escala entrepreneurship attitude orientation 8 (E.A.O). O objetivo de McCline et al. (2000) era revalidar e ampliar a escala E.A.O. com a inclusão de duas novas sub-escalas, também constantemente associados ao comportamento empreendedor. As sub-escalas são de reconhecimento de oportunidade e aceitação do risco e seguiram o padrão de desenvolvimento de itens para os três componentes da atitude (cognitivo, comportamental e afetivo) em uma escala de 10 pontos. A definição utilizada por McCline et al. (2000) para definição de empreendedor foi propriedade de negócio próprio ou autônomo, entretanto os autores não apresentam definição específica para a atitude empreendedora, mas dado o conjunto de características analisadas, envolve a predisposição para realização, inovação, auto-estima, lócus interno de controle, busca de oportunidades e propensão ao risco envolvendo os componentes cognitivo, afetivo e comportamental do composto atitudinal. O objetivo da escala é o mesmo da E.A.O., ou seja, ter a capacidade de diferenciar empreendedores de não empreendedores, podendo ser empregado como medida de identificação da presença da atitude empreendedora nos sujeitos analisados. O desenvolvimento da nova escala segui os procedimentos semelhantes aos da E.A.O. com o desenvolvimento de 69 itens e realização de teste piloto com 10 estudantes de enfermagem, um segundo pré-teste foi realizado com 11 sujeitos semelhantes a amostra da pesquisa (enfermeiras registradas ao National Nurses in Business Association – NNBA). Após os pré-testes a escala foi aplicada, contendo 18 itens em conjunto com os 75 itens da escala E.A.O. e mais 9 questões demográficas. A amostra da pesquisa foi de 139 sujeitos associados ao NNBA, em que 99 se identificaram como empreendedoras (autônomas) e 29 como não empreendedoras (McCLINE et al., 2000). Para revalidação da escala E.A.O. foi realizada análise fatorial com os 75 itens da escala, entretanto os resultados alcançados não foram empiricamente consistentes, sem contudo, apresentar os problemas encontrados. Segundo McCline et al. (2000), uma possível explicação para este resultado pode ser a violação da necessidade da amostra ser, ao menos, quatro vezes maior que o número de itens. Contudo poderia ter sido utilizado procedimento semelhante ao empregado por Robinson et al. (1991) ao testar cada sub-escala individualmente, o que preencheria os requisitos em relação ao tamanho da amostra. Na seqüência foi realizada teste de variância objetivando identificar diferenças significativas entre os dois grupos da amostra. Os resultados demonstraram diferenças estatisticamente significativas (F=19.49 e F=7.83, p<.05) entre os dois grupos para as sub- escalas de lócus de controle (percepção de controle) e auto-estima e estatisticamente não significativas para as sub-escalas de inovação (F=2.06, n. s.) e realização (F=2.99, n. s.). Esses resultados contrastam com os obtidos por Robinson (1987) que obteve diferenças significativas entre os dois grupos nas quatro sub-escalas (McCLINE et al., 2000). Para análise exploratória das sub-escalas de aceitação de riscos e identificação de oportunidades foi conduzido análise dos componentes principais e análise fatorial que sugeriam uma estrutura com dois fatores. O resultado final destas análises foram duas sub- escalas com 6 itens na escala de identificação de oportunidades e 3 itens na escala de aceitação de riscos, onde os dois fatores explicavam 57,2% da variância explicada e a escala de identificação de oportunidades explicava sozinha 40,1% da variância (McCLINE et al., 2000). Os resultados com a sub-escala de aceitação do risco demonstraram que a mesma não obteve suporte estatístico, visto que permaneceram apenas três itens no componente comportamental e nenhum nos dois outros componentes, onde o autor destaca que “a justificativa teórica para a sub-escala não obteve suporte” (McCLINE et al., 2000, pág. 85). Os resultados com a escala identificação de oportunidades foram estatisticamente significativos, obtendo um alpha de Cronbach de .82 com a manutenção de seis itens do modelo original, sendo dois em cada componente da atitude. A análise de variância realizada 9 apresentou diferenças significativas entre o grupo de empreendedores e não empreendedores (F=1.68, p<.05) para a escala de identificação de oportunidades sendo então denominada pelos autores de Entrepreneurial Opportunity Recognition – E.O.R. (McCLINE et al., 2000). Na seqüência foi realizada análise discriminante para compara a capacidade das escalas classificarem corretamente a amostra. A escala E.A.O. sozinha, classificou corretamente 78,6% da amostra. A escala E.O.R. sozinha, classificou corretamente 79,8% da amostra e as duas escalas em conjunto classificaram corretamente 82,0% da amostra, assim afirmam os autores “a nova E.O.R. foi mais efetiva e mais parcimoniosa que as quatro sub- escalas combinadas do E.A.O.” e “a adição da E.O.R. a E.A.O. melhorou a capadidade de diferenciação entre empreendedores e não empreendedores” (McCLINE et al., 2000, pág. 85). Assim, concluem os autores: Os resultados presentes indicam suporte promissor para uma visão mais ampla do processo empreendedor que utiliza a abordagem atitudinal adaptada da literatura da psicologia social. A sub-escala Entrepreneurial Opportunity Recognition (EOR) parece ser um ferramenta útil para auxiliar a distinguir empreendedores dos não empreendedores. (McCLINE et al., 2000, pág. 85). Dessa forma, McCline et al. (2000) revalidou as sub-escalas de lócus de controle e autoestima com 12 e 14 itens respectivamente e desenvolveu e validou a escala atitudinal de reconhecimento de oportunidade (E.O.R.) com 6 itens distribuídos nos componentes afetivo, comportamental e cognitivo. Contudo não obteve resultados significativos para as sub-escalas de inovação e realização do E.A.O..As duas escalas demonstraram boa capacidade de diferenciação entre empreendedores e não empreendedores, alcançando um valor conjunto de 82,0% de classificação correta. Instrumento de Mensuração da Atitude Empreendedora - IMAE O IMAE é resultado de pesquisa realizada por Lopez Jr e Souza (2005) com o objetivo de identificar a presença da atitude empreendedora em empresários-gerentes de pequenos negócios de varejo. Atitude empreendedora, neste contexto, foi definido por Souza et at. (2008, p. 7) como a “predisposição aprendida , ou não, para agir de forma inovadora, autônoma, planejada e criativa, estabelecendo redes sociais” Como base teórica do conceito de atitude foi utilizado a teoria do comportamento planejado de Ajzen (1991). O desenvolvimento da escala se deu a partir da identificação, na literatura acerca do empreendedorismo, das principais características do comportamento empreendedor que foram classificados em quatro dimensões denominadas inovação, realização, planejamento e poder. Planejamento, para os autores, representando a predisposição para gerenciar o empreendimento, obtendo informações acompanhando-o e avaliando-o sistematicamente. Realização, a predisposição para ter iniciativas, tomar decisões, atingir objetivos, cumprir metas, buscar oportunidades e aceitar riscos. Poder, representando a predisposição para liderar, influenciar nas ações e resultados do empreendimento, estabelecer redes sociais, desenvolver a autoconfiança. Finalmente, inovação, considerada como a predisposição para agir de forma inovadora, criativa, construir diferenciais competitivos e produtivos. A partir da revisão de literatura foram desenvolvidos cinqüenta e quatro itens com o objetivo de medir a freqüência com que os respondentes expressaram a representação que fazem do que se deseja medir – atitude empreendedora, procurou-se colocar, na construção dos mesmos, situações claras e precisas, frases curtas e simples. Os itens foram submetidos à avaliação de oito juízes doutores no tema para classificação de cada um dentro das dimensões propostas e validação semântica. Os itens que obtiveram ao menos 60% de concordância entre os juízes foram incluídos na versão final (LOPEZ JR e SOUZA, 2005). A versão final foi composta de trinta e seis itens sendo treze na dimensão planejamento, nove na dimensão realização, oito na dimensão poder e seis na dimensão inovação e utiliza uma escala Likert de dez pontos e foi testada em uma amostra de duzentos e 10 noventa respondentes, com aproximadamente nove respondentes por item (LOPEZ JR e SOUZA, 2005). Foram realizadas várias análises. Na análise do valor das médias, desvios padrão, moda e freqüência das variáveis, foi observado que os proprietários gerentes tinham com freqüência as atitudes descritas nas questões do instrumento. A partir da análise fatorial procurou-se verificar quantas das quatro dimensões Planejamento, Realização, Poder e Inovação foram realmente medidas pelo IMAE. Com essa análise os itens foram reorganizados, sendo um deles eliminado e das quatro dimensões somente duas foram considerados como fatores positivos para medir a atitude empreendedora dos atores estudados. Esses dois fatores receberam novas denominações de acordo com as características dos itens que os constituíram. Na análise estatística exploratória foi realizada análise fatorial, verificando-se pela análise dos Componentes Principais (PC), um alto número de valores superiores a 0,30, um índice Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) de 0,90, e a presença de um ou dois componentes. As análises fatoriais dos eixos principais (PAF) foram realizadas para 2 fatores, obtendo-se bons resultados. O Fator 1, denominado Prospecção e Inovação apresentou um índice de consistência interna α = 0,89, e itens com cargas fatoriais variando entre 0,33 e 0,71, sendo que o Fator 2, Gestão e Persistência apresentou um índice de consistência interna α = 0,87 e itens com cargas fatoriais variando entre 0,31 e 0,64 (LOPEZ JR e SOUZA, 2005). Segundo Souza et al. (2008), ao desenvolver o IMAE escolheu-se como variável a ser medida atitude empreendedora e procurou-se dar um embasamento teórico, conceituando-se essa variável partindo de uma revisão de literatura e da construção de uma matriz conceitual. Inicialmente foi validada a escala que poderíamos chamar de piloto, em um estudo exploratório. Acrescentam os autores que, é conveniente destacar limitações como as provenientes da amostra utilizada na pesquisa e, principalmente de não ser possível afirmar que outros atores não envolvidos em ações dos setores estudados possam apresentar percepções diferentes. Além disso, embora o IMAE tenha obtido bons índices no estudo exploratório, ressalta-se que essa escala continua em construção, passando pelo processo de análise confirmatória, sendo revalidada em outros contextos com diferentes populações, culturas diferenciadas, ampliando sua aplicação e confiabilidade, na busca por uma maior compreensão da representação social do fenômeno empreendedorismo no Brasil (SOUZA et al. 2008). Assim o IMAE apresentou resultados estatisticamente confiáveis e é composto de trinta e cinco itens subdivididos nos fatores prospecção e inovação com 20 itens e planejamento e realização com 15 itens em uma escala Likert de 10 pontos e tem como função identificar a presença da atitude empreendedora nos sujeitos analisados. Modelo de Intenção Empreendedora A partir da crítica das diferenças entre as atitudes para o empreendedorismo de um lado e a intenção e o real comportamento do outro e do conjunto de variáveis sociais, culturais e econômicas que influenciam a disposição para iniciar um negócio e não são contemplados nos modelos de atitude empreendedora, Lüthje e Franke (2003) propõe a integração dos traços individuais e de fatores do contexto dentro de um modelo estrutural de intenção empreendedora. Este modelo integra duas características altamente vinculados ao empreendedor que são a propensão a assumir riscos e o lócus interno de controle a fatores contextuais denominados de suporte e barreiras à atividade empreendedora. Segundo Lüthje e Franke (2003, p.138) “Espera-se que todos os quatro construtos demonstrem um efeito causal no 11 comportamento empreendedor”, dessa forma intenção empreendedora é compreendido como a predisposição para as atitudes de propensão ao risco e lócus interno de controle associado a percepção de barreiras e apoio ambiental ao comportamento empreendedor. Segundo os autores, o modelo propõe que a intenção para tornar-se um empresário é moderada pela atitude para o empreendedorismo, onde as atitudes atuam como ligação entre os traços de propensão ao risco e lócus interno de controle e a intenção empreendedora. Assumindo assim que as características do indivíduo, indiretamente, influenciam a intenção de tornar-se um empreendedor através do seu efeito sobre a atitude. Em relação aos fatores do ambiente, o modelo admite um impacto direto sobre as intenções, sendo, desta forma, responsável pela diferença entre a perfeita correlação entre atitudes e intenção empreendedora. Assim, segundo Lüthje e Franke (2003), um estudante poderia optar por iniciar um negócio mesmo tendo uma negativa atitude para o empreendedorismo, porque percebe condições ambientais muito favoráveis ou, inversamente, um estudante com positiva atitude para o empreendedorismo pode não decidir começar um novo negócio dada uma percepção negativa do ambiente. O objetivo do modelo é identificar a propensão de um determinado indivíduo (estudantes universitários) abrir um negócio no futuro, considerando os traços de personalidade, as atitudes, as barreiras percebidas e o apoio percebido como antecedentes da intenção empreendedora. A figura 2, apresenta o modelo estrutural da intenção empreendedora. Traços de Fatores Ambientais personalidade Variáveis endógenas Figura 2 – Modelo Estrutural de IntençãoEmpreendedora Fonte: Lüthje e Franke (2003, p. 139). A escala foi construída a partir da geração de itens que foram submetidos a estudantes e analisados segundo critérios de validade e relevâncias por meio de análise fatorial exploratória e de consistência interna. Os itens que demonstraram consistência foram testado utilizando escala likert de 5 e 4 pontos, em que os melhores resultados foram apresentados na escala de 4 pontos, utilizando assim esta escala para validação do modelo, sendo posteriormente testado em uma amostra semelhante à amostra da pesquisa. A amostra utilizada na validação foi composta por 512 estudantes da escola de engenharia da Massachesetts Institute of Technology – MIT e o instrumento final era composto de 16 itens, sendo 3 relativos a propensão a assumir riscos, 2 referentes a lócus de controle, 3 referentes a barreiras percebidas, 3 relativos a fatores de apoio percebido, 3 Propensão a assumir riscos Lócus interno de controle Atitude para o empreendedorismo Intenção empreendedora Barreiras percebidas Apoio percebido 12 referentes a atitude para o empreendedorismo e 2 referentes a intenção empreendedora, sendo um deles em escala dicotômica sim/não. O teste do modelo foi realizado através do modelo de covariância para tentar identificar os antecedentes da intenção de escolher uma carreira empresarial, os resultados demonstram que o modelo reproduz, satisfatoriamente, a matriz de variância e covariância. Segundo Lüthje e Franke (2003, p. 142), “todas as medidas alcançaram níveis considerados aceitáveis” e complementam afirmando que os resultados do teste qui-quadrado indicam que o modelo construído tem alta validade discriminante. Entre os principais resultados, a atitude para o empreendedorismo emerge como o mais importante antecedente da intenção para tornar-se empreendedor, demonstrando alta e forte significância sob a intenção empreendedora (β = 0.508), sendo influenciada pelos traços de personalidades de propensão ao risco (β = 464) e lócus interno de controle (β = 0.300), indicando que estudantes que tem propensão ao risco e se percebem no controle sobre os eventos em suas vidas possuem uma mais favorável atitude para abrir o seu próprio negócio (LÜTHJE e FRANKE, 2003). Segundo os autores, os fatores ambientais (barreiras percebidas e apoio percebidos) demonstraram uma moderada influência na intenção empreendedora (β = -0.127 e β = 0.183, respectivamente), esses efeitos podem explicar porque um estudante, a despeito da sua baixa atitude para o empreendedorismo, venham a desempenhar um papel empreendedor ou que um estudante com uma orientação para a atitude empreendedora não desempenhe o papel empreendedor (LÜTHJE e FRANKE, 2003). Assim, concluem Lüthje e Franke (2003, p. 143) “as atitudes para o empreendedorismo provaram contribuir fortemente para a explicação da intenção empreendedora de estudantes” e acrescentam que essas atitudes podem ser influenciadas através de políticas públicas, educadores e empreendedores de sucesso para estimular o comportamento empreendedor em estudantes. Conclusão O presente artigo traz como contribuição a comparação de diferentes medidas dos construtos atitude e intenção empreendedora, tendo sido abordadas as escalas E.A.O, E.O.R. e IMAE de atitude empreendedora e o Modelo de Intenção Empreendedora. O modelo de intenção empreendedora foi apresentado em função da intenção ser, segundo Ajzen e Fishbein (2000), influenciados, entre outros, pelas atitudes para o comportamento e por serem o antecedente direto do comportamento, onde espera-se mais consistência entra as intenções e o comportamento. O quadro 1 apresenta uma comparação entre as quatro escalas, identificando objetivo, características analisadas, definição utilizada e itens e escala após a validação estatística do instrumento. Todas as medidas foram validadas estatisticamente, nas pesquisas analisadas, e apresentaram bons resultados em razão dos objetivos propostos, entretanto devido às diferenças de amostras (tamanho e características), ambiente e idioma não é seguro avaliar os resultados em termos comparativos, assim, como etapa futura de pesquisa se propõe à tradução das escalas para o português, seguindo as etapas metodológicas propostas por Craig e Douglas apud Inácio Jr (2002) de back translation e validação semântica e aplicação destas escalas em uma mesma amostra para validação em português e comparação dos resultados apresentados por cada uma delas, objetivando evidenciar a robustez ou fragilidade das medidas pesquisadas no contexto Brasileiro e no universo e amostra utilizados. 13 Medida Objetivo Características analisadas Definição Itens e escala após a validação Entrepreneurial Attitude Orientation (E.A.O.) Diferenciar empreendedores de não empreendedores Realização, lócus interno de controle, inovação e auto-estima Atitude empreendedora: predisposição cognitiva, afetiva ou comportamental para atuar de forma inovadora, com auto- controle, auto-estima e necessidade de realização. 75 itens sendo 23 na sub-escala de orientação para realização, 12 na sub-escala lócus de controle, 26 na sub-escala inovação e 14 na sub-escala auto-estima, em uma escala Likert de 10 pontos. Entrepreneurial Opportunity Recognition (E.O.R) Diferenciar empreendedores de não empreendedores Identificação de opotunidades. Atitude empreendedora: predisposição para realização, inovação, auto-estima, lócus interno de controle, busca de oportunidades e propensão ao risco envolvendo os componentes cognitivo, afetivo e comportamental do composto atitudinal. 6 itens com escala Likert de 10 pontos. Instrumento de Mensuração da Atitude Empreendedora (IMAE) Identificar a presença da atitude empreendedora nos indivíduos pesquisados Dimensões: planejamento, realização, inovação e poder. Atitude empreendedora: predisposição aprendida, ou não, para agir de forma inovadora, autônoma, planejada e criativa, estabelecendo redes sociais. 35 itens divididos nos fatores realização e poder com 15 itens e prospecção e inovação com 20 itens com escala Likert de 10 pontos. Modelo de Intenção Empreendedora Predisposição para abrir um negócio no futuro. Traços de personalidade: lócus de controle e propensão ao risco. Fatores ambientais: percepção de barreiras e percepção de apoio ao empreendedorismo. intenção empreendedora: predisposição para as atitudes de propensão ao risco e lócus interno de controle associado a percepção de barreiras e apoio ambiental ao comportamento empreendedor. 16 itens em escala de 4 pontos, sendo 3 relativos a propensão a assumir riscos, 2 referentes a lócus de controle, 3 referentes a barreiras percebidas, 3 relativos a fatores de apoio percebido, 3 referentes a atitude para o empreendedorismo e 2 referentes a intenção empreendedora, sendo um deles em escala dicotômica sim/não. Quadro 1 - Comparativo das Medidas de Atitude Empreendedora e Intenção Empreendedora Fonte: dados da pesquisa 14 Referências AJZEN, I., The Theory of Planned Behavior. Organizational Behavior and Human decision Processes, 50, p. 179-211, 1991. AJZEN, I.; FISHBEIN, M., Attitudes and Attitude-Behavior Relation: reasoned and automatic processes. In. W. STROBE and M. 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