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Artigo - Atitude Empreendedora - TA II

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Atitude Empreendedora: Conceitos, Modelos e Medidas 
 
Autoria: Gumersindo Sueiro Lopez Júnior, Eda Castro Lucas de Souza 
 
Resumo 
 
O artigo tem como objetivo a comparação de diferentes medidas dos construtos atitude e 
intenção empreendedora, tendo sido abordadas as escalas Entrepreneurial Attitude 
Orientation Scale – E.A.O., Entrepreneurial Opportunity Recognition – E.O.R. e Intrumento 
de Mensuração da Atitude Empreendedora – IMAE de atitude empreendedora e o Modelo de 
Intenção Empreendedora. É apresentada a comparação entre as quatro escalas, identificando 
objetivo, características analisadas, definição utilizada e itens e escala após a validação 
estatística do instrumento. Todas as medidas foram validadas estatisticamente, nas pesquisas 
analisadas, e apresentaram bons resultados em razão dos objetivos propostos, entretanto 
devido às diferenças de amostras (tamanho e características), ambiente e idioma não é seguro 
avaliar os resultados em termos comparativos, assim, como etapa futura de pesquisa se propõe 
à tradução das escalas para o português e aplicação destas escalas em uma mesma amostra 
para validação em português e comparação dos resultados apresentados por cada uma delas, 
objetivando evidenciar a robustez ou fragilidade das medidas pesquisadas no contexto 
brasileiro e no universo e amostra utilizados. 
 
Introdução 
O conceito de empreendedorismo possui múltiplas definições que vão desde a pessoa 
que simplesmente abre ou expande um negócio (GEM, 2003), passando pelo inovador que 
cria um novo produto, serviço, mercado ou nova fonte de matéria-prima 
(SCHUMPETER,1982) até à listas de características pessoais como propensão ao risco, 
criatividade, lócus interno de controle, arrojo, visão e identificação de oportunidades 
(FILION, 1999). Todas essas definições são utilizadas como base para o desenvolvimento de 
instrumentos que visam mensurar a atuação do empreendedor em determinadas populações. 
Fenômeno semelhante se dá ao construto atitude empreendedora que possui diferentes visões 
sobre suas definições e medidas. 
Autores como Robinson (1988), Robinson et al. (1991) e McCline et al. (2000) 
apresentam atitude empreendedora como à predisposição de determinada pessoa atuar de 
maneira empreendedora, ou seja, buscam esses autores diferenciar empreendedores de não 
empreendedores com base nas características destacadas na literatura acerca do 
empreendedorismo, vinculando-as a atitude para o empreendedorismo. 
Outra visão admite a atitude empreendedora como a predisposição apreendida para 
agir de forma inovadora, autônoma, planejada e criativa, estabelecendo redes sociais (SOUZA 
et al. 2008). Tendo como objetivo identificar quais destas características são parte efetiva do 
comportamento empreendedor, ou seja, utiliza o conceito de atitude como a verbalização dos 
comportamentos praticados pelos atores que já desempenham um suposto papel 
empreendedor (LOPEZ JR e SOUZA, 2005, DEPIERE, 2006). 
Uma terceira abordagem inclui a visão da intenção empreendedora como o somatório 
das atitudes e de fatores externos, assumindo as intenções como principal antecessor do 
comportamento. Lüthje e Franke (2003) utilizam o termo intenção empreendedora para 
definir a disposição para vir a desempenhar um papel empreendedor no futuro, incorporando 
fatores ambientais na tentativa de melhor predizer o comportamento futuro. 
Cada uma dessas visões deu origem a diferentes instrumentos e modelos de 
mensuração do construto atitude empreendedora e intenção empreendedora. A partir do que, o 
objetivo deste texto passa a ser apresentar resultados de uma pesquisa realizada para 
identificar diferentes conceitos, bem como instrumentos e modelos utilizados para a 
mensuração de atitude empreendedora. 
 
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Atitude Empreendedora 
Para que o termo atitude empreendedora possa ser tratado faz-se necessário uma 
revisão acerca do conceito de atitude, bem como diferenciar atitude e comportamento, além 
da discussão sobre diferentes conceitos de empreendedorismo. 
 
Atitude 
O estudo das atitudes é objeto de especial atenção dos psicólogos sociais, uma vez que 
a promoção do bem estar social envolve o estudo e muitas vezes, a mudança de atitude; pois 
as mesmas “desempenham funções específicas para cada um de nós, ajudando-nos a formar 
uma idéia mais estável da realidade em que vivemos” (RODRIGUES, 1972, p. 394). Além 
disso, de acordo com o mesmo autor, as atitudes são à base de situações sociais importantes, 
como as relações de amizade e conflito e permitem que se façam inferências ao 
comportamento de determinados atores a partir do conhecimento de suas atitudes. 
 Ajzen e Fishbein (2000) afirmam que, entre as visões clássicas de atitudes, sugere-se 
um construto em que as atitudes são assumidas como resíduos de experiências passadas que 
guiam o comportamento futuro. Entretanto, segundo esses autores, após pesquisas empíricas, 
houve maior concordância de que as atitudes são melhores consideradas como sendo um grau 
de avaliação pessoal favorável ou desfavorável em relação a um objeto atitudinal. Os autores 
propõem o uso do termo atitude para se referir à avaliação de um objeto, conceito ou 
comportamento ao longo de dimensões como a favor ou contra, bom ou mau e gostar ou não. 
Essa definição está muito próxima da proposta por Fishbein (1967, p. 257) de que 
“atitudes são predisposições aprendidas para responder a um objeto ou classe de objetos de 
uma maneira favorável ou desfavorável”. 
Muito da atenção dispensada à atitude pelos estudiosos vem da tentativa de se predizer 
o comportamento social a partir do estudo das atitudes. Sendo a atitude definida como uma 
disposição para responder com algum grau de favorabilidade ou desfavorabilidade a um 
objeto psicológico, é esperado que as atitudes prevejam e expliquem o comportamento 
humano. Atitudes positivas deveriam predispor tendências à aproximação e atitudes negativas 
deveriam predispor tendências de evitação. 
Contudo, segundo Azjen e Fishbein (2000, p. 13), as pesquisas revelaram fraca relação 
entre atitudes verbais e o comportamento manifestado. Segundo os autores, isso se deu em 
razão de que a maioria das abordagens com resultados negativos falhou em reconhecer a 
especificidade situacional de muitos comportamentos humanos, tanto quanto o fato de que 
atitudes para objetivos representam tendências de respostas generalizadas. 
A importância do fator situacional também é destacada por Rodrigues (1972, p. 401) 
quando afirma que “as atitudes sociais criam um estado de predisposição à ação que, quando 
combinado com uma situação específica desencadeante, resulta em comportamento”. 
 
Atitude e Comportamento 
 A diferença entre comportamento e atitude fica clara quando Rodrigues (1972, p. 402) 
afirma que: 
atitudes envolvem o que as pessoas pensam, sentem, e como elas gostariam de se 
comportar em relação a um objeto atitudinal. O comportamento não é apenas 
determinado pelo que as pessoas gostariam, mas também pelo que elas pensam que 
devem fazer, isto é, normas sociais, pelo que elas geralmente tem feito, isto é, 
hábito, e pelas conseqüências esperadas de seu comportamento. 
 A relação entre as atitudes, intenções e o comportamento são o foco da teoria do 
comportamento planejado desenvolvida por Fisbein e Ajzen (2000). 
 Segundo Ajzen (2002), a teoria do comportamento planejado assume que a ação 
humana é baseada em três tipos de crenças: crenças sobre os prováveis resultados do 
comportamento e a avaliação desses resultados que é denominado de crenças 
 
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comportamentais; crenças sobre as expectativas de outros e a motivação para atender a essas 
expectativas, denominado de crenças normativas; e as crenças sobre a presença de fatores que 
podem facilitar ou impedir o desempenho do comportamento e a percepção da capacidade de 
desempenhar esse comportamento, denominado de crença de controle. 
 Esses três tipos de crenças, segundo o autor, são à base da teoria do comportamento 
planejado que vão influenciaros fatores determinantes da intenção comportamental, assim as 
crenças comportamentais produzem uma favorável ou desfavorável atitude para o 
comportamento, as crenças normativas resultam na pressão social percebida chamada de 
norma subjetiva e as crenças de controle formam a percepção de controle comportamental, ou 
seja, na percepção pessoal sobre a facilidade ou dificuldade de desempenhar um determinado 
comportamento. A combinação da atitude para o comportamento, da norma subjetiva e da 
percepção de controle comportamental leva a formação da intenção comportamental. 
 De acordo com Ajzen (1991) a intenção é a indicação de quanto uma pessoa está 
disposta a tentar ou quanto esforço essa pessoa está planejando despender para desempenhar 
um determinado comportamento. 
 Dessa forma, quanto mais favorável à atitude e a norma subjetiva e maior a percepção 
de controle comportamental, mais forte deve ser a intenção pessoal de desempenhar o 
comportamento em questão. Assim, dado um determinado grau de controle real do 
comportamento, espera-se que o individuo em questão concretize suas intenções quando a 
oportunidade surgir, ou seja, espera-se que o individuo desempenho o comportamento 
analisado. Dessa maneira a intenção é assumida como um antecedente imediato do 
comportamento (AJZEN, 2002). 
 A figura 1 é a representação esquemática da teoria do comportamento planejado. 
Figura 1: Teoria do comportamento planejado. 
Fonte: Ajzen (2002, p. 1) 
 A teoria do comportamento planejado foi desenvolvida objetivando predizer e explicar 
o comportamento humano em contextos específicos, pois segundo Ajzen (1992) as falhas em 
encontrar relações entre atitudes verbais e o comportamento observado pode ser atribuído ao 
fato que os pesquisadores tentaram predizer um comportamento específico a partir de uma 
atitude geral. O objetivo da teoria do comportamento planejado é a predição de um 
comportamento específico através da medição dos fatores antecedentes ao mesmo 
comportamento, ou seja, atitude, normas subjetivas, percepção de controle comportamental, 
as crenças acessíveis e a intenção devem ser mensuradas com relação ao comportamento 
específico investigado. 
 Eagly e Chaiken (1996) ao discorrem sobre as relações entre atitude e comportamento, 
destacam que há duas visões diferentes, uma que afirma existir uma relação forte entre atitude 
 
 Crenças Atitudes para o 
 Comportamentais Comportamento 
 
 Crenças Normas 
 Normativas Subjetivas Intenção Comportamento 
 
 Crenças de Percepção de Controle 
 Controle Comportamental Controle 
 Comportamental real 
 
 
 
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e comportamento e outra com a visão contrária que destaca apenas uma correlação fraca entre 
atitude e comportamento. Para Eagly e Chaiken (1996) a predição do comportamento é um 
problema completamente diferente dependendo do tipo de atitude que serve como preditor. 
 Esses autores destacam dois tipos de atitudes, as atitudes para o comportamento e 
atitudes para o alvo do comportamento na qual diferem o objeto atitudinal. Assim, 
questionam Eagly e Chaiken (1996), o objetivo da atitude é o comportamento nele mesmo ou 
o alvo do comportamento? É a entidade para qual o comportamento é dirigido? 
 Segundo Eagly e Chaiken (1996) as atitudes para o comportamento tem se provado 
particularmente efetivas na predição do comportamento, essa efetividade da predição é 
ampliada quando a atitude para o comportamento é mensurada levando em conta barreiras e 
limitações que tornam saliente a situação da ação potencial. 
 As afirmações de Eagly e Chaiken (1996) reforçam a consistência da teoria do 
comportamento planejado em relação à necessidade de simetria entre atitude e 
comportamento e o princípio da compatibilidade destacado por Ajzen (1992). 
 Dessa maneira a força da correlação entre atitude e comportamento, predita por meio 
da teoria do comportamento planejado, está diretamente relacionado à simetria entre atitude e 
comportamento que Ajzen (1992) define como princípio da compatibilidade. 
Assim, segundo esse autor, é possível obter compatibilidade entre um comportamento 
específico e a atitude para esse comportamento em questão. O princípio da compatibilidade 
requer que medidas de atitude e comportamento envolvam exatamente a mesma ação, alvo, 
contexto e período de tempo, sendo definidos de modo mais específico do que geral. Assim 
um comportamento específico pode ser observado como uma ação dirigida a um alvo, 
desempenhado em um dado contexto e em um determinado momento. Nesse sentindo, quanto 
maiores forem às diferenças entre ação, alvo, contexto e período de tempo menor deverá ser a 
correlação entre atitude e comportamento. 
 Dessa forma o empreendedorismo, ao não possuir uma base conceitual definida 
conforme destacam Carland (1992), Souza (2001), Gimenez et al. (2001), pode não atender 
perfeitamente ao princípio da compatibilidade definido por Ajzen (1992). 
O componente multifacetado do comportamento empreendedor vai contra as algumas 
das condições necessárias imposta pela teoria do comportamento planejado para sua 
utilização, ou seja, o fenômeno empreendedorismo é composto de conjuntos de 
comportamentos, caracterizando-o bem mais como um comportamento amplo do que 
específico. O que pode acarretar baixa correlação entre atitude e o comportamento que se 
deseja predizer ou observar, como reforça Robinson (1987, p. 46) “quando o conceito de 
atitudes é aplicado ao empreendedorismo pode-se ter uma constelação de atitudes que 
exercem uma influência dinâmica nas respostas do indivíduo ao negócio ou as necessidades 
organizacionais”, ou seja, o número de atitudes quem podem estar relacionadas ao 
comportamento empreendedor são muitas, dado o caráter multifacetado deste ator. 
Assim, em função do objetivo do artigo, faz-se necessário um breve olhar sobre o 
conceito de empreendedorismo e de empreendedor, visando fundamentar o tema trabalhado. 
 
Empreendedorismo e Empreendedor 
Empreendedorismo é caracterizado por diversos autores como um fenômeno 
multifacetado e multidisciplinar (FILION, 1999; GIMENEZ et al. 2001; SOUZA, 2001) nesse 
sentido a definição da atividade empreendedora ou dos comportamentos que compõem a 
atividade empreendedora normalmente é complexo e composto de um grande número de 
indicadores como inovação, iniciativa, criatividade, propensão a correr risco, 
comprometimento, persistência, entre outros. Nesse sentido pode-se entender o 
empreendedorismo sob diferentes perspectivas. 
 
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Por outro lado, empreendedor tem sido caracterizado desde o empresário que inicia 
um novo negócio, mesmo sem qualquer tipo de inovação (GEM, 2003) até como qualquer 
individuo que introduza uma inovação em determinada área (SHUMPETER, 1982). Na visão 
de McClelland (1972) indivíduos em qualquer atividade podem ostentar um papel de 
empreendedor, seja na política, na medicina ou no ensino. 
Para Carland et al. (1992, p. 1) grande parte da controvérsia sobre a definição de 
empreendedorismo e a identificação de empreendedores vem da suposição tácita de que 
empreendedorismo seja uma condição dicotômica, suposição essa que tem sido questionada. 
Stevenson e Gumpert (1985, p. 3) descartam que empreendedorismo seja “tudo ou nada”, ou 
seja, traços que algumas pessoas ou organizações possuem e outras não. Para esses autores, o 
empreendedorismo é mais bem compreendido dentro de um contexto de variação de 
comportamento, onde o indivíduo se situa em um continuum que possui, como extremos, o 
administrador mais voltado para a manutenção do status quo e o administrador com perfil 
empreendedor orientado para a mudança, inovação e identificação de oportunidades. Carland 
et al. (1992, p. 1) reforçam essa visão do continuum, como sendo uma descrição mais 
apropriada parao fenômeno. 
Nessa direção, Gimenez e Machado (apud PELISSON et al. 2001, p. 3) afirmam que 
“empreendedorismo é melhor visto como um comportamento transitório que apresenta muito 
da situação enfrentada pelo empreendedor”. Assim, empreendedorismo não se trata 
simplesmente de um conjunto de características de determinados indivíduos, mas de um 
comportamento que pode ser transitório frente à realidade apresentada, pelo indivíduo em 
questão. 
Gimenez et al.(2000, p.11) ao considerarem empreendedorismo como um processo 
complexo e multifacetado, caracterizam o empreendedor como: 
Alguém que, no processo de construção de uma visão, estabelece um negócio 
objetivando lucro e crescimento, apresentando um comportamento inovador, 
adotando uma postura estratégica. Não se trata de ser ou não ser empreendedor, mas 
de se situar dentro de um espectro de pessoas menos ou mais empreendedoras. 
Esse caráter transitório do empreendedor também encontra-se destacado na definição 
de Fillion (1999, p.19) pois para o autor, empreendedor é: 
uma pessoa criativa, marcada pela capacidade de estabelecer e atingir objetivos e 
que mantém alto nível de consciência do ambiente em que vive, usando-a para 
detectar oportunidades de negócios. Um empreendedor que continua a aprender a 
respeito de possíveis oportunidades de negócio e a tomar decisões moderadamente 
arriscadas que objetivam a inovação, continuará a desempenhar um papel 
empreendedor. 
Com base nesta visão de transitoriedade do papel empreendedor é que se fundamenta a 
aplicação dos conceitos de atitude empreendedora em oposição à percepção do 
empreendedorismo como uma característica dicotômica. 
 
Atitude Empreendedora: uma Associação de Conceitos 
A atitude empreendedora têm sido utilizada sob diferentes enfoques, desde atitudes 
para o empreendedorismo em estudantes, atitude empreendedora para diferenciar 
empreendedores de não empreendedores, atitude empreendedora como preditora do 
comportamento empreendedor e intenção empreendedora como o somatório das atitudes a 
aspectos sócio-demográficos para predição do comportamento (ROBINSON, 1988; 
ROBINSON et al., 1991; McCLINE et al., 2000; LÜTHJE e FRANKE, 2003; MOEN et al., 
2004; LOPEZ JR e SOUZA, 2005; DEPIERE, 2006). 
Assim como o conceito, também os modelos de estudo de atitude empreendedora 
apresentam diferentes enfoques. A seguir serão apresentados alguns desses modelos e suas 
definições no sentido de atingir o objetivo deste texto, ou seja, não só identificar diferentes 
 
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conceitos de atitude empreendedora, bem como instrumentos e modelos utilizados para sua 
mensuração. 
 
Medidas de Atitude e Intenção Empreendedora. 
Como estimulo ao desenvolvimento de medidas de atitude empreendedora, Robinson 
et al. (1991) aponta os problemas relacionados a duas abordagens anteriormente utilizadas, a 
dos traços de personalidade e das características demográficas. Em relação à abordagem de 
traços de personalidade os autores apontam quatro problemas principais. A primeira 
dificuldade se dá em função das metodologias de pesquisa baseadas na abordagem da 
personalidade não terem sido desenvolvidas para medir, especificamente, o 
empreendedorismo. 
O segundo problema, segundo os autores, refere-se a fraca correlação dos 
instrumentos de medida de traços de personalidade aplicados ao empreendedorismo, 
demonstrando falta de validade convergente, como destacam Carvalho et al. (2005, p. 17) “o 
levantamento de competências empreendedoras [...] tem um histórico de poucas medidas 
fidedignas”. 
O terceiro problema está relacionado à aplicação de uma teoria que é usada para 
comportamento amplos sendo aplicada a um contexto específico que é o empreendedorismo. 
O quarto problema com relação à abordagem de traços refere-se à necessidade de modelos 
que incorporem tanto aspectos relativos aos traços de personalidade como aspectos 
ambientais que influenciam o comportamento dos indivíduos (ROBINSON et al., 1991). 
A abordagem demográfica busca identificar um perfil do empreendedor típico a partir 
de informações como ordem de nascimento, modelos, estado civil, idade, experiências prévias 
de trabalho, hábitos de trabalho, etc, assumindo que pessoas com perfis semelhantes 
possuiriam características similares e uma inclinação para o empreendedorismo. Segundo 
Robinson et al. (1991) esta abordagem possui três fragilidades principais. O 
empreendedorismo é um comportamento ligado a reações específicas as circunstâncias nas 
quais o ator em questão está envolvido e não a características demográficas. 
O segundo ponto refere-se ao uso das informações demográficas como base para os 
traços de personalidade, assumindo que determinado indivíduo possui determinada traços de 
personalidade em razão das suas características demográficas. O terceiro ponto refere-se a 
dificuldade da aplicação dos resultados e não auxiliar na predição do comportamento 
empreendedor. Conforme os autores, as características demográficas de natureza estática não 
podem explicar o caráter dinâmico e multifacetado do empreendedorismo (ROBINSON et al., 
1991). 
Em razão das fragilidades e limitações das abordagens de traços de personalidade e 
das características demográficos a abordagem comportamental do empreendedorismo emerge 
trazendo consigo o enfoque sobre as atitudes e as intenções como antecedentes do 
comportamento empreendedor, podendo ser mensuradas pela predisposição dos atores a 
determinados comportamentos. Na seqüência serão apresentados três diferentes medidas de 
atitude empreendedora e uma de intenção empreendedora. 
 
The Entrepreneurial Attitude Orientation Scale (E.O.A) 
 Esse instrumento se baseia no conceito de atitude composto por três dimensões: 
afetiva, cognitiva e comportamental e emprega como definição operacional de empreendedor 
o indivíduo que iniciou mais de um negocio, sendo o último a menos de cinco anos, usando 
algum tipo de inovação (ROBINSON et al. 1991). A atitude empreendedora, dessa forma, 
passa a ser compreendida como a predisposição cognitiva, afetiva ou comportamental para 
atuar de forma inovadora, com auto-controle, auto-estima e necessidade de realização. 
 
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O E.O.A é um instrumento desenvolvido para mensurar a orientação para a atitude 
empreendedora e se baseia na mensuração das seguintes características fortemente associadas 
ao comportamento empreendedor: inovação, lócus de controle, auto-estima e realização. Para 
cada características foi desenvolvida uma sub-escala que possui itens relacionados aos três 
componentes atitudinais (ROBINSON, 1987). 
 O processo de construção da escala iniciou com o desenvolvimento de 60 a 100 itens 
para cada componente de cada uma das sub-escalas, gerando cerca de 700 itens que foram 
revisados e editados por pesquisadores com experiência em escalas de atitude. Após esta 
revisão 262 itens foram utilizados para a avaliação da escala, onde 85 estudantes de psicologia 
avaliaram cada item classificado-os nas dimensões afetiva, cognitiva ou comportamental, 
segundo suas percepções e avaliando sua atitude em relação ao item em uma escala Likert de 
10 pontos. Dos 262 itens testados, 91 foram selecionados com base nos seguintes critérios: ao 
menos 60% de concordância entre os sujeitos na avaliação do item em relação ao componente 
a que pertence, a maioria dos itens obteve entre 73 e 83% de concordância, e através dos 
resultados da análise fatorial para cada sub-escala independentemente (ROBINSON, 1897; 
ROBINSON et al., 1991). 
 Após estes procedimentos o instrumento utilizado para validação era composto de 91 
itens subdivididos nas quatro sub-escalas, com 26 itens na sub-escala de orientação para 
realização, 17 itens na sub-escala de lócus de controle, 18 itens na sub-escala de auto-estima e 
30 itens na sub-escala de inovação, sendo cada uma das quatro sub-escalas composta de três 
tipos de itens abrangendo os componentes afetivo, cognitivo e comportamental da atitude. O 
instrumento utilizou uma escala de 10 pontos no formato concordo/ discordo (ROBINSON, 
1987). 
 A validação do instrumento foi realizada com quatro grupos de sujeitos, dois grupos 
de controle e dois grupos experimentais totalizando uma amostra de 198 sujeitos, divididos da 
seguinte maneira: grupo experimental de estudantes empreendedores que tem ou tiveram 
negócio próprio ou tenham participado de algum projeto de negócio, composto de 24 sujeitos; 
grupo de controle de estudantes não empreendedores que não tinham experiência anterior em 
negócios, composto de 63 sujeitos; grupo experimental de empreendedores não estudantes 
que tinham iniciado um negócio nos últimos cinco anos e já tenham iniciado outros negócios 
anteriormente, composto de 54 sujeitos; e grupo de controle de não empreendedores e não 
estudantes que estejam empregados no momento e não ocupem o cargo de gerência 
(ROBINSON, 1987). 
 Após a correlação, 16 itens foram retirados da escala, permanecendo a escala final 
com 75 itens, subdivididos em 23 na sub-escala de orientação para realização, 12 na sub-
escala lócus de controle, 26 na sub-escala inovação e 14 na sub-escala auto-estima. A 
consistência interna (alpha de Cronbach) em cada uma das sub-escalas foi de α=.84 para 
realização, α=.73 para auto-estima, α=.70 para lócus de controle e α=.90 para inovação 
(ROBINSON, 1987). 
 Foi realizado, também, análise de variância para comparação dos quatro grupos de 
sujeitos pesquisados. Os resultados demonstraram diferenças significativas entre os grupos de 
controle e os grupos de empreendedores, assim afirma Robinson (1987, pág 77): 
Primeiro, a escala E.A.O. foi capaz de predizer, com diferenças significativas, o 
empreendedorismo. Segundo, a consistência dos componentes da atitude, 
aumentaram a predição do empreendedorimo baseados na escala E.A.O.. 
 Dessa forma, a escala E.A.O. obteve sucesso em distinguir empreendedores de não 
empreendedores em contextos semelhantes (ROBINSON, 1987). 
 
Entrepreneurial Opportunity Recognition (E.O.R) 
 A escala E.O.R. foi desenvolvida após a abordagem atitudinal do empreendedorismo 
usado por Robinson (1987) que desenvolveu a escala entrepreneurship attitude orientation 
 
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(E.A.O). O objetivo de McCline et al. (2000) era revalidar e ampliar a escala E.A.O. com a 
inclusão de duas novas sub-escalas, também constantemente associados ao comportamento 
empreendedor. As sub-escalas são de reconhecimento de oportunidade e aceitação do risco e 
seguiram o padrão de desenvolvimento de itens para os três componentes da atitude 
(cognitivo, comportamental e afetivo) em uma escala de 10 pontos. 
 A definição utilizada por McCline et al. (2000) para definição de empreendedor foi 
propriedade de negócio próprio ou autônomo, entretanto os autores não apresentam definição 
específica para a atitude empreendedora, mas dado o conjunto de características analisadas, 
envolve a predisposição para realização, inovação, auto-estima, lócus interno de controle, 
busca de oportunidades e propensão ao risco envolvendo os componentes cognitivo, afetivo e 
comportamental do composto atitudinal. 
 O objetivo da escala é o mesmo da E.A.O., ou seja, ter a capacidade de diferenciar 
empreendedores de não empreendedores, podendo ser empregado como medida de 
identificação da presença da atitude empreendedora nos sujeitos analisados. 
O desenvolvimento da nova escala segui os procedimentos semelhantes aos da E.A.O. 
com o desenvolvimento de 69 itens e realização de teste piloto com 10 estudantes de 
enfermagem, um segundo pré-teste foi realizado com 11 sujeitos semelhantes a amostra da 
pesquisa (enfermeiras registradas ao National Nurses in Business Association – NNBA). 
Após os pré-testes a escala foi aplicada, contendo 18 itens em conjunto com os 75 itens da 
escala E.A.O. e mais 9 questões demográficas. A amostra da pesquisa foi de 139 sujeitos 
associados ao NNBA, em que 99 se identificaram como empreendedoras (autônomas) e 29 
como não empreendedoras (McCLINE et al., 2000). 
Para revalidação da escala E.A.O. foi realizada análise fatorial com os 75 itens da 
escala, entretanto os resultados alcançados não foram empiricamente consistentes, sem 
contudo, apresentar os problemas encontrados. Segundo McCline et al. (2000), uma possível 
explicação para este resultado pode ser a violação da necessidade da amostra ser, ao menos, 
quatro vezes maior que o número de itens. Contudo poderia ter sido utilizado procedimento 
semelhante ao empregado por Robinson et al. (1991) ao testar cada sub-escala 
individualmente, o que preencheria os requisitos em relação ao tamanho da amostra. 
Na seqüência foi realizada teste de variância objetivando identificar diferenças 
significativas entre os dois grupos da amostra. Os resultados demonstraram diferenças 
estatisticamente significativas (F=19.49 e F=7.83, p<.05) entre os dois grupos para as sub-
escalas de lócus de controle (percepção de controle) e auto-estima e estatisticamente não 
significativas para as sub-escalas de inovação (F=2.06, n. s.) e realização (F=2.99, n. s.). 
Esses resultados contrastam com os obtidos por Robinson (1987) que obteve diferenças 
significativas entre os dois grupos nas quatro sub-escalas (McCLINE et al., 2000). 
Para análise exploratória das sub-escalas de aceitação de riscos e identificação de 
oportunidades foi conduzido análise dos componentes principais e análise fatorial que 
sugeriam uma estrutura com dois fatores. O resultado final destas análises foram duas sub-
escalas com 6 itens na escala de identificação de oportunidades e 3 itens na escala de 
aceitação de riscos, onde os dois fatores explicavam 57,2% da variância explicada e a escala 
de identificação de oportunidades explicava sozinha 40,1% da variância (McCLINE et al., 
2000). 
Os resultados com a sub-escala de aceitação do risco demonstraram que a mesma não 
obteve suporte estatístico, visto que permaneceram apenas três itens no componente 
comportamental e nenhum nos dois outros componentes, onde o autor destaca que “a 
justificativa teórica para a sub-escala não obteve suporte” (McCLINE et al., 2000, pág. 85). 
Os resultados com a escala identificação de oportunidades foram estatisticamente 
significativos, obtendo um alpha de Cronbach de .82 com a manutenção de seis itens do 
modelo original, sendo dois em cada componente da atitude. A análise de variância realizada 
 
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apresentou diferenças significativas entre o grupo de empreendedores e não empreendedores 
(F=1.68, p<.05) para a escala de identificação de oportunidades sendo então denominada 
pelos autores de Entrepreneurial Opportunity Recognition – E.O.R. (McCLINE et al., 2000). 
Na seqüência foi realizada análise discriminante para compara a capacidade das 
escalas classificarem corretamente a amostra. A escala E.A.O. sozinha, classificou 
corretamente 78,6% da amostra. A escala E.O.R. sozinha, classificou corretamente 79,8% da 
amostra e as duas escalas em conjunto classificaram corretamente 82,0% da amostra, assim 
afirmam os autores “a nova E.O.R. foi mais efetiva e mais parcimoniosa que as quatro sub-
escalas combinadas do E.A.O.” e “a adição da E.O.R. a E.A.O. melhorou a capadidade de 
diferenciação entre empreendedores e não empreendedores” (McCLINE et al., 2000, pág. 85). 
Assim, concluem os autores: 
Os resultados presentes indicam suporte promissor para uma visão mais ampla do 
processo empreendedor que utiliza a abordagem atitudinal adaptada da literatura da 
psicologia social. A sub-escala Entrepreneurial Opportunity Recognition (EOR) 
parece ser um ferramenta útil para auxiliar a distinguir empreendedores dos não 
empreendedores. (McCLINE et al., 2000, pág. 85). 
Dessa forma, McCline et al. (2000) revalidou as sub-escalas de lócus de controle e 
autoestima com 12 e 14 itens respectivamente e desenvolveu e validou a escala atitudinal de 
reconhecimento de oportunidade (E.O.R.) com 6 itens distribuídos nos componentes afetivo, 
comportamental e cognitivo. Contudo não obteve resultados significativos para as sub-escalas 
de inovação e realização do E.A.O..As duas escalas demonstraram boa capacidade de 
diferenciação entre empreendedores e não empreendedores, alcançando um valor conjunto de 
82,0% de classificação correta. 
 
Instrumento de Mensuração da Atitude Empreendedora - IMAE 
O IMAE é resultado de pesquisa realizada por Lopez Jr e Souza (2005) com o objetivo 
de identificar a presença da atitude empreendedora em empresários-gerentes de pequenos 
negócios de varejo. Atitude empreendedora, neste contexto, foi definido por Souza et at. 
(2008, p. 7) como a “predisposição aprendida , ou não, para agir de forma inovadora, 
autônoma, planejada e criativa, estabelecendo redes sociais” Como base teórica do conceito 
de atitude foi utilizado a teoria do comportamento planejado de Ajzen (1991). 
 O desenvolvimento da escala se deu a partir da identificação, na literatura acerca do 
empreendedorismo, das principais características do comportamento empreendedor que foram 
classificados em quatro dimensões denominadas inovação, realização, planejamento e poder. 
Planejamento, para os autores, representando a predisposição para gerenciar o 
empreendimento, obtendo informações acompanhando-o e avaliando-o sistematicamente. 
Realização, a predisposição para ter iniciativas, tomar decisões, atingir objetivos, cumprir 
metas, buscar oportunidades e aceitar riscos. Poder, representando a predisposição para 
liderar, influenciar nas ações e resultados do empreendimento, estabelecer redes sociais, 
desenvolver a autoconfiança. Finalmente, inovação, considerada como a predisposição para 
agir de forma inovadora, criativa, construir diferenciais competitivos e produtivos. 
A partir da revisão de literatura foram desenvolvidos cinqüenta e quatro itens com o 
objetivo de medir a freqüência com que os respondentes expressaram a representação que 
fazem do que se deseja medir – atitude empreendedora, procurou-se colocar, na construção 
dos mesmos, situações claras e precisas, frases curtas e simples. Os itens foram submetidos à 
avaliação de oito juízes doutores no tema para classificação de cada um dentro das dimensões 
propostas e validação semântica. Os itens que obtiveram ao menos 60% de concordância entre 
os juízes foram incluídos na versão final (LOPEZ JR e SOUZA, 2005). 
A versão final foi composta de trinta e seis itens sendo treze na dimensão 
planejamento, nove na dimensão realização, oito na dimensão poder e seis na dimensão 
inovação e utiliza uma escala Likert de dez pontos e foi testada em uma amostra de duzentos e 
 
 10
noventa respondentes, com aproximadamente nove respondentes por item (LOPEZ JR e 
SOUZA, 2005). 
Foram realizadas várias análises. Na análise do valor das médias, desvios padrão, 
moda e freqüência das variáveis, foi observado que os proprietários gerentes tinham com 
freqüência as atitudes descritas nas questões do instrumento. 
A partir da análise fatorial procurou-se verificar quantas das quatro dimensões 
Planejamento, Realização, Poder e Inovação foram realmente medidas pelo IMAE. Com essa 
análise os itens foram reorganizados, sendo um deles eliminado e das quatro dimensões 
somente duas foram considerados como fatores positivos para medir a atitude empreendedora 
dos atores estudados. Esses dois fatores receberam novas denominações de acordo com as 
características dos itens que os constituíram. 
 Na análise estatística exploratória foi realizada análise fatorial, verificando-se pela 
análise dos Componentes Principais (PC), um alto número de valores superiores a 0,30, um 
índice Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) de 0,90, e a presença de um ou dois componentes. As 
análises fatoriais dos eixos principais (PAF) foram realizadas para 2 fatores, obtendo-se bons 
resultados. O Fator 1, denominado Prospecção e Inovação apresentou um índice de 
consistência interna α = 0,89, e itens com cargas fatoriais variando entre 0,33 e 0,71, sendo 
que o Fator 2, Gestão e Persistência apresentou um índice de consistência interna α = 0,87 e 
itens com cargas fatoriais variando entre 0,31 e 0,64 (LOPEZ JR e SOUZA, 2005). 
 Segundo Souza et al. (2008), ao desenvolver o IMAE escolheu-se como variável a ser 
medida atitude empreendedora e procurou-se dar um embasamento teórico, conceituando-se 
essa variável partindo de uma revisão de literatura e da construção de uma matriz conceitual. 
Inicialmente foi validada a escala que poderíamos chamar de piloto, em um estudo 
exploratório. 
Acrescentam os autores que, é conveniente destacar limitações como as provenientes 
da amostra utilizada na pesquisa e, principalmente de não ser possível afirmar que outros 
atores não envolvidos em ações dos setores estudados possam apresentar percepções 
diferentes. 
Além disso, embora o IMAE tenha obtido bons índices no estudo exploratório, 
ressalta-se que essa escala continua em construção, passando pelo processo de análise 
confirmatória, sendo revalidada em outros contextos com diferentes populações, culturas 
diferenciadas, ampliando sua aplicação e confiabilidade, na busca por uma maior 
compreensão da representação social do fenômeno empreendedorismo no Brasil (SOUZA et 
al. 2008). 
 Assim o IMAE apresentou resultados estatisticamente confiáveis e é composto de 
trinta e cinco itens subdivididos nos fatores prospecção e inovação com 20 itens e 
planejamento e realização com 15 itens em uma escala Likert de 10 pontos e tem como 
função identificar a presença da atitude empreendedora nos sujeitos analisados. 
 
Modelo de Intenção Empreendedora 
A partir da crítica das diferenças entre as atitudes para o empreendedorismo de um 
lado e a intenção e o real comportamento do outro e do conjunto de variáveis sociais, culturais 
e econômicas que influenciam a disposição para iniciar um negócio e não são contemplados 
nos modelos de atitude empreendedora, Lüthje e Franke (2003) propõe a integração dos traços 
individuais e de fatores do contexto dentro de um modelo estrutural de intenção 
empreendedora. 
 Este modelo integra duas características altamente vinculados ao empreendedor que 
são a propensão a assumir riscos e o lócus interno de controle a fatores contextuais 
denominados de suporte e barreiras à atividade empreendedora. Segundo Lüthje e Franke 
(2003, p.138) “Espera-se que todos os quatro construtos demonstrem um efeito causal no 
 
 11
comportamento empreendedor”, dessa forma intenção empreendedora é compreendido como 
a predisposição para as atitudes de propensão ao risco e lócus interno de controle associado a 
percepção de barreiras e apoio ambiental ao comportamento empreendedor. 
 Segundo os autores, o modelo propõe que a intenção para tornar-se um empresário é 
moderada pela atitude para o empreendedorismo, onde as atitudes atuam como ligação entre 
os traços de propensão ao risco e lócus interno de controle e a intenção empreendedora. 
Assumindo assim que as características do indivíduo, indiretamente, influenciam a intenção 
de tornar-se um empreendedor através do seu efeito sobre a atitude. 
 Em relação aos fatores do ambiente, o modelo admite um impacto direto sobre as 
intenções, sendo, desta forma, responsável pela diferença entre a perfeita correlação entre 
atitudes e intenção empreendedora. Assim, segundo Lüthje e Franke (2003), um estudante 
poderia optar por iniciar um negócio mesmo tendo uma negativa atitude para o 
empreendedorismo, porque percebe condições ambientais muito favoráveis ou, inversamente, 
um estudante com positiva atitude para o empreendedorismo pode não decidir começar um 
novo negócio dada uma percepção negativa do ambiente. 
 O objetivo do modelo é identificar a propensão de um determinado indivíduo 
(estudantes universitários) abrir um negócio no futuro, considerando os traços de 
personalidade, as atitudes, as barreiras percebidas e o apoio percebido como antecedentes da 
intenção empreendedora. A figura 2, apresenta o modelo estrutural da intenção 
empreendedora. 
 
Traços de Fatores Ambientais 
personalidade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Variáveis endógenas 
Figura 2 – Modelo Estrutural de IntençãoEmpreendedora 
Fonte: Lüthje e Franke (2003, p. 139). 
 
A escala foi construída a partir da geração de itens que foram submetidos a estudantes 
e analisados segundo critérios de validade e relevâncias por meio de análise fatorial 
exploratória e de consistência interna. Os itens que demonstraram consistência foram testado 
utilizando escala likert de 5 e 4 pontos, em que os melhores resultados foram apresentados na 
escala de 4 pontos, utilizando assim esta escala para validação do modelo, sendo 
posteriormente testado em uma amostra semelhante à amostra da pesquisa. 
 A amostra utilizada na validação foi composta por 512 estudantes da escola de 
engenharia da Massachesetts Institute of Technology – MIT e o instrumento final era 
composto de 16 itens, sendo 3 relativos a propensão a assumir riscos, 2 referentes a lócus de 
controle, 3 referentes a barreiras percebidas, 3 relativos a fatores de apoio percebido, 3 
Propensão 
a assumir 
riscos 
Lócus 
interno de 
controle 
Atitude para o 
empreendedorismo 
Intenção 
empreendedora 
Barreiras 
percebidas 
Apoio 
percebido 
 
 12
referentes a atitude para o empreendedorismo e 2 referentes a intenção empreendedora, sendo 
um deles em escala dicotômica sim/não. 
 O teste do modelo foi realizado através do modelo de covariância para tentar 
identificar os antecedentes da intenção de escolher uma carreira empresarial, os resultados 
demonstram que o modelo reproduz, satisfatoriamente, a matriz de variância e covariância. 
Segundo Lüthje e Franke (2003, p. 142), “todas as medidas alcançaram níveis considerados 
aceitáveis” e complementam afirmando que os resultados do teste qui-quadrado indicam que 
o modelo construído tem alta validade discriminante. 
 Entre os principais resultados, a atitude para o empreendedorismo emerge como o 
mais importante antecedente da intenção para tornar-se empreendedor, demonstrando alta e 
forte significância sob a intenção empreendedora (β = 0.508), sendo influenciada pelos traços 
de personalidades de propensão ao risco (β = 464) e lócus interno de controle (β = 0.300), 
indicando que estudantes que tem propensão ao risco e se percebem no controle sobre os 
eventos em suas vidas possuem uma mais favorável atitude para abrir o seu próprio negócio 
(LÜTHJE e FRANKE, 2003). 
 Segundo os autores, os fatores ambientais (barreiras percebidas e apoio percebidos) 
demonstraram uma moderada influência na intenção empreendedora (β = -0.127 e β = 0.183, 
respectivamente), esses efeitos podem explicar porque um estudante, a despeito da sua baixa 
atitude para o empreendedorismo, venham a desempenhar um papel empreendedor ou que um 
estudante com uma orientação para a atitude empreendedora não desempenhe o papel 
empreendedor (LÜTHJE e FRANKE, 2003). 
 Assim, concluem Lüthje e Franke (2003, p. 143) “as atitudes para o 
empreendedorismo provaram contribuir fortemente para a explicação da intenção 
empreendedora de estudantes” e acrescentam que essas atitudes podem ser influenciadas 
através de políticas públicas, educadores e empreendedores de sucesso para estimular o 
comportamento empreendedor em estudantes. 
 
Conclusão 
 O presente artigo traz como contribuição a comparação de diferentes medidas dos 
construtos atitude e intenção empreendedora, tendo sido abordadas as escalas E.A.O, E.O.R. e 
IMAE de atitude empreendedora e o Modelo de Intenção Empreendedora. O modelo de 
intenção empreendedora foi apresentado em função da intenção ser, segundo Ajzen e Fishbein 
(2000), influenciados, entre outros, pelas atitudes para o comportamento e por serem o 
antecedente direto do comportamento, onde espera-se mais consistência entra as intenções e o 
comportamento. O quadro 1 apresenta uma comparação entre as quatro escalas, identificando 
objetivo, características analisadas, definição utilizada e itens e escala após a validação 
estatística do instrumento. 
Todas as medidas foram validadas estatisticamente, nas pesquisas analisadas, e 
apresentaram bons resultados em razão dos objetivos propostos, entretanto devido às 
diferenças de amostras (tamanho e características), ambiente e idioma não é seguro avaliar os 
resultados em termos comparativos, assim, como etapa futura de pesquisa se propõe à 
tradução das escalas para o português, seguindo as etapas metodológicas propostas por Craig 
e Douglas apud Inácio Jr (2002) de back translation e validação semântica e aplicação destas 
escalas em uma mesma amostra para validação em português e comparação dos resultados 
apresentados por cada uma delas, objetivando evidenciar a robustez ou fragilidade das 
medidas pesquisadas no contexto Brasileiro e no universo e amostra utilizados. 
 
 13 
 
Medida Objetivo Características analisadas Definição Itens e escala após a validação 
Entrepreneurial 
Attitude 
Orientation 
(E.A.O.) 
 
Diferenciar 
empreendedores de não 
empreendedores 
 
Realização, lócus interno 
de controle, inovação e 
auto-estima 
Atitude empreendedora: 
predisposição cognitiva, afetiva ou 
comportamental para atuar de 
forma inovadora, com auto-
controle, auto-estima e 
necessidade de realização. 
75 itens sendo 23 na sub-escala de orientação 
para realização, 12 na sub-escala lócus de 
controle, 26 na sub-escala inovação e 14 na 
sub-escala auto-estima, em uma escala Likert 
de 10 pontos. 
Entrepreneurial 
Opportunity 
Recognition 
(E.O.R) 
Diferenciar 
empreendedores de não 
empreendedores 
 
Identificação de 
opotunidades. 
Atitude empreendedora: 
predisposição para realização, 
inovação, auto-estima, lócus 
interno de controle, busca de 
oportunidades e propensão ao 
risco envolvendo os componentes 
cognitivo, afetivo e 
comportamental do composto 
atitudinal. 
6 itens com escala Likert de 10 pontos. 
Instrumento de 
Mensuração da 
Atitude 
Empreendedora 
(IMAE) 
 
Identificar a presença da 
atitude empreendedora 
nos indivíduos 
pesquisados 
Dimensões: planejamento, 
realização, inovação e 
poder. 
Atitude empreendedora: 
predisposição aprendida, ou não, 
para agir de forma inovadora, 
autônoma, planejada e criativa, 
estabelecendo redes sociais. 
35 itens divididos nos fatores realização e 
poder com 15 itens e prospecção e inovação 
com 20 itens com escala Likert de 10 pontos. 
Modelo de 
Intenção 
Empreendedora 
 
 
 
 
 
Predisposição para abrir 
um negócio no futuro. 
Traços de personalidade: 
lócus de controle e 
propensão ao risco. 
Fatores ambientais: 
percepção de barreiras e 
percepção de apoio ao 
empreendedorismo. 
intenção empreendedora: 
predisposição para as atitudes de 
propensão ao risco e lócus interno 
de controle associado a percepção 
de barreiras e apoio ambiental ao 
comportamento empreendedor. 
16 itens em escala de 4 pontos, sendo 3 
relativos a propensão a assumir riscos, 2 
referentes a lócus de controle, 3 referentes a 
barreiras percebidas, 3 relativos a fatores de 
apoio percebido, 3 referentes a atitude para o 
empreendedorismo e 2 referentes a intenção 
empreendedora, sendo um deles em escala 
dicotômica sim/não. 
Quadro 1 - Comparativo das Medidas de Atitude Empreendedora e Intenção Empreendedora 
Fonte: dados da pesquisa 
 
 14
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