Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIDADE IV • <Título da Unidade IV> 1 ENCONTRO 01: A argumentação e a sua importância na construção do pensamento filosófico Olá pessoal! Como vimos na videoaula e no podcast, o pensamento filosófico é todo e qualquer fluxo de pensamento produzido através de um encadeamento lógico entre ideias quaisquer, as quais se encadeiam entre si por uma relação de implicação. Numa relação de implicação entre pensamentos que se sucedem uns aos outros, cada ideia ou conjunto de ideias que são apresentadas em um discurso implica ou acarreta necessariamente outro conjunto de ideias e assim sucessivamente. Seja no plano da fala, seja no plano da escrita, o processo de construção de discursos filosóficos (isto é, discursos lógicos ou racionais) é chamado de “argumentação”. Uma argumentação tem como resultado a produção de argumentos e um argumento pode ser definido como um processo de raciocínio destinado a comprovar ou refutar uma ou mais afirmações. Abaixo, apresentamos um exemplo de argumentação criada para refutar a afirmação de que não cabe ao Tribunal de Contas da União (TCU) fazer objeções à validade de normas administrativas criadas pelo Poder Executivo Federal: Afirmação: Decisões coletivas do TCU são competentes para declarar a irregularidade de normas administrativas criadas pelo governo federal. Argumentação para contestar esta afirmação: O Tribunal de Contas da União (TCU) é tão somente um órgão de controle externo que fiscaliza a atuação contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial dos órgãos e entidades da DISCIPLINAS UNIVERSAIS Disciplina: FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO PROFESSOR: DANIEL CASTRO GIRALDI UNIDADE IV • <Título da Unidade IV> 2 Administração Pública federal com base em normas legais criadas pelo Poder Legislativo Federal e em normas administrativas criadas pelo Poder Executivo Federal. O TCU não possui competência constitucional ou legal para legislar e regulamentar sobre a gestão pública e, assim, não tem competência para estabelecer normas para a atuação de qualquer um dos órgãos e entidades de quaisquer dos Poderes. E é justamente sobre as normas legais federais e sobre as normas administrativas federais que repousam, respectivamente, as fundamentações de ilegalidades ou irregularidades que venham a ser constatadas pelo TCU em suas auditorias, inspeções e decisões coletivas (também chamada de “acórdãos”). Portanto, os acórdãos do TCU são sempre necessariamente embasados em normas criadas seja pelo Poder Constituinte (normas constitucionais), seja pelo Poder Legislativo Federal (normas legais), seja pelo Poder Executivo Federal (normas administrativas). Logo, qualquer acórdão do TCU nunca será válido para contestar normas legais ou administrativas produzidas respectivamente pelo Poder Legislativo Federal e Poder Executivo Federal. Pelo exposto, fica evidente que acórdãos do TCU não podem ser usados para contestar a validade de normas administrativas federais. O exemplo apresentado no parágrafo anterior mostra um discurso lógico que foi criado para comprovar a falácia (isto é, a falsidade lógica) da afirmação de que as decisões coletivas do Tribunal de Contas da União são competentes para declarar a irregularidade de normas administrativas criadas pelo governo federal brasileiro. Notem que, ao longo do discurso da argumentação, há algumas conclusões que vão sendo extraídas e apresentadas ao leitor, as quais são uma consequência necessária e irrecusável das ideias e das frases que lhe precedem no discurso. Podemos notar que isso ocorre em dois momentos na argumentação: a primeira conclusão é apresentada no 2º parágrafo da argumentação, a saber, na passagem que se inicia após a palavra “Portanto [...]”. Já a segunda conclusão é apresentada no 3º parágrafo da argumentação, na passagem que se inicia após a expressão “Pelo exposto [...]”. Notem que tanto uma como a outra dessas conclusões são uma consequência necessária das ideias apresentadas no primeiro parágrafo da argumentação. UNIDADE IV • <Título da Unidade IV> 3 A argumentação, ao demonstrar que o TCU não pode declarar a invalidade de uma norma administrativa federal cria e comunica um conhecimento lógico (isto é, um conhecimento racional) sobre as relações do TCU com as leis federais e com as normas federais brasileiras. Apresentamos esta argumentação para mostrar um exemplo de como funciona o pensamento filosófico. Ou seja, queridos alunos, pensar filosoficamente é argumentar! Assim, em uma argumentação o que ocorre é a construção de um fluxo de discurso e de pensamento no qual se procura justificar a validade e legitimidade de uma afirmação por meio do encadeamento de ideias que se acarretam necessariamente umas às outras. Ao final de uma argumentação, o resultado por ela produzido é um conhecimento comprovado acerca daquilo que está sendo abordado no discurso. Como o conhecimento gerado pela argumentação é, por natureza, intermediado por um conjunto de ideias que se acarretam umas às outras ao longo de um discurso, a Filosofia considera que o conhecimento produzido por meio de argumentação é um conhecimento não-imediato ou não-intuitivo, diferentemente do conhecimento que é gerado pela ação de nossas faculdades sensoriais (audição, visão, gustação, tato e olfato), as quais nos proporcionam um conhecimento imediato e intuitivo sobre o mundo à nossa volta. A este tipo de conhecimento sensorial imediato e intuitivo acerca de nossas experiências, a história da Filosofia deu o nome de “conhecimento empírico” (expressão proveniente da palavra grega “empiria”, cuja tradução para o português e “experiência), já para o conhecimento produzido ao longo de um processo de argumentação e de maneira mediata e não-intuitiva, a história da Filosofia deu o nome de “conhecimento lógico”. UNIDADE IV • <Título da Unidade IV> 4 ATENÇÃO O conceito de “experiência” é um dos mais importantes da história da Filosofia e da história da Ciência. Ele se refere a toda consciência que adquirimos do mundo à nossa como resultado da ação de nossa visão, audição, tato, olfato e gustação. A experiência, portanto, é o ponto de partida de nosso conhecimento do mundo.A Epistemologia (campo do conhecimento filosófico acadêmico que investiga o que é o conhecimento, como se pode obtê-lo, quais são suas condições, limitações, métodos e ferramentas) reconhece que o conhecimento filosófico e o conhecimento científico são construídos a partir de uma combinação de conhecimentos empíricos e conhecimentos lógicos. Ou seja, sempre que pretendermos adquirir conhecimento, sobre qualquer coisa, fato, evento, situação ou conjunto de ideias, devemos sempre fazer uso combinado da experiência (aquilo que resulta da ação de nossos órgãos sensoriais) e da razão. Saiba Mais No vídeo a seguir, três professores discutem a relação entre Mito e Filosofia e fazem considerações sobre a natureza de cada uma dessas tipos de pensamento e discurso sobre o mundo: https://www.youtube.com/watch?v=chhqLgSoudg https://www.youtube.com/watch?v=chhqLgSoudg
Compartilhar