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e-Tec Brasil13 Aula 1 - Histórico e conceito de psicologia Nesta aula, você estudará sobre as origens da psicologia antes e depois de se tornar uma ciência. Conheceremos as ideias dos antigos filósofos, suas teorias sobre o estudo do homem, da personalidade e dos comportamentos. Ao longo desta aula, mostraremos como, gradativamente, a psicologia se desassociou do conceito de alma e passou a ter características mais específicas e científicas. Bom estudo para você! 1.1 Breve histórico da psicologia Cada ciência e área profissional têm o seu objeto de estudo. A Biologia estu- da os seres vivos, animais e vegetais; a Administração, as organizações; a En- genharia Civil, as construções de casas, prédios, estradas e pontes; a Antro- pologia estuda a cultura humana. Já a psicologia tem por finalidade estudar a subjetividade humana. E o que é subjetividade? São as formas de pensar, sentir, agir, comportar-se e sonhar de cada indivíduo. E será que essas formas são sempre as mesmas para todos em qualquer lugar ou época? Não, elas são históricas e culturais, e nesse contexto as pessoas são por elas determinadas, e ao mesmo tempo são determinantes. O psicólogo irá, então, observar os comportamentos, investigar as características de personalidade, ou seja, ele analisará as reações das pessoas frente às diferentes situações. Mas o significado da palavra psicologia sofreu mudanças ao longo dos tempos. Se imaginarmos a pré-história: será que existia psicologia naquela época? Como os seres humanos se relacionavam entre si? Se estivéssemos falando de antropologia, geologia ou mesmo paleontolo- gia, poderíamos descrever com precisão o período civilizatório do homem. Para saber a idade de um fóssil basta utilizar C14 (carbono catorze) que se pode determinar com exatidão o tempo em que aquele fóssil viveu. A antropologia estuda os caracteres físicos dos grupos humanos que existi- ram desde aquela época. Mas como vamos saber se o homem tinha emoções na pré-história? Ele sentia medo, inveja, raiva, amor? Quais eram seus sentimentos, angústias, desejos? Para estas perguntas não há respostas, pois precisaríamos de alguém vivo para contar ou de algum relato por escrito. O que se encontra nas caver- nas são os desenhos rupestres que retratam o cotidiano do homem pré- -histórico: rituais fúnebres, atividades de pesca e caça, e algumas cerimônias comemorativas. E não se pode, através da análise dos desenhos, “adivinhar” o que nossos ancestrais sentiam. A sociologia, com certeza, vai informar que o homem sempre conviveu em bandos ou grupos como forma de sobrevivência. A reunião de pessoas possi- bilitava que tarefas fossem elencadas: enquanto uns caçavam ou pescavam, outros cuidavam dos menores ou velhos. O grupo garante que a defesa seja maior, e assim todos ficam mais seguros. Para este período da história humana, podemos apenas fazer suposições; provavelmente, o homem pré-histórico possuísse afetos, tivesse emoções, pois somos, hoje, o resultado de muitos processos evolutivos (fisiológico, anatômico, etc.), então, se temos emoções, elas já deveriam estar presentes no comportamento humano desde aquela época. Se dermos um salto na história humana, vamos descobrir que na Antiguida- de a palavra psicologia passa a se denominar “o estudo da alma”. Claro que não estamos nos referindo à “alma” no sentido de céu ou inferno. Falamos do período de Sócrates, Platão, Aristóteles, Epicuro e Demócrito. Muitos sé- culos antes do nascimento de Cristo, quando o homem ainda era politeísta. A Antiguidade Clássica é o berço de todas as ciências contemporâneas. Os filósofos buscavam conhecer a realidade através de um princípio holístico: conceber os fatos e as pessoas como um todo; ver o geral, o global, a totali- dade dos eventos. Havia a preocupação com o culto ao físico, as Olimpíadas têm seu início nesta época. Os homens competiam nus entre si como de- monstração de beleza física, preparo técnico, força e destreza. E como ficava a mente? Os pensamentos? Sócrates (469 - 399 a.C.) é o autor da célebre frase: “Homem, conhece-te a ti mesmo.”Mas o que ele quis dizer com isso? Que a investigação para o conhecimento humano precisa abordar as ques- tões da mente e não somente as do corpo. Para saber mais sobre os desenhos rupestres acessando: http://www.portalsaofrancisco. com.br/alfa/arte-na-antiguidade/ pintura-rupestre-1.php Politeísta: crença em vários deuses, como também o seu culto. A crença em um único Deus é chamada de monoteísmo. Na Antiguidade, as pessoas aprenderam a temer as forças da natureza. Encaravam o Sol, a Lua, as tempestades, as estações e outras forças como seres personalizados. Mais tarde, o povo começou a cultuar as forças da natureza como espíritos ou deuses. e-Tec Brasil 14 Psicologia do Trabalho e-Tec Brasil15Aula 1 - Histórico e conceito de psicologia Conhecer a si mesmo é o que chamaríamos, hoje, de autoaná- lise: diante um perigo qual seria sua reação: Choraria? Gritaria? Correria? Teria medo? Seria corajoso e enfrentaria o problema? Sozinho? Seria ético? Percebam quantos questionamentos podemos fazer! Os filósofos, naquela época, buscavam descobrir estes porquês humanos, sendo assim, a psicolo- gia, neste período, busca estudar a alma humana na busca do conhecimento do Eu Interior ou psyché. A personalidade humana é expressa, para os Antigos, através deste sopro divino – psyché – o princípio ativo da vida e, na medida em que o homem cresce e se relaciona com outros da sua espécie, ele se constitui como ho- mem. Forma seu caráter, temperamento, ética, valores, cultura, preconcei- tos, ambições, etc. Esta é uma visão psicossocial sobre a formação do ser humano, onde é de vital importância que o semelhante adulto auxilie nos processos de aprendizagem emocional e racional, e assim construa sua per- sonalidade e inteligência. Sabe-se, depois de Mendel (1822 – 1884), Pai da Genética, que o ser hu- mano é essencialmente uma formação biopsicossocial, ou seja, apresenta características genéticas (bio), de personalidade (psico) e precisa do contexto social para se estruturar como espécie humana. Não somos mais uma Tábula rasa, uma folha de papel em branco, como os Antigos filósofos pensavam. Ao nascer, a pessoa tem guardada a carga hereditária (cor dos olhos, tipo de cabelo, altura, peso...), tudo está previa- mente marcado através dos genes dos ancestrais, entretanto, a forma de se comportar ou sentir não é determinada pelos genes. Na Idade Média (século V a XVI d.C.), período civilizatório, posterior à An- tiguidade, as ideias ligadas à psicologia apresentam uma mudança bem ra- dical. Ela deixa de ser o estudo da alma na busca do autoconhecimento e passa a ser o estudo da alma na busca da fé ou da religiosidade. Este é o período do obscurantismo, onde a Igreja Católica junto com a nobreza de- terminam os padrões sociais vigentes. Figura 1.1: Eu interior Fonte: http://d-bedotti.blogspot.com/ Figura 1.2: Linha do tempo Fonte: http://pedagogiacatolica.blogspot.com/ Para saber mais sobre visão psicossocial acesse: http://psicopsi. com/pt/visao-psicossocial/ Alguns filósofos, como Santo Agostinho e São Thomas de Aquino, defendiam a ideia de que para se conhecer é preciso, antes de tudo, ter fé. Para saber mais acesse: http:// www.mundodosfilosofos.com.br/ agostinho.htm Tábula rasa: O termo significa folha de papel em branco, ou seja, ao nascer, a pessoa está desprovida de qualquer julgamento, ideia, conceito. À medida que crescemos vamos convivendo com outros e escrevemos a nossa história de vida nesta folha que originalmente estava em branco. Após quase 15 séculos, a Idade Média dá espaço ao Renascimento (séculos XV a XVI d. C.), período exatamente oposto. O mercantilismo, a Reforma Protestante de Martin Lutero (1483 – 1546), as ideias de Nicolau Copérnico (1473 – 1543) sobre o Heliocentrismo, entre outras invenções e inovaçõessociais trazem ao contexto a valorização do homem nas artes, na música, no comportamento, etc. O conhecimento precisa ter cientificidade e não mais ser justificado mediante determinação da Igreja. Na Modernidade (séculos XVII a XVIII d. C.), as ciências se desvinculam to- talmente da religião e os cientistas podem, agora, buscar a origem das cau- sas e dentro deste princípio surgem dois filósofos muito expressivos para a psicologia: o francês René Descartes (1596 – 1650) e o inglês Francis Bacon (1561 – 1626). Ambos buscam uma forma de padronizar ou de estabelecer um método científico de investigação do conhecimento. O francês prescre- ve o Racionalismo, a Dúvida Metódica, onde é necessário duvidar, dividir o conhecimento, induzir e revisar para se ter certeza da verdade. O inglês de- fende o Empirismo, onde o conhecimento é obtido através das percepções. A compreensão da realidade ou verdade passa pelo crivo dos cinco sentidos do ser humano. A livre expressão deste período tem seu ápice com a Revolução Francesa (1789 – 1799), onde um conjunto de acontecimentos políticos, econômicos e sociais altera radicalmente a visão de mundo através dos conceitos de liber- dade, igualdade e fraternidade. Inicia-se a Idade Contemporânea. Cada uma das ciências encontra seu objeto de estudo. O que estava, antes, agrupado ou sistêmico passa a ter uma especificidade ou particularidade. Na Idade Contemporânea, ou seja, na atualidade, a psicologia estuda os comportamentos do homem e os seus processos mentais (memória, aten- ção, linguagem, raciocínios), e o estudo sobre Deus ou sobre religiosidade passa a ser objeto de estudo da Teologia. A psicologia científica tem sua base na filosofia, sociologia e biologia. Estas três áreas do conhecimento dão suporte aos preceitos científicos psicológicos. Resumo Nesta aula, definimos o conceito de psicologia e suas variadas abordagens nos diferentes períodos civilizatórios. Caracterizamos a concepção dessa ci- ência na atualidade e o reflexo de seus estudos nas diferentes áreas de atu- ação humana. Evidenciamos a importância da formação psicossocial como característica de personalidade dos indivíduos. Para saber mais sobre as ideias de Nicolau Copérnico e o Heliocentrismo acesse: http://www.infoescola.com/ astronomia/heliocentrismo/ Existe uma técnica para a prova do Carbono 14, para conhecer a idade dos restos encontrados por arqueólogos. Para saber mais acesse: http://www.brasilescola.com/quimica/ carbono-14.htm Empirismo: é a escola do pensamento filosófico relacionada à teoria do conhecimento, que pensa estar na experiência a origem de todas as ideias. O nome empirismo vem do latim: empiria (experiência) e ismo (sufixo que determina, entre outras coisas, uma corrente filosófica). Temos assim, a corrente filosófica do conhecimento. Fonte: http://www.mundoeducacao. com.br/filosofia/empirismo.htm e-Tec Brasil 16 Psicologia do Trabalho e-Tec Brasil17Aula 1 - Histórico e conceito de psicologia Atividades de aprendizagem Construa um quadro com as principais características da psicologia nas épo- cas trabalhadas no texto. Assista ao filme: A Guerra do fogo de Jean-Jacques Annaud de 1981. Filme franco-canadense que retrata com maestria o período pré-histórico. Procure observar os comportamentos dos homens primitivos e liste os sentimentos ou emoções que analisou no filme. Leia o livro O que é psicologia de Maria Luiza S. Teles. Trata-se de uma coleção introdutória sobre os mais diversos assuntos da era de psicologia. O livro em questão traz o ABC da psicologia e sua leitura é fácil, pois a autora é muito didática e objetiva nos conceitos. Boa leitura para você! Pesquise no livro: Psicologias - Uma introdução ao estudo de psicologia, BOCK, FURTADO, TEIXEIRA. São Paulo: Saraiva, 1999. Este livro é muito interessante para fazer pesquisa, pois contempla 23 capítulos, cada um enfocando um tema sobre a psicologia e suas áreas de atuação: desenvolvimento, psicanálise, social, sexualidade, adolescência entre outros temas.
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