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1 CEDERJ – CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE AULA PARA EAD (MATERIAL DIDÁTICO IMPRESSO) Curso: Engenharia de Produção / UFF-CEFET/RJ Disciplina: Psicologia e Sociologia do Trabalho Conteudista: Alexandre de Carvalho Castro AULA 4 – A Psicologia e a Sociologia do Trabalho frente ao desafio da flexibilidade no processo produtivo META Apresentar as principais tendências da flexibilidade no processo produtivo OBJETIVOS Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de: 1. Identificar a noção de flexibilidade para a Psicologia e a Sociologia do Trabalho; 2. Analisar o papel do Engenheiro de Produção frente ao desafio da flexibilidade no processo produtivo PRÉ-REQUISITOS Para se ter um bom aproveitamento desta aula, é importante que você tenha um equipamento capaz de fazer o download dos textos sugeridos na atividade proposta. 2 1. INTRODUÇÃO: Os dois lados de uma questão Essa é a nossa quarta aula. A presente temática, portanto, obedece a uma sequência em relação ao que vimos anteriormente, nas demais aulas. Dessa forma, este tema, inserido no âmbito dos estudos organizacionais, procura resgatar a visão psicossociológica dos problemas encontrados nas organizações. Isso porque alguns fenômenos sociais estão se tornando inexplicáveis segundo perspectivas mais tradicionais. Conceitos bem familiares, como “motivação” e “perfil do trabalhador”, precisam ser vistos por novos ângulos, sobretudo os da flexibilização. Dessa forma, você irá, em linhas gerais, tomar ciência de como o Engenheiro de Produção deve se posicionar frente ao desafio da flexibilidade no processo produtivo. Vamos lá? 2. DESENVOLVIMENTO: Conforme vimos já nas outras aulas, uma questão fundamental para o Engenheiro de Produção frente à Psicologia e a Sociologia do Trabalho é problematizar os vínculos dessa prática no ambiente produtivo. Quando falamos de desafio da flexibilidade no processo produtivo precisamos enfatizar que existe uma lógica, às vezes meio invisível, que precisa ser percebida. O fato é que uma das mais pregnantes características das organizações modernas — a flexibilidade — está mudando o próprio significado do trabalho. E então aparecem questões que se constituem no problema central enfocado por nosso estudo: Quais os efeitos da flexibilidade e da autonomia na dinâmica organizacional e na subjetividade do trabalhador? Há, desde a década de 50, uma série de estudos que apontam a ausência de autonomia como causadora de stress (por exemplo, Marmot & Theorell, 1991). No entanto, é 3 necessário indagar acerca da complexidade do problema. É preciso perguntar: O oposto é verdadeiro? A autonomia, uma vez dada ao trabalhador, soluciona a questão? Autonomia, flexibilidade e a dinâmica organizacional Sennett (1999), a partir de estudos com executivos e funcionários imersos na dinâmica da flexibilização, aponta uma paradoxal realidade diante da autonomia do trabalhador. Sua tese básica é que trabalhar com autonomia não implica menos angústia existencial, menor nível de stress, ao contrário, a flexibilidade causa ansiedade e afeta até mesmo o valor ético que o trabalhador atribui a seus próprios desejos e às relações com as demais pessoas. A análise dos valores duradouros no âmbito da vida e do trabalho fica circunstanciada pela obsessão com os resultados imediatos. Segundo Sennett (1999), em termos humanos esse processo implica um significativo impacto na experiência emocional. Sennett (1999) procura trabalhar com o conceito de tempo. Há décadas, após a segunda guerra mundial, em uma sociedade caracterizada pela estabilidade no emprego e pelo "Estado de Bem Estar Social", o trabalhador tendia a encarar o tempo de forma linear. A rotina diária variava muito pouco e as conquistas pessoais se somavam de forma cumulativa: O aumento da poupança, a aquisição de novos bens de consumo,etc. Enfim o planejamento da vida pessoal era possível porque o tempo em que se vivia era previsível. Com o advento da flexibilidade, entretanto, o trabalhador perdeu tal noção de previsibilidade. Há uma perda do controle da própria vida em decorrência das constantes mudanças, processos de downsizing e conseqüente desemprego. A nova maneira de viver - sobreviver? - faz com que o trabalhador acabe por colocar sua vida emocional à deriva. O que é singular nas incertezas do momento presente, em comparação com outras crises econômicas do passado, causadas por guerras ou calamidades afins, é que o problema 4 atual existe sem qualquer desastre histórico eminente, posto que imbricado nas práticas cotidianas intrínsecas às organizações hodiernas. As mudanças organizacionais se tornam disfuncionais como direcionadoras da vida pessoal. A perspectiva que prevalece é a da ausência de planejamentos de longo prazo. Só que, aponta Sennett (1999), os esquemas e planos de curto prazo no ambiente de trabalho limitam o amadurecimento da confiança entre os trabalhadores: "Laços sociais levam tempo para surgir, enraizando-se devagar nas fendas e brechas das instituições." (Sennett, 1999, p.24). O trabalho de equipe, tão enfatizado, implica alterações de percurso em meio às novas exigências do mercado. As formas passageiras de associação são mais úteis às equipes que as ligações de longo prazo. A lealdade, como elemento básico de laços sociais mais consistentes, deixa de ser atraente num contexto onde o que importa é a flexibilidade. Só há relacionamentos consistentes e laços fortes quando existe a disposição de estabelecer compromissos com os outros. O que Sennett (1999) critica como distorção frequente no ambiente produtivo é que: [atenção, favor inserir uma imagem] "O distanciamento e a cooperatividade superficial são uma blindagem melhor para lidar com as atuais realidades que o comportamento baseado em valores de lealdade e serviço". (p.25) Daí surgem questões que problematizam a autonomia: Como o trabalhador pode evitar que a vida emocional sucumba ao comportamento a curto prazo, à fraqueza de lealdade e compromisso mútuo que caracterizam e marcam o moderno lugar de trabalho? Como o trabalhador deve lidar com a autonomia total que lhe é dada nas modernas equipes de trabalho onde ele se torna totalmente responsável e totalmente descartável? 5 Autonomia, flexibilidade e ambigüidade Os estudos organizacionais se inserem na agenda da globalização a partir de um tema predominante na discussão — o desenvolvimento econômico. O debate político levanta constantemente a questão: Como estimular o crescimento da economia? Em função disso surge a ênfase nas novas tecnologias oriundas do avanço da micro-informática, na reestruturação produtiva, na sociedade da informação, no aumento da flexibilidade das relações trabalhistas, e na redução dos serviços sociais. No entanto, a globalização tem também resultados perversos. Enquanto os países mais desenvolvidos, a exemplo de Europa e Estados Unidos, avançam a largos passos buscando novas fontes de crescimento, os países menos desenvolvidos não alcançam os patamares mínimos de bem estar social e lidam com a fome, a pobreza e a miséria. Dos bilhões de seres humanos no globo terrestre, apenas uma parcela muito reduzida faz parte do mundo das chances de vida aumentadas, com acesso à saúde, educação, enfim, ao bem estar social prometido pelas políticas econômicas. De fato, não há qualquer sinal de que a riqueza do Ocidente irá se espalhar para os países periféricos. A realidade econômica, portanto, é profundamente ambígüa: Há crescimento e há pobreza. Para Dahrendorf (1992), o conflito social moderno consiste basicamente nesse dilema — as necessidades de inovação competem com as exigências da justiça. Há pessoas que dedicam seus esforços no combateà escassez, na criação de riquezas. Outros desenvolvem análogo labor à ampliação dos direitos civis. E o conflito ocorre porque essas duas tendências entram em confronto freqüentemente. A perspectiva de Dahrendorf (1992) é que existem duas escolas de pensamento. Há o partido dos provimentos que advoga a necessidade de crescimento econômico, com a 6 produção de bens e serviços em quantidade, qualidade e diversidade. Para eles, as questões principais são econômicas e deve haver progresso mediante a necessidade de se empurrrar as fronteiras da escassez para que todos possam ter mais. O partido das prerrogativas, por sua vez, encara o progresso como uma batalha de grupos distintos por chances de participação. Para os adeptos dessa cosmovisão as questões principais são políticas, havendo a necessidade do estabelecimento de direitos e redistribuição de bens. Para Dahrendorf (1992, p.31), “os dois partidos podem ser encontrados em toda parte, e com freqüência no interior de um mesmo grupo político”. No que diz respeito ao trabalho como produtor da existência humana, a percepção do conflito entre a prosperidade e a cidadania é fundamental. Isso porque, de uma maneira geral, as pessoas pensam que devem tomar partido nesse conflito. Essa visão parte de um eqüivoco epistemológico de que existe uma única resposta válida para os problemas. Para Dahrendorf (1992) é necessário conviver com o tensão entre os opostos. Optar por um ou outro é cair em um paradoxo. Paradoxo, aliás, que ele formulou a partir de uma conversa com o Ministro do Comércio Exterior da Nicarágua, em março de 1986, a respeito das prateleiras vazias dos supermercados. Ele verificou que a revolução na Nicarágua, assim como tantas outras, transformou um mundo de abundância para poucos num mundo de pouco para todos. Houve transição do crescimento sem redistribuição à redistribuição sem crescimento. Nesse sentido, um Engenheiro de Produção deve entender que o trabalho e a produção industrial se inserem num contexto social que tem como pano de fundo o contraste entre provimentos sem prerrogativas e prerrogativas sem provimentos. O bem estar humano, entretanto, requer tanto prerrogativas quanto provimentos. Em que pese a necessidade de se fazer avançar os provimentos e as prerrogativas concomitantemente, do ponto de vista do trabalhador o conflito — criação de riquezas versus ampliação dos direitos civis — apresenta uma forte carga de impacto emocional, que conseqüentemente traz à tona a 7 questão da contradição e da ambigüidade. O desafio que se impõe é o de desenvolver a economia do país com a consciência ética imprescindível — nenhum direito a menos! O fato é que, do ponto de vista de uma análise macro-econômica, a contradição presente na realidade social tem sido considerada por alguns autores como a base fundamental para uma análise do mundo do trabalho e das organizações. Moura (1998), por sua vez, sem necessariamente negar a validade das macro-análises, parte de um pressuposto onde considera enganosa a tese da supremacia do estrutural sobre o vivencial, e por isso enfatiza tal contradição em uma perspectiva que põe em relevo a subjetividade do trabalhador: [atenção, favor inserir uma imagem] “Se observarmos atentamente o ser humano na situação de trabalho, veremos as reações e sentimentos profundamente contraditórios, que se alteram dependendo das possibilidades de satisfação de suas respectivas necessidades. A alienação e o medo convivem com o entusiasmo pelos desafios e o ressentimento pela rotina.” (p.24) Tais constatações possibilitam verificar como as alterações no macro-sociais no mundo do trabalham afetam a subjetividade do trabalhador. Isso porque o trabalho, em relação a seus diferentes domínios e dimensões, mantém sempre, e de maneira recorrente, as marcas da ambigüidade. Os vínculos religiosos, econômicos, humanos e comunitários exemplificam claramente essa realidade. De fato, a dimensão religiosa que envolve o trabalho em sociedades influenciadas pela cultura judaico-cristã contempla também tal ambigüidade: Ele é maldito e abençoado. É visto tanto como maldição divina, quanto atividade que permite uma realização ética e evidencia a bênção de Deus. De acordo com Weber (1987), a postura frente ao trabalho muitas vezes reflete a crença que o trabalhador possui acerca dos desígnios divinos. 8 A dimensão econômica do trabalho também carrega a marca da ambigüidade. Em Sociologia do Trabalho, particularmente, há uma visão que pretende mostrar a divisão do trabalho como contraditória. De um lado libera a força de trabalho, e de outro a transforma em mercadoria. Tal perspectiva, amplamente aceita pelos autores que têm em Karl Marx o seu referencial básico não dá conta, entretanto, de toda a realidade. Há, segundo uma abordagem da Psicologia do Trabalho, a necessidade de se ver – aí também – a contradição inerente no próprio ser humano. Para Moura (1998), se por um lado é verdade que há o trabalho-exploração, também se constata a existência do outro lado da moeda: o trabalho-prosperidade: [atenção, favor inserir uma imagem] “É inegável que o trabalho constitui fator de crescimento, emancipação e prosperidade, tanto para as pessoas quanto para as sociedades e/ou regiões. Basta levantarem-se ao longo da história os diferentes fluxos migratórios, internos e externos, que ocorreram, e ainda despontam, nos mais diferentes pontos de nosso planeta. Responsáveis pelas mudanças, eventuais ou mais permanentes, tanto no status econômico- social de trabalhadores, quanto na organização sócio-político-econômica das regiões, esses movimentos são uma prova inconteste de que a fartura de trabalho sugere crescimento econômico.” (p.15) Quanto à dimensão humana do trabalho o mesmo pode ser dito acerca da ambiguidade. Há aspectos contraditórios: O trabalho-alienação se contrapõe ao trabalho-criação. Moura (1998) assinala que as teses de Marx sobre a alienação do trabalhador na produção industrial não podem ser generalizadas acriticamente, em função das situações em que o trabalho é um ato de criação e afirmação profunda do ser humano em si. A dimensão comunitária do trabalho, por sua vez, encerra igualmente uma série de ambiguidades no interior dos grupos de trabalhadores. Desde os estudos de Elton Mayo e da Escola de Relações Humanas, verifica-se que um grupo coeso é tanto fator de 9 motivação e auto-estima para seus membros, quanto esquema manipulativo e instrumento de controle social na mão da classe dirigente. Assim sendo, uma vez verificadas as dimensões multifacetadas que envolvem o trabalho humano nas organizações, convém ressaltar que os aspectos religiosos, econômicos, humanos e comunitários estão profundamente imbricados uns nos outros, de modo tal que só é possível falar deles separadamente como um artifício pedagógico. O que Moura (1998) faz, ao lançar um olhar psicossociológico sobre as organizações, é constatar que o trabalho se constitui em uma constante ambigüidade na sociedade contemporânea. O trabalho em si tanto é fonte de realização pessoal, quanto instrumento de sofrimento. Assim sendo, a organização precisa ser contemplada nessa perspectiva de complexidade e ambiguidade. Visão essa encontrada também em algumas abordagens que apontam mudanças qualitativas no mundo do trabalho, como a de Offe (1989), que de modo particular, chega a conceber a perda do valor de auto-realização do homem pelo trabalho, em função da diminuição (e eventual eliminação) do trabalho humano nas organizações industriais. 3. ATIVIDADES A atividade proposta para esta aula demanda acesso à internet, e obedece à lógica das etapas assim dispostas: 1) Use no Google Acadêmico < https://scholar.google.com.br/> a seguinte frase “flexibilidade no processo produtivo”, temática desta aula, como descritorpara a busca de textos; 2) Examine os resultados obtidos. 10 3) Como a abordagem aqui preconizada enfatizou a questão da tensão e da ambigüidade, dentre as indicações obtidas no Google, identifique dois autores que defendam posições contrárias acerca do problema identificado por Dahrendorf (1992): Os dois partidos – provimentos e/ou prerrogativas – podem ser encontrados em toda parte, e com freqüência no interior de um mesmo grupo político; 4) Que autor/texto/ artigo que você identificou em sua busca pode ser classificado como do grupo das prerrogativas? 5) Que autor/texto/ artigo que você identificou em sua busca pode ser classificado como do grupo dos provimentos? 6) Apresente, ao fórum dos alunos o resultado de sua atividade. O prazo para postagens será do dia ___ ao dia ___. 5. CONCLUSÃO A conclusão pressupõe um fechamento da questão (ainda que ela, na verdade, nunca se feche de modo cabal) e por isso, mais uma vez, queremos chamar a sua atenção para alguns pontos fundamentais. Sobretudo porque essas considerações finais, que se apresentam como uma síntese do exposto anteriormente, podem ser sistematizadas da seguinte maneira, tendo em vista o propósito de analisar o papel do Engenheiro de Produção frente ao desafio da flexibilidade no processo produtivo a) A flexibilidade do trabalho dentro das organizações pode causar ansiedade e afetar inclusive o valor ético que o trabalhador atribui a seus próprios desejos e às relações com as demais pessoas. b) Com o advento da flexibilidade, a análise dos valores duradouros no âmbito do trabalho fica circunstanciada pela obsessão com os resultados imediatos, pois dentro dessa perspectiva, o trabalhador pode perder a noção da previsibilidade de sua própria vida. 11 c) Os esquemas e planos de curto prazo, no ambiente de trabalho marcado pela flexibilidade, podem limitar o amadurecimento da confiança entre os trabalhadores, relegando-se a um segundo plano aspectos éticos como a lealdade e a integridade pessoal. d) Os efeitos da flexibilidade, vistos do ponto de vista do conflito social — criação de riquezas versus ampliação dos direitos civis — apresentam uma forte carga de impacto emocional no trabalhador, o que conseqüentemente traz à tona a questão da ambiguidade. e) Os efeitos da flexibilidade, portanto, devem ser avaliados no contexto da ambiguidade, pois o trabalhador pode experimentar sentimentos profundamente contraditórios, que se alteram dependendo das possibilidades de satisfação de necessidades específicas, pois o trabalho em si, tanto pode ser fonte de realização pessoal, quanto instrumento de sofrimento. RESUMO A Psicologia do Trabalho se estabelece nas dinâmicas e disputas entre o capital e a força de trabalho. Em função disso, pode ser caracterizada em seus objetivos e meios de forma diametralmente oposta, por grupos com interesses diferentes. LEITURAS RECOMENDADAS DAHRENDORF, Ralf. O conflito social moderno: um ensaio sobre a política da liberdade. EdUSP, 1992. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 12 DAHRENDORF, Ralf. O conflito social moderno: um ensaio sobre a política da liberdade. EdUSP, 1992. OFFE, C. Trabalho: Uma categoria chave da sociologia? Revista Brasileira de Ciências Sociais. São Paulo, v.4, n.10, p.5-19, jan.1989 MARMOT, M. & THEORELL, T. Social Class and Cardiovascular Disease: The Contribuition of Work. In. The psychosocial work environment: Work organization, democratization, and health. New York, Baywood Publishing, 1991, p.33 - 48 MOURA, W. O trabalho: Da expiação divina à tecnologia da redenção, este ambíguo objeto de realização e sofrimento humano. In: MOURA, W. (org.) Trabalho e doença existencial: Uma visão psicossociológica das doenças ocupacionais. Rio de Janeiro, Uerj, 1998. SENNETT, R. A corrosão do caráter. Conseqüências pessoais do trabalho no novo capitalismo. São Paulo, Record, 1999.