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Avaliação na Educação Superior PROFA. RENATA PUCCI 1S 2022 Reprodução de conhecimento versus Produção de conhecimento Reprodução de conhecimento ➢Requer um professor ―erudito que pensa ter, com segurança, os conteúdos de sua matéria de ensino; ➢Privilegia a memória e a repetição do conhecimento socialmente acumulado; ➢Valoriza a precisão, a segurança, a certeza e o não- questionamento; ➢Premia o pensamento convergente, a resposta única e verdadeira e o sentimento de certeza; Reprodução de conhecimento versus Produção de conhecimento Produção de conhecimento ➢Requer um professor inteligente e responsável, capaz de estimular a dúvida e orientar o estudo para a emancipação; ➢Privilegia a intervenção no conhecimento socialmente acumulado; Estimula a análise, a capacidade de compor e recompor dados, informações, argumentos e ideias; ➢Valoriza a ação, a reflexão crítica, a curiosidade, o questionamento exigente, a inquietação e a incerteza, características básicas do sujeito cognoscente; Desenvolvimento e aprendizagem Perspectiva Histórico-cultural Desenvolvimento e aprendizagem dizem respeito às experiências do sujeito no mundo com base nas interações, assumindo o pressuposto da natureza social do desenvolvimento e do conhecimento especificamente humano. Nessa perspectiva, a aprendizagem precede o desenvolvimento (cultural). As situações de aprendizagem levam ao desenvolvimento. Nesse aspecto, pontuamos o papel primordial do educador como mediador, uma vez que, ao interagir com o educando, o auxilia a internalizar, paulatinamente, o que vai sendo construído nessa relação. Desenvolvimento e aprendizagem Perspectiva Histórico-cultural ❑ A aprendizagem é concebida como um processo de construção compartilhada, uma construção social, na qual o papel do professor é o de sempre atuar no desenvolvimento potencial do aluno para levá-lo por meio da aprendizagem a um desenvolvimento real. ❑ O bom ensino é aquele que apresenta uma orientação prospectiva, ou seja, dirigida ao que o aluno ainda não é capaz de fazer sozinho, mas já é capaz de fazer com auxílio de um outro mais experiente. ❑ O bom ensino é o que relaciona os conceitos científicos (conceitos construídos em situação formal de aprendizagem) aos conceitos espontâneos (conceitos construídos em situações cotidianas, não-sistematizadas) e auxilia o educando a internalizar os conceitos científicos em um movimento espiralado, no qual vai aprendendo novos conceitos e, por conseguinte, se desenvolvendo. Desenvolvimento e aprendizagem Perspectiva Histórico-cultural ✓ As crianças iniciam seu aprendizado antes mesmo de entrarem para a escola, justamente o aprendizado dos conceitos espontâneos. Sendo assim, qualquer situação de aprendizado apresenta uma história prévia e, consequentemente, as crianças já possuem suas primeiras hipóteses sobre os conteúdos a serem trabalhados, as quais só não podem ser percebidas pelos “psicólogos e professores míopes”. ✓ Para o autor, o conceito não é simplesmente um conjunto de conexões associativas que se assimila com a ajuda da memória, não é um hábito mental automático, mas um autêntico e completo ato do pensamento. Para um conceito, sua relação com a realidade é um fator essencial. Cotidiano A elaboração conceitual não se dá no mesmo ritmo do ensino. Isso porque o ensino se adianta ao desenvolvimento dos conceitos Avaliação ➢A avaliação da educação tem que ser ela mesma educativa. ➢A avaliação do ensino e aprendizagem precisa acontecer num processo sistemático e contínuo, transcorrendo todo o período da(s) aula(s), quando o professor irá obter informações e atribuir valores. Avaliar o desempenho do discente é a tarefa mais delicada da vida acadêmica de professores e alunos. Além da própria dificuldade do processo em si (atribuir valor às ações humanas), a avaliação, que envolve fatores de subjetividade tanto dos avaliadores como dos avaliados, torna-se espaço privilegiado de manifestação de sentimentos complexos e de desvios reais de postura e de procedimentos, com resultados contraproducentes. O docente sempre corre o risco de transformar sua intervenção numa mera operação técnica de medição ou então num severo julgamento moral, capaz de provocar uma estigmatização do aluno, quando ela deveria ser tão somente uma análise diagnóstica destinada a identificar aspectos positivos e negativos, de modo a que se possa orientar e reorientar o aluno na condução da sua prática escolar. Por sua vez, o discente corre o risco de transformar sua atitude frente à intervenção avaliativa do professor em mera cobrança de uma retribuição quantitativa ou num sofrimento subjetivo, que compromete sua autoestima e confiança na sua capacidade. (Severino, 2008) Avaliação Deve ser vista e vivenciada como momento de análise e reflexão para identificar dificuldades e obstáculos, para contextuar sucessos e insucessos na aprendizagem e para que sejam lançados novos pontos de partida para a reorientação de ações futuras na interação com os processos de estudo e aprendizagem. Deve ter uma ligação entre a avaliação e os objetivos. É através da elaboração do Plano de Ensino a partir dos objetivos que orientaremos o processo ensino-aprendizagem, determinando também o que e como avaliar. É por este motivo que o processo de avaliação começa na definição dos objetivos. Espera-se, pois, da prática avaliativa que o professor informe o aluno, o esclareça, o encoraje, orientando-o no prosseguimento de sua caminhada de aprendiz. Quaisquer que sejam as modalidades de tarefas passadas aos alunos, é preciso que haja orientação clara a respeito do que estará sendo esperado e avaliado, fornecendo-lhes diretrizes técnicas para a realização dessas tarefas. Mas, na realização dessas tarefas, o que deve ser privilegiado e considerado na avaliação é a efetiva demonstração de habilidades de compreensão, de criação, de invenção. Nunca demandar apenas a capacidade de memorização e de reprodução mecânica. Trata-se de por em ação a inteligência do aprendiz mais que sua memória. (Severino, 2008) Avaliação Diagnóstica ❖A avaliação adequadamente conduzida deve ser uma abordagem diagnóstica do desempenho do aluno, levantando aspectos positivos e negativos sempre com vistas à reorientação das ações de estudo e aprendizagem. ❖A Avaliação Diagnóstica é sucessiva e acontece no dia a dia da sala de aula, permitindo que ao docente fazer intervenções privilegiando a aprendizagem dos alunos. Quando o professor trabalha com avaliação contínua, ela possibilita a identificação das conquistas e os problemas dos alunos. ❖A avaliação Diagnóstica não ocorre somente no início do ano letivo, ou do semestre, mas poderá ser utilizada no início de uma unidade de ensino, sempre que se pretende introduzir uma nova aprendizagem, pois ela fornece informação de orientação do processo formativo. Desta forma, este tipo de avaliação permite o discente a crescer e a se desenvolver tanto cognitiva quanto emocionalmente. Avaliação Formativa ❑A Avaliação Formativa geralmente é trabalhada durante todo o processo de ensino- aprendizagem, oportunizando ao aluno corrigir eventuais erros de interpretação do conteúdo ensinado, assim, o aluno poderá recuperar o conhecimento, isso será possível através do feedback do professor, esta modalidade de avaliação é orientadora, tendo como ênfase a aprendizagem do aluno. ❑Podemos afirmar que a avaliação formativa proporciona informações acerca do desenvolvimento de um processo de ensino e aprendizagem, é o termômetro do professor, tendo a função de inventariar, harmonizar, tranquilizar, apoiar, orientar, reforçar, corrigir e reinventar metas. ❑A Avaliação Formativa assume a função reguladora, permitindo alunos e professores ajustarem estratégias e dispositivos, contribuindo para a melhoria da aprendizagem do aluno. A avaliação formativa possibilita ao docente identificar e detectar as deficiências em sua didática,assim ele poderá reformular a forma como tem trabalhado, aperfeiçoando e inovando a forma de ensinar. Avaliação Somativa ✓A Avaliação somativa é normalmente uma avaliação pontual, pois acontece no final do curso, da unidade de ensino, do bimestre letivo, da disciplina e outros, tendo como objetivo classificar o aluno, avaliando seu avanço e verificando a operacionalização do que foi trabalhado. ✓Essa modalidade de avaliação tem como característica o julgamento que se alcança do discente, docente e currículo sob o ponto de vista da eficácia do ensino-aprendizagem, após o desenvolvimento deste processo. ✓É importante frisar que o professor não deverá tomar decisões em relação aos alunos, tendo como base um simples número (ou letra) que muitas vezes é falho na verificação do desempenho do discente. Como também, o docente deverá ter cautela, pois a avaliação somativa ocorre apenas no final do processo, sendo tarde para recuperar o aluno que evidenciou dificuldades no alcance de determinados objetivos. Modalidades de tarefas já consagradas no trabalho pedagógico trabalhos escritos exercícios de reflexão relatórios de leitura elaboração de resumos, de resenhas relatórios de pesquisa de diversas naturezas seminários provas •Leve em conta as circunstâncias contextuais das turmas. •Estas tarefas tenham consistência e coerência •Ensejem a análise precisa, a reflexão crítica e a criatividade •Privilegiem o exercício da inteligência mais que o da memória •Sejam exequíveis para o tempo disponível. •E que, uma vez realizadas e relatadas pelos alunos, devem ser efetivamente avaliadas, com retorno formal dos resultados dessa avaliação, com as necessárias justificativas dos mesmos. Este retorno com esclarecimentos do porque do resultado é fundamental para dar à avaliação seu significado pedagógico, tirando dela sua conotação de mero exercício de poder. (Severino, 2008) Comparação entre a concepção tradicional de avaliação com uma mais adequada Modelo tradicional Modelo adequado Foco na promoção – o alvo dos alunos é a promoção. Nas primeiras aulas, se discutem as regras e os modos pelos quais as notas serão obtidas para a promoção de uma série para outra. Implicação – as notas vão sendo observadas e registradas. Não importa como elas foram obtidas, nem por qual processo o aluno passou. Foco na aprendizagem - o alvo do aluno deve ser a aprendizagem e o que de proveitoso e prazeroso dela obtém. Implicação - neste contexto, a avaliação deve ser um auxílio para se saber quais objetivos foram atingidos, quais ainda faltam e quais as interferências do professor que podem ajudar o aluno. Foco nas provas - são utilizadas como objeto de pressão psicológica, sob pretexto de serem um ‘elemento motivador da aprendizagem’ Implicação - as provas são utilizadas como um fator negativo de motivação. Os alunos estudam pela ameaça da prova, não pelo que a aprendizagem pode lhes trazer de proveitoso. Foco nas competências - o desenvolvimento das competências previstas no projeto educacional devem ser a meta em comum dos professores. Implicação - a avaliação deixa de ser somente um objeto de certificação da consecução de objetivos, mas também se torna necessária como instrumento de diagnóstico e acompanhamento do processo de aprendizagem. Comparação entre a concepção tradicional de avaliação com uma mais adequada Modelo tradicional Modelo adequado Os estabelecimentos de ensino estão centrados nos resultados das provas e exames - eles se preocupam com as notas que demonstram o quadro global dos alunos, para a promoção ou reprovação. Implicação - o processo educativo permanece oculto. A leitura das médias tende a ser ingênua (não se buscam os reais motivos para discrepâncias em determinadas disciplinas). Estabelecimentos de ensino centrados na qualidade - os estabelecimentos de ensino devem preocupar-se com o presente e o futuro do aluno, especialmente com relação à sua inclusão social (percepção do mundo, criatividade, empregabilidade, interação, posicionamento, criticidade). Implicação - o foco da escola passa a ser o resultado de seu ensino para o aluno e não mais a média do aluno na escola. O sistema social se contenta com as notas - as notas são suficientes para os quadros estatísticos. Resultados dentro da normalidade são bem vistos, não importando a qualidade e os parâmetros para sua obtenção. Implicação - não há garantia sobre a qualidade, somente os resultados interessam, mas estes são relativos. Sistema social preocupado com o futuro – olhar com atenção para o ensino, especialmente o público. Reverter o quadro de uma educação "domesticadora" para "humanizadora". Implicação - valorização da educação de resultados efetivos para o indivíduo. A prática avaliativa, para além de sua condição de uma prática técnica e simbólica, ela é, sobretudo, um exercício de relacionamento de cunho político, cuja medida básica é a justiça. Tem-se alegado que o ato de avaliação seria um ato de amor. Mas, talvez, o mais apropriado seria afirmar que ela é um ato de justiça. ou seja, que ele não se deixasse marcar nem por atitudes de dominação ou de protecionismo. A avaliação dever ser conduzida sem ser ela mesma um ato de dominação, que oprimisse o sujeito, ou um ato de proteção, que desqualifica a dignidade do educando e desrespeita o direito de terceiros, inviabilizando a cidadania como dimensão coletiva. (Severino, 2008) Referências ARAÚJO, Víviam Carvalho de; ARAÚJO, Rita de Cássia B. F.; SCHEFFER, Ana Maria M. DISCUTINDO APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA À LUZ DO REFERENCIAL HISTÓRICO- CULTURAL. Disponível em: https://www.ufsj.edu.br/portal2- repositorio/File/vertentes/viviam_e_outras.pdf. Acesso em: 08 jun 2022. DIAS SOBRINHO, José. AVALIAÇÃO EDUCATIVA: PRODUÇÃO DE SENTIDOS COM VALOR DE FORMAÇÃO. Avaliação, Campinas; Sorocaba, SP, v. 13, n. 1, p. 193-207, mar. 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/aval/a/RbsQFJt9w7Xyqc9gpjrXYFg/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 08 jun 2022. NÉBIAS, C. Formação dos conceitos científicos e práticas pedagógicas. Interface - comunicação, saúde, educação, p. 133- 140, fev. 1999. SEVERINO, Antonio Joaquim. Ensino e pesquisa na docência universitária: caminhos para a integração. São Paulo: USP, 2008. Disponível em: http://flacso.redelivre.org.br/files/2012/07/233.pdf. Acesso em: 08 jun 2022.
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