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Glomerulopatias na infância Síndrome Nefrótica Conceito: Síndrome caracterizada pela disfunção da permeabilidade glomerular à filtração de proteínas · Proteinúria maciça > ou = 50 mg/kd/dia · Hipoalbuminemia < ou = 2,5g/dl · Edema (devido a hipovolemia) · Hipercolesterolemia · Lipidúria Etiologia: · Formas ou causas primárias(renais ): • Lesão histológica mínima - 85% • Glomeruloesclerose segmentar e focal - 10% • Proliferação mesangial • Glomerulonefrite membranoproliferativa (I/II/III ) • Síndrome Nefrótica congênita • Outras mais raras · Formas ou causas secundárias (sistêmicas): · Pós-infecciosas · Alérgicas · Neoplásicas · Colagenoses Fisiopatologia: A Síndrome Nefrótica primária é uma doença imunológica • Proteinúria ocorre pela ação de um fator circulante, capaz de alterar a permeabilidade glomerular. Este, seria derivado de linfócitos T. • Perda de cargas elétricas negativas da membrana basal glomerular as quais seriam neutralizadas por anticorpos específicos ou por alterações estruturais • Proteinúria seletiva onde só passam proteínas de baixo peso molecular: Albumina • Alteração da imunidade celular Epidemiologia: Incidência: • 2 a 6 novos casos anuais/100.000 habitantes menores de 16 anos • 1,6 casos/100.000 crianças • Sexo masculino 2:1 • 2 a 7 anos com pico aos 3 anos • 80% dos casos correspondem SNP ou idiopática • Principais variantes: LHM e a glomeruloesclerose focal e segmentar Obs: A S. nefrítica é pós estreptocócica!! O Strepto coloniza crianças maiores, acima de 3 anos. Obs: Menino que mãe fala que tem edema insidioso, pedir urina rotina. Manifestações Clínicas: · Edema insidioso, matutino, bipalpebral, bilateral, frio, móvel e depressível · Ascite · Derrame Pleural · Volume urinário diminuido com urina mais escura e espumosa · Dores abdominais · Hematúria → Macroscópica é rara · Pressão arterial normal · Discreta hepatomegalia · Anasarca Obs: O quadro de anasarca, hepato esplenomegalia e ascite é um quadro mais avançado. Obs: Em geral, as crianças chegam com edema mais leve. Obs: A urina fica espumosa, devido a proteinúria. Obs: O exame de urina rotina sai rapidamente, então, é muito importante pedi-lo prontamente. Laboratório: Urina · Proteinúria maior que 50mg/k/dia e valores de 2 a 3g/ dia são consideradas proteinúria maciça · Volume urinário diminuido na fase edematosa sem oligoanúria · Hematúria microscópica discreta · Lipidúria · Cilindrúria · Complemento sérico normal · Eletroforese de proteínas Proteínas séricas com valores inferiores a 5mg/dl · Albuminemia abaixo de 2,5mg/dl Lipidograma alterado Hemograma com aumento de hematócrito e VHS Uréia e Creatinina normais ou elevadas, hiponatremia, hipocalemia Obs: Eletroforese de proteínas é o exame que mostra como estará a albumina sanguine do paciente. Obs: Como a síntese proteica está aumentada, a síntese de colesterol e de TG estará aumentada. Complicações: Infecções: · Susceptibilidade aumentada pela diminuição da imunidade humoral e celular. Os principais agentes são o pneumococo e gram negativos. · Hiperlipidemia · Hipovolemia sintomática · Fenômenos tromboembólicos Obs: Esses pacientes vão tomar a vacina de pneumococo Tratamento: · Repouso autorregulado · Dieta : • Normal e hipossódica ou assódica se houver hipertensão e na fase de edema acentuado • Restringir ofertas de gorduras • Evitar restrição hídrica devido ao risco de hipovolemia Medicamentoso: • 3 a 6 meses : corticoterapia · Inicial : Prednisona ou Prednisolona 1 a 2 mg/ K /dia ( Máx: 60mg/dia ) 4 a 6 semanas · 1,5mg/ K ( Máx 40mg/dia ) 4 a 6 semanas • Recidiva : Reaparecimento da proteinúria por 3 dias consecutivos · Prednisona via oral 4 semanas • Recidivas Frequentes : 2 ou + recidivas em 6 meses ou 4 em 1 ano · Ciclofosfamida : 2mg/K/dia 8 semanas · Clorambucil : 0,1 a 0,2mg/K/dia 8 semanas Prednisona • Corticodependência : Ocorre remissão porém recidiva durante a retirada do CTC ou em até 14 dias pós suspensão da droga · Ciclofosfamida : 2mg/K/dia 8 semanas • Corticoresistência : Reverssão da proteinúria com 8 semanas de corticoterapia · Ciclofosfamida : 2mg/K/dia 12 semanas Outros medicamentos : • Diuréticos e Expansores Plamáticos Furosemida Albumina humana • Inibidores da enzima de conversão da angiotensina ( ECA ) pressão de filtração glomerular Prognóstico: Bom prognóstico: • Início entre 1 e 6 anos de idade • Pressão arterial normal • Função renal normal • Hematúria microscópica rara ou transitória • Complemento sérico normal • Corticossensibilidade • Ausência de doença sistêmica • História familiar negativa Obs: Se a criança está bem, pode ser conduzida ambulatorialmente. Se a criança está mais prostrada, coloco ele na enfermaria e meço o volume da urina Obs: Evitamos a restrição hídrica, pois o edema do paciente é extravascular. Então ele tem o risco de choque, caso a restrição hídrica seja mantida. Obs: Quando o paciente tem anasarca, internamos ele na UTI e fazemos albumina. Prognóstico variável: • Início antes de 1 ano ou após os 6 anos • Hipertensão arterial • Hematúria persistente • Complemento sérico baixo • Função renal comprometida • História familiar positiva • Sinal de doença sistêmica • Corticodependência e /ou Corticoresistência • Mais de duas recaídas nos 6 primeiros meses de tratamento Conclusão : · LHM considera-se “ eventualmente curada” após permanecer 5 anos sem crises e medicações ou após adolescência. Pacientes com glomeruloesclerose segmentar e focal apresentam potencial evolução para IRC em 10 a 12 anos. · Sempre acompanho esses pacientes!! Recaídas determinam se a criança vai para biópsia para definir a causa histológica do quadro. Obs: Após 5 a 6 dias, o paciente responde a terapia. Se o paciente faz mais de 2 recaídas após 6 meses do desmame, ele é um candidato à biópsia. Como os pacientes são susceptíveis a infecções, fazemos antibioticoprofilaxia. Programo a vacina Pneumo 13, também dou antiparasitários e corticóides (prednisolona de 1 a 2 mg). Síndrome Nefrítica Conceito: · Processo inflamatório agudo de origem imunológica que acomete todos os glomérulos de ambos os rins. · Caracteriza-se pelo surgimento de: · hematúria, · hipertensão arterial, · edema, · oligúria e proteinúria subnefrótica. · GNDA é o exemplo clássico da Síndrome Nefrítica Aguda. Obs: A hipertensão não está presente na Síndrome Nefrótica inicial (compensado) Obs: A criança tem mais de 3-7 anos, pois a mais frequente é a pós estreptocócica. Etiologia: · GNDA INFECCIOSAS · PÓS ESTREPTOCÓCICA · Não estreptocócica • Bacterianas: Endocardite, abscesso, doença pneumocócica, sepse. • Virais: Hepatite B, Hepatite C, Mononucleose infecciosa, Sarampo, Caxumba, Varicela. • Parasitárias: Malária,Toxoplasmose, Esquistossomose. · GNDA NÃO INFECCIOSAS · Doenças renais primárias: Doença de Berger (IgA), GN membranoproliferativa,GN por imunocomplexos idiopática, GN anti-MBG. · Doenças multissistêmicas: LES, Púrpura de Henoch-Schölein, Síndrome de Alport Fisiopatologia: · Infecção por raças nefritogênicas de estreptococos beta-hemolítico do grupo A (pele/ faringe ) em crianças geneticamente suscetíveis; · Agressão imunológica: liberação de substâncias pró-inflamatórias com lesão glomerular; · Processo inflamatório acarreta hematúria e proteinúria; A lesão glomerular acarreta redução do ritmo de filtração: oligúria; · Diminuição do volume urinário com congestão circulatória levando ao edema por retenção de Na e água, · Hipervolemia com hipertensão arterial e complicações como encefalopatia hipertensiva. Epidemiologia: · Rara antes dos 2 anos de idade atingindo o pico ao redor dos 7 anos; · Predomina no sexo masculino ( 2:1 ), mas quando secundária a lesões cutâneas não há diferenças por sexo, · Pode incidir de forma endêmica ou epidêmica GNDA Manifestações Clínicas: · 7 a 21 dias após infecção; · Sintomas inespecíficos; · Hematúria: microscópica / macroscópica; · Edema: bipalpeb.duro, intensidade variável, antecede a hematúria; · Hipertensão: leve, moderada; incidência de 90% dos casos; · Congestão circulatória (H2O+Na) até ICC, · Insuficiência renal aguda. Obs: Clínica: O edema é mais agudo (a mãe nota que a criança incha rapidamente) Laboratório: · Urina rotina ( FUNDAMENTAL ) · • densidade 1015-1020 · • hematúria · • leucocitúria presente ou não · • cilindros hemáticos ( patognomônicos ) · • proteinuria baixa C3 · • Na fase aguda diminuido em 95% a 98% dos casos ASLO- aumentado · Hemograma completo e VHS ( aumentada ) · Raio-X de tórax · Uréia e Creatinina Complicações: · Congestão circulatória · Encefalopatia hipertensiva · Insuficiência renal aguda Tratamento: · Repouso, controle diário do peso, volume urinário de 24 horas, controle da pressão arterial · Dieta: • Restrição hídrica nos casos de oligúria • Restrição de sal nos pacientes com edema e hipertensão • Restrição de potássio · Antibióticos : • Penicilina V ou Benzatina / Eritromicina • Objetivo de erradicar o estrepto, não alterando o tempo nem a gravidade da doença. · Diuréticos : • Furosemida VO ou IV • Na congestão cardiovascular e HAS · Hipotensores : • Na hipertensão sintomática ou persistente mesmo após o desaparecimento do edema e da oligúria • Hidralazina ( 1 a 4mg/ K /dia VO a cada 8 horas ) • Nifedipina ( 1 a 3mg/ K /dia VO a cada 6 ou 12 horas ) • Anlodipina ( 0,1 a 0,2mg/ K /dia VO 1 vez ao dia ) · Anticonvulsivante : • Diazepam venoso ( 0,5mg/ K /dose ) Nesse paciente, restringimos o líquido!! Anlodipina é excelente para tratar PA alta. Faço restrição hídrica, repouso, diurético. Posso mandar a criança para casa e voltar no dia seguinte. Se o paciente está com edema importante, cefaleia, pressão alta. Não mando ele para casa e verifico se entro com Anlodipino. O anticonvulsivante dou quando o paciente faz convulsão por encefalopatia progressiva. → Não é frequente. Prognóstico: Excelente em mais de 95% dos casos Hematúria microscópica pode permanecer até 18 meses Hematúria macroscópica desaparece na primeira ou segunda semana da doença Hematúria de uma cruz. A hematúria macroscópica desaparece na primeira e segunda semana da doença → Não é sinal de mal prognóstico. image3.png image6.png image4.png image1.png image5.png image2.png
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