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• Glomérulo: unidade funcional do rim responsável pela filtração; • Cápsula de Bowman: possui dois folhetos, o visceral e o parietal; • Mesângio: sustentação entre as alças e nutrição; • Podócitos (epitélio visceral da cápsula de Bowman): proteínas estruturais; • Barreira de filtração: endotélio, membrana basal e podócitos. Obs.: A membrana basal é constituída principalmente por colágeno tipo IV, portanto, caso o paciente tenha deficiência na produção de colágeno, consequentemente, terá defeito nessa barreira de filtração, provocando uma doença glomerular. • Difusa: mais de 50% dos glomérulos comprometidos. Ex.: GNPE difusa aguda; • Focal: menos de 50% dos glomérulos são acometidos. Ex.: GESF; • Segmentar: relaciona-se ao acometimento de parte do glomérulo; • Global: relaciona-se ao acometimento de todo o glomérulo. • Imunológicos: o Mais comum; o Alto fluxo sanguíneo + estrutura dos capilares = maior interação com substâncias circulantes (antígenos ou anticorpos). Obs.: Nem toda doença de origem imunológica vai ser autoimune. • Não-imunológicos: o Alérgicos ou hipersensibilidade; o Endócrinos ou metabólicos (ex.: nefropatia diabética); o Físicos; o Hematológicos ou vasculares; o Hereditários; o Infecção por bactérias, fungos, parasitas e vírus; o Neoplásicos; o Tóxicos. 1. Glomerulopatia primária: doenças primariamente renais (não há causa definida/secundária); 2. Glomerulopatia secundária: quando há causa definida. Quando associadas a doenças sistêmicas. o Doenças sistêmicas: DM, amiloidose, LES, vasculites o Infecções: HIV, HBV, HCV, EBV, CMV, dengue, sífilis, malária, esquistossomose, glomerulonefrite difusa aguda pós- estreptocócica (GNDA), endocardite, bacteremia estafilocócica, pneumonia pneumocócica, COVID-19. o Neoplasias: adenocarcinoma (pulmão, mama, estômago, cólon), linfomas, leucemias, outros. o Drogas e toxinas: AINES, sais de ouro, penicilamina, heroína, mercúrio, picada de insetos, anabolizantes. • Esse tipo histológico pode ser de glomerulopatia primária ou secundária, quando é secundária tem as principais doenças associadas a cada tipo. • Apresentações clínicas: o Síndrome nefrótica; o Síndrome nefrítica; o Alterações urinárias assintomáticas; o Glomerulonefrite rapidamente progressiva; o Glomerulonefrite crônica; o Síndromes mistas (nefriticonefrótica); o Hematúria macroscópica; o Hematúria e proteinúria assintomáticas. • Principais consequências da agressão glomerular: o Hematúria; o Proteinúria; o Cilindrúria; o Queda da filtração glomerular; o Retenção de sódio. • Sinais e sintomas: o Edema; o Hipertensão arterial; o Urina escura; o Uremia; o Insuficiência renal. • Quando a glomerulopatia ativa a cascata do complemento em sua fisiopatologia, ao dosar o complemento (C3, C4, CH50), este estará baixo. Quando não ativa, estará normal. São muitas as indicações, entre elas: • Síndrome nefrótica em adultos; • Síndrome nefrítica, com exceção das associadas a infecções; • Proteinúria assintomática, com ou sem alteração de função renal; • Glomerulonefrite rapidamente progressiva; • Disfunção renal com proteinúria em paciente não diabético; • Proteinúria nefrótica em paciente diabético sem retinopatia diabética; • Proteinúria significativa em paciente lúpico; • Hematúria dismórfica associada a proteinúria, hipertensão ou disfunção renal; • Insuficiência renal aguda sem causa definida com duração maior que 30 dias ou evidência de doença sistêmica associada. • Definição: Síndrome clínico-laboratorial decorrente do aumento da permeabilidade glomerular; • Proteinúria maciça, com tendência a edema, hipoalbuminemia e hipercolesterolemia. *Essas três últimas alterações se referem a uma consequência da intensidade da proteinúria. • Proteinúria de 24 horas > 3,5 g/1,73 m2 (adultos) → Proteinúria nefrótica (maciça); • Ou > 50 mg/kg/dia (crianças); • Edema; • Hipoalbuminemia; • Hiperlipidemia. → Compensação cruzada: devido a hipoalbuminemia, o fígado passa a produzir mais lipoproteínas. Obs.: Hematúria: Quando presente na síndrome nefrótica é dita como síndrome nefrótica com um componente nefrítico. • A passagem de proteínas plasmáticas através da membrana basal glomerular é normalmente restrita por duas barreiras: o Barreira carga negativa seletiva: glicosaminoglicanos polianiônicos; → Quando há alteração nessa barreira, é perdido principalmente albumina. → Proteinúria seletiva o Barreira tamanho seletiva: poros constitucionais da membrana que restringem a passagem de proteínas de tamanhos além de 150kd. • Albumina (proteinúria seletiva): gera edema; • Antitrombina III (proteinúria não seletiva): gera hipercoagulabilidade; • TBG (tireoglobulina): altera exames de função tireoidiana; • Transferrina: provoca anemia; • Imunoglobulinas: aumenta a suscetibilidade às infecções (sempre vacinar o paciente para pneumococo e influenza). Complicações: distúrbios tromboembólicos, infecções, lesão renal aguda. * O túbulo tenta compensar a perda de albumina, e por isso tenta reabsorver as proteínas, essa reabsorção leva, a longo prazo, à disfunção tubular e lesão tubular. Isso é fator de progressão para doença renal crônica. o Fisiopatologia do edema: A fisiopatologia da formação do edema na síndrome nefrótica é controversa, existindo duas teorias para explicá-la: “underfill” e “overflow”. o Underfill: - Neste mecanismo há mais hipotensão, enquanto no overflow há mais hipertensão e sinais de congestão (turgência jugular, estertores crepitantes etc); - Paciente hipovolêmico; - Quando há hipoalbuminemia, ocorre diminuição da pressão oncótica e, consequentemente há perda de volume para terceiro espaço. E para compensar a perda de volume sanguíneo arterial efetivo, ocorre a ativação do SRAA e do SN simpático e secreção de AVP, consequentemente, há retenção de sódio e água, perpetuando o edema. Assim, há retenção secundária de sódio. o Overflow: - Paciente hipervolêmico; - Retenção de sódio no túbulo com aumento do volume plasmático e da pressão hidrostática e, consequentemente, edema. Obs.: O tratamento com diurético será mais tolerado no overflow, no caso do underfill deve-se ter mais cuidado, pois esse paciente pode ter hipotensão, lesão renal aguda, diminuição da perfusão renal etc. Então, para acompanhamento é necessário pesar esse paciente todo dia, para avaliar a resposta ao tratamento. Peso diário em jejum. Não é desejável que esse paciente perca mais de 1 kg por dia, esse é o máximo tolerável. 1. Anamnese: • Edema: discreto ou generalizado (anasarca); • Derrames cavitários (pleural e ascite); → Devido a própria hipoalbuminemia. • Urina espumosa; → Presença de proteínas na urina; • História familiar, drogas em uso, exposição a toxinas, sintomas de doença sistêmica (diabetes, lúpus, infecções). 2. Investigação laboratorial: • Exame de urina: o Proteinúria (o EAS só detecta a albumina, que é quantificada em cruzes); o Glicosúria; → Marcador de dano tubular (pois o túbulo já não consegue reabsorver essa glicose), especialmente em um paciente que, por exemplo, não é diabético ou não está descompensado. o Hematúria (dismórfica – é necessário outro exame par que isso seja visto) e leucocitúria; → Leucocitúria estéril (com urocultura negativa): marcador de doença glomerular. o Proteinúria de 24 horas; o Albumina sérica; o Perfil lipídico; o Ureia e creatinina (função renal); → A glomerulopatia não necessariamente altera a função renal. • Investigação de eventual doença de base (secundária). → Direcionar 3. Biópsia renal: • Nas síndrome nefrótica em adultos, quases todos os pcts vão precisar de biópsia renal. • Para diagnóstico da patologia glomerular; → Diagnóstico histopatológico• Para diagnóstico de SN secundária não-suspeitada (p. ex.: amiloidose); • Para determinar a severidade da doença; • Quase sempre fundamental para a escolha do tratamento em adultos. *Guiada por USG, retiram-se três fragmentos. 4. Histologia renal: • Microscopia óptica; • Imunofluorescência; • Microscopia eletrônica. Obs.: Algumas contraindicações da biópsia: Distúrbios de coagulação, alteração de função renal, paciente muito urêmico, HAS descontrolada, rim único (contraindicação absoluta). Obs.: Repouso e observação pelo menos durante as primeiras 6 horas ou um dia. São raras as complicações, mas podem ocorrer. • Doença de lesões mínimas (DLM): é a mais comum na criança; • Glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF): é a mais comum no adulto. Tem associação com uso de drogas, suplementos, anabolizantes, HIV, etc. No BR, pensando nas primárias, essa é a forma mais vista. • Glomerulonefrite membranosa (GNM): é a mais comum em pacientes > 50 anos; • Glomerulonefrite membranoproliferativa (GNMP): é uma síndrome nefrótica com componente nefrítico; • Nefropatia por IgA ou doença de Berger: é a principal causa de hematúria microscópica assintomática, e também a principal causa de glomerulopatia do mundo. É comum na Ásia e na Europa. No BR não é tão frequente. 1. Geral: • Dieta hipossódica e normoproteica; • Restrição hídrica; • Diurético de alça; → Ás vezes é necessário fazer por via endovenosa. o Peso diário em jejum: é muito importante acompanhar o peso do paciente para saber se ele está respondendo ao diurético; o Perda ideal: até 1kg/dia (mais do que isso há risco de fazer uma IRA pré-renal); o Se não estiver obtendo resposta, pode-se associar hidroclorotiazida ou um bloqueador poupador de potássio. Obs.: O diurético de alça precisa se ligar a albumina para agir, por isso, ele pode não funcionar bem em pacientes com hipoalbuminemia. Assim, é necessário fazer albumina EV e imediatamente depois o diurético de alça nesses pacientes com SNO refratários ao tratamento com apenas com o diurético de alça. • Estatinas; • IECA ou BRA (inibidores do SRAA). o Controle da HAS; o Efeito antiproteinúrico e renoprotetor. Obs.: Só se usa IECA/BRA em pacientes FORA de quadros descompensados, sob risco de diminuir a TFG devido a dilatação da arteríola eferente. Ao iniciar o uso desse tipo de medicação em um paciente compensado é recomendado que se faça a função renal (creatinina) previamente e repetir logo após a 1ª semana de uso. Caso a creatinina tenha aumentado mais que 30% a medicação deve ser SUSPENSA. É importante ressaltar que em pacientes compensados, inclusive em doentes renais crônicos, os IECA/BRA estão sim liberados. Obs.: A associação de IECA + BRA não é recomendada. 2. Específico: • Síndrome nefrótica (SNO) secundária: Tratamento da causa; • SNO primária: o Drogas imunossupressoras, tais como: - Prednisona; - Azatioprina; - Ciclofosfamida; - Ciclosporina; Micofenolato de mofetil (MMF) - efeito colateral: diarreia. • Definição: Síndrome caracterizada pelo início súbito de hematúria, edema, hipertensão, oligúria ou mais raramente anúria e déficit transitório de função renal; • Ao contrário da síndrome nefrótica, o quadro se desenvolve rapidamente e está sempre associado a um aumento do volume intravascular (mecanismo de edema overflow). Esse paciente está hipervolêmico. • Edema: de grau variável (de discreto a anasarca); • Hipertensão arterial sistêmica; • Sinais de congestão circulatória: edema pulmonar, hepatomegalia, estase de jugular. • Exame de urina: o Proteinúria: grau variável, geralmente discreto. Não nefrótica; o Hematúria glomerular: pesquisar dismorfismo eritrocitário e cilindros hemáticos; o Leucocitúria ESTÉRIL (a síndrome nefrítica provoca muita proliferação celular no rim devido ao processo inflamatório local). • Déficit de função renal; • Consumo de complemento (C3); • Exames dirigidos à investigação da etiologia: pesquisa de anticorpos antiestreptocócicos (ASLO), FAN, anti- DNA, pesquisa de HIV, HCV, HBV, crioglobulinas, ANCA, hemoculturas. • Endocardite bacteriana; • Vasculites sistêmicas; • LES (costuma consumir C3 + C4); • GNDA pós-estreptocócica; • Nefropatia por IgA. • Pesquisar história prévia/recente de amigdalite, faringite ou impetigo; Infecção por uma cepa de estreptococo nefritogênico do grupo A Glomerulopatia (10-15%) Síndrome Nefrítica (40%) Quadro subclínico (60%) • ASLO (marcador de contato com o estreptococo): Aumenta em 90% dos casos entre a 3a e a 5a semana após a infecção; • Redução inicial da função renal é comum, mas quase sempre transitória. → Tem bom prognóstico na maioria dos casos Em geral, o aparecimento do quadro clínico é precedido, em 7 a 21 dias, por infecção estreptocócica (escarlatina, piodermite ou infecção de vias respiratórias superiores). Nem todos os estreptococos são nefritogênicos, os principais são do grupo A de Lancefield. A apresentação clínica é bastante variável, e as principais síndromes clínicas apresentadas são síndrome nefrítica aguda, síndrome nefrítica rapidamente progressiva e glomerulonefrite assintomática subclínica. Os quadros assintomáticos são 4 a 9 vezes mais comuns que os sintomáticos. Com frequência, o paciente apresenta início súbito de edema, hematúria macroscópica e hipertensão arterial, e, eventualmente, dor lombar. O edema geralmente é pré-tibial e/ou bipalpebral e de pequena a moderada intensidade. A hipertensão arterial geralmente é leve. Desse modo, a síndrome nefrítica representa a principal manifestação clínica. • Doença mediada por imunocomplexos: depósitos de C3 e IgG na imunofluorescência; • Ativação da via alternada do complemento; → Dosagem sanguínea: consumo/baixa de complemento. • Antígenos da bactéria: endostrepsina, NSAP e antígeno nefritogênico catiônico; → Promovem a lesão do glomérulo. • Retenção aumentada de sódio: responsável pela maioria dos sintomas (hipervolemia); • Reabsorção de sódio nos túbulos coletores. • Prognóstico excelente: recuperação completa em 3 a 4 semanas (>95% dos pacientes); • 5% evoluem com glomerulonefrite rapidamente progressiva; • Proteinúria: normaliza em até 30 dias; • Complemento: normaliza em 4 ou no máximo 12 semanas; • C3 está reduzido em 90%; • C4 é geralmente normal ou discretamente diminuído; • Níveis de C3 reduzidos por períodos prolongados sugerem outra patologia; • Hematúria microscópica pode permanecer por 1 ou 2 anos sem nenhum significado prognóstico. Em dois terços dos casos, é possível identificar a presença de marcadores de infecção pregressa por estreptococos, como antiestreptolisina O, antihialuronidase, antiestreptoquinase, entre outros. Esses marcadores estão presentes em pacientes que tiveram infecção estreptocócica, tenham eles glomerulonefrite ou não. O exame de urina revela hematúria, com hemácias dismórficas, cilindros hemáticos, leucocitúria e cilindros leucocitários. A proteinúria de 24 h em 90% dos casos é menor que 3 g. Pode-se evidenciar o consumo de complemento pela diminuição de CH50 e C3 em praticamente 100% dos casos. Essa redução é transitória e os níveis voltam ao normal em 4 a 12 semanas. • Tratamento de suporte e sintomático; • Sintomático: depende da severidade dos achados iniciais; • Residencial/hospitalar/UTI. 1. Geral: • Principal objetivo: controlar o balanço positivo de sódio e água e suas consequências devido à hipervolemia. 2. Específico: • Tratamento da doença de base. Obs.: Diferentemente da febre reumática, não fica fazendo profilaxia com ATB. • Início abrupto, 7 a 21 dias após infecção por cepas nefritogênicas do estreptococo; • Acomete geralmente crianças; • Apresentação: edema, hematúria e hipertensão arterial; • Consumo transitório de complemento sérico e anticorposantiestreptococos detectados no sangue; • Biopsia renal indicada apenas para casos que apresentem história natural diferente da esperada; • Lesão glomerular difusa, com exsudação leucocitária, hipercelularidade e presença de depósitos subepiteliais (humps) e mesangiais; • Tratamento sintomático, não sendo indicada terapêutica profilática posteriormente; • Prognóstico bom na maioria dos casos. Deve-se dar atenção especial aos idosos, diabéticos e pacientes com síndrome nefrótica ou insuficiência renal na apresentação pelo risco de sequelas renais. • Definição: Glomerulonefrite acompanhada de perda progressiva da função renal num prazo de poucos dias a algumas semanas. Pressupõe aumento progressivo da creatinina plasmática, em associação a proteinúria, e sedimento urinário rico: hematúria e/ou leucocitúria. • Elevação rápida das escórias nitrogenadas (ureia, creatinina), determinando uremia e necessidade de diálise; • Investigação laboratorial: o EAS: semelhante ao EAS da síndrome nefrítica - Proteinúria variável; - Hematúria de grande monta; - Leucocitúria estéril. o Elevação de ureia e creatinina; o Investigação da doença de base. A instalação do quadro é aguda ou subaguda, podendo se apresentar de forma insidiosa e pouco sintomática, mas, por vezes, com edema e hematúria macro ou microscópica. Hipertensão arterial, quando presente, é leve. Síndrome nefrótica é rara, mas, em alguns pacientes, trata-se da única manifestação clínica. Sinais gerais, como febre, astenia, perda de peso, dor muscular discreta e dor articular, ocorrem em mais de 90% dos casos, e lesões em outros órgãos e sistemas, como alterações pulmonares e cutâneas, são comuns. O exame de urina tipo I quase sempre revela hematúria (micro ou macroscópica). A proteinúria está presente em 100% dos casos e a nefrótica, apenas em 10 a 30% destes. Hipertensão arterial ocorre em 10 a 20% dos casos, assim como síndrome nefrítica aguda. Oligúria e edema representam sintomas em cerca de 60% dos pacientes. Geralmente, a creatinina plasmática está elevada já na primeira consulta, com aumento progressivo em dias ou semanas. A evolução da função renal depende do número e do tamanho das crescentes observadas. • Endocardite bacteriana; • Vasculites sistêmicas; • LES; • GNDA pós-estreptocócica (raro); → Pequena parcela • Nefropatia por IgA; • Síndrome do anticorpo anti-MBG (anti-membrana basal glomerular) - quadro grave de hemorragia pulmonar e lesão renal; é uma das causas da síndrome pulmão-rim (síndrome de goodpasture). • Formação de crescentes e/ou necrose dos capilares glomerulares; • Ocorre depósito de fibrina e fibronectina, que estimulam as células da cápsula a se proliferarem. Essa proliferação vai empurrar o tufo capilar. Com o tempo isso vai ficando fibrocelular e essa crescente se torna fibrosa; • Fase celular: tem que agir com urgência visando reversão do quadro; → Crescente jovem • Fase fibrocelular: resposta intermediária ao tratamento; → Crescente adulta • Fase fibrosa: paciente vai para a diálise. → Crescente idosa Obs.: A principal causa de glomerulonefrite crescente é o LES. • Instalação aguda com perda da função renal e sedimento urinário positivo; • Na maior parte das vezes, é reflexo de uma doença sistêmica com acometimento renal; • Divide-se em três tipos principais de acordo com o padrão da MIF: padrão linear (tipo I); padrão granular (tipo II); ou ausência de depósitos fluorescentes (tipo III); • Microscopia óptica: presença de crescentes celulares no espaço de Bowman; • Idade: tipos I e II, jovens; tipo III, meia-idade; • Sexo: tipo III, predominância em homens; • Clínica: insuficiência renal aguda, edema, hematúria e sinais gerais inespecíficos. Presença de acometimento sistêmico com lesão de vias respiratórias, pele ou neurológica é comum; • Dados laboratoriais: aumento rápido da creatinina plasmática, hematúria e proteinúria; • Tratamento: pulsoterapia com corticosteroide e ciclofosfamida. No tipo I, associar plasmaférese. • Pulsoterapia com metilprednisolona e ciclofosfamida (altas doses de corticoide + imunossupressor); • Afastar quadro infeccioso, para não imunossuprimir um paciente em vigência de infecção. • Definição: Presença de hematúria e/ou proteinúria de vários graus, persistentes, com função renal normal, com hipertensão ausente ou pouco frequente. • Nefropatia por IgA: é a primeira suspeita quando há hematúria microscópica assintomática; • GESF secundária: é a primeira suspeita quando há proteinúria discreta assintomática. Nefropatia por IgA: • Acomete pacientes jovens, geralmente do sexo masculino; • Secundária à deposição renal de imunocomplexos de IgA circulantes; • Apresentação: surtos de hematúria macroscópica associados a infecções virais do trato respiratório ou a exercício físico. Síndrome hematúria microscópica e proteinúria assintomáticas; • Microscopia óptica: variável, com deposição predominante de IgA em mesângio à imunofluorescência; • Tratamento: inibidores da ECA + bloqueadores dos receptores da angiotensina II. Imunossupressores em casos com síndrome nefrótica ou insuficiência renal progressiva. Avaliar individualmente nos casos com função renal estável, porém proteinúria subnefrótica apesar de terapia otimizada por 3 a 6 meses. GESF: • Apresentação: edema e hipertensão; • Dados laboratoriais: proteinúria e hematúria microscópica; • Microscopia óptica: lesões esclerosantes segmentares e focais; microscopia de imunofluorescência: ausência de depósitos imunes; microscopia eletrônica: lesões degenerativas dos podócitos; • Tratamento: 1a escolha – corticoterapia. • Origem da hematúria: glomerulares x não- glomerulares; → É importante fazer essa diferenciação • Exame de Urina: o Dismorfismo eritrocitário: indica que a hematúria é de origem GLOMERULAR; o Proteinúria; o Cilindros hemáticos. *Hematúria com coágulo→não-glomerular *Glomerular→cor de coca-cola, de caldo de carne. • Cilindros hemáticos: o Altamente específico para hematúria de origem glomerular, porém pouco sensível; o Formados no interior dos túbulos renais através das mucoproteínas de Tamm-Horsfall, que aprisionam as hemácias formando os cilindros. • Doença auto-imune multissistêmica crônica com desenvolvimento de focos inflamatórios em vários tecidos e órgãos do corpo; • Exacerbações e remissões; → Exige acompanhamento constante • Prevalência LES: 14 a 50 casos por 100.000 habitantes; • Mulheres jovens e raça negra; • Nefrite lúpica - manifestação clínica frequente do LES - 50 a 75% - grave; • Prevalência real > 90%; • Nefrite Lúpica – ARA: o Proteinúria persistente > 500 mg/dia; E/OU o Cilindros celulares no sedimento urinário. • Critérios clínicos e laboratoriais – ARA (American Rheumatism Association): o Mínimo 4 critérios simultâneos ou sequenciais. *De acordo com atualização desses critérios as alterações hematológicas agora pontuam individualmente, e não mais em conjunto. Os critérios imunológicos agora também pontuam individualmente. *Critérios mais antigos *A artrite reumatoide morde as articulações e lambe os outros sistemas. Leva à deformidade. *Anemia hemolítica *Não se usa mais células LE • Critérios classificatórios do LES: é o mais atual o Para diagnóstico é necessário a presença de 04 critérios: sendo pelo menos 01 clínico e 01 imunológico OU biópsia renal compatível com nefrite lúpica + FAN (+) ou anti-DNA (+). Obs.: A presença de qualquer marcador para SAF é critério de LES. SAF- presença de um ou mais anticorpos antifosfolípides circulantes, como anti- coagulante lúpico (AL), anticardiolipina (aCL) e anti- beta2 glicoproteína I (anti-B2-GPI). Sempre investigar SAF em mulheres com histórico de abortamentos repetitivos. • Múltiplos distúrbios imunológicos;• Fatores desencadeantes ainda são desconhecidos; • Nefropatia induzida por imunocomplexos: o Hiperatividade linfócitos B; o Formação de autoanticorpos; o Depósito glomerular de imunocomplexos; o Ativação do sistema complemento. • Fenômenos locais decorrentes da coagulação intravascular; • Heterogeneidade de apresentação – 6 classes: o Pode haver superposição de várias lesões; o Pode haver transformação de uma determinada classe em outra; o As manifestações clínicas dependem da natureza e da gravidade das lesões histológicas. • Classificações morfológicas relevantes e clinicamente reproduzíveis: o OMS – modificada em 1994; o “International Society of Nephrology/Renal Pathology Society” (ISN/RPS) – 2003. • Mesangial (geralmente assintomática, mas tem que acompanhar para não evoluir para outras classes, que é o que ocorre em 20% dos casos); • Proliferativo focal; • Proliferativo difuso; • Membranoso (nem toda glomerulopatia vai alterar a função renal, principalmente nas membranosas). Obs.: A classe 4 é a mais grave. Em termos de prognóstico e tratamento, a classe 3 é encarada juntamente com a 4. A classe 5, apesar de vir numericamente depois da 4, é mais branda. As classes 3 e 4 são as clinicamente mais graves (a classe 6 é quando já não tem muito o que intervir clinicamente). 1. Nefrite intersticial: • Associação com as lesões glomerulares mais ativas e graves; • Pode ser a única manifestação da nefropatia lúpica. 2. Vasculopatias: • Depósitos vasculares imunes; • Vasculopatia necrosante não-inflamatória; • Microangiopatia trombótica; • Arterite necrosante. • Avaliado pela biópsia; • Tem valor prognóstico e para definição do tratamento; • O paciente com índices de atividade respondem bem ao tratamento (dura de 06 meses até 02 anos), já os com índices altos de cronicidade não, pois geralmente já houve instalação de DRC, sendo assim, o tratamento é mais conservador. • Atividade lúpica: VHS, PCR, complemento, auto- anticorpos; • Marcador de atividade de nefrite lúpica: o Complemento total (CH50); o Complemento C3; o Anti-DNA (é o anticorpo mais específico para atividade lúpica) • Avaliação do sedimento urinário – “flare” (atividade) nefrítico (quando o paciente estava bem e entrou em atividade lúpica). • Dependem: o Da lesão histológica; o Do grau de comprometimento da filtração glomerular; o Dos índices de atividade e cronicidade. • Classe II (Mesangial): o Tratamento: - Não necessita de tratamento específico para nefropatia; - Direcionado para as manifestações extra-renais: Corticosteroides, salicilatos e antimaláricos (cloquina- muito usada para artralgia e alteração de pele no LES). o Prognóstico: - Bom prognóstico; - Sobrevida renal > 85% em 10 anos; - Transformação para forma mais ativa em 20 a 30% dos casos. • Classes III e IV (Proliferativa focal e difusa): o Tratamento: é o mesmo da rapidamente progressiva - Mais agressivo. 1. Tratamento de indução: durante 6 meses. *Afastar qualquer quadro infeccioso ativo. ▪ Pulsoterapia com metilprednisolona (1g/dia – durante 3 dias); Classe 1 •Normal Classe 2 •Mesangial •Alteração urinária assintomática Classe 3 •Proliferativo focal •Síndrome nefrítica Classe 4 •Proliferativo difuso •Síndrome nefrítica •Mais grave Classe 5 •Membranoso •Síndrome nefrótica com função renal normal Classe 6 •Glomerulonefrite esclerosante •DRC (mais de 90% dos glomérulos esclerosados) ▪ No 4º dia – ciclofosfamida 0,75 mg/m2 em pulsos mensais (durante 6 meses); Obs.: Efeito colateral da ciclofosfamida: cistite hemorrágica e insuficiência gonadal (infertilidade). Há medicamento para proteger o epitélio da bexiga. ▪ Manter prednisona oral 1mg/kg – durante 6 a 8 semanas – com redução lenta antes da interrupção (insuficiência adrenal). 2. Tratamento de manutenção: Obs.: Pelo menos 1 ano e meio para completar os 2 anos de tratamento. ▪ Azatioprina ou MMF (micofenolato de mofetil) – imunossupressores. o Prognóstico: sobrevida em 10 anos > 80%. • Classe V (membranoso): o Tratamento: - Conservador na maioria dos casos; - Proteinúria não nefrótica e assintomáticos → Medidas de nefroproteção (IECA ou BRA); - Síndrome nefrótica não-complicada: Ciclosporina (4 a 6 meses) + doses baixas de Prednisona; - Síndrome nefrótica muito sintomática ou creatinina em ascensão: tratar igual à classe IV. o Prognóstico: - Bom prognóstico; - Remissão total ou parcial da proteinúria nefrótica em mais de 50% dos pacientes, no prazo de 3 a 5 anos. Obs.: Quanto maior a proteinúria pior. Pois é um fator de progressão para doença renal crônica. Obs.: O paciente lúpico em diálise não costuma ter mais atividades extra- renais da doença. Obs.: O paciente lúpico que transplanta não costuma ter rejeição do enxerto, o prognóstico é bom. E não costuma ter recorrência da doença no rim transplantado. • A nefrite lúpica é uma complicação muito frequente encontrada em 50 a 80% dos pacientes com LES, o que acarreta relevantes implicações prognósticas; • Fatores genéticos, ambientais e hormonais estão envolvidos de modo importante na patogênese da nefrite lúpica; • A lesão glomerular ocorre pela deposição ou formação in situ de imunocomplexos; • Anticorpos anti-DNA são formados pela hiperatividade de linfócitos B; • As lesões histológicas renais no LES são heterogêneas e sujeitas a transformações no decorrer do seguimento em longo prazo; • A glomerulonefrite lúpica focal e a glomerulonefrite lúpica difusa são as formas mais graves de envolvimento renal; • Necrose fibrinoide, lesões em “alça de arame”, crescentes epiteliais e IF rica, com presença de várias imunoglobulinas e frações de complemento constituem achados típicos da nefrite lúpica; • Síndrome nefrótica, hematúria e disfunção renal caracterizam habitualmente a glomerulonefrite lúpica difusa; • Síndrome nefrótica, função renal normal e reduzida atividade sorológica caracterizam a glomerulonefrite lúpica membranosa ou a podocitopatia do LES; • A glomerulonefrite lúpica difusa deve ser tratada com esquemas de imunossupressão prolongada (2 a 3 anos) e uma fase de indução de 3 a 6 meses, mais agressiva; • O tratamento da glomerulonefrite lúpica membranosa é controverso, devendo-se evitar a imunossupressão agressiva; • O tratamento das lesões mesangiais é desnecessário, indicando-se apenas o controle das manifestações extrarrenais. • O rim é alvo de uma variedade de vasculites sistêmicas, especialmente aquelas que afetam os pequenos vasos e dependendo do tipo de vaso envolvido pode originar uma larga variedade de manifestações. • Três entidades patológicas partilham uma forma indistinta de vasculite necrotizante de pequenos vasos: o Granulomatose de Wegener (poliangeíte com granuloma) → Acometimento pulmonar/vias aéreas e renal (síndrome pulmão-rim); o Síndrome de Churg-Strauss → Quadro asma “like”; o Poliangeíte microscópica → Acometimento sistêmico. • Caracterizam-se por: o GN com formação de necrose e crescente; o Ausência de depósitos de imunocomplexos na IF – pauci-imune (diferente das IFs dos pacientes lúpicos, que é conhecida como “full house”); o Presença de ANCA (anticorpo anti-citoplasma neutrofílico), sendo os mais frequentes o PR3 e o MPO. • Epidemiologia: o Mais frequentes nas 5ª, 6ª e 7ª décadas de vida (são pacientes mais velhos que os de LES), mas pode ocorrer em qualquer idade; o Discreto aumento da prevalência no sexo masculino; o Maior incidência nos caucasianos (no LES é em afrodescendentes): - 2,5/100.000: Granulomatose de Wegener; - 2,5/100.000: Poliangeíte microscópica; - 1/100.000: Churg-Strauss. • Apresentação clínica: o Envolvimento renal: Hematúria, proteinúria, IRA; o Manifestação de inflamação sistêmica:Febre, mal-estar, perda de peso, anorexia, mialgia e artralgia; o Manifestações cutâneas: Púrpura, lesões cutâneas nodulares; o Manifestações respiratórias: Hemorragia pulmonar, estenose subglótica, sinusite, rinite; o Manifestações cardíacas: Miocardite, pericardite, endocardite, hipocinesia ventricular; o Neuropatia periférica; o Manifestações abdominais: Dor abdominal, enterorragia. • Vasculites com ANCA; • Apresentação clínica: o Início com sintomas inespecíficos: febre, anorexia, emagrecimento e astenia; o Quadro renal – síndrome nefrítica: - Hematúria; - Proteinúria; - Insuficiência Renal. • Terapêutica: é a mesma de qualquer glomerulonefrite crescêntica. 1. Indução da remissão: - Metilprednisolona IV 3 dias/ prednisona VO – 8 semanas + Ciclosfosfamida IV – mensal (tratamento padrão); - Plasmaferese é controversa mas pode ser benéfica; - Gama globulina IV (eficácia não adequadamente documentada). 2. Manutenção da remissão: Substituição de ciclofosfamida por Azatioprina ou MMF. • As vasculites renais são causadas por diferentes formas de agressão imunológica; • O anticorpo ANCA está envolvido na patogenia de muitas formas de vasculites que afetam os pequenos vasos, com mínima expressão tecidual de anticorpos e complemento (pauci-imunes); • A histologia renal mais frequente nas vasculites é a da glomerulonefrite necrosante segmentar e focal pauci-imune, com crescentes; • As vasculites associadas ao ANCA incluem granulomatose com poliangiíte (Wegener), poliangiíte microscópica e a granulomatose eosinofílica com poliangiíte (Churg-Strauss); • O tratamento das vasculites renais ANCA-positivas, na fase de indução, abrange os corticosteroides em doses elevadas e a ciclofosfamida VO ou IV; • Na fase de manutenção (24 a 36 meses), o tratamento pode ser feito com azatioprina ou MMF. Referências: Aula da professora Daniela; Princípios de Nefrologia – 6ed. Glomerulonefrite rapidamente progressiva (GNRP) – é a mais comum
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