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SÍNDROME NEFRÓTICA O diagnóstico é realizado na presença de proteinúria nefrótica + hipoalbuminemia + edema (bilateral). Proteinúria Nefrótica: Mais de 24 horas > 50 mg/kg/dia ou 40 mg/m²/hora ou relação proteína/creatinina urinárias (mg/mg) > 2,0. Hipoalbuminemia: Albumina < 2,5g/dL. Edema: Gravitacional, que normalmente inicia ou piora pela amanhã na face e periorbitária Dislipidemia: Achado frequente, em que os pacientes evoluem hipertrigliceridemia. A Síndrome Nefrótica tem prevalência de 16 casos a cada 100.000 habitantes, sendo mais frequente no sexo masculino e tem pico de idade entre 3 e 6 anos. É uma das causas de internamento hospitalar mais frequente na pediatria. Se surge até os 3 meses de idade: Congênita – geralmente associada a uma síndrome genética, doenças metabólicas ou congênitas. Se surge após os 3 meses de idade: Infantil. Na maior parte das vezes, a Síndrome Nefrótica está associada à Lesão Histológica Mínima (LHM), que é a causa mais comum de SN primária em crianças (>85% dos casos nos menores de 10 anos). Neste quadro há uma perda de proteínas por proteinúria, sendo a albumina a principal perda. O edema é o principal sinal clínico e o pico de idade é de 3 a 6 anos. O edema está associado à hipoalbuminemia e à ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A perda de proteínas causa edema gravitacional (localizado ou anasarca) que, geralmente, piora durante o dia, em região facial e periorbitária, urina espumosa (proteinúria), sem outras manifestações sistêmicas ou renais na forma inicial da doença. Pacientes com SN têm descompensação do quadro geralmente associado à infecção (IVAS). Outras queixas: Cefaleia, irritabilidade, fadiga, astenia, hiporexia, dificuldade de deambulação, dor abdominal e dispneia, diarreia (edema de mucosa intestinal ou infecção) e hematúria macroscópica é infrequente. GLOMERULONEFROSE SEGMENTAR E FOCAL (GESF) Associada à Síndrome Nefrótica. É caracterizada pela fibrose ou esclerose de alguns glomérulos (focal), acomete somente uma parte do tufo glomerular (segmentar) e mais grave e com pior prognóstico em comparação à Lesão Histológica Mínima (LHM). Diagnóstico: EAS ou sumário de urina e proteinúria de 24h. O diagnóstico é feito se houver proteinúria > 50mg/kg/dia ou 40 mg/m²/h. A relação proteína/creatinina urinária deve ser maior que 2,0 para diagnóstico. Devido à proteinúria nefrótica, haverá: Hipoalbuminemia (abaixo de 2,5g/dL); Distúrbios hidroeletrolíticos; Hb e Ht aumentados > contração volume plasmático; Trombocitose; Complementos normais na LHM; síndromes nefrótica e nefrítica ATENÇÃO! A hemoconcentração e a trombocitose podem contribuir para fenômenos tromboembólicos. TRATAMENTO Iniciado de forma empírica se quadro clínico característico. Biópsia indicada para: No momento do diagnóstico (2 ou mais dos seguintes): Idade < 1 ano ou > 10 anos; Hematúria macroscópica ou persistente; Hipertensão Arterial Sistêmica; Insuficiência Renal; Valores baixos do complemento – C3; Na evolução: Proteinúria persistente (após 4 semanas de prednisona diária); Base do tratamento: Imunossupressão, sendo a droga de escolha a Prednisona ou Prednisolona. Respondedor: Urina sem proteína por > 3 dias durante o tratamento inicial; Recidiva: Retorno da proteinúria por > 3 dias consecutivos; Cortico-dependente: Recorrência da proteinúria na fase de desmame, corticoide em dias alternados ou em até 2 semanas após o término do tratamento; Cortico-resistente: Falência à resposta com prednisona ou após 4 semanas de tratamento na recidiva; LEMBRAR DOS ANTIPARASITÁRIOS! Manifestações graves por conta das parasitoses. Realizar antiparasitários antes da terapia de corticoide. ANATOMIA PATOLÓGICA (LHM) Microscopia óptica: NORMAL. Microscopia eletrônica: Fusão dos processos podocitários – Boa resposta ao uso de corticoide. 90% das crianças com LHM responderão ao tratamento inicial com prednisona (corticoide) e terão resolução da proteinúria em até 4 semanas. 60-90% dos pacientes terão recidiva da doença e, então, precisando de um novo curso de corticoterapia. Em doenças recidivantes (refratários à corticoterapia), lançar mão de outras terapias imunossupressoras: Ciclosporina, micofenolato de mofetila ou ciclofosfamida. Cerca de 80% dos pacientes com SN por GESF são resistentes ao corticosteroide. O diagnóstico é comumente feito após biópsia renal por falha do tratamento inicial. ATENÇÃO! Síndrome nefrótica e suas complicações: Peritonite Bacteriana Espontânea (PBE), celulite, meningite, pneumonias, edema e anasarca, hipovolemia, trombose e dislipidemia. Síndrome Nefrótica e PBE: Na suspeita de PBE, realizar punção do líquido ascítico. Se valor maior ou igual a 250 polimorfonucleares = positivo. *Na presença de PBE, realizar cobertura para gram positivos e gram negativos. Associação da SN com quadros infecciosos: Defesa do sistema humoral diminuída, perda urinária de imunoglobulinas, plasma nefrótico inibe a função adequada dos linfócitos, além dos efeitos de tratamentos crônicos com corticoides e imunossupressores. Patógenos mais comuns: Streptococcus pneumoniae, Haemophilus e gram negativos. Hipovolemia: Tem caráter multifatorial – Sepse, diarreia, uso de diuréticos e rápida drenagem de líquido ascítico. ATENÇÃO! Hipotensão, diminuição da perfusão tecidual, hemoconcentração e propensão a eventos tromboembólicos. A Albumina Humana (1g/kg) pode ser usada aos sinais de hipovolemia, oligúria, insuficiência renal, edema testicular... Deve estar associado com a Furosemida (diurético de escolha) após o uso. Complicações Tromboembólicas: Venosas são mais frequentes, nos vasos do pulmão, cérebro ou vaso periférico. O aumento do Hematócrito > 40% proporciona um estado de hiperviscosidade sanguínea. SÍNDROME NEFRÍTICA OU GLOMERULONEFRITE Caracterizada pela tríade de: Hematúria, hipertensão e edema. Está geralmente associada à Glomerulonefrite Pós- Estreptocócica (GNPE) ou Pós-Infecciosa. *Glomerulonefrite difusa aguda (GNDA): nome antigo. Está relacionada à países em desenvolvimento (97%), por altas taxas de infecções por Streptococcus pyogenes, sendo 470.000 novos casos por anos É mais frequente em meninos pré-escolares e escolares, com pico aos 7 anos. Rara antes dos 3 anos. Há uma associação com infecções estreptocócicas, faringite e as infecções de pele (impetigo, erisipela e celulite). Período de latência da infecção estreptocócica: Orofaringe: 7-21 dias (média de 14 dias); Via cutânea: 15-28 dias (média de 21 dias); O edema da Síndrome Nefrítica é causado pelo aumento da pressão hidrostática Infecção de Orofaringe: Elevação dos títulos de ASLO, anti-hialuronidase e antiDNAse. Infecção cutânea: ASLO não se eleva. AntiDNAse e a anti-hialuronidase devem ser utilizados para o diagnóstico. *Os níveis de ASLO geralmente se elevam de 2-5 semanas após a infecção estreptocócica, decaindo ao longo dos meses. TRATAMENTO É uma doença autolimitada, portanto o tratamento é de suporte. A hospitalização não é obrigatória, há restrição de sódio (limitada à fase de oligúria, edema e hipertensão), restrição hídrica (na fase inicial) e erradicação estreptocócica com amoxicilina ou penicilina por 10 dias. ATENÇÃO! A antibioticoterapia sistêmica precoce das infecções estreptocócicas NÃO elimina o risco de glomerulonefrite. Indicações de biópsia: Oligoanúria com duração > que 48-72h; Oligúria e/ou azotemia persistente por > 4 semanas; Hipertensão arterial persistente por > 4 semanas; Hematúria macroscópica por > 4 semanas; Complemento total e frações persistentemente baixos por > 8 semanas; Proteinúria nefrótica(>50 mg/kg/dia) presente por > 4 semanas; Pacientes com história anterior sugestiva de Nefropatia ou antecedentes familiares sugestivos de afecções renais hereditárias; A recuperação completa ocorre em > 95% dos casos. Resolução da hematúria macroscópica: 2-3 semanas; Microscópica: 1 ou mais anos; Proteinúria tende a se resolver em 3-6 meses; Hipocomplementemia: 6-8 semanas;
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