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memoriza+ resu+ colocação pronominal português resumo 08 REVISÃO ESPAÇADA 1 Data: __/__/____. Nº de acertos: _____. REVISÃO ESPAÇADA 2 Data: __/__/____. Nº de acertos: _____. REVISÃO ESPAÇADA 3 Data: __/__/____. Nº de acertos: _____. REVISÃO FINAL Data: __/__/____. Nº de acertos: _____. Português 08 | Colocação pronominal Em regra, os pronomes oblíquos átonos devem vir depois do verbo dos quais são complemento. Em Português, seguimos o seguinte raciocínio: quando não há nada que atraia o pronome oblíquo, deve-se dar sempre preferência a usá-lo depois do verbo. Noutras palavras: ênclise é usada quando próclise e mesóclise não puderem ser. Exemplo: “Os homens dizem-se sábios quando fazem a coisa certa na hora certa” soa melhor do que: “Os homens se dizem sábios...” ÊNCLISE 01 Os pronomes pessoas do caso oblíquo são pronomes que precisam se apoiar no vocábulo seguinte ou no anterior para adquirirem sentido. Sendo assim, eles podem vir antes, depois ou no meio do verbo. Hoje, verificaremos os três casos. colocação pronominal 1.1. INÍCIO DE FRASE COM PRONOME OBLÍQUO ÁTONO Outra regra da norma culta não seguida na maioria das vezes na língua falada é a de que não se pode iniciar uma frase com pronome oblíquo átono. Exemplo: “Disseram-me isso ontem” é o certo. Porém, o mais comum é “Me disseram isso ontem”. 1.2. VERBO NO GERÚNDIO Quando o verbo estiver no gerúndio, também usaremos ênclise. Exemplo: “Não queira conquistá-la confiando-lhe segredos.” Melhor do que: “Não queira conquistá-la lhe confiando segredos”. 1.3. QUANDO O VERBO ESTIVER NO IMPERATIVO AFIRMATIVO Exemplo: Quando eu ordenar, aquietem-se todas vocês! 1.4. QUANDO O VERBO ESTIVER NO INFINITIVO IMPESSOAL Exemplo: Não era a intenção dele esquecer-te. 1.5. QUANDO O VERBO INICIAR A ORAÇÃO Exemplo: “Vou-me embora já daqui.” Em vez de “Me vou embora já daqui”. Português 08 | Colocação pronominal 1.5. QUANDO HOUVER PAUSA ANTES DO VERBO Exemplo: Se eu for demitido, mudo-me de São Paulo imediatamente. O erro mais comum é escrever uma frase que deveria ter ênclise com o pronome antes do verbo, gerando assim uma próclise (assunto que veremos no próximo tópico). Esse é um erro muito comum, pois essa construção é comum na linguagem falada informal. ERRO COMUM Lembrar-se que, na linguagem formal, há casos em que só se pode usar ênclise. COMO EVITAR O ERRO 08 | Colocação pronominalREVISÃO Na frase “Me colocaram no seu grupo da faculdade”, qual é o erro gramatical? QUESTÃO Português 08 | Colocação pronominal A próclise ocorre quando o pronome átono é colocado antes do verbo. Ela é obrigatória nos seguintes casos: PRÓCLISE 02 2.1. PALAVRAS QUE ATRAEM O PRONOME A próclise é obrigatória quando o verbo estiver precedido de palavras que atraem o pronome para antes do verbo, como é o caso das orações negativas. São palavras que atraem o pronome: Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém, jamais, etc. Exemplo: Não se preocupe comigo. Advérbios. Exemplo: Hoje se desafiam a si mesmos. Conjunções subordinativas. Exemplo: Embora ele tenha se esforçado, perdeu. Pronomes relativos. Exemplo: A casa na qual me mudei é espaçosa. Pronomes indefinidos. Exemplo: Muitos te rejeitam, mas é a lei da vida. Pronomes demonstrativos. Exemplo: Isso me deixa muito triste. 2.2. Orações iniciadas por palavras interrogativas Exemplo: Quem lhe deu esse envelope? 2.3. Orações iniciadas por palavras exclamativas Exemplo: Quanto se fazem de vítima! 2.4. Orações que exprimem desejo (orações optativas) Exemplo: Que Deus o guarde. Um erro comum que as pessoas cometem ao usar a próclise é confundir com a ênclise, colocando o pronome no fim da frase. ERRO COMUM Para evitar esse tipo de erro, o ideal é familiarizar-se com as estruturas mais comuns que exigem próclise. COMO EVITAR O ERRO 08 | Colocação pronominalREVISÃO Na frase “Me colocaram no seu grupo da faculdade”, qual é o erro gramatical? QUESTÃO Na frase “Para que eles divirtam-se, vamos organizar uma festa”, por que a frase deveria usar uma próclise ao invés de uma ênclise? QUESTÃO Português 08 | Colocação pronominal A mesóclise ocorre quando o pronome átono é colocado no meio do verbo. MESÓCLISE 03 3.1. Verbos no futuro do indicativo Em verbos no futuro do presente ou futuro do pretérito. Exemplo: “Entregar-lhe-ei o livro amanhã”. 3.2. Verbos no condicional Exemplo: “Retribuir-lhe-ia o favor se pudesse” Usar próclise ou mesóclise mesmo com o verbo nesse tempo. Ex.: “Lhe entregarei” ou “Entregarei-lhe o livro”. OBS.: “Entregarei a ele” é uma forma aceita, mas que perde a concisão do pronome. ERRO COMUM Não posicionar o pronome corretamente. A forma na mesóclise deve ser [verbo no infinitivo] + [pronome] + [desinência]. Exemplo de erro: “Retribuir- ia-lhe o favor se pudesse” quando o certo seria: “Retribuir (verbo no infinitivo) + lhe [pronome] + ia [desinência]”. ERRO COMUM Conferir a conjugação do verbo no futuro do presente ou pretérito e, quando possível, evitar essa construção. COMO EVITAR O ERRO Observar o verbo no condicional e posicionar a estrutura adequadamente. COMO EVITAR O ERRO 08 | Colocação pronominalREVISÃO Na frase “Me colocaram no seu grupo da faculdade”, qual é o erro gramatical? QUESTÃO Na frase “Para que eles divirtam-se, vamos organizar uma festa”, por que a frase deveria usar uma próclise ao invés de uma ênclise? QUESTÃO Use mesóclise na seguinte frase: “Eu entregarei o relatório a você amanhã.” QUESTÃO REVISÃO final A seguir, são apresentadas frases modernas, com a utilização de pronomes átonos. Assinale a única frase em que a colocação do pronome átono não é questionada pelos gramáticos em geral. QUESTÃO 1 Fonte: Fundação Getúlio Vargas (FGV), Câmara dos Deputados. a) Mandei o livro para o endereço do seu tio; ide-o lá buscar. b) Como teria se escondido o assaltante do posto? c) Meu pai foi logo na chegada me abraçando. d) João e Maria estavam se gostando muito. e) Ficou contente; já que o alegra muito estar com ela. Leia o texto a seguir: QUESTÃO 2 Os estranhos do bem Pouco me lembro do apartamento onde passei minha infância, mas não esqueci nada da rua onde morava, das casas vizinhas, do quarteirão inteiro onde eu brincava desde o início da tarde até o início da noite e, por vezes, inclusive à noite. Naquela época não havia medo de assaltos, de atropelamentos, de sequestros-relâmpago: a gente pegava a bicicleta e saía com a maior liberdade, sem pânico nem neuras, oposto do que acontece hoje, quando as crianças só podem brincar dentro do prédio, em prisão domiciliar. Porém, mesmo com liberdade, havia um perigo rondando. Você deve lembrar o que nossos pais buzinavam em nossos ouvidos a cada vez que abríamos a porta de casa para sair: “Não dê conversa a estranhos.” Mais uma vez, é o oposto do que acontece hoje. Trancafiados em casa, com as bicicletas enferrujando na garagem, não se faz outra coisa a não ser dar conversa a estranhos. Quando menina, eu me perguntava: o que será que eles (os adultos) querem dizer com “estranho”? Estranho, para mim, era um cara que usasse óculos escuros à noite, tivesse uma bruta cicatriz ao lado da orelha e uma faca ensanguentada entre os dentes. Mas estranho, para eles, ia além: era qualquer um que a gente não conhecesse. Podia ser o pároco do bairro: um estranho, corra! Aí a gente cresce e inventam um troço chamado computador. E os pais somos nós! Conscientes das nossas responsabilidades, batemos à porta do quarto das crianças e damos sequência à tradição, alertando-os: “Não dê conversa a estranhos.” Quá, quá, quá. REVISÃO final Afora as orientações inevitáveis contra pedófilos e mal-intencionados em geral, é preciso relaxar: ninguém com mais de 10 anos evita estranhos, ao contrário, eles são buscados nas redes sociais, onde todos se expõem, transformando o mundo num gigantesco albergue coletivo. Estranho é mau? Estranho é pior que a gente? Se devemos ter vigilância com nossosfilhos – e devemos mesmo –, é preciso também controlar a paranoia e não surtar por eles trocarem ideias com quem nunca viram antes, e provavelmente jamais verão. E só para lembrar: estranhos, somos todos. Martha Medeiros, Feliz por nada. Adaptado. Fonte: Fundação para o Vestibular da Universidade Estadual Paulista (VUNESP), Prefeitura de São José do Rio Preto. Assinale a alternativa contendo adaptação da passagem – “Não dê conversa a estranhos” – redigida de acordo com a norma-padrão de conjugação verbal e colocação pronominal. a) Se você vir a encontrar estranhos, evite falar-lhes. b) Ao verem estranhos, sempre esquivem-se de conversar. c) Se vocês virem estranhos, não lhes deem conversa. d) Quando você ver estranhos, evite dar-lhes conversa e) Quando estranhos virem a seu encontro, nunca lhes fale. O computador, ao contrário do que se pensava, não salvará as florestas. Dizem que com o computador aumentou o uso do papel em todo o mundo, e não apenas porque a cada novidade eletrônica lançada no mercado corresponde um manual de instrução, sem falar numa embalagem de papelão. O computador estimula as pessoas a imprimir coisas. Como hoje qualquer um pode ser editor, paginador e ilustrador sem largar o mouse, a tentação de passar sua obra para o papel é quase irresistível. E nada dá uma impressão de permanência como a impressão, ainda menos uma tela ondulante que pode desaparecer com o toque de uma tecla errada. [...] Um livro está operacional no momento em que você o abre. Um disquete não substitui um livro.[...] Ninguém jamais lhe perguntará que disquetes você levaria para uma ilha deserta. Para o disquete valer um livro, você teria que viajar com um computador e a ilha teria que ter uma usina elétrica ou um revendedor de pilhas, o que descredenciaria como deserta e invalidaria a enquete. Leia o texto a seguir: QUESTÃO 3 LOMBADA REVISÃO final Mas desconfio que o que salvará o livro será o supérfluo, o que não tem nada a ver com conteúdo ou conveniência. Até que lancem disquetes com cheiro sintetizado, nada substituirá o cheiro de papel e tinta nas suas duas categorias inigualáveis, livro novo e livro velho. E nenhuma coleção de disquetes ornamentará uma sala com o calor e a dignidade de uma estante de livros. A tudo que falta ao admirável mundo da informática, da cibernética, do virtual e do instantâneo, acrescente-lhe isto: falta lombada. No fim, o livro deverá sua sobrevida à decoração de interiores. VERÍSSIMO, LUIS. Lombada. O Estado de São Paulo, 02/11/1997, ADAPTADO. Fonte: Fundação Aroeira, Prefeitura de Goiandira. Analise o emprego do pronome grifado na frase seguinte: “Ninguém jamais lhe perguntará que disquetes você levaria para uma ilha deserta”. Observando as recomendações quanto à colocação dos pronomes oblíquos átonos, a colocação do pronome lhe na frase acima caracteriza o emprego da: a) próclise. b) ênclise. c) mesóclise. d) apossínclise. Fonte: Instituto Unique, Prefeitura de Ribeirão do Sul. (adaptado) a) se encontram; serão; quiseram. b) se encontram; são; as querem. c) se encontra; seria; as querem. d) encontra-se; serão; quererão. e) Se encontra; são; quiseram. Assinale a alternativa correta de acordo com a colocação do pronome obliquo. Estas frutas ____ à venda, mas ______ poucas pessoas que ___ comprar. QUESTÃO 4 Leia o texto a seguir: QUESTÃO 5 REVISÃO final A escola dos meus sonhos Fico imaginando a minha escola ideal. Summer Hill? Waldorf? Eton? Mas o êxito dessas escolas depende de condições muito especiais. São filhas únicas e donzelas delicadas. O real desafio é inventar uma escola que seja boa e possa ser reproduzida para os nossos 50 milhões de alunos. Aqui vão meus devaneios. Para começar, a escola tem de ensinar menos, para que os alunos aprendam mais. Há 27 tópicos na Matemática da nossa 4a série e 4 em Cingapura. Sem tempo para aprofundar cada ponto, o aluno ouve falar de tudo e não domina nada. Cito um americano que sempre teve terríveis dificuldades com a Matemática. Foi ser carpinteiro. A casa típica daquele país é feita de madeira e sua planta requer alguns cálculos. Criou então, para escolas, o programa If I Had a Hammer (Se eu tivesse um martelo), no qual os alunos desenham e constroem pequenas casas. Semanas depois, as notas de Matemática dão um salto. Não adianta ouvir sermões. O que serve é viver situações que favoreçam o amadurecimento. Isso tudo não passará de uma utopia delirante sem fórmulas para materializá-la, por isso precisamos da tecnologia para suprir, a distância, o que não existe perto. Quando participava da formulação do Telecurso 2000, uma das melhores professoras supervisionou a montagem de um protótipo de aula. A sua preparação era sofisticada e atores profissionais atuavam em cena. Ao ver a projeção, ficou claríssimo que ela própria não seria capaz de dar uma aula tão boa. E o vídeo podia chegar a milhares de alunos. Com atores ou com aqueles professores que são geniais em sala de aula, por que gastar o tempo dos mestres forçando-os a repetir a mesma aula, dia após dia? Melhor que se dediquem a interagir e dar mais protagonismo aos alunos. Para isso, devem ser abastecidos com sugestões minuciosas de como proceder. É hora de propor projetos inteligentes e que explorem as conexões da teoria com a prática. A educação precisa incorporar a divisão de trabalho e a especialização de funções. Um sabe mais teoria, outro se especializa na preparação de materiais de ensino, e assim por diante. Na sala de aula não precisamos de um gênio polivalente, mas de alguém para liderar o processo, motivar, ajudar e atender os que tropeçam. Na sua retaguarda deve ter um exército de especialistas, chegando a ele pela via dos abundantes avanços das tecnologias digitais. REVISÃO final Pelo menos na teoria, a viabilidade dessa escola dos meus sonhos é assegurada por uma complementaridade bem articulada do que acontece na aula com o que é preparado em agências centrais, que devem respaldar a escola com uma imensidão de recursos. E a tecnologia permite essa fluidez. Materializar um plano tão ambicioso está no reino das utopias. Julgo que tecnicamente é viável e faz todo o sentido. Porém as barreiras institucionais e políticas são formidáveis. Claudio de Moura Castro. https://www.estadao.com.br - Adaptado. Fonte: VUNESP, UNIVESP. Considere as frases elaboradas com base no texto. De acordo com a norma-padrão de emprego e de colocação dos pronomes, as lacunas das frases devem ser preenchidas, respectivamente, por: • O aluno ouve inúmeras explicações acerca do conteúdo, mas nem sempre ______________. • Os vídeos educativos podem chegar a muitos estudantes, rompendo distâncias e ______________ os tópicos de maneira eficaz. • Enquanto um especialista prepara atividades, outro pode ______________ em sala de aula. a) compreende-o… ensinando-os… aplicá-las b) compreende-o… ensinando-os… aplicar-lhes c) o compreende… ensinando-lhes… aplicar-lhes d) o compreende… ensinando-lhes… aplicá-las e) o compreende… ensinando-os… aplicá-las Disponível em: <https://notaterapia.com.br/2017/06/12/10-tirinhas-de-armandinho-sobre- o-fascinante-mundo-dos-livros/>. Analise a tirinha a seguir: QUESTÃO 6 REVISÃO final Dadas as afirmativas, e, tendo como referência as falas dos personagens dos quadrinhos, acerca da sintaxe de colocação ou de ordem, Verifica-se que está/ão correta/s: I. II. III. Em: “Meu pai vive me dando livros...”, o pronome oblíquo átono aparece proclítico ao verbo principal, sem hífen. Isso ocorre com frequência entre brasileiros, na linguagem falada ou escrita. Em: “Ele diz que nos deixam mais sábios...”, não se pospõe pronome átono a verbo flexionado em oração subordinada. Caso análogo acontece em: “Confesso que tudo aquilo me pareceu obscuro”. No questionamento: “Você já leu eles?”, há uma inadequação que contraria a marcação das funções sintáticas de sujeito e objeto. Na norma culta, a fala seriareescrita assim: “Você já leu-os? ” a) I, II e III. b) I e III, apenas. c) I e II, apenas. d) III, apenas. e) II, apenas. Fonte: COPEVE/UFAL, FUNDEPES, IFAL. a) a havia perdido ... conheceu-a ... traziam-lhe b) havia-a perdido ... conheceu-a ... lhe traziam c) havia perdido-a ... a conheceu ... traziam-lhe d) havia perdido-a ... conheceu-a ... lhe traziam e) a havia perdido ... a conheceu ... lhe traziam Fonte: VUNESP, Prefeitura de Pindamonhangaba (adaptado). Considere a reescrita do texto a seguir: Um jovem programador, em relato ao San Francisco Chronicle, revelou que a namorada, ele havia perdido a namorada recentemente e, machucado de um jeito que só quem enfrentou a morte, quem conheceu a morte de perto sabe, alimentou uma dessas linguagens com recordações que traziam para ele saudades. QUESTÃO 7 REVISÃO final Leia o texto a seguir: QUESTÃO 8 A pipoca A culinária me fascina. De vez em quando eu até me até atrevo a cozinhar. Mas o fato é que sou mais competente com as palavras do que com as panelas. (...) Sabedor das minhas limitações e competências, nunca escrevi como chefe. Escrevi como filósofo, poeta, psicanalista e teólogo — porque a culinária estimula todas essas funções do pensamento. As comidas, para mim, são entidades oníricas. Provocam a minha capacidade de sonhar. Nunca imaginei, entretanto, que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamente isso que aconteceu. (...) A pipoca é um milho mirrado, subdesenvolvido. Fosse eu agricultor ignorante, e se no meio dos meus milhos graúdos aparecessem aquelas espigas nanicas, eu ficaria bravo e trataria de me livrar delas. Pois o fato é que, sob o ponto de vista de tamanho, os milhos da pipoca não podem competir com os milhos normais. Não sei como isso aconteceu, mas o fato é que houve alguém que teve a ideia de debulhar as espigas e colocá-las numa panela sobre o fogo, esperando que assim os grãos amolecessem e pudessem ser comidos. (...) Repentinamente os grãos começaram a estourar, saltavam da panela com uma enorme barulheira. Mas o extraordinário era o que acontecia com eles: os grãos duros quebradentes se transformavam em flores brancas e macias que até as crianças podiam comer. O estouro das pipocas se transformou, então, de uma simples operação culinária, em uma festa, brincadeira, molecagem, para os risos de todos, especialmente as crianças. É muito divertido ver o estouro das pipocas! (...) É que a transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação porque devem passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser. O milho da pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro. O milho da pipoca somos nós: duros, quebradentes, impróprios para comer, pelo poder do fogo podemos, repentinamente, nos transformar em outra coisa — voltar a ser crianças! Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo. Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre. Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. (...) REVISÃO final O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos. Dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder um emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de dentro. Pânico, medo, ansiedade, depressão — sofrimentos cujas causas ignoramos. (...) Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pense que sua hora chegou: vai morrer. (...) A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: PUF!! — e ela aparece como outra coisa, completamente diferente, que ela mesma nunca havia sonhado. É a lagarta rastejante e feia que surge do casulo como borboleta voante. (...) Em Minas, todo mundo sabe o que é piruá. Falando sobre os piruás com os paulistas, descobri que eles ignoram o que seja. Alguns, inclusive, acharam que era gozação minha, que piruá é palavra inexistente. Cheguei a ser forçado a me valer do Aurélio para confirmar o meu conhecimento da língua. Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar. Meu amigo William, extraordinário professor pesquisador da Unicamp, especializou-se em milhos, e desvendou cientificamente o assombro do estouro da pipoca. Com certeza ele tem uma explicação científica para os piruás. Mas, no mundo da poesia, as explicações científicas não valem. (...) Piruás são aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. (...) A sua presunção e o seu medo são a dura casca do milho que não estoura. O destino delas é triste. Vão ficar duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca macia. Não vão dar alegria para ninguém. Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam os piruás que não servem para nada. Seu destino é o lixo. Quanto às pipocas que estouraram, são adultos que voltaram a ser crianças e que sabem que a vida é uma grande brincadeira... ALVES, Rubem. A pipoca. O amor que acende a lua. Campinas, SP: Papirus, 1999. Fonte: Instituto Avança São Paulo, Prefeitura de Americana. Todos os pronomes pessoais oblíquos átonos, abaixo, destacados podem mudar de posição em relação ao verbo a que se referem; a EXCEÇÃO encontra-se na alternativa: a) “A culinária me fascina.” (1º parágrafo). b) “Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar.” (13º parágrafo) c) “Não vão se transformar na flor branca macia.” (15º parágrafo) d) “(...) mas o fato é que houve alguém que teve a ideia de debulhar as espigas e colocá-las numa panela sobre o fogo, (...)” (6º parágrafo) e) “O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos.” (11º parágrafo) gabarito QUESTÃO 1 2 3 4 5 6 7 8 RESPOSTA a c a b d c e b
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