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FACULDADE SETE LAGOAS MAYARA APARECIDA MOREIRA DA SILVA NATALIA MENDES DE MATOS CARDOSO SÍLVIA HELENA CAMPOS ANDRAUS ABORDAGEM TERAPÊUTICA DO BRUXISMO DA INFÂNCIA Sete Lagoas 2019 MAYARA APARECIDA MOREIRA DA SILVA NATALIA MENDES DE MATOS CARDOSO SÍLVIA HELENA CAMPOS ANDRAUS ABORDAGEM TERAPÊUTICA DO BRUXISMO DA INFÂNCIA Monografia apresentada ao curso de Especialização Lato Sensu da Faculdade de Sete Lagoas, como requisito parcial à obtenção do grau de Especialista em DTM e Dor Orofacial. Orientador: Luciano Ambrósio Ferreira Sete Lagoas 2019 Silva, Mayara Aparecida Moreira da; Cardoso, Natalia Mendes de Matos; Andraus, Sílvia Helena Campos. Abordagem Terapêutica do Bruxismo da Infância / Mayara Aparecida Moreira da Silva; Natalia Mendes de Matos Cardoso; Sílvia Helena Campos Andraus. - 2019. 25 f. Orientador: Luciano Ambrósio Ferreira Monografia (especialização) - Faculdade de Sete Lagoas, 2019. 1. Bruxismo. 2. Bruxismo do Sono. 3. Criança. I. Título. II. Luciano Ambrósio Ferreira. AGRADECIMENTOS Agradecemos a Deus por todas as bênçãos e pelas coisas maravilhosas que acontecem em nossas vidas. Aos nossos pais que sempre estiveram do nosso lado e lutaram pelos nossos estudos e sempre nos apoiou. Aos nossos irmãos por terem por nos ajudar em cada passo e por sempre torcer pelo nosso sucesso. Aos nossos companheiros por todo suporte e incentivo. Por sempre batalharem para que alcançássemos nossos objetivos. Agradecemos ao nosso orientador, Luciano Ambrósio Ferreira, por nos guiar na execução desse trabalho. Aos professores do curso por todo suporte, prontidão e cuidado ao longo deste período. Aos amigos que fizemos na especialização pelo incentivo, amizade e carinho permanente em todos os momentos. RESUMO O bruxismo é conceituado como uma atividade acentuada dos músculos mastigatórios que ocorre durante o período de sono e de vigília. Em indivíduos saudáveis, o bruxismo não deve ser considerado como doença ou disfunção, mas um comportamento que pode ser um fator de risco ou proteção para algumas características clínicas e pode levar a um impacto negativo na qualidade de vida de adultos e crianças. O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão de literatura para o tratamento de bruxismo na fase infantil. Para tal foi realizada uma revisão de literatura com artigos científicos selecionados nas bases de dados eletrônica PubMed e Scielo. Por não se tratar de um comportamento comum ou normal na infância o cirurgião dentista deve se atentar ao diagnóstico e tratamento do bruxismo. A etiologia do bruxismo é desconhecida, e acredita-se que sua origem seja multifatorial. Estudos revelam um declínio da prevalência do bruxismo do sono com a idade e que não existe uma diferença significativa entre os sexos. A literatura apresenta o uso de diversos fármacos no tratamento do bruxismo na população adulta, no entanto, ainda hoje, não existe uma droga e posologia de escolha para crianças. A placa oclusal rígida é um tratamento comum para o bruxismo em adultos, porém não existe evidências científicas suficientes que suportam o seu uso de placa oclusal rígida na dentição decídua e mista. Atualmente, não há um tratamento efetivo com efeito permanente para o bruxismo do sono ou de vigília. Acredita-se que a disjunção palatina e as abordagens paliativas são recomendadas para o tratamento de bruxismo na infância, nestes casos deve-se investigar distúrbios respiratórios do sono, caso exista, a expansão rápida da maxila, na presença de atresia maxilar, pode ser adotada como opção terapêutica. Conclui-se que faltam estudos sobre a abordagem do bruxismo de vigília. Apesar de estudos que abordam o tratamento do bruxismo do sono da infância, este ainda é algo sem consenso na literatura e ainda são necessários mais estudos que provem a eficiência dos tratamentos já existentes e utilizados. Palavras-chave: Bruxismo. Bruxismo do sono. Criança. ABSTRACT Therapeutic approach of childhood bruxism Bruxism is conceptualized as a marked activity of the masticatory muscles that occurs during the period of sleep and wakefulness. In healthy individuals, bruxism should not be considered as a disease or disorder but a behavior that may be a risk or protective factor for some clinical features and may lead to a negative impact on the quality of life of adults and children. The aim of this study was to perform a literature review for the treatment of bruxism in children. For that, a literature review was carried out with scientific articles selected in the electronic databases PubMed and Scielo. As it is not a common or normal behavior in childhood, dentists must pay attention to the diagnosis and treatment of bruxism. The etiology of bruxism is unknown, and its origin is believed to be multifactorial. Studies have shown a decline in the prevalence of sleep bruxism with age and that there is no significant difference between the genders. Literature shows that several drugs are used to treat bruxism in the adult population, however, even today, there is no drug and posology of choice for children. Hard occlusal splint is a common treatment for bruxism in adults, but there is insufficient scientific evidence to support its use of hard occlusal splint in the deciduous and mixed dentition. Currently, there is no effective permanent effect treatment for sleep or awake bruxism. It is believed that palatal expansion and palliative care are recommended for the treatment of bruxism in childhood, in these cases should investigate for sleep-disordered breathing, and if there is any disorder, rapid expansion of the maxilla in the presence of maxillary atresia, may be adopted as a therapeutic option. It is concluded that there are no studies on the approach of awake bruxism. Despite studies that address the treatment of sleep bruxism in childhood, this is still a lack of consensus in the literature and further studies are needed to analyze the efficiency of existing and used treatments. Keywords: Bruxism. Sleep bruxism. Child. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Articulação Temporomandibular (ATM) Bruxismo do Sono (BS) Bruxismo em Vigília (BV) Disfunção Temporomandibular (DTM) Dor Orofacial (DOF) Expansão Rápida da Maxila (ERM) Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9 2 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 10 3 OBJETIVOS ........................................................................................................... 11 3.1 Objetivo geral ...................................................................................................... 11 3.2 Objetivos Específicos .......................................................................................... 11 4 METODOLOGIA ..................................................................................................... 12 5 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 13 5.1 Conceitos sobre bruxismo ................................................................................... 13 5.2 Etiologia ............................................................................................................... 14 5.3 Epidemiologia ......................................................................................................14 5.4 Sinais e sintomas ................................................................................................ 15 5. 5 Tratamento ......................................................................................................... 15 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 21 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 22 9 1 INTRODUÇÃO De acordo com o último consenso de especialistas na área (LOBBEZOO, AHLBERG, et al., 2018), definiu-se que bruxismo é a atividade do músculo mastigatório que ocorre durante o sono (bruxismo do sono) e durante a vigília. O bruxismo é caracterizado pelo contato dos dentes, repetitivo ou sustentado e/ou por movimentos de retração ou projeção da mandíbula. Em indivíduos saudáveis, o bruxismo não deve ser considerado como doença ou disfunção, mas um comportamento que pode ser um fator de risco (e/ou proteção) para certas consequências clínicas e impacto negativo na qualidade de vida e pode acometer adultos e crianças (LOBBEZOO, AHLBERG, et al., 2018). Dentre as complicações causadas pelo bruxismo, podemos citar desgaste ou fratura dental, fadiga muscular, dor orofacial, disfunções temporomandibulares (DTM) e cefaleias (AFRASHTEHFAR et al., 2014). Para o diagnóstico de bruxismo do sono (BS) definitivo é necessário a realização da polissonografia (ou eletromiografia para bruxismo em vigília). O provável bruxismo do sono/em vigília no caso de apenas auto avaliação e inspeção clínica e avaliação da presença de sinais clínicos. O diagnóstico baseado apenas na auto avaliação, por meio de relatórios ou questionários respondidos pelo próprio paciente ou responsável, aponta para o possível bruxismo do sono/em vigília (LOBBEZOO, AHLBERG, et al., 2018). Devido às suas habilidades cognitivas e de linguagem, existe uma dificuldade da criança verbalizar e expressar os seus sintomas, o que torna o diagnóstico de bruxismo ainda mais difícil (GUIDETTI et al., 2014). Deve-se reforçar que o BS não é fisiológico ou característico da dentição decídua ou mista (Serra-Negra et al., 2012). Ainda não há um consenso sobre a etiologia do bruxismo, que é considerado multifatorial, com regulação central (DIAS, ALMEIDA e FONSECA, 2018) e influência genética e emocional (GOMES, 2018), o que dificulta a existência de uma terapia comprovada para a cura do bruxismo. Os tratamentos propostos na literatura atual visam controlar e prevenir as consequências prejudiciais do bruxismo às estruturas orofaciais (AFRASHTEHFAR et al., 2014). 10 2 JUSTIFICATIVA Atualmente, existe uma falta de evidência científica acerca do tratamento do bruxismo na infância. Ou seja, não existe na literatura um consenso terapêutico sobre o tratamento desses pacientes e sobre a terapia mais adequada e aconselhada para o bruxismo em crianças. Embora o bruxismo seja comum na infância, este ainda é um tema pouco conhecido e estudado pelos clínicos, odontopediatras e especialistas em DTM e Dor Orofacial. Este fato é evidenciado pelos poucos estudos existentes, principalmente, ensaios clínicos que abordam o manejo clínico do bruxismo infantil. Por não se tratar de um comportamento comum ou normal na fase da infância e que pode impactar negativamente a qualidade de vida do seu portador, o cirurgião dentista ou especialista deve se atentar aos sinais e sintomas, diagnóstico e tratamento do bruxismo da infância. 11 3 OBJETIVOS 3.1 Objetivo geral Realizar uma revisão de literatura para o tratamento de bruxismo na fase infantil. 3.2 Objetivos Específicos Compreender a patofisiologia do bruxismo e analisar os fatores relacionados ao bruxismo. 12 4 METODOLOGIA Este estudo constitui-se em uma revisão de literatura. Dessa forma, considera-se que esta pesquisa visa obter uma visão geral sobre o tema proposto e familiarizar com o contexto de estudo. Esta pesquisa descritiva terá como objetivo descrever as principais abordagens terapêuticas do bruxismo na infância. Em relação aos procedimentos técnicos de coleta de dados, o tipo de pesquisa está baseado no estudo teórico, para embasar a fundamentação teórica e dar suporte a pesquisa. Foi realizada uma análise documental sobre os métodos mais comumente utilizados para o tratamento do bruxismo em crianças. Dessa forma, foi utilizada dentro dessa linha de estratégia metodológica, a revisão literária ou bibliográfica, sendo utilizado os seguintes bancos de dados eletrônicos: Pubmed e Scielo, que serviram como instrumento para coleta de dados. Os descritores utilizados na busca foram “Bruxism”, “Management” e “Child”. O operador lógico “AND” foi utilizado para combinação dos descritores para rastreamento das publicações. A seleção foi realizada criteriosamente, sendo selecionados apenas a leitura que atendia o critério de inclusão relacionado ao título do projeto do trabalho proposto, sendo os artigos publicados em qualquer ano e nos idiomas português, espanhol e inglês. A busca, seleção e leitura dos artigos foram realizados independentemente por três pesquisadoras no período de janeiro a junho de 2019. Efetuou-se uma análise inicial para escolha dos artigos a serem incluídos com base no título e resumo daqueles encontrados na busca. Foram excluídos aqueles artigos que não se adequavam ao tema, que abordavam o tratamento do bruxismo em crianças com algum tipo de deficiência e os textos duplicados. 13 5 REVISÃO DE LITERATURA 5.1 Conceitos sobre bruxismo O bruxismo é caracterizado pelo movimento repetitivos ou dos músculos mastigatórios. Esses movimentos podem ser tônicos, caracterizado pelo apertamento dentário, ou fásicos em que a mandíbula realiza movimentos de ranger. O bruxismo apresenta origem multifatorial. Ele está associado a fatores fisiológicos, emocionais e psicológicos, como o estresse (LOBBEZOO et al., 2018). O diagnóstico do bruxismo pode ser dividido em possível, provável e definitivo. O bruxismo possível é baseado na auto avaliação, por meio de relatórios ou questionários respondidos pelo próprio paciente ou responsável. O bruxismo provável necessita de sinais e sintomas que levam ao examinador ao diagnóstico. Já o bruxismo definitivo é necessário a adição do exame de polissonografia ou eletromiografia, no caso de bruxismo em vigília, para chegar ao diagnóstico (LOBBEZOO et al., 2018). O bruxismo pode ocorrer durante o sono, chamado de bruxismo do sono, ou durante o dia, chamado de bruxismo de vigília (LOBBEZOO et al., 2018). O bruxismo do sono fásico é facilmente identificado pelas pessoas do convívio, devido ao barulho causado pelo ranger dos dentes (SERRA-NEGRA et al., 2009). O bruxismo do sono está presente quando o barulho feito pelo contato dos dentes é relatado e quando os episódios de atividade rítmica dos músculos mastigatórios são mais frequentes, ou seja, mais de uma vez a cada hora. O bruxismo do sono é o mais comum na idade infantil. No entanto, o bruxismo de vigília não é infrequente (GHANIZADEH, 2013), e portanto, não deve ser ignorado. Nas crianças os fatores associados ao bruxismo são sialorréia durante o sono, uso de chupeta, hábito de morder os lábios e as unhas, alteração do tônus da bochecha e mordida, além da participação dos músculos periorais durante a deglutição líquida. Outros fatores associados ao bruxismo são as queixas frequentes de dores de cabeça e sono com menos horas do que o recomendado para sua idade (SIMÕES-ZENARI e BITAR, 2010). 14 5.2 Etiologia A etiologia do bruxismo é desconhecida. Estudos apontam para que sua origem seja multifatorial. Acredita-se que ossistemas dopaminérgico, adrenérgico e serotoninérgico desempenham um papel na fisiopatologia desta condição. O bruxismo primário apresenta causas idiopáticas, já o bruxismo secundário está associado a outros fatores como doenças, distúrbios psiquiátricos, uso de medicamentos, uso de substâncias e outros (LOBBEZOO et al., 1996). Fatores genéticos, stress, ansiedade e hiperatividade podem ser fatores associados ao desenvolvimento do bruxismo (SHETTY et al., 2010). Além disso, fatores externos como o consumo excessivo de nicotina, álcool, cafeína e alguns tipos de medicação (Fluoxetina, Valproato de Sódio, Atomoxetina) ou a presença de algumas doenças como asma, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), refluxo gastroesofágico, distúrbios de movimento podem estar associados com a presença do bruxismo (AFRASHTEHFAR et al., 2014; BAHALI et al., 2014; AMATO et al., 2015). A grande exposição ao fumo passivo e o impacto ambiental durante o tempo de sono, por exemplo, presença de ruído e luz no quarto, e o sono com duração menor que 8 horas podem ser considerados fatores de risco ao desenvolvimento de BS em crianças (CASTROFLORIO et al, 2015). Normalmente, o BS está associado aos microdespertares durante o período do sono. Crianças com bruxismo do sono têm maiores índices de distúrbios do sono e problemas de atenção-comportamento (HERRERA et al., 2006). Portanto, estudos revelam uma associação entre a respiração e episódios de bruxismo do sono, já que o apertamento e ranger dos dentes podem contribuir para o aumento da patência das vias aéreas (LAVIGNE et al., 2002). 5.3 Epidemiologia Estudos revelam um declínio da prevalência do bruxismo do sono com a idade e que não existe uma diferença significativa entre os sexos. A prevalência do bruxismo pode variar de 3,5% a 40 % (MANFREDINI et al., 2013). Um estudo realizado no Brasil com 749 crianças de 3 a 5 anos revelou uma prevalência de 14% de bruxismo do sono (VIEIRA-ANDRADE et al., 2014). 15 O BS tem um início precoce em crianças, geralmente inicia-se com 1 ano de idade, logo após a erupção dos incisivos decíduos (IERARDO et al., 2019). O BS pode estar presente concomitantemente ao bruxismo de vigília (AFRASHTEHFAR et al., 2014). Estudos demonstram que crianças com migrânea apresentam alta prevalência (29%) de bruxismo do sono. E que as crianças com bruxismo do sono apresentam três vezes mais chance de relatar cefaléias (CARRA et al., 2012). 5.4 Sinais e sintomas O bruxismo pode apresentar diversos sinais e sintomas. Dentre eles, os mais comuns são a hipertrofia dos músculos masseter e temporal, a dor nos músculos da mastigação e cervicais, a presença de língua edentada, os desgastes nas superfícies incisais e/ou oclusais dos dentes, a hipersensibilidade dentária, as lesões dentárias cervicais não cariosas, a presença de fratura dentária ou das restaurações dentárias, a presença de linha alba fortemente marcada na mucosa jugal e a presença de cefaléias (AFRASHTEHFAR et al., 2014, IERARDO et al., 2019). O BS é frequentemente associado à dor orofacial, dores de cabeça e distúrbios do sono, como apnea (GUIDETTI et al., 2014). Além disso, o BS, também, pode estar associado ao desgaste dentário. No entanto, a presença de facetas de desgastes em crianças é questionável, já que pode estar relacionado à alimentação ácida, presença de hábitos bucais deletérios e não necessariamente indica atividade de bruxismo (TAJI E SEOW, 2010; VIEIRA-ANDRADE et al., 2014). 5. 5 Tratamento 5.5.1. Tratamento farmacológico Diversos fármacos são utilizados para o manejo da dor presente no bruxismo na população adulta, tais como, analgésicos, anti-inflamatórios, relaxantes musculares, benzodiazepínicos, antagonistas beta-adrenérgicos e outros. O problema é que não existe uma droga e posologia de escolha para crianças. O manejo farmacológico do bruxismo em crianças deve ser bastante cauteloso e normalmente deve ser realizado em curto prazo, principalmente nos casos de 16 ansiedade. Até o momento, nenhum tratamento efetivo para eliminar permanentemente o bruxismo do sono foi identificado (HOWARD, 2013). Benzodiazepínicos Este medicamento pode ser usado em casos de bruxismo grave e apresenta evidência em reduzir os índices de bruxismo. A droga apresenta efeito ansiolítico, hipnótico e em doses mais elevadas acrescenta-se o efeito miorrelaxante (WITEK et al., 2005). Em um ensaio clínico randomizado, duplo-cego, com 109 crianças tratou o bruxismo com 2,5 ou 10 mg de Diazepam por 12 semanas não encontrou diferença entre o grupo teste e controle. Eles demonstram que o placebo reduziu durante o período de uso os episódios de bruxismo. O que leva ao eixo psicológico atrelado ao bruxismo. Portanto, é melhor ter cautela ao prescrever esse medicamento para criança pois não existe evidencia cientifica forte que corrobore seu uso e devido aos efeitos colaterais (MOSTAFAVI et al., 2019). Devido aos seus efeitos colaterais, tais como, confusão, depressão, tolerância, dependência, sonolência, o seu uso deve ser de curto-prazo. O uso desse medicamento de até 12 semanas ainda é seguro para a população infantil (WITEK et al., 2005). Dessa forma, o uso de benzodiazepínicos em crianças para o tratamento do bruxismo deve ser bastante cauteloso (DE LA HOZ-AIZPURUA et al., 2011). Relaxantes musculares No caso de uma fase aguda do BS, prescrever um relaxante muscular temporariamente até que o gerenciamento BS mencionado acima possa ser aplicado (AFRASHTEHFAR et al., 2014). Anticonvulsivantes O valproato de sódio possui propriedades anticonvulsivantes e na manutenção do humor. Dentre suas indicações, este pode ser utilizado no tratamento da ansiedade e migrânea. Pelo fato da ansiedade e distúrbios emocionais estarem relacionados ao bruxismo do sono, até certo ponto, o valproato de sódio pode aliviar estes sintomas e, indiretamente, reduzir os sintomas de bruxismo do sono. No entanto, o medicamento é utilizado para outros fins e não para 17 o tratamento do bruxismo do sono em si. Para o tratamento especificamente do bruxismo faz-se necessário mais estudos neste sentido, especialmente para seu uso no público infantil (LIN E TANG, 2013). Anti-histamínicos A hidroxizina é um anti-histamínico antagonista do receptor H1. Apesar de não ser o fármaco de primeira escolha, pode ser usado para o tratamento de transtornos de ansiedade em crianças. Possui efeitos ansiolíticos e anti-estresse e sua atividade ansiolítica pode estar relacionada à supressão de certas regiões subcorticais (GUAIANA et al., 2010). A eficácia da hidroxizina pode estar relacionada ao aumento da profundidade do sono, diminuição da ansiedade e indução do relaxamento muscular. Aparentemente a hidroxizina, por seus efeitos ansiolíticos, melhora os quadros de bruxismo em crianças. Vale ressaltar que o fármaco pode ajudar no controle dos distúrbios obstrutivos respiratórios e, neste caso, colaborar com o controle do bruxismo do sono (MACALUSO et al., 1998; RESTREPO et al., 2001). A hidroxizina apresenta alguns efeitos adversos como, boca seca, sonolência e tontura. A vantagem é a ausência do risco de dependência (DE LA HOZ- AIZPURUA et al., 2011). Considera-se que o fármaco diminui o bruxismo do sono e é bem tolerada pelo público infantil (GHANIZADEH e ZARE, 2013). A prescrição de hidroxizina por 4 semanas tem um efeito considerável na diminuição da gravidade do bruxismo (RAHMATI et al., 2015). Apesar de pouca evidência, o fármaco deve ser considerado no tratamento de crianças com bruxismo do sono (DE LA HOZ-AIZPURUA et al., 2011). Uma recente revisão sistemática com metanálise revela que apesar das fracas evidências disponíveis de terapia BS em crianças, a farmacoterapia com hidroxizina é o tratamento mais eficaz na redução dos sintomas e sinais de BS durante um períodode quatro semanas (IERARDO et al., 2019). Toxina botulínica O tratamento com a toxina botulínica é considerado uma abordagem invasiva e não deve ser utilizada em crianças (DE LA HOZ-AIZPURUA et al., 2011). 18 Homeopatia Um ensaio clínico controlado, triplo-cego, randomizado, realizado com 52 crianças demonstra que o uso de M. officinalis (erva-cidreira) em associação ou não do uso de P. Decandra (caruru-de-cacho) foi eficiente no tratamento do possível BS em crianças. Ambos os medicamentos são produtos naturais e não houveram efeitos colaterais físicos relatados pelos pais / responsáveis após o seu uso (TAVARES-SILVA et al., 2019). A M. officinalis pode ser empregada como um agente terapêutico natural devido aos seu efeitos sedativos, propriedades ansiolíticas, antiinflamatórias e antiespasmódicas inerentes ao óleo essencial obtido de suas folhas (BORTOLETTO et al., 2016). O uso de Phytolacca decandra é indicado para a diminuição do ranger e apertar dos dentes (VIJNOVSKY, 1974). As vantagens dos medicamentos homeopáticos são baixo custo, alta disponibilidade, poucos efeitos colaterais e o estes podem ser tomados indefinidamente (TAVARES-SILVA et al., 2019). 5.5.2 Placas oclusais A placa oclusal rígida é um tratamento comum para o bruxismo em adultos. O tratamento induz o relaxamento muscular, reduz a pressão sobre as ATM e protege os dentes do atrito e do desgaste. Pode-se considerar a utilização de placa oclusal para evitar maiores danos às estruturas orofaciais e para reduzir os sintomas. No entanto, não existe evidências científicas suficientes que suportam o seu uso na dentição decídua e mista (RESTREPO et al., 2011). Alguns autores contraindicam o uso da placa oclusal devido a presença de crescimento e desenvolvimento orofacial (RESTREPO et al., 2011; AFRASHTEHFAR et al., 2014). A placa oclusal é utilizada para pacientes com bruxismo com o intuito de prevenir o desgaste dentário e distribuir as forças oclusais. O uso da placa poderia prevenir comportamentos de hiperatividade e temperamental de crianças (GIANNASI et al., 2013). Alguns benefícios da utilização da placa estabilizadora pode ser a redução nos sons advindos de ranger os dentes e das dores de cabeça e melhora no humor da criança ao despertar (GIANNASI et al., 2013). 19 As placas estabilizadoras são apenas uma tentativa de evitar danos ao bruxismo (DE LA HOZ-AIZPURUA et al., 2011), mas sua eficácia para reduzir a ansiedade e os sinais e sintomas de bruxismo em crianças não foi comprovado (RESTREPO et al., 2011). Também, deve-se considerar a necessidade de contar com a colaboração da criança e seus pais (RESTREPO et al., 2011). 5.5.3 Disjunção palatina A maior parte dos pacientes com bruxismo apresentam respiração bucal e deficiência transversa da maxila (LAVIGNE et al., 2002; RESTREPO et al., 2008). A realização da Expansão Rápida da Maxila (ERM) aumenta o volume da cavidade nasal e melhora a passagem de ar pelo nariz. Dessa forma, a ERM para tratar crianças em casos de bruxismo associado à síndrome de apneia do sono visa aumentar o tamanho das vias aéreas, melhorando a respiração e reduzindo o BS (SERRA-NEGRA et al., 2016). Pesquisadores encontraram uma melhora em 65% dos casos de crianças que possui bruxismo e realizaram a ERM. A ERM promoveu uma diminuição da atividade dos músculos mastigatórios. A ERM deve ser utilizada como tratamento coadjuvante em crianças com bruxismo (BELLERIVE et al., 2015). 5.5.3 Controle comportamental Atualmente, não há um tratamento efetivo com efeito permanente para o bruxismo. Abordagens paliativas são bastante recomendadas. Espera-se que o autogerenciamento do bruxismo através do auto relaxamento reduza a frequência e intensidade do bruxismo acordado. O tratamento psicológico trabalhando em conjunto com terapia comportamental e técnicas de relaxamento visa corrigir fatores ambientais e hábitos pessoais. O cirurgião-dentista deve considerar o controle do estresse, as técnicas de relaxamento muscular, a terapia cognitivo-comportamental, o biofeedback e as alterações dos hábitos de vida para o tratamento multiprofissional do bruxismo. Em conjunto, todas informações relacionadas à presença do bruxismo e seus fatores 20 associados devem ser direcionadas aos pais e à criança (AFRASHTEHFAR et al., 2014). Deve-se educar o paciente sobre a presença, os sinais e os sintomas do bruxismo. Além disso, deve-se reforçar a importância de manter hábitos adequados de sono e higiene bucal para as crianças e os seus pais/responsáveis. Para controlar o bruxismo tônico, a criança deve-se tornar consciente da atividade. Ou seja, é necessário estratégias que a lembre e a conscientize quando estiver apertando os dentes e lembrar que se deve manter os lábios juntos e os dentes separados (HOWARD, 2013). Os pais, também, devem considerar a participação em aulas de relaxamento, terapia e atividades físicas aeróbicas para ajudar a reduzir o estresse e melhorar o sono. Assim, espera-se reduzir e controlar o estresse do paciente e pode ser eficaz em conjunto com outros tratamentos na redução do bruxismo (DE LA HOZ- AIZPURUA et al., 2011). Os responsáveis devem criar um ambiente de sono tranquilo e escuro e estabelecer uma hora de dormir regular, já que um sono inquieto ou perturbado geralmente aumenta o bruxismo. Além, disso, evitar a ingestão excessiva de alimentos que contenham cafeína antes de dormir, como chocolates e alguns refrigerantes (HOWARD, 2013). 21 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Como o bruxismo não apresenta uma causa definida não se espera que somente um tratamento resolva o problema de todos os indivíduos. A combinação de tratamentos e a individualização são importantes na abordagem terapêutica para o bruxismo. O tratamento deve consistir em um trabalho multidisciplinar que abrange odontologia, medicina e psicologia. Os profissionais da saúde devem estar cientes da escassez existente de evidências sobre o manejo do bruxismo em crianças, principalmente quanto a abordagem do bruxismo de vigília. Portanto, o tratamento do bruxismo, especialmente em crianças, ainda é não possui consenso na literatura. Por não haver tratamento específico para o bruxismo, deve-se realizar o manejo de acordo com os fatores existentes para evitar complicações dentárias futuras e com a idade da criança. 22 REFERÊNCIAS AFRASHTEHFAR, K. I.; AFRASHTEHFAR, C. D.; HUYNH, N. Managing a patient with sleep bruxism. J Can Dent Assoc, p.e48. 2014 AMATO, J. N. et al. Assessment of sleep bruxism, orthodontic treatment need, orofacial dysfunctions and salivary biomarkers in asthmatic children. Arch Oral Biol, v. 60, n. 5, p. 698-705, May 2015. BAHALI, K.; YALCIN, O.; AVCI, A. 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