Cartilha Bruxismo Infantil - Última versão

Prévia do material em texto

uma cartilha sobre o bruxismo infantil
Percebi que meu filho
range os dentes
e agora?
Projeto de Extensão:
Dores Orofaciais e Distúrbios da ATM
(Grupo de Estudos em Dor Orofacial - GEDO)
Realização
Universidade Federal do Ceará
Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem
Curso de Odontologia
Mas antes de tudo... o que é bruxismo?
O bruxismo é uma desordem que se caracteriza pelo ranger ou apertar os dentes e
pode ser classificado de acordo com o ritmo circadiano, podendo ser BRUXISMO EM
VIGÍLIA ou BRUXISMO DO SONO.
bruxismo em vigília
Atividade dos músculos
mastigatórios durante o dia,
caracterizada por contato
dentário repetitivo ou
sustentado e/ou contração
muscular sem necessariamente
apresentar contatos dentários.
bruxismo do sono
Atividade dos músculos
mastigatórios caracterizada
pelo ranger ou apertar dos
dentes involuntariamente
durante o sono. 
Som característico de
ranger os dentes durante o
sono, geralmente
detectado pelos pais,
cuidadores ou responsáveis
Fique atento aos prováveis
sinais e sintomas
mais comuns 
Do
r e c
ansaço na m
usculatura
m
astigatóra
Fonte: Google Imagens
D
o
res
de
cabeça
Fonte: G
oog
le
Im
agens
De
sg
as
te
do
s
de
nt
es
, pr
incipalmente do canino 
Fonte: FIRM
ANI
et
al.
, 2
01
5
MAS ATENÇÃO!!
Por isso, ao perceber qualquer sinal ou sintoma de bruxismo, procure o cirurgião-dentista
para obter um diagnóstico e para investigar possíveis fatores associados. 
Não confundir o bruxismo com o desgaste fisiológico dos dentes decíduos
(dentes de leite). Além disso, o bruxismo pode ser um sinal de que algo não
está bem no organismo e que precisa ser investigado!
principais fatores associados 
Fatores emocionais
Má qualidade de sono
Refluxo gastroesofágico
Problemas respiratórios
Uso de fármacos exacerbadores
Sendo assim, delegar diversas atividades
escolares e domiciliares a uma criança com
alto senso de responsabilidade pode fazê-la
se sentir estressada.
fatores emocionais
O bruxismo é considerado um mecanismo de
liberação de tensão, então, a associação dessa
condição com o estresse e com o alto senso de
responsabilidade é esperada.
reserve um tempo para a criança fazer
atividades prazerosas, como:
brincar
p
raticar atividade físic
a
re
al
iz
ar
um
a b
oa
leitu
ra
ter algum
hobby
Por isso...
A terapia cognitivo-comportamental
pode ser indicado em alguns casos
para ajudar a criança a lidar melhor
com os próprios fatores emocionais,
como ansiedade, falta de atenção,
depressão e outros.
Além disso, o acompanhamento
psiquiátrico pode ser necessário em
alguns casos. 
Livros e filmes infantis são muito
utilizados para ensinar a criança a lidar
com as próprias emoções.
Inclusive…
Indicação de filmes
Indicação de livros 
Casa dos
sentimentos 
E foi assim que eu e a
escuridão ficamos
amigas 
O monstro
das cores 
O livro dos
sentimentos 
Sou
l 
D
iv
er
ti
d
a
m
en
te
má qualidade de sono
Insônia;
Apneia Obstrutiva do Sono;
Sonilóquio (falar durante o sono);
Enurese (urinar enquanto dorme).
Problemas relacionados ao sono são
comumente relatados em crianças, como:
O bruxismo do sono tem sido relacionado a
uma má qualidade de sono, comumente
associada a uma duração inadequada de sono,
múltiplos despertares e sono não reparador. 
Por isso, a higiene do sono inclui diversas
mudanças de hábitos para melhorar a
qualidade de sono.
Criar uma rotina antes de dormir;
Contar histórias, ouvir uma música calma...
A leitura antes da hora de dormir pode diminuir atividades não
adaptativas que têm sido associadas a resultados negativos do
sono, como assistir televisão e utilizar aparelhos eletrônicos;
Cantar músicas ou canções de ninar para crianças pode diminuir a
excitação infantil e aumentar o relaxamento, promovendo assim o
início do sono.
A seguir temos algumas recomendações
para uma boa noite de sono.
Evitar o consumo de alimentos estimulantes antes de
dormir (café, refrigerante, chocolate...);
Evitar consumo exagerado de líquidos antes de dormir,
para evitar idas ao banheiro;
Manter uma rotina (mesmo horário de dormir e acordar);
Preparação do ambiente: cama confortável, controle de
ruídos, temperatura e luminosidade;
Evitar uso de televisão, computadores, celulares,
brinquedos e jogos antes de dormir. Se for
utilizar algum dispositivo eletrônico, que seja
para reprodução de músicas tranquilas e
narrações de histórias;
Prática de exercícios físicos;
Exercícios físicos leves de 5 a 6 horas antes de deitar.
Atividades prazerosas têm um impacto positivo na
qualidade do sono e crianças que praticam algum tipo
de esporte parecem apresentar um risco diminuído para
bruxismo do sono (SERRA-NEGRA et al., 2013).
Imagine Só -
Histórias para
Crianças
 
Histórias Infantis
- Contação da
rua
 
Era uma vez
Um Podcast
 
Histórias de Ninar
para Garotas
Rebeldes
 
Mil pássaros: Sete
histórias de Ruth
Rocha
Canção de
Ninar 2021
al
g
u
m
as
 s
u
g
es
tõ
es
 d
e 
p
la
yl
is
ts
 e
p
od
ca
st
s 
n
o 
sp
ot
ify
 p
ar
a 
aj
u
d
ar
 n
o 
so
n
o
Ter uma duração de sono
de acordo com a faixa
etária.
Associação Brasileira do Sono. Semana do sono. Cartilha do sono 2020. 
0-3 meses 4-11 meses 1-2 anos 3-5 anos 6-13 anos 14- 17 anos 18-25 anos 26-64 anos 65+ anos
h
or
as
 d
e 
so
n
o
problemas respiratórios
A presença constante de processos alérgicos e
distúrbios respiratórios crônicos podem 
 acentuar episódios de bruxismo infantil.
Parece haver uma maior associação entre o
bruxismo e problemas respiratórios que
acometem as vias aéreas superiores e causam
obstrução nasal, como rinite e sinusite.
A rinite é uma inflamação da mucosa do nariz, apresentando sintomas como "nariz entupido", "coceira
no nariz", espirros, "nariz escorrendo", dentre outros.
A sinusite é uma inflamação dos seios nasais que gera sintomas como dor de cabeça, corrimento nasal e
sensação de peso no rosto, especialmente na testa e nas maçãs do rosto.
É importante saber que o bruxismo infantil
pode estar associado a Síndrome da
Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS). 
É um distúrbio relacionado com o colapso das vias aéreas
superiores, causando paradas respiratórias totais (apneias) ou
parciais (hipopneias), associada a despertares noturnos.
O que é a SAOS? 
Fatores de risco incluem histórico familar, hipertrofia de
amígdalas, obesidade e anomalias craniofaciais.
O diagnóstico e acompanhamento por um médico é
essencial no manejo da SAOS.
Mexer-se muito durante o sono;
Domir com a boca aberta;
Ronco alto;
Parar de respirar;
Mau humor ao acordar.
Alguns comportamentos e/ ou sinais das
crianças, realizados durante o dia ou a noite,
podem ser um indicativo da presença de
distúrbios que contribuem para episódios de
bruxismo. 
refluxo gastroesofágico
A acidez do esôfago, combinada com o
menor fluxo salivar durante o sono, parece
promover episódios de bruxismo para
produção de maior quantidade de saliva e,
consequentemente, neutralização ácida.
Os principais sintomas do refluxo incluem
não só azia e regurgitação, como também
tosses e dores de garganta.
Por isso, ao percerber qualquer sinal ou
sintoma de refluxo, procure um médico
gastroenterologista para diagnóstico e
tratamento.
uso de fármacos exacerbadores
FIQUE ATENTO!!!
Alguns medicamentos também
podem causar a exacerbação do
bruxismo do sono. 
Caso tenha observado início ou aumento
de episódios de bruxismo após a criança
iniciar uma terapia medicamentosa,
consulte o médico para buscar possíveis
associações e resoluções.
acredita-se que há uma associação entre o
BRUXISMO E O 
TRANSTORNO DO DÉFICIT DE
ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE
(TDAH).
Os mecanismos das duas condições são semelhantes
entre si, podendo haver uma correlação.
No entanto, o principal medicamento para tratamento
do TDAH é o metilfenidato, mais popularmente
conhecido como ritalina, um estimulador do sistema
nervoso, que tem sido associado ao bruxismo.
Além disso...
Outros medicamentos que podem estar associados a
exacerbação do bruxismosão: duloxetina, paroxetina,
venlafaxina e barbitúricos. 
Otorrinolaringologista
Médico
do Sono
Psicólogo
Gastroenterologista
Psiquiatra
Pneumologista
Cirurgião-dentista
As mudanças comportamentais são as principais ferramentas para
o controle do bruxismo.
O controle do bruxismo é multidisciplinar, envolvendo cirurgião-
dentista e outros profissionais da área da saúde.
O uso de placas oclusais lisas confeccionadas em materiais rígidos
pode ser indicado em alguns casos para proteção dos dentes,
desde que tenham retornos periódicos para ajustes.Como deve ser
o controle do
bruxismo em
crianças?
Cirurgião-dentista
Quais são as
indicações de
uso da placa
oclusal? 
Irá avaliar se a criança apresenta desgaste severo
nos dentes, principalmente nos permanentes, em
caso positivo, recomenda-se o uso de placa oclusal,
corretamente confeccionada e com reavaliações
frequentes.
As placas oclusais são dispositivos intraorais não invasivos. Possui ação
quando é utilizada, portanto, seu efeito é reversível. O seu uso não é capaz
de limitar o crescimento ósseo, já que a genética é preponderante nesse
processo, fazendo com que a placa fique desajustada e necessite de
reajustes.
Fonte: FIRMANI et al., 2015
Fonte: GIANNASI et al., 2013
E quando a
placa oclusal
não é
indicada? 
O uso da placa oclusal também é contra-indicado para crianças com
necessidades especiais sem desenvolvimento cognitivo adequado
para cooperação e/ou que apresentem crises convulsivas.
E não esqueça! Crianças também apresentam desgaste
fisiológico dos dentes decíduos. Além disso, é comum observar
relatos de redução de bruxismo com o avançar da idade.
O uso da placa oclusal é contra-indicado quando é detectado
um fator associado ao bruxismo e que pode ser modificado.
Tudo bem...
Levei meu filho ao cirurgião-dentista e ele indicou o uso da placa oclusal.
Quais cuidados devo ter agora?
Para aumentar a longevidade da
placa, é importante ter alguns
cuidados...
Assim como os dentes, as placas oclusais
também estão susceptíveis ao acúmulo
de biofilme,
por isso devemos fazer a higienização
delas todos os dias.
Separe uma escova macia
para uso exclusivo da placa.
O uso de cremes dentais
não é indicado, pois podem
causar arranhões e atritos.
Utilize detergente neutro
para auxiliar a higienização. 
a higienização deve ser
suave e feita por toda a
superfície da placa.
Para melhorar ainda mais a higienização da
placa, o uso de um meio detergente, bactericida
e fungicida duas vezes por semana é
importante. 
Para isso, há duas opções: 
Imergir a placa em 200ml de
água + 1 colher de água sanitária
por 20 minutos.
Imergir a placa em 200ml de
água + pastilhas efervescentes
de higienização de dentaduras
por 5 minutos.
cuidados com a placa oclusal
Cuidado com a placa!
Não a deixe cair no chão.
Mantenha protegida em
recipientes plásticos!
Importante retornar frequentemente
ao cirurgião-dentista para reajustes da
placa oclusal.
Quem somos
Este é um projeto de extensão vinculado ao curso de Odontologia da Universidade Federal do Ceará
que tem como objetivo realizar a Educação em Saúde sobre a Disfunção Temporomandibular, seus
fatores de risco e auto-manejo, bem como tratar indivíduos com esta desordem e capacitar
acadêmicos e profissionais para o correto manejo.
Para dúvidas e informações, entrar em contato através:
E-mail: ufcgedo@gmail.com
Instagram: @gedoufc
Projeto de Extensão Dores Orofaciais e Distúrbios da ATM (Grupo de Estudos e Dor Orofacial - GEDO)
Grupo de Estudos em Odontopediatria (GEOP)
Este é um projeto de extensão vinculado ao curso de Odontologia da Universidade Federal do Ceará que tem
como objetivo o atendimento clínico preventivo, curativo e educação em saúde bucal para crianças de 0 a 3
anos de idade, assim como capacitar acadêmicos e responsáveis para uma boa condução do atendimento e
educação bucal desses pacientes.
Para dúvidas e informações, entrar em contato através:
E-mail: geopufc2020@gmail.com
Instagram: @geopufc
Autoria
Maria Alice Vale de Lima (Discente. Bolsista PIBIC)
Susana Joice Mendes Maia (Discente)
Profa. Dra. Lívia Maria Sales Pinto Fiamengui
Profa. Dra. Karina Matthes de Freitas Pontes
Profa. Dra. Patrícia Leal Dantas Lobo
Profa. Dra. Ana Cristina de Mello Fiallos
Prof. Dr. Antônio Materson da Silva
Prof. Dr. Marcelo Barbosa Ramos
Prof. Dr. Raniel Fernandes Peixoto
Prof. Dr. Rômulo Rocha Regis
Prof. Dr. Wagner Araújo de Negreiros
Associação Brasileira do Sono. Semana do Sono. Cartilha do Sono 2020. Disponível em: <http://www.semanadosono.com.br/assets/ cartilha_semana_sono_2020.pdf>.
BULANDA, S. Sleep Bruxism in Children: Etiology, Diagnosis, and Treatment-A Literature Review. Int J Environ Res Public Health. v.18, 2021.
DOS SANTOS, Tatiane Ramos et al. CONTROLE DO BRUXISMO DO SONO NA INFÂNCIA: REVISÃO DE LITERATURA. Revista Rede de Cuidados em Saúde, v. 14, n. 1, 2020.
DRUMOND, Clarissa Lopes et al. Respiratory disorders and the prevalence of sleep bruxism among schoolchildren aged 8 to 11 years. Sleep and Breathing, v. 21, n. 1, p. 203-
208, 2017.
GIANNASI, Lilian Chrystiane et al. Effect of an occlusal splint on sleep bruxism in children in a pilot study with a short-term follow up. Journal of bodywork and movement
therapies, v. 17, n. 4, p. 418-422, 2013.
GRECHI, Tais H. et al. Bruxism in children with nasal obstruction. International journal of pediatric otorhinolaryngology, v. 72, n. 3, p. 391-396, 2008.
FARROKHI, F.; VAEZI, M. F. Extra‐esophageal manifestations of gastroesophageal reflux. Oral diseases, v. 13, n. 4, p. 349-359, 2007.
FIRMANI, Monica. et al. Sleep bruxism in children and adolescents. Rev Chil Pediatr. v.86 n.5, p.373-9, 2015. 
LOBBEZOO, F. et al. International consensus on the assessment of bruxism: Report of a work in progress. Journal of oral rehabilitation, v. 45, n. 11, p. 837-844, 2018.
MANFREDINI, Daniele et al. Theories on possible temporal relationships between sleep bruxism and obstructive sleep apnea events. An expert opinion. Sleep and Breathing,
v. 19, n. 4, p. 1459-1465, 2015.
MARCUS, Carole L. et al. Diagnosis and management of childhood obstructive sleep apnea syndrome. Pediatrics, v. 130, n. 3, p. e714-e755, 2012.
MELO, Gilberto et al. Association between psychotropic medications and presence of sleep bruxism: A systematic review. Journal of oral rehabilitation, v. 45, n. 7, p. 545-554,
2018.
MINDELL, Jodi A.; WILLIAMSON, Ariel A. Benefits of a bedtime routine in young children: Sleep, development, and beyond. Sleep medicine reviews, v. 40, p. 93-108, 2018.
OHMURE, H. et al. Influence of experimental esophageal acidification on sleep bruxism: a randomized trial. Journal of dental research, v. 90, n. 5, p. 665-671, 2011.
Ortega AL, Zwir LF, Barbosa JS, Guimarães AS. Bruxismo na infância. In: Corrêa, MSNP. Odontopediatria na primeira infância, uma visão multidisciplinar. 4ª edição. São Paulo.
Editora Quintessence, 2017. 336 – 343.
Ortega AL. Bruxismo em odontopediatria.In: Imparato, JCP e Autores. Anuário 2: Odontopediatria Clínica Integrada e Atual. 1ª edição. São Paulo: Editora Napoleão, 2015.
SERRA-NEGRA, Junia Maria et al. Environmental factors, sleep duration, and sleep bruxism in Brazilian schoolchildren: a case-control study. Sleep medicine, v. 15, n. 2, p. 236-
239, 2014.
SERRA-NEGRA, Junia Maria et al. Relationship between tasks performed, personality traits, and sleep bruxism in brazilian school children-a population-based cross-sectional
study. PLoS One, v. 8, n. 11, p. e80075, 2013.
SERRA-NEGRA, Junia M. et al. Association among stress, personality traits, and sleep bruxism in children. Pediatric dentistry, v. 34, n. 2, p. 30E-34E, 2012.
SERRA‐NEGRA, JUNIA M. et al. Influence of psychosocial factors on the development of sleep bruxism among children. International journal of paediatric dentistry, v. 19, n. 5,
p. 309-317, 2009.
SOARES, Josiane Pezzini et al. Prevalence of clinical signs and symptoms of the masticatory system and their associations in children with sleep bruxism: A systematic
reviewand meta-analysis. Sleep Medicine Reviews, p. 101468, 2021.
SOUTO-SOUZA, Debora et al. Is there an association between attention deficit hyperactivity disorder in children and adolescents and the occurrence of bruxism? A
systematic review and meta-analysis. Sleep medicine reviews, v. 53, p. 101330, 2020.
TACHIBANA, M. et al. Associations of sleep bruxism with age, sleep apnea, and daytime problematic behaviors in children. Oral diseases, v. 22, n. 6, p. 557-565, 2016.
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
16.
17.
18.
19.
20.
21.
22.
23.
Referências