Buscar

Influência dos Pais na Alimentação

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ROTINAS QUE AFETAM AS ESCOLHAS ALIMENTARES DAS FAMÍLIAS: 
Uma revisão de literatura 
 
Débora da Silva Soares Chaves¹; Rosiane Rodrigues dos Santos²; 
Davison Arruda da Silva 
¹ Debora da Silva Soares Chaves discente do curso de nutrição (Universidade da Amazônia - Unama) 
² Rosiane Rodrigues dos Santos discente do curso de nutrição (Universidade da Amazônia - Unama) 
Davison Arruda da Silva docente do curso de nutrição (Universidade da Amazônia - Unama) 
E-mail para correspondência: deborasoares26@gmail.com; rosianerodrigues2006@gmail.com 
 
 
RESUMO 
 
Os pais influenciam a alimentação que está agregada ao poder aquisitivo, ao nível de escolaridade e 
conhecimento nutricional, fator que costuma ser decisório para formação do hábito alimentar na 
primeira infância. O objetivo desse estudo é de revisar a literatura sobre a influência das rotinas dos 
pais na formação dos hábitos alimentares da criança na primeira infância e na família. Trata-se de um 
estudo de revisão de literatura, realizado com artigos obtidos através de pesquisas nas bases de 
dados Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), Google Acadêmico e Periódicos da Capes, 
em idiomas português, inglês e espanhol nos últimos 5 anos. Foram identificados 84 artigos para a 
elaboração e construção do presente estudo, porém depois de uma refinada análise observamos que 
apenas 15 poderiam ajudar na composição e construção desse material. Identificou-se que os estilos 
parentais que parece mais associados a prejuízos alimentares da criança, são os que se relacionam 
à formas controladoras e/ou negligentes. Por outro lado, o estilo parental de apoio parece buscar 
entender os sinais e desejos internos do filho e estimular sua integração com o meio social ao qual 
está inserido. Quanto mais cedo os pais compartilharem refeições saudáveis com as crianças, mais 
rápido ela irá entender a importância da alimentação como ato protetor para evitar excesso de peso, 
obesidade e doenças crônicas. Os pais sendo o foco das intervenções alimentares podem influenciar 
de forma ativa na preferência e no desenvolvimento dos hábitos alimentares infantis bem como de 
toda a família. 
Palavras chave: 
Comportamento alimentar, conhecimento, crescimento e desenvolvimento, dieta, doença crônica, 
escolaridade, família. 
 
Abstract 
Parents influence diet, which is linked to purchasing power, level of education and nutritional 
knowledge, a factor that is usually decisive for the formation of eating habits in early childhood. The 
objective of this study is to review the literature on the influence of parents' routines on the formation 
of children's eating habits in early childhood and within the family. This is a literature review study, 
carried out with articles obtained through searches in the Scientific Electronic Library Online 
(SCIELO), Google Scholar and Capes Periodicals databases, in Portuguese, English and Spanish 
over the last 5 years. 84 articles were identified for the preparation and construction of this study, but 
after a refined analysis we observed that only 15 could help in the composition and construction of this 
material. It was identified that the parenting styles that seem most associated with children's eating 
disorders are those that are related to controlling and/or negligent forms. On the other hand, the 
supportive parenting style seems to seek to understand the child's internal signals and desires and 
encourage their integration with the social environment in which they are inserted. The sooner parents 
share healthy meals with children, the faster they will understand the importance of nutrition as a 
protective act to avoid overweight, obesity and chronic diseases. Parents being the focus of dietary 
interventions can actively influence the preference and development of children's eating habits as well 
as the entire family. 
Key words: Eating behavior, knowledge, growth and development, diet, chronic illness, education, 
family. 
2 
 
INTRODUÇÃO 
 
A sociedade contemporânea vivencia uma rotina bem diferente se 
compararmos à de outras gerações. Tudo gira em torno do instantâneo, acelerado, 
tudo tem que ser imediato uma vez que estamos na era digital. No entanto, essa 
velocidade acaba influenciando rotinas de alimentação em indivíduos de todas as 
faixas etárias, inclusive de crianças. A maioria é cercada por estresses cotidianos, 
exemplos: trabalho fora de casa, acompanhar o desenvolvimento dos filhos na 
escola, rotina da família dentro e fora de casa, alimentação e nutrição da família, 
dentre outros assuntos intrínsecos, dificultando o acesso a uma alimentação caseira 
e saudável (SCHUBERT; SCHNEIDER; MÉNDEZ, 2021). 
Desde os primórdios da humanidade, a alimentação é uma questão 
fundamental para a sustentação da vida. No decorrer das eras históricas, o cardápio 
tornou-se mais amplo. Porém, nos últimos anos as escolhas alimentares dos 
brasileiros apresentaram um significativo aumento no consumo de alimentos 
processados e ultraprocessados e diminuição da ingestão de alimentos in natura 
(MELO et al., 2020). De acordo com Melo et al. (2020), no mundo atual, repleto de 
fast-foods e facilidades trazidas pelos alimentos industrializados, a alimentação 
saudável tem sido deixada de lado, tal fator é cada vez mais refletido em pesquisas 
acerca de problemas trazidos com a má alimentação. 
A Obesidade abdominal, atualmente acometendo milhares de brasileiros, 
também denominada como obesidade androide, é caracterizada pelo aumento da 
concentração de gordura na região abdominal, sendo esta considerada um fator de 
risco independente para distúrbios metabólicos (FRÖHLICH et al., 2019). A 
prevalência de obesidade abdominal vem crescendo nos últimos anos, sendo mais 
frequente nas mulheres do que nos homens. Além disso, uma associação 
significativa entre obesidade abdominal e mortalidade é verificada na literatura 
científica. 
O médico e nutrólogo argentino Pedro Escudero recomendou, em 1934, que 
uma alimentação saudável fosse aquela qualitativamente completa, 
quantitativamente suficiente, harmoniosa em sua composição e apropriada à sua 
finalidade e a quem se destina. Durante muito tempo, as preocupações em relação à 
alimentação estiveram centradas no elevado consumo de alimentos com alto teor de 
açúcar, sódio e gordura. As preocupações são pertinentes, já que o elevado 
3 
 
consumo desses alimentos, aliado a fatores como sedentarismo e estresse, está 
relacionado à incidência de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (MARTINELLI; 
CAVALLI, 2019). 
Na literatura, existe um consenso de que a etiologia da obesidade é bastante 
complexa, apresentando um caráter multifatorial. Envolve, portanto, uma gama de 
fatores, incluindo os históricos, ecológicos, políticos, socioeconômicos, 
psicossociais, biológicos e culturais. Ainda assim, nota-se que, em geral, os fatores 
mais estudados da obesidade são os biológicos relacionados ao estilo de vida, 
especialmente no que diz respeito ao binômio dieta e atividade física (CUNHA, 
2022). Tais investigações se concentram nas questões relacionadas ao maior aporte 
energético da dieta e na redução da prática da atividade física com a incorporação 
do sedentarismo, configurando o denominado estilo de vida ocidental 
contemporâneo. 
A partir do final dos anos 1990, o termo “promoção de práticas alimentares 
saudáveis” começa a marcar presença nos documentos oficiais brasileiros. Aliada à 
promoção de estilos de vida saudáveis, a promoção de práticas alimentares 
saudáveis se constitui uma estratégia de vital importância para o enfrentamento dos 
problemas alimentares e nutricionais do contexto atual. Segundo as Nações Unidas, 
promover exige que o Estado implemente políticas, programas e ações que 
possibilitem a progressiva realização do direito à alimentação, definindo, com isso, 
metas, recursos e indicadores para esse fim (GOMES JUNIOR; BORGES, 2019). 
Mas o que levou a população a mudar o padrão alimentar como passar dos 
anos? O quanto temos de poder de decisão sobre nossas escolhas alimentares? Por 
que comemos o que comemos? Por qual motivo a disponibilidade dos alimentos 
saudáveis está cada vez mais difícil? Essas e outras reflexões nos levam à 
necessidade de entendermos como funciona o processo de tomada de decisão até 
levarmos um alimento à boca (MELO et al., 2020). Através desse trabalho buscamos 
encontrar respostas com o auxílio das literaturas existentes, revisando os trabalhos 
bibliográficos atuais para que possamos responder a essas e as demais perguntas 
concernentes a este tema, identificando os desafios que permeiam o cotidiano de 
milhares de pessoas e como podemos ajudar a partir de estratégias dentro da 
educação nutricional e comportamental. 
Trazer para o público em geral um esclarecimento sobre uma alimentação 
saudável e qualidade de vida, uma vez que uma das funções mais importantes da 
4 
 
nutrição é ajudar uma pessoa a ter uma alimentação mais saudável e que possa 
proporcionar um estilo de vida com qualidade. 
 
MATERIAIS E MÉTODOS 
 
O presente estudo é uma revisão de literatura do tipo integrativa. Foram 
realizadas buscas no GOOGLE ACADÊMICO, SCIELO e PERIÓDICOS DA CAPES 
utilizando uma combinação das palavras “obesidade”, “alimentação saudável”, 
“comportamento alimentar” juntas para identificar artigos publicados entre os anos 
de 2018 a 2023 sobre as mudanças na dieta das famílias. 
Foram encontrados 84 artigos dentro dos critérios citados nas línguas 
português (Brasil) e Inglês. Com base na leitura de títulos e resumos. Foram 
excluídos os estudos de revisão de literatura que não correspondiam às questões 
relacionadas ao tema, como “alimentação escolar”, “experimentos relacionados à 
transtornos alimentares”, dentre outros. 
Restaram então 44 artigos que foram baixados e lidos na íntegra, e após este 
feito e aplicando os critérios de inclusão, totalizaram ao final 18 artigos. 
 
RESULTADOS 
 
A análise foi gerada mediante a leitura minuciosa das literaturas existentes. 
Com base no estudo de vários artigos que trazem essa abordagem sobre a 
realidade de muitas famílias e o quanto são atingidas por suas rotinas cheias de 
atividades diárias. A realidade brasileira é marcada por um padrão de ampla 
diversidade alimentar, que, ao mesmo tempo, é afetada pela grande desigualdade 
social de acessibilidade aos recursos e à falta de equidade entre a população. 
Nesse cenário, o GAPB2 (Guia Alimentar da População Brasileira) se apresenta 
como um instrumento que contém recomendações voltadas à população em geral, 
que foi elaborado tendo como base o comportamento dos agentes, seus hábitos 
culturais e regionais no país. Destaca-se que a escolha da dieta alimentar não está 
fundamentada apenas em recomendações nutricionais institucionalizadas, uma vez 
que perpassa outras instâncias da vida, sendo que suas decisões são influenciadas 
por uma miríade de opções, que dependem do ambiente e de fatores estruturais que 
foram dimensionados historicamente (AMBROSI; GRISOTTI, 2022). 
5 
 
Nos últimos anos, as escolhas alimentares dos brasileiros apresentaram um 
significativo aumento no consumo de alimentos processados e ultraprocessados e 
diminuição da ingestão de alimentos in natura. Segundo dados divulgados em 2020 
pela Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), ao analisar os anos entre 2002 e 
2018, houve uma redução considerável no consumo da famosa dupla brasileira: 
arroz e feijão, em 37% e 52%, respectivamente, nos domicílios do país. Isso indica a 
descaracterização da comida brasileira, assim como a desvalorização da comida de 
verdade. Nessa mesma perspectiva, o Relatório “Alimentos e bebidas 
ultraprocessados na América Latina: vendas, fontes, perfis de nutrientes e 
implicações (OPAS, 2018)”, corrobora para os achados da POF, ao apresentar que 
alimentos ultraprocessados, bebidas açucaradas e fast-food estão substituindo 
comidas caseiras mais nutritivas nas dietas das famílias da América Latina e Caribe 
(MELO et al., 2020). 
GRAU DE PROCESSAMENTO/DEFINIÇÃO EXEMPLOS 
Alimentos in natura ou minimamente processados 
Obtidos diretamente de plantas ou de animais, não sofrem 
qualquer alteração após deixar a natureza, podendo ser 
submetidos apenas a processos como limpeza, remoção de 
partes não comestíveis, fracionamento, moagem, secagem, 
fermentação, pasteurização, congelamento, refrigeração e 
processos similares que não envolvam agregação de sal, 
açúcar, óleo gorduras ou outras substâncias alimento 
original. 
 
 Hortaliças, frutas, raízes tubérculos, cereais, 
leguminosas, carne, ovos, leite e água 
 
Óleos, gorduras, sal e açúcar 
Extraídos de alimentos in natura o geralmente não 
consumidos isoladamente, mas usados para temperar e 
cozinhar alimentos e para criar preparações culinárias. 
 
 
 Óleos vegetais, manteiga, banha de porco, açúcar 
e sal. 
Alimentos processados 
Alimentos in natura manipulados industrialmente com adição 
de sal ou açúcar. 
Ou outra substância de uso culinário que aumenta a 
durabilidade e torna esses alimentos mais agradáveis ao 
paladar. 
 
 Vegetais preservados em salmoura ou solução de 
sal e vinagre 
 Extrato de concentrados de tomate com adição de 
sal ou açúcar 
 Frutas sem calda e cristalizadas 
 Carne seca e toucinho, sardinha atum enlatados 
 Queijos pães feitos de farinha de trigo, leveduras, 
água e sal 
 
Alimentos ultraprocessados 
Formulações industriais feitas inteiramente ou 
majoritariamente com substâncias extraídas de alimentos 
(óleos, gorduras, açúcar, amido, proteínas), derivadas de 
constituintes de alimentos (gorduras hidrolisadas, amido 
modificado) ou sintetizadas em laboratório com base em 
matérias orgânica como petróleo e carvão (corantes, 
aromatizantes realçadores de sabor de vários tipos de 
aditivos usados para dotar os produtos de propriedades 
sensórias atraentes). Envolvem, geralmente, técnicas 
manufatura e aditivos de uso exclusivamente industrial. 
 
 
 Biscoitos, sorvetes, balas e guloseimas em geral 
 Cereais açucarados 
 Misturas para bolo barras de cereal macarrão e 
temperos instantâneos, salgadinhos 
 Refrescos e refrigerantes, iogurtes e bebidas 
lácteas adoçados aromatizados, 
 Bebidas energéticas 
 Produtos congelados e protos para aquecimento 
como pratos de massa, pizzas, hambúrgueres, 
empanados do tipo nuggets, salsichas e outros 
embutidos 
 Pães e produtos panificados cujos ingredientes 
incluem substância como gordura vegetai 
hidrolisada, açúcar, amido, soro do leite, 
emulsificante e outros aditivos. 
Fonte: Guia Alimentar Para a População Brasileira (3). 
6 
 
O consumo médio diário de energia na população brasileira com idade igual 
ou superior a 10 anos de idade em 2017–2018 foi de 1.754,61 kcal, sendo mais da 
metade (53,25%) proveniente de alimentos in natura ou minimamente processados; 
15,78%, de ingredientes culinários processados; 11,28%, de alimentos processados; 
e 19,69%, de alimentos ultraprocessados (Tabela 1). Dentre os alimentos in natura 
ou minimamente processados, destaca-se o arroz, que correspondeu a 10,54% da 
energia total, seguido por carne bovina, com 7,46%; feijão, com 6,22%; e carne de 
aves, com 5,71%. A seguir, em ordem decrescente de contribuição para a energia 
total consumida, aparecem frutas (2,90%), leite (2,69%), macarrão (2,67%), carne 
suína (2,34%), raízes e tubérculos (2,08%) e verduras e legumes (1,72%) 
(Tabela 1). Dentre os ingredientes culinários, o grupo de maior contribuição para o 
aporte total de energia foi o de óleos vegetais (7,66%), seguido de açúcares 
(5,91%). Dentre os alimentos processados, o grupo de maior contribuição para o 
total de energia foi o de pães (7,86%), seguido pelos queijos (1,60%) (Tabela 1) 
(LOUZADA et al., 2023). 
Segundo o estudo realizado por Paiva et al., (2018), as escolas também 
detêm uma parte da responsabilidadena educação alimentar de crianças e 
adolescentes. São lugares excelentes para executar ações de EAN, porém há uma 
deficiência de métodos educacionais eficazes e que favoreçam a aprendizagem 
ativa de hábitos alimentares saudáveis. Pesquisas nessa área devem ser 
estimuladas, e uma vez que a educação é uma ciência social, deve ser analisada 
como tal. 
Martins et al. (2019), realizou uma análise com uma amostra representativa 
de alunos do 9º ano de várias escolas públicas e privadas através de um 
questionário. Os estudantes responderam a um questionário autoaplicável inserido 
em smartphone, contendo questões sobre características sociodemográficas, de 
contexto familiar e escolar, e de práticas relacionadas à alimentação. Mais detalhes 
sobre o processo de amostragem podem ser obtidos na publicação da PeNSE 
(Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar). Os resultados mostraram que a prática de 
comer junto com os pais foi associada com a melhor qualidade da alimentação dos 
adolescentes, especificamente à maior frequência de consumo de feijão, frutas e 
hortaliças, e à menor frequência de consumo de guloseimas, ultraprocessados 
salgados e salgados fritos. Realizar refeições frequentemente com os pais foi 
7 
 
positivamente associado com o escore de alimentação saudável e inversamente com 
o de alimentação não saudável. 
 
DISCUSSÃO 
 
Nas últimas décadas ocorreram mudanças no padrão alimentar da população 
brasileira, caracterizado pela diminuição do consumo de alimentos in natura e 
minimamente processados, em detrimento do aumento da ingestão de produtos 
processados e ultraprocessados. Tais mudanças repercutem numa dieta com maior 
densidade energética, associado a um aumento na ingestão de aditivos químicos, 
açúcar, sódio, gordura saturada e trans e à diminuição do consumo de fibras (SILVA 
et al., 2019). 
Para Louzada et al., (2023), alimentos ultraprocessados são formulações 
industriais tipicamente prontas para consumo, feitas com inúmeros ingredientes 
frequentemente obtidos a partir de colheitas de alto rendimento, como açúcares e 
xaropes, amidos refinados, gorduras, isolados proteicos, além de restos de animais 
de criação intensiva. Eles usualmente contêm pouco ou nenhum alimento inteiro em 
sua composição, além de serem fartos em açúcar e gorduras e carentes de fibras e 
micronutrientes. Essas formulações são feitas para serem visualmente atrativas, 
terem aroma sedutor e sabores muito intensos ou “irresistíveis”, usando para tais 
finalidades combinações sofisticadas de flavorizantes, corantes, emulsificantes, 
edulcorantes, espessantes e outros aditivos que modificam os atributos sensoriais. 
Exemplos incluem refrigerantes, biscoitos de pacote doces e salgados, macarrão 
instantâneo, alimentos prontos para aquecer, doces, balas, chocolates e embutidos. 
Vivemos hoje uma era bem diferente, pois a realidade de muitas famílias se 
modificaram juntamente com os desafios do sustento do lar e dos filhos, muitas 
mulheres, que também são mães, que outrora desempenhavam o papel de cuidar 
da casa e dos filhos agora enfrentam desafios significativos de uma carga de 
trabalho dobrada ao equilibrar o trabalho doméstico, empreendedorismo, o cuidado 
com os filhos e a promoção de uma alimentação saudável. No entanto, é importante 
lembrar que o equilíbrio entre as responsabilidades domésticas e o cuidado com a 
alimentação não deve recair apenas sobre as mães, mas de todos que compões a 
família (BARBOSA et al., 2021). 
8 
 
Com os desafios econômicos, a complementação da renda ou até mesmo a 
renda principal acaba partindo agora de muitas mulheres que fazem parte de uma 
grande camada no mundo empresarial ou sócio econômico. Essas mulheres, muitas 
delas mães, alimentam-se fora de casa e raramente preparam as refeições para a 
família, por conta disso diversas vezes acaba tendo como base de sua alimentação 
produtos industrializados e de alta densidade energética, ricos em açúcares e 
gorduras, que vêm se incorporando às suas práticas alimentares com forte suporte 
publicitário (FERREIRA JUNIOR et al., 2021). 
Sabe-se que o papel da mulher contemporânea mudou muito, principalmente 
pelo acúmulo de funções, dentro e fora da família. E as implicações desse novo 
papel reincidem sobre o desenvolvimento dos filhos, apesar que esse não é o objeto 
da discussão, mas faz parte do contexto em que a maioria das famílias estão 
inseridas. A realização da refeição familiar ou em companhia de amigos também tem 
uma função social importante, embora isso tenha se modificado nas últimas 
décadas, em virtude das inúmeras atividades humanas (PIASETZKI; BOFF; 
BATTISTI, 2020). 
De acordo com Paiva et al., (2018), com o ingresso da criança na escola, o 
processo de estabelecimento de hábitos alimentares passa a sofrer maior influência 
do meio; “a criança realiza refeições fora de casa (alimentação escolar, compra na 
cantina), o alimento passa a ter outra representação social importante (amigos), e o 
ambiente escolar torna-se a principal fonte de conhecimento formal sobre nutrição” e 
com a entrada na adolescência as escolhas alimentares se tornam mais autônomas 
e independentes. Entretanto, essa maior autonomia nas tomadas de decisões 
parece estar associada um aumento de comportamentos alimentares inadequados, 
ao contrário do que seria desejável. O padrão alimentar infantil está fora dos 
recomendados pelos órgãos responsáveis, além disso, observamos um sobressalto 
no número de crianças com sobrepeso e obesidade apresentando dislipidemias e 
aumento da glicemia, fatores predisponentes para doenças cardiovasculares. 
Estudos realizados nos últimos anos reforçam hipóteses de que a obesidade 
durante a infância aumenta as chances de desenvolvimento da obesidade na vida 
adulta se não for tratada, contribuindo com os riscos de desenvolver doenças 
cardiovasculares (PAIVA et al., 2018). Fatores como herança genética, aumento de 
porções diárias alimentares, diminuição de nutrientes e sedentarismo associado as 
novas tecnologias são considerados fatores de risco para a doença. A rotina e a 
9 
 
estrutura familiar modificaram, bem como a oferta crescente de produtos 
alimentícios, visando à praticidade em resposta ao estilo de vida moderno, são 
considerados agravantes à doença. 
Os adolescentes sofrem mudanças físicas, sociais e psicológicas nessa fase 
da vida e seu comportamento alimentar é influenciado por essas transformações, 
sendo afetado por fatores internos e externos. Os fatores internos dizem respeito à 
autoimagem, valores, preferências, necessidades fisiológicas, desenvolvimento 
psicossocial etc., já os fatores externos correspondem aos hábitos do grupo familiar, 
às regras sociais e culturais, à influência da mídia, ao convívio com os amigos e às 
próprias experiências do indivíduo (BITTAR; SOARES, 2020). 
Segundo Nogueira-de-Almeida et al., (2018), atualmente, os números da 
obesidade são impactantes e sua prevalência aumentou substancialmente nas 
últimas três décadas, tanto nos países desenvolvidos como naqueles em 
desenvolvimento. Estima-se que no mundo 41 milhões de crianças menores de cinco 
anos estejam obesas. O Brasil enfrenta de forma evidente um processo de transição 
nutricional. Ao mesmo tempo em que a desnutrição energético-proteica tem 
apresentado queda em sua prevalência, o sobrepeso e a obesidade rapidamente se 
candidatam ao posto de maior problema nutricional do país. 
O ambiente alimentar tem um importante fator influencial na disponibilidade e 
no acesso aos alimentos que desempenham papel significativo na saúde. Os pais, 
por serem os principais responsáveis pela aquisição dos alimentos, têm influência 
direta na preferência alimentar das crianças e em seu padrão alimentar por meio dos 
alimentos inseridos em casa, pelo uso de práticas de alimentação e pelo seu próprio 
comportamento alimentar. A influência da publicidade e da mídia, têm grande poderde prender a atenção das pessoas, sobretudo das crianças que podem alterar seus 
padrões alimentares ainda na infância (CUNHA e CAVALCANTE, 2022). 
Piasetzki, Boff e Battisti (2020), reafirma que os familiares são referência para 
as crianças, pois elas internalizam o que veem; não adianta só falar, é necessário 
colocar em prática. Desse modo, enfatiza-se a importância de sensibilizar, por meio 
de educação nutricional, os familiares responsáveis pelas crianças a manterem 
hábitos alimentares e estilos de vida saudáveis. 
 
 
10 
 
CONCLUSÃO 
 
O consumo de alimentos ultraprocessados contribuem tanto para a obesidade 
como para a desnutrição, visto não serem fonte de todos os nutrientes necessários 
em sua composição nutricional para a obesidade por apresentarem alto teor calórico 
(CAVINATO et al, 2022). 
O comportamento alimentar caracteriza o modo como as pessoas se 
alimentam. As respostas comportamentais associadas ao ato da alimentação 
interferem na qualidade de vida e, quando inadequadas, favorecem o surgimento de 
algumas doenças crônico-degenerativas. O comportamento alimentar da criança é 
determinado inicialmente pela família e a posteriori por processos psicossociais e 
culturais (DANTAS; SILVA, 2019). 
A forte influência da família é mediada pelos estilos parentais. As atitudes 
relacionadas à regulação alimentar dos filhos caracterizam o que se denomina de 
controle parental alimentar, classificado em três tipos: controle restritivo, pressão 
para comer e vigilância ou controle discreto. O controle restritivo envolve a exclusão 
dos alimentos considerados não saudáveis e interfere na quantidade ingerida pelas 
crianças, refletindo uma preocupação excessiva das mães ou perante seus filhos no 
ambiente doméstico, exercendo influência negativa (DANTAS; SILVA, 2019). 
A pressão para comer é caracterizada pela pressão que os pais fazem para 
que a criança escolha alimentos mais saudáveis — frutas e vegetais —, ou que 
comam tudo o que está no prato. Para isso leva à perda da sensibilidade aos sinais 
internos de saciedade e a criança passa a utilizar os sinais externos (comida 
preferida, cheiro da comida) ou as emoções como indícios de fome ou saciedade. 
Consequentemente, a criança passa a depender de estímulos externos para iniciar, 
manter e terminar sua refeição (SANTOS; COELHO; SILVA, 2023). 
De acordo com Santos, Coelho e Silva (2023), a família é considerada o 
primeiro e o principal agente de socialização, transferindo e/ou moldando 
comportamentos e estilos de vida às crianças, muitas vezes por meio de suas 
próprias práticas. É no ambiente familiar que esse aprendizado se inicia, onde 
acontecem as primeiras experiências alimentares. 
 
 
 
11 
 
REFERÊNCIAS 
 
AMBROSI, Claudia; GRISOTTI, Márcia. O Guia Alimentar para População Brasileira (GAPB): uma 
análise à luz da teoria social. Ciência & Saúde Coletiva, [S.L.], v. 27, n. 11, p. 4243-4251, nov. 2022. 
FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320222711.06552022 
BARBOSA, Hávila Maria Abreu et al. Gerenciando o conflito trabalho-família no empreendedorismo 
feminino: evidências de um estudo com microempreendedoras individuais. Revista de Gestão e 
Secretariado, [S.L.], v. 12, n. 2, p. 94-121, 6 ago. 2021. Revista de Gestão e Secretariado (GESEC). 
http://dx.doi.org/10.7769/gesec.v12i2.1123. 
BITTAR, Carime; SOARES, Amanda. Mídia e comportamento alimentar na adolescência. Cadernos 
Brasileiros de Terapia Ocupacional, [S.L.], v. 28, n. 1, p. 291-308, 2020. Editora Cubo. 
http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoar1920. 
CUNHA, Claudio Leinig Pereira da. A Influência da Obesidade e da Atividade Física no Risco 
Cardiovascular. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, [S.L.], v. 119, n. 2, p. 244-245, 2022. 
Sociedade Brasileira de Cardiologia. http://dx.doi.org/10.36660/abc.20220381. 
DANTAS, Rafaela Ramos; SILVA, Giselia Alves Pontes da. O papel do ambiente obesogênico e dos 
estilos de vida parentais no comportamento alimentar infantil. Revista Paulista de Pediatria, v. 37, p. 
363-371, 2019. 
FERREIRA JUNIOR, Elias Antonio et al. Ocorrências atendidas pelo corpo de bombeiros do Paraná 
pré e durante a pandemia da COVID-19. Disciplinarum Scientia - Ciências da Saúde, [S.L.], v. 21, n. 
2, p. 79-88, 2021. Disciplinarum Scientia: Ciências da Saúde. http://dx.doi.org/10.37777/dscs.v21n2-
007. 
FRÖHLICH, Carine; GARCEZ, Anderson; CANUTO, Raquel; PANIZ, Vera Maria Vieira; PATTUSSI, 
Marcos Pascoal; OLINTO, Maria Teresa Anselmo. Obesidade abdominal e padrões alimentares 
em mulheres trabalhadoras de turnos. Ciência & Saúde Coletiva, [S.L.], v. 24, n. 9, p. 3283-3292, 
set. 2019. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232018249.27882017. 
GOMES JUNIOR, Newton Narciso; BORGES, Bárbara Loureiro. O varejo moderno de alimentos: 
modernidade e insegurança alimentar e nutricional. Retratos de Assentamentos, [S.L.], v. 22, n. 1, p. 
11-31, 1 ago. 2019. Retratos de Assentamentos. http://dx.doi.org/10.25059/2527-
2594/retratosdeassentamentos/2019.v22i1.339. 
LOUZADA, Maria Laura da Costa et al. Consumo de alimentos ultraprocessados no Brasil: 
distribuição e evolução temporal 2008⠳2018. Revista de Saúde Pública, [S.L.], v. 57, n. 1, p. 12, 15 
mar. 2023. Universidade de São Paulo, Agência USP de Gestão da Informação Acadêmica (AGUIA). 
http://dx.doi.org/10.11606/s1518-8787.2023057004744. 
MAHAN, L. Kathleen et al. KRAUSE, ALIMENTOS, NUTRIÇÃO E DIETOTERAPIA: krause 14ª 
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018. 
MARTINELLI, Suellen Secchi; CAVALLI, Suzi Barletto. Alimentação saudável e sustentável: uma 
revisão narrativa sobre desafios e perspectivas. Ciência & Saúde Coletiva, [S.L.], v. 24, n. 11, p. 
4251-4262, nov. 2019. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/1413-
812320182411.30572017. 
12 
 
MARTINS, Bianca Garcia et al. Fazer refeições com os pais está associado à maior qualidade da 
alimentação de adolescentes brasileiros: refeição com os pais e qualidade da alimentação. 
Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 35, n. 7, p. 1-13, 22 jul. 2019. Mensal. FapUNIFESP 
(SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/0102-311x00153918. 
MELO, Laryssa Rebeca de Souza et al. COMER BEM É COMER SAUDÁVEL: mas por que comemos 
o que comemos?. Comer Bem É Comer Saudável, Brasília, v. 270, n. 270, p. 1-7, maio 2020. 
Periódico. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/47217. Acesso em: 24 nov. 2023. 
NOGUEIRA-DE-ALMEIDA, Carlos Alberto et al. Classificação da obesidade infantil. Medicina 
(Ribeirão Preto. Online), [S.L.], v. 51, n. 2, p. 138-152, 22 nov. 2018. Universidade de São Paulo, 
Agência USP de Gestão da Informação Acadêmica (AGUIA). http://dx.doi.org/10.11606/issn.2176-
7262.v51i2p138-152. 
PAIVA, Ana Carolina Teixeira et al. Obesidade Infantil: análises antropométricas, bioquímicas, 
alimentares e estilo de vida. Revista Cuidarte, [S.L.], v. 9, n. 3, p. 1-13, 5 set. 2018. Universidade de 
Santander - UDES. http://dx.doi.org/10.15649/cuidarte.v9i3.575. 
PIASETZKI, Cláudia Thomé da Rosa; BOFF, Eva Teresinha de Oliveira; BATTISTI, Iara Denise 
Endruweit. INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA NA FORMAÇÃO DOS HÁBITOS ALIMENTARES E ESTILOS 
DE VIDA NA INFÂNCIA. Revista Contexto & Saúde, [S.L.], v. 20, n. 41, p. 13-24, 23 dez. 2020. 
Editora Unijui. http://dx.doi.org/10.21527/2176-7114.2020.41.13-24. 
SANTOS, Jucimara Martins dos; COELHO, Tatiane Aparecida Almeida; SILVA, Rayane Freitas 
Gonçalo. Fatores que interferem na formação do hábito alimentar saudável na infância: uma 
revisão bibliográfica. Revista Científica do Ubm, [S.L.], p. 80-94, 3 jan. 2023. Revista Científica do 
UBM. http://dx.doi.org/10.52397/rcubm.v0i48.1422. 
SCHUBERT, Maycon Noremberg; SCHNEIDER, Sergio; MÉNDEZ, Cecilia Díaz. As antinomias na 
formação das rotinas alimentares contemporâneas: uma análise a partir das práticas sociais. 
Sociologias, [S.L.], v. 23, n. 58, p. 206-236, set. 2021. FapUNIFESP (SciELO). 
http://dx.doi.org/10.1590/15174522-102097.SILVA, Mariane Alves; et al. O consumo de produtos ultraprocessados está associado ao melhor 
nível socioeconômico das famílias das crianças. Ciência & Saúde Coletiva, [S.L.], v. 24, n. 11, p. 
4053-4060, nov. 2019. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/1413-
812320182411.25632017.

Continue navegando