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Meningites e encefalites Definição Meningite é a inflamação das meninges, afetando pia-máter, aracnoide e subaracnoide. A doença meningocócica é um quadro de alta mortalidade, que pode cursar com meningite isoladamente, ou sepse em 35 a 40% dos casos. A sepse pelo meningococo é o chamado de meningococcemia. Etiologia Asséptica: distúrbio inflamatório, como na doença de Kawasaki. Infecciosa: a principal causa é viral, principalmente em crianças menores de 5 anos. Meningite viral Causada principalmente pelos enterovírus, da família bicórnea viridea. Outro agente etiológico é o herpes vírus. Meningite bacteriana A incidência das etiologias varia de acordo com a faixa etária da criança; · Período neonatal: streptoccus grupo B e escherichia coli (bactérias do canal de parto) · 1-3 meses: Streptococcus grupo B · > 3 meses: Streptococcus pneumoniae, neisseria meningitidis e haemophilus influenzae B (associados aos sorogrupos que não estão contidos na vacina). Meningococcemia Quadro súbito de febre, mal estar geral, náuseas, vômitos, rigidez de nuca (não necessariamente) e exantema purpúrico – petéquias, púrpuras, equimoses (púrpura fulminans), associado ao choque séptico · Choque séptico · Sinais de instabilidade hemodinâmica: pulsos periféricos finos, lentificação do tempo de enchimento capilar, extremidades frias, redução da diurese, hipotensão arterial (sempre sinal tardio de choque na infância). Quadro clínico Febre com anorexia e apatia, e sinais de irritação meníngea: · Náuseas, vômitos · Irritabilidade, cefaleia · Rigidez de nuca (dificuldade de flexionar o pescoço ativa ou passivamente) · Sinal de Kernig (deitado em decúbito dorsal, com o joelho e quadril fletidos a 90°, eu não consigo estender o joelho a 135°) · Sinal de Brudzinski (deitado em decúbito dorsal, faço a flexão passiva do pescoço, e ele faz flexão dos membros inferiores, por conta da dor) OBS.: lactente ainda tem fontanelas abertas, dificilmente evolui com sinais clássicos de irritação meníngeas, mas pode apresentar abaulamento de fontanelas. O quadro clássico nos lactentes é bem mais inespecífico: febre, náuseas, má aceitação alimentar e as vezes pode ter o abaulamento de fontanelas. Diagnóstico Diante da suspeita clínica de meningite, é preciso solicitar exames: hemograma, hemocultura, PCR e glicemia (pacote básico). Alguns serviços colhem outras coisas, como coagulograma, função renal, eletrólitos, vai depender, também, da gravidade do paciente. LCR: quimiocitológico; gram, látex, PCR, cultura. · Diplococos gram negativos: pensar em neisseria meningitidis (nega: meningo) · Diplococo gram positivo: Pneumococo Em alguns casos, precisa retardar a coleta do LCR, por conta do risco de herniação cerebral e abrir mão de um exame de neuroimagem: · Crise convulsiva · Papiledema · Déficit neurológico focal · RNC · Alteração prévia de SNC (malformações, tumores, traumatismo, neurocirurgia) · Imunodeficiência Análise do líquor Padrões de uma criança hígida. Na meningite bacteriana há um aumento da celularidade às custas de neutrófilos, um aumento das proteínas, e um consumo de glicose (porque as bactérias consomem glicose). Na meningite viral há um aumento da celularidade mais discreto, e um predomínio de linfo-mono-nucleares (a quantidade de neutrófilos é menor em relação a meningite bacteriana). Além disso, na meningite viral, em geral não tem um consumo tão excessivo de glicose. Tratamento Meningite viral Sintomáticos: anti-térmicos, anti-heméticos; Meningite bacteriana Neonatal: cefotaxima + ampicilina · 14 a 21 dias > 3 meses: ceftriaxone · Meningite meningocócica, entre 5 e 7 dias (pode ser também uma penicilina cristalina) · Meningite por haemofilos entre 5 a 10 dias · Meningite por pneumococo de 10 a 14 dias · Meningite por outros gram-negativos em geral 21 dias Sempre que houver suspeita de meningite, mesmo que viral, é preciso internar o paciente. Em alguns serviços se começa um ATB empírico até sair o resultado do LCR para considerar mudar o ATB para um de espectro melhor. Corticoide: o uso é controverso, mas parece que o corticoide tem benefícios quando é uma meningite por haemofilos, por diminuir a incidência de sequelas auditivas. Conduta meningococcemia Monitorização + acesso venoso Oxigenação: IOT se Glasgow < 8 Antibiótico: ceftriaxone EV Expansão: ringer ou SF 0,9% 20 mL/Kg (se sinais de hipoperfusão) Ao final de cada infusão avaliar sinais de hipervolemia: hepatomegalia, estertores pulmonares e hipoxemia. Inotrópicos: se o paciente evoluir para choque (hipotensão persistente depois de 40-60 mL/kg de expansão). Adrenalina EV iniciado em até 1h depois de entrada do PS. · Adrenalina: choque frio. Notificação compulsória: doença invasiva por meningococo ou por hemófilos. Logo à suspeita, não requer confirmação para ser feita. Quimioprofilaxia O objetivo da quimioprofilaxia é prevenir casos secundários. É indicada em caso de doença meningocócica e meningite por hemófilos. Contatos de risco: · Profissionais de saúde sem proteção · Contatos próximos suscetíveis Doença meningocócica: · Moradores de mesmo domicílio/dormitório · Comunicantes de creches/escolas · Contatos íntimos Quimioprofilaxia em até 48 horas: · Rifampicina VO 12/12h por 2 dias · Ciprofloxacino VO dose única · Ceftriaxona IM dose única Meningite por hemófilos: A taxa de ataque secundário dos hemófilos é maior entre os contatos domiciliares menores de 4 anos e não imunizados. Por isso, no caso dos hemófilos a quimioprofilaxia está indicada no caso dos contatos de domiciliares ou que passaram > 4 horas por > 5 dias antes dos sintomas do caso índice. Os contatos com crianças menores de 4 anos não vacinadas ou parcialmente vacinadas também são indicação de quimioprofilaxia. Outra indicação é o contato com criança com imunossupressão, e em creches com pelo menos 2 casos de doença invasiva por hemófilos em até 60 dias. Na creche, todos os contactantes irão passar pela quimioprofilaxia, não apenas as crianças e os não vacinados. Quimioprofilaxia em até 48 horas: · Rifampicina VO 1x/dia por 4 dias Encefalites A encefalite é a inflamação do parênquima cerebral. Em geral é um quadro agudo, rapidamente progressivo, e que se manifesta com alterações do estado mental, déficits neurológicos focais e crises convulsivas. O diagnóstico é clínico, feito pelos critérios do International Encephalitis Consortium (2013). Critério maior: alteração do estado mental >= 24hrs Critérios menores: · Febre >= 38°C por 72h · Convulsões parciais ou generalizadas · Achados neurológicos focais · Leucócitos no líquor >= 5cél/mm3 · Alteração aguda da neuroimagem · Achados de encefalite no EEG Exclusão de outras causas: encefalite pós-trauma, distúrbio metabólico, tumor, abuso de álcool, sepse e outras causas infecciosas. · Encefalite possível: critério maior com 2 critérios menores · Encefalite confirmada: critério maior com 3 critérios menores LCR normal não exclui encefalite Etiologia Sem causa > 50-70% dos casos Infecciosa > · Viral: enterovírus e herpes simples 1 e 2 · Bacteriana: m. tuberculosis · Fúngica: histoplasma, criptococos · Parasitária: taenia solium Não infecciosa > · ADEM · Encefalite anti-NMDAr Encefalite herpética Pródomo: vesículas e estomatite. Em geral quando começa o quadro clínico da encefalite já não tenho mais essas lesões. Quadro clínico · Alteração da consciência · Sinais neurológicos focais · Convulsões · Anormalidade focal temporal Tratamento Aciclovir endovenoso por 14 a 21 dias Encefalite anti-NMDAr Encefalite autoimune que ocorre principalmente em mulheres jovens, com tumores ovarianos (teratoma). Nem sempre ela se relaciona com síndrome paraneoplásica. Quadro clínico · Alterações psiquiátricas · Movimentos anormais (distonia, coreia) · Convulsões · Instabilidades autonômicas (taquicardia ou bradicardia, flutuação da PA, hipoventilação, hipertermia, sialorreia) Tratamento Corticoide, imunoglobulina ou plasmaférese image1.png image2.jpeg image3.png
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