Buscar

03 O papel da linguagem no desenvolvimento e na apredizagem

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PSICOLOGIA DA 
EDUCAÇÃO
Caroline Costa Nunes Lima
O papel da linguagem 
no desenvolvimento 
e na aprendizagem
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Identificar o que são a linguagem e os seus diversos modos de 
expressão.
 � Explicar como a linguagem se desenvolve.
 � Listar as principais influências sobre o desenvolvimento da linguagem.
Introdução
Neste capítulo, você aprenderá a identificar o conceito de linguagem 
e suas variadas formas de expressão, como pela linguagem verbal, não 
verbal, gestual, por meio de símbolos, sinais e cores. Aprenderá o modo 
como a linguagem se desenvolve em diferentes períodos da infância. 
Em seguida, identificará os principais fatores que influenciam o desen-
volvimento da linguagem. 
A linguagem e seus modos de expressão
Tema de interesse de variadas áreas, a linguagem está presente em nossa 
história desde os tempos mais remotos. Sua existência é marcada por registros 
de desenhos rupestres (Figura 1), criação do alfabeto, múltiplas formas de 
comunicação e sistema utilizado para envio e recebimento de mensagens. 
Quanto à definição de linguagem e suas formas de expressão, de acordo com 
Santrock (2009, p. 54), encontramos a seguinte conceituação: 
Linguagem é uma forma de comunicação – seja falada, escrita ou gesticulada 
– que é baseada em um sistema de símbolos. A linguagem consiste de palavras 
utilizadas por uma comunidade (vocabulário) e de regras para as variações e 
combinações (gramática e sintaxe).
Figura 1. Imagens rupestres: tipo de linguagem.
Fonte: MattLphotography/Shutterstock.com.
Outro importante pesquisador e linguista de renome, Evanildo Bechara 
(2004) entende por linguagem qualquer sistema de signos simbólicos em-
pregados na intercomunicação social para expressar e comunicar ideias e 
sentimentos, isto é, conteúdos da consciência.
Assim, quando o indivíduo se vale das palavras, expressando-as de modo 
oral ou por meio da escrita, está empregando a linguagem verbal. Segundo 
Fiorin (2002), a linguagem verbal é, portanto, o produto do pensamento como 
meio de comunicação. Ela está intrinsecamente relacionada às sociedades e 
comunicações, a linguagem é usada para exprimir emoções, sentimentos, ideias 
de cunho subjetivo, formulada por meio da leitura de mundo entremeada pela 
realidade contextual, onde o falante está inserido.
O papel da linguagem no desenvolvimento e na aprendizagem2
Partindo desse pressuposto, podemos facilmente constatar que a linguagem 
vai muito mais além de uma comunicação verbal. Até mesmo um silêncio é um 
modo de comunicação. Ao transitarmos por uma cidade, teremos outdoors nos 
transmitindo algo por meio de imagens, semáforos nos informando por meio 
de cores, símbolos em um hospital que nos informam mensagens tais como 
“silêncio”, “não fume”, e assim por diante. Para que possamos exemplificar 
os diferentes modos de expressão, apresentaremos algumas imagens que 
representam um tipo de linguagem (LEITURA..., 2011).
O alfabeto em Braille (Figura 2) é utilizado por deficientes visuais. É 
formado por meio de combinações de seis pontos que fazem a composição da 
cela Braille, organizada por meio de duas colunas e três linhas de pontos, de 
cima para baixo e da esquerda para direita, cuja forma em relevo representa 
uma letra ou pontuação (NICOLAIEWSKY; CORREA, 2008).
Figura 2. Alfabeto em Braille.
Fonte: Pyty/Shutterstock.com
Na Figura 3, estão representados códigos linguísticos utilizados em diferen-
tes partes do mundo, encontrados por meio de diferentes textos de circulação 
em jornais, revistas, situações comunicativas entre pessoas, por meio de 
discursos e formas de expressão de acordo com o contexto em que o falante 
está situado (LEITURA..., 2011).
3O papel da linguagem no desenvolvimento e na aprendizagem
Figura 3. Variedades de idiomas.
Fonte: CHM3N/Shutterstock.com
A língua de sinais (Figura 4), em nosso país denominada Língua Brasileira 
de Sinais — LIBRAS, utiliza um espaço visual e uma linguagem não verbal. 
Para ser empregada, necessita de alguns parâmetros relacionadas aos gestos, 
ao corpo, às expressões faciais, por exemplo (LEITURA..., 2011).
Figura 4. Linguagem por meio de gestos.
Fonte: Ali Ozgon/Shutterstock.com.
A B C D E F G
N RP SQ TO
V Y ZU W X
JI L MKH
O papel da linguagem no desenvolvimento e na aprendizagem4
A linguagem não verbal se vale de imagens, figuras, símbolos, assim como 
está presente em elementos artísticos, como na música, dança, escultura e em 
gestos, valendo-se de um modo de se comunicar. Por meio de símbolos, como 
as sinalizações de trânsito com placas e sinais pelas cores, são transmitidas 
informações, como podem observar nas Figuras 5 e 6, tanto para os transeuntes 
quanto para os condutores de veículos (LEITURA..., 2011).
Figura 5. Símbolos que representam regras no trânsito.
Fonte: Germán Ariel Berra/Shutterstock.com.
5O papel da linguagem no desenvolvimento e na aprendizagem
Figura 6. As cores no semáforo transmitem informações para motoristas e transeuntes.
Fonte: Sudowoodo/Shutterstock.com.
Agora que você (re)conheceu os principais modos de expressão comumente 
presentes em nosso cotidiano, falaremos a respeito das características lin-
guísticas. Todas as linguagens humanas têm traços em comum (WAXMAN; 
LIDZ, 2006), tais como as regras que pautam as organizações e descrevem 
seu funcionamento (GLEASON, 2005; SANTROCK, 2004), e a capacidade 
de produtividade infinita, que diz respeito à habilidade de se produzir incon-
táveis sentenças significativas, valendo-se de um grupo finito de palavras e 
estruturas (SANTROCK, 2009). 
Quanto à organização, a linguagem é pautada por um sistema de regras 
que envolve cinco elementos, apresentados no Quadro 1.
A partir desse aporte teórico, constatamos a relevância dos diferentes 
meios de expressão da linguagem em nossas relações pessoais, familiares 
e profissionais. Acima de tudo, nos espaços educacionais, cada vez mais os 
profissionais envolvidos devem planejar ações voltadas para a aquisição e 
apropriação de diferentes meios de se comunicar, adequando seu discurso de 
acordo com o contexto em que se está inserido, valorizando os conhecimentos 
prévios revelados pelos alunos e respeitando-os.
O trabalho com as diversas formas de linguagem favorece a aquisição de 
competências essências, tanto para a formação acadêmica quanto para o exer-
cício de cidadania, visto que a língua faz parte da sociedade, da convivência, 
da base das relações interpessoais e é fundamental para o entendimento entre 
as situações comunicativas que em estamos inseridos.
O papel da linguagem no desenvolvimento e na aprendizagem6
Fonte: Santrock (2009, p. 55-56).
Fonologia Fonologia é o sistema de sons de uma língua.
Morfologia Refere-se a unidades de significado envolvidas na formação da 
palavra. Um morfema é a unidade mínima de significado; é uma 
palavra ou parte de uma palavra que não pode ser dividida em 
partes menores que ainda tenham significado.
Sintaxe Envolve o modo como as palavras são combinadas para formar 
frases e sentenças aceitáveis. Se alguém diz para você que “Bob 
esmurrou Tom” ou “Bob foi esmurrado por Tom”, você sabe 
quem esmurrou e quem foi esmurrado em cada caso, porque 
você tem um conhecimento sintático das estruturas dessas 
sentenças. Você também entende que a sentença “Você não 
ficou, ficou?” é uma sentença gramatical, mas “Você não ficou, 
não ficou?” é inaceitável e ambígua.
Semântica Refere-se ao significado das palavras e sentenças. Cada palavra 
tem uma série de características semânticas ou atributos 
necessários para dar significado. Garota e mulher, por exemplo, 
dividem muitas características semânticas, mas diferem 
semanticamente no que diz respeito à idade.
Pragmática Conjunto final de regras de linguagem visando ao uso apropriado 
da linguagem em diferentes contextos.
Quadro 1. Elementos da linguagem
Desenvolvimento da linguagem 
As pessoas se comunicampor meio da linguagem, seja oral, escrita ou por 
gestos que podem se desdobrar em símbolos. Existem diversas comunidades 
falantes que utilizam diferentes códigos para discursar. Nós utilizamos a 
Língua Portuguesa que contém vocabulário, regras, variações e combinações 
(SANTROCK, 2009). 
Engana-se quem pensa que o desenvolvimento da linguagem se inicia 
quando a criança pronuncia as primeiras palavras, comumente chamando por 
suas figuras materna/paterna e pedindo algo relacionado a suas necessidades 
básicas. Antes mesmo de se valer da fala como recurso expressivo, os bebês 
emitem sons para se comunicar por meio de choro, balbucio, chamados de 
sons pré-linguísticos. Uma única sílaba pode apresentar significados distintos, 
7O papel da linguagem no desenvolvimento e na aprendizagem
variando de acordo com contexto. Segundo Papalia e Feldman (2013, p. 196), 
“Da pode significar ‘eu quero aquilo’, ‘eu quero sair’ ou ‘onde está o papai?’. 
Uma palavra como essa, que expressa um pensamento completo, é chamada 
de holofrase”. 
No decorrer de seu desenvolvimento, também é ampliada a capacidade de 
identificar os sons pronunciados no ambiente e se valer de gestos. A partir 
de seu primeiro ano de vida, aproximadamente, a criança é capaz de emitir 
sons de suas primeiras palavras e sentenças, comumente um ano e oito meses 
depois. Veja, no Quadro 2, a seguir, as principais etapas desse desenvolvimento 
nos primeiros dois anos de vida da criança (PAPALIA; FELDMAN, 2013, 
p. 196-197).
Fonte: Papalia e Feldman (2013, p. 196-197).
Tempo de vida/
aproximadamente
Etapa do desenvolvimento da linguagem 
nos primeiros dois anos de vida
Oito meses Os bebês começam a aprender as formas das 
palavras, discernindo indicações perceptuais, como 
sílabas que geralmente ocorrem juntas (como pa e 
pai), e armazenam essas formas possíveis de palavras 
na memória. Eles também notam a pronúncia, a 
ênfase nas sílabas e as mudanças de tom.
Dez meses Bebês associam um nome que ouvem a um objeto 
que consideram interessante, seja o nome correto 
ou não dele.
Doze meses Começam a prestar atenção a indicações dos adultos, 
tais como olhar ou apontar para um objeto enquanto 
dizem seu nome.
Entre 18 a 24 meses Seguem indicações sociais na aprendizagem do 
significado das palavras, independentemente de sua 
relação com o objeto, ainda que não haja a indicação 
dos adultos. Outro importante avanço linguístico 
comumente realizado nesse período de vida ocorre 
quando a criança junta duas palavras para expressar 
uma ideia (“Dodô caiu”). 
Quadro 2. Etapas de desenvolvimento nos primeiros anos de vida
O papel da linguagem no desenvolvimento e na aprendizagem8
A partir desse período, após os 24 meses, a criança gradativamente vai 
conseguindo expressar-se combinando três, quatro e cinco palavras, transitando 
de frases simples para complexas, entre dois ou três anos até os anos do ensino 
fundamental (BLOOM, 1985).
Outros marcos importantes entre os 24 e 36 meses de vida são observáveis 
na aprendizagem de novas palavras a cada dia e na fala que realiza combi-
nações de três ou mais palavras, passíveis de erros gramaticais pelo nível de 
desenvolvimento e aquisição da gramática interna. Por volta dos 36 meses, 
demonstram ser capazes de falar até mil palavras, ainda que inteligíveis e 
cometendo alguns erros no que tange à sintaxe (PAPALIA; FELDMAN, 2013).
Regras que compõem o sistema linguístico
Por meio dessas regras em nosso sistema linguístico, encontramos o modo 
como a linguagem se organiza, assim como a descrição de seu funcionamento 
(GLEASON, 2005; SANTROCK, 2004). Analisando esse desenvolvimento a 
partir das cinco regras que compõem nosso sistema, observamos as seguintes 
evoluções, adaptadas de acordo com Papalia e Feldman (2013).
 � Em termos de fonologia, elas percebem ritmos, gostam de poemas, 
inventam nomes bobos para as coisas, substituindo um som por outro 
(como bubblegum, bubblebum, bubbleyum), e gesticulam com cada 
sílaba em uma frase. 
 � Conforme as crianças deixam esse estágio de falar duas palavras, fica 
evidente que elas sabem regras morfológicas. Então, começam a utilizar 
as formas de plural e possessivo dos substantivos, preposições, artigos 
e a colocar finais apropriados nos verbos. 
 � Quanto à sintaxe, após passar do estágio das duas palavras, a criança 
mostra um domínio crescente de regras complexas sobre como as pa-
lavras devem ser ordenadas. Para perguntas feitas com “que” e “onde”, 
como “Onde o papai está indo?” ou “O que aquele garoto está fazendo?”, 
a criança deve conhecer duas diferenças importantes entre frases in-
terrogativas e afirmativas.
 � De acordo com a análise de elementos semânticos, o vocabulário verbal 
de uma criança de seis anos de idade varia de 8 mil a 14 mil palavras. 
Considerando que a aprendizagem das palavras começou quando ela 
tinha 12 meses, isso traduz uma proporção de 5 a 8 novos significados 
de palavras por dia, entre um e seis anos de idade.
9O papel da linguagem no desenvolvimento e na aprendizagem
 � Mudanças substanciais em pragmática também ocorrem durante a 
primeira infância. Uma criança de seis anos é muito mais falante do 
que uma de dois anos. Quais são algumas das mudanças na pragmática 
que acontecem nos anos pré-escolares? Por volta dos três anos de idade, 
as crianças melhoram sua habilidade em conversar sobre coisas que 
não estão fisicamente presentes. Isto é, elas melhoram seu domínio 
sobre a característica da linguagem conhecida como deslocamento. 
As crianças se tornam cada vez mais distantes do “aqui e agora” e são 
capazes de conversar sobre coisas que não estão fisicamente presentes, 
assim como coisas que aconteceram no passado ou podem acontecer 
no futuro. Pré-escolares podem dizer o que querem almoçar amanhã, 
algo que não seria possível no estágio das duas palavras na infância. 
Crianças pré-escolares também se tornam cada vez mais capazes de 
conversar de modos diferentes com pessoas diferentes.
A partir das etapas intermediárias e finais da infância, as bases construídas 
das fases anteriores fornecem meios para que a criança seja capaz de adquirir 
e consolidar novas habilidades no momento da aprendizagem da leitura e da 
escrita. Conhecimentos acerca do alfabeto e os sons relacionados a esses sinais 
gráficos, a ampliação vocabular e os modos estruturais de construções de 
sentenças tendem a se consolidar, e a compreensão de regras mais complexas 
vai sendo internalizada. Durante o ensino fundamental, as crianças já podem, 
segundo Papalia e Feldman (2013, p. 60), “[...] produzir discursos conecta-
dos, relacionando sentenças conectadas uma a outra e produzir descrições, 
definições e narrativas que se compõem e fazem sentido [...]”. 
Agora que você identificou as características das primeiras etapas de 
aquisição da linguagem, conhecerá algumas teorias a respeito desses processos 
envolvendo as abordagens propostas por B. F. Skinner e Noam Chomsky.
Teorias clássicas de aquisição da linguagem: 
o debate genética e ambiente
Questões envolvendo os processos que levam à aquisição da linguagem foram 
objetos de estudo de pesquisadores de diferentes áreas em diferentes tempos. 
Uma das problematizações a serem investigadas diz respeito ao questionamento 
sobre a capacidade lingüística: se ela é aprendida ou inata. Na década de 
1950, houve duas correntes teóricas representadas por B. F. Skinner e Noam 
Chomsky, apresentadas no Quadro 3, a seguir (PAPALIA; FELDMAN, 2013).
O papel da linguagem no desenvolvimento e na aprendizagem10
Fonte: Papalia e Feldman (2013, p. 198).
Skinner (1957) De acordo com o autor, o aprendizado da linguagem, como 
qualquer outro, se baseia na experiência. Segundo a teoria 
clássica da aprendizagem, a criança aprende a linguagem 
por meio de condicionamento operante. A princípio, o bebê 
emite sons aleatórios. Os cuidadores reforçam os sons que se 
assemelham à fala adulta com sorrisos, atenção e elogios. O 
bebê, então, repeteesses sons reforçados. Segundo a teoria 
da aprendizagem social, ele imita os sons que ouve dos 
adultos e, novamente, é reforçado a fazer isso. O aprendizado 
das palavras depende do reforço seletivo; a palavra gatinho 
é reforçada somente quando o gato da família aparece. À 
medida que esse processo continua, a criança é reforçada 
para uma fala cada vez mais semelhante à do adulto.
Chomsky (1957) Formulou a teoria do inatismo. Diferentemente da teoria da 
aprendizagem de Skinner, o inatismo enfatiza o papel ativo 
daquele que aprende. Como a língua é universal nos seres 
humanos, Chomsky (1957, 1972, 1995) propôs que o cérebro 
humano tem uma capacidade inata para adquirir linguagem; 
bebês aprendem a falar tão naturalmente quanto a andar. 
Ele sugeriu que um dispositivo de aquisição da linguagem 
(DAL) programa o cérebro da criança para analisar a língua 
que ela ouve e inferir suas regras. O fundamento da 
concepção inatista vem da capacidade dos recém-nascidos 
de diferenciar sons similares, o que sugere que eles nascem 
com “sintonizadores” que captam as características da fala. 
Os inatistas apontam para o fato de que quase todas as 
crianças dominam sua língua natal na mesma sequência 
relacionada à idade sem aprendizagem formal.
Quadro 3. As duas correntes teóricas: de Skinner e de Chomsky
A partir dessas concepções, no decorrer dos anos subsequentes, novos es-
tudos acerca desses processos foram desenvolvendo-se. Atualmente, a maioria 
dos pesquisadores do desenvolvimento sustenta que a aquisição da linguagem, 
assim como outros elementos envolvendo a evolução humana, depende de um 
entrelaçamento entre a genética e o ambiente (PAPALIA; FELDMAN, 2013). 
De acordo com as novas concepções, a criança com a audição funcionando de 
acordo com a normalidade, ou seja, ela não estando surda, comumente terá 
uma capacidade nata de aquisição da linguagem, que pode ser ativada ou 
restringida de acordo com as experiências que vivenciará. Assim, quanto mais 
11O papel da linguagem no desenvolvimento e na aprendizagem
estímulos na apresentação de diferentes modos de se comunicar na infância, 
mais condições a criança terá para novas etapas dessa aprendizagem.
Dois importantes pesquisadores realizaram investigações acerca do desenvolvimento 
humano, incluindo o da linguagem. A seguir, você conhecerá um pouco das abordagens 
de Vygotsky e Piaget.
Fonte: Santrock (2009, p. 53).
Como podemos observar, enquanto Vygotsky destaca a relevância da linguagem 
como atuante no processo da construção do pensamento, Piaget atribui uma impor-
tância menos relevante a ela, direcionando essa habilidade pela cognição.
Principais influências sobre o desenvolvimento 
da linguagem 
As línguas naturais têm um sistema linguístico represantado por sinais gráficos 
e sons que são requisitados nas construções de discursos por meio da fala e 
escrita. Gradativamente, os bebês vão sendo influenciados pelas suas interações 
com o ambiente que os cerca e que contribuem para o desenvolvimento de seu 
progresso linguístico (PAPALIA; FELDMAN, 2013).
O papel da linguagem no desenvolvimento e na aprendizagem12
Você já parou para observar o quanto as crianças, de uma maneira geral, 
aprendem em tão pouco tempo a se expressar por meio de diferentes linguagens? 
E o quanto conseguem relacionar o vocábulo e seu significado, compreender 
estruturas e empregar palavras nos momentos adequados? Mas o que determina 
o tempo e a capacidade que a criança tem de aprender, compreender e fazer 
uso da linguagem? 
O renomado pesquisador linguista, Chomsky (1957) considerava que os 
humanos estão predestinados a aprenderem da linguagem de certo tempo 
e modo. Outros pesquisadores da área identificam similaridades às formas 
como as crianças passam pelo processo de aquisição da linguagem, inde-
pendentemente da parte do mundo que habitam, devido à sua base biológica 
(SANTROCK, 2009).
Pesquisadores têm investigado as relações que esses processos têm com 
as influências neurológicas e ambientais. O desenvolvimento do cérebro, que 
ocorre em grande proporção nos primeiros períodos de vida, apresenta estrei-
tas relações com o desenvolvimento da linguagem (Figura 7). Os primeiros 
meios de se expressar por meio do choro passam por ações controladas pelo 
tronco encefálico e pela ponte, que são as partes mais primitivas cerebrais a 
serem desenvolvidas. De acordo com Papalia e Feldman (2013, p. 200), “[...] é 
possível que o balbucio repetitivo surja com a maturação de partes do córtex 
motor, que controla os movimentos da face e da laringe [...]”. O hemisfério 
cerebral, responsável pelas funções linguísticas, inicia seu desenvolvimento 
muito cedo (HOLOWKA; PETITTO, 2002).
Figura 7. Relações entre cérebro e desenvolvimento da linguagem.
Fonte: magic pictures/Shutterstock.com.
13O papel da linguagem no desenvolvimento e na aprendizagem
Outro aspecto relevante de influência para o desenvolvimento da linguagem 
é chamado de interação social, pois a linguagem faz parte de um ato social 
de interação (Figura 8). Quando a criança se desenvolve sem um contato 
social dentro da normalidade, como é o caso dos autistas, a linguagem não 
se desenvolve normalmente. Como afirma Papalia e Feldman (2013, p. 200), 
“[...] a ordem de nascimento da criança, a experiência em cuidar de criança 
e, mais tarde, a escolaridade, os colegas e a exposição à televisão, tudo isso 
afeta o ritmo da aquisição da linguagem [...]”.
Figura 8. Fatores influenciadores da aquisição da linguagem.
Fonte: HelenField/Shutterstock.com.
O papel da linguagem no desenvolvimento e na aprendizagem14
De acordo com Hoff (2006), a partir do momento em que o bebê inicia 
o processo de fala, pais e cuidadores podem estimular o desenvolvimento 
do vocabulário por meio da repetição de palavras pronunciadas pelo bebê, 
mas com precisão, ao passo que ele observa com atenção e se torna capaz de 
aprender de modo mais rápido novos vocábulos.
Com o ingresso das crianças nas instituições de educação infantil, elas 
iniciam o processo de alfabetização, onde já apresentam uma gramática in-
ternalizada, que lhes oportuniza a detenção de um conhecimento prévio. 
Elas são apresentadas a experimentações para que passem a se apropriar das 
habilidades relacionadas à leitura e escrita. De acordo com Scopel, Souza e 
Lemos (2011, p. 733):
A escola é um dos ambientes que proporcionam o processo do desenvolvimento 
infantil. Cabe às instituições criar condições que propiciem ao indivíduo 
uma aprendizagem contínua, em que os conhecimentos adquiridos nos os 
primeiros anos de vida possam ser explorados, confrontados e aprofundados 
na instituição escolar. As crianças estão sendo colocadas cada vez mais cedo 
e num período maior de tempo em instituições de educação infantil, portanto 
é importante que o ambiente escolar também seja avaliado, de forma que 
esse possa oferecer as melhores condições possíveis para o desenvolvimento 
infantil. Estes devem ser ambientes ricos em recursos em estimulação ao 
desenvolvimento de linguagem, principalmente na fase pré-escolar, fase na 
qual a criança começa a desenvolver conhecimentos e capacidade importantes 
para o bom desempenho não apenas escolar, mas também social e emocional. 
O atraso de linguagem causa prejuízos escolares significantes na vida das 
crianças. A detecção precoce desses atrasos, bem como o conhecimento dos 
seus fatores de risco e proteção, possibilita ações de promoção de saúde no 
campo da atenção primária em saúde com a melhor capacitação dos pro-
fissionais da área e organização de programas de intervenção na infância.
Ao refletirmos sobre os fatores que influenciam o desenvolvimento da 
linguagem, constatamos que há um entrelaçamento de aspectos intrínsecos e ex-
trínsecos, tais como fatores biológicos, ambientais familiares e espaços sociais, 
como as instituições de educação infantis. Todos esses elementos que fazem 
parte do contexto onde a criança está inserida acarretam em consequênciasdiretas ao seu desenvolvimento linguístico em todas as suas formas de expres-
são e regras. Desse modo, é de extrema relevância que todos os responsáveis 
por ofertar à criança experimentações favoráveis à aquisição desses saberes 
tenham dimensão do papel que desempenham em todo esse processo.
15O papel da linguagem no desenvolvimento e na aprendizagem
BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Lu-
cerna, 2004.
BLOOM, B. (Ed.). Developing talent in young people. New York: Ballantine, 1985.
CHOMSKY, N. Language and mind. 2nd ed. New York: Harcourt Brace Jovanovich, 1972.
CHOMSKY, N. Syntactic structures. Mouton: The Hague, 1957. 
CHOMSKY, N. The minimalist program. Cambridge: MIT, 1995.
FIORIN, J. L. (Org.). Introdução à linguística: objetos teóricos. São Paulo: Contexto, 2002.
GLEASON, J. B. The development of language. In: GLEASON, J. B. (Ed.). The development 
of language. 6th ed. Boston: Allyn & Bacon, 2005.
HOFF, E. How social contexts support and shape language development. Developmental 
Review, v. 26, n. 1, p. 55-88, Mar. 2006.
HOLOWKA, S.; PETITTO, L. A. Left hemisphere cerebral specialization for babies while 
babbling. Science, v. 297, n. 5586, p. 1515, Aug. 2002.
LEITURA, sem palavras. 2011. (Sério Plano de Aula Língua Portuguesa). Disponível em: 
<http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000016804.PDF>. Acesso 
em: 10 maio 2018.
NICOLAIEWSKY, C. A.; CORREA, J. Escrita ortográfica e revisão de texto em braille: uma 
história de reconstrução de paradigmas sobre o aprender. Cadernos Cedes, Campinas, 
v. 28, n. 75, p. 229-244, maio/ago. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/
ccedes/v28n75/v28n75a06.pdf>. Acesso em: 10 maio 2018.
PAPALIA, D. E.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento humano. 12. ed. Porto Alegre: AMGH, 
2013.
SANTROCK, J. W. Life-span development. New York: McGraw-Hill, 2004.
SANTROCK, J. W. Psicologia educacional. 3. ed. Porto Alegre: AMGH, 2009. 
SCOPEL, R. R.; SOUZA, V. C.; LEMOS, S. M. A. A influência do ambiente familiar e escolar 
na aquisição e no desenvolvimento da linguagem: revisão de literatura. Revista CEFAC, 
São Paulo, v. 14, n. 4, p. 732-741, jul./ago. 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/
pdf/rcefac/v14n4/33-11.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2018.
SKINNER, B. F. Verbal behavior. New York: Appleton-Century-Crofts, 1957.
WAXMAN, S. R.; LIDZ, J. L. Early word learning. In: DAMON, W.; LERNER, R. (Ed.). Hand-
book of child psychology. 6th ed. New York: Wiley, 2006. 
O papel da linguagem no desenvolvimento e na aprendizagem16

Continue navegando