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climatologia (13)

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As ações humanas têm interferido sobre o ambiente em um 
ritmo muito acelerado. Estudos indicam, por exemplo, que, 
enquanto a temperatura média da superfície subiu, aproxi-
madamente, 5°C em 10 mil anos – contados desde o fim da 
última glaciação até 10 mil anos atrás –, pode-se elevar os 
mesmos 5°C em apenas 200 anos, se o ritmo de aquecimen-
to global que se observa nas últimas décadas continuar.
Alguns limites já foram cruzados. Por exemplo, o gelo 
flutuante no Oceano Ártico diminui em extensão, a cada 
verão, e, praticamente, não se sabe como reverter este pro-
cesso. Em poucas décadas, não haverá mais gelo sobre 
aquele oceano no final dessa estação, alterando radical-
mente a vida marinha da região.
Essa rápida transformação levou Paul Crutzen, professor e 
Prêmio Nobel de Química, em 1995, a definir os últimos 
200 anos a partir da Revolução Industrial como o “antropo-
ceno”, num trocadilho ao neoceno, período na escala evolu-
tiva da Terra em que apareceram os hominídeos, mesclado 
com o prefixo antropos, que vem do grego antrophos, que 
quer dizer homem ou pessoa. Seria uma ironia fina para di-
zer: nós nos consideramos o centro do universo, portanto, 
tudo está a nosso serviço.
O processo de transformação ambiental global se acen-
tuou marcadamente nos últimos 50 anos, alimentado pela 
explosão populacional e pelo crescente consumo de ener-
gia, alimentos e materiais. Podemos dizer que, na geração 
de nossos pais e avós, não se tinha plena consciência dos 
efeitos do crescimento material quase sem limites. Sobrava 
uma confiança quase ilimitada de que a ciência e tecnologia 
sempre encontrariam soluções para os efeitos adversos do 
crescimento econômico sobre o ambiente.
A responsabilidade que recai sobre nossa geração e de nossos 
filhos e netos é sem precedentes. As mudanças ambientais 
globais continuam a ocorrer em crescente velocidade, 
mas agora, ao contrário da época das gerações anteriores,

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