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14 As ações humanas têm interferido sobre o ambiente em um ritmo muito acelerado. Estudos indicam, por exemplo, que, enquanto a temperatura média da superfície subiu, aproxi- madamente, 5°C em 10 mil anos – contados desde o fim da última glaciação até 10 mil anos atrás –, pode-se elevar os mesmos 5°C em apenas 200 anos, se o ritmo de aquecimen- to global que se observa nas últimas décadas continuar. Alguns limites já foram cruzados. Por exemplo, o gelo flutuante no Oceano Ártico diminui em extensão, a cada verão, e, praticamente, não se sabe como reverter este pro- cesso. Em poucas décadas, não haverá mais gelo sobre aquele oceano no final dessa estação, alterando radical- mente a vida marinha da região. Essa rápida transformação levou Paul Crutzen, professor e Prêmio Nobel de Química, em 1995, a definir os últimos 200 anos a partir da Revolução Industrial como o “antropo- ceno”, num trocadilho ao neoceno, período na escala evolu- tiva da Terra em que apareceram os hominídeos, mesclado com o prefixo antropos, que vem do grego antrophos, que quer dizer homem ou pessoa. Seria uma ironia fina para di- zer: nós nos consideramos o centro do universo, portanto, tudo está a nosso serviço. O processo de transformação ambiental global se acen- tuou marcadamente nos últimos 50 anos, alimentado pela explosão populacional e pelo crescente consumo de ener- gia, alimentos e materiais. Podemos dizer que, na geração de nossos pais e avós, não se tinha plena consciência dos efeitos do crescimento material quase sem limites. Sobrava uma confiança quase ilimitada de que a ciência e tecnologia sempre encontrariam soluções para os efeitos adversos do crescimento econômico sobre o ambiente. A responsabilidade que recai sobre nossa geração e de nossos filhos e netos é sem precedentes. As mudanças ambientais globais continuam a ocorrer em crescente velocidade, mas agora, ao contrário da época das gerações anteriores,
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