Buscar

Reflexões sobre a Paixão de Cristo



Continue navegando


Prévia do material em texto

isso diz o Espírito Santo pela boca de Caifás (Jo 11, 50): convém que morra
um homem pelo povo. E santo Agostinho: Admiremos, congratulemo-nos,
rejubilemo-nos, amemos, louvemos e adoremos, pois, pela morte de nosso
redentor, fomos chamados das trevas à luz, da morte à vida, do exílio à
pátria, do luto à alegria.
2. Para o aumento da fé, da esperança e da caridade.
Quanto ao crescimento da fé, aquilo do salmista: quanto à mim, estou só até
que eu passe, i. é, deste mundo ao Pai. Mas, quando tiver passado deste
mundo ao Pai, então serei multiplicado. Se o grão de trigo que cai na terra
não morre, permanece só.
 
Quanto ao crescimento da esperança, diz o Apóstolo (8, 32): O que não
poupou nem o seu próprio Filho, mas por nós todos o entregou, como não nos
dará também com ele todas as coisas? É inegável que dar todas as coisas é
ainda menos que entregar Cristo à morte por nós. São Bernardo diz: "Quem
não se encherá da esperança de possuir confiança, se considerar a posição do
corpo crucificado de Cristo? Sua cabeça inclinada, para dar-nos o ósculo da
paz; seus braços estendidos, para nos abraçar; suas mãos traspassadas, para
nos cumular de bens; seu coração aberto, para nos amar; seus pés cravados,
para permanecer conosco". Lemos nas Escrituras (Ct 2, 14): "Pomba minha,
tu que te recolhes nas aberturas da pedra". Nas chagas de Cristo, a Igreja
estabeleceu e fez seu ninho, colocando a esperança de sua salvação na Paixão
do Senhor; e assim protege-se das surpresas do falcão, i. é, do diabo.
 
Quanto ao crescimento da caridade, aquilo das Escrituras (Ecle 43, 3): "Ao
meio dia queima a terra". Ou seja, no fervor da Paixão, ardem de amor os
corações terrestres. Diz ainda são Bernardo: "O cálice que bebestes, ó bom
Jesus, mais que tudo, vos fez amável. A obra de nossa redenção reivindica
absoluta e prontamente todo nosso amor para si; ela faz agradável a devoção,
87