Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Genética 1. Explicar os dois principais mecanismos mutagênicos relacionados ao cigarro e seus componentes A fumaça do cigarro é composta por diversas substâncias tóxicas, como os Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (PAHs), os metais e a acroleína. Estas substâncias, ao entrarem em contato com os pulmões, podem provocar diversos tipos de danos, desde irritação e edema, até mutações no material genético. Nesse caso, a mutação ocorre principalmente de duas formas: ●Forma indireta através da formação de Espécies Reativas de Oxigênio (ROS) e Espécies Reativas de Nitrogênio (RNS) que levam a danos oxidativos no DNA gerando quebra de fitas simples (single-strand breaks) e quebra de fitas duplas (double-strand breaks) ●Forma direta, onde alguns componentes do cigarro formam adutos (inter e intrafitas) de DNA em consequência de ligação covalente entre esses componentes (são eletrofílicos reativos) e as bases nitrogenadas do DNA, especialmente a guanina. Os cânceres de pulmão são categorizados em carcinoma de pulmão de células pequenas, um subtipo com fenótipo neuroendócrino, e carcinoma de pulmão de células não- pequenas, o qual inclui adenocarcinoma, carcinoma de células escamosas e carcinoma de grandes células. O tabagismo é o seu principal fator de risco e está associado a 90% dos casos diagnosticados. Entre os não-fumantes, a exposição a carcinógenos e à fumaça de fumantes são fatores (tendo uma predisposição genética que é essencial para esse tipo de câncer) de risco para o aparecimento do tumor. Genes como p53, p14aRF, p16INK4a, RB, FHIT e RASSF1A estão relacionados ao câncer de pulmão. Tais genes são descritos em um acervo genético de fundamental importância para o conhecimento do programa genético envolvido no surgimento e desenvolvimento do câncer de pulmão. Tais representantes desse acervo, o CYP1a1, CYP2A6 e CYP2E1 são membros da família do citocromo P450 e participam do metabolismo de várias drogas, inclusive as derivadas do tabaco. Variações genéticas em membros dessa família aumentam o risco de surgimento do câncer de pulmão. *Os polimorfismos de nucleotídeo único/ simples (SNPs) estão distribuídos entre os grupos étnicos como consequência da história evolutiva de cada população e podem refletir uma predisposição a doenças de base genética como o câncer de pulmão. 2. Relacionar os mecanismos mutagênicos com o aparecimento de câncer As quebras de fita ocorrem quando o esqueleto de açúcar- fosfato das cadeias de DNA sofre uma quebra e uma molécula é separada em duas outras distintas. As quebras de fita estão diretamente conectadas com as deleções e inserções em protoncogenes e genes supressores de tumor, o que vai levar a instabilidade no controle do ciclo celular que pode induzir o aparecimento de células displásicas, já que ocorre divisão celular sem estímulos corretos. *Quando se ativa muitos protoncogenes, há uma mutação dominante, quando desativa muito os supressores de tumor há uma mutação recessiva As quebras também estão associadas com a formação de aneuploidias cromossômicas nas células somáticas, uma característica importante do genoma de células cancerosas. Essas aneuploidias ocorrem já que, por conta das quebras, os cromossomos podem sofrer fragmentações e rearranjos que levam a uma alteração no número correto de cromossomos Já as formações de adutos, por sua vez, ocorrem porque as substâncias carcinogênicas presentes no cigarro (especialmente os PAHs após a metabolização) são substâncias eletrofílicas, isto é, atraídas por moléculas com alta densidade eletrônica, como as bases nitrogenadas do DNA. Os adutos levam a mutações nos protoncogenes e nos genes supressores de tumor interferindo no processo de expressão gênica dos mesmos, o que induz a tumorigênese Por fim, vale ressaltar que tanto as quebras quanto os adutos são passíveis de reparo nas células. Quando o reparo não ocorre ou é insuficiente pode-se levar à formação de tumor. Porém, para que ocorra a carcinogênese (que consiste na progressão das lesões benignas para malignas) são necessárias mais etapas, como a perda do controle de reparo do DNA, perda total do controle da progressão do ciclo celular e instabilidade genômica. Tudo isso vai induzir a perda do reconhecimento tecido-tecido das células fazendo com que ela ganhe a capacidade de invasão e metástase *O câncer inicia-se como consequência de alterações múltiplas no DNA de uma única célula que mudam a sua constituição genômica. Essa célula, por sua vez, passa as alterações para suas descendentes, tornando-se um conjunto de células que se proliferam descontroladamente.
Compartilhar