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Anatomia do Diencéfalo e Hipófise

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Anatomia 
I. Descrever anatomicamente o diencéfalo e a hipófise, 
explicando a relação entre os dois órgãos. 
Diencéfalo 
O cérebro tem dois componentes, o telencéfalo já estudado 
e o diencéfalo. O diencéfalo é a região central do cérebro 
que realiza formação e integração de informações vindas do 
meio externo. O diencéfalo apresenta 4 componentes, o 
tálamo, hipotálamo, epitálamo e subtálamo (único que não 
se relaciona com o terceiro ventrículo). 
Sintopia 
O diencéfalo é uma estrutura ímpar e mediana, que só pode 
ser vista em cortes ou na vista inferior. O diencéfalo é inferior 
e medial ao telencéfalo, superior ao mesencéfalo e no 
interior do diencéfalo existe o terceiro ventrículo. 
Terceiro Ventrículo 
É a cavidade estreita, ímpar e em forma de fenda presente 
no diencéfalo, que se comunica com os ventrículos laterais 
pelos forames interventriculares e com o quarto ventrículo 
pelo aqueduto cerebral. 
Entre o forame e o aqueduto, na parede lateral do terceiro 
ventrículo, existe o sulco hipotalâmico. Acima do sulco existe 
o tálamo e abaixo dele o hipotálamo. Unindo os dois tálamos 
existe a aderência hipotalâmica de substância cinzenta. No 
assoalho do terceiro ventrículo, de anterior para posterior, 
existe o quiasma óptico, infundíbulo, túber cinéreo e corpos 
mamilares. A parede anterior do terceiro ventrículo é 
formada pela lâmina terminal que se encontra entre a 
comissura anterior e o quiasma óptico. A lâmina e a 
comissura pertencem ao telencéfalo. 
A parede posterior do terceiro ventrículo é formada pelo 
epitálamo, que é superior ao sulco hipotalâmico e a partir 
dele partem as estrias medulares do tálamo. O teto do 
terceiro ventrículo é formado pelo tálamo, sendo que por 
ele passam as estrias medulares, e no teto se fixam os plexos 
coroides. 
Resumindo, o teto é formado pelo tálamo, o soalho pelo 
hipotálamo, a parede anterior pelo telencéfalo, a parede 
posterior pelo epitálamo e a parede lateral pelo tálamo e 
hipotálamo. 
Tálamo 
O tálamo compreende 80% do diencéfalo, tem duas partes 
e é um conjunto de núcleos (aglomerados de corpos de 
neurônios) com diversas funções e conexões diferentes. 
Cada parte do tálamo é dividida em três grandes regiões, a 
anterior, a lateral e a medial (é contínua entre as duas partes 
do tálamo), sendo essa divisão feita pela lâmina medular 
interna. As extremidades anteriores do tálamo possuem os 
tubérculos anteriores do tálamo e as extremidades 
posteriores apresentam um pulvinar cada, e um par de 
corpos geniculados (sendo um medial e um lateral) em cada. 
Funções 
O tálamo apresenta funções complexas, podendo citar 
algumas como ser responsável por receber praticamente 
todos os impulsos sensoriais antes deles chegarem ao córtex 
cerebral. O tálamo é importante por integrar e coordenar 
impulsos aferentes, modular a função motora e participar da 
composição do sistema de ativação reticular ascendente. O 
pulvinar se relaciona com a linguagem, os núcleos anteriores 
com as emoções, os corpos geniculados laterais com a visão, 
os corpos geniculados mediais com a audição. 
.
Sintopia 
O tálamo é inferior ao ventrículo lateral (participando de sua 
delimitação), lateral ao terceiro ventrículo (formando a maior 
parte dele), medial à cápsula interna e ao telencéfalo. O 
tálamo ainda é superior ao hipotálamo. 
Conexões 
O tálamo recebe vias aferentes que formam, principalmente, 
o lemnisco medial, trato espinotalâmico e o trato 
trigeminotalâmico, além de fibras gustativas do núcleo do 
trato solitário. O tálamo vai então se conectar com áreas 
somatossensoriais do córtex. 
O tálamo apresenta os corpos geniculados mediais e laterais, 
sendo que o lateral é o ponto de chegada do trato óptico e 
a partir dele sai a radiação óptica rumo ao córtex visual. O 
corpo geniculado medial recebe o lemnisco lateral e emite a 
radiação auditiva rumo ao córtex auditivo. O tálamo se 
conecta com o corpo mamilar e o fórnice pelo trato 
mamilotalâmico, e ainda se conecta com o giro do cíngulo, 
por isso se diz que ele participa do sistema límbico. 
Epitálamo 
É a estrutura do diencéfalo que limita posteriormente o 
terceiro ventrículo e se encontra na transição entre 
diencéfalo e mesencéfalo. A estrutura mais importante do 
epitálamo é a glândula pineal, que é ímpar, mediana, repousa 
sobre o teto do mesencéfalo, é produtora de melatonina 
(importante para a manutenção do ciclo circadiano e tem 
ação antigonadotrópica), se prende pela comissura das 
habênulas e pela comissura posterior, está no nível da 
conexão entre aqueduto e terceiro ventrículo e é 
responsável por demarcar o limite entre diencéfalo e 
mesencéfalo. Existe um pequeno núcleo logo abaixo da 
pineal no epitálamo que recebe o nome de habênula e é 
importante para retransmitir impulsos olfativos. 
Subtálamo 
É a porção do diencéfalo lateral ao hipotálamo (por isso não 
é visto em cortes sagitais), medial à cápsula interna e inferior 
ao tálamo. Ele compreende o núcleo subtalâmico (regulação 
da motricidade somática, principalmente de membros), uma 
parte do globo pálido e por ele passam várias fibras rumo 
ao tálamo. Ele é limitado anteriormente pela substância 
negra e posteriormente pelo núcleo rubro, sendo que essas 
duas estruturas pertencem ao mesencéfalo, mas se 
projetam para o subtálamo em uma região chamada de zona 
incerta do subtálamo. 
Hipotálamo 
O hipotálamo apresenta uma porção anterior e uma 
posterior, sendo que cada uma vai apresentar vários núcleos 
e áreas com diferentes funções. Na porção mais medial do 
hipotálamo que é possível identificar claramente seus 
principais núcleos. 
Os corpos mamilares são duas eminências arredondadas que 
demarcam o limite posterior do hipotálamo e é onde se 
encontram os núcleos mamilares (relacionados a emoção). O 
túber cinéreo é uma estrutura anterior ao corpo mamilar e 
é dele que parte o infundíbulo, estrutura que conecta o 
hipotálamo e a hipófise. 
Funções 
O hipotálamo é o órgão regulador superior do sistema 
nervoso autônomo, participando de vários circuitos 
reguladores de funções vitais como temperatura, PA, 
sudorese, fome, sono, vigília, diurese, respiração e frequência 
cardíaca. Essa regulação não depende do córtex, por isso é 
realizada de forma autônoma e é essencial para a 
homeostase do organismo. 
Núcleos do hipotálamo 
Anteriormente, pode-se identificar o núcleo paraventricular 
mais superior, o núcleo supra-quiasmático e o núcleo supra-
óptico mais inferior e logo acima do quiasma óptico. 
No grupo mais 
central de núcleos 
existe o núcleo 
ventromedial, núcleo 
dorsomedial e núcleo 
arqueado (também 
chamado de núcleo 
infundibular) 
Por fim, no grupo 
mais posterior de 
núcleos se identifica 
o núcleo posterior 
mais superiormente 
e o núcleo mamilar 
mais inferiormente. 
Sintopia 
O hipotálamo é inferior ao tálamo, lateral e inferior ao 
terceiro ventrículo, posterior ao quiasma óptico e lâmina 
lateral, anterior ao corpo mamilar (faz parte do hipotálamo e 
limita ele posteriormente) e superior à hipófise. 
.
Hipófise 
Também chamada de glândula pituitária, é um pequeno 
órgão localizado na fossa hipofisial que fica na sela turca do 
osso esfenoide logo abaixo do hipotálamo, que é revestida 
por uma cápsula derivada das meninges. 
A hipófise se liga ao hipotálamo pelo pedículo (infundíbulo da 
neuro + pars tuberal da adeno) e pode ser considerada duas 
glândulas (unidas anatomicamente e independentes 
funcionalmente) em um só órgão, ela é formada pela 
neurohipófise, composta por tecido nervoso, e pela 
adenohipófise, composta por epitélio glandular. 
A neurohipófise possui a parte nervosa e o infundíbulo (fica 
no pedículo e a conecta ao hipotálamo). A adenohipófise, por 
outro lado, não se conecta anatomicamente ao s. nervoso, e 
é formada pela parte distal, a parte tuberal e a parte 
intermédia (fica entre a parte distal e a neurohipófise). 
Anatomicamente, a hipófise possui o lobo posterior, formado 
pela parte nervosa da neurohipófise e pela parte intermédia 
da adenohipófise, o lobo anterior formadopela parte distal da 
adenohipófise, e o pedículo, formado pela parte tuberal da 
adenohipófise e pelo infundíbulo da neurohipófise. 
*A hipófise pode ser considerada a glândula mestra do 
organismo pois seus hormônios regulam outras glândulas 
endócrinas. 
A secreção da hipófise é controlada quase totalmente por 
sinais vindos do hipotálamo. A secreção da região posterior 
é controlada por sinais neurais, enquanto a secreção da 
região anterior é controlada por hormônios, os chamados de 
fatores liberadores/ inibidores hipotalâmicos. O hipotálamo, 
por sua vez, recebe estímulos de diversas partes do SN. 
Adenohipófise 
É a porção da glândula responsável pela produção, 
armazenamento e secreção do GH, prolactina, ACTH, TSH, 
FSH e LH. A maioria das secreções da adenohipófise é 
regulada por hormônios hipotalâmicos. Por conta disso, muito 
estímulos externos afetam o hipotálamo, a hipófise, órgãos 
e tecidos do corpo consequentemente. Além da regulação 
pelo hipotálamo, a regulação por meio de feedback negativo 
das glândulas endócrinas reguladas pela hipófise também 
acontece. 
Neurohipófise 
A neurohipófise é bem mais simples que a adenohipófise e, 
como já foi dito, apresenta duas partes, a parte nervosa, que 
é maior e distal, e o infundíbulo, que faz parte do pedículo 
da hipófise. Ambas as partes NÃO contem células secretoras 
e são formadas por axônios amielínicos e pituícitos (são um 
tipo de célula da Glia que só existe aqui). Os dois hormônios 
que essa glândula libera são o hormônio antidiurético e a 
oxitocina. 
É importante lembrar que a neurohipófise só armazena e 
libera os hormônios mencionados. Ambos são produzidos 
pelo hipotálamo por ser onde se encontram os corpos 
celulares dos neurônios cujos axônios estão na neurohipófise. 
Pode-se chamar, então, a neurohipófise de importadora de 
hormônios, pois ela não produz, apenas recebe os hormônios 
produzidos hipotálamo, os armazena nas vesículas dos 
botões terminais e os libera na corrente sanguínea por 
exocitose quando necessário 
Sistema porta-hipotalâmico-hipofisário 
Um sistema porta é um sistema de vasos sanguíneos em 
que se tem duas redes de capilares interligadas por veias ou 
artérias. O normal é se ter uma artéria se ramificando para 
formar capilares que confluem para formar veias. No sistema 
porta isso não acontece. Se tem uma artéria, capilares, veias, 
capilares novamente e veias novamente. Esse sistema 
acontece em outros lugares do corpo, como no fígado. 
Na eminência média do hipotálamo existe o plexo capilar 
primário, dele saem duas veias portas que conectam esse 
plexo ao plexo capilar secundário presente na adenohipófise. 
Tudo que o hipotálamo quer enviar à adenohipófise é 
encaminhado pelo sistema porta hipotalâmico-hipofisário. 
No hipotálamo existem neurônios curtos que terminam no 
próprio hipotálamo na região do plexo capilar primário. Esses 
neurônios produzem os fatores de liberação/ inibição e os 
lançam no interstício, de onde são captados para plexo 
capilar primário, que vai seguir pelas veias portas até o plexo 
capilar secundário. Por difusão, o hormônio sai do plexo 
capilar secundário e vai para o interstício da adenohipófise. 
Na adenohipófise o hormônio hipotalâmico vai estimular ou 
inibir a produção de outro hormônio pelas células endócrinas 
da adenohipófise. 
Entende-se então que a adenohipófise é dependente do 
hipotálamo pois ele regula todas as secreções dela, já a 
neurohipófise depende do hipotálamo pois é ele quem 
produz os hormônios que ela secreta.

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