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20/03/2024, 15:12 Linguagem e língua: conceitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00040/index.html#imprimir 1/28 Linguagem e língua: conceitos Prof. Luís Cláudio Dallier Saldanha Descrição A distinção entre linguagem verbal e linguagem não verbal, as principais concepções de linguagem e as implicações dessas concepções no uso da língua. Propósito Compreender a diferença entre as linguagens verbal e não verbal, as concepções de linguagem que geralmente adotamos e as consequências de tais concepções no uso cotidiano da língua é fundamental para a compreensão da linguagem e de suas interferências no uso da língua portuguesa. Objetivos Módulo 1 Linguagens verbal e não verbal Distinguir linguagem verbal e linguagem não verbal. 20/03/2024, 15:12 Linguagem e língua: conceitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00040/index.html#imprimir 2/28 Módulo 2 Concepções de linguagem Reconhecer as três principais concepções de linguagem. Módulo 3 Linguagem e interação Identificar implicações de diferentes concepções de linguagem no uso do português. Se você acha que língua e linguagem são a mesma coisa, você agora vai aprender que a língua é uma das diversas linguagens que o ser humano utiliza para se expressar, comunicar e interagir. Claro que todas as linguagens têm seu valor, mas vamos enfatizar a linguagem verbal, ou seja, a língua. Vamos relembrar as principais características das linguagens verbal e não verbal, conhecer algumas concepções de linguagem e identificar algumas implicações do que estamos estudando no uso cotidiano da língua. Introdução 20/03/2024, 15:12 Linguagem e língua: conceitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00040/index.html#imprimir 3/28 1 - Linguagens verbal e não verbal Ao �nal deste módulo, você será capaz de distinguir linguagem verbal e linguagem não verbal. O português que você aprendeu na escola ainda é um mistério, algo distante? Vamos começar com a leitura de um poema para pensar um pouco sobre nossa experiência com a língua portuguesa. O título do poema é Aula de Português e foi escrito por Carlos Drummond de Andrade. Carlos Drummond de Andrade Poeta mineiro, foi um dos principais nomes do Modernismo brasileiro. Entre suas principais obras, estão os livros: Alguma poesia (1930), Sentimento do mundo (1940) e A rosa do povo (1945). Um de seus poemas mais conhecidos é No meio do caminho, que tem os famosos versos “No meio do caminho tinha uma pedra / tinha uma pedra no meio do caminho”. Aula de Português 20/03/2024, 15:12 Linguagem e língua: conceitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00040/index.html#imprimir 4/28 A linguagem na ponta da língua, tão fácil de falar e de entender A linguagem na superfície estrelada de letras, sabe lá o que ela quer dizer? Professor Carlos Góis, ele é quem sabe, e vai desmatando o amazonas de minha ignorância. Figuras de gramática, esquipáticas, atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me. Já esqueci a língua em que comia, em que pedia para ir lá fora, em que levava e dava pontapé, a língua, breve língua entrecortada do namoro com a prima. O português são dois; o outro, mistério. Carlos Drummond de Andrade Utilize o player abaixo para ouvir a citação. O poema apresenta dois tipos de linguagem: a linguagem informal do cotidiano, que não precisa ser aprendida na escola, e a linguagem formal do professor ou dos livros, aprendida na sala de aula. No último verso, isso é resumido na frase “O português são dois”. 20/03/2024, 15:12 Linguagem e língua: conceitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00040/index.html#imprimir 5/28 Linguagem informal Linguagem formal Assim como Drummond entende que existem duas linguagens (formal e informal), precisamos entender que há diversos tipos de linguagem. Vamos conhecê-los para compreender por que o português é uma das que dispomos para a comunicação. Linguagem verbal e linguagem não verbal A linguagem constitui todos os sistemas de sinais ou signos convencionais que nos permitem a comunicação. Mas, espera... Signo? O que é isso? Assim como os signos podem ser de diversas naturezas ou tipos, há diferentes tipos de linguagem. A linguagem humana, por exemplo, pode ser verbal e não verbal. 20/03/2024, 15:12 Linguagem e língua: conceitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00040/index.html#imprimir 6/28 Gestos, imagens e sons são exemplos de linguagem não verbal. O semáforo é outro exemplo de linguagem não verbal. Vejamos mais detalhes sobre a relação das linguagens verbais e não verbais na galeria a seguir: Língua e linguagem verbal são termos correspondentes A partir da caracterização da linguagem verbal como uma linguagem humana que utiliza a palavra, perceba que a língua é um tipo de linguagem, mas ela não é a única linguagem de que dispomos. Ou seja, a língua é uma linguagem humana específica, baseada na palavra. Expressão corporal? Linguagem musical? A música, a pintura, a dança, o teatro e o cinema usam signos que pertencem a outro tipo de linguagem humana, já denominada aqui como linguagem não verbal. Por isso, são 20/03/2024, 15:12 Linguagem e língua: conceitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00040/index.html#imprimir 7/28 comumente usadas expressões como linguagem musical, linguagem corporal, linguagem pictórica etc. Associação inerente “Que outro ser tem gestos significativos, pinta, fotografa, faz cinema? Compreende-se, assim, que o homem e a linguagem se relacionam de forma a não se conceberem um sem o outro e que a linguagem está indissoluvelmente associada com a atividade mental humana, a qual, absolutamente, não se manifesta só pelo verbal.” (PALOMO, 2001, p. 11). Integração entre as linguagens verbal e não verbal Quando você conversa com outra pessoa, por exemplo, faz uso da linguagem verbal (a fala) e da linguagem não verbal (gestual, postura corporal, tom da voz etc.). A história em quadrinhos é outro exemplo de integração das linguagens verbal e não verbal. Linguagem pictórica Linguagem pictórica é toda e qualquer manifestação de linguagem imagética – fotografia, pinturas, desenhos, iluminuras – que possuem características singulares em relação ao duplo processo de 20/03/2024, 15:12 Linguagem e língua: conceitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00040/index.html#imprimir 8/28 produção e reprodução da própria produção. O texto representado pelas figuras que marcam e estruturam para nós significados são, no limite, a linguagem imagética. A distinção entre as linguagens verbal e não verbal não deve levar você a concluir que a comunicação acontece sempre e apenas por meio de um único tipo de linguagem. Linguagem hipermidiática Com as tecnologias digitais e a internet, essa integração entre as linguagens verbal e não verbal fica muito evidente e interessante, pois usamos palavras, imagens, sons e outros recursos para interagir nas redes sociais. É cada vez mais comum trocarmos mensagens em que a escrita se mistura com emojis ou emoticons. Atenção! Este material didático é um exemplo de integração entre diferentes tipos de linguagem, articulando texto escrito com vídeo, podcast, imagens e símbolos. Tudo isso é possível por causa de outra integração: convergência entre diferentes mídias formando o que tem sido chamado de hipermídia. É como se o livro impresso, o rádio, a televisão e o computador estivessem todos reunidos com suas diferentes linguagens. Assim, hoje em dia, fala-se de uma linguagem hipermidiática, um bom exemplo dessa integração de linguagens verbal e não verbal. É verdade que a linguagem verbal, falada ou escrita, predomina nos atos de comunicação. Mas você deve reconhecer que a linguagem não verbal está associada intimamente a nossas atividades e possui também sua relevância. Nossos gestos ao falar ou uma imagem ilustrativa num texto 20/03/2024, 15:12 Linguagem e língua: conceitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00040/index.html#imprimir9/28 escrito também dizem muito e, às vezes, até contradizem o que falamos ou escrevemos. Imagine alguém dizendo que está calmo e tranquilo, mas, ao mesmo tempo, pisca os olhos num ritmo acelerado, tem as mãos trêmulas ou balança pernas e pés num movimento frenético. Dificilmente essa pessoa vai convencer o outro de que está calma. Assim, ao fazermos a distinção entre linguagens verbal e não verbal, não queremos sugerir que apenas uma delas seja importante e precise ser cuidada. Até aqui, você aprendeu que a linguagem é constituída de sinais ou signos, que permitem a comunicação entre os seres humanos. Quando o signo é centrado na palavra escrita ou oral, ele é identificado como linguagem verbal. Os demais tipos de signos formam outro conjunto de linguagens denominado linguagem não verbal, como é o caso da pintura e dos gestos. A integração entre diferentes tipos de linguagem é algo muito antigo, mas que se intensificou com as tecnologias digitais ou a chamada linguagem hipermidiática. 20/03/2024, 15:12 Linguagem e língua: conceitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00040/index.html#imprimir 10/28 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Assinale a opção que descreve a situação em que aparece apenas o uso da linguagem verbal. Parabéns! A alternativa B está correta. A escrita é uma linguagem verbal. Nas demais alternativas, temos a presença de linguagem não verbal, como é o caso dos gestos na alternativa A, da representação teatral na alternativa C, do gestual na opção D e do gráfico na alternativa E. Questão 2 É correto afirmar que a língua A Um gerente gesticulando e falando alto. B A escrita do professor na lousa. C Um ator representando uma ação dramática no palco. D Um instrutor sinalizando com as mãos para o operador de máquinas. E Um estudante desenhando um gráfico. 20/03/2024, 15:12 Linguagem e língua: conceitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00040/index.html#imprimir 11/28 Parabéns! A alternativa A está correta. A língua é linguagem verbal, ou seja, baseada na palavra. A palavra, elemento central da linguagem verbal, pode ser tanto oral quanto escrita, por isso, as alternativas C e E estão incorretas. A opção D está incorreta porque a língua pode ser utilizada de forma integrada a outras linguagens, como acontece nas histórias em quadrinhos. A corresponde à linguagem verbal. B constitui exemplo de linguagem não verbal. C deve ser considerada linguagem verbal somente na modalidade falada. D não é utilizada integrada ou articulada com outras formas de linguagem. E deve ser considerada linguagem verbal somente na modalidade escrita. 20/03/2024, 15:12 Linguagem e língua: conceitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00040/index.html#imprimir 12/28 2 - Concepções de linguagem Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer as três principais concepções de linguagem. Concepções de linguagem Depois de fazer a distinção entre linguagens verbal e não verbal, é hora de prosseguir e apresentar as três principais concepções de linguagem. Veja quais são elas a seguir. Linguagem como expressão do pensamento De acordo com essa concepção, a linguagem corresponde a uma expressão que se constrói no interior da mente e tem, na exteriorização, apenas uma tradução. A linguagem é entendida como uma forma de expressar pensamentos, sentimentos, intenções, vontades, ordens, pedidos etc. Nessa forma de entender a linguagem, a intenção de expressar alguma coisa é um ato monológico. Isso quer dizer que a enunciação ou o ato de fala (o modo como nos expressamos) está centrado na pessoa que se expressa por meio da linguagem, sem dar tanta importância ao outro e às circunstâncias sociais nas quais a enunciação acontece. Monológico O uso do termo monológico (mono = um, único; logos = discurso racional) não se apresenta como a fundamentação de um tipo de teoria da comunicação, que defende o discurso como ato centrado apenas no emissor da fala. Apenas quer mostrar que, nesta concepção da linguagem, tal ato ainda está centrado na necessidade individual de se comunicar. 20/03/2024, 15:12 Linguagem e língua: conceitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00040/index.html#imprimir 13/28 O uso da língua é visto como algo que se limita a quem fala ou escreve. Não há preocupação sobre como o outro vai ler ou ouvir nossa mensagem. Assim, a exteriorização do “pensamento por meio de uma linguagem articulada e organizada” depende da capacidade de organizar, de maneira lógica, esse mesmo pensamento (TRAVAGLIA, 2003, p. 21). Nessa concepção de linguagem, a correção no uso da língua (falar e escrever bem conforme a gramática normativa) depende das regras às quais o pensamento lógico deve estar sujeito. Dessa forma, se as pessoas não se expressam bem ou não usam a língua corretamente, isso acontece porque elas não estão pensando corretamente. A solução, então, para expressar adequadamente o que se está pensando é a internalização das regras gramaticais e de seu adequado uso. Atenção! Mas há um problema: essa concepção acaba sendo uma forma parcial de entender como a linguagem funciona, pois há outros aspectos envolvidos além da intenção de exteriorizar o que pensamos. Não é o caso de afirmar que a concepção está errada. Precisamos avançar e verificar outras formas complementares de compreender a linguagem. Linguagem como instrumento de comunicação A linguagem deve ser compreendida além de sua função de expressar o que pensamos ou sentimos, pois, ao nos expressarmos, nos dirigimos a alguém, ou seja, comunicamos algum tipo de mensagem para uma ou mais pessoas. Por isso, há outra concepção de linguagem que 20/03/2024, 15:12 Linguagem e língua: conceitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00040/index.html#imprimir 14/28 compreende a língua, por exemplo, como um código por meio do qual elaboramos nossas mensagens para serem comunicadas. Código O código é entendido como “um conjunto de regras que permite a construção e a compreensão de mensagens. É, portanto, um sistema de signos. A linguagem é, por conseguinte, um dentre outros códigos (código marítimo, código rodoviário)”. Dentre todos os outros códigos, a linguagem verbal, seja escrita ou oral, é o único código que “pode falar dos próprios signos que os constituem ou de outros signos” (VANOYE, 1981, p. 30). A língua é tomada predominantemente como um código, que deve ser utilizado com eficiência, ou seja, deve tornar inteligível a mensagem que se quer comunicar, levando o receptor a responder adequadamente ao objetivo da comunicação. Para que haja a comunicação, o código que utilizamos, seja ele a língua ou outro, precisa ser conhecido ou dominado pelo nosso interlocutor para que a comunicação se realize. O uso do código, no caso, a própria língua, “é um ato social, envolvendo consequentemente pelo menos duas pessoas”. Por isso, “é necessário que o código seja utilizado de maneira semelhante, preestabelecida, convencionada para que a comunicação se efetive” (TRAVAGLIA, 2003, p. 22). Atenção! A concepção da linguagem como instrumento de comunicação tem, porém, uma limitação. É uma concepção centrada no código, ou seja, voltada principalmente para o funcionamento interno da língua ou de outra linguagem utilizada, deixando de lado aspectos como a relação entre a linguagem e o contexto social e histórico. Por isso, você precisa conhecer outra concepção de linguagem que permita avançar na compreensão da linguagem e seus usos. Linguagem como lugar ou experiência de interação humana 20/03/2024, 15:12 Linguagem e língua: conceitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00040/index.html#imprimir 15/28 Nessa concepção, a língua é mais do que tradução e exteriorização do pensamento e, também, vai além da transmissão de informação ou da comunicação. Ao usar a língua, o indivíduo realiza ações, age, atua sobre o interlocutor.A linguagem, aqui, é um “lugar de interação humana, de interação comunicativa pela produção de efeitos de sentido entre interlocutores, em uma dada situação de comunicação e em um contexto sócio-histórico e ideológico” (TRAVAGLIA, 2003, p. 23). Quem utiliza a língua não expressa apenas o pensamento, não comunica somente alguma coisa, na verdade, ao usar a língua, o indivíduo ou os interlocutores “interagem enquanto sujeitos que ocupam lugares sociais e ‘falam’ e ‘ouvem’ desses lugares de acordo com as formações imaginárias (imagens) que a sociedade estabeleceu para tais lugares sociais” (TRAVAGLIA, 2003, p. 23). Para ilustrar, veja um exemplo: Todos já observaram uma situação em que a identificação apenas da linguagem oral entre dois sujeitos corresponderia a um ato comunicativo direto. No entanto, notamos que a interação social faz com que aquilo que é dito seja muito maior. Isso ocorre, por exemplo, quando estamos em um espaço e observamos mãe e filha interagindo, em que a primeira faz referência ao comportamento da segunda, com uma ordem direta. 20/03/2024, 15:12 Linguagem e língua: conceitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00040/index.html#imprimir 16/28 Tudo que falamos e ouvimos tem o poder de provocar reações, produzir mudanças, despertar sentimentos e paixões, desencadear processos e ações. A reação da filha cria em nós, observadores, uma série de julgamentos, leituras, valores e interações que nos remetem à própria relação familiar. Se um agente da lei, dirigindo-se a uma pessoa, dá voz de prisão e diz “esteja preso!”, ele não está simplesmente exteriorizando seu pensamento ou comunicando uma novidade, não é mesmo? 20/03/2024, 15:12 Linguagem e língua: conceitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00040/index.html#imprimir 17/28 O diálogo também caracteriza a concepção de linguagem como interação social, constituindo-se numa dimensão privilegiada do uso da língua. Diálogo Considerando sua origem latina (dia = separação, confronto; logos = discurso racional), apresenta-se como a exigência de, pelo menos, dois interlocutores no ato da fala, que é diferente da concepção monológica vista anteriormente. Trata-se, sem dúvida, de apresentar uma intencionalidade por parte daquele que fala. Atenção! Para estar inserido na vida em sociedade, é preciso que a língua seja utilizada para favorecer a abertura ao diálogo, a interação entre as pessoas. Além disso, a própria língua é dialógica, ou seja, o que falamos e escrevemos se relaciona com aquilo que lemos e ouvimos ao longo da vida. Como você viu até aqui, é preciso avançar na compreensão da linguagem para além da sua finalidade de comunicação e da divisão entre linguagens verbal e não verbal. A linguagem pode ser concebida como expressão do pensamento, como instrumento de comunicação e, mais adequadamente, como lugar de interação humana. Quando consideramos as palavras de um juiz ao proferir essa célebre frase clássica, temos um exemplo de que o uso da língua pode ser mais do que expressão do pensamento ou comunicação de uma informação. Nesse caso, a fala da autoridade faz surgir ou realiza um ato social e jurídico. 20/03/2024, 15:12 Linguagem e língua: conceitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00040/index.html#imprimir 18/28 As três concepções da linguagem podem ser resumidas da seguinte forma: A expressão se constrói no interior da mente. Ato monológico, individual. Regras para a organização lógica do pensamento: gramática normativa. Para quem se fala, em que situação e para que se fala não são preocupações no uso da língua. Meio objetivo para a comunicação. A expressão nasce da necessidade de se comunicar. Troca de mensagens entre emissor e receptor. Existência de códigos para a eficiência da comunicação. Preocupação com o meio, o destinatário, a mensagem e a utilização eficiente do código. Experiência de interação humana. A expressão é também ação. Privilegia o diálogo e a interatividade. Valorização do contexto dos usuários da língua e adequação no uso da língua. Preocupação com as dimensões afetivas e sociais. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Expressão do pensamento Comunicação Interação humana 20/03/2024, 15:12 Linguagem e língua: conceitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00040/index.html#imprimir 19/28 A linguagem como expressão do pensamento é Parabéns! A alternativa D está correta. A concepção da linguagem como expressão do pensamento valoriza quem se expressa, deixando de lado o interlocutor e o contexto em que a linguagem é usada. As opções A e E correspondem à concepção de linguagem como instrumento de comunicação, enquanto as opções B e C se referem à concepção de linguagem como experiência de interação humana. Questão 2 Indique a alternativa que corretamente se associa à concepção de linguagem como experiência de interação humana. A concepção que enfatiza o código utilizado na comunicação de uma mensagem. B conceito que se caracteriza pela preocupação com o modo pelo qual o outro vai ler ou ouvir a mensagem. C entendimento mais amplo da língua, que valoriza o contexto social e histórico da situação de comunicação. D abordagem centrada na pessoa, que se expressa por meio da linguagem, sem dar tanta importância ao outro e às circunstâncias sociais nas quais a enunciação acontece. E abordagem centrada nos elementos da comunicação, com destaque para o interlocutor. 20/03/2024, 15:12 Linguagem e língua: conceitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00040/index.html#imprimir 20/28 Parabéns! A alternativa B está correta. O diálogo e a interação são privilegiados na concepção de linguagem como lugar de interação. As demais opções estão incorretas porque se referem à concepção de linguagem como expressão do pensamento. A O uso da língua serve apenas para expressar o pensamento. B O diálogo, a interação e a atuação sobre o outro são características importantes da linguagem. C Falamos ou escrevemos corretamente somente quando pensamos corretamente. D A internalização das regras gramaticais serve para adestrar e organizar o pensamento. E A expressão se constrói no interior da mente. 20/03/2024, 15:12 Linguagem e língua: conceitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00040/index.html#imprimir 21/28 3 - Linguagem e interação Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car implicações de diferentes concepções de linguagem no uso do português. Linguagem Sobre as concepções de linguagem Para começarmos a explorar o assunto deste módulo, o professor Luís Cláudio Dallier propõe uma reflexão. No módulo anterior, tratamos dos diversos tipos de linguagem. Para perceber como elas possuem um aspecto prático no uso cotidiano do idioma, compreendemos como a concepção da linguagem como interação pode nos auxiliar nessa construção. Se a linguagem é interação, então, o que ouvimos pode afetar muito nossa vida e nosso humor. O que falamos também provoca efeitos e reações no outro. 20/03/2024, 15:12 Linguagem e língua: conceitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00040/index.html#imprimir 22/28 Veja o que diz a linguista Ingedore Villaça Koch, em seu livro A interação pela linguagem, sobre esse aspecto: Ingedore Villaça Koch Doutora em Língua Portuguesa, professora universitária e autora de diversas obras sobre Linguística Aplicada, coerência textual, argumentação e linguagem. Fonte: Escavador. Durante séculos, a linguagem foi considerada um instrumento passivo de comunicação, que permitia ao ser humano apenas descrever o que percebia, sentia ou pensava. Hoje se reconhece que, ao falar, o indivíduo não só descreve o que observa, mas atua no mundo e faz com que certas coisas aconteçam. Por meio da linguagem, ele também pode modificar suas relações com os demais e desenvolver sua própria identidade. [...] É precisopensar a linguagem humana como lugar de interação, de constituição das identidades, de representação de papéis, de negociação de sentidos, por palavras, é preciso encarar a linguagem não apenas como representação do mundo e do pensamento ou como instrumento de comunicação, mas sim, acima de tudo, como forma de interação social. 20/03/2024, 15:12 Linguagem e língua: conceitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00040/index.html#imprimir 23/28 (KOCH, 2003, p. 123-128) Utilize o player abaixo para ouvir a citação. As implicações no uso do português Quando entendemos que a linguagem é mais do que expressão ou espelho do pensamento, que vai além de ser veículo de comunicação, devemos considerar nossas intenções na produção dos textos e o impacto naqueles que vão ouvir ou ler nossas palavras. Também devemos dar atenção ao contexto em que a mensagem é produzida e às possíveis situações em que será recebida. Se a linguagem é interação, pois produz reações e resultados, alguns elementos podem ser desejáveis no seu uso: Clareza e precisão no que queremos comunicar Cortesia, polidez e tom cordial Abertura ao diálogo Sustentação de um posicionamento sem desmerecer a opinião do outro Uso de recursos persuasivos Se queremos manter o diálogo e construir pontes, devemos cuidar da maneira como falamos, escolhendo as palavras e o tom mais apropriado. 20/03/2024, 15:12 Linguagem e língua: conceitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00040/index.html#imprimir 24/28 Por isso, ao estudar a linguagem, é preciso compreender que não basta escrever e falar com correção gramatical, coerência, coesão e clareza. Além dessas qualidades importantes, nosso texto escrito ou oral deve promover o diálogo, a interação e as condições para mantermos relações civilizadas. É interessante lembrar, por exemplo, que há concursos ou exames em que o candidato pode ser desclassificado ao escrever de forma desrespeitosa aos direitos humanos ou usando linguagem antissocial e inadequada. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Compreender o conceito de linguagem como experiência de interação humana e social implica alguns cuidados no uso da língua portuguesa. Indique a alternativa que aborda corretamente um ou mais cuidados necessários. A Aplicar regras gramaticais para deixar os textos muito formais. B Dizer sempre o que pensamos sem nos preocuparmos com a forma como o outro vai nos ouvir. C Deixar de lado nossas intenções e o contexto histórico-social na produção dos textos. D Falar ou escrever buscando abertura ao diálogo e se posicionando sem desmerecer a opinião do outro. E Focar a mensagem, deixando de lado preocupações com o modo como falamos ou escrevemos. 20/03/2024, 15:12 Linguagem e língua: conceitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00040/index.html#imprimir 25/28 Parabéns! A alternativa D está correta. Compreender a linguagem como interação é ter cuidado com efeitos e reações provocados no outro diante do que dizemos e da forma como dizemos. Questão 2 Se, em uma reunião de trabalho, você precisar discordar de um colega, mantendo abertura ao diálogo e interagindo sem desmerecer a opinião do outro, o que não seria apropriado dizer? Parabéns! A alternativa A está correta. A alternativa A apresenta uma fala inapropriada porque ela evidencia uma fala em que se sustenta um posicionamento ou uma opinião sem abertura para algum questionamento ou mesmo diálogo. As demais alternativas apresentam formas de expressar a A Sua opinião está completamente errada e vai prejudicar totalmente o projeto. B É possível que sua opinião precise ser revista, já que sua ideia pode trazer algum prejuízo ao projeto. C Tenho dificuldades de concordar com sua opinião, pois ela me parece trazer dificuldades ao projeto. D Talvez você tenha se equivocado, pois não consigo identificar de que modo sua proposta contribui para o projeto. E Parece-me que sua opinião pode gerar algum ruído em relação ao projeto. 20/03/2024, 15:12 Linguagem e língua: conceitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00040/index.html#imprimir 26/28 discordância em que se destacam a cortesia, a polidez e a abertura ao diálogo e/ou continuidade de debate. Considerações �nais Para que tenhamos uma experiência enriquecedora e proveitosa com a língua portuguesa na expressão do nosso pensamento, nas situações de comunicação e nas interações com as pessoas, precisamos conhecer a língua e aproveitar os recursos que ela nos oferece. Aqui, você pôde observar parte desse conhecimento. Use o que você aprendeu para vivenciar novas experiências com a língua portuguesa. Podcast Neste podcast, acompanhe os professores Luís Cláudio Dallier, Antônio Soares Abreu e Maria Franco de Moura em uma conversa sobre os principais tópicos deste conteúdo. Explore + Confira as indicações que separamos especialmente para você! Assista ao documentário As origens da linguagem, produzido pela Crescendo Films – NHK em 2008, que está disponível no YouTube. 20/03/2024, 15:12 Linguagem e língua: conceitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00040/index.html#imprimir 27/28 Veja também o vídeo Comunicação animal, no canal da Khan Academy, no YouTube, para uma breve e interessante abordagem da Biologia Comportamental. Referências SILVA, J. C. da. Filosofia da linguagem: da Torre de Babel a Chomsky. Pedagogia & Comunicação, 2009. KOCH, I. V. A interação pela linguagem. 8. ed. São Paulo: Contexto, 2003. MARCHEZINI-CUNHA, V.; TOURINHO, E. Z. 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São Paulo: Martins Fontes, 1987. 20/03/2024, 15:12 Linguagem e língua: conceitos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00040/index.html#imprimir 28/28 Material para download Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo completo em formato PDF. Download material O que você achou do conteúdo? Relatar problema javascript:CriaPDF() 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 1/37 Norma culta e variação linguística Prof. Luís Cláudio Dallier Descrição Conhecimento de variação linguística, seus tipos e ocorrências. Apresentação da norma culta e seu uso na comunicação. Propósito Compreender os diferentes casos de variação linguística e as implicações do conceito de norma culta no uso adequado da língua portuguesa. Objetivos Módulo 1 Variação linguística Reconhecer diferentes tipos e manifestações da variação linguística no português. 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 2/37 Módulo 2 O que é a norma culta Identificar o conceito de norma culta e suas implicações no uso da língua portuguesa. Você já percebeu que a língua portuguesa apresenta variações em relação à pronúncia ou ao significado de algumas palavras dependendo da localidade do falante? Isso acontece porque a língua é algo vivo, dinâmico, e seu uso no dia a dia implica variações que estão relacionadas com a região, a profissão, o grau de escolaridade e outrosfatores do usuário da língua. Reconhecer que a língua apresenta diversidades no seu uso é importante para identificarmos em que situações de comunicação uma variedade da língua é apropriada ou inadequada. Na verdade, precisamos conhecer a norma culta da língua para reconhecermos as diferentes manifestações das variações em relação a essa norma ou padrão. Por isso, vamos estudar alguns casos de variação linguística para depois compreendermos o que é e como funciona a norma culta da língua. Introdução 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 3/37 1 - Variação linguística Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer diferentes tipos e manifestações da variação linguística no português. Contextualizando Neste vídeo, o professor Luís Cláudio Dallier faz uma breve contextualização do assunto. Confira! Variação linguística: o que é? A língua sofre variações ao longo do tempo, conforme o espaço geográfico, a estrutura social e a situação ou o contexto de uso. Isso significa dizer que uma língua está sujeita a passar por modificações no 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 4/37 tempo e no espaço a fim de satisfazer às necessidades de expressão e de comunicação, individuais ou coletivas, de seus usuários. Isso é o que se chama variação linguística. Podemos abordar a variação linguística sob diversas perspectivas. Se levarmos em conta uma situação de comunicação qualquer, teremos alguns elementos que vão apontar para variedades no uso da língua. Essas perguntas evidenciam que nossa fala pode variar de acordo com a situação ou com o contexto, conforme o falante e as pessoas que ouvem (interlocutores), o assunto tratado ou a intenção da mensagem. Perceba que a variação linguística corresponde a diferentes ocorrências de uma mesma língua. Tipos de variações linguísticas Sem nos preocuparmos muito com classificações técnicas e exaustivas, próprias da Sociolinguística, podemos dizer que a variação linguística pode ser de, pelo menos, três tipos: Sociolinguística Sociolinguística é uma área da Linguística que trata das relações entre linguagem e sociedade, estudando a função social da linguagem e a influência dos fatores sociais sobre a língua. 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 5/37 Abordaremos cada um desses tipos a seguir. Variação regional Variações da língua numa perspectiva geográfica, originando os regionalismos. Manifestam-se, principalmente, pelo sotaque e por palavras ou expressões utilizadas pelos falantes de determinada região. Um exemplo desse tipo de variação são os falares ou dialetos. Veja a diferença entre alguns falares no Brasil: Dialetos São variações faladas por comunidades geograficamente definidas. Também denominados “falares” por alguns linguistas. 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 6/37 Êta que esse curso é bem arretado! Caraca! Esse curso é muito maneiro! 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 7/37 Nossinhora! Esse curso é bom demais da conta, sô! Bah, esse curso é tri! As diferentes designações no Brasil para um mesmo referente ou aspecto da realidade é outro exemplo de variação linguística na dimensão geográfica: macaxeira no Nordeste, mandioca em São Paulo e 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 8/37 aipim no Rio de Janeiro correspondem à mesma raiz utilizada na culinária nacional. Rio de Janeiro X São Paulo O professor Luís Cláudio Dallier explora mais essas diferenças entre as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Não podemos afirmar que determinada região do país fala “o português mais correto”. Tal afirmação é falsa, pois o que há são variações da língua portuguesa. Exemplo A pronúncia do cearense ou do carioca, por exemplo, não é errada ou certa, mas, simplesmente, o modo próprio de articular os sons numa determinada comunidade linguística. Sendo o português uma língua falada por diversas nações, em diferentes continentes, é interessante lembrar que a língua também varia de um país para outro, tanto na fala quanto na escrita. Ainda que o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa procure padronizar a grafia das palavras, há alguns aspectos na escrita que são peculiares em Portugal e outros no Brasil. 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 9/37 Variação de Registro Variações relacionadas com modalidades expressivas adotadas por um mesmo falante ou segmento social em função do contexto, do interlocutor e das expectativas sociais. De acordo com Coseriu (1980, p. 110-111), os registros linguísticos, ou estilos, são diferentes porque as situações e os interlocutores diferem muito, bem como as expectativas sociais, influenciadas pela cultura. Por isso, podemos perceber que, além dos registros individuais, há aqueles que expressam a identidade de grupos profissionais ou biológicos (homens, mulheres, jovens, crianças). Os registros ou estilos se classificam em pelo menos três tipos: Representa uma escala de formalidade no uso dos recursos da língua. Podemos ir de um estilo muito informal e popular (troca despretensiosa de mensagens no WhatsApp, por exemplo) até um excessivo grau de formalidade no uso da língua (redação de um ofício, por exemplo). Simplificando, podemos afirmar que há pelo menos dois registros alusivos à formalidade: formal e informal. Logo, os diferentes estilos corresponderão ao grau de formalismo do contexto comunicativo, determinando as diferentes maneiras de usar a língua. Grau de formalismo 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 10/37 Representa as duas modalidades da língua: a oral e a escrita. A língua falada pode usar recursos como entonação, ênfase de termos ou sílabas, duração dos sons, velocidade em que se dizem as sequências linguísticas etc. Além disso, a oralidade se caracteriza pelas hesitações, repetições, retomadas, correções e outras marcas que não são comuns à escrita. A escrita tende a ser mais formal e a fala mais informal, embora existam exceções; há textos altamente formais na língua falada e outros extremamente informais na língua escrita. Representa o ajustamento na estruturação das mensagens do falante, com base em informações específicas acerca do ouvinte ou leitor (status do interlocutor, tecnicidade do conteúdo da mensagem, necessidade de cortesia no trato com o outro, norma a ser seguida etc.). Imagine que um profissional da saúde, ao preparar ou orientar uma criança para determinado procedimento, usará um registro ou estilo de linguagem distinto da linguagem usada com um paciente adulto. Com a criança, por exemplo, o vocabulário será mais simples, com algumas palavras no diminutivo, e o tom de voz mais afetivo. Pense em outra situação: você precisa recusar dois convites que recebeu, um da pessoa que você namora e outro do diretor da empresa em que trabalha. Faz sentido usar as mesmas expressões ou estilo ao responder a pessoas com as quais você tem diferentes graus de intimidade? Certamente vamos usar estilos ou registros diferentes. Variação Social Modo Sintonia 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 11/37 As diferentes formas de falar marcam os grupos sociais ou, até mesmo, a faixa etária de determinado conjunto de pessoas. Ao ouvir alguém falando “percurá” (no lugar de procurar), “iorgute” (em vez de iogurte), “os hôme”(e não os homens) ou “pra mim fazer” (no lugar de para eu fazer), certamente você associará esse falante a um grupo social com baixa ou nenhuma escolaridade. A falta de domínio da língua padrão, prestigiada socialmente, é um indicador de pertencimento a determinado grupo social. As gírias usadas por um falante podem revelar também a que grupo social e à qual faixa etária ele pertence. Do mesmo modo, os jargões técnicos podem indicar a atividade profissional de quem os utiliza. Juridiquês Juridiquês é uma palavra criada para designar o uso rebuscado e exagerado de jargão e termos técnicos da área jurídica. Economês Economês designa os termos técnicos ou jargões utilizados pelos economistas. Jargões técnicos Jargão é o modo de falar específico de um grupo, geralmente ligado à profissão. Daí que podemos falar em jargão dos médicos, jargão dos militares etc. Saiba mais Ao ouvir expressões típicas do juridiquês ou do economês, por exemplo, você deve concluir que os falantes são adultos, com alta escolaridade e pertencentes a determinado grupo profissional. A variação em função do nível social e da escolaridade foi muito bem retratada pelo poeta modernista Oswald de Andrade (1890-1954) no poema sugestivamente intitulado Vício na fala: Vício na fala (Oswald de Andrade) 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 12/37 Vício na fala (Oswald de Andrade) Para dizerem milho dizem mio Para melhor dizem mió Para pior pió Para telha dizem teia Para telhado dizem teiado E vão fazendo telhados Note que o poema apresenta construções da língua portuguesa que são típicas de falantes de classes sociais menos escolarizadas, revelando pronúncias contrárias à ortoepia, ou seja, distintas do que a norma gramatical determina. As pronúncias fora da norma gramatical, no entanto, não impedem a comunicação e muito menos a construção dos telhados. Embora se trate de uma variedade linguística desprestigiada socialmente, o poema não estigmatiza essa variante linguística, pois sugere uma valorização do trabalho das pessoas mais simples com o verso final: “E vão fazendo telhados”. Ortoepia Ortoepia é a parte da gramática que estabelece a pronúncia correta das palavras, conforme a língua culta ou padrão. A linguagem da Internet Além das variações linguísticas que você acabou de conhecer, também é importante prestar atenção às alterações que a língua portuguesa apresenta nos meios digitais. Com a Internet e os diversos recursos para escrever e falar usando um computador ou celular, surge uma variedade linguística que recebeu o nome de internetês. Algumas características da variedade linguística na Internet são: 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 13/37 Abundância de siglas e abreviaturas não convencionais, dando mais agilidade e velocidade à escrita. Criação de palavras novas e uso de gírias, com mais liberdade para expressar novos conceitos ou adaptar termos de outras línguas. 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 14/37 Estrangeirismos, usando e incorporando termos de outra língua, frequentemente do inglês. Uso de caracteres especiais (@, #) e emoticons (ou emojis) para adequação aos códigos utilizados em meios digitais ou como alternativa para expressar emoções e intuitos. Integração ou hibridismo entre escrita, sons, imagens e outras linguagens (hipertexto, por exemplo) para maior expressividade. A informalidade e a irreverência da linguagem na Internet acabam se distanciando da formalidade da língua que utilizamos nos documentos, nos livros, na escola ou nas relações mais formais no trabalho. Por isso mesmo, haverá inadequação no uso da língua quando escrevermos um trabalho acadêmico ou redigirmos um e-mail na empresa em que trabalhamos com a informalidade ou alguma característica do internetês. Algumas pessoas acham que o uso despreocupado da língua portuguesa na Internet, em relação às normas gramaticais, seria um tipo 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 15/37 de deformação que contribuiria para um empobrecimento linguístico e cultural. Quer saber o motivo por trás desse pensamento? Resposta A invasão de palavras inglesas, ligadas à informática e à Internet, é vista como ameaça à língua portuguesa, levando os usuários a incorporarem expressões e valores culturais estrangeiros que redundariam em prejuízo à cultura nacional e local. Conforme diz Saldanha (2001, p. 35), deve-se ter o cuidado de não se impor um único registro da língua, elegendo-se determinada variação ou modalidade linguística padrão para a Internet, nem tampouco se fechar temerariamente a qualquer tipo de contribuição linguística vinda de fora. Valer-se criteriosamente da contribuição de outras línguas é, na verdade, o recomendável nessa questão; reconhecendo-se, dessa forma, uma prática histórica que ocorre no seio da língua portuguesa em relação a línguas como o grego, o italiano, o francês e outras mais desde muito tempo. Sobre textos na Internet, Bechara fala: A Internet, pela sua especificidade, exige ou propicia um tipo de texto especial. Também aqui a inadequação consiste em querer redigir um texto qualquer fora da Internet como se fora para ela, ou vice-versa. Todo texto – na Internet ou não –, como toda expressão linguística, deve estar adequado às ideias, ao interlocutor e às circunstâncias. (BRECHARA, 2000, n. p.) Constatar que a língua varia, seja em seu uso na Internet ou na diversidade de espaços e situações comunicativas, deve nos levar a reconhecer a legitimidade das diferentes linguagens e evitar o preconceito ou a estigmatização de falares, dialetos ou qualquer 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 16/37 variedade linguística. Ao mesmo tempo, precisamos reconhecer que a língua aprendida na escola constitui a norma para comunicação e convívio no ambiente acadêmico e profissional, além daqueles espaços e das interações sociais em que a língua padrão é a mais adequada. No próximo módulo, você conhecerá algumas características da língua padrão, também chamada norma culta, além de refletir sobre seu uso nas situações em que ela é necessária. 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 17/37 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Identifique a opção que apresenta um exemplo de variação linguística do português em função do baixo grau de escolaridade do falante. A Depois daquele post misterioso, resolvi estalquear o Face dele. B Que menino lindinho, vamos abrir a boquinha para a tia ver se o dentinho já está nascendo? C Os dono pediu pra mim fazer a obra. D #sextou! Partiu encontrar os amigos da facul no happy hour! 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 18/37 Parabéns! A alternativa C está correta. A alternativa C apresenta marcas da variedade linguística em função da classe social e baixa escolaridade como: falta de concordância nominal e verbal em “os dono pediu” e uso de “pra mim fazer” no lugar de “para eu fazer”. As alternativas A e D apresentam características do Internetês. A opção B retrata um registro ou forma de falar ajustados ao interlocutor e à situação (verificação da saúde bucal de uma criança). A opção E traz um registro do português de Portugal. Questão 2 Considere o texto a seguir: Mandioca: mais um presente da Amazônia Aipim, castelinha, macaxeira, maniva, maniveira. As designações da Manihot utilissima podem variar de região, no Brasil, mas uma delas deve ser levada emconta em todo o território nacional: pão-de- pobre – e por motivos óbvios. Rica em fécula, a mandioca – uma planta rústica e nativa da Amazônia disseminada no mundo inteiro, especialmente pelos colonizadores portugueses – é a base de sustento de muitos brasileiros e o único alimento disponível para mais de 600 milhões de pessoas em vários pontos do planeta, e em particular em algumas regiões da África. (O melhor do Globo Rural, fev. 2005). De acordo com o texto, há no Brasil uma variedade de nomes para a Manihot utilissima, nome científico da mandioca. Esse fenômeno revela que E Estou a esperar uma resposta tua. A a planta é nomeada conforme as particularidades que apresenta, recebendo diversos nomes porque se trata de uma planta diferente em cada caso e, ainda, porque não é comum uma língua possuir mais de um nome para uma mesma planta ou ingrediente. 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 19/37 Parabéns! A alternativa B está correta. A variedade de nomes para a mesma planta revela a existência da variação linguística, mais especificamente, a variação produzida pelos regionalismos. 2 - O que é a norma culta B existem variedades regionais para nomear uma mesma espécie de planta, exemplificando a ocorrência da variação linguística. C os nomes designam espécies diferentes da planta, conforme a região, confirmando a uniformidade da língua portuguesa. D a expressão “pão-de-pobre” confirma a uniformidade da língua, demonstrando a unidade e não variação da língua portuguesa. E mandioca é o nome específico para a planta que existe somente na Amazônia, sendo os demais nomes designações para outro tipo de planta. 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 20/37 Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car o conceito de norma culta e suas implicações no uso da língua portuguesa. Contextualização Quando constatamos que a língua portuguesa varia em função da diversidade dos falantes, do espaço, do tempo, da situação de comunicação e de outros fatores, podemos nos perguntar se toda forma de usar a língua é válida, desde que as pessoas se entendam; ou indagar se esses diferentes usos da língua não seriam desvios e incorreções da língua padrão, da norma culta. Tais questionamentos são importantes porque todos nós aprendemos na escola a chamada língua culta, mas convivemos boa parte do tempo com usos da língua distantes ou diferentes da norma padrão, que estudamos nos livros de gramática. É preciso entender o que é a norma culta e qual o objetivo da gramática no aprendizado da língua para, então, respondermos sobre que tipo de língua usar nas diversas situações de comunicação do dia a dia. Norma culta A norma culta é aquela formada por um conjunto de estruturas concebidas como corretas, que podem ser usadas tanto para falar quanto para escrever. Trata-se da chamada variante padrão ou norma padrão. Ela é tão valorizada socialmente que, quando estão em um ambiente mais formal, os indivíduos com alto nível de escolaridade procuram monitorar sua fala. Norma culta Vamos entender melhor como funciona a norma culta da língua, que tem prestígio social. 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 21/37 Como você pôde perceber, os registros informais e distintos da norma culta caracterizam o papel social do falante da língua. Se o falante tem baixa escolaridade e pertence a uma comunidade linguística que se comunica dessa forma, o uso que ele faz da língua evidencia exatamente o grupo social ao qual pertence. Nesse caso, não deve haver uma expectativa de uso da língua padrão. Por outro lado, se o falante teve acesso à educação formal e possui alto grau de escolaridade, a expectativa é de que ele utilize a norma culta como a opção mais adequada para se expressar em situações formais de comunicação. Caso isso não aconteça, ele frustrará a expectativa em função da classe social e comunidade linguística às quais pertence. Imagine um professor universitário em uma videoaula dizendo o seguinte: Embora o uso do pronome ela como objeto direto seja comum na fala de muitas pessoas – mesmo escolarizadas –, não é prescrito pela gramática. Logo, a forma adequada conforme a norma culta é: 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 22/37 Usar o pronome oblíquo a substituindo um substantivo é algo formal, mas, uma boa alternativa seria optar pelo uso de um termo equivalente ou sinônimo: “A exposição foi encerrada, mas eu vi as obras de arte no ano passado”. A língua pode ser comparada a um guarda-roupa, com vestimentas para diversas ocasiões e finalidades. A norma culta seria comparada a vestuários convenientes em situações formais, com diferentes graus de formalidade, como cerimônia de casamento, audiência num tribunal, entrevista de emprego, ambiente de trabalho, ambiente acadêmico etc. Terno, gravata, vestido longo, tailleur, terninho e alguns acessórios e adereços seriam adequados a algumas dessas situações. Não é adequado comparecer a esses ambientes ou participar dessas situações como se fôssemos à praia, usando sunga ou biquíni, por exemplo. 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 23/37 Essa imagem ou comparação da língua com o guarda-roupa nos ajuda a compreender o conceito de adequação no uso da língua. Quem faz uma analogia similar é o linguista brasileiro Marcos Bagno (2005), que compara a língua padrão ao molde de um vestido. De acordo com Bagno (2005), o molde não pode ser interpretado como sendo o próprio vestido. Embora contenha as peças sobre as quais o tecido será cortado, sequer de tecido o molde é feito. Ele diz isso para ilustrar a diferença entre o ideal (as normas da língua reunidas) e o real (os falantes em situação de uso). As regras da gramática normativa e o ideal de língua padrão teriam a função de ser um molde, mas o uso dessas normas acabaria sendo "uma costura às avessas". Assim, em vez de o molde servir para "cortar o tecido e depois montar o vestido", aqueles que se apegam à língua padrão como única forma válida e legítima de uso da língua consideram o "uso real e concreto da língua (um vestido já pronto) e vão medir e avaliar esse uso para ver se ele está de acordo com o molde pré-estabelecido" (BAGNO, 2005, p. 160). A norma culta ou norma padrão pode ser entendida, então, como um modelo, uma medida, um conjunto sistematizado de orientações, situando-se num contínuo de variações. Como nenhum falante segue ou domina rigorosa e completamente as regras da norma padrão, temos numa das extremidades o falante que mais se aproxima do ideal linguístico, elaborando um discurso mais culto; na outra ponta, encontramos os falantes que mais se afastam do modelo de perfeição linguístico e que produzem uma variedade menos culta. A norma padrão acaba sendo uma abstração, um modelo, um ideal a partir do qual se produzem diversos modos de uso da língua. As variedades linguísticas seriam, então, mais concretas, realizando-se por meio da fala que é ouvida, recolhida, registrada, comparada e analisada pela Sociolinguística, por exemplo. É adequado usar a norma culta quando essa é a expectativa da sociedade ou da comunidade linguística em função do nosso status, classe social, formação acadêmica ou atividade profissional. Também é Língua padrão como molde de um vestido 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 24/37 adequado o seu uso nas situações de comunicação formais, oficiais, nas atividades escolares e acadêmicas, na atividade profissional etc. Em situações mais informais ou quando a expectativada comunidade linguística em que interagimos for de uma comunicação coloquial, então usaremos a língua num registro menos formal, ainda que não inteiramente distante da norma culta. É preciso cuidado com as escolhas linguísticas que fazemos para que nosso interlocutor não as interprete como erro ou grosseria. Também devemos atentar para a escrita, pois algumas liberdades ou licenças numa fala mais informal podem ser inadequadas na escrita. Por exemplo, não fica bem escrever nas redes sociais ou num e-mail expressões ou incorreções gramaticais muito comuns na fala coloquial ou descuidada. A seguir, reunimos dois jeitos de comunicar a mesma coisa: de acordo com o registro culto (ou seja, a norma culta da língua) e de acordo com o registro coloquial, que representa os usos mais comuns na oralidade, mas que têm que ser evitados – principalmente em textos escritos. Registro coloquial Registro coloquial Registro culto Eu a vi ontem. Registro coloquial 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 25/37 Registro coloquial Registro culto Isso é muito bom para nós. Registro coloquial Registro coloquial . Registro culto Tire a carrapeta da torneira e conserte-a. Registro coloquial Registro coloquial Registro culto Todos têm conhecimento dessa questão. Registro coloquial 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 26/37 Registro coloquial Registro culto Retire-se daqui. Registro coloquial Registro coloquial Registro culto O homem interpelou-me aos gritos. Registro coloquial Registro coloquial Registro culto Faltam cinco minutos para acabar a aula. Registro coloquial 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 27/37 Registro coloquial Registro culto O diretor pediu para eu vir aqui. O que de�ne a norma culta da língua? De acordo com o professor e linguista Luiz Travaglia (2001, p. 25-26), os argumentos ou as justificativas para o estabelecimento da norma culta são os seguintes: Uso de critérios como elegância, colorido, beleza, finura, expressividade. Rejeição de vícios como a cacofonia, colisão, eco, pleonasmo etc. Opção pelo uso da língua pertencente à classe de prestígio em detrimento do uso das classes populares. Critério de purismo e vernaculidade. Rejeição de estrangeirismo ou qualquer aspecto que “ameace” a identidade ou soberania da nação ou da cultura nacional. Estéticos Elitistas ou aristocráticos Políticos Comunicacionais 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 28/37 Critérios relacionados com a facilidade de comunicação e compreensão. As construções e o léxico devem resultar na “expressão do pensamento”. Recorre-se à tradição para critérios de exclusão e permanência de usos da língua. A norma culta ou língua padrão é dependente da observância e uso das regras estabelecidas pela gramática normativa. Por isso, vale entender um pouco melhor o que é e como ela funciona. Gramática normativa A gramática normativa é a gramática da escola, por meio da qual você aprendeu as principais regras ou normas da língua padrão, principalmente da modalidade escrita. Ela prescreve o que é considerado correto e reprova o que é errado de acordo com a norma culta, a única considerada como válida. Por isso mesmo, a gramática normativa também é denominada “gramática prescritiva”. A gramática normativa tende a considerar apenas os fatos da língua escrita, tomando a variedade oral da norma culta como idêntica à escrita. Apresenta uma descrição do padrão culto da língua e dita normas de bem falar e escrever, valorizando a correção gramatical. Históricos 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 29/37 (TRAVAGLIA, 2001, p. 30-31) Oswald de Andrade (1890-1954), no poema Pronominais, publicado em 1925, já retratava de forma irreverente e provocativa a imposição das regras da gramática normativa e a dificuldade de seu uso na fala das pessoas despreocupadas com a norma culta ou mesmo sem o seu domínio. Vamos ler o poema a seguir: Pronominais (Oswald de Andrade) Pronominais (Oswald de Andrade) Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro O poema é um interessante registro literário da variação linguística em função de diferentes modalidades (escrita e oralidade) e diferentes grupos ou classes sociais (letrados e não letrados). O poema opõe os usos do pronome “me”: Dê-me um cigarro Registro formal Ênclise Norma culta: não se inicia frase com pronome átono antes do verbo (próclise), pois o correto é o pronome átono após o verbo (ênclise). Me dá um cigarro Registro informal Próclise Forma coloquial: inadequação gramatical, a gramática prescreve a ênclise. 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 30/37 Ênclise Quando o pronome é colocado após o verbo. Próclise Quando o pronome é colocado antes do verbo. Segundo Travaglia (2001, p. 24), a gramática normativa pode ser entendida, também, como “um manual com regras de uso da língua a serem seguidas por aqueles que querem se expressar adequadamente”. Assim, somente é abonado ou aceito pela gramática o que obedece às normas do bom uso da língua, configurando o falar e o escrever corretamente. Por isso, todas as outras formas de uso da língua são consideradas desvios, erros, deformações ou degenerações. Para encerrarmos os estudos deste módulo, observe os exemplos de como a gramática normativa indica a formalidade de uso da língua: Frequentemente, ouvimos na fala do indivíduo considerado culto a seguinte frase: O livro que eu gosto já está esgotado. No entanto, a gramática normativa prescreve uma construção diferente: O livro de que eu gosto já está esgotado. Essa prescrição é baseada no fato de que, de acordo com a norma culta, a regência do verbo gostar exige a preposição de. Exemplo: Eu gosto disso. Como você deve ter aprendido na escola, eu é pronome pessoal do caso reto e só pode ser usado na função de sujeito: Com verbo no infinitivo: Não há nada entre eu sair e você ficar em casa. Regência do verbo “gostar” Uso de “entre eu” e “entre mim” 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 31/37 Sem verbo no infinitivo: Não há nada entre mim e você. Vamos a outro exemplo de uso da norma culta em relação ao uso ou não da fusão da preposição “de” com o pronome “ele”: 1) Dele quando corresponde a um pronome possessivo. Exemplo: A paciência dele acabou, e ele saiu da sala. 2) Dele quando corresponde à combinação da preposição de com o pronome pessoal oblíquo tônico ele, na função de objeto indireto. Exemplo: Ana gosta muito dele, e ele saiu da sala. 3) De ele como preposição de mais o pronome pessoal ele. Essa combinação só pode ser usada quando ele for sujeito de uma oração reduzida de infinitivo. Exemplos: Conversamos sobre isso de ele sair. (= de que ele saísse) Apesar de ele ter comprado o carro, foi de táxi à festa. O segredo é o verbo no infinitivo. Só podemos usar de ele quando houver esse verbo. Exemplo: Fizemos a surpresa antes de ele chegar ao curso. Veja ainda outra ocorrência na língua coloquial distinta do que estabelece a gramática normativa: Para mim ou para eu? 1) Eu é um pronome pessoal do caso reto e exerce a função de sujeito. 2) Mim é um pronome pessoal oblíquo tônico, nunca exerce a função de sujeito e, obrigatoriamente, deve ser usado com Fusão da preposição “de” como pronome “ele” Uso de “para mim” e “para eu” 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 32/37 preposição: “a mim”, “de mim”, “entre mim”, “para mim”, “por mim” etc. Exemplos: Ana trouxe o livro para eu ler. (= sujeito) Ana trouxe o livro para mim. (= não é sujeito) Exemplos: Minha irmã saiu da festa antes de mim. Ela voltou para o escritório antes de eu chegar. Nossos professores fizeram isso por mim. Mariana fez isso por eu estar cansada. Observe, no entanto, a mudança no significado trazida pelo uso da vírgula: Para eu sair de casa, foi preciso organizar minhas finanças. Para mim, vender meu primeiro imóvel foi uma grande conquista. Na primeira frase, o pronome pessoal reto (eu) é o sujeito do infinitivo (sair). Já na segunda frase, a vírgula indica que para mim está deslocado. Nesse caso, devemos usar o pronome oblíquo (mim), pois ele não é o sujeito do verbo vender. 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 33/37 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Qual opção apresenta o uso da língua portuguesa conforme a norma culta e a gramática normativa? A Eu vi ela ontem na biblioteca. B A gente sempre vamos naquele barzinho. C Me empresta o carregador de celular. D Nós vamos ao cinema. E A diretora pediu para eu vim aqui. 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 34/37 Parabéns! A alternativa D está correta. A opção D deve ser assinalada porque o uso do pronome pessoal “nós” e da forma verbal “vamos” é aceito pela gramática normativa. A opção A deveria trazer “Eu a vi” no lugar de “Eu vi ela”. A alternativa B deveria ser, de acordo com a norma culta, “Nós sempre vamos àquele barzinho”. A opção C deveria trazer “Empresta-me” em vez de “Me empresta”. A opção E deveria trazer “eu vir aqui” no lugar de “eu vim aqui”. Questão 2 Conhecer e dominar a norma culta implica Parabéns! A alternativa C está correta. A utilizar indistintamente as prescrições da gramática normativa em qualquer situação, formal e informal, e com qualquer interlocutor, letrado e não letrado, não importando se somos compreendidos ou não. B comparar a língua a um guarda-roupa no qual existe somente vestuário a ser usado em situações muito formais. C usar a língua adequadamente, conforme cada situação e interlocutor, como se fosse um guarda- roupa no qual existem vestuários para diversas ocasiões. D frustrar as expectativas da comunidade linguística à qual pertencemos, ou seja, os segmentos sociais com alto grau de escolaridade. E escrever corretamente e estigmatizar as variedades linguísticas. 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 35/37 A língua pode ser comparada a um guarda-roupa que dispõe de peças para usarmos em qualquer situação. Quando dominamos a norma culta, teremos vestimenta adequada para qualquer situação formal. A alternativa A está incorreta porque as situações informais e os interlocutores não letrados podem exigir eventualmente de nós um uso coloquial da língua para que a comunicação aconteça. A opção B está incorreta porque a imagem da língua como um guarda-roupa deve incluir peças para qualquer situação, tantos as formais quanto as informais. A opção D está incorreta porque o domínio da norma culta não frustra uma comunidade linguística altamente letrada ou escolarizada. A alternativa E está incorreta porque o domínio da língua culta não deve nos levar a estigmatizar ou ridicularizar os demais usos da língua. Considerações �nais Como temos visto, a gramática normativa está mais voltada para a variedade escrita da língua e se ocupa com a manutenção de regras consideradas próprias da língua culta ou de prestígio. Há, sem dúvida, uma tradição em se prestigiar a língua escrita. Possivelmente por ter características mais conservadoras, transformar- se mais lentamente e estar sob a proteção da ortografia. A escrita manifesta-se sempre em descompasso com as transformações da fala, cuja dinâmica do uso lhe traz alterações contínuas, naturais e bem mais velozes. Mas, como você aprendeu aqui, tanto a escrita quanto a fala de uma língua apresentam variações e mudam com o tempo e com os inúmeros estímulos que recebem. Estudar a língua portuguesa levando em conta o fenômeno da variação linguística e o entendimento do que vêm a ser a norma culta e a gramática normativa ajudará, certamente, você a se apropriar cada vez mais dos recursos da língua para um uso adequado às diversas situações comunicativas. d 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 36/37 Podcast Neste podcast, os professores Luís Cláudio Dallier, Fábio Simas e Guilherme Cardoso falam sobre norma culta e variação linguística. Explore + Sobre variação linguística regional, leia: Português do Brasil e português de Portugal. Referências BAGNO, M. A língua de Eulália: novela sociolinguística. São Paulo: Contexto, 2005. BECHARA, E. 3 questões sobre língua portuguesa. Folha de S. Paulo, São Paulo, 2 jul. 2000. Mais!, p. 3. COSERIU, E. Lições de Linguística Geral. Rio de Janeiro: Ao livro técnico, 1980. SALDANHA, L. C. D. Bibliotecas imaginárias e o livro eletrônico: possiblidades do texto no ciberespaço. Revista Philologus, v. 21, p. 26- 37, 2001. TRAVAGLIA, L. C. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática. 9. ed. rev. São Paulo: Cortez, 2001. https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/docs/2_explore.pdf https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/docs/2_explore.pdf 20/03/2024, 15:14 Norma culta e variação linguística https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00227/index.html# 37/37 Material para download Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo completo em formato PDF. Download material O que você achou do conteúdo? Relatar problema javascript:CriaPDF() 20/03/2024, 15:15 Texto e discurso https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00234/index.html#imprimir 1/38 Texto e discurso Prof. Luís Cláudio Dallier Saldanha Descrição Os conceitos de texto e de discurso, a distinção e a complementaridade entre eles, bem como uma caracterização dos gêneros textuais e alguns cuidados necessários na produção e leitura de textos. Propósito Compreender o conceito de texto, discurso e gênero textual para identificar estratégias e cuidados necessários à elaboração e à leitura de um texto. Objetivos Módulo 1 Conceitos de texto e de discurso Distinguir os conceitos de texto e de discurso. 20/03/2024, 15:15 Texto e discurso https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00234/index.html#imprimir 2/38 Módulo 2 A elaboração do texto Identificar aspectos da distinção entre texto e discurso na produção textual. Módulo 3 Gêneros textuais Reconhecer o conceito de gêneros textuais e suas implicações na leitura de textos. A escrita e a leitura são duas práticas fundamentais na vida acadêmica e profissional. Vivemos num mundo letrado, em ambientes físicos ou virtuais que são povoados por textos. Cada texto desempenha uma determinada função, atende a um objetivo, está relacionado com certa prática social ou situação de comunicação e interação. Escrevemos textos para serem lidos e lemos textos que foram escritos com determinadas intenções. Tudo isso nos conduz à relação entre texto, discurso e gêneros textuais. Por isso, vamos estudar esses conceitos e conhecer algumas recomendações para ler e escrever melhor. Vamos aos estudos! Introdução 20/03/2024, 15:15 Texto e discurso https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00234/index.html#imprimir 3/38 1 - Conceitos de texto e de discurso Ao �nal destemódulo, você será capaz de distinguir os conceitos de texto e de discurso. Introdução Todas as vezes em que você se comunica ou interage com alguém, há sempre uma intenção ao falar ou ao escrever. Dependendo dessa intenção ou da finalidade do ato de comunicação, haverá maneiras diferentes de construir sua fala e sua escrita, ou seja, você acabará usando modos específicos para se expressar ou interagir por meio da língua. As formas características do uso da língua se manifestam em determinadas estruturas, isto é, dito de outra forma, aparecem em modos peculiares de organizar o discurso ou o ato de comunicação. Independentemente da finalidade, sua escrita ou sua 20/03/2024, 15:15 Texto e discurso https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00234/index.html#imprimir 4/38 fala se organizam a partir de estruturas definidas, que muitas vezes até passam despercebidas. Vejamos a seguinte situação: Imagine que Rodrigo chegou em casa ansioso por contar algo que aconteceu no trabalho, uma situação ocorrida que lhe deu muita esperança de ser promovido. Falamos e escrevemos com as mais diferentes intenções, adequando nosso ato de comunicação a partir delas, por isso devemos concluir que há diversas formas de organizar o discurso. Isso também implica dizer que existem diversos gêneros textuais, além daquelas moda lidades que você deve ter aprendido na escola, como narração, descrição e dissertação. No diálogo acima, qual modalidade você acha que Rodrigo utilizou para contar o fato ocorrido? Digite sua resposta aqui Chave de resposta Narração Ao contar o episódio, tentando mostrar as chances de ter uma promoção, ele utilizou aspectos característicos da narração, que é um tipo específico de se organizar o discurso, assim como nós fazemos comumente no dia a dia. 20/03/2024, 15:15 Texto e discurso https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00234/index.html#imprimir 5/38 Enquanto ele contava sua história, provavelmente nem se deu conta de elementos típicos da narração, como: personagem, espaço, tempo etc. Para compreender tudo isso e identificar possíveis aplicações no uso da língua, você aprenderá os conceitos de discurso e de texto para, então, verificar como o conhecimento dos diferentes gêneros textuais o ajudará a escrever e a ler melhor. Conceitos de texto e de discurso Para distinguir texto e discurso, primeiramente é preciso conceituá-los, além de identificar a utilidade dessa distinção. Mas, em vez de começar logo com uma definição, vamos pensar um pouco sobre a prática, ou seja, vamos considerar uma situação concreta de uso da língua. Imagine que alguém diga a um colega o seguinte: A resposta "sei" provavelmente frustrou quem perguntou. A decepção ou mesmo o estranhamento diante de tal resposta ocorre porque a intenção de quem pergunta não é obter uma informação sobre o conhecimento ou não do horário, mas pedir um dado que traga sentido, referência e clareza. A intenção de quem pergunta é um elemento fundamental na enunciação, assim como a forma como o texto é recebido pelo enunciatário. Enunciação O termo enunciação refere-se à atividade social e interacional em que a língua é colocada em funcionamento por um enunciador (aquele que fala 20/03/2024, 15:15 Texto e discurso https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00234/index.html#imprimir 6/38 ou escreve), tendo em vista um enunciatário (aquele para quem se fala ou se escreve). O produto da enunciação é chamado enunciado. No campo dos estudos da linguagem, o conceito de enunciação, assim como tantos outros, apresenta variações na forma como é definido, conforme a abordagem teórica em que seja tomado. A enunciação está presente na maioria dos textos. No caso da nossa hipotética situação de comunicação, pode-se imaginar a presença explícita dessa enunciação do seguinte modo: É possível que um texto não explicite as intenções do autor, ou seja, a enunciação pode estar implícita. Nesse caso, será preciso ouvir ou ler o texto, entendê-lo e perceber as intenções do autor. Teremos, então, uma decodificação desse texto. Além da intenção, que pode estar implícita ou explícita na interação por meio da linguagem, temos sujeitos que interagem em determinado tempo ou contexto a partir de um texto ou mensagem. Os aspectos relacionados com a pessoa (quem fala/ouve ou quem escreve/lê) e com o tempo (em que momento ou contexto a comunicação se dá) também fazem parte da enunciação. Mesmo que esses aspectos nem sempre estejam explicitados ou claros no texto, a produção textual envolve os seguintes elementos da enunciação: intenção; interlocutores; e 20/03/2024, 15:15 Texto e discurso https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00234/index.html#imprimir 7/38 contexto. Sobre a enunciação, Antônio Suárez Abreu diz o seguinte: O entendimento do texto implica a decodificação da intenção de quem o produziu, por isso mesmo, às vezes, pode-se perguntar: mas o que é que você quis dizer com isso? Temos, assim, uma pergunta sobre a enunciação. (ABREU, 2004, p. 10) A partir dessa abordagem inicial sobre enunciação, vamos a uma primeira caracterização de texto e de discurso. Segundo Abreu (2004), podemos dizer que: O texto é um produto da enunciação, estático, definitivo e, muitas vezes, com algumas marcas da enunciação que nos ajudarão na tarefa de decodificá-lo. 20/03/2024, 15:15 Texto e discurso https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00234/index.html#imprimir 8/38 O discurso, por sua vez, é dinâmico: principia quando o emissor realiza o processo de codificação e só termina quando o destinatário cumpre sua tarefa de decodificá-lo. Por isso, também se afirma que o discurso é histórico. Quando um texto é escrito, finalizado pelo seu autor, pode ser considerado algo acabado e estático. No entanto, o discurso teve seu início juntamente com o texto e vai se completando à medida que o texto vai sendo lido por seus leitores. Por isso, Abreu nos afirma que o discurso [...] é sempre dinâmico e pode ser repetido infinitamente, sempre de formas diferentes, dependendo dos repertórios de seus leitores. (ABREU, 2004, p. 12) As concepções de texto e de discurso nos permitem, então, mais do que fazer uma distinção, perceber que eles são complementares. Discurso é o texto em atividade comunicativa; vindo a público e se realizando. É bom observar que o texto pode ser escrito ou oral, embora enfatizemos na maioria das vezes o texto escrito. O discurso também pode se realizar tanto a partir de um texto escrito quanto de um texto oral. Atenção Não confunda discurso com a fala de um orador! 20/03/2024, 15:15 Texto e discurso https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00234/index.html#imprimir 9/38 Compreendendo texto e discurso O professor Luís Cláudio Dallier e o linguista Antônio Suárez Abreu retomam o conceito de texto e discurso com alguns exemplos práticos. Podemos, então, concluir que todas as vezes que escrevemos ou falamos temos um texto que se realiza como discurso. Isso acontece porque quem fala e escreve tem uma intenção ou objetivo contido na mensagem e até na forma de comunicá-la. Quem ouve e lê precisa decifrar (compreender) a mensagem e a sua intenção a partir do próprio conhecimento de mundo e, claro, do próprio texto. Mas, você pode se perguntar: Para que serve definir texto e discurso, além de fazer a distinção entre eles? Qual a utilidade desses conceitos? Essas perguntas são muito importantes e serão respondidas na continuidade deste material. Mas, antes, verifique se você de fato aprendeu o que é um texto e um discurso realizando as atividades a seguir. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A enunciação é um conceito importante para compreender o que é um discurso, além da distinção e complementaridade entre texto e 20/03/2024, 15:15 Texto e discurso https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00234/index.html#imprimir 10/38 discurso.
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