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Aula 03 – Fontes de Direito Internacional Público Complementando a aula passada… - Direito Internacional Público X Direito Internacional Privado I. Fontes de Direito Internacional Público * Conceito de DIP (Critério das Fontes): (FQ) Conjunto de normas jurídicas criadas pelos processos de produção jurídica próprios da Comunidade Internacional, e que transcendem o âmbito Estadual. 1. Histórico: 1ª referência (18.10.1907) - Art. 7º da Convenção de Haia “se a questão de direito a resolver estiver prevista por uma convenção em vigor entre o beligerante captor e a Potência que for parte do litígio, ou cujo nacional for parte dele, o Tribunal decidirá conforme as estipulações da mencionada convenção. Na falta dessas estipulações, o Tribunal aplicará as regras do Direito Internacional. Se não existirem regras internacionalmente reconhecidas, o Tribunal decidirá de acordo com os princípios gerais do direito e da equidade”. 2. O Art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça “1. O Tribunal, cuja função é resolver, de acordo com o Direito Internacional os litígios que lhe sejam submetidos, aplicará: a) As convenções internacionais, gerais ou especiais, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados em litígio; b) O costume internacional, como prova duma prática geral aceite como de direito; c) Os princípios gerais de Direito reconhecidos pelas nações civilizadas; d) Sob reserva das disposições do art. 59º, as decisões judiciais e os ensinamentos dos publicistas mais altamente qualificados das várias nações, como meios auxiliares para a determinação das regras de Direito. 2. Esta disposição não prejudicará a faculdade de o Tribunal, se as partes estiverem de acordo, decidir ex aeco et bono” 2.1. O Ius Cogen » Introdução: O termo data do início do século XX, no contexto das normas que regulavam o chamado direito dos tratados. Constitui etapa de um processo de reavaliação das fontes do direito internacional. • Art. 53 da Convenção de Viena de 1969: “É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma imperativa de Direito Internacional geral (…)”. • E segue o dispositivo: “(…) Para os fins da presente Convenção, uma norma imperativa de Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza”. • Art. 64 da Convenção de Viena: “Se sobrevier uma nova norma imperativa de Direito Internacional geral, qualquer tratado existente que estiver em conflito com essa norma torna-se nulo e extingue-se”. » Conceito: São valores fundamentais ou regras básicas que compõem a ordem pública da Comunidade Internacional obrigando todos os sujeitos do Direito Internacional, limitando inclusive a liberdade dos Estados e das Organizações Internacionais nas respectivas manifestações de vontade. » Características a) “Supralegalidade internacional” - São normas de direito internacional geral, de caráter universal – c/ vistas à ordem pública. b) Tem como sujeito e destinatário o indivíduo – criam obrigação erga omnes c) São normas imperativas de Direito internacional geral ou para-universal. d) Estão no topo de hierarquia das fontes de Direito Internacional - No plano da validade, uma norma de “jus cogens” só é modificada por outra da mesma natureza – insusceptível de derrogação pela vontade das partes. e) Qualquer norma pretensamente derrogatória de seus preceitos será sempre nula. f) Corresponde ao ius strictum do Direito Romano - Significa o Direito imperativo (≠ ius dispositivum – acordo de vontades) g) Transcendem naturalmente os limites dos Estados e se estendem naturalmente a todos os seres humanos 2.2. Convenções Internacionais (atos e tratados) – Tema de Aula Específica 2.3. O Costume Internacional (Consuetudo est servanda) - Foi a 1ª fonte de Direito Internacional (Séc. XVII) - Art. 38, § 1º, “b” do Estatuto da Corte Internacional de Justiça: “Prática geral aceita como sendo o direito”. - Direito Internacional Universal - Resulta de uma prática geral e consistente por parte dos Estados, seguida por eles como consequência de entendê-la como uma obrigação geral. ≠ Uso: Que não é obrigatório. a) Elemento Material (inveterata consuetudo): é a repetição generalizada, reiterada e uniforme de certos atos praticados pelos sujeitos de Direito Internacional. São os precedentes costumeiros seguidos pelos atores da sociedade internacional. Deve ser aceita, tácita ou expressamente, pelos Estados ou organizações internacionais. b) Elemento Psicológico ou Subjetivo (opinio juris): Além da prática geral é necessária a convicção de que ela deve realmente ser cumprida. – Art. 38 da CIJ - “aceita como sendo de direito”. Os Estados ou as organizações internacionais em causa devem estar persuadidos de que estão aplicando uma norma cujo conteúdo é jurídico e, portanto, passível de sanção em caso de descumprimento. Os costumes vão se dividir em: Costume internacional universal: atinge todos os Estados dentro de uma sociedade internacional, independentemente de terem ou não participado de sua formação; Ex: direito de passagem inocente em alto mar Costume internacional particular: atinge certo número de Estados, podendo dizer respeito a determinado grupo de Estados num contexto regional (costume internacional regional) ou apenas a dois únicos Estados (costume internacional local) Vale destacar que a formação do costume não depende obrigatoriamente da vontade de todos os Estados. Ex: o asilo diplomático é um costume eminentemente latino-americano. 2.4. Princípios Gerais de Direito: reconhecimento de tais princípios por parte da sociedade dos Estados, em seu conjunto, como formas legítimas de expressão do Direito Internacional Público. a) São orientações gerais que indicam ao intérprete e ao aplicador do Direito Internacional determinada direção para a aplicação da norma. b) “São princípios gerais comuns à ordem interna e internacional que têm a finalidade de preencher lacunas do Direito, como elemento subsidiário para as decisões da Corte Internacional de Justiça”. Vão ser os princípios consagrados nos sistemas jurídicos dos Estados, ainda que não sejam aceitos por todos os sistemas jurídicos estatais, bastando que um número suficiente de Estados os consagrem. » São princípios de DIP: a) Não agressão; b) Solução pacífica de litígios; c) Auto-determinação dos povos e igualdade de direitos; d) Coexistência pacífica; e) Desarmamento; f) Igualdade soberana; g) Cumprimento em boa-fé das obrigações contraídas; h) Responsabilidade internacional; 3. Atos Unilaterais dos Estados » Conceito: Conceito: Manifestações de vontade de um sujeito de Direito Internacional, encaminhada para produzir um efeito internacional (criação, modificação ou extinção de uma relação jurídica), feita por órgão estatal devidamente autorizado para tal, declarando-se de maneira expressa (Protesto – não aceita - e Renúncia/reconhecimento – aceita) ou tácita. Deve ser público e representar a intenção do Estado que o elabora em se obrigar. Podem ser de duas espécies: - atos unilaterais de natureza normativa dos Estados: são fontes porque possuem as características de abstração e generalidade. São condutas realizadas pelos Estados. Ex.: a delimitação do limite do mar territorial pertence apenas ao Brasil, é de natureza exclusiva. E todos os demais Estados deverão respeitar essa norma. - atos unilaterais como ato jurídico (não são fontes). » Espécies: a) Reconhecimento: considera certa situação em conformidade c/ o DIP. b) Protesto: declaração em sentido contrário; onde há desrespeito ao dir. internacionalc) Notificação: declaração levada ao conhecimento de outro sujeito de dir. internac. d) Promessa: compromisso de agir ou não agir de certo modo. e) Renúncia: declara não exercer; ou deixar de possuir certo direito. 4. Atos das Organizações Internacionais: (Jorge Miranda): São atos provenientes das Organizações Internacionais que se manifestam através de decisões, recomendações, sentenças, pareces consultivos e resoluções. 5. Meios Auxiliares de determinação do Direito 5.1. Decisões judiciárias (jurisprudência): são as decisões da própria Corte ou a decisão de qualquer tribunal internacional. Por jurisprudência se entende constantes e reiteradas manifestações do Judiciário, no mesmo sentido, acerca de um mesmo assunto, dando sempre a mesma solução. Poder ser tanto a jurisprudência dos tribunais internacionais, quanto a dos tribunais arbitrais, quando a dos tribunais nacionais, ou as decisões de determinados tribunais de alguma organização internacinoal. 5.2. Doutrina (dos juristas mais qualificados das diferentes nações) 5.3. Equidade: a norma jurídica não existe ou ela existe, mas é ineficaz para solucionar coerentemente (com justiça e razoabilidade) o caso concreto. ELA É FONTE DE APLICAÇÃO DO DIREITO INTERNAICONAL. 5.4. Analogia: aplicação a determinada situação de fato, de uma norma jurídica feita para servir a um caso parecido ou semelhante. Mais utilizada em âmbito interno. Analogia e equidade Equidade se caracteriza pelo exato ponto de equilíbrio entre as partes (ex aequo et bono). A equidade só pode ser aplicada se as partes com isso concordarem, pois sem o consentimento delas não poderá ser aplicada. Pois, quando se aplica a equidade o juiz afasta todas as outras fontes, não considerando nenhuma das fontes como convenções, costumes, princípios, jurisprudência e a doutrina. A manifestação deve ser expressa, não sendo aceita a manifestação tácita. Eqüidade: depende da aquiescência das partes em litígio, isto é, as partes devem concordar com a sua aplicação. A Corte não pode decidir à luz da equidade por vontade própria. Método de raciocínio jurídico. A analogia significa a utilização de determinada norma jurídica concebida para aplicar-se a uma situação semelhante na ausência de alguma regra que se ajuste ao caso. Não se pode, em âmbito internacional, utilizar a analogia para discutir-se causas a respeito de restrições à soberania, nem hipóteses de submissão do Estado ao juízo exterior, arbitral ou judiciário. Ex: reconhecimento à ONU a prerrogativa de conferir proteção funcional a seus agentes no parecer da CIJ no caso Bernadotte em 1949.
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