Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CLT COMENTADA Arts. 763 a 836 Reforma Trabalhista Lei n. 13.467/2017 Getúlio Zenit Alves Graduado em Direito e Ciências Sociais pela Universidade Paulista Docente do Instituto Brasileiro de Capacitação e Gestão - IBCG Membro da Academia Brasileira de Direito Docente da Escola Superior de Capacitação Profissional - ESCAPR © Copyright by Ozéias de Jesus dos Santos Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida, sejam quais forem os meios empregados, sem autorização por escrito do autor. O infrator ficará sujeito, nos termos da Lei nº 6.895, de 17/12/80, com as alterações introduzidas pela Lei nº 9.610, de 19/02/98, à penalidade prevista nos artigos 184 e 186 do Código Penal, a saber: reclusão de um a quatro anos. Sumário Capítulo I Processo Judiciário do Trabalho Compensação Retenção Prazos nas Ações Trabalhistas Contestação na Ação Trabalhista Capítulo II Do Processo em Geral Horário dos Atos Processuais Termos e Atos Processuais Assinatura dos Termos e Atos Processais Notas de Movimentação Processual Contagem do Prazo a Partir da Notificação Modo de Contagem do Prazo Contagem do Prazo no Novo Código de Processo Civil Prazos no Novo Código de Processo Civil Suspensão do Prazo Processual Suspensão do Prazo em razão de Obstáculo Suspensão do Prazo por Transporte Difícil Justificativa de Justa Causa Contagem do Prazo e Expediente Forense Renúncia ao Prazo Prazos do Juiz Prazos dos Serventuários Prazos dos Litisconsortes Início da contagem do Prazo Dia do começo do Prazo Carta Precatória, Rogatória ou de Ordem Prazo Excedido Prazo para restituição dos Autos Representação contra o Juiz Certificação dos Prazos Formação dos Autos do Processo Dos Pronunciamentos do Juiz Despachos, Decisões Interlocutórias e Sentenças Sentença Decisão Interlocutória Despachos Retirada dos Autos no Cartório Consulta dos Processos Desentranhamento de Documentos Requerimento de Certidões Isenção de Selos Capítulo III Da Distribuição Forma de Distribuição Reclamação Escrita Capítulo IV Das Custas e Emolumentos Custas Processuais Justiça Gratuita Honorários Periciais Capítulo V Partes e Procuradores Reclamação Pessoal Honorários, Reconvenção e Sucumbência Maioridade Trabalhista Responsabilidade por Dano Processual Litigância de Má-Fé Capítulo VII Das Nulidades Incompetência Relativa Arguição de Nulidade Capítulo VIII Das Exceções Exceção de Incompetência Territorial Manifestação Sobre a Defesa Audiência Inicial Audiência Una Razões Finais Matéria de Defesa Prática Manifestação Sobre a Defesa Impugnação Justiça Gratuita Improcedência do Pedido Capítulo VIII Conflitos de Jurisdição Conflito de Jurisdição Podem Suscitar os Conflitos Competência para Apreciar Conflitos de Jurisdição Competência do Superior Tribunal de Justiça para Apreciar Conflitos Competência entre Órgãos com Jurisdição Trabalhista - TST Conflitos de Jurisdição e Forma de Processamento Capítulo IX Das Audiências Publicidade das Audiências Auxiliares do Juiz na Audiência Início da Audiência Ordem nas Audiências Registro da Audiência Capítulo X Das Provas Prova do Horário Trabalhado Ônus da Prova Horário Anotado Capítulo XI Da Decisão e sua Eficácia Eficácia da Decisão Elementos da Decisão Correção da Decisão Publicação das Decisões Cumprimento da Decisão ou Acordo Coisa Julgada Capítulo I Processo Judiciário do Trabalho A Consolidação das Leis do Trabalho, com as alterações da Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017, denominada Reforma Trabalhista, trata da matéria dispondo que: “Art. 763 - O processo da Justiça do Trabalho, no que concerne aos dissídios individuais e coletivos e à aplicação de penalidades, reger-se-á, em todo o território nacional, pelas normas estabelecidas neste Título. Art. 764 - Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação. § 1º - Para os efeitos deste artigo, os juízes e Tribunais do Trabalho empregarão sempre os seus bons ofícios e persuasão no sentido de uma solução conciliatória dos conflitos. § 2º - Não havendo acordo, o juízo conciliatório converter-se-á obrigatoriamente em arbitral, proferindo decisão na forma prescrita neste Título. § 3º - É lícito às partes celebrar acordo que ponha termo ao processo, ainda mesmo depois de encerrado o juízo conciliatório. Art. 765 - Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas. Art. 766 - Nos dissídios sobre estipulação de salários, serão estabelecidas condições que, assegurando justos salários aos trabalhadores, permitam também justa retribuição às empresas interessadas. Art. 767 - A compensação, ou retenção, só poderá ser arguida como matéria de defesa Art. 768 - Terá preferência em todas as fases processuais o dissídio cuja decisão tiver de ser executada perante o Juízo da falência. Art. 769 - Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título.” Compensação A compensação é tratada no artigo 767 da CLT, onde consta que a compensação ou a retenção só podem ser apresentadas como forma de matéria de defesa, verbis: “Art. 767. A compensação, ou retenção, só poderá ser arguida como matéria de defesa.” O TST - Tribunal Superior do Trabalho, através do enunciado nº 48, também uniformizou o entendimento de que a compensação só pode ser arguida com a contestação: “E. 48. Compensação (alegação). A compensação só poderá ser arguida com a contestação.” O empregador na compensação pode requerer que do crédito do Reclamante, sejam deduzidos créditos da empresa, tais como adiantamentos, extras pagas, etc. Através do Enunciado nº 18, o TST- Tribunal Superior do Trabalho, uniformizou o entendimento de que a compensação na Justiça do Trabalho está restrita a dívidas de natureza trabalhista: “E. 18. Compensação. A compensação na Justiça do Trabalho está restrita a dívidas de natureza trabalhista.” O empregador na compensação pleiteada na defesa, pode pedir que seja seu crédito compensado com o do empregado, o que vai somente até o limite do crédito do empregado, não o ultrapassa. Vejamos o seguinte julgado: “DIFERENÇAS DE HORAS EXTRAS, INTERVALO INTRAJORNADA E ADICIONAL NOTURNO. PRETENSÃO DO RECLAMANTE AMPARADA EM APONTAMENTOS INSUBSISTENTES. Não se descaracteriza a jornada de trabalho 12 x 36 pelo fato do reclamante ter trabalhado em domingos porque o regime proporciona a folga em outro dia. O fato de o reclamante ter realizado uma dobra de jornada num período de 30 dias, conforme apontado na impugnação à contestação , também não é causa para descaracterizar a jornada de trabalho 12 x 36. Também não é causa de descaracterização de tal jornada, o fato do reclamante ter trabalhado num determinado mês (veja-se que a impugnação apenas aponta o período de 21.11.07 a 20.12.07) 14 horas seguidas ao invés de 12 horas seguidas, considerando-se que a vigência do presente contrato é superior a 2 anos. Ressalta-se, ainda, que as normas coletivas juntadas aos autos realizaram uma compensação , pois consideraram que a hora relativa ao trabalho noturno equivale a 60 minutos mas aumentaram o adicional respectivo para 30% (ao invés de 20%). Não se vislumbra, tendo em vista que houve uma compensação de direitos, nenhuma violação às garantias legais do reclamante. Por último, não há que se falar em reflexos decorrentes da indenização relativa ao intervalo intrajornada. Verifica-se que na jornada de trabalho 12 X 36, onde o empregado trabalhou 12 horas e descansou 36, a reclamada indenizou o reclamante pagando-lhe o período correspondente ao intervalointrajornada não usufruído, acrescido de 50%, respeitando, assim, o art. 71, § 4º da CLT, tudo nos termos das normas coletivas juntadas aos autos que preveem, inclusive, o não pagamento de reflexos nas demais verbas. Mantém-se a sentença que não reconheceu haver diferenças em aberto a título de horas extras, intervalos intrajornada e adicional noturno. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, em que são partes as acima indicadas. RELATÓRIO - Na sentença, às f. 335/337, o Juízo do Trabalho, Aguimar Martins Peixoto, condenou a reclamada ao pagamento relativo a férias vencidas + 1/3. Sobrevieram embargos de declaração interpostos pelo reclamante, às f. 338/342, os quais foram rejeitados, às f. 344/verso. O reclamante interpôs recurso ordinário, às f. 347/358, onde busca a reforma da sentença que indeferiu diferenças relativas às horas extras, adicional noturno e intervalo intrajornada. Contrarrazões apresentadas às f. 363/365. Os autos não foram encaminhados ao Ministério Público do Trabalho, tendo em vista o que dispõe o artigo 35 do Regimento Interno deste Tribunal. É o relatório. VOTO – ADMISSIBILIDADE - Presentes os pressupostos processuais, conheço do recurso ordinário e das contrarrazões. MÉRITO - DIFERENÇAS DE HORAS EXTRAS, INTERVALO INTRAJORNADA E ADICIONAL NOTURNO - O recurso ordinário interposto pelo reclamante busca a reforma da sentença que indeferiu diferenças relativas às horas extras, adicional noturno e intervalo intrajornada. O recorrente expõe que deve ser descaracterizada a jornada de trabalho 12 x 36 ante as várias ilegalidades cometidas pela reclamada. Na sua impugnação (à f. 326), que se restringiu ao período de 21.11.07 a 20.12.07, o reclamante explicou que trabalhou em 3 domingos e realizou uma dobra de jornada. Aponta isto como irregularidade a ensejar a descaracterização da jornada de trabalho 12 x 36. Ocorre que no sistema de trabalho 12 x 36, quando há trabalho nos domingos, não é devido o pagamento da dobra legal, uma vez que o regime proporciona a folga em outro dia. Trago da jurisprudência do TST neste sentido: “FERIADOS TRABALHADOS - REGIME DE 12 X 36 - PAGAMENTO EM DOBRO - O empregado que trabalha em regime de revezamento de doze horas por trinta e seis de descanso não faz jus à dobra salarial pelo labor realizado em dias de repouso e feriados, haja vista que, em tal regime, o repouso semanal e os feriados já se encontram embutidos nas 36 horas de descanso, existindo, portanto, a devida compensação . (...)” (TST - RR 784918 - 2ª T. - Rel. Juiz Conv. Samuel Corrêa Leite - DJU 18.06.2004). Quanto à dobra de jornada, há previsão nas CCT- s: “41ª - DOBRA DE JORNADA - Entende-se por DOBRA, quando por necessidade imperativa, a empresa empregadora solicita ao vigilante que este permaneça no posto de serviço, para cobrir a jornada imediatamente consecutiva do vigilante com o qual faria revezamento, sendo-lhe devido a respectiva alimentação. § 1º - Na hipótese de realização de dobra, além do pagamento do sobrelabor, as empresas ficam obrigadas a fornecer alimentação sem ônus para o vigilante” (f. 288). Como se vê, a dobra de jornada é exceção do sistema de jornada de trabalho na reclamada, sendo que o fato do reclamante ter realizado uma dobra de jornada no período apontado na sua impugnação à contestação (21.11.07 a 20.12.07), só confirma aquela exceção prevista. Sendo assim, não há que se falar em descaracterização da jornada convencionada entre as partes de 12 x 36. Outro argumento do reclamante, para que se declare a inaplicabilidade da jornada de trabalho 12 x 36, é que teria havido elastecimento de labor para além das 12 horas. Tal labor teria sido estendido até 15 horas (ao invés de se limitar até 12 horas) ao argumento de que a reclamada não observou a hora do trabalho noturno (52 minutos e 30 segundos) e ao argumento de que o reclamante laborava das 17h30 às 07h30, ao invés de laborar das 17h30 às 05h30. Primeiramente, transcrevo da norma coletiva as seguintes cláusulas: “17ª - DO ADICIONAL NOTURNO - A todos os trabalhadores que exerçam suas atividades em horário noturno, assim compreendido aquele entre 22:00 de um dia às 05:00 horas do dia seguinte, será assegurado o percentual de 30% (trinta por cento), sobre a hora diurna. § primeiro - Os empregados que trabalham na escala 12 x 36 (doze horas de trabalho por trinta e seis de descanso) em escala noturna, o adicional noturno será devido somente nas noites efetivamente trabalhadas. § segundo - fica estabelecido, por este acordo coletivo de trabalho, que a hora noturna, assim entendida, aquela efetivada entre as 22:00 e 05:00 da manhã, serão computadas com de 60 minutos” (f. 284). A norma coletiva acima realizou uma compensação pois considerou que a hora relativa ao trabalho noturno equivale a 60 minutos mas aumentou o adicional respectivo para 30% (ao invés de 20%). Não vislumbro, tendo em vista que houve uma compensação de direitos, nenhuma violação às garantias legais do reclamante. No que tange ao argumento de que o reclamante laborava das 17h30 às 07h30, ao invés de laborar das 17h30 às 05h30, portanto, excedendo as 12 horas de trabalho, é preciso ressaltar que a impugnação obreira, às f. 325/327, somente se restringiu ao período de 21.11.07 a 20.12.07. Em tal período, cujos horários estão registrados no cartão de ponto à f. 240, realmente houve labor que excedeu a jornada de 12 horas, mas não considero que isto, por si só, descaracteriza a jornada de trabalho 12 x 36. A uma porque o reclamante não se desvencilhou de apontar especificamente que as horas extras (aquelas trabalhadas das 05h30 às 07h30) não foram totalmente quitadas consoante recibo correspondente (f. 211). A duas porque não é suficiente, para descaracterizar o regime de jornada 12 x 36, o fato de o reclamante ter trabalhado num determinado mês (veja-se que a impugnação apenas aponta o período de 21.11.07 a 20.12.07) 14 horas seguidas ao invés de 12 horas seguidas, considerando-se que a vigência do presente contrato é superior a 2 anos. Tenho desta forma, como insubsistentes as diferenças de horas extras apontadas pelo reclamante na impugnação à contestação e revolvidas em sede de recurso ordinário. Da mesma forma, as diferenças buscadas pelo reclamante, no que se refere ao adicional noturno, não prosperam porque, também, se assentam no argumento de que deve ser observada a hora do trabalho noturno (52 minutos e 30 segundos) e no argumento de que trabalhou em dias de folga (nos domingos). Tais argumentos já foram apreciados e rechaçados acima. Apenas acrescento que a pretensão do recorrente quanto à aplicação do entendimento contido na Súmula n. 60, II do TST (Cumprida integralmente a jornada no período noturno e prorrogada esta devido é também o adicional quanto às horas prorrogadas) não prospera porque a norma coletiva, quando elevou o adicional noturno para 30%, conforme transcrito alhures, realizou uma compensação e assim fixou que a hora noturna deve ser aquela efetivada entre as 22h00 e 05h00 da manhã e deve ser computada como sendo de 60 minutos. No que refere ao intervalo intrajornada, o reclamante, ao impugnar os cartões de ponto e os recibos de pagamento de salários, aduziu que: “Note-se que no recibo de fls. 211, atesta o pagamento de 15 (quinze) dias de intervalo intrajornada, conquanto, verifica-se nas fls. 240, que o Autor laborou em 19 dias e uma dobra no mês, o que equivale-se a 20 dias, comprovando-se a existência de 5 horas de intervalos intrajornadas a serem pagas de forma indenizada” (f. 327). Extraio da impugnação acima que o reclamante discorda do cartão de ponto (à f. 240) que registra como número de dias trabalhados, o total de 15. Sustenta que o total de dias trabalhados seria 20 e, como no recibo de pagamento de salário correspondente àquele cartão de ponto (à f. 211) foipago valor o equivalente a tão- somente 15 dias, haveria “5 horas de intervalos intrajornadas a serem pagas de forma indenizada” (impugnação à f. 327). No recurso ordinário há a explicação de que “as diferenças decorrem exatamente dos trabalhos em dias de folgas do obreiro que não eram observados para os pagamentos dos intervalos intrajornadas” (recurso ordinário à f. 355). Não prospera o inconformismo do reclamante. Como já decidido anteriormente, no sistema de trabalho 12 x 36, mesmo quando há trabalho em domingo, não é devido o pagamento da dobra legal, uma vez que o regime proporciona a folga em outro dia. Disto decorre que também não há diferenças atinentes ao intervalo intrajornada. Não há que se falar, ainda, em reflexos decorrentes da indenização relativa ao intervalo intrajornada. Verifica-se que na jornada de trabalho 12 X 36, onde o empregado trabalhou 12 horas e descansou 36, a reclamada indenizou o reclamante pagando-lhe o período correspondente ao intervalo intrajornada não usufruído, acrescido de 50%, respeitando, assim, o art. 71, § 4º da CLT, tudo nos termos das normas coletivas juntadas aos autos que prevêem, inclusive, o não pagamento de reflexos nas demais verbas. Transcrevo da norma coletiva: “44ª - DO INTERVALO INTRAJORNADA - Dada a peculiaridade da atividade de vigilância, nos casos em que não for concedido intervalo diário de 01 (uma) hora entre uma e outra jornada do empregado, as empresas deverão efetuar pagamento do referido período como hora indenizada, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento), sem reflexos sobre as demais verbas, em face da natureza indenizatória da referida verba” (Grifei). Mantenho a sentença de origem que não reconheceu haver diferenças em aberto a título de horas extras, intervalos intrajornada e adicional noturno. Nego provimento. CONCLUSÃO - Pelo exposto, conheço do recurso ordinário e das contrarrazões. No mérito, nego provimento, nos termos da fundamentação acima. É como voto. ISTO POSTO: DECIDIU a 2ª Turma de Julgamento do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da Vigésima Terceira Região, por unanimidade, conhecer do recurso ordinário e das contrarrazões e, no mérito, negar- lhe provimento, nos termos do voto do Desembargador Relator. (Cuiabá-MT, quarta-feira, 30 de setembro de 2009 - OSMAIR COUTO Desembargador Relator - Julgado em: 30 de setembro de 2009 (quarta-feira) - Firmado por assinatura digital em 30/09/2009 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira. - ORIGEM: 2ª VARA DO TRABALHO DE CUIABÁ - RELATOR: Desembargador OSMAIR COUTO - REVISORA: DESEMBARGADORA LEILA CALVO - RECORRENTE: Manoel de Almeida Ferreira Júnior. - Advogados: Sidney Bertucci e outro(s). - RECORRIDO: Transamérica Serviço de Vigilância e Segurança Ltda. - Advogados: Ivo Sergio Ferreira Mendes e outro(s)). Também: RECURSO ORDINÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. I - NULIDADE DO ACÓRDÃO RECORRIDO POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. Em face da devolutividade ampla ínsita ao recurso ordinário em ação rescisória, a teor do art. 515, caput e § 1º, do CPC, incumbe ao TST apreciar todas as questões nele suscitadas, mesmo que não decididas pelo Tribunal de origem. Dessarte, ainda que algum vício por eventual negativa de prestação jurisdicional maculasse o acórdão recorrido, não se haveria falar em nulidade, pois em nada aproveitaria ao recorrente, porquanto a matéria é passível de devolução ampla ao TST, cujo acórdão substituirá a decisão impugnada. Precedentes da SBDI-2 do TST. Preliminar rejeitada. II - MANDADO DE SEGURANÇA. ATO COATOR QUE INDEFERE PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA. PRESENÇA DOS REQUISITOS DO ART. 273 DO CPC. SEGURANÇA CONCEDIDA. 1. Ato coator que indefere pedido de antecipação da tutela em que o Reclamante pleiteava o restabelecimento do contrato de trabalho com base na estabilidade prevista no art. 118 d Lei nº 8.213/1991. 2. Acórdão recorrido que concede a segurança. 3. No curso do contrato de trabalho, foi detectada doença relacionada ao trabalho, o que ensejou o deferimento do benefício de auxílio-doença acidentário, que é concedido após perícia médica realizada pelo INSS constatando o nexo causal entre a moléstia e as atividades laborais. O Litisconsorte Passivo, embora devidamente citado neste mandado de segurança, não apresentou defesa ou documentos com o fim de infirmar a presunção de veracidade que paira sobre a perícia médica do INSS, que concedeu o auxílio-doença acidentário. Assim, restaram preenchidos os pressupostos do art. 118 da Lei nº 8.213/1991, de tal sorte que, com base na verossimilhança da alegação, impõe-se a antecipação dos efeitos da tutela, para restabelecer o contrato de trabalho, nos termos do acórdão do TRT da 5ª Região. Recurso ordinário não provido. Processo: RO - 749-66.2014.5.05.0000 Data de Julgamento: 02/02/2016, Relator Ministro: Emmanoel Pereira, Subseção II Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 12/02/2016. Retenção O artigo 767 da CLT traz a retenção, que como visto anteriormente, é tratada com a compensação. Mas vale ressaltar, que a compensação e a retenção não são a mesma matéria, pois enquanto na compensação o pedido é de que seja abatido de um crédito com outro, a retenção importa na guarda legítima de um bem, geralmente objeto de trabalho, com o pedido de que somente seja devolvido quando da quitação do débito. Outra coisa muito comum de ser confundida é a subtração ou posse ilegal com retenção. Deve ser observado que não pode a posse ser ilegal, como no caso do empregado levar objetos da empresa para garantir que seus direitos sejam pagos, pois isto caracteriza furto. Um dos exemplos clássicos é a retenção de ferramentas com as quais o empregado trabalhava ou mostruário de vendas. A Consolidação das Leis do Trabalho estabelece em seu art. 767, que: “Art. 767. A compensação, ou retenção, só poderá ser arguida como matéria de defesa.” Na retenção fica-se como possuidor legítimo da coisa, a qual deverá ser devolvida quando o débito for quitado. Prazos nas Ações Trabalhistas Nas ações trabalhistas utiliza-se sempre, subsidiariamente, as normas do direito processual civil, eis que em matéria processual, as regras e instrumentos são as mesmas, sendo que essa regra consta no artigo 769 da CLT: “Art. 769. Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título.” Sobre os prazos existem algumas diferenças: um exemplo disso é que a defesa nas Reclamações Trabalhistas podem ser apresentadas de forma oral ou escrita na primeira audiência e não no prazo de quinze dias como previsto no artigo 335 do Novo Código de Processo Civil: “Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a data: I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não houver autocomposição; II - do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou de mediação apresentado pelo réu, quando ocorrer a hipótese do Art. 334, § 4º, inciso I; III - prevista no Art. 231, de acordo com o modo como foi feita a citação, nos demais casos. § 1º No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo a hipótese do Art. 334, § 6º, o termo inicial previsto no inciso II será, para cada um dos réus, a data de apresentação de seu respectivo pedido de cancelamento da audiência. § 2º Quando ocorrer a hipótese do Art. 334, § 4º, inciso II, havendo litisconsórcio passivo e o autor desistir da ação em relação a réu ainda não citado, o prazo para resposta correrá da data de intimação da decisão que homologar a desistência.” O artigo847 da CLT diz que o prazo é de vinte minutos para que se apresente oralmente a defesa em audiência. No dia-a-dia, as Varas já fazem constar na notificação da reclamada, o pedido para que na audiência se traga defesa escrita, verbis: “Art. 847. Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes.” Salienta-se que no dia a dia, com a finalidade de tornar mais célere o procedimento, as Varas já fazem constar na notificação da reclamada, o pedido para que na audiência se traga defesa escrita. Devem ser aplicadas nas ações trabalhistas, as mesmas disposições relativas à revelia e confissão, provas e impugnação específica dos pedidos. Vejamos a jurisprudência: RECURSO ORDINÁRIO EM AÇÃO RESCISÓRIA. AUTOS RESTAURADOS. SUBSCRITOR DOS SEGUNDOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PERANTE O TRT. IRREGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO. TERCEIROS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PERANTE O TRT. INTEMPESTIVIDADE. ÓBICES AFASTADOS. 1 - Hipótese de autos de ação rescisória, ajuizada em dezembro de 2000, desaparecidos sob a guarda de advogado dos réus em 2006, e que foram declarados restaurados em janeiro de 2009. 2 - Nesse caso, é preciso ter em mente que a decisão que declarou a restauração dos autos da ação rescisória transitou em julgado e, portanto, tornou superadas todas as questões alusivas a qualquer fato anterior. Não há mais possibilidade de se fazer uma revisão dos autos, pois é de se reputar que tudo nele se encontra perfeito. Revelam-se ultrapassadas todas as circunstâncias de fatos pretéritos à declaração de restauração. 3 - Desse modo, a questão acerca da inexistência de procuração conferida aos patronos da autora está sepultada a partir da decisão que declarou a restauração da ação rescisória. Não subsiste, assim, o óbice erigido ao não conhecimento dos segundos embargos de declaração opostos pela autora e, via de consequência, o aplicado aos terceiros embargos de declaração também opostos pela autora. Recurso ordinário conhecido e provido. Processo: RO - 5563400- 91.2000.5.01.0000 Data de Julgamento: 02/02/2016, Relatora Ministra: Delaíde Miranda Arantes, Subseção II Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 12/02/2016. “EMENTA: HORAS EXTRAS. ART. 62, INC. II, DA CLT. O enquadramento do trabalhador na regra de exceção do artigo 62, inciso II, da CLT, exige prova do desempenho de função de confiança pelo empregado, por meio da exteriorização, em suas atividades, de algum dos poderes inerentes à figura do empregador. O só fato de a trabalhadora exercer funções intituladas de gerente e supervisor não é circunstância hábil a excluí-lo do regime legal de duração do trabalho previsto na CLT. VISTOS e relatados estes autos de RECURSO ORDINÁRIO interposto de sentença proferida pelo MM. Juíza da 11ª Vara do Trabalho de Porto Alegre, sendo recorrentes ADRIANA AYRES KULMANN, BIJOUTERIAS COMÉRCIO DE ACESSÓRIOS FEMININOS LTDA. e OUTRO(S), e recorridos OS MESMOS. Adriana Ayres Kulmann, Bijouterias Comércio de Acessórios Femininos Ltda., Ideias e Ideias Bijouterias e Presentes Ltda. - ME e Acessórios Atuais e Presentes Ltda. - ME interpõem recursos ordinários contra a sentença das fls. 265-268v., prolatada pela Juíza Janaína Saraiva da Silva, que julgou improcedentes os pedidos iniciais. A autora argúi prefacial de nulidade do processo por cerceamento de defesa, e, no mérito, busca a reforma da sentença que julgou improcedentes os pedidos de pagamento de horas extras e de diferenças de repousos, 13º salários, férias com 1/3 e FGTS com 40%, pela inclusão, nas suas bases de cálculo, de comissões pagas extrafolha. As 2ª, 3ª e 4ª recorrentes (rés), por seu turno, buscam a reforma do julgado na parte em que declara que a autora não se enquadrava na regra do artigo 62, inc. II, da CLT. Os recursos foram recebidos e o da autora foi contra-arrazoado, tendo sido remetidos os autos ao Tribunal. Distribuídos na forma regimental, vieram conclusos para julgamento. É o relatório. ISTO POSTO: MATÉRIA PRELIMINAR: 1. Não conhecimento do recurso. As rés argúem em contrarrazões preliminar de não conhecimento do recurso da autora, sustentando a sua intempestividade. À fl. 275 está a certidão de intimação da autora da reabertura do prazo para oferecimento de recurso, que foi disponibilizada no Diário Oficial Eletrônico em 29-05- 2009, uma sexta-feira. Conforme dispõe o artigo 4º, §3º, da lei 11.419/06, os atos judiciais consideram-se publicados no primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico. O DJE, no âmbito da Justiça do Trabalho da 4ª Região, foi instituído pelo Provimento da Presidência n.º 03/2008, que, regulamentando a regra geral instituída pela lei 11.419/2006, estabeleceu, em seu artigo 3º, que “os prazos processuais terão início no primeiro dia útil que seguir ao considerado como data da publicação”. Como, na hipótese, a disponibilização da intimação no DJE ocorreu em 29-05-2009, uma 6ª-feira, a publicação do ato se deu, conforme a regra vigente, na 2ª- feira subsequente, dia 1º de junho, e, por conseguinte, a contagem do prazo recursal iniciou na 3ª-feira, dia 02-06 (inclusive). Assim, considerado o prazo do artigo 895, alínea “b”, inciso I, da CLT (8 dias), o termo final para a interposição do recurso ordinário pela autora ocorreu em 09-06-2009, data em que foi efetivamente protocolado (fl. 277). Desse modo, não há falar em intempestividade do recurso. Afasto a prefacial. 2. Nulidade do processo. A autora argúi nulidade do processo por cerceamento de defesa, sustentando ilegalidade no indeferimento da oitiva da testemunha Emanuelle e porque Izabel Cristina Silveira Silvano foi ouvida apenas como informante. Relata que Emanuelle não foi ouvida em razão de amizade íntima, o que vai de encontro à regra do artigo 829 da CLT, que estabelece que tal circunstância não enseja o indeferimento da prova, mas apenas que a testemunha não prestará compromisso e será ouvida como informante. Refere, ainda, que a amizade mantida com Emanuelle não pode ser considerada íntima, na medida em que tratavam apenas de “assuntos particulares” (sic), sem conversar sobre trabalho, de modo que não haveria qualquer problema em ouvi-la no processo. Quanto a Izabel Cristina, que foi ouvida como informante, diz que seu depoimento deveria ter sido colhido na condição de testemunha, sob compromisso, não existindo a “troca de favores” de que se utilizou a juíza presidente da audiência para registrar seu depoimento (de Izabel) apenas como informação. Alega que as condições de trabalho dos empregados das rés, questionadas na presente demanda, somente podem ser provadas pelo depoimento de quem experimentou a mesma realidade, o que é o caso de Izabel, de modo que, ainda que ela tenha movido ação judicial contra a(s) mesma(s) empregadora(s), isso não lhe faz pessoa suspeita para ser ouvida apenas como informante. Pede o provimento do recurso, para que seja declarada a nulidade do julgado e reaberta a instrução processual, a fim de que seja ouvida a testemunha Emanuelle e reinquirida Izabel Cristina, desta vez como testemunha, sob compromisso. Segundo consta à fl. 261, Emanoelle da Silva Niewinski é ex-cunhada da autora (viveu em união estável com seu irmão de 2007 a 2008) e, muito embora esse relacionamento tenha findado, ela e a autora permaneceram amigas, tanto que atualmente se falam, por telefone, em torno de duas vezes por mês, conversando sobre “questões particulares, inclusive com relação ao relacionamento havido entre a testemunha e o irmão da reclamante” (fl. 261). Inegável, pois, que a recorrente e Emanoelle mantêm relação de amizade íntima, de modo que esta última não tem isenção de ânimo capaz de autorizar sua oitiva como testemunha compromissada. Inteligênciados artigos 829, da CLT, e 405, §3º, inc. III, do CPC. De outro lado, não se verifica cerceamento de defesa pelo fato de Emanoelle não ter sido ouvida sequer como informante, porque, muito embora a amizade íntima permita o registro do depoimento (CLT, art. 829), nenhum juízo condenatório há de ser feito com base unicamente em informação. Com efeito, o depoimento de informante, por si só, é insuficiente a alicerçar condenação, servindo tão- somente para reforçar alguma outra prova já existente nos autos. Na hipótese, ainda que Emanoelle tivesse sido ouvida como informante, seu depoimento em nada contribuiria para o deslinde do feito, em razão dos elementos que compõem o acervo probatório dos autos. Desse modo, por tal fundamento, não se cogita da alegada nulidade do processo por cerceamento de defesa. De outro lado, à fl. 262 consta que Izabel Cristina Silveira Silvano é autora de ação judicial conta as mesmas rés, na qual busca o pagamento de horas extras e diferenças de parcelas do contrato em razão de comissões extrafolha, o que é também objeto na presente demanda, e que em tal processo a autora deste feito depôs como testemunha. Com efeito, evidente que uma tem interesse no litígio em que a outra é parte, de modo que a oitiva de Izabel Cristina neste feito somente poderia ter sido feita na condição de informante (CPC, art. 405, §4º), como, de fato, ocorreu. Pelo exposto, seja pelo indeferimento da oitiva de Emanoelle, seja pelo fato de Izabel Cristina ter sido ouvida apenas como informante, não se cogita, na hipótese, de cerceio de defesa capaz de eivar de nulidade o processo. Afasto a prefacial. MÉRITO: RECURSO DA AUTORA: 1. Horas extras. A sentença, muito embora tenha afastado a alegação das rés de que a autora estava enquadrada na exceção do artigo 62, inc. II, da CLT, julgou improcedente o pedido inicial de pagamento de horas extras, ao fundamento de que, como a ré alegou ter menos de dez empregados e isso não foi infirmado pela autora, era desta última o ônus de provar a existência de trabalho suplementar, o que não logrou realizar. A demandante aduz que trabalhava na loja das rés localizada no shopping Iguatemi, cujo horário de funcionamento é das 10h às 22h, fato notório, e que o depoimento da informante Izabel é no sentido de que a jornada da autora era das 11h às 22h. Sustenta que, como exerceu funções de supervisora e gerente, não poderia trabalhar menos que as vendedoras, o que mais ainda reforça a tese de jornada suplementar. Diz que, como a ré não mantinha qualquer controle de horário de seus empregados, não há como produzir prova documental da jornada, razão pela qual o depoimento da informante Izabel deve ser considerado com maior peso. Pede o provimento do recurso, para que seja reformada a sentença, no aspecto, e julgado procedente o pedido inicial de pagamento de horas extras. Antes do mais, importante salientar que andou bem a sentença ao afastar a aplicação, ao caso, da regra do artigo 62, inc. II, da CLT. Com efeito, tratando-se de regra de exceção, é imprescindível, para sua aplicação, que esteja caracterizado o efetivo desempenho de função de confiança pelo empregado, por meio da exteriorização, em suas atividades, de algum dos poderes inerentes à figura do empregador. Não é o que se verifica no caso em comento. Pelo contrário, como bem ponderou a sentença (fl. 267): “[...] ainda que a reclamante tenha exercido as funções de Gerente e Supervisora de Loja, estas não podem ser admitidas como cargos de gestão tão-somente a partir de suas nomenclaturas, mormente se considerada a remuneração paga à autora no curso do contrato, muito inferior aos valores pagos a qualquer trabalhador que detenha poderes para substituir o empregador perante terceiros. Note-se que o maior salário recebido pela autora no curso do contrato foi em novembro de 2007, no valor de R$ 895,50 (comprovante da fl. 204)”. O só fato de a autora ter exercido funções intituladas de gerente e supervisora de loja não é hábil a enquadrá-la na situação prevista no artigo 62, inciso II, da CLT. Assim, à demandante se aplica a regra geral de duração do trabalho prevista na Constituição da República (art. 7º, inc. XIII) e na CLT (art. 58): máximo de oito horas diárias e quarenta e quatro semanais. Posto isso, muito embora a autora estivesse sujeita ao regime legal de carga horária, a ré não estava obrigada a manter registros de jornada. Com efeito, como bem apreendeu a sentença, a demandada afirmou na contestação que não empregava mais de dez pessoas, fato que não foi em momento algum contraditado pela autora, de modo que se presume verdadeiro (CPC, art. 334, III). A esse respeito, a propósito, a informante Izabel Cristina referiu à fl. 263 que na loja onde trabalhava a autora havia seis empregados. Desse modo, ao teor da regra do artigo 74, §2º, da CLT, a ré não estava obrigada a manter o controle de frequência de seus empregados, de maneira que o ônus da prova, quanto à jornada de trabalho, era da autora. Esse, aliás, o alcance da Súmula n.º 338, item I, do Tribunal Superior do Trabalho, interpretada a contrario sensu. No caso, o único indício de prova a amparar as alegações da petição inicial é o depoimento de Izabel Cristina Silveira Silvano (fls. 262-263), que, contudo, por constar dos autos como mera informação, não pode alicerçar, de per si, um juízo condenatório. Desse modo, não tendo a autora se desincumbido do ônus de provar a jornada alegada na petição inicial, presume-se aquela contratada, que, na hipótese, era variável, mas não excedia carga horária de 220 horas/mês (fl. 15). Assim, à míngua de outras provas, correta a sentença ao julgar improcedente o pedido inicial de pagamento de horas extras. Nego provimento. 2. Comissões extrafolha. A sentença julgou improcedente o pedido de pagamento de diferenças de repousos remunerados, 13º salários, férias com 1/3, aviso prévio e FGTS com 40%, pela integração, nas suas bases de cálculo, de comissões pagas extrafolha, ao fundamento de que a autora não produziu prova no sentido de que efetivamente recebia tais comissões. A autora sustenta que os extratos bancários que juntou ao processo, aliados ao depoimento da informante Izabel Cristina, fazem prova suficiente a comprovar as alegações da petição inicial, de modo que deve ser declarada a existência das comissões e condenadas as rés ao pagamento das parcelas vindicadas. Apesar de não ter sido produzida prova contundente a amparar a pretensão inicial, há fortes indícios de que havia pagamento de comissões extrafolha à demandante. Com efeito, em que pese a ré negar esse fato, não vejo outra forma de explicar porque, toda vez que havia depósito do salário da autora em sua conta bancária, esse era acompanhado de um outro depósito, em dinheiro ou cheque, de valor inclusive maior do que o próprio vencimento básico. Isso está comprovado nos extratos bancários juntados às fls. 252-257. O depoimento de Izabel Cristina Silveira Silvano (fls. 262-263) vai ao encontro dessa tese, no momento em que refere que “que os gerentes também recebiam valores “por fora”, inclusive a reclamante; [...] que os valores pagos “por fora” eram sempre pagos diretamente na loja, e não mediante depósito em conta bancária, sendo este o procedimento adotado para todos”. Vênia ao entendimento esposado na sentença (fl. 266), a aparente colisão entre o depoimento da autora e de Izabel Cristina se justifica pelo fato de que, muito provavelmente o que ocorria era que a autora recebia na loja as comissões no dia do pagamento de seu salário e ela própria efetuava o depósito desses valores em sua conta bancária. Vale lembrar que, conforme consta da CTPS da demandante (fls. 12-15), nos últimos anos (pelo menos de 2002 a 2007) ela trabalhou somente para as rés, não havendo nos autos notícia de que percebesserenda oriunda de outra fonte. Desse modo, imperioso reconhecer que a autora recebia comissões pagas extrafolha, e, por esse motivo, tem direito ao pagamento de diferenças de repousos remunerados, aviso prévio e FGTS com 40%, pela integração da parcela variável na base de cálculo dessas últimas parcelas. Não tem direito a diferenças de 13º salários e férias com 1/3, porque a própria petição inicial refere que “as comissões eram integradas no 13º salário e férias” (fl. 05). Pelo exposto, dou parcial provimento ao recurso, no aspecto, para condenar as rés a pagarem à autora, na forma definida na sentença (solidária), relativamente ao período compreendido entre 25-03-2003 e 25-03-2008 (as parcelas vencidas e exigíveis anteriormente a 25-03- 2003 estão encobertas pela prescrição), diferenças de repousos remunerados, aviso prévio e FGTS com 40%, pela integração, nas suas bases de cálculo, das comissões extrafolha, o que será objeto de apuração em liquidação de sentença, por artigos, ocasião em que a demandante deverá fazer prova dos valores que recebeu a tal título no curso do contrato. 3. Previdência e fisco. Ficam autorizadas, na forma das leis 8.212/91 e 8.541/92, as retenções previdenciárias e fiscais sobre a condenação ao pagamento de diferenças de repousos remunerados e aviso prévio (FGTS com 40% não tem natureza salarial, e, portanto, não está sujeito à tributação). Quanto ao imposto de renda, dispõe a Lei nº 8.541/92, em seu art. 46, que: “o imposto sobre a renda incidente sobre os rendimentos pagos em cumprimento de decisão judicial será retido na fonte pela pessoa física ou jurídica obrigada ao pagamento, no momento em que, por qualquer forma, o recebimento se torne disponível para o beneficiário”. O entendimento que se firmou a esse respeito no âmbito da Justiça do Trabalho (Súmula 368, item II, do TST) é de que a incidência dos descontos fiscais deve ocorrer sobre a integralidade das parcelas de natureza salarial reconhecidas ao trabalhador. Esse posicionamento, aliás, por muito tempo adotei, seguindo a orientação jurisprudencial majoritária, retratada na referida Súmula. Contudo, recentes julgados do Superior Tribunal de Justiça fizeram-me refletir novamente acerca do tema. Com efeito, no REsp 613996, de relatoria do Min. Arnaldo Esteves Lima (pub. 15-06-2009), restou decidido que o alcance da regra contida no artigo 46 da lei 8.541/92 é restrito à possibilidade de se proceder à retenção fiscal sobre crédito apurado em processo judicial, devendo a respectiva apuração, ao contrário do que possa parecer, observar a renda que teria sido auferida mês a mês pelo credor se não fosse o erro do devedor. O caso apreciado pelo STJ versava sobre retenção fiscal do crédito de segurados do INSS considerado de forma acumulada. O voto do relator, no que interessa, assim consignou: “Controverte-se nos autos acerca da legalidade ou não de o INSS reter, na fonte, o imposto de renda quando do pagamento de valores acumulados de benefícios previdenciários devidos por força de decisão judicial. A matéria já foi submetida à apreciação desta Corte em inúmeras oportunidades, nas quais se decidiu pela impossibilidade de a autarquia previdenciária promover a retenção na fonte do imposto de renda quando o reconhecimento do próprio benefício ou de eventuais diferenças não advieram de ato voluntário da devedora, mas apenas de imposição judicial. [...] De fato, não merece reparo a premissa de que a cumulação dos valores num patamar sobre o qual legitimamente incidiria a exação só ocorreu por ato do instituto previdenciário, que deixou de reconhecer, no tempo e modo devidos, o direito dos segurados. Noutras palavras, seria censurável transferir aos recorrentes os efeitos da mora exclusiva da autarquia” (grifei). Esse entendimento tem perfeita aplicação para os casos levados a apreciação da Justiça do Trabalho, na medida em que o fato relevante é o mesmo: o acúmulo de créditos decorrente do reconhecimento de direitos em decisão judicial. Se, no caso paradigma, restou decidido ser censurável transferir aos segurados os efeitos da mora exclusiva do INSS, na hipótese dos presentes autos é igualmente censurável transferir ao trabalhador o efeito da mora exclusiva do empregador, pois o acúmulo dos créditos não resultou de ato voluntário do credor. Esse entendimento, a propósito, é pacífico no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, como se vê: TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS PAGOS DE MODO ACUMULADO. CASO RECEBIDOS MENSALMENTE ESTARIAM DENTRO DA FAIXA DE ISENTOS. IMPOSSIBILIDADE DE RETENÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA. PRECEDENTES. [...] 2. Não se pode impor prejuízo pecuniário à parte em razão do procedimento administrativo utilizado para o atendimento do pedido à seguridade social que, ao final, mostrou-se legítimo, tanto que deferido, devendo ser garantido ao contribuinte à isenção de imposto de renda, uma vez que se recebido mensalmente, o benefício estaria isento de tributação. 3. Ainda que em confronto com o disposto no art. 3º, § único, da Lei 9.250/95, o emprego dessa exegese confere tratamento justo ao caso em comento, porquanto se concedida a tributação tal como pleiteada pela Fazenda estaria-se duplamente penalizando o segurado que não recebeu os parcos benefícios na época oportuna. 4. Precedentes: REsp 723196/RS, Rel. Min. Franciulli Netto, DJ de 30/05/2005; REsp 505081/RS, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 31/05/2004 e Resp 667238/RJ, desta Relatoria, DJ de 28/02/2005. 5. Recurso especial não-provido. (REsp 758.779/SC, Primeira Turma, Rel. Min. JOSÉ DELGADO, DJ 22/5/06) TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. AÇÃO REVISIONAL DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS DE FORMA ACUMULADA. VALOR MENSAL DO BENEFÍCIO ISENTO DE IMPOSTO DE RENDA. NÃO-INCIDÊNCIA DA EXAÇÃO. [...] 4. Nos casos de valores recebidos, decorrentes da procedência de ação judicial de revisão de aposentadoria, a interpretação literal da legislação tributária implica afronta aos princípios constitucionais da isonomia e da capacidade contributiva, pois a renda que deve ser tributada deve ser aquela auferida mês a mês pelo contribuinte, sendo descabido “puni-lo” com a retenção a título de IR sobre o valor dos benefícios percebidos de forma acumulada por mora da Autarquia Previdenciária. 5. Precedente: REsp 617.081/PR, Rel. Min. LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20.4.2006, DJ 29.5.2006. Recurso especial improvido. (REsp 897.314/PR, Segunda Turma, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, DJ 28/2/07) TRIBUTÁRIO. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO RECEBIDO EM DECORRÊNCIA DE DECISÃO JUDICIAL. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. VALORES PAGOS ACUMULADAMENTE. 1. O imposto de renda incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente deve ser calculado com base nas tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referem tais rendimentos. Em outras palavras, a retenção na fonte deve observar a renda que teria sido auferida mês a mês pelo contribuinte se não fosse o erro da administração e não no rendimento total acumulado recebido em virtude de decisão judicial. Precedentes de ambas as Turmas de Direito Público. 2. Recurso especial improvido. (REsp 783.724/RS, Segunda Turma, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJ 25/8/06) – grifei. Nesse passo, entendo oportuno levar a matéria à discussão, que é recorrente nas ações trabalhistas, porém, tida por superada em razão do quanto dispõe a Súmula 368 do TST. Cabe referir o entendimento de José Felipe Ledur, na obra Direitos Fundamentais Sociais: efetivação no âmbito da democracia participativa, Porto Alegre, Livraria do Advogado Editora, 2009, p. 110: “Se não bastasse a histórica omissão do Estado por intermédio de suas várias instâncias de poder quando se pensa em medidas dirigidas à efetivação dos direitos asseguradores do mínimo existencial, impressiona o fato de, no Brasil, haver legislaçãoe decisões judiciais ofensivas ao resguardo do mínimo existencial. Quanto à legislação, é de examinar o art. 46 da Lei nº 8.541/92, com base no qual é imposta a retenção de imposto de renda relativo a valores oriundos de decisão judicial e, em sua maioria, integrantes do mínimo existencial por serem resultantes de ações trabalhistas envolvendo prestações mensais não fornecidas no momento devido, quer pelo particular, quer por entes públicos. Além de não garantir na vida prática o mínimo existencial aos cidadãos pobres, o Estado, por meio de atos de seus três poderes, ainda lhes subtrai parte daquilo que, com seu trabalho, adquiriram e é indispensável à dua sobrevivência digna”. (grifei) Por esses motivos, o imposto de renda a ser retido do crédito da autora deve ser apurado conforme a remuneração que seria obtida mês a mês pela trabalhadora se não tivesse ocorrido o erro da empregadora no pagamento das parcelas reconhecidas no processo. No entanto, a turma, por maioria adota os critérios contidos nas Súmulas 26 e 51 deste Tribunal, razão pela qual o apelo não é provido no particular, vencido o relator. 4. Juros e correção monetária. Sobre o objeto da condenação são devidos juros e correção monetária, cujos critérios, porém, serão definidos na fase de liquidação do julgado, momento apropriado para tanto. RECURSO DAS RÉS: 1. Horas extras. A sentença afastou o enquadramento da autora na regra de exceção do artigo 62, inc. II, da CLT, fundamentada na ausência de prova de exercício de poderes de gestão inerentes à figura do empregador, bem como no fato de que o valor do salário pago à trabalhadora estava muito aquém do que se costuma praticar no mercado para funções desse tipo. As rés sustentam que a prova dos autos, notadamente o depoimento de Izabel Cristina, corroboram a tese veiculada na defesa, no sentido de que a autora era gerente da loja e, portanto, tinha plenos poderes de gestão dentro do estabelecimento. A matéria está prejudicada, diante do exame do recurso da autora, no particular das horas extras, que já abrangeu o objeto do apelo das rés. PREQUESTIONAMENTO: A decisão adota tese explícita sobre toda a matéria em discussão na lide, não violando as súmulas de Tribunais Superiores, nem tampouco os dispositivos constitucionais e legais invocados pelas partes, os quais, para todos os efeitos, dou por prequestionados. Ante o exposto, ACORDAM os Magistrados integrantes da 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região: por unanimidade de votos, afastar a prefacial de não conhecimento do recurso da autora arguida pelas rés em contrarrazões. Por unanimidade de votos, afastar a preliminar de nulidade do processo por cerceamento de defesa arguida pela demandante. Por maiora de votos, vencida em parte a Desª Vânia Mattos, dar parcial provimento ao recurso da autora, para condenar as rés ao pagamento, na forma definida na sentença (solidária), relativamente ao período compreendido entre 25-03-2003 e 25-03-2008, de diferenças de repousos remunerados, aviso prévio e FGTS com 40%, pela integração, nas suas bases de cálculo, das comissões extrafolha, o que será objeto de apuração em liquidação de sentença. Por unanimidade de votos, julgar prejudicado o recurso das rés. Sobre a condenação incidem juros e correção monetária, cujos critérios serão definidos na fase de liquidação do julgado. Ficam autorizadas, na forma das leis 8.212/91 e 8.177/91, as retenções previdenciárias e fiscais sobre a condenação, na forma da fundamentação. Custas de R$120,00, sobre R$ 6 mil atribuídos à condenação, pelas rés. Intimem-se, inclusive a União.” (Porto Alegre, 14 de janeiro de 2010 - RICARDO MARTINS COSTA Relator - PODER JUDICIÁRIO FEDERAL - TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO - ACÓRDÃO 00298-2008-011-04-00-5 RO) Contestação na Ação Trabalhista A Consolidação das Leis do Trabalho utiliza como fonte subsidiária o direito processual comum, de maneira que trata da contestação em matéria trabalhista dispondo que: “Art. 767 - A compensação, ou retenção, só poderá ser arguida como matéria de defesa. ... Art. 769 - Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título. ... Art. 841 - Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou secretário, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, remeterá a segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo, para comparecer à audiência do julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de 5 (cinco) dias. § 1º - A notificação será feita em registro postal com franquia. Se o reclamado criar embaraços ao seu recebimento ou não for encontrado, far-se-á a notificação por edital, inserto no jornal oficial ou no que publicar o expediente forense, ou, na falta, afixado na sede da Junta ou Juízo. § 2º - O reclamante será notificado no ato da apresentação da reclamação ou na forma do parágrafo anterior. § 3o Oferecida a contestação, ainda que eletronicamente, o reclamante não poderá, sem o consentimento do reclamado, desistir da ação. ... Art. 843 - Na audiência de julgamento deverão estar presentes o reclamante e o reclamado, independentemente do comparecimento de seus representantes salvo, nos casos de Reclamatórias Plúrimas ou Ações de Cumprimento, quando os empregados poderão fazer-se representar pelo Sindicato de sua categoria. § 1º - É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o proponente. § 2º - Se por doença ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente comprovado, não for possível ao empregado comparecer pessoalmente, poderá fazer-se representar por outro empregado que pertença à mesma profissão, ou pelo seu sindicato. § 3º O preposto a que se refere o § 1o deste artigo não precisa ser empregado da parte reclamada. ... Art. 847 - Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes. Parágrafo único. A parte poderá apresentar defesa escrita pelo sistema de processo judicial eletrônico até a audiência. (Lei 13.467, de 13.07.2017)” Nos termos do artigo 485, p. 4º do CPC o autor não poderá desistir da ação depois de oferecida a contestação, salvo se o réu consentir, sendo que tal previsão legal trata da contestação escrita, física, apresentada em cartório, no processo civil. Ocorre que no processo do trabalho a contestação física é apresentada em audiência (arts 844 e 847 da CLT), no entanto, com a adoção, pela maioria das Varas, do sistema Judicial Eletrônico (PJe), a apresentação da defesa deve ocorrer antes da audiência, com marcação de “sigilo”, conforme artigo 29 da Resolução 136/14 do CSJT. Desta forma, a apresentação da defesa pode ocorrer a qualquer momento, desde que antes da audiência, ficando sob sigilo, aguardando seu “desbloqueio” pelo juiz na audiência, caso as partes compareçam. A dicção do parágrafo 3º do artigo 841 da CLT não deixa claro se a data limite é a apresentação da defesa no sistema do PJe ou o desbloqueio da peça pelo juiz. Desta maneira a data limite para a desistência da ação, mesmo com a alteração legislativa, é o “desbloqueio” da contestação no sistema, sob pena da regra trabalhista limitar os direitos do autor de forma diversa daquela do processo civil. Com o advento da Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017, o legislador no artigo 847, parágrafo único, objetiva modernizar a regra do artigo 29 da Resolução 136/14, que muda a sistemática do processo do trabalho de que a defesa deve ser apresentada em audiência e pode ser até oral. Agora o legislador autoriza a apresentação da defesa até a audiência. No que se refere ao artigo 843, parágrafo3º, este tem como finalidade superar a Súmula 377 do TST para permitir que qualquer pessoa que tenha conhecimento da lide pode ser preposto e não somente um empregado. Capítulo II Do Processo em Geral Atos, Termos e Prazos Processuais A Consolidação das Leis do Trabalho, com as alterações da Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017, denominada Reforma Trabalhista, trata da matéria dispondo que: “Art. 770 - Os atos processuais serão públicos salvo quando o contrário determinar o interesse social, e realizar-se-ão nos dias úteis das 6 (seis) às 20 (vinte) horas.Parágrafo único - A penhora poderá realizar-se em domingo ou dia feriado, mediante autorização expressa do juiz ou presidente. Art. 771 - Os atos e termos processuais poderão ser escritos a tinta, datilografados ou a carimbo. Art. 772 - Os atos e termos processuais, que devam ser assinados pelas partes interessadas, quando estas, por motivo justificado, não possam fazê-lo, serão firmados a rogo, na presença de 2 (duas) testemunhas, sempre que não houver procurador legalmente constituído. Art. 773 - Os termos relativos ao movimento dos processos constarão de simples notas, datadas e rubricadas pelos secretários ou escrivães. Art. 774 - Salvo disposição em contrário, os prazos previstos neste Título contam-se, conforme o caso, a partir da data em que for feita pessoalmente, ou recebida a notificação, daquela em que for publicado o edital no jornal oficial ou no que publicar o expediente da Justiça do Trabalho, ou, ainda, daquela em que for afixado o edital na sede da Junta, Juízo ou Tribunal. Parágrafo único - Tratando-se de notificação postal, no caso de não ser encontrado o destinatário ou no de recusa de recebimento, o Correio ficará obrigado, sob pena de responsabilidade do servidor, a devolvê-la, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, ao Tribunal de origem. Art. 775. Os prazos estabelecidos neste Título serão contados em dias úteis, com exclusão do dia do começo e inclusão do dia do vencimento. (Lei 13.467, de 13.07.2017) § 1o Os prazos podem ser prorrogados, pelo tempo estritamente necessário, nas seguintes hipóteses: I - quando o juízo entender necessário; II - em virtude de força maior, devidamente comprovada. § 2o Ao juízo incumbe dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito. Art. 776 - O vencimento dos prazos será certificado nos processos pelos escrivães ou secretários. Art. 777 - Os requerimentos e documentos apresentados, os atos e termos processuais, as petições ou razões de recursos e quaisquer outros papéis referentes aos feitos formarão os autos dos processos, os quais ficarão sob a responsabilidade dos escrivães ou secretários. Art. 778 - Os autos dos processos da Justiça do Trabalho, não poderão sair dos cartórios ou secretarias, salvo se solicitados por advogados regularmente constituído por qualquer das partes, ou quando tiverem de ser remetidos aos órgãos competentes, em caso de recurso ou requisição. Art. 779 - As partes, ou seus procuradores, poderão consultar, com ampla liberdade, os processos nos cartórios ou secretarias. Art. 780 - Os documentos juntos aos autos poderão ser desentranhados somente depois de findo o processo, ficando traslado. Art. 781 - As partes poderão requerer certidões dos processos em curso ou arquivados, as quais serão lavradas pelos escrivães ou secretários. Parágrafo único - As certidões dos processos que correrem em segredo de justiça dependerão de despacho do juiz ou presidente. Art. 782 - São isentos de selo as reclamações, representações, requerimentos atos e processos relativos à Justiça do Trabalho.” Da leitura do artigo 770, da CLT, verificamos que o legislador homenageou o princípio da publicidade, de maneira que os Tribunais devem ter a maioria de seus atos (salvo aqueles previstos contrária e expressamente pela lei) com total publicidade, com acesso amplo das partes e de quaisquer pessoas. E outra banda, a lei traz expediente processual que não corresponde, em verdade, ao expediente burocrático dos diversos órgãos da Justiça do Trabalho. A Constituição Federal no art. 5º, inciso LX, permite a tramitação em segredo de justiça: “Art. 5º, LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem.” No inciso IX do artigo 93 da Constituição Federal, nos termos da Emenda Constitucional 45, reitera-se o princípio da publicidade, também trazendo exceção, podendo até ser limitada à presença das partes e advogados: “IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação.” De regra, os executados tentam ocultar ou dificultar a penhora sobre seus bens, de maneira que entendeu o legislador em abrir uma exceção aos dias e horários dos atos processuais, permitindo que as penhoras sejam feitas mesmo nos domingos e feriados, supondo-se que tais atos nem mesmo se submetam à regra geral de horários (das 6,00 às 20,00). A penhora on-line resulta de convênio firmado entre o Banco Central do Brasil e o Tribunal Superior do Trabalho (BACEN jur/TST). Nestes casos, o juiz do trabalho pede informações ao Banco Central sobre a existência de dinheiro e aplicações na conta-corrente da empresa executada e, havendo, bloquear, por simples comando eletrônico, tais verbas, limitadas ao valor da dívida. Horário dos Atos Processuais Os atos processuais a que se refere o horário fixado no art. 770, da CLT, são aqueles que se realizam fora do edifício-sede do Juízo, sendo que os atos que incumbem às partes praticar devem ser realizados dentro do horário normal de expediente. Não há que se confundir o horário dentro do qual podem ser praticados os atos processuais, estabelecido pela CLT, e o horário de expediente do foro, estabelecido por Regimento dos Tribunais, pois, não fosse assim, os cartórios deveriam funcionar a partir das 06:00 horas da manhã, o que sabidamente não ocorre. A limitação de horário para a prática de atos internos do foro não vulnera o disposto no art. 770 da CLT, que regula o limite temporal para realização de atos externos. Termos e Atos Processuais Estabelece o artigo 771, da CLT, que os termos e atos processuais poderão ser escritos a tinta, datilografados ou a carimbo. Entende-se o termo como a redução escrita do ato, os quais devem ser registrados de maneira a ser insuscetíveis de rasuras que não sejam evidentes, como no caso de não se admitir que tais sejam feitos a lápis. Na época da criação do referido teto do artigo, idos de 1943, não existia ainda a caneta esferográfica, razão pela qual o legislador se refere a tinta”, pois o meio mais avançado da época era a caneta tinteiro. Termos como datilografados referem-se a várias espécies, deles derivados: termos previamente impressos e digitados em computadores. A Lei 9.800 de 25.05.99, permite às partes a utilização de sistema de transmissão de dados e imagens tipo fac-símile ou outro similar, para a prática de atos processuais que dependam de petição escrita. Neste sentido, vejamos o seguinte provimento: “PROVIMENTO Nº 04, DE 15 DE JUNHO DE 2004. Institui Sistema de Peticionamento Eletrônico - SIPE, regula o seu funcionamento e dá outras providências. O JUIZ PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO E O JUIZ- CORREGEDOR REGIONAL, observados os termos e os limites de suas respectivas atribuições legais e regimentais,CONSIDERANDO a Lei nº 9.800/99, que, em seu artigo 1º, permite às partes a utilização de sistema de transmissão de dados e imagens tipo fac-símile ou outro similar para a prática de atos processuais que dependam de petição escrita; CONSIDERANDO a Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001, que institui a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileiras - ICP-Brasil, definindo, em seu artigo 10, como documentos públicos ou particulares, para todos os fins legais, os documentos eletrônicos produzidos com a utilização do processo de certificação disponibilizado pela ICP-Brasil, presumindo-os verdadeiros em relação aos signatários; CONSIDERANDO a necessidade de adequação dos serviços à nova tecnologia que permite a transmissão de dados de maneira segura, criando facilidade de acesso e economia de tempo e de custos ao jurisdicionado; RESOLVEM Art. 1º Instituir no âmbito do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, em 1ª e 2ª instâncias, (TRT e Varas do Trabalho), o Sistema de Peticionamento Eletrônico - SIPE, que permite às partes, por meio de seus advogados, fazer uso da Internet para a prática de atos processuais que dependam de petição escrita. §1º O SIPE é um serviço de uso facultativo, disponível no site do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (www.trt4.gov.br). §2º Somente serão aceitas petições/requerimentos em formato RTF (Rich Text Format), com tamanho máximo de 1 Mega Byte, editados em fonte Arial ou Times New Roman 10 a 12, que não contenham figuras ou tabelas. §3º A petição/requerimento encaminhado pelo SIPE não dependerá de ratificação posterior perante o Juízo destinatário, nem de remessa de cópia com assinatura física. Art. 2º Estão excluídas do SIPE, observado o disposto no artigo anterior, as seguintes petições: I - as iniciais e/ou seus aditamentos; II - as que requeiram liminar ou antecipação de tutela; III - as que necessitem a anexação de documentos; IV - as que tenham como destinatários os Tribunais Superiores. Art. 3º A utilização do sistema requer identidade digital, a ser adquirida junto a qualquer Autoridade Certificadora participante do programa ICP-Brasil, e cadastramento do advogado. §1º Para o cadastramento, o advogado preencherá formulário, disponível no site do Tribunal. §2º A alteração nos dados cadastrais será feita, a qualquer momento, pelo próprio usuário, no site do TRT. §3º O cadastramento na forma deste artigo importa na aceitação integral dos termos desta regulamentação. Art. 4º O SIPE disponibilizará ao remetente e à unidade destinatária, após o recebimento da petição, recibo contendo: I - os dados informados pelo remetente para o envio (número do processo e unidade destinatária da petição); II - a data e a hora do recebimento na unidade judiciária (de acordo com o horário de chegada na unidade judiciária, certificado pelo Observatório Nacional); III - nome e CPF do responsável pelo envio da petição; IV - nome, CPF e identidade funcional do responsável pela assinatura digital do documento. Art. 5º A unidade receptora das petições transmitidas pelo SIPE a elas anexará o recibo e, a partir dos dados dele constantes, fará o registro no sistema informatizado. Eventual desconformidade entre os dados da petição e os indicados no recibo será apreciada pelo Juízo competente. §1º Incumbe ao Serviço de Cadastramento Processual do Tribunal a impressão das petições de processos da 2ª Instância. §2º Incumbe ao Serviço de Distribuição dos Feitos ou, onde não houver, à Vara do Trabalho, a impressão das petições da 1ª instância. §3º A unidade receptora verificará, diariamente, no sistema informatizado a existência de petições eletrônicas pendentes de processamento. Art. 6º São de exclusiva responsabilidade do advogado: I - o sigilo da assinatura digital, não sendo oponível, em qualquer hipótese, alegação de seu uso indevido; II - a equivalência entre os dados informados para o envio (número do processo e unidade judiciária) e os constantes da petição remetida; III - as condições das linhas de comunicação e acesso ao seu provedor da Internet em condições de tempo e modo a permitir o lançamento tempestivo das petições. IV - a edição do documento em conformidade com as restrições impostas pelo serviço, no que diz com a formatação do arquivo enviado. §1º É dever do advogado acompanhar a divulgação dos períodos em que o serviço não estiver disponível em decorrência de manutenção no site do Tribunal. §2º A não-obtenção de acesso ao sistema pelo interessado, seja por eventuais defeitos de transmissão ou recepção, seja por qualquer outro motivo, não servirá de escusa para o descumprimento dos prazos legais. Art. 7º A petição recebida após o horário de atendimento externo da unidade judiciária será tida como enviada no dia seguinte, salvo as exceções legais, a serem submetidas à apreciação do Juízo competente. Parágrafo único. Não serão considerados, para efeito de tempestividade, o horário da conexão do usuário à Internet, o horário do acesso ao site do Tribunal, nem os horários consignados nos equipamentos do remetente e da unidade destinatária. Art. 8º O uso inadequado do SIPE que venha a causar prejuízo às partes ou à atividade jurisdicional importará no bloqueio do cadastramento do advogado, a ser determinado pelo Juízo competente. Art. 9º Os casos omissos serão resolvidos pela Presidência e pela Corregedoria Regional do Tribunal, no âmbito de suas esferas de atuação. Art. 10 Este Provimento entra em vigor na data de sua publicação. FABIANO DE CASTILHOS BERTOLUCI, Presidente do TRT. A Lei nº 9800/99, que permitiu às partes a utilização de transmissão de dados para a prática de atos processuais, adquiriu força obrigatória e autoridade imperativa trinta dias após a sua publicação, que se deu em 27.05.1999, em decorrência do primado da vacatio legis estabelecido em seu bojo. Por conseguinte, não pode ser observada pelo julgador na assentada de julgamento de recurso ordinário em 07.06.1999. Ademais, ausentes os pressupostos a que alude o artigo 897-A da CLT, com a redação dada pela Lei nº 9957, de 12.01.2000. Somente a partir da vigência da Lei nº 9800, publicada em 27.05.1999, que entrou em vigor 30 dias após sua publicação, ficaram as partes autorizadas a utilizaremse do sistema de transmissão de dados e imagens tipo fac-símile para a interposição de recursos, bem como a entregarem os originais em até cinco dias da data do término do prazo do recurso. Antes da edição de referida Lei, predominava o entendimento de que recurso aviado pelo sistema de fac-símile não tinha validade, e que sua admissibilidade estava condicionada à apresentação do recurso original dentro do prazo legal, nos termos, inclusive, da Resolução Administrativa nº 48/92 do TST - Face ao princípio de que o tempo rege o ato, os recursos aviados pelo sistema mencionado antes da edição nº 9800/99, cujos originais não foram juntados antes da data do término do prazo recursal, devem ser considerados intempestivos. Assinatura dos Termos e Atos Processais Estabelece o artigo 772, da CLT, que os atos e termos processuais, que devam ser assinados pelas partes interessadas, quando estas, por motivo justificado, não possam fazê-lo, serão firmados a rogo, na presença de duas testemunhas, sempre que não houver procurador legalmente constituído. Assim, nos termos do art. 772 da CLT, os atos e as peças processuais devem conter as assinaturas das partes que neles intervierem. Assinar significa firmar com seu próprio nome como também com algum sinal distintivo e personalíssimo (até mesmo inimitável), para dar autenticidade a cartas, documentos ou obras. Tem, a assinatura. O condão de registrar não apenas a presença como, também confirmar os atos reportados nos documentos judiciais ou extrajudiciais. No caso de incapazes, estes podem ter a concordância expressa por assinatura a rogo (feita porterceiros, a quem é “rogado” que assine pelo incapaz), sendo que nestes casos se exige incapacidade é física, pertinente aos que não têm movimentos manuais suficientes. De regra, tratando-se de analfabetos, utiliza-se a aposição da impressão digital do polegar direito. Notas de Movimentação Processual Estabelece o artigo 773, que os termos relativos ao movimento dos processos constarão de simples notas, datadas e rubricadas pelos chefes de secretaria ou escrivães. Tem-se aqui a redação imposta pela Lei nº 409 (de 25.09.1948). Equivalente ao artigo 168 do Código de Processo Civil de 1973: “Art. 168. Os termos da juntada, vista, conclusão e outros semelhantes constarão de notas datadas e rubricadas pelo escrivão.” O Novo Código de Processo Civil de 2015m estabelece que: “Art. 208. Os termos de juntada, vista, conclusão e outros semelhantes constarão de notas datadas e rubricadas pelo escrivão ou pelo chefe de secretaria.” Contagem do Prazo a Partir da Notificação Estabelece o artigo 774, da CLT, que salvo disposições em contrário, os prazos previstos neste Título contam-se, conforme o caso, a partir da data em que for feita pessoalmente, ou recebida a notificação, daquela em que for publicado o edital no jornal oficial ou no que publicar o expediente da Justiça do Trabalho, ou, ainda, daquela em que for afixado o edital, na sede da Junta, Juízo ou Tribunal, e que tratando-se de notificação postal, no caso de não ser encontrado o destinatário ou no de recusa de recebimento, o Correio ficará obrigado, sob pena de responsabilidade do servidor, a devolvê-la no prazo de 48 horas, ao Tribunal de origem. Referido artigo foi alterado pelo Decreto-lei nº 8.737, de 19 de janeiro de 1946, que introduziu o parágrafo único, ao passo que o caput teve sua redação determinada pela Lei nº 2.244, de 23 de junho de 1954. Dividem-se os prazos processuais em legais, judiciais e convencionais. Prazos legais são peremptórios e decorrem de expressa previsão em lei, como prazos recursais ou para impugnar cálculos de liquidação, inadmitindo que sejam prorrogados por convenção das partes ou por arbítrio do juiz, sujeitando-se à preclusão, todavia, como toda regra tem exceção, estabelece o artigo 182, do CPC de 1973 (art. 222 NCPC de 2015) que é defeso às partes, ainda que todas estejam de acordo, reduzir ou prorrogar os prazos peremptórios, todavia, o juiz poderá, nas comarcas onde for difícil o transporte, prorrogar quaisquer prazos, mas nunca por mais de 60 (sessenta) dias, sendo que em caso de calamidade pública, poderá ser excedido o limite previsto neste artigo para a prorrogação de prazos. Ainda, nos termos do artigo 183, do CPC de 1973 (art. 223 NCPC de 2015) decorrido o prazo, extingue-se, independentemente de declaração judicial, o direito de praticar o ato, ficando salvo, porém, à parte provar que o não realizou por justa causa, que reputa-se justa causa o evento imprevisto, alheio à vontade da parte, e que a impediu de praticar o ato por si ou por mandatário, e que verificada a justa causa o juiz permitirá à parte a prática do ato no prazo que lhe assinar. Assim, tais prazos podem ser prorrogados a requerimento da parte, embora a praxe aponte para a corrente concessão, sendo que os litigantes, ao requererem dilação, acabam por cumprir o ato sem ter ciência do despacho que apreciou o pedido de prorrogação. Assim, o artigo 774, caput, da CLT determina expressamente que o início da contagem dos prazos dar- se-á, conforme o caso, a partir da data em que for feita pessoalmente, ou recebida, a notificação. Modo de Contagem do Prazo Com o advento da Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017, o legislador alterou a redação do artigo 775, dispondo que os prazos estabelecidos serão contados em dias úteis, com exclusão do dia do começo e inclusão do dia do vencimento. Referidos prazos podem ser prorrogados, pelo tempo estritamente necessário, nas seguintes hipóteses: - quando o juízo entender necessário; - em virtude de força maior, devidamente comprovada. Incumbe ao juízo dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito. De conformidade com o disposto no artigo 775 da CLT, a contagem dos prazos se dá com exclusão do dia do começo, ou seja, o dia em que o mesmo toma conhecimento do ato, e inclusão do dia de vencimento, iniciando-se estes com a intimação das partes, podendo esta ser pessoalmente, via postal e por edital em jornal oficial ou afixado na sede da vara, juízo e tribunal. Contagem do Prazo no Novo Código de Processo Civil Na nova ordem processual, os prazos serão contados em dias úteis, da mesma forma que no Processo de Trabalho, qu antes observa a Instrução Normativa n. 39/2016, agora a matéria está claramente tratada no artigo 775 da CLT.. Neste sentido, os prazos são tratados nos artigos 218 a 235, da Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015, que estabelece: “CAPÍTULO III DOS PRAZOS Seção I Disposições Gerais Art. 218. Os atos processuais serão realizados nos prazos prescritos em lei. § 1º Quando a lei for omissa, o juiz determinará os prazos em consideração à complexidade do ato. § 2º Quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as intimações somente obrigarão a comparecimento após decorridas 48 (quarenta e oito) horas. § 3º Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo para a prática de ato processual a cargo da parte. § 4º Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo. Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica- se somente aos prazos processuais. Art. 220. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias compreendidos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, inclusive. § 1º Ressalvadas as férias individuais e os feriados instituídos por lei, os juízes, os membros do Ministério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia Pública e os auxiliares da Justiça exercerão suas atribuições durante o período previsto no caput. § 2º Durante a suspensão do prazo, não se realizarão audiências nem sessões de julgamento. Art. 221. Suspende-se o curso do prazo por obstáculo criado em detrimento da parte ou ocorrendo qualquer das hipóteses do Art. 313, devendo o prazo ser restituído por tempo igual ao que faltava para sua complementação. Parágrafo único. Suspendem-se os prazos durante a execução de programa instituído pelo Poder Judiciário para promover a autocomposição, incumbindo aos tribunais especificar, com antecedência, a duração dos trabalhos. Art. 222. Na comarca, seção ou subseção judiciária onde for difícil o transporte, o juiz poderá prorrogar os prazos por até 2 (dois) meses. § 1º Ao juiz é vedado reduzir prazos peremptórios sem anuência das partes. § 2º Havendo calamidade pública, o limite previsto no caput para prorrogação de prazos poderá ser excedido. Art. 223. Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar ou de emendar o ato processual, independentemente de declaração judicial, ficando assegurado, porém, à parte provar que não o realizou por justa causa. § 1º Considera-se justa causa o evento alheio à vontade da parte e que a impediu de praticar o ato por si ou por mandatário. § 2º Verificada a justa causa, o juiz permitirá à parte a prática do ato no prazo que lhe assinar. Art. 224. Salvo disposição em contrário, os prazos serão contados excluindo o dia do começo e incluindo o dia do vencimento. § 1º Os dias do começo e do vencimento do prazo serão protraídos para o primeiro dia útil seguinte, se coincidirem com dia em que o expediente forense for encerrado antes ou iniciado
Compartilhar