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CLT Comentada Arts. 837 a 855 Getulio Alves

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CLT COMENTADA Arts. 763 a 836
 
Reforma Trabalhista Lei n. 13.467/2017
 
Getúlio Zenit Alves
Graduado em Direito e Ciências Sociais pela
Universidade Paulista
Docente do Instituto Brasileiro de Capacitação e Gestão
- IBCG
Membro da Academia Brasileira de Direito
Docente da Escola Superior de Capacitação
Profissional - ESCAPR
 
© Copyright by Ozéias de Jesus dos Santos
Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida,
sejam quais forem os meios empregados, sem autorização
por escrito do autor. O infrator ficará sujeito, nos termos
da Lei nº 6.895, de 17/12/80, com as alterações
introduzidas pela Lei nº 9.610, de 19/02/98, à penalidade
prevista nos artigos 184 e 186 do Código Penal, a saber:
reclusão de um a quatro anos.
 
Sumário
Capítulo I
Processo Judiciário do Trabalho
Compensação
Retenção
Prazos nas Ações Trabalhistas
Contestação na Ação Trabalhista
Capítulo II
Do Processo em Geral
Horário dos Atos Processuais
Termos e Atos Processuais
Assinatura dos Termos e Atos Processais
Notas de Movimentação Processual
Contagem do Prazo a Partir da Notificação
Modo de Contagem do Prazo
Contagem do Prazo no Novo Código de Processo Civil
Prazos no Novo Código de Processo Civil
Suspensão do Prazo Processual
Suspensão do Prazo em razão de Obstáculo
Suspensão do Prazo por Transporte Difícil
Justificativa de Justa Causa
Contagem do Prazo e Expediente Forense
Renúncia ao Prazo
Prazos do Juiz
Prazos dos Serventuários
Prazos dos Litisconsortes
Início da contagem do Prazo
Dia do começo do Prazo
Carta Precatória, Rogatória ou de Ordem
Prazo Excedido
Prazo para restituição dos Autos
Representação contra o Juiz
Certificação dos Prazos
Formação dos Autos do Processo
Dos Pronunciamentos do Juiz
Despachos, Decisões Interlocutórias e Sentenças
Sentença
Decisão Interlocutória
Despachos
Retirada dos Autos no Cartório
Consulta dos Processos
Desentranhamento de Documentos
Requerimento de Certidões
Isenção de Selos
Capítulo III
Da Distribuição
Forma de Distribuição
Reclamação Escrita
Capítulo IV
Das Custas e Emolumentos
Custas Processuais
Justiça Gratuita
Honorários Periciais
Capítulo V
Partes e Procuradores
Reclamação Pessoal
Honorários, Reconvenção e Sucumbência
Maioridade Trabalhista
Responsabilidade por Dano Processual
Litigância de Má-Fé
Capítulo VII
Das Nulidades
Incompetência Relativa
Arguição de Nulidade
Capítulo VIII
Das Exceções
Exceção de Incompetência Territorial
Manifestação Sobre a Defesa
Audiência Inicial
Audiência Una
Razões Finais
Matéria de Defesa
Prática
Manifestação Sobre a Defesa
Impugnação Justiça Gratuita
Improcedência do Pedido
Capítulo VIII
Conflitos de Jurisdição
Conflito de Jurisdição
Podem Suscitar os Conflitos
Competência para Apreciar Conflitos de Jurisdição
Competência do Superior Tribunal de Justiça para Apreciar Conflitos
Competência entre Órgãos com Jurisdição Trabalhista - TST
Conflitos de Jurisdição e Forma de Processamento
Capítulo IX
Das Audiências
Publicidade das Audiências
Auxiliares do Juiz na Audiência
Início da Audiência
Ordem nas Audiências
Registro da Audiência
Capítulo X
Das Provas
Prova do Horário Trabalhado
Ônus da Prova
Horário Anotado
Capítulo XI
Da Decisão e sua Eficácia
Eficácia da Decisão
Elementos da Decisão
Correção da Decisão
Publicação das Decisões
Cumprimento da Decisão ou Acordo
Coisa Julgada
 
Capítulo I
Processo Judiciário do Trabalho
 
 
A Consolidação das Leis do Trabalho, com as
alterações da Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017,
denominada Reforma Trabalhista, trata da matéria
dispondo que:
“Art. 763 - O processo da Justiça do Trabalho,
no que concerne aos dissídios individuais e coletivos e à
aplicação de penalidades, reger-se-á, em todo o
território nacional, pelas normas estabelecidas neste
Título.
Art. 764 - Os dissídios individuais ou coletivos
submetidos à apreciação da Justiça do Trabalho serão
sempre sujeitos à conciliação.
§ 1º - Para os efeitos deste artigo, os juízes e
Tribunais do Trabalho empregarão sempre os seus bons
ofícios e persuasão no sentido de uma solução
conciliatória dos conflitos.
§ 2º - Não havendo acordo, o juízo conciliatório
converter-se-á obrigatoriamente em arbitral, proferindo
decisão na forma prescrita neste Título.
§ 3º - É lícito às partes celebrar acordo que
ponha termo ao processo, ainda mesmo depois de
encerrado o juízo conciliatório.
Art. 765 - Os Juízos e Tribunais do Trabalho
terão ampla liberdade na direção do processo e velarão
pelo andamento rápido das causas, podendo determinar
qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas.
Art. 766 - Nos dissídios sobre estipulação de
salários, serão estabelecidas condições que,
assegurando justos salários aos trabalhadores,
permitam também justa retribuição às empresas
interessadas.
Art. 767 - A compensação, ou retenção, só
poderá ser arguida como matéria de defesa
Art. 768 - Terá preferência em todas as fases
processuais o dissídio cuja decisão tiver de ser
executada perante o Juízo da falência.
Art. 769 - Nos casos omissos, o direito
processual comum será fonte subsidiária do direito
processual do trabalho, exceto naquilo em que for
incompatível com as normas deste Título.”
 
Compensação
A compensação é tratada no artigo 767 da CLT,
onde consta que a compensação ou a retenção só podem
ser apresentadas como forma de matéria de defesa,
verbis:
“Art. 767. A compensação, ou retenção, só
poderá ser arguida como matéria de defesa.”
O TST - Tribunal Superior do Trabalho, através
do enunciado nº 48, também uniformizou o entendimento
de que a compensação só pode ser arguida com a
contestação:
“E. 48. Compensação (alegação). A compensação
só poderá ser arguida com a contestação.”
O empregador na compensação pode requerer que
do crédito do Reclamante, sejam deduzidos créditos da
empresa, tais como adiantamentos, extras pagas, etc.
Através do Enunciado nº 18, o TST- Tribunal
Superior do Trabalho, uniformizou o entendimento de que
a compensação na Justiça do Trabalho está restrita a
dívidas de natureza trabalhista:
“E. 18. Compensação. A compensação na Justiça
do Trabalho está restrita a dívidas de natureza
trabalhista.”
O empregador na compensação pleiteada na
defesa, pode pedir que seja seu crédito compensado com
o do empregado, o que vai somente até o limite do crédito
do empregado, não o ultrapassa.
Vejamos o seguinte julgado:
“DIFERENÇAS DE HORAS EXTRAS,
INTERVALO INTRAJORNADA E ADICIONAL
NOTURNO. PRETENSÃO DO RECLAMANTE
AMPARADA EM APONTAMENTOS
INSUBSISTENTES. Não se descaracteriza a jornada de
trabalho 12 x 36 pelo fato do reclamante ter trabalhado em
domingos porque o regime proporciona a folga em outro
dia. O fato de o reclamante ter realizado uma dobra de
jornada num período de 30 dias, conforme apontado na
impugnação à contestação , também não é causa para
descaracterizar a jornada de trabalho 12 x 36. Também
não é causa de descaracterização de tal jornada, o fato do
reclamante ter trabalhado num determinado mês (veja-se
que a impugnação apenas aponta o período de 21.11.07 a
20.12.07) 14 horas seguidas ao invés de 12 horas
seguidas, considerando-se que a vigência do presente
contrato é superior a 2 anos. Ressalta-se, ainda, que as
normas coletivas juntadas aos autos realizaram uma
compensação , pois consideraram que a hora relativa ao
trabalho noturno equivale a 60 minutos mas aumentaram o
adicional respectivo para 30% (ao invés de 20%). Não se
vislumbra, tendo em vista que houve uma compensação de
direitos, nenhuma violação às garantias legais do
reclamante. Por último, não há que se falar em reflexos
decorrentes da indenização relativa ao intervalo
intrajornada. Verifica-se que na jornada de trabalho 12 X
36, onde o empregado trabalhou 12 horas e descansou 36,
a reclamada indenizou o reclamante pagando-lhe o
período correspondente ao intervalointrajornada não
usufruído, acrescido de 50%, respeitando, assim, o art.
71, § 4º da CLT, tudo nos termos das normas coletivas
juntadas aos autos que preveem, inclusive, o não
pagamento de reflexos nas demais verbas. Mantém-se a
sentença que não reconheceu haver diferenças em aberto a
título de horas extras, intervalos intrajornada e adicional
noturno.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos,
em que são partes as acima indicadas.
RELATÓRIO - Na sentença, às f. 335/337, o Juízo
do Trabalho, Aguimar Martins Peixoto, condenou a
reclamada ao pagamento relativo a férias vencidas + 1/3.
Sobrevieram embargos de declaração interpostos pelo
reclamante, às f. 338/342, os quais foram rejeitados, às f.
344/verso. O reclamante interpôs recurso ordinário, às f.
347/358, onde busca a reforma da sentença que indeferiu
diferenças relativas às horas extras, adicional noturno e
intervalo intrajornada. Contrarrazões apresentadas às f.
363/365. Os autos não foram encaminhados ao Ministério
Público do Trabalho, tendo em vista o que dispõe o artigo
35 do Regimento Interno deste Tribunal. É o relatório.
VOTO – ADMISSIBILIDADE - Presentes os
pressupostos processuais, conheço do recurso ordinário e
das contrarrazões.
MÉRITO - DIFERENÇAS DE HORAS EXTRAS,
INTERVALO INTRAJORNADA E ADICIONAL
NOTURNO - O recurso ordinário interposto pelo
reclamante busca a reforma da sentença que indeferiu
diferenças relativas às horas extras, adicional noturno e
intervalo intrajornada.
O recorrente expõe que deve ser descaracterizada
a jornada de trabalho 12 x 36 ante as várias ilegalidades
cometidas pela reclamada.
Na sua impugnação (à f. 326), que se restringiu ao
período de 21.11.07 a 20.12.07, o reclamante explicou
que trabalhou em 3 domingos e realizou uma dobra de
jornada. Aponta isto como irregularidade a ensejar a
descaracterização da jornada de trabalho 12 x 36.
Ocorre que no sistema de trabalho 12 x 36, quando
há trabalho nos domingos, não é devido o pagamento da
dobra legal, uma vez que o regime proporciona a folga em
outro dia.
Trago da jurisprudência do TST neste sentido:
“FERIADOS TRABALHADOS - REGIME DE 12
X 36 - PAGAMENTO EM DOBRO - O empregado que
trabalha em regime de revezamento de doze horas por
trinta e seis de descanso não faz jus à dobra salarial pelo
labor realizado em dias de repouso e feriados, haja vista
que, em tal regime, o repouso semanal e os feriados já se
encontram embutidos nas 36 horas de descanso, existindo,
portanto, a devida compensação . (...)” (TST - RR 784918
- 2ª T. - Rel. Juiz Conv. Samuel Corrêa Leite - DJU
18.06.2004).
Quanto à dobra de jornada, há previsão nas CCT-
s:
“41ª - DOBRA DE JORNADA - Entende-se por
DOBRA, quando por necessidade imperativa, a empresa
empregadora solicita ao vigilante que este permaneça no
posto de serviço, para cobrir a jornada imediatamente
consecutiva do vigilante com o qual faria revezamento,
sendo-lhe devido a respectiva alimentação.
§ 1º - Na hipótese de realização de dobra, além do
pagamento do sobrelabor, as empresas ficam obrigadas a
fornecer alimentação sem ônus para o vigilante” (f. 288).
Como se vê, a dobra de jornada é exceção do
sistema de jornada de trabalho na reclamada, sendo que o
fato do reclamante ter realizado uma dobra de jornada no
período apontado na sua impugnação à contestação
(21.11.07 a 20.12.07), só confirma aquela exceção
prevista.
Sendo assim, não há que se falar em
descaracterização da jornada convencionada entre as
partes de 12 x 36.
Outro argumento do reclamante, para que se
declare a inaplicabilidade da jornada de trabalho 12 x 36,
é que teria havido elastecimento de labor para além das
12 horas. Tal labor teria sido estendido até 15 horas (ao
invés de se limitar até 12 horas) ao argumento de que a
reclamada não observou a hora do trabalho noturno (52
minutos e 30 segundos) e ao argumento de que o
reclamante laborava das 17h30 às 07h30, ao invés de
laborar das 17h30 às 05h30.
Primeiramente, transcrevo da norma coletiva as
seguintes cláusulas:
“17ª - DO ADICIONAL NOTURNO - A todos os
trabalhadores que exerçam suas atividades em horário
noturno, assim compreendido aquele entre 22:00 de um
dia às 05:00 horas do dia seguinte, será assegurado o
percentual de 30% (trinta por cento), sobre a hora diurna.
§ primeiro - Os empregados que trabalham na
escala 12 x 36 (doze horas de trabalho por trinta e seis de
descanso) em escala noturna, o adicional noturno será
devido somente nas noites efetivamente trabalhadas.
§ segundo - fica estabelecido, por este acordo
coletivo de trabalho, que a hora noturna, assim entendida,
aquela efetivada entre as 22:00 e 05:00 da manhã, serão
computadas com de 60 minutos” (f. 284).
A norma coletiva acima realizou uma
compensação pois considerou que a hora relativa ao
trabalho noturno equivale a 60 minutos mas aumentou o
adicional respectivo para 30% (ao invés de 20%). Não
vislumbro, tendo em vista que houve uma compensação de
direitos, nenhuma violação às garantias legais do
reclamante.
No que tange ao argumento de que o reclamante
laborava das 17h30 às 07h30, ao invés de laborar das
17h30 às 05h30, portanto, excedendo as 12 horas de
trabalho, é preciso ressaltar que a impugnação obreira, às
f. 325/327, somente se restringiu ao período de 21.11.07 a
20.12.07. Em tal período, cujos horários estão registrados
no cartão de ponto à f. 240, realmente houve labor que
excedeu a jornada de 12 horas, mas não considero que
isto, por si só, descaracteriza a jornada de trabalho 12 x
36. A uma porque o reclamante não se desvencilhou de
apontar especificamente que as horas extras (aquelas
trabalhadas das 05h30 às 07h30) não foram totalmente
quitadas consoante recibo correspondente (f. 211). A duas
porque não é suficiente, para descaracterizar o regime de
jornada 12 x 36, o fato de o reclamante ter trabalhado num
determinado mês (veja-se que a impugnação apenas
aponta o período de 21.11.07 a 20.12.07) 14 horas
seguidas ao invés de 12 horas seguidas, considerando-se
que a vigência do presente contrato é superior a 2 anos.
Tenho desta forma, como insubsistentes as
diferenças de horas extras apontadas pelo reclamante na
impugnação à contestação e revolvidas em sede de
recurso ordinário.
Da mesma forma, as diferenças buscadas pelo
reclamante, no que se refere ao adicional noturno, não
prosperam porque, também, se assentam no argumento de
que deve ser observada a hora do trabalho noturno (52
minutos e 30 segundos) e no argumento de que trabalhou
em dias de folga (nos domingos). Tais argumentos já
foram apreciados e rechaçados acima. Apenas acrescento
que a pretensão do recorrente quanto à aplicação do
entendimento contido na Súmula n. 60, II do TST
(Cumprida integralmente a jornada no período noturno e
prorrogada esta devido é também o adicional quanto às
horas prorrogadas) não prospera porque a norma coletiva,
quando elevou o adicional noturno para 30%, conforme
transcrito alhures, realizou uma compensação e assim
fixou que a hora noturna deve ser aquela efetivada entre as
22h00 e 05h00 da manhã e deve ser computada como
sendo de 60 minutos.
No que refere ao intervalo intrajornada, o
reclamante, ao impugnar os cartões de ponto e os recibos
de pagamento de salários, aduziu que:
“Note-se que no recibo de fls. 211, atesta o
pagamento de 15 (quinze) dias de intervalo intrajornada,
conquanto, verifica-se nas fls. 240, que o Autor laborou
em 19 dias e uma dobra no mês, o que equivale-se a 20
dias, comprovando-se a existência de 5 horas de
intervalos intrajornadas a serem pagas de forma
indenizada” (f. 327).
Extraio da impugnação acima que o reclamante
discorda do cartão de ponto (à f. 240) que registra como
número de dias trabalhados, o total de 15. Sustenta que o
total de dias trabalhados seria 20 e, como no recibo de
pagamento de salário correspondente àquele cartão de
ponto (à f. 211) foipago valor o equivalente a tão-
somente 15 dias, haveria “5 horas de intervalos
intrajornadas a serem pagas de forma indenizada”
(impugnação à f. 327). No recurso ordinário há a
explicação de que “as diferenças decorrem exatamente
dos trabalhos em dias de folgas do obreiro que não eram
observados para os pagamentos dos intervalos
intrajornadas” (recurso ordinário à f. 355).
Não prospera o inconformismo do reclamante.
Como já decidido anteriormente, no sistema de trabalho
12 x 36, mesmo quando há trabalho em domingo, não é
devido o pagamento da dobra legal, uma vez que o regime
proporciona a folga em outro dia. Disto decorre que
também não há diferenças atinentes ao intervalo
intrajornada.
Não há que se falar, ainda, em reflexos
decorrentes da indenização relativa ao intervalo
intrajornada. Verifica-se que na jornada de trabalho 12 X
36, onde o empregado trabalhou 12 horas e descansou 36,
a reclamada indenizou o reclamante pagando-lhe o
período correspondente ao intervalo intrajornada não
usufruído, acrescido de 50%, respeitando, assim, o art.
71, § 4º da CLT, tudo nos termos das normas coletivas
juntadas aos autos que prevêem, inclusive, o não
pagamento de reflexos nas demais verbas.
Transcrevo da norma coletiva:
“44ª - DO INTERVALO INTRAJORNADA - Dada
a peculiaridade da atividade de vigilância, nos casos em
que não for concedido intervalo diário de 01 (uma) hora
entre uma e outra jornada do empregado, as empresas
deverão efetuar pagamento do referido período como hora
indenizada, com acréscimo de 50% (cinquenta por
cento), sem reflexos sobre as demais verbas, em face da
natureza indenizatória da referida verba” (Grifei).
Mantenho a sentença de origem que não
reconheceu haver diferenças em aberto a título de horas
extras, intervalos intrajornada e adicional noturno.
Nego provimento.
CONCLUSÃO - Pelo exposto, conheço do recurso
ordinário e das contrarrazões. No mérito, nego
provimento, nos termos da fundamentação acima. É como
voto.
ISTO POSTO: DECIDIU a 2ª Turma de
Julgamento do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da
Vigésima Terceira Região, por unanimidade, conhecer do
recurso ordinário e das contrarrazões e, no mérito, negar-
lhe provimento, nos termos do voto do Desembargador
Relator. (Cuiabá-MT, quarta-feira, 30 de setembro de
2009 - OSMAIR COUTO Desembargador Relator -
Julgado em: 30 de setembro de 2009 (quarta-feira) -
Firmado por assinatura digital em 30/09/2009 pelo
sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves
Públicas Brasileira. - ORIGEM: 2ª VARA DO
TRABALHO DE CUIABÁ - RELATOR: Desembargador
OSMAIR COUTO - REVISORA: DESEMBARGADORA
LEILA CALVO - RECORRENTE: Manoel de Almeida
Ferreira Júnior. - Advogados: Sidney Bertucci e outro(s).
- RECORRIDO: Transamérica Serviço de Vigilância e
Segurança Ltda. - Advogados: Ivo Sergio Ferreira
Mendes e outro(s)).
Também:
RECURSO ORDINÁRIO. MANDADO DE
SEGURANÇA. I - NULIDADE DO ACÓRDÃO
RECORRIDO POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. Em face da devolutividade ampla
ínsita ao recurso ordinário em ação rescisória, a teor do
art. 515, caput e § 1º, do CPC, incumbe ao TST apreciar
todas as questões nele suscitadas, mesmo que não
decididas pelo Tribunal de origem. Dessarte, ainda que
algum vício por eventual negativa de prestação
jurisdicional maculasse o acórdão recorrido, não se
haveria falar em nulidade, pois em nada aproveitaria ao
recorrente, porquanto a matéria é passível de devolução
ampla ao TST, cujo acórdão substituirá a decisão
impugnada. Precedentes da SBDI-2 do TST. Preliminar
rejeitada. II - MANDADO DE SEGURANÇA. ATO
COATOR QUE INDEFERE PEDIDO DE TUTELA
ANTECIPADA. PRESENÇA DOS REQUISITOS DO
ART. 273 DO CPC. SEGURANÇA CONCEDIDA. 1. Ato
coator que indefere pedido de antecipação da tutela em
que o Reclamante pleiteava o restabelecimento do
contrato de trabalho com base na estabilidade prevista no
art. 118 d Lei nº 8.213/1991. 2. Acórdão recorrido que
concede a segurança. 3. No curso do contrato de trabalho,
foi detectada doença relacionada ao trabalho, o que
ensejou o deferimento do benefício de auxílio-doença
acidentário, que é concedido após perícia médica
realizada pelo INSS constatando o nexo causal entre a
moléstia e as atividades laborais. O Litisconsorte
Passivo, embora devidamente citado neste mandado de
segurança, não apresentou defesa ou documentos com o
fim de infirmar a presunção de veracidade que paira sobre
a perícia médica do INSS, que concedeu o auxílio-doença
acidentário. Assim, restaram preenchidos os pressupostos
do art. 118 da Lei nº 8.213/1991, de tal sorte que, com
base na verossimilhança da alegação, impõe-se a
antecipação dos efeitos da tutela, para restabelecer o
contrato de trabalho, nos termos do acórdão do TRT da 5ª
Região. Recurso ordinário não provido. Processo: RO -
749-66.2014.5.05.0000 Data de Julgamento: 02/02/2016,
Relator Ministro: Emmanoel Pereira, Subseção II
Especializada em Dissídios Individuais, Data de
Publicação: DEJT 12/02/2016. 
 
Retenção
O artigo 767 da CLT traz a retenção, que como
visto anteriormente, é tratada com a compensação. Mas
vale ressaltar, que a compensação e a retenção não são a
mesma matéria, pois enquanto na compensação o pedido é
de que seja abatido de um crédito com outro, a retenção
importa na guarda legítima de um bem, geralmente objeto
de trabalho, com o pedido de que somente seja devolvido
quando da quitação do débito.
Outra coisa muito comum de ser confundida é a
subtração ou posse ilegal com retenção.
Deve ser observado que não pode a posse ser
ilegal, como no caso do empregado levar objetos da
empresa para garantir que seus direitos sejam pagos, pois
isto caracteriza furto.
Um dos exemplos clássicos é a retenção de
ferramentas com as quais o empregado trabalhava ou
mostruário de vendas.
A Consolidação das Leis do Trabalho estabelece
em seu art. 767, que:
“Art. 767. A compensação, ou retenção, só
poderá ser arguida como matéria de defesa.”
Na retenção fica-se como possuidor legítimo da
coisa, a qual deverá ser devolvida quando o débito for
quitado.
 
Prazos nas Ações Trabalhistas
Nas ações trabalhistas utiliza-se sempre,
subsidiariamente, as normas do direito processual civil,
eis que em matéria processual, as regras e instrumentos
são as mesmas, sendo que essa regra consta no artigo 769
da CLT:
“Art. 769. Nos casos omissos, o direito
processual comum será fonte subsidiária do direito
processual do trabalho, exceto naquilo em que for
incompatível com as normas deste Título.”
Sobre os prazos existem algumas diferenças: um
exemplo disso é que a defesa nas Reclamações
Trabalhistas podem ser apresentadas de forma oral ou
escrita na primeira audiência e não no prazo de quinze
dias como previsto no artigo 335 do Novo Código de
Processo Civil:
“Art. 335. O réu poderá oferecer contestação,
por petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo
inicial será a data:
I - da audiência de conciliação ou de mediação,
ou da última sessão de conciliação, quando qualquer
parte não comparecer ou, comparecendo, não houver
autocomposição;
II - do protocolo do pedido de cancelamento da
audiência de conciliação ou de mediação apresentado
pelo réu, quando ocorrer a hipótese do Art. 334, § 4º,
inciso I;
III - prevista no Art. 231, de acordo com o modo
como foi feita a citação, nos demais casos.
§ 1º No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo
a hipótese do Art. 334, § 6º, o termo inicial previsto no
inciso II será, para cada um dos réus, a data de
apresentação de seu respectivo pedido de cancelamento
da audiência.
§ 2º Quando ocorrer a hipótese do Art. 334, § 4º,
inciso II, havendo litisconsórcio passivo e o autor
desistir da ação em relação a réu ainda não citado, o
prazo para resposta correrá da data de intimação da
decisão que homologar a desistência.”
O artigo847 da CLT diz que o prazo é de vinte
minutos para que se apresente oralmente a defesa em
audiência.
No dia-a-dia, as Varas já fazem constar na
notificação da reclamada, o pedido para que na audiência
se traga defesa escrita, verbis:
“Art. 847. Não havendo acordo, o reclamado terá
vinte minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da
reclamação, quando esta não for dispensada por ambas
as partes.”
Salienta-se que no dia a dia, com a finalidade de
tornar mais célere o procedimento, as Varas já fazem
constar na notificação da reclamada, o pedido para que na
audiência se traga defesa escrita.
Devem ser aplicadas nas ações trabalhistas, as
mesmas disposições relativas à revelia e confissão,
provas e impugnação específica dos pedidos.
Vejamos a jurisprudência:
RECURSO ORDINÁRIO EM AÇÃO
RESCISÓRIA. AUTOS RESTAURADOS. SUBSCRITOR
DOS SEGUNDOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
PERANTE O TRT. IRREGULARIDADE DE
REPRESENTAÇÃO. TERCEIROS EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO PERANTE O TRT.
INTEMPESTIVIDADE. ÓBICES AFASTADOS. 1 -
Hipótese de autos de ação rescisória, ajuizada em
dezembro de 2000, desaparecidos sob a guarda de
advogado dos réus em 2006, e que foram declarados
restaurados em janeiro de 2009. 2 - Nesse caso, é preciso
ter em mente que a decisão que declarou a restauração dos
autos da ação rescisória transitou em julgado e, portanto,
tornou superadas todas as questões alusivas a qualquer
fato anterior. Não há mais possibilidade de se fazer uma
revisão dos autos, pois é de se reputar que tudo nele se
encontra perfeito. Revelam-se ultrapassadas todas as
circunstâncias de fatos pretéritos à declaração de
restauração. 3 - Desse modo, a questão acerca da
inexistência de procuração conferida aos patronos da
autora está sepultada a partir da decisão que declarou a
restauração da ação rescisória. Não subsiste, assim, o
óbice erigido ao não conhecimento dos segundos
embargos de declaração opostos pela autora e, via de
consequência, o aplicado aos terceiros embargos de
declaração também opostos pela autora. Recurso
ordinário conhecido e provido. Processo: RO - 5563400-
91.2000.5.01.0000 Data de Julgamento: 02/02/2016,
Relatora Ministra: Delaíde Miranda Arantes, Subseção II
Especializada em Dissídios Individuais, Data de
Publicação: DEJT 12/02/2016.
“EMENTA: HORAS EXTRAS. ART. 62, INC. II,
DA CLT. O enquadramento do trabalhador na regra de
exceção do artigo 62, inciso II, da CLT, exige prova do
desempenho de função de confiança pelo empregado, por
meio da exteriorização, em suas atividades, de algum dos
poderes inerentes à figura do empregador. O só fato de a
trabalhadora exercer funções intituladas de gerente e
supervisor não é circunstância hábil a excluí-lo do regime
legal de duração do trabalho previsto na CLT.
VISTOS e relatados estes autos de RECURSO
ORDINÁRIO interposto de sentença proferida pelo MM.
Juíza da 11ª Vara do Trabalho de Porto Alegre, sendo
recorrentes ADRIANA AYRES KULMANN,
BIJOUTERIAS COMÉRCIO DE ACESSÓRIOS
FEMININOS LTDA. e OUTRO(S), e recorridos OS
MESMOS. Adriana Ayres Kulmann, Bijouterias Comércio
de Acessórios Femininos Ltda., Ideias e Ideias Bijouterias
e Presentes Ltda. - ME e Acessórios Atuais e Presentes
Ltda. - ME interpõem recursos ordinários contra a
sentença das fls. 265-268v., prolatada pela Juíza Janaína
Saraiva da Silva, que julgou improcedentes os pedidos
iniciais. A autora argúi prefacial de nulidade do processo
por cerceamento de defesa, e, no mérito, busca a reforma
da sentença que julgou improcedentes os pedidos de
pagamento de horas extras e de diferenças de repousos,
13º salários, férias com 1/3 e FGTS com 40%, pela
inclusão, nas suas bases de cálculo, de comissões pagas
extrafolha. As 2ª, 3ª e 4ª recorrentes (rés), por seu turno,
buscam a reforma do julgado na parte em que declara que
a autora não se enquadrava na regra do artigo 62, inc. II,
da CLT. Os recursos foram recebidos e o da autora foi
contra-arrazoado, tendo sido remetidos os autos ao
Tribunal. Distribuídos na forma regimental, vieram
conclusos para julgamento. É o relatório.
ISTO POSTO: MATÉRIA PRELIMINAR: 1. Não
conhecimento do recurso. As rés argúem em contrarrazões
preliminar de não conhecimento do recurso da autora,
sustentando a sua intempestividade.
À fl. 275 está a certidão de intimação da autora da
reabertura do prazo para oferecimento de recurso, que foi
disponibilizada no Diário Oficial Eletrônico em 29-05-
2009, uma sexta-feira.
Conforme dispõe o artigo 4º, §3º, da lei
11.419/06, os atos judiciais consideram-se publicados no
primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da
informação no Diário da Justiça eletrônico.
O DJE, no âmbito da Justiça do Trabalho da 4ª
Região, foi instituído pelo Provimento da Presidência n.º
03/2008, que, regulamentando a regra geral instituída pela
lei 11.419/2006, estabeleceu, em seu artigo 3º, que “os
prazos processuais terão início no primeiro dia útil que
seguir ao considerado como data da publicação”.
Como, na hipótese, a disponibilização da
intimação no DJE ocorreu em 29-05-2009, uma 6ª-feira, a
publicação do ato se deu, conforme a regra vigente, na 2ª-
feira subsequente, dia 1º de junho, e, por conseguinte, a
contagem do prazo recursal iniciou na 3ª-feira, dia 02-06
(inclusive).
Assim, considerado o prazo do artigo 895, alínea
“b”, inciso I, da CLT (8 dias), o termo final para a
interposição do recurso ordinário pela autora ocorreu em
09-06-2009, data em que foi efetivamente protocolado (fl.
277).
Desse modo, não há falar em intempestividade do
recurso. Afasto a prefacial.
2. Nulidade do processo. A autora argúi nulidade
do processo por cerceamento de defesa, sustentando
ilegalidade no indeferimento da oitiva da testemunha
Emanuelle e porque Izabel Cristina Silveira Silvano foi
ouvida apenas como informante.
Relata que Emanuelle não foi ouvida em razão de
amizade íntima, o que vai de encontro à regra do artigo
829 da CLT, que estabelece que tal circunstância não
enseja o indeferimento da prova, mas apenas que a
testemunha não prestará compromisso e será ouvida como
informante.
Refere, ainda, que a amizade mantida com
Emanuelle não pode ser considerada íntima, na medida em
que tratavam apenas de “assuntos particulares” (sic), sem
conversar sobre trabalho, de modo que não haveria
qualquer problema em ouvi-la no processo.
Quanto a Izabel Cristina, que foi ouvida como
informante, diz que seu depoimento deveria ter sido
colhido na condição de testemunha, sob compromisso, não
existindo a “troca de favores” de que se utilizou a juíza
presidente da audiência para registrar seu depoimento (de
Izabel) apenas como informação.
Alega que as condições de trabalho dos
empregados das rés, questionadas na presente demanda,
somente podem ser provadas pelo depoimento de quem
experimentou a mesma realidade, o que é o caso de
Izabel, de modo que, ainda que ela tenha movido ação
judicial contra a(s) mesma(s) empregadora(s), isso não
lhe faz pessoa suspeita para ser ouvida apenas como
informante.
Pede o provimento do recurso, para que seja
declarada a nulidade do julgado e reaberta a instrução
processual, a fim de que seja ouvida a testemunha
Emanuelle e reinquirida Izabel Cristina, desta vez como
testemunha, sob compromisso.
Segundo consta à fl. 261, Emanoelle da Silva
Niewinski é ex-cunhada da autora (viveu em união estável
com seu irmão de 2007 a 2008) e, muito embora esse
relacionamento tenha findado, ela e a autora
permaneceram amigas, tanto que atualmente se falam, por
telefone, em torno de duas vezes por mês, conversando
sobre “questões particulares, inclusive com relação ao
relacionamento havido entre a testemunha e o irmão da
reclamante” (fl. 261).
Inegável, pois, que a recorrente e Emanoelle
mantêm relação de amizade íntima, de modo que esta
última não tem isenção de ânimo capaz de autorizar sua
oitiva como testemunha compromissada.
Inteligênciados artigos 829, da CLT, e 405, §3º,
inc. III, do CPC.
De outro lado, não se verifica cerceamento de
defesa pelo fato de Emanoelle não ter sido ouvida sequer
como informante, porque, muito embora a amizade íntima
permita o registro do depoimento (CLT, art. 829), nenhum
juízo condenatório há de ser feito com base unicamente
em informação.
Com efeito, o depoimento de informante, por si só,
é insuficiente a alicerçar condenação, servindo tão-
somente para reforçar alguma outra prova já existente nos
autos.
Na hipótese, ainda que Emanoelle tivesse sido
ouvida como informante, seu depoimento em nada
contribuiria para o deslinde do feito, em razão dos
elementos que compõem o acervo probatório dos autos.
Desse modo, por tal fundamento, não se cogita da
alegada nulidade do processo por cerceamento de defesa.
De outro lado, à fl. 262 consta que Izabel Cristina
Silveira Silvano é autora de ação judicial conta as
mesmas rés, na qual busca o pagamento de horas extras e
diferenças de parcelas do contrato em razão de comissões
extrafolha, o que é também objeto na presente demanda, e
que em tal processo a autora deste feito depôs como
testemunha.
Com efeito, evidente que uma tem interesse no
litígio em que a outra é parte, de modo que a oitiva de
Izabel Cristina neste feito somente poderia ter sido feita
na condição de informante (CPC, art. 405, §4º), como, de
fato, ocorreu.
Pelo exposto, seja pelo indeferimento da oitiva de
Emanoelle, seja pelo fato de Izabel Cristina ter sido
ouvida apenas como informante, não se cogita, na
hipótese, de cerceio de defesa capaz de eivar de nulidade
o processo. Afasto a prefacial.
MÉRITO: RECURSO DA AUTORA: 1. Horas
extras. A sentença, muito embora tenha afastado a
alegação das rés de que a autora estava enquadrada na
exceção do artigo 62, inc. II, da CLT, julgou improcedente
o pedido inicial de pagamento de horas extras, ao
fundamento de que, como a ré alegou ter menos de dez
empregados e isso não foi infirmado pela autora, era desta
última o ônus de provar a existência de trabalho
suplementar, o que não logrou realizar.
A demandante aduz que trabalhava na loja das rés
localizada no shopping Iguatemi, cujo horário de
funcionamento é das 10h às 22h, fato notório, e que o
depoimento da informante Izabel é no sentido de que a
jornada da autora era das 11h às 22h. Sustenta que, como
exerceu funções de supervisora e gerente, não poderia
trabalhar menos que as vendedoras, o que mais ainda
reforça a tese de jornada suplementar. Diz que, como a ré
não mantinha qualquer controle de horário de seus
empregados, não há como produzir prova documental da
jornada, razão pela qual o depoimento da informante
Izabel deve ser considerado com maior peso.
Pede o provimento do recurso, para que seja
reformada a sentença, no aspecto, e julgado procedente o
pedido inicial de pagamento de horas extras. Antes do
mais, importante salientar que andou bem a sentença ao
afastar a aplicação, ao caso, da regra do artigo 62, inc. II,
da CLT.
Com efeito, tratando-se de regra de exceção, é
imprescindível, para sua aplicação, que esteja
caracterizado o efetivo desempenho de função de
confiança pelo empregado, por meio da exteriorização,
em suas atividades, de algum dos poderes inerentes à
figura do empregador.
Não é o que se verifica no caso em comento. Pelo
contrário, como bem ponderou a sentença (fl. 267):
“[...] ainda que a reclamante tenha exercido as
funções de Gerente e Supervisora de Loja, estas não
podem ser admitidas como cargos de gestão tão-somente
a partir de suas nomenclaturas, mormente se
considerada a remuneração paga à autora no curso do
contrato, muito inferior aos valores pagos a qualquer
trabalhador que detenha poderes para substituir o
empregador perante terceiros. Note-se que o maior
salário recebido pela autora no curso do contrato foi em
novembro de 2007, no valor de R$ 895,50 (comprovante
da fl. 204)”.
O só fato de a autora ter exercido funções
intituladas de gerente e supervisora de loja não é hábil a
enquadrá-la na situação prevista no artigo 62, inciso II, da
CLT.
Assim, à demandante se aplica a regra geral de
duração do trabalho prevista na Constituição da
República (art. 7º, inc. XIII) e na CLT (art. 58): máximo
de oito horas diárias e quarenta e quatro semanais.
Posto isso, muito embora a autora estivesse sujeita
ao regime legal de carga horária, a ré não estava obrigada
a manter registros de jornada.
Com efeito, como bem apreendeu a sentença, a
demandada afirmou na contestação que não empregava
mais de dez pessoas, fato que não foi em momento algum
contraditado pela autora, de modo que se presume
verdadeiro (CPC, art. 334, III).
A esse respeito, a propósito, a informante Izabel
Cristina referiu à fl. 263 que na loja onde trabalhava a
autora havia seis empregados.
Desse modo, ao teor da regra do artigo 74, §2º, da
CLT, a ré não estava obrigada a manter o controle de
frequência de seus empregados, de maneira que o ônus da
prova, quanto à jornada de trabalho, era da autora.
Esse, aliás, o alcance da Súmula n.º 338, item I,
do Tribunal Superior do Trabalho, interpretada a
contrario sensu.
No caso, o único indício de prova a amparar as
alegações da petição inicial é o depoimento de Izabel
Cristina Silveira Silvano (fls. 262-263), que, contudo, por
constar dos autos como mera informação, não pode
alicerçar, de per si, um juízo condenatório.
Desse modo, não tendo a autora se desincumbido
do ônus de provar a jornada alegada na petição inicial,
presume-se aquela contratada, que, na hipótese, era
variável, mas não excedia carga horária de 220 horas/mês
(fl. 15).
Assim, à míngua de outras provas, correta a
sentença ao julgar improcedente o pedido inicial de
pagamento de horas extras. Nego provimento.
2. Comissões extrafolha. A sentença julgou
improcedente o pedido de pagamento de diferenças de
repousos remunerados, 13º salários, férias com 1/3, aviso
prévio e FGTS com 40%, pela integração, nas suas bases
de cálculo, de comissões pagas extrafolha, ao fundamento
de que a autora não produziu prova no sentido de que
efetivamente recebia tais comissões.
A autora sustenta que os extratos bancários que
juntou ao processo, aliados ao depoimento da informante
Izabel Cristina, fazem prova suficiente a comprovar as
alegações da petição inicial, de modo que deve ser
declarada a existência das comissões e condenadas as rés
ao pagamento das parcelas vindicadas.
Apesar de não ter sido produzida prova
contundente a amparar a pretensão inicial, há fortes
indícios de que havia pagamento de comissões extrafolha
à demandante.
Com efeito, em que pese a ré negar esse fato, não
vejo outra forma de explicar porque, toda vez que havia
depósito do salário da autora em sua conta bancária, esse
era acompanhado de um outro depósito, em dinheiro ou
cheque, de valor inclusive maior do que o próprio
vencimento básico.
Isso está comprovado nos extratos bancários
juntados às fls. 252-257.
O depoimento de Izabel Cristina Silveira Silvano
(fls. 262-263) vai ao encontro dessa tese, no momento em
que refere que “que os gerentes também recebiam
valores “por fora”, inclusive a reclamante; [...] que os
valores pagos “por fora” eram sempre pagos
diretamente na loja, e não mediante depósito em conta
bancária, sendo este o procedimento adotado para
todos”.
Vênia ao entendimento esposado na sentença (fl.
266), a aparente colisão entre o depoimento da autora e de
Izabel Cristina se justifica pelo fato de que, muito
provavelmente o que ocorria era que a autora recebia na
loja as comissões no dia do pagamento de seu salário e
ela própria efetuava o depósito desses valores em sua
conta bancária.
Vale lembrar que, conforme consta da CTPS da
demandante (fls. 12-15), nos últimos anos (pelo menos de
2002 a 2007) ela trabalhou somente para as rés, não
havendo nos autos notícia de que percebesserenda
oriunda de outra fonte.
Desse modo, imperioso reconhecer que a autora
recebia comissões pagas extrafolha, e, por esse motivo,
tem direito ao pagamento de diferenças de repousos
remunerados, aviso prévio e FGTS com 40%, pela
integração da parcela variável na base de cálculo dessas
últimas parcelas.
Não tem direito a diferenças de 13º salários e
férias com 1/3, porque a própria petição inicial refere que
“as comissões eram integradas no 13º salário e férias”
(fl. 05).
Pelo exposto, dou parcial provimento ao recurso,
no aspecto, para condenar as rés a pagarem à autora, na
forma definida na sentença (solidária), relativamente ao
período compreendido entre 25-03-2003 e 25-03-2008
(as parcelas vencidas e exigíveis anteriormente a 25-03-
2003 estão encobertas pela prescrição), diferenças de
repousos remunerados, aviso prévio e FGTS com 40%,
pela integração, nas suas bases de cálculo, das comissões
extrafolha, o que será objeto de apuração em liquidação
de sentença, por artigos, ocasião em que a demandante
deverá fazer prova dos valores que recebeu a tal título no
curso do contrato.
3. Previdência e fisco. Ficam autorizadas, na
forma das leis 8.212/91 e 8.541/92, as retenções
previdenciárias e fiscais sobre a condenação ao
pagamento de diferenças de repousos remunerados e aviso
prévio (FGTS com 40% não tem natureza salarial, e,
portanto, não está sujeito à tributação).
Quanto ao imposto de renda, dispõe a Lei nº
8.541/92, em seu art. 46, que:
“o imposto sobre a renda incidente sobre os
rendimentos pagos em cumprimento de decisão judicial
será retido na fonte pela pessoa física ou jurídica
obrigada ao pagamento, no momento em que, por
qualquer forma, o recebimento se torne disponível para
o beneficiário”.
O entendimento que se firmou a esse respeito no
âmbito da Justiça do Trabalho (Súmula 368, item II, do
TST) é de que a incidência dos descontos fiscais deve
ocorrer sobre a integralidade das parcelas de natureza
salarial reconhecidas ao trabalhador.
Esse posicionamento, aliás, por muito tempo
adotei, seguindo a orientação jurisprudencial majoritária,
retratada na referida Súmula.
Contudo, recentes julgados do Superior Tribunal
de Justiça fizeram-me refletir novamente acerca do tema.
Com efeito, no REsp 613996, de relatoria do Min.
Arnaldo Esteves Lima (pub. 15-06-2009), restou decidido
que o alcance da regra contida no artigo 46 da lei
8.541/92 é restrito à possibilidade de se proceder à
retenção fiscal sobre crédito apurado em processo
judicial, devendo a respectiva apuração, ao contrário do
que possa parecer, observar a renda que teria sido
auferida mês a mês pelo credor se não fosse o erro do
devedor.
O caso apreciado pelo STJ versava sobre retenção
fiscal do crédito de segurados do INSS considerado de
forma acumulada.
O voto do relator, no que interessa, assim
consignou:
“Controverte-se nos autos acerca da legalidade
ou não de o INSS reter, na fonte, o imposto de renda
quando do pagamento de valores acumulados de
benefícios previdenciários devidos por força de decisão
judicial.
A matéria já foi submetida à apreciação desta
Corte em inúmeras oportunidades, nas quais se decidiu
pela impossibilidade de a autarquia previdenciária
promover a retenção na fonte do imposto de renda
quando o reconhecimento do próprio benefício ou de
eventuais diferenças não advieram de ato voluntário da
devedora, mas apenas de imposição judicial.
[...]
De fato, não merece reparo a premissa de que a
cumulação dos valores num patamar sobre o qual
legitimamente incidiria a exação só ocorreu por ato do
instituto previdenciário, que deixou de reconhecer, no
tempo e modo devidos, o direito dos segurados. Noutras
palavras, seria censurável transferir aos recorrentes os
efeitos da mora exclusiva da autarquia” (grifei).
Esse entendimento tem perfeita aplicação para os
casos levados a apreciação da Justiça do Trabalho, na
medida em que o fato relevante é o mesmo: o acúmulo de
créditos decorrente do reconhecimento de direitos em
decisão judicial.
Se, no caso paradigma, restou decidido ser
censurável transferir aos segurados os efeitos da mora
exclusiva do INSS, na hipótese dos presentes autos é
igualmente censurável transferir ao trabalhador o efeito da
mora exclusiva do empregador, pois o acúmulo dos
créditos não resultou de ato voluntário do credor.
Esse entendimento, a propósito, é pacífico no
âmbito do Superior Tribunal de Justiça, como se vê:
TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL.
BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS PAGOS DE MODO
ACUMULADO. CASO RECEBIDOS MENSALMENTE
ESTARIAM DENTRO DA FAIXA DE ISENTOS.
IMPOSSIBILIDADE DE RETENÇÃO DE IMPOSTO DE
RENDA. PRECEDENTES. [...] 2. Não se pode impor
prejuízo pecuniário à parte em razão do procedimento
administrativo utilizado para o atendimento do pedido à
seguridade social que, ao final, mostrou-se legítimo,
tanto que deferido, devendo ser garantido ao
contribuinte à isenção de imposto de renda, uma vez que
se recebido mensalmente, o benefício estaria isento de
tributação. 3. Ainda que em confronto com o disposto no
art. 3º, § único, da Lei 9.250/95, o emprego dessa
exegese confere tratamento justo ao caso em comento,
porquanto se concedida a tributação tal como pleiteada
pela Fazenda estaria-se duplamente penalizando o
segurado que não recebeu os parcos benefícios na época
oportuna. 4. Precedentes: REsp 723196/RS, Rel. Min.
Franciulli Netto, DJ de 30/05/2005; REsp 505081/RS,
Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 31/05/2004 e Resp 667238/RJ,
desta Relatoria, DJ de 28/02/2005. 5. Recurso especial
não-provido. (REsp 758.779/SC, Primeira Turma, Rel.
Min. JOSÉ DELGADO, DJ 22/5/06)
TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. AÇÃO
REVISIONAL DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.
PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS DE FORMA
ACUMULADA. VALOR MENSAL DO BENEFÍCIO
ISENTO DE IMPOSTO DE RENDA. NÃO-INCIDÊNCIA
DA EXAÇÃO. [...] 4. Nos casos de valores recebidos,
decorrentes da procedência de ação judicial de revisão
de aposentadoria, a interpretação literal da legislação
tributária implica afronta aos princípios constitucionais
da isonomia e da capacidade contributiva, pois a renda
que deve ser tributada deve ser aquela auferida mês a
mês pelo contribuinte, sendo descabido “puni-lo” com a
retenção a título de IR sobre o valor dos benefícios
percebidos de forma acumulada por mora da Autarquia
Previdenciária. 5. Precedente: REsp 617.081/PR, Rel.
Min. LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em
20.4.2006, DJ 29.5.2006. Recurso especial improvido.
(REsp 897.314/PR, Segunda Turma, Rel. Min.
HUMBERTO MARTINS, DJ 28/2/07)
TRIBUTÁRIO. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO
RECEBIDO EM DECORRÊNCIA DE DECISÃO
JUDICIAL. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE.
VALORES PAGOS ACUMULADAMENTE. 1. O imposto
de renda incidente sobre rendimentos pagos
acumuladamente deve ser calculado com base nas
tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referem
tais rendimentos. Em outras palavras, a retenção na
fonte deve observar a renda que teria sido auferida mês
a mês pelo contribuinte se não fosse o erro da
administração e não no rendimento total acumulado
recebido em virtude de decisão judicial. Precedentes de
ambas as Turmas de Direito Público. 2. Recurso especial
improvido. (REsp 783.724/RS, Segunda Turma, Rel. Min.
CASTRO MEIRA, DJ 25/8/06) – grifei.
Nesse passo, entendo oportuno levar a matéria à
discussão, que é recorrente nas ações trabalhistas, porém,
tida por superada em razão do quanto dispõe a Súmula
368 do TST.
Cabe referir o entendimento de José Felipe Ledur,
na obra Direitos Fundamentais Sociais: efetivação no
âmbito da democracia participativa, Porto Alegre,
Livraria do Advogado Editora, 2009, p. 110:
“Se não bastasse a histórica omissão do Estado
por intermédio de suas várias instâncias de poder
quando se pensa em medidas dirigidas à efetivação dos
direitos asseguradores do mínimo existencial,
impressiona o fato de, no Brasil, haver legislaçãoe
decisões judiciais ofensivas ao resguardo do mínimo
existencial. Quanto à legislação, é de examinar o art. 46
da Lei nº 8.541/92, com base no qual é imposta a
retenção de imposto de renda relativo a valores oriundos
de decisão judicial e, em sua maioria, integrantes do
mínimo existencial por serem resultantes de ações
trabalhistas envolvendo prestações mensais não
fornecidas no momento devido, quer pelo particular,
quer por entes públicos. Além de não garantir na vida
prática o mínimo existencial aos cidadãos pobres, o
Estado, por meio de atos de seus três poderes, ainda lhes
subtrai parte daquilo que, com seu trabalho, adquiriram
e é indispensável à dua sobrevivência digna”. (grifei)
Por esses motivos, o imposto de renda a ser retido
do crédito da autora deve ser apurado conforme a
remuneração que seria obtida mês a mês pela trabalhadora
se não tivesse ocorrido o erro da empregadora no
pagamento das parcelas reconhecidas no processo. No
entanto, a turma, por maioria adota os critérios contidos
nas Súmulas 26 e 51 deste Tribunal, razão pela qual o
apelo não é provido no particular, vencido o relator.
4. Juros e correção monetária. Sobre o objeto da
condenação são devidos juros e correção monetária, cujos
critérios, porém, serão definidos na fase de liquidação do
julgado, momento apropriado para tanto.
RECURSO DAS RÉS: 1. Horas extras. A sentença
afastou o enquadramento da autora na regra de exceção do
artigo 62, inc. II, da CLT, fundamentada na ausência de
prova de exercício de poderes de gestão inerentes à figura
do empregador, bem como no fato de que o valor do
salário pago à trabalhadora estava muito aquém do que se
costuma praticar no mercado para funções desse tipo.
As rés sustentam que a prova dos autos,
notadamente o depoimento de Izabel Cristina, corroboram
a tese veiculada na defesa, no sentido de que a autora era
gerente da loja e, portanto, tinha plenos poderes de gestão
dentro do estabelecimento.
A matéria está prejudicada, diante do exame do
recurso da autora, no particular das horas extras, que já
abrangeu o objeto do apelo das rés.
PREQUESTIONAMENTO: A decisão adota tese
explícita sobre toda a matéria em discussão na lide, não
violando as súmulas de Tribunais Superiores, nem
tampouco os dispositivos constitucionais e legais
invocados pelas partes, os quais, para todos os efeitos,
dou por prequestionados.
Ante o exposto, ACORDAM os Magistrados
integrantes da 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho
da 4ª Região: por unanimidade de votos, afastar a
prefacial de não conhecimento do recurso da autora
arguida pelas rés em contrarrazões. Por unanimidade de
votos, afastar a preliminar de nulidade do processo por
cerceamento de defesa arguida pela demandante. Por
maiora de votos, vencida em parte a Desª Vânia Mattos,
dar parcial provimento ao recurso da autora, para
condenar as rés ao pagamento, na forma definida na
sentença (solidária), relativamente ao período
compreendido entre 25-03-2003 e 25-03-2008, de
diferenças de repousos remunerados, aviso prévio e
FGTS com 40%, pela integração, nas suas bases de
cálculo, das comissões extrafolha, o que será objeto de
apuração em liquidação de sentença. Por unanimidade de
votos, julgar prejudicado o recurso das rés. Sobre a
condenação incidem juros e correção monetária, cujos
critérios serão definidos na fase de liquidação do julgado.
Ficam autorizadas, na forma das leis 8.212/91 e 8.177/91,
as retenções previdenciárias e fiscais sobre a condenação,
na forma da fundamentação. Custas de R$120,00, sobre
R$ 6 mil atribuídos à condenação, pelas rés.
Intimem-se, inclusive a União.” (Porto Alegre, 14
de janeiro de 2010 - RICARDO MARTINS COSTA
Relator - PODER JUDICIÁRIO FEDERAL - TRIBUNAL
REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO -
ACÓRDÃO 00298-2008-011-04-00-5 RO)
 
Contestação na Ação Trabalhista
A Consolidação das Leis do Trabalho utiliza como
fonte subsidiária o direito processual comum, de maneira
que trata da contestação em matéria trabalhista dispondo
que:
“Art. 767 - A compensação, ou retenção, só
poderá ser arguida como matéria de defesa.
...
Art. 769 - Nos casos omissos, o direito processual
comum será fonte subsidiária do direito processual do
trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as
normas deste Título.
...
Art. 841 - Recebida e protocolada a reclamação,
o escrivão ou secretário, dentro de 48 (quarenta e oito)
horas, remeterá a segunda via da petição, ou do termo,
ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo, para
comparecer à audiência do julgamento, que será a
primeira desimpedida, depois de 5 (cinco) dias.
§ 1º - A notificação será feita em registro postal
com franquia. Se o reclamado criar embaraços ao seu
recebimento ou não for encontrado, far-se-á a
notificação por edital, inserto no jornal oficial ou no
que publicar o expediente forense, ou, na falta, afixado
na sede da Junta ou Juízo.
§ 2º - O reclamante será notificado no ato da
apresentação da reclamação ou na forma do parágrafo
anterior.
§ 3o Oferecida a contestação, ainda que
eletronicamente, o reclamante não poderá, sem o
consentimento do reclamado, desistir da ação.
...
Art. 843 - Na audiência de julgamento deverão
estar presentes o reclamante e o reclamado,
independentemente do comparecimento de seus
representantes salvo, nos casos de Reclamatórias
Plúrimas ou Ações de Cumprimento, quando os
empregados poderão fazer-se representar pelo Sindicato
de sua categoria.
§ 1º - É facultado ao empregador fazer-se
substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que
tenha conhecimento do fato, e cujas declarações
obrigarão o proponente.
§ 2º - Se por doença ou qualquer outro motivo
poderoso, devidamente comprovado, não for possível ao
empregado comparecer pessoalmente, poderá fazer-se
representar por outro empregado que pertença à mesma
profissão, ou pelo seu sindicato.
§ 3º O preposto a que se refere o § 1o deste
artigo não precisa ser empregado da parte reclamada.
...
Art. 847 - Não havendo acordo, o reclamado terá
vinte minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da
reclamação, quando esta não for dispensada por ambas
as partes.
Parágrafo único. A parte poderá apresentar
defesa escrita pelo sistema de processo judicial
eletrônico até a audiência. (Lei 13.467, de 13.07.2017)”
Nos termos do artigo 485, p. 4º do CPC o autor
não poderá desistir da ação depois de oferecida a
contestação, salvo se o réu consentir, sendo que tal
previsão legal trata da contestação escrita, física,
apresentada em cartório, no processo civil.
Ocorre que no processo do trabalho a contestação
física é apresentada em audiência (arts 844 e 847 da
CLT), no entanto, com a adoção, pela maioria das Varas,
do sistema Judicial Eletrônico (PJe), a apresentação da
defesa deve ocorrer antes da audiência, com marcação de
“sigilo”, conforme artigo 29 da Resolução 136/14 do
CSJT.
Desta forma, a apresentação da defesa pode
ocorrer a qualquer momento, desde que antes da
audiência, ficando sob sigilo, aguardando seu
“desbloqueio” pelo juiz na audiência, caso as partes
compareçam.
A dicção do parágrafo 3º do artigo 841 da CLT
não deixa claro se a data limite é a apresentação da defesa
no sistema do PJe ou o desbloqueio da peça pelo juiz.
Desta maneira a data limite para a desistência da
ação, mesmo com a alteração legislativa, é o
“desbloqueio” da contestação no sistema, sob pena da
regra trabalhista limitar os direitos do autor de forma
diversa daquela do processo civil.
Com o advento da Lei n. 13.467, de 13 de julho de
2017, o legislador no artigo 847, parágrafo único,
objetiva modernizar a regra do artigo 29 da Resolução
136/14, que muda a sistemática do processo do trabalho
de que a defesa deve ser apresentada em audiência e pode
ser até oral. Agora o legislador autoriza a apresentação da
defesa até a audiência.
No que se refere ao artigo 843, parágrafo3º, este
tem como finalidade superar a Súmula 377 do TST para
permitir que qualquer pessoa que tenha conhecimento da
lide pode ser preposto e não somente um empregado.
 
 
Capítulo II
Do Processo em Geral
 
Atos, Termos e Prazos Processuais
A Consolidação das Leis do Trabalho, com as
alterações da Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017,
denominada Reforma Trabalhista, trata da matéria
dispondo que:
“Art. 770 - Os atos processuais serão públicos
salvo quando o contrário determinar o interesse social,
e realizar-se-ão nos dias úteis das 6 (seis) às 20 (vinte)
horas.Parágrafo único - A penhora poderá realizar-se
em domingo ou dia feriado, mediante autorização
expressa do juiz ou presidente.
Art. 771 - Os atos e termos processuais poderão
ser escritos a tinta, datilografados ou a carimbo.
Art. 772 - Os atos e termos processuais, que
devam ser assinados pelas partes interessadas, quando
estas, por motivo justificado, não possam fazê-lo, serão
firmados a rogo, na presença de 2 (duas) testemunhas,
sempre que não houver procurador legalmente
constituído.
Art. 773 - Os termos relativos ao movimento dos
processos constarão de simples notas, datadas e
rubricadas pelos secretários ou escrivães.
Art. 774 - Salvo disposição em contrário, os
prazos previstos neste Título contam-se, conforme o
caso, a partir da data em que for feita pessoalmente, ou
recebida a notificação, daquela em que for publicado o
edital no jornal oficial ou no que publicar o expediente
da Justiça do Trabalho, ou, ainda, daquela em que for
afixado o edital na sede da Junta, Juízo ou Tribunal. 
Parágrafo único - Tratando-se de notificação
postal, no caso de não ser encontrado o destinatário ou
no de recusa de recebimento, o Correio ficará obrigado,
sob pena de responsabilidade do servidor, a devolvê-la,
no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, ao Tribunal de
origem.
Art. 775. Os prazos estabelecidos neste Título
serão contados em dias úteis, com exclusão do dia do
começo e inclusão do dia do vencimento. (Lei 13.467, de
13.07.2017)
§ 1o Os prazos podem ser prorrogados, pelo
tempo estritamente necessário, nas seguintes hipóteses:
I - quando o juízo entender necessário;
II - em virtude de força maior, devidamente
comprovada.
§ 2o Ao juízo incumbe dilatar os prazos
processuais e alterar a ordem de produção dos meios de
prova, adequando-os às necessidades do conflito de
modo a conferir maior efetividade à tutela do direito.
Art. 776 - O vencimento dos prazos será
certificado nos processos pelos escrivães ou secretários.
Art. 777 - Os requerimentos e documentos
apresentados, os atos e termos processuais, as petições
ou razões de recursos e quaisquer outros papéis
referentes aos feitos formarão os autos dos processos, os
quais ficarão sob a responsabilidade dos escrivães ou
secretários.
Art. 778 - Os autos dos processos da Justiça do
Trabalho, não poderão sair dos cartórios ou secretarias,
salvo se solicitados por advogados regularmente
constituído por qualquer das partes, ou quando tiverem
de ser remetidos aos órgãos competentes, em caso de
recurso ou requisição. 
Art. 779 - As partes, ou seus procuradores,
poderão consultar, com ampla liberdade, os processos
nos cartórios ou secretarias.
Art. 780 - Os documentos juntos aos autos
poderão ser desentranhados somente depois de findo o
processo, ficando traslado.
Art. 781 - As partes poderão requerer certidões
dos processos em curso ou arquivados, as quais serão
lavradas pelos escrivães ou secretários.
Parágrafo único - As certidões dos processos que
correrem em segredo de justiça dependerão de despacho
do juiz ou presidente.
Art. 782 - São isentos de selo as reclamações,
representações, requerimentos atos e processos relativos
à Justiça do Trabalho.”
Da leitura do artigo 770, da CLT, verificamos que
o legislador homenageou o princípio da publicidade, de
maneira que os Tribunais devem ter a maioria de seus atos
(salvo aqueles previstos contrária e expressamente pela
lei) com total publicidade, com acesso amplo das partes e
de quaisquer pessoas.
E outra banda, a lei traz expediente processual que
não corresponde, em verdade, ao expediente burocrático
dos diversos órgãos da Justiça do Trabalho.
A Constituição Federal no art. 5º, inciso LX,
permite a tramitação em segredo de justiça:
“Art. 5º, LX - a lei só poderá restringir a
publicidade dos atos processuais quando a defesa da
intimidade ou o interesse social o exigirem.”
No inciso IX do artigo 93 da Constituição Federal,
nos termos da Emenda Constitucional 45, reitera-se o
princípio da publicidade, também trazendo exceção,
podendo até ser limitada à presença das partes e
advogados:
“IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder
Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a
presença, em determinados atos, às próprias partes e a
seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a
preservação do direito à intimidade do interessado no
sigilo não prejudique o interesse público à informação.”
De regra, os executados tentam ocultar ou
dificultar a penhora sobre seus bens, de maneira que
entendeu o legislador em abrir uma exceção aos dias e
horários dos atos processuais, permitindo que as penhoras
sejam feitas mesmo nos domingos e feriados, supondo-se
que tais atos nem mesmo se submetam à regra geral de
horários (das 6,00 às 20,00).
A penhora on-line resulta de convênio firmado
entre o Banco Central do Brasil e o Tribunal Superior do
Trabalho (BACEN jur/TST).
Nestes casos, o juiz do trabalho pede informações
ao Banco Central sobre a existência de dinheiro e
aplicações na conta-corrente da empresa executada e,
havendo, bloquear, por simples comando eletrônico, tais
verbas, limitadas ao valor da dívida.
 
Horário dos Atos Processuais
Os atos processuais a que se refere o horário
fixado no art. 770, da CLT, são aqueles que se realizam
fora do edifício-sede do Juízo, sendo que os atos que
incumbem às partes praticar devem ser realizados dentro
do horário normal de expediente.
Não há que se confundir o horário dentro do qual
podem ser praticados os atos processuais, estabelecido
pela CLT, e o horário de expediente do foro, estabelecido
por Regimento dos Tribunais, pois, não fosse assim, os
cartórios deveriam funcionar a partir das 06:00 horas da
manhã, o que sabidamente não ocorre.
A limitação de horário para a prática de atos
internos do foro não vulnera o disposto no art. 770 da
CLT, que regula o limite temporal para realização de atos
externos.
 
Termos e Atos Processuais
Estabelece o artigo 771, da CLT, que os termos e
atos processuais poderão ser escritos a tinta,
datilografados ou a carimbo.
Entende-se o termo como a redução escrita do ato,
os quais devem ser registrados de maneira a ser
insuscetíveis de rasuras que não sejam evidentes, como no
caso de não se admitir que tais sejam feitos a lápis.
Na época da criação do referido teto do artigo,
idos de 1943, não existia ainda a caneta esferográfica,
razão pela qual o legislador se refere a tinta”, pois o meio
mais avançado da época era a caneta tinteiro.
Termos como datilografados referem-se a várias
espécies, deles derivados: termos previamente impressos
e digitados em computadores.
A Lei 9.800 de 25.05.99, permite às partes a
utilização de sistema de transmissão de dados e imagens
tipo fac-símile ou outro similar, para a prática de atos
processuais que dependam de petição escrita.
Neste sentido, vejamos o seguinte provimento:
“PROVIMENTO Nº 04, DE 15 DE JUNHO DE
2004.
Institui Sistema de Peticionamento Eletrônico -
SIPE, regula o seu funcionamento e dá outras
providências.
O JUIZ PRESIDENTE DO TRIBUNAL
REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO E O JUIZ-
CORREGEDOR REGIONAL, observados os termos e os
limites de suas respectivas atribuições legais e
regimentais,CONSIDERANDO a Lei nº 9.800/99, que,
em seu artigo 1º, permite às partes a utilização de sistema
de transmissão de dados e imagens tipo fac-símile ou
outro similar para a prática de atos processuais que
dependam de petição escrita; CONSIDERANDO a
Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001,
que institui a Infra-Estrutura de Chaves Públicas
Brasileiras - ICP-Brasil, definindo, em seu artigo 10,
como documentos públicos ou particulares, para todos os
fins legais, os documentos eletrônicos produzidos com a
utilização do processo de certificação disponibilizado
pela ICP-Brasil, presumindo-os verdadeiros em relação
aos signatários; CONSIDERANDO a necessidade de
adequação dos serviços à nova tecnologia que permite a
transmissão de dados de maneira segura, criando
facilidade de acesso e economia de tempo e de custos ao
jurisdicionado; RESOLVEM
Art. 1º Instituir no âmbito do Tribunal Regional do
Trabalho da 4ª Região, em 1ª e 2ª instâncias, (TRT e Varas
do Trabalho), o Sistema de Peticionamento Eletrônico -
SIPE, que permite às partes, por meio de seus advogados,
fazer uso da Internet para a prática de atos processuais
que dependam de petição escrita. §1º O SIPE é um
serviço de uso facultativo, disponível no site do Tribunal
Regional do Trabalho da 4ª Região (www.trt4.gov.br). §2º
Somente serão aceitas petições/requerimentos em formato
RTF (Rich Text Format), com tamanho máximo de 1 Mega
Byte, editados em fonte Arial ou Times New Roman 10 a
12, que não contenham figuras ou tabelas. §3º A
petição/requerimento encaminhado pelo SIPE não
dependerá de ratificação posterior perante o Juízo
destinatário, nem de remessa de cópia com assinatura
física.
Art. 2º Estão excluídas do SIPE, observado o
disposto no artigo anterior, as seguintes petições: I - as
iniciais e/ou seus aditamentos; II - as que requeiram
liminar ou antecipação de tutela; III - as que necessitem a
anexação de documentos; IV - as que tenham como
destinatários os Tribunais Superiores.
Art. 3º A utilização do sistema requer identidade
digital, a ser adquirida junto a qualquer Autoridade
Certificadora participante do programa ICP-Brasil, e
cadastramento do advogado. §1º Para o cadastramento, o
advogado preencherá formulário, disponível no site do
Tribunal. §2º A alteração nos dados cadastrais será feita,
a qualquer momento, pelo próprio usuário, no site do TRT.
§3º O cadastramento na forma deste artigo importa na
aceitação integral dos termos desta regulamentação.
Art. 4º O SIPE disponibilizará ao remetente e à
unidade destinatária, após o recebimento da petição,
recibo contendo: I - os dados informados pelo remetente
para o envio (número do processo e unidade destinatária
da petição); II - a data e a hora do recebimento na unidade
judiciária (de acordo com o horário de chegada na
unidade judiciária, certificado pelo Observatório
Nacional); III - nome e CPF do responsável pelo envio da
petição; IV - nome, CPF e identidade funcional do
responsável pela assinatura digital do documento.
Art. 5º A unidade receptora das petições
transmitidas pelo SIPE a elas anexará o recibo e, a partir
dos dados dele constantes, fará o registro no sistema
informatizado. Eventual desconformidade entre os dados
da petição e os indicados no recibo será apreciada pelo
Juízo competente. §1º Incumbe ao Serviço de
Cadastramento Processual do Tribunal a impressão das
petições de processos da 2ª Instância. §2º Incumbe ao
Serviço de Distribuição dos Feitos ou, onde não houver, à
Vara do Trabalho, a impressão das petições da 1ª
instância. §3º A unidade receptora verificará, diariamente,
no sistema informatizado a existência de petições
eletrônicas pendentes de processamento.
Art. 6º São de exclusiva responsabilidade do
advogado: I - o sigilo da assinatura digital, não sendo
oponível, em qualquer hipótese, alegação de seu uso
indevido; II - a equivalência entre os dados informados
para o envio (número do processo e unidade judiciária) e
os constantes da petição remetida; III - as condições das
linhas de comunicação e acesso ao seu provedor da
Internet em condições de tempo e modo a permitir o
lançamento tempestivo das petições. IV - a edição do
documento em conformidade com as restrições impostas
pelo serviço, no que diz com a formatação do arquivo
enviado. §1º É dever do advogado acompanhar a
divulgação dos períodos em que o serviço não estiver
disponível em decorrência de manutenção no site do
Tribunal. §2º A não-obtenção de acesso ao sistema pelo
interessado, seja por eventuais defeitos de transmissão ou
recepção, seja por qualquer outro motivo, não servirá de
escusa para o descumprimento dos prazos legais.
Art. 7º A petição recebida após o horário de
atendimento externo da unidade judiciária será tida como
enviada no dia seguinte, salvo as exceções legais, a serem
submetidas à apreciação do Juízo competente. Parágrafo
único. Não serão considerados, para efeito de
tempestividade, o horário da conexão do usuário à
Internet, o horário do acesso ao site do Tribunal, nem os
horários consignados nos equipamentos do remetente e da
unidade destinatária. Art. 8º O uso inadequado do SIPE
que venha a causar prejuízo às partes ou à atividade
jurisdicional importará no bloqueio do cadastramento do
advogado, a ser determinado pelo Juízo competente.
Art. 9º Os casos omissos serão resolvidos pela
Presidência e pela Corregedoria Regional do Tribunal, no
âmbito de suas esferas de atuação.
Art. 10 Este Provimento entra em vigor na data de
sua publicação.
FABIANO DE CASTILHOS BERTOLUCI,
Presidente do TRT.
A Lei nº 9800/99, que permitiu às partes a
utilização de transmissão de dados para a prática de atos
processuais, adquiriu força obrigatória e autoridade
imperativa trinta dias após a sua publicação, que se deu
em 27.05.1999, em decorrência do primado da vacatio
legis estabelecido em seu bojo. Por conseguinte, não pode
ser observada pelo julgador na assentada de julgamento
de recurso ordinário em 07.06.1999. Ademais, ausentes
os pressupostos a que alude o artigo 897-A da CLT, com a
redação dada pela Lei nº 9957, de 12.01.2000.
Somente a partir da vigência da Lei nº 9800,
publicada em 27.05.1999, que entrou em vigor 30 dias
após sua publicação, ficaram as partes autorizadas a
utilizaremse do sistema de transmissão de dados e
imagens tipo fac-símile para a interposição de recursos,
bem como a entregarem os originais em até cinco dias da
data do término do prazo do recurso. Antes da edição de
referida Lei, predominava o entendimento de que recurso
aviado pelo sistema de fac-símile não tinha validade, e
que sua admissibilidade estava condicionada à
apresentação do recurso original dentro do prazo legal,
nos termos, inclusive, da Resolução Administrativa nº
48/92 do TST - Face ao princípio de que o tempo rege o
ato, os recursos aviados pelo sistema mencionado antes
da edição nº 9800/99, cujos originais não foram juntados
antes da data do término do prazo recursal, devem ser
considerados intempestivos.
 
Assinatura dos Termos e Atos Processais
Estabelece o artigo 772, da CLT, que os atos e
termos processuais, que devam ser assinados pelas partes
interessadas, quando estas, por motivo justificado, não
possam fazê-lo, serão firmados a rogo, na presença de
duas testemunhas, sempre que não houver procurador
legalmente constituído.
Assim, nos termos do art. 772 da CLT, os atos e as
peças processuais devem conter as assinaturas das partes
que neles intervierem.
Assinar significa firmar com seu próprio nome
como também com algum sinal distintivo e personalíssimo
(até mesmo inimitável), para dar autenticidade a cartas,
documentos ou obras.
Tem, a assinatura. O condão de registrar não
apenas a presença como, também confirmar os atos
reportados nos documentos judiciais ou extrajudiciais.
No caso de incapazes, estes podem ter a
concordância expressa por assinatura a rogo (feita porterceiros, a quem é “rogado” que assine pelo incapaz),
sendo que nestes casos se exige incapacidade é física,
pertinente aos que não têm movimentos manuais
suficientes.
De regra, tratando-se de analfabetos, utiliza-se a
aposição da impressão digital do polegar direito.
 
Notas de Movimentação Processual
Estabelece o artigo 773, que os termos relativos
ao movimento dos processos constarão de simples notas,
datadas e rubricadas pelos chefes de secretaria ou
escrivães.
Tem-se aqui a redação imposta pela Lei nº 409 (de
25.09.1948). Equivalente ao artigo 168 do Código de
Processo Civil de 1973:
“Art. 168. Os termos da juntada, vista, conclusão e
outros semelhantes constarão de notas datadas e
rubricadas pelo escrivão.”
O Novo Código de Processo Civil de 2015m
estabelece que:
“Art. 208. Os termos de juntada, vista, conclusão
e outros semelhantes constarão de notas datadas e
rubricadas pelo escrivão ou pelo chefe de secretaria.”
 
Contagem do Prazo a Partir da Notificação
Estabelece o artigo 774, da CLT, que salvo
disposições em contrário, os prazos previstos neste Título
contam-se, conforme o caso, a partir da data em que for
feita pessoalmente, ou recebida a notificação, daquela em
que for publicado o edital no jornal oficial ou no que
publicar o expediente da Justiça do Trabalho, ou, ainda,
daquela em que for afixado o edital, na sede da Junta,
Juízo ou Tribunal, e que tratando-se de notificação postal,
no caso de não ser encontrado o destinatário ou no de
recusa de recebimento, o Correio ficará obrigado, sob
pena de responsabilidade do servidor, a devolvê-la no
prazo de 48 horas, ao Tribunal de origem.
Referido artigo foi alterado pelo Decreto-lei nº
8.737, de 19 de janeiro de 1946, que introduziu o
parágrafo único, ao passo que o caput teve sua redação
determinada pela Lei nº 2.244, de 23 de junho de 1954.
Dividem-se os prazos processuais em legais,
judiciais e convencionais.
Prazos legais são peremptórios e decorrem de
expressa previsão em lei, como prazos recursais ou para
impugnar cálculos de liquidação, inadmitindo que sejam
prorrogados por convenção das partes ou por arbítrio do
juiz, sujeitando-se à preclusão, todavia, como toda regra
tem exceção, estabelece o artigo 182, do CPC de 1973
(art. 222 NCPC de 2015) que é defeso às partes, ainda
que todas estejam de acordo, reduzir ou prorrogar os
prazos peremptórios, todavia, o juiz poderá, nas comarcas
onde for difícil o transporte, prorrogar quaisquer prazos,
mas nunca por mais de 60 (sessenta) dias, sendo que em
caso de calamidade pública, poderá ser excedido o limite
previsto neste artigo para a prorrogação de prazos.
Ainda, nos termos do artigo 183, do CPC de 1973
(art. 223 NCPC de 2015) decorrido o prazo, extingue-se,
independentemente de declaração judicial, o direito de
praticar o ato, ficando salvo, porém, à parte provar que o
não realizou por justa causa, que reputa-se justa causa o
evento imprevisto, alheio à vontade da parte, e que a
impediu de praticar o ato por si ou por mandatário, e que
verificada a justa causa o juiz permitirá à parte a prática
do ato no prazo que lhe assinar.
Assim, tais prazos podem ser prorrogados a
requerimento da parte, embora a praxe aponte para a
corrente concessão, sendo que os litigantes, ao
requererem dilação, acabam por cumprir o ato sem ter
ciência do despacho que apreciou o pedido de
prorrogação.
Assim, o artigo 774, caput, da CLT determina
expressamente que o início da contagem dos prazos dar-
se-á, conforme o caso, a partir da data em que for feita
pessoalmente, ou recebida, a notificação.
 
Modo de Contagem do Prazo
Com o advento da Lei n. 13.467, de 13 de julho de
2017, o legislador alterou a redação do artigo 775,
dispondo que os prazos estabelecidos serão contados em
dias úteis, com exclusão do dia do começo e inclusão do
dia do vencimento.
Referidos prazos podem ser prorrogados, pelo
tempo estritamente necessário, nas seguintes hipóteses:
- quando o juízo entender necessário;
- em virtude de força maior, devidamente
comprovada.
Incumbe ao juízo dilatar os prazos processuais e
alterar a ordem de produção dos meios de prova,
adequando-os às necessidades do conflito de modo a
conferir maior efetividade à tutela do direito.
De conformidade com o disposto no artigo 775 da
CLT, a contagem dos prazos se dá com exclusão do dia do
começo, ou seja, o dia em que o mesmo toma
conhecimento do ato, e inclusão do dia de vencimento,
iniciando-se estes com a intimação das partes, podendo
esta ser pessoalmente, via postal e por edital em jornal
oficial ou afixado na sede da vara, juízo e tribunal.
 
Contagem do Prazo no Novo Código de
Processo Civil
Na nova ordem processual, os prazos serão
contados em dias úteis, da mesma forma que no Processo
de Trabalho, qu antes observa a Instrução Normativa n.
39/2016, agora a matéria está claramente tratada no artigo
775 da CLT..
Neste sentido, os prazos são tratados nos artigos
218 a 235, da Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015, que
estabelece:
“CAPÍTULO III
DOS PRAZOS
Seção I
Disposições Gerais
Art. 218. Os atos processuais serão realizados
nos prazos prescritos em lei.
§ 1º Quando a lei for omissa, o juiz determinará
os prazos em consideração à complexidade do ato.
§ 2º Quando a lei ou o juiz não determinar prazo,
as intimações somente obrigarão a comparecimento
após decorridas 48 (quarenta e oito) horas.
§ 3º Inexistindo preceito legal ou prazo
determinado pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo
para a prática de ato processual a cargo da parte.
§ 4º Será considerado tempestivo o ato praticado
antes do termo inicial do prazo.
Art. 219. Na contagem de prazo em dias,
estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão
somente os dias úteis.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-
se somente aos prazos processuais.
Art. 220. Suspende-se o curso do prazo
processual nos dias compreendidos entre 20 de dezembro
e 20 de janeiro, inclusive.
§ 1º Ressalvadas as férias individuais e os
feriados instituídos por lei, os juízes, os membros do
Ministério Público, da Defensoria Pública e da
Advocacia Pública e os auxiliares da Justiça exercerão
suas atribuições durante o período previsto no caput.
§ 2º Durante a suspensão do prazo, não se
realizarão audiências nem sessões de julgamento.
Art. 221. Suspende-se o curso do prazo por
obstáculo criado em detrimento da parte ou ocorrendo
qualquer das hipóteses do Art. 313, devendo o prazo ser
restituído por tempo igual ao que faltava para sua
complementação.
Parágrafo único. Suspendem-se os prazos
durante a execução de programa instituído pelo Poder
Judiciário para promover a autocomposição,
incumbindo aos tribunais especificar, com antecedência,
a duração dos trabalhos.
Art. 222. Na comarca, seção ou subseção
judiciária onde for difícil o transporte, o juiz poderá
prorrogar os prazos por até 2 (dois) meses.
§ 1º Ao juiz é vedado reduzir prazos peremptórios
sem anuência das partes.
§ 2º Havendo calamidade pública, o limite
previsto no caput para prorrogação de prazos poderá
ser excedido.
Art. 223. Decorrido o prazo, extingue-se o
direito de praticar ou de emendar o ato processual,
independentemente de declaração judicial, ficando
assegurado, porém, à parte provar que não o realizou
por justa causa.
§ 1º Considera-se justa causa o evento alheio à
vontade da parte e que a impediu de praticar o ato por
si ou por mandatário.
§ 2º Verificada a justa causa, o juiz permitirá à
parte a prática do ato no prazo que lhe assinar.
Art. 224. Salvo disposição em contrário, os
prazos serão contados excluindo o dia do começo e
incluindo o dia do vencimento.
§ 1º Os dias do começo e do vencimento do prazo
serão protraídos para o primeiro dia útil seguinte, se
coincidirem com dia em que o expediente forense for
encerrado antes ou iniciado

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