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Geografia I para o Ensino Fundamental 21 Concordando, no entanto, com Furtado (2001), a ideia de que os paí- ses de economias periféricas poderiam algum dia desfrutar das formas de vida dos países de economia desenvolvida mostrou-se irrealizável, servindo unicamente para mascarar a sua condição de dominados. Afinal, no contexto de reordenamento político, econômico e espacial do sistema capitalista, fazia- -se necessário destruir o meio físico para reconstruí-lo em função do lucro e da expansão e acumulação do capital. Serviu de utilidade para mobilizar os povos das regiões periféricas, como o Brasil, para compreender e legitimar a necessidade de enormes sacrifícios de seu povo em função de um desenvol- vimento “etapista” prometido. Como dizia o poderoso Delfim Neto, ex-ministro de Governos Militares no Brasil, o povo brasileiro deve ser paciente, "É preciso fazer o bolo crescer para depois reparti-lo". O problema é que o bolo não crescia, pelo menos para as classes populares "comer". A modernidade transplantada de fora para dentro não era acessível às classes trabalhadoras e aos amplos setores po- pulares. A distribuição pessoal de renda – e da anunciada riqueza do Brasil – permanecia uma das piores do planeta. No âmbito do ensino, porém, fomos estimulados a acreditar no “milagre brasileiro”. Nos anos de 1970, os conteúdos curriculares de geografia foram descaracterizados e descontextualizados, fragmentando-os entre disciplinas como “Estudos Sociais” e “Moral e Cívica”, contribuindo dessa forma para esvaziar o potencial problematizador de disciplinas como História e Geografia. Ressalte-se que a história não se realiza exatamente da forma como os planejadores desejam. As ciências, dentre as quais se insere a ciência geográ- fica, são resultados das contradições que marcam a sociabilidade capitalista que, ao final do século 19, consolida a revolução industrial, desenvolve de forma extraordinária as ciências e as técnicas, mas também cria o proletaria- do que, se constituiu na sua contradição máxima. O proletariado, verdadeiro produtor da riqueza capitalista insurge como um arquimiserável. Essa contradição provoca levantes da força de trabalho fabril contra aqueles que do resultado do trabalho alheio aumentam a sua riqueza – o capitalista. É nesse contexto social e econômico que, na segunda metade do século 19, coloca-se como uma necessidade histórica a formulação de teorias científicas que fornecessem aos trabalhadores a possibilidade de conhecer as leis do desenvolvimento das sociedades e de posse de um sistema conceitual e metodológico coerente fossem capazes de intervir com clareza de objetivos na realidade, visando a superação da ordem societal capitalista.
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