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[Disciplina 3 - Módulo 1] Nossa Relação com o Ambiente - Uma Tarefa Científica

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1 
CBI of Miami 
 
 
2 
CBI of Miami 
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e reproduzir integral ou parcialmente esse conteúdo em sites, blogs, jornais ou 
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 Qualquer tipo de violação dos direitos autorais estará sujeito a ações 
legais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
CBI of Miami 
Nossa Relação com o Ambiente: Uma Tarefa Científica 
Lucelmo Lacerda 
 
 Tudo o que os seres humanos fazem é comportamento e há muitas 
formas de falar sobre as inúmeras possibilidades de agir no mundo, mas a 
perspectiva mais consolidada e útil é pensar em termos de Comportamento 
Respondente e Comportamento Operante, cujo conhecimento vai permitir que 
sigamos aprendendo sobre as possibilidades de modificação do comportamento 
das pessoas para melhorar sua qualidade de vida. 
 Não vamos fugir da ordem clássica de apresentação, tratando 
primeiramente do Comportamento Respondente, ou reflexo, ou inato, que 
constituem a base dos comportamentos mais fundamentais e de nossas 
emoções. 
 O Comportamento Respondente é aquele que é eliciado por estímulos do 
ambiente, ou seja, o Respondente ou Reflexo é uma relação específica 
estabelecida entre um evento físico do ambiente que afeta o organismo, através 
de seus sentidos (estímulo), provocando um certo comportamento (eliciação) de 
maneira automática. Quando falamos sobre este tipo de comportamento, 
usamos um esquema visual para comunicarmos do que estamos falando, neste 
caso, é usual se usar o S para cumprir o papel do estímulo (do inglês Stimulus) 
e o R para cumprir o papel da ação propriamente do organismo, sua Resposta 
(no inglês também começa com a mesma letra, Response) entre um e outro, a 
relação estabelecida não é óbvia, é uma eliciação, uma relação direta e 
automática, por isso usamos uma seta, ficamos então desta forma: 
S R 
 Sim, é a famosa formulazinha que todo mundo confunde com a Análise 
do Comportamento, o Estímulo-Resposta, que é parte do conhecimento desta 
ciência gigantesca, mas não se confunde com ela. 
 Uma pergunta muito pertinente aqui é a seguinte: por que este estímulo 
específico elicia esta resposta específica? O Comportamento Respondente foi 
selecionado na história de algo muito maior do que eu ou você, mas sim de nossa 
espécie. Vamos dar alguns exemplos de comportamento respondente: 
 
4 
CBI of Miami 
Diante de mais luz Contraímos as 
pupilas 
Permite ver mais rápidos em 
mudanças de luz e se proteger 
rapidamente em situações de perigo 
Diante da visão da 
carne 
Salivamos A comida é digerida muito melhor 
no estômago 
Diante de um 
predador 
Ficamos pálidos Uma ferida superficial sangrará 
menos em curto prazo (enquanto 
fugimos) 
Diante da visão de 
um parceiro 
Ficamos 
excitados 
Possibilidade de reprodução 
 
 Veja, não se trata da “mãe natureza” criando regras e benefícios para 
equilibrar as coisas ou “caprichar” em nosso corpo, é uma questão evolutiva, 
todos nós temos diferenças mútuas, elas vêm tanto de nossa coleção única de 
genes, nossa história e seu impacto na expressão dos genes que possuímos e 
especialmente, das mutações genéticas que possuímos, cada um de nós. Na 
maior parte das vezes, essas mutações não possuem impacto positivo ou 
negativo, são simplesmente diferenças que, não trazendo nenhum benefício 
específico, não devem prosperar expressivamente, quando esta alteração traz 
um prejuízo, então ela provavelmente cria as circunstâncias em que eu portador 
dificilmente passa à frente seus genes. 
 Então imagine, no Paleolítico, algum ser humano que empalidecia sempre 
que era perseguido por um animal selvagem, por uma mutação ou por herança 
genética dos pais. Em ambos os casos, ele sangraria muito menos do que outros 
membros do mesmo grupo que não possuíssem esta genética, de modo que 
tinham muito mais possibilidades de sobrevivência, deixando mais filhos com 
suas características genéticas, que acabam se tornando praticamente universais 
na nossa espécie. 
 Esses estímulos que eliciam em nós comportamentos respondentes não 
têm nenhuma relação com nossa história particular e sim com a história da nossa 
espécie. Chamamos estes estímulos de ESTÍMULOS INCONDICIONADOS, ou 
seja, não aprendidos, eles eliciam essas respostas porque herdamos esta 
 
5 
CBI of Miami 
sensibilidade já em nosso organismo. A palavra Incondicionado que dizer não 
aprendido, enquanto condicionado quer dizer aprendido. 
 Uma resposta respondente não pode ser ensinada, uma pessoa não 
passa a apresentar uma resposta respondente porque aprendeu em sua história 
de vida, ou seja, a resposta em si é sempre incondicionada, mas o estímulo que 
a elicia não, ele pode ser aprendido. Podemos ter, portanto, ESTÍMULOS 
CONDICIONADOS, ou seja, aprendidos, estímulos que em princípio não eliciam 
nada, mas passam a eliciar. 
 Mas na história da humanidade, aqueles nossos antecessores também se 
movimentavam em diversos ambientes distintos e nossa história biológica, a 
Filogenética também selecionou aqueles que em princípio não tinham nenhum 
comportamento eliciado por um certo estímulo, mas aprendiam esta relação por 
meio do pareamento de estímulos, isto é, da apresentação contínua de um 
estímulo eliciador incondicionado (ou seja, um estímulo do ambiente que 
elicia uma certa resposta “naturalmente”) com um outro estímulo que não elicia 
nada, aquilo que chamamos de estímulo neutro. 
 Esta relação foi muito bem demonstrada pelo médico Ivan Pavlov, em um 
experimento clássico, em que o pesquisador expôs cachorros a dois estímulos 
diferentes, a visão da carne e o som de uma sineta. A visão da carne eliciou a 
salivação e o som da sineta era neutro, não eliciou resposta alguma. 
 
Estímulo Resposta eliciada Conclusão 
Visão da carne Salivação Visão da carne é estímulo 
eliciador incondicionado da 
salivação 
Som da sineta Nenhuma Som da sineta é estímulo neutro 
 
 
 
 
 
 
6 
CBI of Miami 
 Após esta testagem, Pavlov expôs os cães aos dois estímulos de maneira 
simultânea: 
 
Estímulo Resposta eliciada Conclusão 
Visão da carne + Som 
da sineta 
Salivação 
 
Cão saliva em função da visão 
da carne. Ou seja, a visão da 
carne elicia a salivação. 
 
Após um certo tempo (60 exposições), ocorreu um aprendizado interessante: 
Estímulo Resposta 
eliciada 
Conclusão 
Som da 
sineta 
Salivação 
 
Cão saliva em função do som da sineta. Ou seja, o 
som da sineta passou a eliciar a salivação. 
Som da sineta se tornou, portanto, um Estímulo 
Eliciador CONDICIONADO (ou seja, aprendido) 
 
Muita atenção a este ponto em particular, que vou colocar em tópicos aqui para 
fixação: 
• Não se aprende uma nova resposta respondente, a resposta é sempre uma 
daquelas já instalada em nossa biologia, mas aprende-se um novo contexto em 
que esta resposta aparece; 
• Portanto, temos novos comportamentos respondentes, não porque a 
resposta seja diferente, mas porque “comportamento” diz respeito à relação 
entre estímulo e resposta e não somente a resposta; 
• Ou seja, o comportamento respondente original do caso exemplificado é 
Visão da carne elicia salivação e o comportamento respondente aprendido é 
Som da sineta elicia a salivação; 
• A visão da carne era, portanto, um estímulo eliciador incondicionado; 
• O som da sineta se tornou, portanto, um estímulo eliciador condicionado; 
• O comportamento de salivar diante da carne era, portanto, um 
comportamento respondente incondicionado; 
 
7 
CBI of Miami 
• O comportamento de salivar diante do som da sineta era, portanto, um 
comportamento respondente condicionado. 
 
 Se algo foi aprendido, chamamos de Condicionamento, neste caso, um 
médico realizou um experimentoem que isto ocorreu, mas este 
Condicionamento ocorre a todo momento em nossa vida, independentemente 
de alguém ter feito isso de maneira planejada. 
 Nós, por exemplo, passamos a salivar, quando estamos privados de 
comida, ao ouvir o som de talher batendo no prato. É claro que nenhum de nós 
come pratos, mas durante nossa vida, o barulho dos talheres batendo nos pratos 
ocorreu não 60, mas milhares de vezes, enquanto nós ou outras pessoas comem 
com esses talheres. 
 Existem algumas “regras” importantes para compreender como e quando 
esses condicionamentos respondentes acontecem em maior frequência ou 
velocidade e vou aqui sumarizar esses elementos importantes: 
 
Lei da Magnitude-Intensidade 
 Quanto maior a magnitude do estímulo, tanto maior será a intensidade do 
comportamento eliciado. Ou seja, há uma relação de proporcionalidade entre o 
comportamento que será eliciado, que pode ser medido em termos de distensão 
da perna no reflexo patelar, em milímetros de líquido no comportamento de suar, 
ou de saliva no comportamento salivar, na proporção da contração da pupila em 
relação à magnitude do estímulo a que o organismo é exposto, à pressão no 
joelho, ao calor, à quantidade de luz, que são os fatores eliciadores. 
 
Lei da Latência 
 Além de aumentar a intensidade do comportamento respondente, a 
magnitude do estímulo eliciador também impacta do tempo decorrido entre sua 
apresentação e o comportamento eliciado, a este intervalo chamamos de 
“latência”, de modo que o reflexo patelar é mais imediato tanto maior for a 
pancada no joelho, assim como o suor ou a contração da pupila quanto maior 
também a magnitude dos estímulos que os eliciam. 
 
8 
CBI of Miami 
Lei do Limiar, Somação Subliminar e Fadiga Respondente 
 Um estímulo, no entanto, precisa ocorrer com um mínimo de magnitude 
para que seja capaz de eliciar uma resposta. Por exemplo, um único fóton a mais 
(exagerando para ficar bem claro) não seria capaz de eliciar uma resposta de 
contração da pupila, assim como um toque suave no joelho não elicia o reflexo 
patelar e assim por diante, é preciso que haja um mínimo de magnitude para que 
a resposta ocorra. 
 No entanto, há muito mais a se saber sobre isso, a primeira coisa é que 
este nível que é o limiar a partir do qual o comportamento é eliciado não é um 
valor fixo, ele pode variar entre diferentes contextos do organismo. Em um 
determinado dia ou situação, podemos estar mais sensíveis ao frio e nos 
arrepiarmos mais, a um estímulo sexual e termos mais probabilidade de uma 
ereção ou lubrificação, assim como a qualquer outro estímulo. 
 Estimulações subliminares, isto é, de magnitude inferior ao mínimo 
necessário para a eliciação de um comportamento respondente podem, no 
entanto, se acumularem, produzindo o que é chamado de Somação Temporal 
Subliminar, eliciando também o comportamento respondente por este processo 
de muitas estimulações consecutivas. 
 Também ocorre de um respondente ser eliciado continuamente por um 
estímulo acima do limiar e após um certo tempo de eliciação consecutiva, então 
haver uma fadiga do organismo, um cansaço que faz com que aquele mesmo 
estímulo não elicie o comportamento respondente, ele só será eliciado, neste 
caso, com uma maior intensidade do estímulo, é a chamada Fadiga 
Respondente. Basta imaginar que fiquemos dando pequenas marteladas no 
joelho de uma pessoa para assistir a sua perna se distendendo e que façamos 
isso dezenas ou até centenas de vezes de maneira consecutiva, depois de certo 
tempo será necessária uma pressão muito maior para que o comportamento 
aconteça, ao menos na mesma intensidade. 
 
Habituação e Potenciação 
 Também é possível que o organismo se transforme, no decorrer do tempo 
de sua relação com o ambiente e na relação entre a magnitude do estímulo e a 
 
9 
CBI of Miami 
intensidade da resposta através dos fenômenos da habituação e da potenciação, 
que indicam uma maior ou menor sensibilidade aos estímulos eliciadores. 
 No fenômeno da habituação, o organismo se torna mais insensível ao 
estímulo eliciador, isto quer dizer que diante de um certo estímulo, com uma 
magnitude constante, o organismo pode passar a não apresentar mais o mesmo 
comportamento ou apresentá-lo em menor intensidade, pois com o passar do 
tempo de exposição frequente, ele se habituou a ele. 
 O fenômeno da potenciação é o contrário, trata-se das situações em que, 
pelo mesmo motivo, o da exposição frequente, o organismo não se tornou mais 
insensível ao estímulo, pelo contrário, passou a ser mais sensível a ele, de modo 
que um estímulo com a mesma magnitude provoque um comportamento mais 
intenso. 
 Agora vamos apresentar também brevemente alguns aspectos que 
interferem na efetividade da aprendizagem respondente, isto é, no processo por 
meio do qual um indivíduo passa a se comportar diante de um estímulo neutro 
de modo que ele passa a ser um estímulo eliciador condicionado. 
 
Frequência e Magnitude do Estímulo 
 Se eu ou você formos expostos a um estímulo neutro ao mesmo tempo 
que a um estímulo que é eliciador de algum respondente em nós, isto ocorrerá 
em um certo tempo, mas qual tempo? Isto varia, mas pode-se dizer que quanto 
maior a frequência em que ocorre a apresentação, tanto mais provável dela 
ocorrer (no caso dos cachorros de Plavlov, a relação se completou com 60 
exposições, por exemplo) e quanto maior a magnitude do estímulo, tanto mais 
rápido isto deve ocorrer, até o ápice em que este condicionamento respondente 
acontece com uma única exposição com uma magnitude extraordinariamente 
grande, como nos exemplos que se seguem: 
 
 
 
 
 
 
10 
CBI of Miami 
Estímulo neutro Respondente Situação de pareamento 
Visão do carro Dor Após uma batida violenta, uma 
pessoa pode passar a apresentar 
respondentes da dor ao “ver” o carro. 
Visão de espaços 
abertos 
Coração 
acelerado, fôlego 
curto 
Após sofrer um assalto violento, uma 
pessoa pode apresentar esses 
comportamentos em quaisquer 
espaços abertos 
 
 
Contiguidade do Estímulo Eliciador para com o Estímulo Neutro e Sua 
Permanência no Ambiente 
 Quando o organismo é exposto ao estímulo neutro antes do estímulo 
eliciador e este é apresentado depois, então a probabilidade de aprendizagem 
respondente é maior. Especialmente se após a apresentação do estímulo 
eliciador, o estímulo neutro permanecer no ambiente. 
 Vamos dar o exemplo dos cães de Pavlov, se a sineta era tocada ANTES 
da carne ser apresentada, então é maior a probabilidade de ocorrer a 
aprendizagem respondente e se a sineta continuava a ser tocada ao mesmo 
tempo em que os cães viam a carne, então era ainda maior a efetividade deste 
pareamento respondente. 
 Vamos dar outro exemplo, vamos imaginar que uma criança com autismo 
fique “muito animada” com a Galinha Pintadinha, isto é, que ela sinta coisas 
extraordinárias, emoções maravilhosas diante deste desenho, então eu desejo 
produzir uma relação de aprendizagem respondente entre o desenho e o 
Aplicador em ABA, ou seja, quero que esta criança sinta o que ela sente diante 
da Galinha Pintadinha também diante deste aplicador, o que chamaríamos 
usualmente de “vínculo”. Então se este aplicador aparecer AO MESMO TEMPO 
que a Galinha Pintadinha, teremos este pareamento respondente e isto será 
mais efetivo quanto mais bacana for o episódio que estiver passando, quanto 
mais vezes esta concomitância ocorrer e especialmente se o Aplicador já estiver 
 
11 
CBI of Miami 
presente antes do episódio começar e permanecer no ambiente ao mesmo 
tempo que o episódio estiver passando. 
Predictibilidade Na Relação Entre Estímulo Neutro E Eliciador. 
 Ok, mas vamos continuar com o exemplo citado acima e está criança 
assistir a 60 episódios por dia e o aplicador só estiver presente em 6 deles? 
Então este pareamento será mais lento. Também ocorre o mesmo se o Aplicador 
estiver durante 6 horas diárias com estacriança e só por uma hora houver a 
Galinha Pintadinha e ainda assim em dias aleatórios. Ou seja, a visão do 
episódio não é capaz de prever a presença do Aplicador, assim como a presença 
dele nada nos diz sobre a disponibilidade do episódio da Galinha Pintadinha, 
mas quando um for “sinônimo” do outro, isto é, mesmo que o indivíduo assista 
menos à Galinha Pintadinha, mas se todas as vezes que isto ocorrer, o Aplicador 
esteja presente ou o contrário, ainda que o Aplicador não fique tanto com esta 
criança, mas sempre que ela esteja presente, a Galinha Presente também 
estiver, então podemos dizer que estes estímulos possuem relação preditiva 
entre si, SE o Aplicador está presente, ENTÃO a Galinha Pintadinha também 
estará ou o inverso, SE a Galinha Pintadinha está no ambiente, ENTÃO o 
Aplicador também estará e neste caso, tão maior é a efetividade da 
aprendizagem respondente. 
 
Comportamento Operante, o Império das Consequências 
 No caso do Comportamento Respondente, há um esquema bem 
simples em que um comportamento é eliciado por um estímulo do ambiente, o 
que é selecionado na história de evolução da espécie. No caso do 
Comportamento Operante, não estamos falando de um comportamento 
selecionado na história da espécie, mas na história do indivíduo, trata-se de um 
comportamento que não é simplesmente eliciado por um estímulo do ambiente, 
mas sim de um comportamento que deve ser emitido pelo organismo. Em 
princípio, Skinner usava a palavra espontâneo para adjetivar o comportamento 
operante, o que entrou em desuso depois, pelas possibilidades de confusão que 
a palavra indicava, mas o fato é que não se trata de uma relação automática em 
que o comportamento ocorre pela simples presença do estímulo, mas uma 
 
12 
CBI of Miami 
relação muito mais complexa, em que o comportamento ocorre se ele tiver sido 
vantajoso para o organismo no passado. 
 Anteriormente, já trabalhamos o conceito de Comportamento Operante, 
mas aqui vamos nos aprofundar um pouco mais em sua análise em uma unidade 
mínima, que é a Contingência, este conceito fundamental que trata da relação 
de dependência entre eventos, em geral visualizado sob o esquema de uma 
relação tríplice, entre Antecedentes (Antecedent - A), Resposta (Behavior - B) e 
Consequência (Consequence - C), que também pode ser representada por S – 
R – C, em que o S vem do inglês, Stimulus e o R de Response. Eu vou usar o A 
– B – C por motivos didáticos, mas é importante lembrar que em outros textos é 
possível encontrar a outra nomenclatura descrita. 
 
Neste campo se encontram todos 
os aspectos do ambiente que 
antecedem e exercem influência 
sobre o comportamento, incluindo 
os estímulos que sinalizam a 
possibilidade de Reforço (e 
Estímulo Discriminativo, que será 
explicado depois) e as Operações 
Motivadoras (também trabalhadas 
mais à frente) 
É a ação do 
organismo em si, 
isto é, que NÃO é 
eliciada pelo 
estímulo, mas 
ativamente emitida 
pelo organismo 
São os efeitos no 
ambiente 
produzidos pela 
resposta que 
exercem efeitos 
sobre a 
probabilidade de 
emissão desta 
resposta no futuro. 
A B C 
 
 Para que esta relação seja uma contingência, é preciso que haja uma 
relação de dependência entre eventos, eles precisam estar realmente 
relacionados, um aspecto do ambiente que em nada influencie a emissão de um 
certo comportamento não é um antecedente de fato e nem mesmo uma 
consequência, não tem relação com o comportamento e não faz parte da 
contingência, ainda que esteja no ambiente em que o comportamento ocorre. 
 Tudo aquilo que não é a resposta, é ambiente para que ela ocorra. Se eu 
estou analisando a resposta de uma pessoa de tomar água em meio a uma 
 
13 
CBI of Miami 
corrida, minha tarefa como Analista do Comportamento é colocar esta resposta 
em uma contingência, que é a unidade mínima de análise do comportamento 
dos organismos, então eu teria que dizer que “correr” é ambiente no qual esta 
pessoa bebe água. Mas se eu estou analisando o comportamento de correr do 
atleta, então eu diria que “tomar água” é parte do ambiente deste 
comportamento. 
 Deste modo, é preciso dizer que tudo o que se apresenta no contexto de 
ocorrência de um comportamento, exceto ele mesmo, é ambiente para sua 
existência, inclusive o comportamento de outras pessoas, da própria pessoa que 
se comporta, além de seu corpo, o ambiente químico e orgânico do organismo. 
 Seu dormi bem à noite, se acabei de brigar com a namorada, se estou 
bêbado ou com dor de cabeça, tudo isto interfere diretamente em como me 
comporto, daí que todos os estímulos de meu corpo que incidam sobre meu 
comportamento sejam estímulos antecedentes desta contingência, assim como 
a privação de água, comida, sexo, exposição ao sol, à dor ou outros processos 
ambientais que alterem o valor de outros estímulos (Operações Motivadoras). 
 A resposta é a ação do organismo, mas neste caso, não há nenhum 
mecanismo biológico que recepciona o estímulo e produz automaticamente a 
resposta, ela NÃO É ELICIADA, É EMITIDA, ou seja, é preciso um processo 
ativo do organismo para que ela ocorra. Em princípio, na constituição inicial da 
coleção de comportamentos do organismo, o que chamamos de Repertório, as 
respostas são aleatórias ou ocorrem somente como respondentes ou derivações 
dele, mas certas destas respostas são selecionadas pelo ambiente por meio das 
consequências, é a operação das contingências de reforçamento. 
 Algumas respostas operam mudanças no ambiente que opera sobre o 
organismo uma modificação, este organismo se torna um organismo modificado, 
alterado, com maior probabilidade de emitir aquela mesma resposta ou, ao 
contrário, com menor probabilidade de emiti-la, daí que o repertório dos 
organismos seja algo dinâmico, mutável, e sejamos transformados, dia após dia 
por nosso ambiente. 
 Vamos a um exemplo simples, imagine uma criança brincando em um 
cômodo qualquer, explorando o ambiente, ela emite respostas de tocar com a 
 
14 
CBI of Miami 
mão, dedo, pés, língua todas aquelas superfícies novas, exploração que já foi 
reforçada no passado, mas há um novo estímulo neste ambiente, uma tomada, 
e ela se dirige a ela com o dedo em riste. Esta resposta, a depender do ambiente 
em que ocorre, pode não produzir consequência alguma, pode ser uma 
estimulação proprioceptiva sem graça e pronto, acabou-se, não se realizou uma 
contingência. Mas pode acontecer duas outras coisas interessantes para nossa 
análise, é possível que o ambiente em que o comportamento ocorre, a tomada, 
esteja molhado e uma poderosa corrente de 110v corra pelo corpo do bebê, 
estimulando gravemente os receptores de dor de seu corpo e esta estimulação 
transforme o bebê no sentido de que ele se torna menos provável de emitir o 
mesmo comportamento, esta consequência foi provocada pelo comportamento 
em si, mas diminuiu a probabilidade de que ele volte a ocorrer no futuro. Também 
pode ocorrer de a mãe ver este bebê se arriscando e imediatamente pegá-lo no 
toco e tascar-lhe um beijinho e mudá-lo de ambiente, isto é uma consequência 
vantajosa para o bebê e pode, portanto, modificá-lo no sentido oposto e ele se 
tornar um bebê com maior probabilidade de pegar na tomada, mas aqui alguém 
poderia dizer que não foi uma consequência provocada pelo comportamento 
dele e sim por outra pessoa. Atenção a este ponto, com exceção da resposta em 
si, tudo é ambiente e a mãe e o comportamento da mãe É AMBIENTE para o 
comportamento deste indivíduo e foi o comportamento dele que produziu aquela 
alteração no ambiente, a mãe não o teria pegado e mudado de lugar se ele não 
tivesse colocado o dedo na tomada, de modo que foi sim, seu comportamento, 
o produtor daquelas consequências, ainda que elas tenham sido 
SOCIALMENTE MEDIADAS. 
 Podemos aplicar a fórmula SE...ENTÃO, para avaliar se estamos de fato 
falando de uma contingência. Em uma situação, SE o bebê colocao dedo na 
tomada, ENTÃO ele toma um choque (contingência de punição) ou SE o bebê 
coloca o dedo na tomada, ENTÃO a mãe o pega e retira do local 
(contingência de reforçamento). Mas também poderia acontecer uma coisa 
totalmente diferente, exatamente quando o bebê tocasse na tomada, o seu 
papai, que não estava em casa, chega no ambiente e corre para fazer carinho 
em seu filhote. Neste caso, o papai não chegou EM FUNÇÃO de o bebê estar 
 
15 
CBI of Miami 
com o dedo na tomada, foi somente uma coincidência, não foi colocar o dedo na 
tomada que provocou a mudança no ambiente CHEGADA DO PAPAI. Mas ainda 
assim, é possível que o organismo passe a se comportar com um aumento de 
probabilidade deste comportamento, colocar o dedo na tomada, devido a um 
evento do ambiente que aconteceu logo após a ele, mas não provocado por ele, 
esse é o chamado Comportamento Supersticioso. 
 Comportamento Supersticioso é aquele aprendido por meio da 
modificação do organismo por um evento do ambiente que foi contíguo a uma 
resposta, isto é, seguiu imediatamente uma resposta no tempo, mas não foi 
produzida por ela. Talvez você mesmo conheça pessoas que usem uma mesma 
camisa em dias de jogo de seu time, porque em algum dia no passado o time 
ganhou após ele colocar a camisa, use uma cueca em dia de prova, porque foi 
muito bem em alguma prova no passado usando aquela mesma cueca e assim 
por diante. 
 Este mesmo comportamento foi observado em pombos, colocados em 
Caixas de Skinner programadas para liberar comida a cada 10 segundos, o que 
coincidia com comportamentos como girar ou dar uma cabeçada, fazendo com 
que estes comportamentos se estabelecessem como comportamentos 
supersticiosos. 
 
Reforço Positivo e Reforço Negativo 
 Uma contingência não é considerada Reforçadora ou Punidora se ela é 
boa ou ruim, se é agradável ou desagradável, isto tem nenhum papel nesta 
definição. Uma contingência de reforçamento é uma outra coisa completamente 
diferente, trata-se de números, de matemática, uma contingência é 
reforçadora se ela aumenta a probabilidade de uma resposta voltar a 
ocorrer no futuro. Vamos falar um pouco desta história. 
 Thorndike realizou as pesquisas que são consideradas como 
antecessoras diretas do trabalho sobre comportamento operante de Skinner. O 
equipamento utilizado por Thorndike foi o que ele chamou de Caixa Quebra-
Cabeças, em que trabalhou especialmente com gatos. Nestas caixas, havia um 
mecanismo de destravar a porta, o que daria acesso ao ambiente externo, que 
 
16 
CBI of Miami 
tinha comida. Em princípio, os gatos faziam inúmeras coisas dentro da caixa, 
basicamente todos os movimentos que já faziam em sua vida, mas 
aleatoriamente, em algum momento, pressionavam o mecanismo e ele abria. A 
grande questão colocada é que ao serem novamente inseridos na caixa, eles 
demoravam menos tempo para fazer o mesmo movimento para sua abertura e 
isto ocorria progressivamente, até que o gato entrava na caixa e imediatamente 
se comportava abrindo o mecanismo. 
 Thorndike opôs os sentimentos de agradável a desagradável e 
interpretou que comportamentos que levavam a condições mais agradáveis 
aumentavam de probabilidade, o que ele chamou de Lei do Efeito, que 
influenciou decisivamente Skinner no conceito de reforçamento. 
 A oposição entre agradável e desagradável estabelecia um julgamento 
subjetivo que não tinha papel no processo objetivo do comportamento, além de 
uma série de outras inferências antropomorfizastes dos animais presentes em 
seu trabalho (e na maior parte também dos outros pesquisadores da época), mas 
lançou as bases do trabalho de Skinner, que em 1931 publicou sua tese sobre o 
Comportamento Respondente e se preparava para ampliar enormemente a 
compreensão teórica do comportamento dos organismos com o conceito de 
Comportamento Operante. 
 Imagine uma situação clássica, um rato jovem, ingênuo, sem história de 
vida pregressa com nenhuma caixa, nenhuma barra, nada, só comida à vontade 
até esse momento. Agora ele foi deixado privado de comida e colocado em uma 
caixa jamais vista, jamais sentida, tudo é novo para ele, o jovem ratinho está na 
Caixa de Skinner. 
 O rato, em sua breve história de vida, aprendeu a fazer algumas coisas 
simples, ele sabe cheirar os lugares, arrastar a pata no chão e em superfícies 
laterais e é exatamente isto que ele faz nesta caixa, tudo o que sabe, ele está 
com fome e o tempo está passando. A caixa é pequena, mas imagine quantos 
desses movimentos é possível de se fazer lá dentro, vamos chutar que seja 
possível fazer 100 movimentos, incluindo arrastar as patinhas ou o focinho em 
todos os lugares. Se não há qualquer história prévia do rato naquela caixa e em 
nada parecido, então podemos dizer a probabilidade de cada um desses 
 
17 
CBI of Miami 
movimentos ocorrer é de 1/100, mas quando ele faz um deles, aleatoriamente e 
ele não produz consequência alguma, este mesmo movimento se torna mais 
improvável, talvez 1/300 e os outros movimentos ainda não testados se tornam 
cada vez mais prováveis de acontecer, porque as possibilidades vão diminuindo. 
 Desses 100 movimentos possíveis, imaginemos que o ratinho já fez 60 e 
nenhuma consequência foi dada a nenhum deles, este dia não está fácil. 
 Mas o que o rato não tinha como saber, é que o Tio Skinner programou 
aquela caixa com uma barra, cuja pressão é um dos 100 comportamentos 
possíveis, para disparar um impulso elétrico que faz um registro em uma folha e, 
ao mesmo tempo, aciona um mecanismo que libera uma pelota de comida para 
o rato. O movimento de número 61 do ratinho é justamente pressionar a barra e 
quando a comida sai, ele a come imediatamente. A partir de agora, o rato tem 
60 movimentos sem consequência, 39 movimentos ainda não realizados e 1 
movimento que produziu uma consequência poderosa, comida. Este 
comportamento (pressão à barra) se torna mais provável de ocorrer, porque a 
consequência gerada pelo comportamento no ambiente operou uma mudança 
sobre este organismo, uma consequência reforçadora. 
 Se o rato fosse o Mickey, um baita bichinho inteligente e falastrão, com 
uma história de aprendizado pela observação e por regras (que vão aprender 
mais à frente), ele provavelmente só iria pressionar a barra daqui por diante, mas 
não é este o caso do rato e nem do pombo e nem de um ser humano como um 
bebê, sem história de aprendizagem por regras e observação. O rato continua 
fazendo vários comportamentos, mas como o comportamento de pressão à 
barra aumentou de probabilidade, não demora muito a ele voltar a esta resposta. 
 Quando o ratinho volta a pressionar a barra, novamente isto produz a 
consequência “comida” e o comportamento aumenta de probabilidade, enquanto 
todas as outras respostas emitidas na caixa não produzem resposta alguma e 
diminuem progressivamente de probabilidade. Depois de um certo tempo o rato 
simplesmente pressiona a barra, come, volta a pressionar a barra, come e assim 
por diante. É simples assim, o comportamento de pressionar a barra foi 
reforçado, os demais não. 
 
18 
CBI of Miami 
 É claro que aqui eu estou dando um exemplo bem simples para efeito 
didático, mas a mesma coisa acontece conosco, os seres humanos também 
aprendem por contingências de reforçamento, é assim que aprendemos a comer 
à mesa, a falar, a fazer carinho nos animais, a assistir filmes e assim por diante. 
 É verdade que no caso dos seres humanos, o estabelecimento da 
linguagem leva ao comportamento governado por regras e à aprendizagem por 
observação, que são formas mais complexas de aprendizagem, mas que 
também partem das contingências de reforçamento, em princípio (isso será 
tratado à frente), mas a base de tudo são as contingências diretas de reforço. 
 Este reforçamento, isto é, a consequência do ambiente que seleciona um 
certo comportamento, fazendo-o aumentar de probabilidade no futuro, pode 
ocorrer por meio da retirada deum estímulo do ambiente, um estímulo aversivo, 
isto é, que é vantajoso para o organismo se livrar dele, neste caso chamamos 
este processo de Reforço Negativo, como nos exemplos abaixo: 
 
A B C Probabilidade do 
comportamento no futuro 
Dor no dedão 
do pé, 
andando de 
tênis 
Para e tira 
uma 
pedrinha de 
dentro do 
tênis 
A dor é 
eliminada 
Da próxima vez que estiver 
na mesma situação, tem 
maior probabilidade de 
novamente parar e retirar 
uma pedrinha que esteja 
incomodando 
Dor forte de 
cabeça 
Toma um 
remédio 
Dor é 
eliminada 
Da próxima vez que estiver 
na mesma situação, tem 
maior probabilidade de tomar 
o mesmo remédio 
Entra no 
carro e 
começa a 
ouvir um 
apito cada 
Coloca o 
cinto de 
segurança 
O apito é 
silenciado 
Da próxima vez que entrar no 
carro, tem maior 
probabilidade de colocar o 
cinto 
 
19 
CBI of Miami 
vez mais 
forte 
Vizinho 
coloca o som 
altíssimo, 
doendo seus 
tímpanos 
Pede ao 
vizinho para 
baixar a 
música 
Vizinho baixa 
a música, que 
fica inaudível 
em sua casa 
Maior probabilidade de pedir 
ao vizinho para baixar a 
música quando estiver muito 
alta 
Privação de 
água 
Vai ao 
bebedouro 
pegar água 
e tomar 
Sede é 
eliminada 
Maior probabilidade de ir ao 
bebedouro e tomar água na 
próxima vez que estiver com 
sede 
 
 Observe no caso acima que a questão NÃO é de reforço de 
comportamentos negativos, comportamentos ruins, nem nada disso, uma 
análise científica do processo não faz este tipo de julgamento, se algo é bom ou 
ruim, isto é um julgamento valorativo e não científico. Também não se trata de 
dizer que a consequência é ruim, ou “negativa”, aqui as palavras Positivo e 
Negativo não tem qualquer relação com Bom ou Ruim e sim com Adição e 
Subtração, é uma questão matemática, de retirar ou adicionar um estímulo ao 
ambiente. Há também outro aspecto matemático que é o fato de a consequência 
ser reforçadora, isto é, que aumenta a probabilidade de o comportamento voltar 
a acontecer no futuro, ou punidora, em que se diminui a probabilidade de ele 
ocorrer no futuro. Mas como aqui estamos falando de Reforço Positivo e 
Reforço Negativo, estamos nos limitando aqui a consequências que aumentam 
a probabilidade de um comportamento ocorrer no futuro, embora isso possa 
ocorrer como decorrência da adição de um estímulo ao ambiente ou a subtração 
de um estímulo ao ambiente. 
 
 
 
 
 
20 
CBI of Miami 
 Mas quando a consequência no ambiente não é a retirada de um estímulo, 
mas a adição de um, então chamamos este processo de Reforço Positivo: 
A B C Probabilidade do 
comportamento no futuro 
Na praça, à 
noite 
Toma um 
sorvete 
O gosto é 
adicionado ao 
paladar 
Da próxima vez que estiver na 
mesma situação, tem maior 
probabilidade de novamente 
tomar um sorvete 
Junto aos 
amigos 
Utiliza 
cocaína 
Sensações 
alteradas 
Da próxima vez que estiver na 
mesma situação, tem maior 
probabilidade de novamente 
cheirar cocaína 
Privado de 
atenção 
Posta uma 
foto no 
Instagram 
Dezenas de 
likes e 
comentários 
(atenção) 
Da próxima vez que estiver na 
mesma situação, tem maior 
probabilidade de publicar outra 
foto 
Durante o 
mês 
Trabalha 
em uma 
empresa 
Recebe o 
salário que 
troca por 
aluguel, luz, 
água, roupas... 
Aumenta a probabilidade de 
me manter me comportamento 
trabalhando. 
De manhã, 
acabando de 
acordar 
Vai à 
academia 
Sente-se bem 
disposto OU 
encontra 
amigos OU o 
corpo malhado 
permite tirar 
fotos que 
gerem atenção 
OU 
oportunidades 
Maior probabilidade de voltar à 
academia 
 
21 
CBI of Miami 
sexuais OU 
mais saúde... 
Em sala de 
aula, em 
privação de 
atenção 
Bagunça Professora dá 
bronca 
(atenção) 
Maior probabilidade de 
“bagunçar” em sala na próxima 
aula 
 
 Observe que nem todas as consequências descritas podem ser 
consideradas como “boas” ou “agradáveis” e nem todas elas aumentaram 
comportamentos “adequados”, mas para compreendermos esta operação não é 
isto que importa e sim a probabilidade aumentada desses comportamentos no 
futuro e que isso se dê por meio da adição de um estímulo ao ambiente. 
 Também é importante destacar alguns outros aspectos fundamentais da 
relação de reforçamento: 
1. Um estímulo ser ou não reforçador não constitui uma propriedade particular 
do estímulo em si, mas uma relação estabelecida entre ele e um comportamento 
em um certo contexto. Veja, um estímulo pode seguir um comportamento e 
aumentá-lo de probabilidade no caso de uma pessoa, mas não de outra. Uma 
pessoa se comporta por drogas, outras as rejeitam completamente, algumas vão 
à academia todos os dias às seis da manhã para sentirem as estimulações 
corporais do exercício outros ficam de mau humor só em pensar nisso (ok, isso 
foi um testemunho) e assim por diante, então não existe uma coisa que é um 
reforçador e outra que não é, o que existe são estímulos do mundo que exercem 
a função de reforçamento ou não em certas condições específicas; 
2. Um estímulo pode inclusive ser reforçador agora, para uma certa pessoa e 
não ser amanhã ou não ser daqui a meia hora, isto porque nós variamos nossa 
sensibilidade ao ambiente, seja porque deixamos de apreciar algo, seja porque 
estamos momentaneamente saciados daquela coisa, como a comida, a água ou 
de dormir, por exemplo. 
3. Existem fatores que exercem influência em quanto uma consequência é capaz 
de reforçar um comportamento como: privação do organismo daquele estímulo 
ou exposição a um estímulo aversivo (Operação Motivadora Estabelecedora); 
 
22 
CBI of Miami 
Imediaticidade da consequência (consequências atrasadas têm efeito diminuído 
ou eliminado); Magnitude do reforçador (sua quantidade ou intensidade); O 
esquema de reforçamento (ou seja, se produz as consequências reforçadoras 
todas as vezes ou às vezes, em que proporcionalidade), entre outros; 
4. Mesmo quando um comportamento é abundantemente reforçado e mesmo 
que o ambiente seja exatamente o mesmo, nunca é possível garantir, com 100% 
de certeza, que o indivíduo irá se comportar da mesma forma naquela situação, 
isto porque o comportamento não é eliciado pelo estímulo, ele deve ser 
ativamente emitido pelo organismo. Assim, nós podemos dizer com certeza que 
se um comportamento foi reforçado, ele irá ocorrer na maior parte das vezes 
em que aquele mesmo contexto se repetir, mas não que ele irá ocorrer todas 
as vezes em que o contexto se repetir. 
 
Respostas, Estímulos E Suas Classes 
 Digamos que uma pessoa esteja na escola, na posição de estudante, seu 
nome é “Alane” e tenha uma dúvida durante a aula de matemática, ela levanta a 
mão e a Professora diz “Pois não, Alane, qual sua dúvida?”, a Alane pergunta 
algo referente ao conteúdo e a Professora responde com um sorriso no rosto e 
uma explicação que tornou tudo mais fácil daqui por diante. Vejamos que 
contingência foi essa: 
A B C Probabilidade do 
comportamento no futuro 
Na sala, com 
uma dúvida 
sobre adição 
de 2 
algarismos 
Levantou a 
mão e 
perguntou à 
Professora 
A Professora 
respondeu 
Da próxima vez que estiver 
na mesma situação, tem 
maior probabilidade de 
novamente perguntar 
 
 Ocorre o seguinte, da próxima vez que esta ocasião se repetir, os 
estímulos que compõem o antecedente não serão exatamente os mesmos, ela 
pode estar na aula de matemática, bem-disposta, diante de certa professora, 
com uma dúvida, mas esta dúvida não será exatamente a mesma. A Professora 
 
23 
CBI of Miami 
pode dar a mesma consequência, isto é, responder à pergunta, com um sorriso 
no rosto, explicar direitinho, mas usará outras palavras, talvez esteja em outra 
posição, com um tom de voz com outra oscilação e com o sorriso com uma ligeira 
diferença de envergadura. Da mesma forma que a própria Alane vai levantar seu 
braço talvez um milímetro abaixo ou acima da vez anteriore formular de maneira 
diferente esta nova dúvida. Se há assim tantas diferenças, como podemos dizer 
que esses casos tratam do mesmo comportamento? Aí é que entra a noção de 
classe. 
 Os estímulos não são avaliados por sua forma exata, mas pela relação 
funcional que estabelecem com o organismo, assim como as respostas não são 
classificados por sua forma, sua topografia, como chamamos, que é o percurso 
físico em que ocorre, mas pela relação funcional com os estímulos do ambiente. 
Imaginemos uma certa contingência que segue abaixo: 
A B C Probabilidade do 
comportamento no 
futuro 
No 
escuro 
Usa o dedo 
indicador para 
mover o 
interruptor e 
acender a luz 
A luz se espalha 
pelo ambiente, 
possibilitando que 
o indivíduo veja o 
que o cerca 
Da próxima vez que 
estiver no escuro neste 
ambiente, tem maior 
probabilidade de 
novamente pressionar o 
interruptor 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
CBI of Miami 
 Ocorre que esta mesma resposta pode ocorrer de muitas diferentes 
formas, como por exemplo as que seguem: 
A B C Probabilidade do 
comportamento no 
futuro 
No 
escuro 
Usa o dedo 
indicador para 
mover o 
interruptor e 
acender a luz 
A luz se espalha 
pelo ambiente, 
possibilitando que 
o indivíduo veja o 
que o cerca 
Da próxima vez que 
estiver no escuro neste 
ambiente, tem maior 
probabilidade de 
novamente pressionar o 
interruptor Pressionar o 
interruptor com 
o polegar 
Pressionar o 
interruptor com 
o anelar 
Pressionar o 
interruptor com 
o mindinho 
Dizer “Alexa, 
acender a luz” 
Dizer “Ok 
Google, acenda 
a luz” 
Pressionar a 
pera-interruptor 
(só os mais 
velhos vão 
entender essa) 
Girar a lâmpada 
mal encaixada 
 
 
25 
CBI of Miami 
 Nesse caso descrito acima, estamos tratando de uma mesma 
contingência, mas a forma do comportamento é o que varia, o que chamamos 
de Topografia da resposta. No entanto, quando temos uma mesma contingência, 
essas variações de forma são naturais, são variações topográficas e não 
variações de função, em todos os casos a resposta exerce a mesma relação com 
o ambiente, daí que todas essas respostas sejam o que chamamos de uma 
Classe de Respostas, variações topográficas com a mesma função. 
 Neste caso, o conceito pode até não estranhar ao leitor, mas outro 
exemplo pode colocá-los a pensar mais seriamente a respeito: 
A B C Probabilidade do 
comportamento no 
futuro 
Em 
qualquer 
lugar, 
diante da 
mãe, em 
privação 
da 
mamadeira 
Pega um cartão 
com uma 
pessoa com a 
mão levantada 
com a escrita 
“Eu quero” e 
cola em uma 
faixa de velcro, 
depois pega 
outro cartão 
escrito “Leite” e 
com a imagem 
de uma garrafa 
de leite e cola 
logo à frente na 
mesma faixa e 
entrega à mãe 
Mãe dá a 
mamadeira e a 
fome é afastada 
Da próxima vez que está 
em privação do leite, faz 
o mesmo 
comportamento 
Fala “Mamãe, 
quero leite” 
 
26 
CBI of Miami 
Se joga no não 
e grita 
 
 Neste caso acima a criança emite respostas completamente diferentes 
uma da outra, na primeira oportunidade ela entrega cartões de comunicação 
alternativa, na segunda ela pede por meio da fala e na terceira ela simplesmente 
se joga no chão e grita, mas nos 3 casos o comportamento ocorre diante de um 
antecedente específico que é a privação de leite – sentindo fome (Operação 
Motivacional) e diante da mãe (Estímulo Discriminativo) e tem uma consequência 
específica que é o leite. Nos 3 casos, o que vemos é uma criança pedindo por 
leite, ainda que o faça de 3 formas completamente distintas, este é um casos 
também de uma Classe de Respostas, porque a resposta não é compreendida 
por sua forma, sua topografia, isto é, pelas instâncias físicas em que ocorre, seja 
movimentando os braços e cartões, pela produção da vibração do som pelas 
pregas vocais e modulada pela boca ou friccionando o corpo contra o chão 
enquanto produz sons agudos e indistinguíveis de choro, nada disso é o 
fundamental para esta classificação e sim a relação da resposta com os 
antecedentes e os consequentes. 
 A mesma coisa se pode dizer dos estímulos. É claro que eles podem ser 
classificados, a depender do objetivo que os estamos tratando, a partir de sua 
forma física, sua topografia, como, por exemplo a classificação em termos de 
estímulos auditivos, visuais, proprioceptivos, olfativos, entre outros, mas quando 
estamos falando em análise de contingências, então o que é fundamental é a 
função exercida por esses estímulos e não sua topografia. 
 Digamos que uma professora deu atenção a um aluno na forma de um 
elogio, ou uma esculhambação ou um toque e que esta atenção reforçou um 
comportamento que ele tenha emitido, não importa que julguemos esta 
consequência de boa ou ruim ou qualquer outra avaliação, o que importa para 
fins de análise do comportamento é que a Professora deu atenção a este 
comportamento e que esta consequência operou sobre este comportamento 
uma transformação específica que foi o aumento de probabilidade. Esta 
 
27 
CBI of Miami 
“atenção”, em geral, nas variadas formas que pode ocorrer, também participa, 
portanto, de uma Classe de Estímulos. 
 
Reforçadores Naturais e Arbitrários 
 Na vida real, em uma situação não controlada em que as coisas 
acontecem fora de um processo específico e controlado de ensino, os 
comportamentos acontecem e produzem certas consequências, que podem ser 
diferentes daquelas que utilizamos de maneira “artificial” para favorecer a 
aprendizagem e esta constitui a diferença fundamental entre reforçadores 
naturais e arbitrários. 
 Qual é o reforçador natural de um xaveco bem dado? Uma relação de 
intimidade. 
No entanto, eu posso arranjar um ambiente de um Grupo de Habilidades Sociais 
em que as pessoas simulam situações de xavecos, a partir de certos 
pressupostos fundamentados no respeito aos Direitos Humanos do xavecado e 
receber outras consequências, como feedback descritivo das habilidades 
demonstradas, elogio dos parceiros de grupo, talvez palmas até, são 
reforçadores arbitrários, isto é, que não ocorrerão em uma situação natural de 
ocorrência do comportamento. 
 Qual é o reforçador natural de discriminar cores? Atender a um pedido 
dos pais para pegar um objeto ou roupa ou ainda um brinquedo 
 No entanto, eu posso arranjar um ambiente em que um indivíduo aponta 
para a cor que nomeei e recebe um elogio, um comestível, uma estrelinha, que 
não é a consequência que ocorrerá no dia a dia. 
 Mais à frente este tópico será muito mais trabalhado, mas o que é 
importante dizer neste contexto é que na maior parte das vezes nós usamos o 
reforçamento arbitrário e não há qualquer problema nisso, mas é preciso que 
haja o planejamento do que chamamos de transferência de função de estímulo, 
por meio do qual um comportamento que ocorre em função de um reforço 
arbitrário vai sendo modificado de modo a ocorrer em função do reforço natural 
ao fim do processo de ensino. 
 
28 
CBI of Miami 
 Vamos de um exemplo bem corriqueiro, a mãe entre no elevador com o 
filho e lá tem um homem ou uma mulher, ela diz ao filho “Dá bom dia para a 
moça!” e uma leve cotovelada, o filho diz “Bom dia!” e a mãe diz “Isso mesmo, 
tem que ser educado”. Este menino do exemplo está aprendendo um 
comportamento sob controle (expressão muito usual em Análise do 
Comportamento para designar as relações funcionais do comportamento com o 
ambiente) da mãe, sua cotovelada, instrução e elogio. Este elogio da mãe é uma 
consequência arbitrária e quando damos “Bom dia” para as pessoas no elevador, 
elas não nos elogiam, elas simplesmente respondem “Bom dia”, de modo que 
este é o reforçador natural do comportamento de dar “Bom dia” e é o que deve, 
ao final, controlar nosso comportamento e é por isso que aos poucos as mães 
reduzem as cotoveladas, instruções e elogios e o comportamento passa a 
ocorrer sob controle das contingências naturais. 
 Da mesma formanão lemos textos para tirar nota azul na realidade, não 
fazemos um desenho para não sermos tirados de sala, não jogamos futebol para 
ficar com presença e assim por diante, a escola é um grande arranjo de 
contingências arbitrárias com o objetivo de transformar quem por lá passa, de 
modo que essas pessoas se comportem de certa maneira em sua vida social 
cotidiana.