Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Hanseníase Estágio Curricular Supervisionado do 8º semestre Hanseníase • Doença crônica, infectocontagiosa, com influência genética, causada pelo Mycobacterium leprae. • O bacilo é capaz de infectar grande número de indivíduos (alta infectividade), embora poucos adoeçam (baixa patogenicidade). • É a única espécie de micobactéria que infecta nervos periféricos, especificamente as células de Schwann. • Está inserida no grupo de doenças tropicais negligenciadas, e prevalece em áreas em que a população vive em situações de vulnerabilidade socioeconômica, com dificuldades de acesso aos serviços de saúde. • Bacilo microaerófilo. • Reservatório: O homem é reconhecido como a única fonte de infecção, embora tenham sido identificados animais naturalmente infectados – tatu, macaco mangabei e chimpanzé. Hanseníase • Período de incubação: 02 a 07 anos. • Há informações de incubação por 7 meses e também por 10 anos • Precaução: PADRÃO! • Influência genética. Hanseníase Hanseníase - Patogenia Hanseníase – Fatores de risco Hanseníase – Sinais e sintomas Hanseníase – Sinais e sintomas • Manchas esbranquiçadas (hipocrômicas), acastanhadas ou avermelhadas, com alterações de sensibilidade ao calor e/ou dolorosa, e/ou ao tato; • Formigamentos, choques e câimbras nos braços e pernas, que evoluem para dormência – a pessoa se queima ou se machuca sem perceber; • Pápulas, tubérculos e nódulos, normalmente sem sintomas; • Diminuição ou queda de pelos, localizada ou difusa, especialmente nas sobrancelhas (madarose); • Pele infiltrada (avermelhada), com diminuição ou ausência de suor no local. Hanseníase - Classificação Paucibacilares – PB: Pacientes que apresentam até cinco lesões de pele com baciloscopia de raspado intermediário negativo. Formas: Indeterminada e Tuberculóide. Multibacilar – MB: Pacientes que apresentam mais de cinco lesões de pele ou baciloscopia de raspado intradérmico positivo. Formas: Dimorfa e Virchowiana. Hanseníase – Paucibacilar indeterminada É a forma inicial, evolui espontaneamente para a cura na maioria dos casos ou evolui para as formas polarizadas em cerca de 25% dos casos, o que pode ocorrer no prazo de 3 a 5 anos. Geralmente, encontra-se apenas uma lesão, de cor mais clara que a pele normal, com distúrbio da sensibilidade, ou áreas circunscritas de pele com aspecto normal e com distúrbio de sensibilidade, podendo ser acompanhadas de alopecia e/ou anidrose (ausência de suor). Hanseníase – Paucibacilar tuberculóide Forma mais benigna e localizada que aparece em pessoas com alta resistência ao bacilo. As lesões são poucas (ou uma única), de limites bem definidos e pouco elevados, e com ausência de sensibilidade (dormência). Ocorre comprometimento simétrico de troncos nervosos, podendo causar dor, fraqueza e atrofia muscular. Nas lesões e/ou trajetos de nervos, pode haver perda total da sensibilidade térmica, tátil e dolorosa, ausência de sudorese e/ou alopecia. Hanseníase – Multibacilar dimorfa Forma intermediária, resultante de uma imunidade também intermediária, com características clínicas e laboratoriais que podem se aproximar do polo tuberculoide ou virchowiano. A variedade de lesões cutâneas é maior e estas apresentam-se como placas, nódulos eritêmato-acastanhados, em grande número, com tendência à simetria. As lesões mais características dessa forma clínica são denominadas lesões préfaveolares ou faveolares, sobre-elevadas ou não, com áreas centrais deprimidas e aspecto de pele normal, com limites internos nítidos e externos difusos. O acometimento dos nervos é mais extenso, podendo ocorrer neurites agudas. Hanseníase – Multibacilar virchowiana A imunidade celular é nula e o bacilo se multiplica com mais facilidade, levando a uma maior gravidade, com anestesia dos pés e mãos. Esse quadro favorece os traumatismos e feridas, que por sua vez podem causar deformidades, atrofia muscular, inchaço das pernas e surgimento de lesões elevadas na pele (nódulos). As lesões cutâneas caracterizam-se por placas infiltradas e nódulos (hansenomas), de coloração eritêmato- acastanhada ou ferruginosa, que podem se instalar também na mucosa oral. Hanseníase – Multibacilar virchowiana Podem ocorrer infiltração facial com madarose superciliar e ciliar, hansenomas nos pavilhões auriculares, espessamento e acentuação dos sulcos cutâneos. Pode, ainda, ocorrer acometimento da laringe, com quadro de rouquidão, e de órgãos internos (fígado, baço, suprarrenais e testículos), bem como a hanseníase histoide, com predominância de hansenomas com aspecto de queloides ou fibromas, com grande número de bacilos. Ocorre comprometimento de maior número de troncos nervosos de forma simétrica. Hanseníase - Transmissão Transmissão vias respiratórias superiores – Indivíduos que não estão em tratamento, com as formas Multibacilares Paucibacilares (PB) – não são considerados importantes como fonte de transmissão da doença devido à baixa carga bacilar. Multibacilares (MB) sem tratamento são capazes de eliminar grande quantidade de bacilos para o meio exterior (carga bacilar de cerca de 10 milhões de bacilos presentes na mucosa nasal). Hanseníase - Transmissão • Convivência por período longo com o doente sem tratamento; • Há pessoas sensíveis e pessoas resistentes ao bacilo de Hansen; • A maioria das pessoas é resistente- contato com o bacilo sem adoecimento; • O homem é considerado a única fonte de infecção da hanseníase; • A hanseníase não é hereditária. Hanseníase - NÃO Transmissão • Via sexual; • Usando o mesmo banheiro; • Abraço e aperto de mão; • Nos utensílios domésticos; • Através dos alimentos; • Nas roupas; • Na piscina; • No banco de ônibus; • Em contato com animais; • Em contato com insetos; • Em águas de esgoto e de chuva; • Pelo sangue; • Pela placenta; • No momento do parto; • No leite materno; • Hereditária. Complicações da Hanseníase Hanseníase – Complicações Nariz Rinite hansênica decorre da massiva infiltração da mucosa do trato respiratório superior. A ulceração da mucosa septal leva à exposição da cartilagem com necrose e sua perfuração ou mesmo perda completa desse suporte da pirâmide nasal. Comprometimento dos ossos próprios nasais: “nariz em sela” ou nariz desabado. Hanseníase – Complicações Ocular Triquíase decorre de processo inflamatório do próprio bulbo piloso ou por atrofia dos tecidos que apoiam os folículos, com posicionamento anômalo do cílio podendo atingir córnea e conjuntiva. Hanseníase – Complicações Lesões neurais Os troncos nervosos mais acometidos, no membro superior, são o nervo ulnar, nervo mediano e nervo radial. falange proximal é hiperextendida e os flexores profundos flexionam exageradamente as falanges distais – o resultado é a mão em garra. A lesão do nervo radial, menos acometido entre eles, conduz à perda da extensão de dedos e punho, causando deformidade em “mão caída”. Hanseníase – Complicações Reações Hansênicas Alterações do sistema imunológico, que se exteriorizam como manifestações inflamatórias agudas e subagudas. Podem ocorrer antes, durante ou após o tratamento da infecção. Afetam especialmente a pele e os nervos periféricos, podendo acarretar dano neural e incapacidades físicas permanentes quando não tratadas adequadamente. • Reação tipo 1 ou reação reversa • Reação tipo 2 ou eritema nodoso hansênico Hanseníase – Complicações Reações Hansênicas • Reação tipo 1 Aparecimento agudo de novas lesões dermatológicas (manchas ou placas), infiltração, alterações de cor e edema nas lesões antigas, com ou sem espessamento e neurite. • Reação tipo 2 Expressão clínica mais frequente, cujo quadro inclui nódulos subcutâneos dolorosos, acompanhados ou não de febre, dores articulares e mal-estar generalizado, com ou sem espessamento e neurite. Hanseníase - Diagnóstico Clínico e epidemiológico Análise da história e das condições de vida do paciente Exame dermatoneurológico para identificarlesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade e/ou comprometimento de nervos periféricos (sensitivo, motor e/ou autonômico) Baciloscopia Teste rápido Hanseníase - Diagnóstico lesão(ões) e/ou área(s) da pele com alteração de sensibilidade; acometimento de nervo(s) periférico(s), com ou sem espessamento, associado alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas; e baciloscopia positiva de esfregaço intradérmico. Considera-se um caso de hanseníase: Hanseníase - Diagnóstico Exame dermatológico Teste da sensibilidade dos olhos, mãos e pés. Identificar lesões de pele por meio de inspeção de toda a superfície corporal; Realizar pesquisa de sensibilidade térmica, dolorosa e tátil nas lesões e/ou áreas suspeitas para verificar qualquer alteração. Orientar o paciente como os testes serão realizados; Necessário o foco tanto do examinador quanto do paciente. Hanseníase - Diagnóstico Para realizar o exame dermatológico: Ambiente tranquilo e confortável, sem interferência externa; Posicione o paciente sentado confortável e com relaxamento dos membros; Demonstre o teste em área normal; Tape a visão do paciente/ feche os olhos; A sequência pode ser aleatória. Registro no prontuário de todo o exame dermatológico, as lesões e alterações de sensibilidade encontradas. Hanseníase - Diagnóstico Hanseníase - Diagnóstico Hanseníase - Diagnóstico Hanseníase - Diagnóstico Hanseníase - Diagnóstico Exame dermatológico Hanseníase - Diagnóstico Exame dermatológico Hanseníase - Diagnóstico Nervos Hanseníase - Diagnóstico Nervos Hanseníase - Diagnóstico Nervos Hanseníase - Diagnóstico Nervos Hanseníase - Diagnóstico Nervos Hanseníase - Diagnóstico Baciloscopia A baciloscopia de pele (esfregaço intradérmico) deve ser utilizada como exame complementar para a classificação dos casos em PB ou MB. A baciloscopia positiva classifica o caso como MB, independentemente do número de lesões. O resultado negativo da baciloscopia não exclui o diagnóstico da hanseníase e também não classifica obrigatoriamente o doente como PB; A baciloscopia é um procedimento de fácil execução e de baixo custo, não devendo, porém ser considerada como critério de diagnóstico da hanseníase. Hanseníase - Diagnóstico Baciloscopia – Como fazer? Lóbulo de orelha (D e E), dobra de cotovelo (D) e lesões ativas. Raspado intradérmico para coleta de linfa. O Micobacterium leprae é um parasita intracelular obrigatório e que apresenta afinidade por células cutâneas e por células dos nervos periféricos. Hanseníase – Ficha de notificação Semanal! Tratamento Hanseníase - Tratamento Com o início do tratamento (1ª dose), a transmissibilidade é interrompida. Pode durar até 9 meses. Pode durar até 18 meses. Hanseníase – Tratamento • Os pacientes devem ser agendados para retorno a cada 28 dias. • Nessas consultas, eles tomam a dose supervisionada no serviço de saúde e recebem a cartela com os medicamentos nas doses a serem auto administradas em domicílio. • Aproveitar para avaliação do doente, esclarecimento de dúvidas e orientações. • Incentivo ao autocuidado. Hanseníase – Tratamento Hanseníase - Tratamento Hanseníase - Tratamento Hanseníase - Tratamento Hanseníase – Abandono do tratamento Os doentes que não comparecerem à tomada da dose supervisionada deverão ser visitados em seus domicílios, no máximo em 30 dias, com o objetivo de manter o tratamento e evitar o abandono. Paucibacilar - não compareceram ao serviço de saúde por mais de três meses consecutivos. Multibacilares - não compareceram ao serviço de saúde por mais de seis meses consecutivos, a partir da data do último comparecimento. Hanseníase – Critério para cura Paucibacilar - o tratamento estará concluído com seis doses supervisionadas em até nove meses. Na sexta dose supervisionada, os pacientes deverão ser submetidos ao exame dermatológico, à avaliação neurológica simplificada e à avaliação do grau de incapacidade física, e receber alta por cura. Multibacilares - o tratamento estará concluído com doze doses supervisionadas em até 18 meses. Na 12ª dose supervisionada, os pacientes deverão ser submetidos ao exame dermatológico, à avaliação neurológica simplificada e à avaliação do grau de incapacidade física, e receber alta por cura. Rastreamento de contatos Hanseníase – Rastreamento de contatos A investigação de contatos tem por finalidade a descoberta de casos novos entre aqueles que convivem ou conviveram, de forma prolongada, com o caso novo de hanseníase diagnosticado. Hanseníase – Rastreamento de contatos Contato domiciliar: toda e qualquer pessoa que resida ou tenha residido, conviva ou tenha convivido com o doente de hanseníase, no âmbito domiciliar, nos últimos cinco (5) anos anteriores ao diagnóstico da doença, podendo ser familiar ou não. Devem ser incluídas, também, as pessoas que mantenham convívio mais próximo, mesmo sem vínculo familiar, sobretudo, àqueles que frequentem o domicílio do doente ou tenham seus domicílios frequentados por ele. Hanseníase – Rastreamento de contatos Hanseníase – Rastreamento de contatos Hanseníase – Rastreamento de contatos Contato social: toda e qualquer pessoa que conviva ou tenha convivido em relações sociais (familiares ou não), de forma próxima e prolongada com o caso notificado. Os contatos sociais que incluem vizinhos, colegas de trabalho e de escola, entre outros, devem ser investigados de acordo com o grau e tipo de convivência, ou seja, aqueles que tiveram contato muito próximo e prolongado com o paciente não tratado. In te rv e n ç õ e s p a ra m u d a n ç a s d e e s ti lo d e v id a • Realizar a avaliação dermatológica e neurológica; • Colher linfa para realização de baciloscopia no lóbulo das orelhas, cotovelos e borda da mancha; • Realizar a notificação do caso; • Solicitar os exames admissionais; • Investigar os contatos intradomiciliares dos últimos 05 anos, solicitando ao paciente que traga-os para avaliação; • Orientar o paciente quanto ao processo patológico procurando desmistificar informações erradas e preconceituosas; • Fornecer orientações sobre o tratamento, ressaltando a importância de sua completa adesão; Intervenções de Enfermagem In te rv e n ç õ e s p a ra m u d a n ç a s d e e s ti lo d e v id a • Orientação quanto à redução da sobrecarga do nervo durante a realização das atividades; • Encaminhar para avaliação médica; • Investigar diariamente alterações no seu corpo em frente ao espelho inspecionando e avaliando: olhos, nariz, pele, mãos e pés; • Informar ao profissional se surgirem novos sinais ou sintomas; • Informar ao profissional se surgirem efeitos colaterais dos medicamentos ou • Reconhecer os principais sinais e sintomas das reações/neurites; • Fazer inspeção diária do calçado; • Utilizar proteção nas atividades de vida diária; • Realizar procedimentos indicados; Intervenções de Enfermagem In te rv e n ç õ e s p a ra m u d a n ç a s d e e s ti lo d e v id a • Informar ao profissional se não houver melhora do quadro; • Realizar higiene ocular com soro fisiológico ou água limpa fria; • Lubrificar artificial com colírio (1 gota 5 x ao dia); • Proteger os olhos diurnamente (óculos de sol) e noturna (óculos de pano); • Retirada manual dos cílios voltados para o globo ocular (Triquíase), sempre que necessário; • Orientar o paciente a lavar o nariz com água ou solução fisiológica em um recipiente pequeno ou no côncavo da mão, aspirar o líquido e deixar escorrer diversas vezes. Recomendar que não assoe o nariz com força; Intervenções de Enfermagem In te rv e n ç õ e s p a ra m u d a n ç a s d e e s ti lo d e v id a Exercícios para prevenção da incapacitação da mobilidade: • Fechar os olhos fortemente, permanecer assim por 5 segundos (3 sessões diárias comdez exercícios cada); • Elevar as sobrancelhas, formando pregas horizontais na testa; • Com os lábios fechados, tomar ar e insuflá-lo nas bochechas; • Elevar as comissuras labiais para cima e para fora com os lábios abertos, como um gesto de riso; • Abrir todos os dedos e depois juntá-los devagar; • Estimule todos os dedos, um de cada vez; • Estique a mão e levante os dedos; • Sentar com as duas pernas penduradas, abaixe o peito do pé e depois levante-o; • Estando em pé, a uma distância de meio metro da parede, coloque as mãos na parede e procurando não dobrar os joelhos e sem levantar os pés do chão, incline-se várias vezes em direção à parede; Intervenções de Enfermagem In te rv e n ç õ e s p a ra m u d a n ç a s d e e s ti lo d e v id a In te rv e n ç õ e s p a ra m u d a n ç a s d e e s ti lo d e v id a • Apresentar-se • Acolhimento (com respeito e linguagem acessível) • Anamnese • Exame físico • Prescrever tratamento e administrar dose supervisionada • Realizar orientações sobre a doença, regularidade do tratamento e possíveis reações adversas • Verbalizar a necessidade de busca ativa e investigação de contatos • Realizar notificação compulsória • Dúvidas do paciente Consulta de Enfermagem - Síntese Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33 Slide 34 Slide 35 Slide 36 Slide 37 Slide 38 Slide 39 Slide 40 Slide 41 Slide 42 Slide 43 Slide 44 Slide 45 Slide 46 Slide 47 Slide 48 Slide 49 Slide 50 Slide 51 Slide 52 Slide 53 Slide 54 Slide 55 Slide 56 Slide 57 Slide 58 Slide 59 Slide 60 Slide 61 Slide 62 Slide 63 Slide 64 Slide 65 Slide 66 Slide 67 Slide 68 Slide 69 Slide 70 Slide 71 Slide 72 Slide 73 Slide 74 Slide 75 Slide 76
Compartilhar